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X STPC SEMINÀRIO TECNICO

XSTPC-ST -02
DE PROTEÇÂO E CONTROLE 17 a 20 de outubro
de 2010
RECIFE – PERNAMBUCO - BRASIL

IMPLANTAÇÃO DE SEP PARA CORTE DE GERAÇÃO NA UHE TUCURUÍ A PARTIR DE DISTÚRBIOS NO


TRONCO DE 765 KV DE FURNAS ATRAVÉS DA UHE ITAIPU

Denise B. De Oliveira (*) José B. Mota Júnior Ismael T. P. Valdetaro Paulo Gomes
Nelson Pinto da S. Jr. Claudinei B. De Freitas Rogério A. da Silva Guilherme C. Junior
Mário C. N. Torraca ITAIPU Binacional Monica B. Teixeira Roberto P.de Magalhães
André G. Da Conceição ELETROBRÁS Luiz Carlos Garcia
Mauro José Affonso ELETRONORTE Sérgio de B. Martins
ELETROBRÁS FURNAS ONS

PALAVRAS-CHAVE

SEP, Corte de Geração,CLP, tronco 765 kV

RESUMO

O ECE em operação no tronco de 765 kV associado à UHE Itaipu atua para perturbações no tronco de 765 kV de
FURNAS, enviando comando de corte para unidades geradoras em ITAIPU, para evitar a perda total da UHE
Itaipu 60 Hz pela abertura do terceiro circuito do trecho. Devido à necessidade sistêmica de maximizar o
intercâmbio no tronco de 765 kV e na Interligação Norte/Sudeste, foi implantado um novo SEP que atua a partir da
ocorrência de desligamentos simultâneos de 03 ou mais unidades geradoras na UHE Itaipu pelo ECE 765 kV
existente, com envio de comando de corte de 02 unidades geradoras na UHE Tucuruí.

1.0 - INTRODUÇÃO

Com o objetivo de aumentar a segurança operacional do Sistema Elétrico Interligado, são realizados estudos de
rede pelo ONS, com a participação dos Agentes, que contemplam a análise de perdas duplas de linhas de
transmissão de circuitos simples que compartilham a mesma faixa de passagem ou que atravessam regiões onde
há ocorrências de fenômenos naturais e/ou queimadas que possam atingi-las, ou ainda de seções de barras em
subestações, que implicam em impactos inadmissíveis ao SIN. Como resultado das análises de perdas duplas de
circuitos no tronco de 765 kV, foram apontadas as contingências múltiplas no trecho entre as subestações de Foz
do Iguaçu e Ivaiporã pertencentes a FURNAS, como as mais relevantes, devido as suas possíveis consequências
para o Sistema. O Esquema de Controle de Emergência atualmente existente no tronco de 765 kV reduz os efeitos
destas contingências através da ação de corte de unidades geradoras na UHE Itaipu 60 Hz visando evitar a
abertura do 3º circuito de 765 kV e, com isto a perda total da usina de Itaipu 60 Hz.
Na figura 1 abaixo, segue um diagrama simplificado do ECE 765 KV implantado no tronco de 765 kV de FURNAS,
associado à UHE Itaipu.

F.O.
5 MODEM

F.O.
USINA 4 MODEM
DE ITAIPU
F.O.
3 MODEM

F.O.
2 MODEM

0 1
MODEM MODEM MODEM MODEM

CLP CLP CLP CLP CLP


CLP SE SE
B SE FOZ SE
A IVAIPORÃ ITABERA T.PRETO

Figura 1 – ECE do tronco de 765 kV de FURNAS associado à UHE Itaipu

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Também, para maior compreensão, na figura 2 abaixo é mostrado um diagrama simplificado do referido tronco de
765 kV

IVAIPORÃ
T. PRETO 345 kV
TR 7
FOZ
VT ITABERÁ
TR 6
ITAIPU

#1 TR 1 VT TR 4

#2 TR 2
TR 5
FIPU-IV
TR 3 VT
60 Hz #3 FSE-IV FSE-IA
FIPU-FI FSE-IA TR 2

TR 4
#4
TR 3
R7
500 kV TR 1 R1
765 kV TR 1

TR 2
FSU 765 kV
765 kV 500 kV

TR 3

500 kV 765 kV
Figura 2 – Tronco de 765 kV de FURNAS associado à UHE Itaipu

Quando de ocorrências múltiplas no tronco de 765 kV com consequente corte de geração na UHE ITAIPU pelo
ECE 765 KV, ocorre uma variação significativa de fluxo na interligação Norte/Sudeste. Dependendo do intercâmbio
que esteja sendo praticado nesta interligação, a variação de fluxo provocada pela atuação do ECE 765 kV pode
ocasionar a perda de sincronismo entre as regiões Norte e Sudeste.
Neste caso, dependendo das condições operativas, a atuação da proteção contra perda de sincronismo ( PPS) da
interligação separando as regiões Sudeste/Centro Oeste e Norte/Nordeste poderá agravar a situação do Sistema
Sudeste, provocando montantes elevados de cortes descoordenados de carga na região Sudeste/Centro-Oeste,
que podem resultar em uma condição de blecaute.
A figura 3 abaixo mostra, de forma simplificada, a Interligação Norte/Sudeste.

SE Bandeirantes Furnas Eletronorte


SE Samambaia SE Gurupi
US S. da Mesa SE Miracema SE Colinas SE Imperatriz
#1 #1

#2

IM
345 kV #3 #2
EB
SE B. Sul 500 kV
500 kV 500 kV 500 kV
G
500 kV
INT. SE-NE G
S. da Mesa II
G

230 kV 500 kV

Figura 3 – Interligação Norte/Sudeste

Nesta interligação existe um SEP composto por Controladores Lógicos Programáveis (CLP) que tem
como objetivo principal manter o bom desempenho dinâmico dos sistemas Sul/Sudeste/Centro-Oeste e
Norte/Nordeste e minimizar sobretensões frente às emergências mais críticas ao longo da Interligação
Norte/Sudeste.

A figura 4 abaixo, mostra as áreas envolvidas nos 02 SEPs em questão, da Interligação Norte /Sudeste
e do tronco de 765 kV, onde se pode notar a grande distância entre elas.

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INTERLIGAÇÃO NORTE/SUDESTE
• Instalado em 1999
• CLPs em 8 SEs 500kV + 4 UHEs
• Máxima distância - 1000 km

ECE765kV
• Instalado em 1996
• CLPs em 4 SEs 765kV + UHE ITAIPU
•Máxima distância - 900 km

Figura 4– SEP da Interligação Norte/Sudeste e do tronco de 765 kV associado à UHE ITAIPU.

Até o final do ano de 2008, para evitar os riscos descritos anteriormente, as soluções existentes consistiam em
limitar a exploração simultânea da geração na UHE Itaipu 60 Hz e do intercâmbio para o Sudeste na interligação
Norte/Sudeste. Esta prática era necessariamente compensada com geração térmica na região Sudeste. Uma
solução para mitigar o problema seria a implantação de um novo SEP que ao comandar o corte de unidades
geradoras na UHE Tucuruí, após o corte de máquinas na UHE Itaipu 60 Hz, permitisse garantir a não abertura da
interligação Norte/Sudeste. A implantação desta última alternativa implicava na necessidade da existência de um
canal de telecomunicações que permitisse fazer chegar a Tucuruí a informação de que tinha havido a atuação do
ECE de corte de geração em Itaipu, o que não se dispunha até então.
Em 2009 a situação hidrológica do SIN indicava elevada disponibilidade de energia nas regiões Norte e Nordeste
do país, sendo que a região Sul apresentava uma carência de energia, levando à indicação de necessidade de
transferência da energia excedente na região Norte e Nordeste para a região Sul. Além disso, as altas
temperaturas observadas na região Sudeste levaram a um substancial aumento da carga no SIN.
Analisadas as condições energéticas, bem como as alternativas existentes, chegou-se a conclusão que a
alternativa de elevação da geração térmica na região Sudeste apresentava um custo operativo elevado, optando-
se então pela implementação do novo SEP para permitir um aumento da exploração da energia excedente na UHE
Tucuruí simultaneamente à exploração da energia da UHE Itaipu.
Desta forma, em função da necessidade sistêmica de se maximizar o intercâmbio no tronco de 765 kV e na
Interligação Norte/Sudeste, este SEP foi implantado de forma emergencial, utilizando recursos próprios dos
Agentes envolvidos, entre as UHE de Itaipu e Tucuruí, de forma a viabilizar um canal de telecomunicações que
fizesse essa informação fluir entre as respectivas usinas.
O objetivo deste trabalho é descrever de forma sucinta o novo SEP, detalhando sua implantação e os testes
realizados no seu comissionamento, que contaram com a participação dos três Agentes envolvidos -
ELETROBRÁS FURNAS, ELETROBRÁS ELETRONORTE e ITAIPU - destacando-se toda a logística empregada
considerando as longas distâncias envolvidas.

2.0 - NOVO SEP

De forma a atender aos estudos do ONS e conforme acordado entre os Agentes envolvidos, foi implantado em
maio de 2009, o novo SEP para corte de unidades geradoras na UHE Tucuruí. A descrição deste SEP, sua
implementação e testes realizados, estão descritos nos subitens abaixo.

2.1 Descrição e implementação do novo SEP

Quando de ocorrências múltiplas no tronco de 765 kV, dependendo das condições de fluxo no referido tronco e da
geração da UHE Itaipu, é atuado o ECE 765 kV existente, que aciona uma saída para comando de corte de 03 ou
mais unidades geradoras na UHE Itaipu 60 Hz a partir do controlador lógico programável - CLP MASTER instalado

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na Usina. A saída do CLP Master foi utilizada para acionar um equipamento de transmissão de sinal. Acionado o
transmissor na UHE de Itaipu, o sinal chega até a SE Imperatriz e, caso a chave ON/OFF existente na SE
Imperatriz esteja fechada, significando que o esquema está em operação, o sinal é replicado para a UHE Tucuruí,
onde efetua o corte de 02 unidades geradoras, conforme ilustrado no diagrama simplificado abaixo, na figura 5.

UHE ITAIPU SE UHE


IMPERATRIZ TUCURUI
COMANDO PARA O
DESLIGAMENTO SIMULTÂNEO
COMANDO
DE 3 UNIDADES
RX PARA O
GERADORAS DA UHE ITAIPU TX TX RX
ENVIO CHAVE ENVIO CORTE DE 2
DE ON/OFF DE UNIDADES
CLP SINAL SINAL GERADORAS

Figura 5 – SEP para envio de sinal de corte para UHE Tucuruí

Face ao seu caráter emergencial, este SEP foi implantado com os recursos de telecomunicações disponíveis entre
os Agentes, e com equipamentos de teleproteção cedidos por empréstimo por ELETROBRÁS FURNAS, até que
seja implementado em caráter definitivo. Ainda em carater provisório, o ONS está em entendimentos com os
Agentes para utilização de meios de telecomunicações redundantes e dedicados, visando o aumento da
confiabilidade do SEP. A implementação do SEP definitivo ainda se encontra em fase de discussão entre os
Agentes envolvidos e o ONS.

O sinal para corte de unidades geradoras na UHE Tucuruí utiliza um canal que sai da UHE ITAIPU via sistema
ótico local até a SE Foz do Iguaçu, onde entra no sistema ótico de FURNAS até a SE Miracema da
ELETRONORTE. Nesta subestação o canal entra no sistema ótico da ELETRONORTE indo até a SE Imperatriz.
Em Imperatriz entra em um novo canal do sistema ótico da ELETRONORTE seguindo até a UHE Tucuruí.
Um diagrama simplificado do trajeto do sinal da UHE ITAIPU até a UHE Tucuruí pode ser visto na figura 6 abaixo.

Figura 6 - Envio do sinal da UHE Itaipu até a UHE de Tucuruí

No canal em questão são transmitidos os sinais analógicos de transfer trip gerados por equipamentos de
teleproteção, cedidos por FURNAS, desde a UHE Itaipu até a SE Imperatriz. Na SE Imperatriz os sinais
provenientes da UHE Itaipu são injetados, de forma compartilhada, nos equipamentos de transfer trip utilizados
para o envio de comandos do ECE do tronco Norte-Sul de propriedade da ELETRONORTE.
Entretanto, devido à grande distância entre as UHE de Itaipu e Tucuruí, cerca de 3500 km, o canal está sujeito a
um elevado número de intervenções de manutenção. Assim sendo, é necessária a utilização de um segundo canal
redundante através de meios independentes de transmissão. Dadas às dificuldades encontradas na época, o
esquema foi colocado em operação com um único canal.

Para ilustração da distância e complexidade envolvida na rota de comunicação desde a SE Foz do Iguaçu, onde
entra no sistema ótico de FURNAS até a SE Miracema da ELETRONORTE, segue abaixo o trajeto na figura 7.

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Figura 7 – Rota de comunicação do novo SEP até a SE Miracema – link de FURNAS

Posteriormente, baseado nos estudos do ONS que apontaram as contingências no trecho entre Foz do Iguaçu e
Ivaiporã como sendo as de maior criticidade para o SIN nas condições analisadas, foi também implementado o
sinal de corte de unidades geradoras da UHE Tucuruí, para o caso específico de ocorrência de perda dos 03
circuitos de 765 kV no referido trecho.
Como no ECE 765 KV já existe uma Lógica (Lógica 7) que identifica a perda tripla de circuitos entre Foz do Iguaçu
e Ivaiporã, para complementação do novo SEP foi utilizado o sinal da teleproteção para UHE Itaipu enviado pela
atuação desta Lógica 7 a partir da SE Foz do Iguaçu.
Um diagrama da Lógica 7 do ECE 765 KV é mostrado na figura 8 abaixo;

Figura 8 – ECE 765 kV – Diagrama da Lógica 7

A condição de abertura dos 03 circuitos de 765 kV entre as SE Foz e SE Ivaiporã é identificada na SE Foz do
Iguaçu e um sinal é enviado para a UHE Itaipu. Na UHE Itaipu, juntamente com a recepção do sinal, se for
detectado uma sobretensão maior que 600 kV por um tempo superior a 250ms, ocorrerá o comando para
desligamento de todas as barras de 500 kV da UHE Itaipu 60 Hz.
O sinal da Lógica 7 que é recebido na UHE ITAIPU, vindo da SE Foz do Iguaçu, energiza um relé auxiliar 85X, que
se encontra instalado no painel de proteção “BAP” da Usina Itaipu, e para a complementação do SEP de envio de

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comando de corte para UHE Tucuruí, foi instalado por ITAIPU um relé auxiliar 85TUC em paralelo com o relé 85X.
A saída de um contato do relé 85TUC foi levada até o painel RFL, de propriedade de FURNAS, que se encontra na
sala de telecomunicações da UHE ITAIPU, onde se encontra o equipamento de transmissão de sinal já utilizado
pelo SEP. A saída do relé auxiliar (85TUC) que é acionado pela lógica de identificação de perda tripla no trecho
Foz do Iguaçu - Ivaiporã foi conectada em paralelo com o comando proveniente do CLP Master do ECE 765 kV já
existente. Foi também incluída uma chave manual em série com o contato do relé auxiliar, de forma a inibir o
comando quando da realização de manutenção no painel de proteção ou no painel RFL, conforme mostrado na
figura 9 a seguir
UHE ITAIPU SE UHE
PAINEL RFL
CLP (FURNAS) (FURNAS) IMPERATRIZ TUCURUI

COMANDO PARA O
DESLIGAMENTO SIMULTÂNEO 43 COMANDO
DE 3 OU MAIS UNIDADES ON/OFF PARA O
GERADORAS DA UHE ITAIPU OU TX RX TX RX DESLIGAMENTO
DE 2
UNIDADES
GERADORAS

PAINEL DE PROTEÇÃO ( ITAIPU )


LÓGICA 7

43TUC
ON/OFF

RELÉ
85X

RELÉ
85TUC

Figura 9 – SEP para corte de Unidades Geradoras da UHE Tucuruí

O SEP foi posto em operação e após análise das primeiras ocorrências, constatou-se a necessidade de verificação
do tempo de atuação para melhor entendimento das perturbações e seus efeitos para o SIN. Para isto, foi
solicitado pelo ONS que fossem realizados testes de verificação de tempo de atuação do novo SEP. Estes testes
foram efetuados em duas etapas. A primeira etapa consistiu em medições entre o painel RFL, onde está instalado
o equipamento transmissor de sinal na UHE ITAIPU e o recebimento deste na SE Imperatriz. e na UHE Tucuruí. A
segunda etapa contemplou a medição do tempo entre o envio do sinal na SE Foz do Iguaçu e o instante em que o
sinal chega à entrada do Transmissor localizado no painel RFL na UHE Itaipu.

2.2 Medições efetuadas

Considerando que o SEP foi implementado com os recursos existentes, que não eram dedicados ao SEP
proposto, as longas distâncias entre as Usinas envolvidas (cerca de 3500km), e as análises das primeiras
ocorrências de atuação do mesmo, foram necessárias medições do tempo de envio de sinal de corte de unidades
geradoras na UHE Tucuruí para que se obtivesse maior segurança de sua efetividade.
A primeira etapa de medições, consistiu na verificação do tempo entre a saída do sinal do painel RFL, onde está
instalado o equipamento transmissor de sinal na UHE Itaipu, e o recebimento deste na SE Imperatriz e na UHE
Tucuruí. Para efetuar as medições de tempo foram instaladas caixas de testes microprocessadas sincronizadas
por satélite na UHE Itaipu, na SE Imperatriz e na UHE Tucuruí. O teste consistiu na medição do tempo transcorrido
desde o envio do sinal na UHE Itaipu pelo acionamento da caixa Omicron até o recebimento do sinal nas caixas
instaladas nas saídas dos equipamento de teleproteção na SE Imperatriz e na UHE Tucuruí, onde é acionado o
relé de desligamento das unidades geradoras.

Os resultados obtidos estão mostrados na tabela abaixo.


Tempo de recepção Tempo da recepção do sinal na
Tempo de recepção de sinal
Hora do trigger da caixa de sinal na SE UHE TUCURUÍ até o corte de
na UHE TUCURUÍ
na UHE ITAIPU Imperatriz unidades geradoras
(ms)
(ms) (ms)
11:23 hs 41,1 76,9 92,9
11:27 hs 41,1 76,3 95,9
11:31 hs 41,1 76,6 96,0
11:35 hs 41,1 76,6 96,2

Com o objetivo de verificar o tempo de atuação do SEP quando acionado pela Lógica 7 do ECE 765 kV, foi
realizada uma segunda etapa de testes que contemplou a medição do tempo entre o envio do sinal na SE Foz do
Iguaçu e o instante em que o sinal chega à entrada do Transmissor localizado no painel RFL na UHE Itaipu,
Para isto foi instalada uma caixa de testes sincronizada por satélite na SE Foz do Iguaçu, cujo contato de saída
energizou o relé que chaveia o transmissor de sinal para a UHE Itaipu referente à condição de operação da Lógica
7 ( perda tripla dos circuitos Foz do Iguaçu-Ivaiporã). Na UHE Itaipu, também foi instalada uma caixa de testes
sincronizada por satélite na entrada do transmissor de sinal para UHE Tucuruí. A partida da caixa de testes da
UHE Itaipu se deu de forma sincronizada com a caixa de testes da SE Foz do Iguaçu, e a parada com a recepção
do sinal proveniente da Lógica 7. O tempo medido entre a partida e a parada da caixa da UHE Itaipu, representa
desta forma, o tempo entre o acionamento da lógica 7 na SE Foz do Iguaçu e o chaveamento do transmissor do
sinal para a UHE Tucuruí.

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De acordo com os resultados obtidos, este tempo ficou em torno de 28 a 29ms, conforme mostrado na tabela
abaixo.

Tempo de saída de sinal para UHE TUCURUÍ, na UHE ITAIPU


Hora do trigger da caixa na SE FOZ (ms)
02:00 hs 29,5
02:02 hs 28,9
02:04 hs 28,7

3.0 - CONCLUSÃO
Pelos testes e medições efetuadas foi comprovada a efetividade do SEP implementado para a lógica proposta e os
tempos obtidos para atendimento aos requisitos de funcionamento da Lógica foram considerados satisfatórios .

Pelos valores medidos, pode-se concluir que uma vez detetada a ocorrência de distúrbio via CLP Master do ECE
765 kV, as unidades geradoras na UHE Tucuruí serão desligadas por atuação do SEP entre 93 a 96 mseg.
Quando o acionamento do SEP for através da atuação da Lógica 7( Perda tripla das circuitos de 765kV entre Foz
do Iguaçu e Ivaiporã), este tempo para desligamento das unidades geradoras na UHE Tucuruí deverá ser
acrescido de 28 a 29 mseg, totalizando aproximadamente 125mseg.

Destacamos a complexidade do planejamento, coordenação e execução dos testes, não apenas pelas
dificuldades técnicas inerentes, por tratar-se de ordem de serviço que exigiu a preparação do sistema para sua
realização, mas principalmente pela participação e interação entre equipes de diferentes empresas em várias
instalações com sistemas de telecomunicações distintos. Ressaltamos também a eficiência dos canais de
telecomunicação dos Agentes envolvidos considerando-se as vastas distâncias e os meios de comunicação
distintos utilizados.

Por ser de caráter provisório e emergencial este SEP foi implementado com os recursos disponíveis pelos
Agentes. Portanto os canais de telecomunicações e os equipamentos de teleproteção utilizados não foram
projetados exclusivamente para o SEP e não se dispõe de canais redundantes que é uma das premissas para
maior disponibilidade e confiabilidade dos SEP. Também pela necessidade de implementação de forma rápida, foi
decidida a efetivação do corte de unidades geradoras na UHE Tucuruí a partir do desligamento de 3 ou mais
unidades geradoras na UHE Itaipu, independente do fluxo na Interligação Norte/Sudeste. Com isto foi necessário
que a chave de habilitação do SEP comandada manualmente conforme orientação do ONS na SE Imperatriz,
passasse a ser manobrada através de uma Instrução de Operação, levando-se em conta o valor e o sentido do
fluxo da Interligação Norte/Sudeste (FNS). Isto significa que o SEP será colocado em operação quando o FNS for
maior ou igual a 2500MW na carga pesada, e maior ou igual a 2000MW nas demais condições de carga, no
sentido Norte para Sudeste.

Outro ponto importante obtido com a implementação deste SEP foi a possibilidade de otimização do despacho de
energia com menor risco para o Sistema Interligado.

Também convém ressaltar que com o aprofundamento dos estudos verificou-se que, com a inclusão na lógica das
informações relativas aos fluxos, a carga do sistema e a possibilidade de cortes seletivos de 1 a 4 unidades
geradoras na UHE Tucuruí poderia se obter maior ganho nos limites operativos na interligação Norte/Sul. Estes
recursos poderiam ser implementados por um IED dedicado para o SEP, que faria o processamento da lógica
para corte das unidades geradoras em Tucuruí. O comando de trip proveniente da UHE de Itaipu poderia ser
enviado através de dois canais, em redundância, diretamente para o IED. No caso de recepção do sinal de trip
poderia haver desligamento de até quatro unidades geradoras, dependendo dos valores de referência.
Estas melhorias e novas premissas para otimização dos corte de unidades geradoras da UHE Tucuruí estão
sendo discutidas e analisadas pelo ONS juntamente com os Agentes envolvidos, para que seja definida a melhor
forma de implantação para o SEP em caráter definitivo.

4.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) “Uso de CLPs no Sistema de 750kV”, - CIER , Roberto Campos de Lima, Denise Borges de Oliveira, Guilherme
Cardoso Júnior
(2) Descritivos e diagramas de SEP do Banco de Dados de SEP do ONS
(3) “An Innovative Special Protection System involving long distance actions “ – 2010 IREP Symposium Bulk
Power System Dynamics and Control – VIII IREP Paulo Gomes, Sergio Sardinha, Roberto Perret de Magalhães,
Sérgio Martins - ONS

5.0 - DADOS BIOGRÁFICOS


Autor principal : Denise Borges de Oliveira
Graduação (1981) em Engenharia Elétrica - UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Pós Graduação ( 2003 ) em Proteção de Sistemas Elétricos – UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
Empresa: FURNAS Centrais Elétricas, desde 1982
Engenheira da Divisão de Análise da Proteção do Departamento de Estudos e Planejamento Elétrico da Operação

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