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Fernando A. M. Marinho
Professor da EPUSP-fmarinho@usp.br
Tácio M. P. de Campos
Professor da PUC/RJ, tacio@civ.puc-rio.br
RESUMO: Investigações geotécnicas envolvendo solos não saturados estão cada vez mais comuns.
O crescente desenvolvimento de tecnologias que objetivam determinar o comportamento dos solos
não saturados, principalmente no que se refere à sua interação com a água, faz necessário o uso de
equipamentos que exigem uma interface com a água presente nos vazios do solo. Para isto é usada
uma interface que é, em geral, um material cerâmico com características especiais. Esta interface é
também conhecida como material de alta pressão de entrada de ar (HAE - High Air Entry). Quando
saturadas com água estas cerâmicas têm a capacidade de restringir a passagem do ar enquanto
permitem a passagem da água até que a pressão do ar aplicada atinja um certo valor, chamada de
“valor de entrada de ar”. As cerâmicas HAE são, em geral, importadas e o seu custo não é baixo.
Com o objetivo de produzir cerâmicas HAE foram desenvolvidos métodos e equipamentos para a
produção e teste das cerâmicas.
%
40
desenvolvimento da técnica de produção e a 30
demanda, o preço das cerâmicas é elevado. 20
Na maioria dos casos a utilização dos 10
0
materiais cerâmicos porosos de alta entrada de Si Al Ca
ar (acima de 1bar) exige que o material seja
100
produzido em forma de placas e não de Entrada de ar
90
cápsulas. As placas por sua vez devem ter 80
5bar
3bar
características geométricas rigorosas. O projeto 70 1bar-tubo
que originou este trabalho possibilitou o 60 1bar
50
%
O procedimento de homogeneização do
Porcentagem Passada 80
material está dividido em duas etapas: a
60
primeira consiste em um processo de
“destorroagem” dos grãos, que é feito com o
40 auxílio de um almofariz, conforme ilustra a
Figura 4a, a segunda etapa é o peneiramento do
20
material “destorroado” na peneira nº 40, como
mostra a Figura 4b. Na Figura 4c tem-se o
material preparado para a fase de moldagem.
0
0.001 0.01 0.1 1 10 100
(b)
(a) (b)
(c)
Figura 3 - Efeito do procedimento de preparação das
amostras (a) cerâmica sem falha (b) cerâmica com falha.
(c)
in
/m
20
Carga (tf)
2tf
15
10
in Descarregar
f/m
5 1t
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
tempo (min)
7 PROCEDIMENTO DE
DESMOLDAGEM
Figura 5 – Procedimento de moldagem. (a) Colocação do
material preparado no molde, (b) Pistão posicionado (c) Para retirar a amostra moldada de dentro do
molde na prensa de compressão.
molde, deve-se, primeiramente, separar sua
parte inferior (Figura 7a) e retorná-lo à prensa
O material obtido do peneiramento (Figura 4c) é
com o lado que contém a amostra virado para
colocado no molde com uma massa
cima, como mostra a Figura 7b. É necessário 8 PROCEDIMENTO DE SECAGEM E
colocar um “calço” entre o molde e o pistão da QUEIMA
prensa, de modo que este não se encoste às
bordas da amostra durante a desmoldagem, a Após o processo de desmoldagem, é necessário
qual é feita ligando-se a prensa até que a mostra que a amostra seja seca ao ar por cerca de 24
saia completamente do molde, como ilustra a horas e, em seguida, levada à estufa a 105°C,
Figura 7c. onde deve permanecer por mais 24 horas. Após
a secagem na estufa a amostra é levada para a
mufla a uma temperatura de queima de 800°C
por aproximadamente 4 horas. Esta temperatura
foi definida através de ensaios que relacionaram
a carga de rompimento da amostra com sua
temperatura de queima, os quais apontaram uma
resistência satisfatória para a temperatura de
800°C.
9 DETERMINAÇÃO DO VALOR DE
ENTRADA DE AR
(a) Foram utilizados dois procedimentos para
avaliar a entrada de ar das cerâmicas
produzidas: Um por meio de equipamento
especialmente concebido para este fim o qual é
descrito a seguir, e o outro método utilizando-se
da curva de retenção de água.
O equipamento utilizado foi fabricado em
alumínio e serviu para verificar a pressão de
borbulhamento (pressão de entrada de ar). Na
Figura 8 é apresentado um desenho esquemático
do equipamento. Trata-se de uma câmara de ar
acoplada a um disco perfurado que serve de
(b) apoio à cerâmica que fica colada na parte
inferior. Acima do disco perfurado tem-se uma
câmera com água que permanece sob pressão
atmosférica. Entre a câmera de ar e o disco
perfurado há um anel onde a cerâmica é fixada
para ser ensaiada. O equipamento possui três
válvulas: uma na parte inferior da câmara de ar
por onde entra ar e outras duas na parte superior
por onde é colocada a água que irá encher a
câmera superior. As eventuais bolhas que
surgirem após a aplicação de uma pressão de ar
superior àquela equivalente a entrada de ar
(c) poderão ser observadas através da câmera
superior que possui paredes de acrílico.
Figura 7 – Procedimento de desmoldagem. (a) Retirada do Os testes realizados neste equipamento
fundo do molde, (b) Molde posicionado na prensa, (c)
indicaram uma pressão de entrada de ar de
Amostra totalmente fora do molde.
aproximadamente 450kPa.
1. O caulim deve ser preparado com um teor de
umidade de 5%.
água 2. O material deve ser homogeneizado no
Disco
perfurado Acrílico almofariz e passado na peneira 40 antes de sua
colocação no molde.
3. Calcula-se a quantidade de material
necessária para se atingir a porosidade desejada.
4. A trajetória de prensagem deve possibilitar
Ar Pedra porosa que a espessura desejada seja atingida em no
mínimo 20min. Sendo o descarregamento feito
lentamente.
5. Após a desmoldagem a peça deve secar ao ar
por 24 horas e em seguida ser colocada em
estufa 105° C.
Figura 8 – Esquema do equipamento para verificação da 6. Após a secagem prévia deve-se colocar a
pressão de entrada de ar.
peça na mufla para queima a 800o C, por 4
horas.
10 CURVA DE RETENÇÃO DE ÁGUA
7. Não se deve retirar a cerâmica antes da mufla
DA CERÂMICA PRODUZIDA
esfriar completamente.
A curva de retenção da cerâmica produzida,
Salienta-se que novos estudos devem ser feitos
mostrada na Figura 9, foi obtida através de dois
incluindo variações na curva granulométrica do
métodos: placa de pressão e papel filtro. Na
material utilizado.
Figura 9 são também apresentados os pontos
As diferenças encontradas nos dois métodos
experimentais obtidos com a cerâmica
de determinação da entrada de ar podem ser
comercialmente disponível. Observa-se que a
devidas a variações entre as duas cerâmicas
entrada de ar obtida com a curva de retenção
testadas. Estudos de controle de qualidade
ficou em torno de 500kPa.
deverão ser executados para garantir um valor
100
nominal mínimo para a entrada de ar.
SM - 5Bar
USP - 5Bar
AGRADECIMENTOS
90
REFERÊNCIAS
Figura 9 – Pontos experimentais da curva de retenção da
cerâmica comercial e da produzida na USP.
Fredlund, D. G. & Rahardjo, H. (1993). Soil Mechanics
for Unsaturated Soils. Wiley-Interscience.
11 CONCLUSÕES Lu, N. Likos, W. J. (2004). Unsaturated Soil Mechanics.
Wiley & Sons.
Como conclusão é apresentado o procedimento Santos, T.D.S., Pacheco Silva, F. (1954). Correlação entre
Pressões de Moldagem, Índices de Vazios e
desenvolvido no presente projeto de pesquisa
Coeficientes de Permeabilidade em Discos de Bronze.
para a produção de placa cerâmica de entrada de Boletim da ABM, IPT, São Paulo Boletim no 522 ,V.
ar nominal de 4bar. 10, no 36, p. 231-240.
Soil Moisture. (1994). Porous ceramic manual.