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Princípios de

Podologia Equina
Elaborado por:

Cahuê Paz - Professor Centro Universitário


UNINTA/CE

Júlio Paganela - Eqlin Veterinários

Letícia Besse - Eqlin Veterinários


 
SUMÁRIO 

Parte 1 – ANATOMIA BÁSICA DO DÍGITO DO EQUINO 


1.1 Origem histórica do dígito do equino.
1.2 Estruturas/partes EXTERNAS do Casco.
1.3 Principais estruturas/partes INTERNAS do dígito dos
equídeos. 

Parte 2 – COMO FUNCIONA O DÍGITO DO EQUINO 


2.1 Mecanismos de apoio do casco.
2.2 Mecanismos de circulação sanguínea no casco.

Parte 3 – AVALIAÇÃO DE APRUMOS 


3.1 Local para avaliação de aprumos.
3.2 Avaliação de aprumos – Proporção.
3.3 Avaliação de aprumos – Animal equilibrado.
3.4 Avaliação de aprumos – Animal DESequilibrado.
3.5 Avaliação de aprumos – Membros posteriores.

Parte 4 – AVALIAÇÃO DO EIXO PODOFALÂNGICO 


4.1 O Eixo podofalângico 
4.2 Avaliando o eixo podofalângico 
Parte 5 – PRINCIPAIS FERRAMENTAS PARA
CASQUEAMENTO E FERRAGEAMENTO DE EQUÍDEOS
5.1 Ferramentas de casqueamento ou aparação dos
cascos.
5.2 Ferramentas básicas para o ferrageamento.  
5.3 Algumas ferramentas auxiliares.

Parte 6 – CASQUEAMENTO DOS EQUÍDEOS 


6.1 Contenção, conforto e bem estar. 
6.2 Considerações sobre o casqueamento dos equídeos. 
6.3 Passo a passo do casqueamento/aparação.

Parte 7 – FERRAGEAMENTO NOS EQUÍDEOS 


7.1 Escolha da ferradura.
7.2 Modelando as ferraduras.
7.3 Fixação das ferradura.
7.4 Reavaliação final do trabalho Referências
Parte 1 – ANATOMIA BÁSICA DO DÍGITO DO EQUINO

1.1 Origem histórica do dígito do equino 


Os equídeos descendem de um animal que habitou a terra no
período eoceno, há 55 milhões de anos, denominado
Hyracotherium ou Eohippus (Cintra, 2014). E vivendo como
presa, ao longo dos anos seus membros ou patas evoluíram de
um apoio em quatro dedos para um apoio em um único dedo ou
DÍGITO, em cada um dos membros. Ou seja, os equídeos apoiam
todo o seu peso em quatro dedos, que formam os seus
membros ou suas quatro patas. 

Foto 1
Foto 1- Região mais baixa ou inferior do membro dos equídeos.
Note a imagem da direita, onde está contornado em rosa a
região que denominamos de região distal do dígito (Foto
extraída de Equine Podiatry, 2007).

Foto 2 – Comparação da anatomia da região distal do dígito dos


equídeos com a mesma região nos humanos (Foto extraída de
Equine Podiatry, 2007).
1.2 Estruturas/partes EXTERNAS do Casco
Para falarmos sobre casqueamento e ferrageamento, conhecer
a anatomia do casco e do dígito dos equídeos é fundamental. E é
a ÚNICA maneira de se realizar um trabalho adequado e
coerente. Além disso, aprender os termos que correspondem
as áreas tanto externas como internas do casco e do dígito,
permite que possamos falar a mesma linguagem. Sendo assim,
confira as imagens do casco dos equídeos com as
correspondentes nomenclaturas das áreas/estruturas
EXTERNAS!
1.3 Principais estruturas/partes INTERNAS do dígito dos
equídeos.

Conhecer estas estruturas, nos torna indivíduos capazes de


raciocinar em torno do casco do cavalo. E assim executar um
trabalho adequado e condizente com a necessidade de cada
equídeo.
Importante! 

• A coroa do casco é uma área muito importante, pois é nela


que estão contidas as “células-mãe” que dão origem ao tecido
do estojo córneo que é o casco. No cuidado de rotina com os
cascos dos equídeos esta área é intocável e deverá sempre
permanecer intacta. 

• Ao falarmos sobre as estruturas EXTERNAS do casco que


visualizamos nas imagens anteriores, é importante conhecer as
que são sensitivas e as não-sensitivas. Entendam que
consideramos não sensitivas, pois são estruturas formadas por
tecido córneo, o qual é rígido e possui as mesmas propriedades
do chifre dos bovinos. Apesar de não-sensitivas, os equídeos
sentem a movimentação, manipulação e intervenções nestas
regiões também. 

- SENSITIVAS: Ranilha, sola (barra dos talões é uma área da


sola também) e os bulbos. 

- NÃO-SENSITIVAS: Talões, linha branca, muralha. 


• Conhecer e reconhecer estas áreas adequadamente, é crucial
para realizarmos o Casqueamento e também o ferrageamento.
Pois saberemos de forma prudente, onde deve ser realizada a
aparação do casco em excesso, como escolher a ferradura
apropriada e como fixar a mesma no casco.

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Parte 2 – COMO FUNCIONA O DÍGITO DO EQUINO 

 2.1 Mecanismo de apoio do casco 


O casco do equino tem função de absorção do impacto,
trabalhando como um “amortecedor” para que as forças de
ação e reação (Foto 1) resultante do contato do casco com o
solo, se amenizem e as estruturas dos membros sofram menos
com o impacto.
A muralha do casco é formada como um modelo de túbulos,
como se fossem canudos. Estes túbulos têm função primordial
de amortecer o impacto de contato com o solo. Servindo como
escora uns aos outros e distribuindo a carga durante o apoio do
cavalo com o solo (Foto 2 e 3).
2.2 Mecanismo de circulação sanguínea no casco 

O casco é altamente irrigado por complexos de vasos


sanguíneos (Foto 4). Responsáveis por levar nutrientes e
oxigênio para o mesmo. Neste contexto, a passagem contínua
de sangue pelos vasos é essencial. E a manutenção deste
sistema de circulação é feita com o auxílio da RANILHA. 

Quando o cavalo apoia o casco no solo, a ranilha trabalha como


uma bomba propulsora, bombeando o sangue de cima para
baixo. Em contraponto, quando o membro está no ar, realizando
a fase da passada, antes de um novo apoio, os vasos sanguíneos
do casco se enchem, ficando repletos de sangue novamente. E o
ciclo é retomado novamente!
PARTE 3 – AVALIAÇÃO DE APRUMOS 

 3.1 Local para avaliação de aprumos 

Escolher um local amplo, espaçoso e de preferência plano é


essencial para uma boa avaliação de aprumos. Sem estes
princípios de organização o trabalho começa inadequado. E
tudo que começa inadequadamente, não termina bem! 

• Defina o melhor local para avaliar os aprumos dos equídeos.


Dê preferência para áreas em que o animal não se sinta com
medo e acabe ficando irritadiço. Por vezes, os cavalos não se
sentem bem no ambiente e acabam não colaborando para com a
avaliação. 
• Acalme o animal, deixe-o ambientar com a situação desejada.
Tenha paciência!
• Realize SEMPRE, a avaliação de aprumos seguindo a mesma
ordenação para todos os animais. Isso permite ao seu cérebro
acostumar-se com esta sequência e após executar
repetidamente, a sensibilidade em relação aos detalhes de
observação dos aprumos, aumentará gradativamente a cada
nova avaliação. Exemplo: 1º- Vista de frente, 2º- Vista do lado
esquerdo, 3º- Vista de trás, 4º- Vista do lado direito.
3.2 Avaliação de aprumos 

- Proporção Em relação aos aprumos, a primeira avaliação a


ser feita está relacionada as proporções do cavalo. Diz-se que
o cavalo “perfeito” pode ser dividido em três proporções
aproximadamente iguais: 1ª- cabeça, pescoço e membros
anteriores; 2ª – área lombar e área da cavidade abdominal e 3ª-
garupa e membros posteriores (Foto 1). Lembre-se que
existem variadas diferenças raciais, que incluem os animais
dentro de um padrão racial e os excluí desta regra de
proporção. Porém, não trataremos aqui de raças
individualmente e sim de cavalos!!!
3.3 Avaliação de aprumos 

– Animal equilibrado. Vista de frente (Membros anteriores):


3.4 Avaliação de aprumos – Animal DESequilibrado 

Quando classificamos o animal como desequilibrado, estamos


dizendo que o mesmo possui alterações anatômicas de desvios
em suas articulações, e por consequência no membro como um
todo.
Vista lateral (Membros anteriores):
3.5 Avaliação de aprumos – Membros posteriores 

Quando falamos a respeito dos membros posteriores, existem


algumas particularidades importantes. A forma de avaliar é pela
vista de lado e trás. Entretanto as alterações observáveis são
as mesmas. 

Além disso, os membros posteriores servem de “motor”


propulsor dos cavalos e necessitam adentrar por sob a
cavidade abdominal do cavalo. Sendo assim, os membros
posteriores tendem a serem discretamente deslocados
lateralmente, ou seja, naturalmente apresentam um desvio
aceitável, pois do contrário os equídeos acertariam a sua
própria cavidade abdominal com os cascos dos membros
posteriores.
PARTE 4

AVALIAÇÃO DO EIXO
PODOFALÂNGICO
PARTE 4 – AVALIAÇÃO DO EIXO PODOFALÂNGICO 

4.1 O Eixo podofalângico 

O eixo podofalângico refere-se ao paralelismo existente entre


o alinhamento dos três ossos do dígito dos equídeos: 1ª, 2ª e 3ª
falanges em relação a muralha dorsal do casco e a região dos
talões. Assim como na figura a seguir (Foto 1), o desejável é que
estas três linhas imaginárias se mantenham sempre paralelas.
A avaliação do eixo podofalângico é realizada sempre pela vista
lateral, e preferencialmente agache-se próximo ao cavalo.

A manutenção do eixo podofalângico é realizada


mediante a aparação dos cascos. Logo saber fazer uma
correta avaliação deste eixo, permite ao casqueador
realizar um trabalho adequado e individualizado para
cada casco. Além disso a manutenção deste eixo em seu
melhor alinhamento, permite que as forças de ação e
reação de dissipem uniformemente sobre as estruturas do
dígito dos equídeos.
Foto 1 – Linhas imaginárias caracterizando o alinhamento entre
as três falanges, a muralha dorsal e a região dos talões no
casco.
4.2 Avaliando o eixo podofalângico 

Sempre avaliamos o eixo podofalângico pela vista lateral, uma


técnica muito interessante que auxilia esta análise é utilizarmos
uma groza como linha imaginária. Este eixo possui dois tipos de
alterações: 

• Eixo deslocado para trás (Ângulo “quebrado” para trás)


(Foto2).
• Eixo deslocado para frente (Ângulo “quebrado” para frente)
(Foto 3).
Você já caminhou com pés de pato? O cavalo que tem os cascos
achinelados tem exatamente esta sensação de estar com pés
de pato e caminha com essa dificuldade.
O cavalo que tem os cascos encastelados caminha
constantemente como se estivesse com salto alto!
PARTE 5
PRINCIPAIS FERRAMENTAS PARA

CASQUEAMENTO E FERRAGEAMENTO DE

EQUÍDEOS
AULA 5 – PRINCIPAIS FERRAMENTAS PARA
CASQUEAMENTO E FERRAGEAMENTO DE
EQUÍDEOS

5.1 Ferramentas de casqueamento ou aparação dos


cascos

A seguir poderemos nos familiarizar com as


ferramentas BÁSICAS, utilizadas no dia-a-dia do
profissional que trabalha cuidando dos cascos dos
equídeos. 

Cada ferramenta exige uma técnica de utilização que


facilita o trabalho, torna o trabalho mais gratificante,
poupa o tempo na relação homem-animal e também
desgasta menos fisicamente o operador. Além disso,
torna o trabalho mais seguro para o animal e para o
homem.
5.2 Ferramentas básicas para o Ferrageamento
Dentre as ferramentas básicas para realizar o

ferrageamento, podemos incluir uma bigorna


(que exige um local de suporte, ex: mesa da
bigorna); modelador portátil de ferraduras

(dispensando a bigorna) e também a forja à


gás. 

E muito importante também os cravos!!! Ou


ainda como podem ser utilizados atualmente,

as colas específicas para os cascos.


5.3 Algumas ferramentas auxiliares
PARTE 6  

CASQUEAMENTO DOS EQUINOS


PARTE 6 – CASQUEAMENTO DOS EQUINOS 

6.1 CONTENÇÃO, CONFORTO E BEM ESTAR 


Quando falamos de casqueamento e ferrageamento, considero
que a contenção seja o item mais importante e muitas vezes
pouco valorizado. Mesmo um experiente casqueador,
acostumado a utilizar ferramentas de qualidade e a aplicar as
técnicas adequadamente, quando se depara com um cavalo não-
manejado ou arredio, realiza o trabalho da melhor forma
possível, porém acaba sendo exigido fisicamente além do
necessário. 

Este esforço adicional, para muitos profissionais, torna-se


motivo de frustação e desestímulo para seguir na carreira.
Sendo assim, o cuidado com a contenção permite que façamos
o trabalho, independente do comportamento e temperamento
do equídeo. Importante ressaltar que: as técnicas de contenção,
se empregadas diariamente no manejo com os cavalos,
possibilita que os mesmos aprendam e façam disso um hábito.
Tornando o trabalho do casqueador mais fácil
e prazeroso! Os cavalos, assim como os
homens, têm medos e anseios. 

Nem sempre, a contenção adequada é eficaz.


Porque os cavalos podem estar traumatizados
com experiências anteriores, ou mesmo nunca
tiveram experiência parecida anteriormente.
RESPEITE os limites
6.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CASQUEAMENTO DOS
EQUINOS 

O objetivo do casqueamento é de balancear o casco, ou seja,


regularizar de certa forma a “unha” que está crescida! Da
mesma maneira que nós humanos, cortamos nossa unha em um
determinado período. Atenção para este tópico, porque
contrariando o que muitas pessoas pensam e dizem, NÃO É
POSSÍVEL, vejam bem....NÃO!!! Sob hipótese alguma realizar
uma correção de aprumos de um cavalo mediante o
casqueamento!!! Só é realizada correção de aprumos, com
AUXÍLIO do casqueamento em potros com até 6 meses de
idade, pois até esta idade está ocorrendo a finalização da
maturação dos ossos do dígito equino. Depois desta idade,
nenhuma intervenção com este intuito DEVE ser realizada. Pois
ao invés de beneficiar o animal, irá prejudicar ainda mais
sobrecarregando outras estruturas como as articulações,
tendões e ligamentos. 

CONCLUSÃO – em cavalos com idade igual ou superior a 6


MESES de idade, NENHUM tipo de correção deve ser
realizada.
6.3 PASSO A PASSO DO CASQUEAMENTO/APARAÇÃO

1º - HIGIENE do casco 

A retirada de sujidades permite que tenhamos uma melhor


visualização da área a ser trabalhada e evita que as ferramentas
de corte tenham contato com pequenas pedras ou terra, por
exemplo. Evitando a perda do fio de corte!
2º - AVALIAÇÃO PALMAR ou da superfície inferior do
casco 

O casqueador está discretamente curvado e com a


mão posicionada na região do osso metacarpo ou da
canela zootécnica do cavalo. Mantendo o membro do
animal flexionado ou dobrado, não exageradamente! 

Este é o único posicionamento que permite uma


avaliação adequada do balanceamento do casco. E
deve ser realizado antes da aparação e quantas vezes
for necessária durante o procedimento, e também no
final do trabalho.
Na avaliação palmar é possível avaliar o balanceamento do
casco. O casco cresce de acordo com o aprumo do cavalo.
Como não existe nenhum cavalo completamente perfeito. Todos
os cascos, sem exceção, apresentam algum grau de
desnivelamento. Observe na imagem a seguir o sentido de
crescimento dos talões.
Na vista inferior do casco, é realizada avaliação da ranilha. Uma
ranilha de tamanho adequado deve possuir um comprimento
igual a 2/3 da sua largura. Nesta posição é possível avaliar a
muralha do casco também e planejar a quantidade de muralha
que será retirada com a aparação.
3º - ALARGAMENTO DO SULCO DA RANILHA 
Utilizando o rinete simples ou o modelo loop é realizado o
alargamento do sulco da ranilha. Esta área tem função de
drenagem e caminho de saída de sujidades que se acumulam na
parte inferior do casco.
Posicionamento das mãos com o rinete para realizar o
alargamento do sulco da ranilha.
4º - CORTE COM A TORQUÊS 
Ao realizar a aparação com a torquês, observa-se na foto o
cuidado em posicionar a ferramenta em um ângulo de 90 graus
em relação ao casco. Neste processo recomenda-se iniciar em
um ponto e avançar progressivamente. Por exemplo: iniciar o
corte em um dos talões e progredir no entorno da muralha.
Desta forma mantêm-se a uniformidade na aparação.
 5º - REBAIXAMENTO DA SOLA 
Após a retirada da muralha, realiza-se o rebaixamento da sola
com o rinete. É recomendável tomar cautela nesta etapa, e
constantemente palpar a região da sola. Pressionando a área
com os dedos identificando a perda de resistência em
progresso, durante o desbaste da sola.
6º - NIVELAMENTO COM A GROSA 

O grosamento da parte inferior do casco com a grosa deve


seguir um movimento em “X”, conforme as fotos a seguir. O
propósito de se movimentar a grosa desta maneira é que
possibilita que haja uniformidade na muralha e sola, ao
realizarmos o nivelamento. E também este movimento torna o
trabalho anatomicamente mais fácil e com economia de energia
física para o operador. Esta movimentação exige um
treinamento pelo casqueador novato, porque exige habilidades
iguais para ambas mãos serem utilizadas.
ATENÇÃO!!! 

Após o nivelamento da muralha e sola com a


grosa, utiliza-se o rinete novamente, para
realizar um discreto desbaste de sola. Desta
maneira, a sola não fica no mesmo nível que a
muralha, e sim um pouco inferior ou mais
interiorizada. Isto é crucial, principalmente
quando formos colocar a ferradura neste
cavalo que acabou de ser casqueado. Pois sem
este desbaste final, a ferradura pode acabar
pressionando a sola e machucando o cavalo.
7º - REAVALIAÇÃO DO NIVELAMENTO 

Após realizarmos a aparação, o desbaste da sola e o


grosamento, é feita a reavaliação do trabalho. Esta avaliação é
feita de forma subjetiva, mediante observação visual do
equilíbrio do casco, observando-se também o alinhamento do
eixo-podofalângico. 

Esta forma avaliativa, tem relação direta com a experiência do


casqueador. Que ao observar inúmeras vezes e variados cascos
acaba criando uma padronização na forma de examinar. Esta
mesma avaliação torna-se objetiva quando usamos o compasso
para comparar a altura dos talões e as proporções do casco
em relação a sua região central na ranilha. 

Ou ainda, quando aplicamos a metodologia de mapeamento do


casco, desenvolvida por Mark Caldwell, e que não foi discutido
neste e-book.
A medida realizada no compasso na parte inferior do casco, é
realizada em um ponto em torno de 1 cm atrás do ápice da
ranilha. Este ponto delimita os pontos de maior largura do
casco, nas laterais da muralha.
8º - GROSAMENTO DA PARTE SUPERIOR DO CASCO 

Ao se observar a espessura da muralha pela vista inferior,


definimos qual a quantidade da mesma que pode ser grosada
pela sua superfície superior ou dorsal. Para realizar este
passo, apoia-se a pata do cavalo sobre o tripé e é feito o
grosamento. Recomenda-se escolher um ponto inicial da
muralha e progredir gradativamente no entorno do casco.
Mantendo assim a uniformidade e facilitando o trabalho do
casqueador.
PARTE 7 

FERRAGEAMENTO
NOS EQUINOS
PARTE 7 – FERRAGEAMENTO NOS EQUINOS 

7.1 Escolha da ferradura Após o casqueamento, para


realizarmos o ferrageamento, o primeiro passo é a
escolha da ferradura. Em relação ao tipo de material,
destacam-se o aço, o alumínio e atualmente o
plástico. A diferença entre estes materiais é quanta a
capacidade vibracional. 

O plástico tem a mesma durabilidade que o aço, e sua


capacidade de vibrar é semelhante à do tecido do
casco. Sendo assim, por vibrar menos do que o aço e o
alumínio, transmite menos força para o casco,
fazendo com este se deforme menos, preservando as
estruturas internas do casco. O alumínio possui
capacidade vibracional menor que o aço. E em último
lugar encontramos o aço. Além da vibração, o que
diferencia estes três principais materiais em
ferraduras é o custo. O aço, possui preço muito
inferior ao alumínio e o plástico, e é facilmente
encontrado.
Definido o material que você vai utilizar, a hora agora é
de escolher o tamanho da ferradura. Porém, antes
existe um detalhe a ser lembrado! Os cascos dos
membros anteriores possuem formato mais
arredondado, como vemos no par de cima na foto ao
lado. Enquanto que os cascos dos membros
posteriores possuem formato mais “pontudo” na
região na pinça e mais ovalado, como nas ferraduras
do par na imagem.
As ferraduras como os calçados que usamos, possuem
numeração específica que está relacionada com o comprimento
e largura dos cascos. Para cada marca ou modelo de ferradura,
as variações podem variar de acordo com o modelo do
fabricante. Sendo assim, para te ajudar a decidir o tamanho
adequado da ferradura, você pode medir o comprimento e
largura do casco ou ainda apoiar o casco do cavalo sobre um
papel e com auxílio de uma caneta desenhar o contorno do
mesmo. Ambas opções irão lhe auxiliar na escolha da ferradura
mais adequada, conforme o tamanho do casco.
ATENÇÃO!!! O tamanho adequado de ferradura, é determinado
quando a ferradura recobre todo o entorno da muralha,
incluindo a região dos talões. Como nas imagens abaixo.
Sobrando discretamente e não abundantemente para a área
externa da muralha.
7.2 Modelando as ferraduras 

Em algumas situações a ferradura tem o tamanho adequado,


porém necessita alguns ajustes para se adequar ao formato do
casco do cavalo. Que pode estar irregular, em função de uma
característica individual propriamente dita, por crescimento
excessivo ou por erros cometidos em casqueamento
anteriores. Existem duas formas de modelar ferraduras: à frio
e a quente. 

FRIO: Pode ser realizado com a bigorna (Foto 1) ou ainda


utilizando um modelador de ferraduras (Foto 2), como nas
fotos abaixo:
QUENTE: Para modelar as ferraduras à quente, é preciso
alguns equipamentos como: forja a gás, tenaz e também a
bigorna.
7.3 Fixação das ferraduras 
No processo de fixação das ferraduras, podemos utilizar colas
específicas para casco de cavalos, ou ainda utilizar os
tradicionais cravos. Mas antes de aprendermos sobre como
fixar as ferraduras com os cravos, é necessário conhecermos
um pouco sobre os mesmos, vamos lá?

Três partes principais dividem o cravo: Cabeça, corpo ou lâmina


e ponta. Assim como com as ferraduras, os cravos possuem
numeração de acordo com o seu comprimento. Antes de
colocarmos os cravos, é fundamental verificar se a cabeça do
cravo se ajusta na craveira (espaço de passagem do cravo na
ferradura), ficando no mesmo nível da ferradura. Na vista de
perfil, podemos observar que a ponta está orientada em um
único sentido. Este é um detalhe que deve ser cuidadosamente
observado no momento que estamos colocando os cravos no
casco. Porque se posicionamos o cravo no sentido errado, a
ponta do mesmo tende a se deslocar para o interior do casco,
atingindo as áreas sensitivas do casco e machucando o cavalo.
IMPORTANTE!!! Para minimizar estes erros, a maioria das
empresas que fabricam os cravos, colocam o a marca da
empresa no lado que deve ser posicionado para o interior do
casco. Assim a ponta do cravo fica condicionada para a saída na
muralha do casco.

            
As ferraduras comerciais possuem oito craveiras,
porém não é necessário colocarmos oito cravos para
fixar a ferradura. Com seis cravos temos uma fixação
adequada da ferradura. Esta opção de um número
maior de craveiras existe nos casos de fragilidade da
muralha em algum ponto que impossibilite a
colocação do cravo. Após o posicionamento da
ferradura sobre o casco, orienta-se o cravo a ser
colocado. Neste momento devemos tomar o cuidado
para orientar a angulação do cravo de acordo com a
muralha, evitando assim que os cravos rompam em
uma altura inadequada na muralha do casco. O
recomendável é que a ponta do cravo saia em torno de
1/3 da altura total da muralha, como visto nas
imagens a seguir. 

ATENÇÃO - A imagem a seguir também mostra a


forma de fixação de ferraduras utilizando colas
especiais de casco.
Após o cravejamento e fixação da ferradura. O procedimento
realizado na sequência é o de rebater os cravos, para assim
ajustar o conjunto cravo-ferradura no casco, conforme mostra
a imagem abaixo. Nesta etapa o rebatedor de cravos ou alguma
outra ferramenta para apoiar se faz necessária.
Próximo passo é realizar o ajuste final utilizando o jacaré. Para
esta operação, posicionamos a pata do cavalo sobre o tripé,
com o apoio no casco e assim trabalhamos pela parte superior
da muralha do casco. E ajustamos a direção da ponta do cravo
com o jacaré, como nas imagens abaixo.
Para finalizar esta etapa, fazendo uso de uma groza
usada, fazemos um leve grosamento sobre as pontas
de cravos que foram dobradas, evitando assim que o
cavalo se machuque, caso encoste uma pata na outra.
Vejam as imagens a seguir:
Tão importante quanto fixar a ferradura é saber retirar. A fim de
que se evite de quebrar a muralha ao tracionarmos a ferradura
e os cravos. Primeiro grosamos na parte superior da muralha,
as pontas de cravos que ainda fixam a ferradura. Após este
grosamento estamos prontos para a segunda etapa, que é
realizar a tração da ferradura, sempre de cima para baixo e
nunca para os lados. A imagem abaixo ilustra o posicionamento
preferencial na área dos talões.
 IMPORTANTE!!! 

Saber retirar as ferraduras faz parte do dia-a-


dia do casqueador. Principalmente porque
devemos casquear e ferrar um cavalo em um
intervalo de 30-40 dias, se for animal de
trabalho. Já para os cavalos que ficam livres no

pasto, um casqueamento se faz necessário em


um intervalo mínimo de 30-45 dias. Dento em
vista que o casco do cavalo cresce em torno de
6mm-12mm por mês, variando de acordo com
a idade do animal, a nutrição, clima e outros

fatores.
7.4 Reavaliação final do trabalho 

Após o término do casqueamento e


ferrageamento. Temos a oportunidade de
avaliar nosso trabalho e compreender o efeito
biomecânico que se altera em cada uma das
etapas (casqueamento e ferrageamento) e
assim compreendemos a importância de um
adequado manejo de casco, realizado com
frequência. O casco possui duas áreas que
atuam diretamente na sua biomecânica
durante a locomoção. Os talões quando a pata
toca no solo e a pinça quando o casco está
decolando, ou seja, saindo do chão. Estas áreas
determinam uma proporção de distribuição
das forças no casco. 

Veja o exemplo a seguir:


Obrigado por ler este e-book. 

Ele tem o principal objetivo de


difundir o conhecimento, obtido ao
longo de 15 anos de trabalho
intenso. Longe de prescrever
receitas ou fórmulas mágicas.
Tampouco implementar filosofia de
ação. Apenas fornecer a quem
interessar, um caminho para
continuar a se aprofundar no tema:
PODOLOGIA de equinos. 

Um abraço
Referências

CINTRA, A. G. C. O. Cavalo: características, manejo e


alimentação. Ed. Roca, 2014. p. 6-12. 
HELEN M.S. DAVIES and CHRISTOPHER PHILIP.
GROSS. ANATOMY OF THE EQUINE DIGIT. In: FLOYD, A. E.;
MANSMANN, R. A. Equine Podiatry. 1. ed. Missouri: Saunders
Elsevier, 2007. p. 128-140.
http:/www.agricultura.gov.br/animal/especies/equideos -
MAPA, 2016. 
PARKS, A. Structure and Function of the Equine Digit in
Relation to Palmar Foot Pain. Proceedings of the Annual
Convention of the AAEP - San Antonio, TX, 2006. 
REDDING, W. R. Anatomy of the Equine Foot as it Pertains to
Imaging - What You Need to Know. Proceedings of the American
Association of Equine Practitioners - Focus Meeting Focus on
the Foot Columbus, Ohio, USA – 2009 STASHAK, T. S.
Claudicação em Equinos segundo Adams. São Paulo: Roca,
2006. p. 95-110. THE HORSE Magazine, December 2006 Edition.

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