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Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica - PPGEL

Associação ampla UFSJ / CEFET-MG

Avaliações de Sobretensões Atmosféricas em Linhas de


Transmissão

Patrícia Campos Marcelino

Orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio de Oliveira Schroeder - PPGEL/UFSJ


Coorientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Siqueira de Lima - COPPE/UFRJ

São João del-Rei, 02 de Fevereiro de 2021.


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica - PPGEL
Associação ampla UFSJ / CEFET-MG

Avaliações de Sobretensões Atmosféricas em Linhas de


Transmissão

Patrícia Campos Marcelino

Dissertação apresentada à banca examinadora designada

pelo Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Enge-

nharia Elétrica, associação ampla entre a Universidade Fe-

deral de São João del-Rei e o Centro Federal de Educação

Tecnológica de Minas Gerais, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia

Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio de Oliveira Schroeder - PPGEL/UFSJ


Coorientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Siqueira de Lima - COPPE/UFRJ

São João del-Rei, 02 de Fevereiro de 2021.


Dedico este trabalho a minha família e em especial à minha mãe e meus irmãos.
Agradecimentos

Primeiramente a Deus, pela benevolência.


A minha mãe, Glória, pelo apoio e amor incondicional, por ser a principal propulsora da
minha formação acadêmica e pessoal. Ao meu pai, Amadeu (in memoriam), que partiu no meio
dessa trajetória, a tornando um pouco mais complexa e ao mesmo tempo me deixando mais
forte. Aos meus irmãos, Clayton, Carlos Eduardo e Jonathan por serem exemplos de pessoas e
profissionais, pelo apoio e o afeto.
Ao meu eterno mentor e grande amigo Professor Rodolfo Moura pela dedicação, compan-
heirismo e maestria durante toda a minha formação acadêmica.
Meu orientador, Professor Marco Aurélio, agradeço a confiança em meu trabalho e pela
inspiração pessoal e profissional, pessoas assim nos fazem entender o sentido da vida quando
fazemos o que amamos. Sou grata pelo apoio, companheirismo e os conhecimentos compartil-
hados ao longo dessa longa trajetória.Ao meu coorientador Professor Antonio Carlos Siqueira
de Lima, por todo apoio fornecido durante a realização deste trabalho.
Aos meus amigos de formação e de vida Caroline Torres, Letícia Venâncio e Miller Souza,
obrigada pela paciência e apoio durante minha caminhada até aqui.
Ao INERGE (Instituto Nacional de Energia Elétrica) e FAPEMIG (Fundação de Amparo a
Pesquisa do Estado de Minas Gerais), pelo apoio financeiro.
Ao grupo Energisa, em especial Energisa Minas Gerais e Nova Friburgo, pelo conhecimento
e desenvolvimento despendido a mim como Trainee e Engenheira, acreditando e fomentando a
pesquisa.
À todos que de alguma forma me acompanharam ao longo dessa caminhada e contribuíram
para que eu conseguisse chegar até aqui, os meus sinceros agradecimentos.

vii
"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu."

Eclesiastes 3:1
Resumo

Estudos apontam que aproximadamente 78 milhões de raios incidem todos os anos no Brasil.
Tal fenômeno figura como um dos principais ofensores em desligamentos não programados de
linhas de transmissão com níveis de tensão de até 230 𝑘𝑉 . Além disso, a cada 50 mortes
no mundo por raios, 1 ocorre no Brasil. Ainda no contexto de segurança, dados extraídos
apontam 175 mortes no estado de Minas Gerais, entre os anos de 2000 a 2019, colocando o
estado em segundo lugar no pódio nacional, atrás apenas do estado de São Paulo com 327
mortes. Todos os quantitativos apresentados sugerem a importância dos estudos de transitórios
nos aspectos construtivos de dipositivos de proteção em torres de transmissão, para que seja
garantido o desempenho de linhas de transmissão exigidos por normas regulatórias. Os estudos
referentes as análises de transitórios eletromagnéticos tendem a prever não apenas um aumento
significativo da confiabilidade do sistema como também garantir a segurança humana dos que
se encontram próximos a regiões atingidas, a partir da produção de projetos de aterramentos
confiáveis. A fim de agaranhar resultados consistentes, são realizadas análises comparativas
entre os modelos para os distintos cenários de resistividade, corrente injetada e dependência
de parâmetros do solo. Por fim, é abordada a melhoria do desempenho das linhas, a partir da
instalação de dispositivos de proteção para-raios. Sendo assim é possível sugerir a alocação
ótima de para-raios dentro do cenário base proposto, visando alinhar a viabilidade financeira
com o ganho relacionado a proteção do sistema. Previstas tais análises, constata-se a efetividade
de redução de sobretensões atmosféricas na cadeia de isoladores a partir de projeto adequado
de aterramento e a instalação ótima de para-raios.

Palavras-chave: Aterramento elétrico; Para-raios; Variação com a frequência; Descargas at-


mosféricas; Blackflashover; Sobretensão; Alternative Transients Program.

xi
Abstract

Studies show that approximately 78 million lightning fall every year in Brazil, such phe-
nomenon is one of the main reasons of unscheduled shutdowns of transmission lines. Besides
that, 1 out of 50 deaths caused by lightning in the world happens in Brazil. Still mentioning the
security issue, data shows 175 deaths in the state of Minas Gerais between the years of 2000
and 2019, making it the second with most deaths caused by lightning, behind only of the state
of São Paulo with 327 deaths. All the figures presented suggest the importance of studies of
transients in the construction aspects of protection devices in transmission towers, so that the
performance of transmission lines required by regulatory standards is guaranteed. Studies re-
lated to the analysis of electromagnetic transients tend to predict not only a significant increase
in the reliability of the system, but also to guarantee the safety of those who are close to the
affected regions, from the production of reliable grounding projects. In order to capture consis-
tent results, comparative analyzes between the models are performed in an exhaustive way for
the different scenarios of resistivity, injected current and soil parameter dependence. Finally,
the improvement of the performance of the lines is addressed, by installing lightning protec-
tion devices. Therefore, it is possible to suggest the optimal allocation of surge arresters within
the proposed base scenario, aiming to align the financial viability with the gain related to the
protection of the system. Having such analyzes, the effectiveness of reducing atmospheric over-
voltage in the insulator string can be noticed with the proper grounding project and the optimal
installation of surge arresters.

Palavras-chave: Electrical grounding; Surge Arresters; Lightning; Backflashover; Overvolt-


age; Alternative Transients Program.

xiii
Lista de Figuras

2.1 Típica forma de onda de corrente associada a primeiras descargas de retorno


negativas descendentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.2 Ondas de correntes representativas de (a) primeiras descargas de retorno e (b)


descargas subsequentes, associadas a descargas negativas descendentes medidas
na Estação do Monte San Salvatore. Formas de onda obtidas como uma soma
de funções Heidler. Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.3 Modelo proposto pelo IEEE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

3.1 Torre de Transmissão Modelo L6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.2 Configuração geométrica do sistema de aterramento de pé de torre de uma linha


de transmissão de 138 kV. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.3 Impedância Harmônica do Aterramento da Figura 3.2 com parâmetros con-


stantes do solo (solos com resistividades de 100 Ω.𝑚,1000 Ω.𝑚 e 2000 Ω.𝑚).
(a) Módulo da Impedância harmônica. (b) Ângulo da Impedância harmônica.
Elaborado pela autora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.4 Impedância Harmônica do Aterramento da Figura 3.2 com parâmetros do solo


dependentes da frequência (solos com resistividades de 100 Ω.𝑚,1000 Ω.𝑚 e
2000 Ω.𝑚.).(a) Módulo da Impedância harmônica. (b) Ângulo da Impedância
harmônica. Elaborado pela autora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.5 Comparação entre o módulo da impedância Harmônica em resposta ao aterra-


mento completo com parâmetros do solo constantes e variáveis com a frequên-
cia.(a) Solos com resistividades de 100 Ω.𝑚. (b) Solos com resistividades de
1000 Ω.𝑚.(c) Solos com resistividades de 2000 Ω.𝑚. Elaborado pela autora . . 37

xv
3.6 (a) GPR resultante da injeção da Primeira Corrente de Retorno, considerando
aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo com parâmetros
dependentes/independentes da frequência para solos com resistividade de 100
Ω.𝑚. (b) GPR resultante da injeção de Correntes Subsequentes de Retorno,
considerando aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo
com parâmetros dependentes/independentes da frequências para solos com re-
sistividade de 100 Ω.𝑚. Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.7 (a) GPR resultante da injeção da Primeira Corrente de Retorno, considerando


aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo com parâmetros
dependentes/independentes da frequência para solos com resistividade de 1000
Ω.𝑚.(b) GPR resultante da injeção de Correntes Subsequentes de Retorno, con-
siderando aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo com
parâmetros dependentes/independentes da frequências para solos com resistivi-
dade de 1000 Ω.𝑚. Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.8 (a) GPR resultante da injeção da Primeira Corrente de Retorno, considerando


aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo com parâmetros
dependentes/independentes da frequência para solos com resistividade de 2000
Ω.𝑚.(b) GPR resultante da injeção de Correntes Subsequentes de Retorno, con-
siderando aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo com
parâmetros dependentes/independentes da frequências para solos com resistivi-
dade de 2000 Ω.𝑚. Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.9 𝜎(𝑓 ) / 𝜎0 para 100 Ω.𝑚, 1000 Ω.𝑚 e 2000 Ω.𝑚. Elaborado pela autora. . . . . 40

3.10 Análise de sensibilidade para 𝑅𝐿𝐹 e 𝑍𝑝 para os valores de resistividade: 100


Ω.𝑚, 1000 Ω.𝑚 e 2000 Ω.𝑚, (a) submetidas a solicitação da primeira corrente
de retorno. (b) submetidas a solicitação de correntes subsequentes de retorno.
Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

3.11 Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.12 Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas represen-
tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3.13 Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3.14 Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 100 0 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira
Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes
de Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3.15 Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 1000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.16 Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 1000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.17 Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.18 Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas represen-
tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.19 Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos
com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.20 Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

3.21 Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

3.22 Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

3.23 Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 1000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.24 Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas represen-
tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 1000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

3.25 Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 1000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

3.26 Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

3.27 Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

3.28 Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas represen-


tações de aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos
com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a) em decorrência da injeção da Primeira Cor-
rente de Retorno,(b) em decorrência da injeção de Correntes Subsequentes de
Retorno, Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

3.29 Análise da ruptura da cadeia de isoladores considerando sobretensão atmos-


férica resultante nas fases A,B e C, para solos com resistividade de 4000 Ω.𝑚.
Aterramento modelado a partir de resistência 𝑅𝐿𝐹 . Elaborado pela autora. . . . 55
3.30 Análise da ruptura da cadeia de isoladores considerando sobretensão atmos-
férica resultante nas fases A,B e C, para solos com resistividade de 4000 Ω.𝑚.
A modelagem é realizada com parâmetros independentes da frequência, em
decorrência da injeção da primeira corrente de retorno. Aterramento modelado
a partir de um circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes com a
frequência. Elaborado pela autora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3.31 Configurações de ZnO utilizadas para comparação da redução da sobretensão


atmosférica na cadeia de isoladores. Caso 01 – sem instalação de para-raios
ZnO; Caso 02 – instalação de para-raios ZnO em todas as fases da torre de
transmissão; Caso 03 – instalação de para-raios ZnO em apenas uma fase de
maneira alternada e Caso 04 – instalação de para-raios em ZnO em duas fases
de maneira alternada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.32 Configuração do Cenário Caso Base. Adaptado de [36]. . . . . . . . . . . . . . 58

3.33 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade
igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequên-
cias. (a) Sem aplicação de para-raios (b) Com aplicação de para-raios em todas
as fases. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

3.34 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade
igual a 4000 Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequên-
cias. Com aplicação de para-raio na fase A da torre central. . . . . . . . . . . . 60

3.35 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade
igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequên-
cias. Com aplicação de para-raio na fase B da torre central. . . . . . . . . . . . 61

3.36 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade
igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequên-
cias. Com aplicação de para-raio na fase C da torre central. . . . . . . . . . . . 61

3.37 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade
igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequên-
cias. Com aplicação de para-raios nas fases A e B da torre central. . . . . . . . 62
3.38 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade
igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequên-
cias. Com aplicação de para-raios nas fases A e C da torre central. . . . . . . . 63

3.39 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade
igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequên-
cias. Com aplicação de para-raios nas fases B e C da torre central. . . . . . . . 63

3.40 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistivi-
dade igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com
parâmetros do solo invariantes, submetido a primeira corrente de retorno. (a)
Sem aplicação de para-raios (b) Com aplicação de para-raios em todas as fases. 64

3.41 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistivi-
dade igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com
parâmetros do solo invariantes, submetido a primeira corrente de retorno. Com
aplicação de para-raio na fase A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

3.42 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistivi-
dade igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com
parâmetros do solo invariantes, submetido a primeira corrente de retorno. Com
aplicação de para-raio na fase B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

3.43 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistivi-
dade igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com
parâmetros do solo invariantes, submetido a primeira corrente de retorno. Com
aplicação de para-raio na fase C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

3.44 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistivi-
dade igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com
parâmetros do solo invariantes, submetido a primeira corrente de retorno. Com
aplicação de para-raios nas fases A e B. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

3.45 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistivi-
dade igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com
parâmetros do solo invariantes, submetido a primeira corrente de retorno. Com
aplicação de para-raios nas fases A e C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.46 Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistivi-
dade igual a 4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com
parâmetros do solo invariantes, submetido a primeira corrente de retorno. Com
aplicação de para-raios nas fases B e C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Lista de Tabelas

2.1 Parâmetros das funções de Heidler para representação de primeiras descargas


no MSS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.2 Parâmetros das funções de Heidler para representação das descargas de retorno
subsequente no MSS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.3 Características VxI dos resistores Ao e A1 - Valores iniciais. . . . . . . . . . . 21

2.4 Parâmetros do Modelo Proposto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.1 Especificações do cabo para-raios: condutor de aço revestido de alumínio do


tipo Alumoweld ASTM B-416. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.2 Parâmetros de entrada dos condutores no ATPDraw. . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.3 Parâmetros de entrada da rotina LCC da torre de transmissãono ATPDraw. . . . 32

3.4 Características do para-raios. Modelo : PEXLIM R 145 kV. . . . . . . . . . . . 32

3.5 Parâmetros das Cadeias de Isoladores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.6 Comprimento de cabos contrapesos para o sistema de aterramento de acordo


com a resistividade do solo de baixas frequências. . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.7 Valores de Pico de GPR, 𝑅𝐿𝐹 , e 𝑍𝑝 para os modelos de aterramento, con-


siderando os parâmetros do solo dependentes e independentes da frequência. . . 42

3.8 Pico de sobretensão atmosférica considerando distintos modelos de aterramento


com parâmetros independentes da frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

3.9 Pico de sobretensão atmosférica considerando distintos modelos de aterramento


com parâmetros dependentes da frequência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

3.10 Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de resistência. 55

xxiii
3.11 Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de um circuito
equivalente com parâmetros do solo invariantes com a frequência. . . . . . . . 56
3.12 Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de resistência
𝑅𝐿𝐹 . Aplicação de para-raios em todas as fases. . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.13 Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de resistência
𝑅𝐿𝐹 . Aplicação de para-raios em apenas uma fase de forma alternada. . . . . . 60
3.14 Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de resistência
𝑅𝐿𝐹 . Aplicação de para-raios em duas fases de forma alternada. . . . . . . . . 62
3.15 Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de um circuito
equivalente com parâmetros do solo invariantes. Aplicação de para-raios em
todas as fases. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.16 Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de um circuito
equivalente com parâmetros do solo invariantes. Aplicação de para-raio em
apenas uma fase de forma alternada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.17 Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de um circuito
equivalente com parâmetros do solo invariantes. Aplicação de para-raios em
duas fases de forma alternada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.18 Custos modulares de materiais, mão de obras e outras despesas relacionadas a
instalação dos dispositivos para-raios e sistema de aterramento elétrico. . . . . 70
3.19 Características básicas da linha de trasmissão Votorantim- Muriaé II. Dados
fornecidos pela Energisa Minas Gerais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

A.1 Reduções observadas nas sobretensões atmosféricas sob a mísula da cadeia de


isoladores a partir da instalação de para-raios. Resistividade do solo = 2000 Ω.𝑚 94
A.2 Reduções observadas nas sobretensões atmosféricas sob a mísula da cadeia de
isoladores a partir da instalação de para-raios. Resistividade do solo = 4000 Ω.𝑚 95
Lista de Abreviações

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica


ATP - Alternative Transients Program
BRR - Base de Remuneração Regulatória
CAA - Condutor de Alumínio com Alma de Aço
CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
CFO - Critical Flashover Voltage
COM - Componente Menor
DE – Disruptive Effect
DT - Domínio do Tempo
ELAT - Grupo de Eletricidade Atmosférica
EPE - Empresa de Pesquisa Energética
FAPEMIG - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais
FFT - Fast Fourier Transform
GATCI - Grupo de Alta Tensão e Coordena-ção de Isolamento
GPR - Grounding Potential Rise
HEM - Hybrid Electromagnetic Model
IEEE - Institute of Electrical and Electronic Engineers
IFFT - Inverse Fast Fourier Transform
INPE - Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais
INERGE - Instituto Nacional de Energia Elétrica
LCC - Line Constants Calculation
MoM - Método dos Momentos
MPL - Método da Progressão do Leader

xxv
MSS - Mount San Salvatore
NGNS - Next Generation Network Showcase
PPGEL - Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica
RLC (circuito) – Resistor, Indutor e Capacitor
SNPTEE - Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica
UFSJ - Universidade Federal de São João del-Rei
ZnO - Óxido de Zinco
Sumário

1 Introdução 1
1.1 Relevância do tema sob investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Contextualização da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5 Organização do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6 Publicações Decorrentes da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 Fundamentação Teórica 11
2.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Modelagens matemática, eletromagnética e computacional . . . . . . . . . . . 12
2.2.1 Modelagem das Formas de Ondas das Correntes Típicas de Descargas
Atmosféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2.2 Modelagem dos Cabos Para-Raios e Condutores Fase da Linha de Trans-
missão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.3 Modelagem da Torre de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.4 Modelagem da Cadeia de Isoladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.5 Modelagem do Equipamento Para-raio . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2.6 Modelagem do Sistema de Aterramento Elétrico e Sua Inclusão em
Plataformas de Transitórios Eletromagnéticos do Tipo ATP . . . . . . . 21

xxvii
2.2.7 Modelagem das Grandezas Físicas que Caracterizam os Comportamen-
tos de Aterramentos Elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.2.8 Modelagem do Solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.3 Aspectos Computacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2.4 Síntese do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3 Resultados e Análises de Sensibilidade 29

3.1 Considerações Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.2 Estudo de Casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.2.1 Linha de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.2.2 Torre de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

3.2.3 Para-raios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2.4 Cadeia de Isoladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.2.5 Sistema de Aterramento Elétrico e Solo . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.3 Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento


Elétrico e Sobretensões Atmosféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3.3.1 Análise de Sensibilidade da Impedância Harmônica 𝑍(𝜔) . . . . . . . 33

3.3.2 Análise de Sensibilidade: 𝐺𝑃 𝑅, 𝑅𝐿𝐹 e 𝑍𝑝 . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.3.3 Sobretensões atmosféricas (SA) : Parâmetros do Solo Constantes com


a Frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

3.3.4 Sobretensões atmosféricas (SA): Parâmetros do Solo Variáveis com a


Frequência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

3.3.5 Sobretensões atmosféricas (SA): Aplicação da Cadeia de Isoladores . . 54

3.3.6 Sobretensões atmosféricas (SA) : Aplicação de Para-raios em Paralelo


com a Cadeia de Isoladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3.4 Discussões Finais Práticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

3.5 Síntese do Capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

4 Conclusões 73

4.1 Síntese da Dissertação e Principais Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

4.2 Propostas de continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77


Referências Bibliográficas 79

A Apêndice 93
A.1 Análise de Desempenho de Linhas de Transmissão com a Instalação de Para-
raios em Paralelo com a Cadeia de Isoladores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
CAPÍTULO 1

Introdução

1.1 Relevância do tema sob investigação

A crescente necessidade de energia elétrica vêm enfatizando a complexidade do sistema elé-


trico de potência trazendo a tona a importância de pesquisas e estudos para que seja garantida
a qualidade no provimento de energia. A complexidade do processo de transporte de energia
elétrica dentro dos requisitos exigidos de confiabilidade e continuidade de serviço permeiam
vertentes de estudos relacionados à fieza dos componentes que constituem o sistema elétrico.
De forma geral, as linhas de transmissão, responsáveis pelas interligações entre os grandes ge-
radores de energia elétrica e os centros de consumo, são caracterizadas por grandes extensões, o
que reflete um alto índice de exposição a incidências de descargas atmosféricas. Os comporta-
mentos associados a esse fenômeno compõem um tópico de importância pronunciada no setor
elétrico, especialmente em termos do desempenho de seus componentes.
O Brasil, segundo dados apresentados pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do
Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), lidera as classificações mundiais relacionadas
a incidências de descargas atmosféricas, com cerca de 77,8 milhões de descargas por ano [1].
As perturbações ocasionadas por este fenômeno chegam a representar 70% dos desligamentos
não programados no fornecimento de energia elétrica, que ocorrem no sistema de transmissão
[2],[3],[4],[5]. Tratando-se de um país com dimensões continentais, ainda em 2012, onde a
média de descargas atmosféricas era de 50 milhões ao ano, tal fenômeno já representava ao
setor elétrico brasileiro um prejuízo anual em torno de R$ 600 milhões de reais [6],[5]. Além
disso, estudos demonstram que entre 5 a 10% de desligamentos não programados oriundos de
descargas atmosféricas são responsavéis por danos permanentes ao sistema [7],[5]. No estado

1
Capítulo 1. Introdução 2

de Minas Gerais, as adversidades podem acentuar ainda mais a vulnerabilidade dos sistemas
elétricos frente à incidência de descargas atmosféricas, uma vez que o estado apresenta carac-
terísticas naturais (clima e relevo) que intensificam a densidade de descargas atmosféricas no
local, além de valores elevados de resistividades do solo, que, por sua vez, corroboram os efeitos
danosos ao sistema elétrico quando submetidos a incidências de descargas atmosféricas [3].

Em decorrência das altas taxas de incidências de descargas atmosféricas que, associadas as


particularidades do solo brasileiro, culminam em valores estatísticos relevantes de desligamen-
tos de linhas de transmissão, a comunidade científica, junto ao setor empresarial de geração e
distribuição de energia elétrica, vêm investido cada vez mais em pesquisas relacionadas a técni-
cas de melhoria do desempenho de componentes de proteção contra sobretensões em linhas de
transmissão. Em consequência desse fato, os desenvolvimentos relativos ao tópico de transitó-
rios eletromagnéticos têm se tornado cada vez mais frequentes devido à importância da análise
da resposta do sistema elétrico frente a solicitações de correntes impulsivas. Isso beneficia a
produção de projetos de aterramentos confiáveis, cujo objetivo principal é minimizar prejuízos
financeiros, associados a danos a equipamentos, interrupções não programadas, e principal-
mente, garantir a segurança humana dos que se encontram próximos a regiões atingidas [8].

Diante do exposto, percebe-se a relevância de investigações adicionais na temática de inte-


rações entre descargas atmosféricas e linhas de transmissão, que é justamente o objeto de estudo
desta dissertação.

1.2 Contextualização da Dissertação

O estudo de transitórios eletromagnéticos em linhas de transmissão, decorrentes da inte-


ração com descargas atmosféricas diretas, corresponde a uma das temáticas de interesse de
pesquisa da Linha de Pesquisa “Eletromagnetismo Aplicado” do PPGEL, tanto na UFSJ quanto
no CEFET-MG. Nesse sentido, interessa bastante o desenvolvimento e/ou aplicação de modela-
gens eletromagnéticas para caracterização das formas de onda de correntes típicas de descargas
atmosféricas; dos condutores fase e dos cabos para-raios; das torres de transmissão; das cadeias
de isoladores; dos equipamentos para-raios (a serem instalados em paralelo com as cadeias de
isoladores); dos aterramentos elétricos; e do solo subjacente. Diversas dissertações de mes-
trado foram desenvolvidas no PPGEL tendo como foco as temáticas supracitadas. Interessa,

Marcelino, Patrícia.
3 1.2. Contextualização da Dissertação

neste trabalho, aplicar as referidas modelagens eletromagnéticas em estudos de sensibilidade


das sobretensões atmosféricas em relação às representações utilizadas para descrição do com-
portamento transitório do aterramento elétrico. Dessa forma, naturalmente, este trabalho tem
como ponto de partida as diversas dissertações elaboradas no PPGEL, assim como nas pesqui-
sas que embasaram tais dissertações (dissertações e teses de outros programas de pós-graduação
mais antigos e artigos em congressos e em periódicos indexados). Portanto, julga-se bastante
oportuna uma descrição (mesmo que sucinta) dos principais desenvolvimentos alcançados nas
dissertações defendidas no âmbito do PPGEL.

Em 2008, R. S. Alípio apresentou sua dissertação de mestrado na temática de comporta-


mento transitório de aterramentos elétricos [9], pelo Programa de Pós-Graduação em Mode-
lagem Matemática e Computacional, CEFET. Alípio implementou o HEM (do inglês Hybrid
Electromagnetic Model) [10], [11], [12], [13], [14] com as seguintes inclusões: i) solução
numérica via Método dos Momentos [15] e ii) inclusão do método de imagens modificadas
no cálculo do acoplamento eletromagnético transversal [16], [17]. Alípio realizou uma série
de análises físicas consistentes, validações experimentais e inúmeras análises de sensibilidade.
Esta dissertação é considerada um dos pilares para as demais (no âmbito do PPGEL) na área
de aterramentos elétricos. Em 2009, A. G. Pedrosa defendeu sua dissertação, na qual avaliou
o impacto da variação dos parâmetros elétricos do solo (condutividade e permissividade) com
a frequência no comportamento transitório de aterramentos elétricos [18]. Para tais análises,
Pedrosa utilizou o algoritmo implementado por Alípio em [9] e diversas formulações existentes
na literatura que contemplam a referida variação com a frequência [19], [20], [21].

Em 2011, C. G. C. Alvarez implementou o Flash/IEEE no Matlab para análises de sensi-


bilidade das taxas de desligamentos (por falha de blindagem e por backflashover) em relação
aos seguintes parâmetros [22]: índices de incidência geográfica; probabilidade cumulativa de
valores de pico de corrente; resistência de aterramento; comprimentos do vão e da cadeia de
isoladores; e altura da torre. Este foi o primeiro trabalho na área de desempenho de linhas de
transmissão frente a descargas atmosféricas defendido no PPGEL.

Em 2012, S. M. M. Lúcio apresentou um estudo no qual fez avaliações dos efeitos do solo e
da frequência nos parâmetros longitudinais de linhas de transmissão, tendo em vista aplicação
em estudos de transitórios eletromagnéticos associados a descargas atmosféricas [23]. Em 2014,
R. A. R. Moura aprofundou os estudos de [23] incluindo novas formulações, tanto para os

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 1. Introdução 4

parâmetros longitudinais, quanto para os transversais, bem como suas sensibilidades em relação
ao efeito do solo [24]. Adicionalmente, relatou as influências do efeito do solo nas sobretensões
atmosféricas estabelecidas em linhas de transmissão.

Em 2012, J. A. S. Mariano elaborou um ambiente computacional para cálculos de sobreten-


sões atmosféricas e desempenho de linhas de transmissão segundo uma abordagem estocástica
[25]. Mariano utilizou o Método de Monte Carlo para geração de sorteios (implementado no
Matlab®) e uma interface com o ATP (do inglês Alternative Transients Program) para deter-
minação de sobretensões atmosféricas nas cadeias de isoladores. Diversas análises de sensibili-
dade foram realizadas das taxas de desligamentos de linhas de transmissão frente a parâmetros
elétricos e geométricos do sistema de transmissão. Em 2014, A. T. Lobato, seguindo aborda-
gem similar à de Mariano [25], apresentou uma análise de falha de blindagem em linhas aéreas
de transmissão segundo abordagens determinística e estocástica [26]. Em 2015, I. A. J. W. S.
Meireles, também seguindo abordagem similar à de Mariano [25], porém fazendo implemen-
tações computacionais no C++ e com interface gráfica amigável em Visual Basic, apresentou
sua dissertação na temática de desempenho de linhas frente a descargas atmosféricas [27]. Em
2018, A. J. Oliveira generalizou os estudos de Mariano [25], Lobato [26] e Meireles [27], apre-
sentando uma nova metodologia para inclusão da forma de onda de corrente nos sorteios via
Monte Carlo [28]. Considera-se que a metodologia proposta em [28] se constitui no maior
avanço em termos de desempenho de linhas de transmissão alcançado no Grupo de Alta Tensão
e Coordenação de Isolamento (GATCI) do PPGEL/UFSJ.

Nos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020 foram defendidas dissertações especificamente na
área de aterramentos elétricos. Em 2017, A. B. Amaral apresentou estudos relativos aos com-
portamentos transitórios de aterramentos elétricos determinados mediante aplicação das teorias
de campo (HEM) e de linhas de transmissão, com aplicação para configurações típicas de torres
de transmissão [29]. Em 2019, N. R. Melo avaliou limites práticos do uso da função pulso
para avaliação de comportamento transitório de aterramentos elétricos, com o objetivo de au-
mentar os comprimentos dos segmentos e, assim, melhorar a eficiência computacional do HEM
[8]. Em 2020, P. H. N. Vieira, também com o objetivo aperfeiçoar a eficiência computacional,
apresentou detalhes de implementação computacional de alto desempenho do HEM [30]. São
merecedores de destaque também as seguintes dissertações: determinação de impedância im-
pulsiva de arranjos típicos de aterramentos [31]; comportamento de aterramentos de malhas de

Marcelino, Patrícia.
5 1.3. Objetivos

subestações [32]; aterramentos de turbinas eólicas [33]; transitórios eletromagnéticos em linhas


de transmissão considerando parâmetros do solo variáveis com a frequência [34] e [35].
Em 2016 foram defendidas duas dissertações de mestrado cujos conteúdos são muito im-
portantes para este trabalho [36], [37]. Inicialmente, B. N. Giarola analisou a influência de
para-raios nas sobretensões atmosféricas por descarga direta em linhas de transmissão conside-
rando a variação dos parâmetros do solo com a frequência [36]. Giarola apresentou um estudo
detalhado das modelagens de para-raios (com histórico, aspectos construtivos e modelos dispo-
níveis na literatura), correntes de descargas, linha e torre de transmissão, cadeia de isoladores,
aterramentos elétricos, bem como suas inclusões no ATP. Finalmente, mostrou como as so-
bretensões atmosféricas variam com essas modelagens. Em seguida, T. V. Gomes, utilizando
modelagens similares, analisou a influência de seções de trechos de linhas subterrâneas e aéreas
nas sobretensões atmosféricas que entram em subestações [37]. Posteriormente, no CEFET-
MG, nos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020, foram apresentadas três dissertações de mestrado
[38], [39], [40] e [41], respectivamente, em temáticas similares às de [36].
É justamente no contexto de todas as dissertações citadas nos parágrafos acima que se insere
o atual trabalho, notadamente e mais especificamente em relação aos estudos apresentados em
[36], [37], [38] e [39].

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Esta dissertação de mestrado tem como objetivo geral realizar uma série de análises de
sensibilidade de sobretensões atmosféricas1 , em linhas de transmissão de 138 𝑘𝑉 , em relação
aos seguintes elementos/equipamentos: formas de ondas típicas das correntes de primeiras e
subsequentes descargas de retorno (parâmetros medianos); aterramento elétrico (modelado por
sua resistência em baixa frequência, sua impedância impulsiva e sua impedância harmônica);
solo (com parâmetros elétricos, resistividade e permissividade, constantes e variáveis com a
frequência); presenças ou não de cadeias de isoladores (modeladas por meio do método DE –
do inglês Disruptive Effect) e para-raios (via modelo do IEEE) em paralelo com as mesmas.
1
Neste trabalho por sobretensão atmosférica deve ser entendida a sobretensão que é estabelicida na cadeia de isoladores
devido a descarga atmosférica que incide diretamente em uma linha de transmissão. Ou seja, é a diferença de tensão resultante
sobre a cadeia de isoladores.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 1. Introdução 6

1.3.2 Objetivos específicos

Dentro do contexto geral desta dissertação, para garantir que as análises de sensibilidades
das sobretensões atmosféricas sejam realizadas, faz-se necessário o cumprimento dos seguintes
objetivos específicos:

• Utilizar a modelagem eletromagnética da corrente de retorno capaz de traduzir todos os


efeitos inerentes ao fenômeno de incidências atmosféricas em sistemas elétricos, além de
implementar as formas de ondas características das primeiras descargas de retorno e das
subsequentes;

• Realizar, no ATP, a implementação computacional dos modelos dos diversos componentes


que constituem o sistema elétrico de potência, sendo estes: linhas de transmissão, torre de
transmissão, cadeia de isoladores, para-raios, aterramento elétrico e o solo;

• Aplicar a modelagem desenvolvida nas distintas configurações do sistema de aterramento


elétrico, a fim de avaliar a sensibilidade das sobretensões atmosféricas geradas nas mísulas
das cadeias de isoladores.

1.4 Metodologia

Dentro do contexto de incidências diretas2 o sistema elétrico de transmissão pode ser sub-
metido a desligamentos a partir de dois mecanismos distintos: flashover3 e backflashover4 [5].
O fenômeno de backflashover, que figura como principal responsável pelos desligamentos não
programados de linhas de transmissão com níveis de tensão de até aproximadamente 230 kV5 ,
é o mecanismo discutido de forma predominante ao longo desta dissertação.
2
No contexto do ponto de incidência da descarga atmosférica, é possível designar duas distintas interações com linhas de
transmissão. A primeira interação é denominada descarga direta. A mesma ocorre quando a descarga atmosférica incide em
um dos cabos fases, no cabo para-raios ou no topo da torre. Essa interação é abordada no contexto desta dissertação. A
segunda interação trata das descargas indiretas, que são referentes a incidências atmosféricas no solo situado nas proximidades
do sistema de transmissão de energia elétrica, em pontos próximos o suficiente para que perturbações sejam induzidas na rede
[5]. Tal interação não é discutida no âmbito deste trabalho.
3
No presente trabalho, é denominado flashover o fenômeno fisíco que ocorre quando a incidência de descarga atmosférica
atinge diretamente um dos cabos fases e ocasiona a disrupção do isolamento da linha; este fato pode ser originado por falha na
blindagem ou até mesmo pela ausência de cabos para-raios na linha.
4
No presente trabalho, é denominado backflashover o fenômeno fisíco associado à disrupção do isolamento devido à so-
bretensão resultante na cadeia de isoladores quando a incidência de descarga ocorre no topo da torre ou sobre o(s) cabo(s)
para-raios [42].
5
Para linhas de transmissão com níveis de tensão de até 230 𝑘𝑉 o fenômeno que determina de forma predominante a
coordenação de isolamento na linha de transmissão é a descarga atmosférica. Em contrapartida, em cenários nos quais os
valores de níveis de tensão superam 230 𝑘𝑉 , a coordenação de isolamento é determinada a partir de surtos de manobras.

Marcelino, Patrícia.
7 1.4. Metodologia

O fenômeno de backflashover é fundamentalmente afetado pelo aterramento elétrico, prin-


cipalmente nos casos de primeiras descargas de retorno e em torres de alturas relativamente
reduzidas, nas quais o tempo de frente da onda de corrente é superior ao dobro do tempo de
trânsito do sinal eletromagnético na torre [43]. Em decorrência, torna-se fundamental uma de-
vida caracterização eletromagnética do comportamento transitório de aterramentos elétricos.
Todavia, em aterramentos de torres de transmissão (denominado no meio técnico por “aterra-
mento de pé-de-torre”) imersos em solos que possuem elevados valores de resistividade elétrica,
técnicas adicionais de proteção podem ser necessárias, tais como instalações de equipamentos
para-raios em paralelo com as cadeias de isoladores e cabos situados abaixo dos condutores fase
(denominados underbuilt wires) [44]. Entrementes, mesmo com a instalação de para-raios, é
imprescindível que o aterramento seja muito bem projetado, no sentido de que sua impedância
seja a menor possível. Tal fato decorre do custo relativamente elevado dos para-raios. Quanto
menor a impedância do aterramento, menos severas são as sobretensões atmosféricas, e ener-
gias associadas, a ser suportadas/absorvidas pelos para-raios, o que promove um aumento de
sua vida útil.
Face ao descrito acima, são estabelecidos, nesta dissertação os seguintes passos metodoló-
gicos:

1. Estudo do estado da arte na temática estudada, com ênfase nas dissertações [36]-[39], bem
como os principais artigos citados nestas referências.

2. Aplicação da linguagem de programação computacional JULIA [45],[46], para geração


da resposta em frequência do aterramento elétrico, com aplicação do modelo HEM.

3. Utilização do método Vector Fitting (VF) para obtenção de circuito equivalente, com base
na resposta em frequência obtida no passo 2. Implementação feita no MATLAB com o
auxílio de toolbox disponibilizada em [47].

4. Aplicação da plataforma computacional ATP para representação dos comportamentos dos


elementos aéreos (formas de onda de correntes típicas das primeiras e subsequentes des-
cargas de retorno; condutores fase e cabos para-raios; cadeias de isoladores; torres de
transmissão; equipamentos para-raios) e enterrados (aterramento).

5. Estudo e proposição de uma série de análises de sensibilidade das sobretensões atmosfé-


ricas, tendo em vista o alcance do objetivo geral do trabalho.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 1. Introdução 8

6. Estudo das distribuições espaço-temporais dos GPRs e sobretensões atmosféricas, com


posterior interpretação física de seus comportamentos, à luz das supracitadas análises de
sensibilidade.

7. Estudo de alocações ótimas6 de equipamento para-raios (em paralelo com as cadeias de


isoladores);

8. Estudo e apresentação de proposições práticas de interesse para os setores acadêmico,


científico e industrial.

1.5 Organização do Texto

Essa dissertação está organizada em 4 capítulos, onde no presente capítulo (Capítulo 1), são
abordados a relevância do tema em investigação, a contextualização da dissertação, os objetivos
geral e específicos bem como a metodologia adotada.
No capítulo 2, está apresentada de forma suscinta a abordagem qualitativa dos componentes
do sistema elétrico contemplando conceitos físicos do comportamento de sistemas de aterra-
mento frente a solicitações oriundas de descargas atmosféricas. Este capítulo não apresenta
desenvolvimentos matemáticos das modelagens atribuídas aos componentes do sistema elé-
trico. Optou-se por uma abordagem suscinta na descrição do estado da arte de aterramentos
elétricos e dos componentes necessários para a modelagem do estudo de caso, em decorrência
dos inúmeros trabalhos e pesquisas conduzidas pelo Grupo de Alta Tensão e Coordenação de
Isolamento (GATCI) que, ao longo dos anos, tem contribuído para o acervo da evolução dos
estudos relacionados a transitórios e comportamentos de sistemas de aterramentos submetidos
a solicitações de descargas atmosféricas. Esses trabalhos são referenciados ao longo do texto
desta dissertação.
No capítulo 3, são apresentados os resultados referentes às análises de sensibilidade em
que estudos de casos são submetidos. Com uma abordagem inicial matemática da modela-
gem adotada para cada componente, o capítulo explora as interpretações físicas das respostas
transitórias das sobretensões atmosféricas nas mísulas da cadeia de isoladores frente a solici-
6
Nesta dissertação não são utilizadas ferramentas computacionais de otimização. Por conseguinte, o termo "alocação ótima”
deve ser entendido como uma análise incipiente de verificação do melhor posicionamento dos para-raios em uma determinada
torre de transmissão, sem cálculo da quantidade total de para-raios em determinado trecho de linha de transmissão e nem
seleção de torres que receberão tais para-raios.

Marcelino, Patrícia.
9 1.6. Publicações Decorrentes da Dissertação

tações de incidências atmosféricas. O intuito deste capítulo é considerar no estudo de casos


as distintas configurações de aterramento, sejam essas com parâmetros concentrados (𝑅𝐿𝐹 e
𝑍𝑝 ), distribuídos (𝑍(𝜔)) e considerando os parâmetros elétricos do solo constantes e variáveis
com frequência. Por fim, é considerado também o desempenho da linha junto à instalação de
para-raios em paralelo com a cadeia de isoladores.
No quarto capítulo, são enumeradas as principais conclusões desta dissertação e sugeridas
as propostas de continuidade em futuros trabalhos.
A parte final contempla as referências bibliográficas que contextualizam a presente disser-
tação e os anexos e apêndices, com informações complementares.

1.6 Publicações Decorrentes da Dissertação

As pesquisas desenvolvidas no decurso desta dissertação permitiram a elaboração de dois


artigos [48] [49], apresentados no XXV Seminário Nacional de Produção e Transmissão de
Energia Elétrica (XXV SNPTEE), ocorrido em novembro de 2019 na cidade de Belo Horizonte,
Minas Gerais.
O primeiro artigo, intitulado “Avaliação de Influência de Para-Raios no Desempenho de
Linhas de Transmissão Frente a Descargas Atmosféricas”, apresenta as análises dos desempe-
nhos de diferentes modelos de para-raios (convencional, IEEE, Pinceti– Gianettoni), instalados
em paralelo com as cadeias de isoladores em linhas de transmissão, na proteção eficaz contra
descargas atmosféricas, tendo como referência as medições de incidências de descargas atmos-
féricas coletadas no Morro do Cachimbo, Minas Gerais. Este trabalho culminou no recebimento
de Menção Honrosa, em 2º lugar, entre os projetos participantes do Next Generation Network
Showcase (NGNS).
O segundo artigo, intitulado "Aplicação de Função Base de Ordem Superior para Mode-
lagem de Aterramentos Elétricos Utilizando o Método dos Momentos", tem como objetivo
apresentar uma metodologia de modelagem que permite reduzir o custo computacional das
simulações sem comprometer a confiabilidade dos resultados obtidos.

Marcelino, Patrícia.
CAPÍTULO 2

Fundamentação Teórica

2.1 Considerações Iniciais

Seguindo os passos metodológicos apresentados no Capítulo 1 (mais especificamente na


seção 1.4), a primeira etapa dos estudos elaborados durante a realização desta dissertação de
mestrado correspondeu às leituras, dentro de uma perspectiva crítica e reflexiva, das referên-
cias [36]-[39], com ênfase nas dissertações [36] e [37]. Concomitantemente, foram realizados
consultas e aprofundamentos nas referências citadas nestas dissertações. Esta atividade cum-
pre o passo metodológico de número 1 (vide seção 1.4). Nesse sentido, são apresentadas ao
longo deste capítulo, na seção e subseções que se seguem, descrições bastante objetivas das
modelagens eletromagnéticas, matemáticas e computacionais dos principais elementos/equipa-
mentos de interesse nos cálculos de transitórios eletromagnéticos (com foco no principal efeito
no âmbito desta dissertação: as sobretensões atmosféricas): fontes de correntes representativas
da interação direta de descargas atmosféricas (primeiras e subsequentes correntes de retorno)
com linhas de transmissão; cabos para-raios e condutores fase; torres de transmissão; cadeias de
isoladores; dispositivos para-raios (instalados em paralelo com as cadeias de isoladores); ater-
ramento elétrico e solo. Após as descrições supracitadas, apresentam-se, na penúltima subseção
da próxima seção deste capítulo, alguns aspectos computacionais de interesse nesta dissertação.
Finalmente, a última seção deste capítulo compreende a uma síntese do mesmo.

11
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 12

2.2 Modelagens matemática, eletromagnética e computacional

2.2.1 Modelagem das Formas de Ondas das Correntes Típicas de Descargas Atmosféri-
cas

Dentro dos estudos de desempenho de linhas de transmissão e cálculos de sobretensões


atmosféricas, as descargas de interesse são as que ocorrem entre nuvem e solo. Estima-se
que essas descargas representam cerca de 25% da totalidade de descargas atmosféricas [3],
[17], [50],[51] . No âmbito de descargas atmosféricas nuvem-solo, globalmente estima-se que
cerca 90% sejam descendentes de descargas negativas [14], [50]. Para a verificação de maiores
detalhes dos aspectos físicos de formação, fonte, progressão, polaridade, etc. de descargas
atmosféricas, sugere-se a leitura da referência [50].

Para determinação de sobretensões atmosféricas em linhas de transmissão, em termos prá-


ticos, a interação direta de descargas atmosféricas é representada por uma fonte de corrente
diretamente conectada no ponto de incidência [52]. Ademais, é prática comum acrescentar uma
resistência em paralelo com esta fonte de corrente, para representar as perdas do canal de des-
carga, cujo valor varia de 400 a 1500 Ω [50]. Nesta dissertação, é adotado o valor de 1500 Ω
[50], pelo fato deste valor representar o pior caso. De acordo com a literatura, diversas funções
matemáticas são utilizadas para modelar a forma de onda da fonte de corrente, tais como, dupla
exponencial e rampas (retangular e triangular) [52], [53]. Contudo, por meio de medições de
ondas de corrente em torres instrumentadas (como por exemplo, nas estações de San Salvatore,
na Suíça, e no Morro do Cachimbo, no Brasil) foram observadas importantes características
típicas [17], [54], [55], [56], [57]: frente de onda côncava; múltiplos picos de corrente; inclina-
ção máxima próxima do primeiro pico. Adicionalmente, foram observadas experimentalmente
primeiras descargas de retorno e descargas de retorno subsequentes, cujas correntes apresentam
formas de onda similares [3], [17], [50], [51]. Porém, as subsequentes possuem menores va-
lores de pico e de tempo de frente, além de possuírem um único pico de corrente, enquanto as
primeiras possuem normalmente dois picos, sendo o segundo maior que o primeiro [3], [17],
[50], [51], [57]. Dadas as constatações experimentais citadas acima, em [58] foi apresentada
uma função matemática que consegue traduzir a frente côncava e a máxima inclinação próxima
do pico de corrente. Todavia, não reproduz os duplos picos de corrente das primeiras descargas
de retorno. Em 1985, F. Heilder, em [59], apresentou formulações que conseguem reproduzir as

Marcelino, Patrícia.
13 2.2. Modelagens matemática, eletromagnética e computacional

principais características destacadas no parágrafo precedente. É justamente esta forma de onda


que é utilizada nesta dissertação. Entrementes, é merecedor de destaque que, para a devida
reprodução, são necessárias utilizações de somas de Funções de Heidler, conforme apresentado
em [60].
A função Heidler é apresentada na Equação (2.1).

(︁ )︁𝑛𝑘
𝑚 𝑡
∑︁ 𝐼0𝑘 𝜏1𝑘 − 𝑟1
𝑖(𝑡) = (︁ )︁𝑛𝑘 𝑒 2𝑘 (2.1)
𝑘=1 𝜂𝑘 1 + 𝑡
𝜏1𝑘

Em que:
𝐼0 − amplitude da corrente;
𝜏1 − constante relacionada ao tempo de frente da onda de corrente;
𝜏2 − constante relacionada ao decaimento da onda de corrente;
𝑛− fator adimensional que controla a taxa de crescimento da onda de corrente (fator de
correção da corrente de pico), 2 ≤ 𝑛 ≤ 10. Em outras palavras, é o fator que influencia a taxa
de subida da função: quanto maior o valor de 𝑛 maior a inclinação;

[︂(︁ )︁(︁ )︁ 𝑛1 ]︂
𝑟11 𝑚2 𝑟12
− 𝜏2𝑘 𝑟2𝑘
𝑛𝑘 = 𝑒 (2.2)

𝜂− fator de correção de amplitude. Se for positivo, a curva é positiva; se for negativo,


a curva é negativa. Quanto maior o módulo do fator, menor o módulo da amplitude; quanto
menor o módulo do fator, maior o módulo da amplitude.
A fim de obter sucesso nos parâmetros descritivos das injeções de correntes, os principais
trabalhos de medições foram concentrados em localidades que apresentam alta probabilidade
de incidência de descargas atmosféricas, podendo ser destacado os trabalhos: em Monte San
Salvatore, Suíça com medições realizadas por Berger [54], em 1975 e analisadas por Anderson
[55], em 1980; na África do Sul, por Eriksson [61], em 1979; Itália, por Garbagnati e LoPiparo
[62], em 1982; no Japão, por Narita et al. [63], em 2000 e por fim o trabalho realizado no Morro
do Cachimbo, no Brasil, por Schroeder [17], em 2001 e por Visacro et al. [64], em 2012.
Em trabalhos que abordam medições de descargas atmosféricas, como os já citados ante-
riormente, adota-se geralmente um conjunto de parâmetros para a caracterização da forma de
onda típica de fenômenos de descargas atmosféricas. Tais parâmetros podem ser visualizados
na Figura 2.1 [17] e, em seguida, é apresentada uma suscinta descrição destes parâmetros.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 14

Figura 2.1: Típica forma de onda de corrente associada a primeiras descargas de retorno negativas
descendentes.

• Ip1 : Valor do primeiro pico da corrente de retorno;

• Ip2 : Valor máximo da corrente de retorno;

• I10 , I30 e I90 : valores da corrente, respectivamente, a 10%, 30% e 90% de Ipl ;

• T10: tempo necessário para que a onda de corrente atinja o valor de I90 a partir do valor
I10 ;

• T30: tempo necessário para que a onda de corrente atinja I90 a partir do valor I30 ;

• T50: intervalo de tempo decorrido entre o instante em que a corrente atinge o valor de
2kA, na frente da onda, e o ponto na cauda relativo a 50% de Ip2 ;

• S10: taxa de crescimento média da corrente entre as amplitudes de 10% e 90% na frente
de onda (em relação a Ip1 );

• S30: taxa de crescimento média da corrente entre as amplitudes de 30% e 90% na frente
de onda (em relação a Ip1 );

• TANG (di/dtmax): inclinação máxima da onda de corrente na frente;

• Carga: integral da onda de corrente no tempo.

Marcelino, Patrícia.
15 2.2. Modelagens matemática, eletromagnética e computacional

Esse conjunto de parâmetros torna-se essencial para que a modelagem computacional das
correntes obtidas de descargas atmosféricas se assemelhem, por exemplo, aos valores medianos
coletados de fenômenos reais.

Dessa forma, tendo como referência as medições de Berger [54] realizadas no Monte San
Salvatore (MSS), as formas de ondas adotadas por esta dissertação são representadas a partir
do somatório das Funções de Heidler, já apresentadas anteriormente na Equação (2.1), e que
podem ser visualizadas na Figura 2.2.

Figura 2.2: Ondas de correntes representativas de (a) primeiras descargas de retorno e (b) descargas
subsequentes, associadas a descargas negativas descendentes medidas na Estação do Monte San
Salvatore. Formas de onda obtidas como uma soma de funções Heidler. Elaborado pela autora.

Sabendo que a qualidade dos resultados de simulação e ensaios laboratoriais que permitem
analisar os desempenhos de linhas de transmissão, dispositivos e equipamentos submetidos a
fenômenos de incidência atmosférica está intrisicamente associada aos parâmetros característi-
cos das correntes solicitadas, aplicam-se sete funções de Heidler a fim de modelar o primeiro
impulso de corrente caracterizando adequadamente sua forma de onda. A primeira descarga
possui amplitude igual a 𝐼𝑃 𝑓 = 31,07𝑘𝐴 e 𝑇𝑑30 1 = 3,83𝜇𝑠. Os respectivos parâmetros incluí-
dos nas sete funções que formam o somatório podem ser verificados na Tabela 2.1 [65]. Para as
descargas de retorno subsequentes a representação ocorre a partir da aplicação do somatório de
duas funções de Heidler assumindo o valor de pico igual a 𝐼𝑃 𝑠 = 12,09𝑘𝐴 e 𝑇𝑑30 = 0,67𝜇𝑠. De
forma similar, o conjunto de parâmetros das funções de Heidler para as correntes subsequentes
pode ser verificado na Tabela 2.2 [65].

No capítulo 3, são apresentados aspectos quantativos do uso das Funções de Heidler no


interesse desta dissertação.

1
𝑇𝑑30 é definido como tempo de frente equivalente (𝑇𝑑30 = 𝑇30 /0,6), onde 𝑇30 é o intervalo de tempo entre as amplitudes
de 30% e 90% (em relação a 𝐼𝑃 1 ) da corrente na frente de onda.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 16

Tabela 2.1: Parâmetros das funções de Heidler para representação de primeiras descargas no MSS.

Mount San Salvatore. Primeiras Descargas


𝑘
𝐼0𝑘 (kA) 𝜂𝑘 𝜏1𝑘 (𝜇s) 𝜏2𝑘 (𝜇s)
1 3 2 3 76
2 4,5 3 3,5 25
3 3 5 5,2 20
4 3,8 7 6 60
5 13,6 44 6,6 60
6 11 2 10 600
7 5,7 15 11,7 48,5

Tabela 2.2: Parâmetros das funções de Heidler para representação das descargas de retorno subsequente
no MSS.

Mount San Salvatore. Descargas subsequentes


𝑘
𝐼0𝑘 (𝑘𝐴) 𝜂𝑘 𝜏1𝑘 (𝜇𝑠) 𝜏2𝑘 (𝜇𝑠)
1 10,7 2 0,25 2,5
2 6,5 2 2,1 230

2.2.2 Modelagem dos Cabos Para-Raios e Condutores Fase da Linha de Transmissão

Para modelar os cabos para-raios e os condutores fase é utilizado o modelo de J. Marti, am-
plamente conhecido e estabelecido na literatura [66], o modelo adotado considera os parâmetros
das linhas dependentes da frequência. Para mais detalhes desse modelo, além da referência ori-
ginal [66], sugere-se que consultas às referências [36], [37].

2.2.3 Modelagem da Torre de Transmissão

A modelagem do comportamento transitório de torres de transmissão compreende inúme-


ras complexidades, que são decorrentes de suas estruturas metálicas de difícil representação e
dificuldades de estabelecimento de processos de medição em escala real.
Para tentar contornar tais complexidades, diversos trabalhos foram propostos ao longo dos
anos, cujos objetivos principais são os de apresentar modelagens relativamente simples, mas
que consigam traduzir as principais características transitórias de tais estruturas. Citam-se os
seguintes: Jordan [67], Sargent e Darveniza [68], Menemenlis e Chun [69], Ametani et al. [70],
Ishii et al. [71], Almeida e De Barros [72] , Moreno et al. [73], De Conti et al. [74]
O modelo adotado nesta dissertação é o proposto por De Conti et al. [74], que pode ser
considerada uma reformulação do modelo proposto por Jordan [67]. As motivações para tal
escolha são as seguintes: i) experiência do GATCI na utilização desta modelagem; ii) sua fa-

Marcelino, Patrícia.
17 2.2. Modelagens matemática, eletromagnética e computacional

cilidade de implementação e iii) sua compatibilidade com medições realizadas na Estação do


Morro do Cachimbo [74]. A Equação (2.3) permite modelar as impedâncias de surto próprias
enquanto a Equação (2.4) as mútuas.

(︃ )︃
4ℎ
𝑍𝑖𝑖 = 60 ln −1 (2.3)
𝑟

√︁ √︃
2ℎ + 4ℎ2 + 𝑑2𝑖𝑗 30𝑑𝑖𝑗 𝑑2
𝑍𝑖𝑗 = 60 ln + − 60 1 + 𝑖𝑗2 (2.4)
𝑑𝑖𝑗 ℎ 4ℎ

Em que:
ℎ− altura do ponto mais alto do condutor em relação a superfície do solo, em metro;
𝑟− raio do condutor, em metro;
𝑑𝑖𝑗 − distância entre os centros dos condutores 𝑖 e 𝑗, em metro.
Na referência [36], são apresentados cálculos detalhados das impedâncias de surtos próprias
e mútuas de torres de linhas de transmissão de 138 𝑘𝑉 , mediante a utilização das Equações
(2.3) e (2.4). No capítulo 3, são apresentados detalhes quantitativos da torre de transmissão.

2.2.4 Modelagem da Cadeia de Isoladores

A modelagem da cadeia de isoladores pode ser realizada por distintos métodos, dos quais
vale citar: Efeito Disruptivo [75],[53],[76]; Leader Progressivo [77],[78] e tensão-tempo (Curva
V-t) [79]. Embora a utilização do método tensão-tempo (Curva V-T) para avaliação da ocor-
rência de ruptura do isolamento apresente valores consistentes, deve-se ressaltar que tais curvas
descrevem o desempenho de isoladores de forma adequada apenas em casos onde são subme-
tidos a tensões impulsivas padronizadas. Uma forma de contornar a limitação descrita anteri-
ormente, é a aplicação de métodos, pelos quais são permitidos a avaliação do desempenho da
cadeia de isoladores frente a solicitações impulsivas arbitrárias. Dentro os métodos, destacam-
se os: Efeito Disruptivo e o Leader Progressivo.
O método adotado nesta dissertação, a fim de representar o processo de disrupção das ca-
deias de isoladores, que envolve a avaliação de sobretensões atmosféricas em linhas de trans-
missão, é o Método do Efeito Disruptivo (DE). Considerando o objetivo desta dissertação o Mé-
todo do Efeito Disruptivo apresenta maior simplicidade de formulação e implementação, sem
que ocorra perda de consistência nos seus resultados. Este método é descrito matematicamente

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 18

pela Equação (2.5), onde a variável 𝑡𝑎 representa o tempo de atraso na formação da coluna de
descarga; 𝑡1 o instante no qual ocorre a disrupção entre os terminais da cadeia de isoladores e o
valor crítico da tensão, representado por 𝑈0 , é excedido; a variável 𝑘2 é frequentemente adotado
como constante e o 𝐷𝐸 é o parâmetro no qual é avaliada a ocorrência da disrupção da cadeia
de isoladores [80].
As Equações (2.6) e (2.7) apresentam matematicamente os parâmetros 𝐷𝐸𝑏 e 𝑈0 segundo a
Critical Flashover Overvoltage (CFO) das cadeias de isoladores [53].

∫︁ 𝑡1 +𝑡𝑎
𝐷𝐸 = [𝑈 (𝑡) − 𝑈0 ]𝑘2 𝑑𝑡 (2.5)
𝑡1

𝐷𝐸𝑏 = 𝑘1 × 𝐶𝐹 𝑂𝑘2 (2.6)

𝑈0 = 𝑘3 × 𝐶𝐹 𝑂 (2.7)

Aspectos quantitativos do método DE aplicado na linha de transmissão, objeto de estudo


nesta dissertação, são apresentados no Capítulo 3.

2.2.5 Modelagem do Equipamento Para-raio

Sabe-se que os para-raios figuram como um dos principais equipamentos de alta-tensão


responsáveis por proteger os demais equipamentos do sistema elétrico de potência contra so-
licitações de correntes impulsivas que geram sobretensões no sistema. Devido a algumas par-
ticularidades do dispositivo de proteção e às inúmeras interações possíveis entre as descargas
atmosféricas e os sistemas de aterramentos elétricos, algumas lacunas ainda são encontradas
na literatura quanto aos aspectos de multiplicidade das descargas de retorno no desempenho
de para-raios, abordada em Darveniza et al. [79] e de forma parcial em normas de ensaio de
para-raios como por exemplo em [81].
O desempenho de para-raios é descrito por curvas características VxI que representam a não
linearidade do dispositivo frente a solicitações impulsivas. O dispositivo é submetido a ensaio
onde ocorre a aplicação de formas de onda de correntes normalizadas (8/20𝜇𝑠) com diversas
amplitudes. A tensão que é medida entre os terminas do dispositivo para-raio quando submetido
a aplicação da corrente nominal é denominada de tensão residual 𝑈𝑟𝑒𝑠 .

Marcelino, Patrícia.
19 2.2. Modelagens matemática, eletromagnética e computacional

Na busca por uma modelagem consistente do para-raios, são realizadas aproximações não
lineares capazes de representar suas características dinâmicas. Inúmeros modelos foram pro-
postos a fim de representar os blocos de ZnO ao longo dos anos ( [82]; [83]; [84]; [85]; [86];
[87]; [88]; [89]; [90]; [91]). Em sua grande maioria, os modelos são constituídos de resistências
não lineares representando a curva característica VxI do para-raios e indutores representando a
dependência da frequência [36].

O modelo adotado nesta dissertação é o proposto pelo IEEE, amplamente aplicado em es-
tudos de surtos de frente de ondas rápidas. Este modelo apresenta resultados satisfatórios para
correntes de descargas atmosféricas. Estudos comparativos entre o modelo convencional, o mo-
delo proposto por Pincetti [86] e o modelo proposto pelo IEEE [92] podem ser conferidos no
trabalho [93]. O trabalho sinaliza o modelo proposto pelo IEEE como o modelo com menores
desvios quando comparados aos dados de Datasheet disponibilizados pelo fornecedor.

O modelo proposto pelo IEEE é apresentado na Figura 2.3 [92] e equações matemáticas são
as de (2.8) a (2.12).

Figura 2.3: Modelo proposto pelo IEEE.

0,2𝑑
𝐿0 = (2.8)
𝑛

100𝑑
𝑅0 = (2.9)
𝑛

15𝑑
𝐿1 = (2.10)
𝑛

65𝑑
𝑅1 = (2.11)
𝑛
Marcelino, Patrícia.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 20

100𝑛
𝐶= (2.12)
𝑑

Onde:

𝐿0 − representa a indutância associada aos campos magnéticos nas proximidades do para-


raios, em microhenry;

𝑅0 − resistência, em ohm, usada para estabilizar a integração numérica quando o modelo é


implantado nas simulações digitais;

𝐿1 − indutância do filtro passa baixas, em microhenry. É o parâmetro de maior impacto nas


simulações;

𝑅1 − resistência do filtro passa baixas, em ohm;

𝐶− representa a capacitância entre terminais do para-raios, em picofarad;

𝐴0 e 𝐴1 − representam a não linearidade da curva V × I do para-raios.

𝑑− altura estimada do para-raios, obtida de catálogos, em metro;

𝑛− número de colunas de discos de ZnO em paralelo no para-raios.

No capítulo 3, são apresentados detalhes práticos do para-raios utilizados nesta dissertação.

Para obtenção correta do modelo proposto pelo IEEE [92], deve-se adotar o seguinte proce-
dimento:

1. Passo 1: Calcular os parâmetros do modelo 𝐿0 , 𝑅0 , 𝐿1 , 𝑅1 e 𝐶 partir das Equações (2.8)


a (2.12) e utilizando da Tabela 2.3 para obtenção da características não lineares de 𝐴0 e
𝐴1 ;

2. Passo 2: Ajustar os valores p.u de 𝐴0 e 𝐴1 , a fim de obter boa aproximação entre a tensão
residual de impulso atmosférico e a corrente de descarga;

3. Passo 3: Ajustar o valor de 𝐿1 , até que se possa obter uma aproximação plausível para a
tensão residual de impulso atmosférico (𝑉1 0) para uma corrente de descarga de 8/20𝜇𝑠.

Marcelino, Patrícia.
21 2.2. Modelagens matemática, eletromagnética e computacional

Tabela 2.3: Características VxI dos resistores Ao e A1 - Valores iniciais.

Características VxI dos resistores Ao e A1 - Valores iniciais


Corrente (A) A0 (Tensão em P.U) A1 (Tensão em P.U)
10 1,4 −
100 1,54 1,23
1000 1,68 1,36
2000 1,74 1,43
4000 1,8 1,48
6000 1,82 1,5
8000 1,87 1,53
10000 1,9 1,55
12000 1,93 1,56
14000 1,97 1,58
16000 2 1,59
18000 2,05 1,6
20000 2,1 1,61

2.2.6 Modelagem do Sistema de Aterramento Elétrico e Sua Inclusão em Plataformas de


Transitórios Eletromagnéticos do Tipo ATP

De um modo geral, na literatura técnica, existem basicamente três tipos de modelagens


para determinação do comportamento transitório de aterramentos elétricos, cujas bases físico-
matemáticas são agrupadas nas teorias de [94], [9], [29]: i) campo eletromagnético; ii) circuitos
elétricos e iii) linhas de transmissão. Em termos de soluções das equações resultantes, existem
basicamente três domínios [9], [95], [96], [29]: i) frequência, ii) tempo e iii) tempo-frequência.
Não é escopo desta dissertação apresentar e discutir as características das teorias e seus domí-
nios de solução. Para tal, sugerem-se consultas às referências [9], [97], [29].

Nesta dissertação, o comportamento transitório do aterramento elétrico é modelado medi-


ante implementação computacional do HEM [9], [13], [14]. O HEM é um método eletromagné-
tico computacional desenvolvido para soluções numéricas de problemas associados a descargas
atmosféricas e é classificado como uma aproximação híbrida eletromagnética e de circuitos elé-
tricos [94]. As principais motivações para o uso do HEM nesta dissertação são as seguintes:
i) seus resultados foram extensivamente validados experimentalmente, tais como, medições em
linhas de transmissão [13], [14], eletrodos horizontais [13], [98], hastes verticais [98], [99] e
malhas de aterramentos típicas de subestações [100]; ii) sua implementação computacional é
relativamente fácil; iii) a longa experiência do GATCI em seu uso e aplicação [18], [23], [27],
[36], [29], [8], [43], [101]. Destaca-se que o uso do HEM tem aumentado recentemente de

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 22

forma significativa [94], [102], [103]. As principais características do HEM são descritas a
seguir (de forma muito objetiva). Mais detalhes podem ser consultados em [13], [14].

Inicialmente, duas etapas devem ser realizadas: i) aplicação da transformada rápida de Fou-
rier no sinal de corrente que solicita o aterramento, o que permite determinar o espectro de
frequências de interesse e ii) divisão (discretização) do sistema de aterramento em N pequenos
segmentos condutores, onde o comprimento de cada segmento (normalmente) é igual a 10 (dez)
vezes seu raio (aproximação de fio fino, do inglês thin wire approximation). Os processos físico-
matemáticos descritos em sequência são aplicados para cada frequência do espectro, tendo em
vista o objetivo de determinar a resposta em frequência do aterramento. Assim, percebe-se
que o HEM corresponde a um modelo eletromagnético desenvolvido no domínio da frequên-
cia. É merecedor de destaque que o HEM necessita somente dos seguintes dados de entrada: a
corrente que solicita o aterramento; a configuração geométrica do sistema de aterramento e os
parâmetros do solo (resistividade e permissividade elétricas e permeabilidade magnética). Vale
ressaltar que a maioria dos solos não apresenta efeito magnético apreciável, de tal forma que
sua permeabilidade magnética relativa é unitária [104], [21].

Cada segmento é considerado uma fonte de correntes de duas naturezas, uma longitudinal
𝐼𝐿 (que flui ao longo do segmento) e outra transversal 𝐼𝑇 (que flui do segmento para o solo
circunvizinho). 𝐼𝐿 gera um campo elétrico não conservativo (rotacional) e 𝐼𝑇 um campo elétrico
conservativo (divergente). Com o auxílio do potencial vetor magnético (A), associado a 𝐼𝐿 , e
do potencial escalar elétrico (V), associado a 𝐼𝑇 , são determinadas as quedas de tensão ΔV
(forças eletromotrizes induzidas) e potenciais elétricos V (em relação ao terra remoto) em cada
par de segmentos (transmissor e receptor). Desta forma, são estabelecidas equações integrais
(duplas) para ΔV e V. Estas integrais dependem da frequência, da geometria do aterramento,
dos parâmetros do solo e das distribuições de 𝐼𝑇 e 𝐼𝐿 . Contudo, tais distribuições não são
conhecidas e estão contidas nos integrandos das integrais duplas. Desse ponto em diante, o
Método dos Momentos (MoM) é aplicado para resolver estas integrais duplas [105]. Nesta
dissertação assume-se que as distribuições de 𝐼𝑇 e 𝐼𝐿 são do tipo “função pulsos uniformes por
partes”, ou seja, na solução via MoM as correntes são uniformes em determinado segmento e
nulas nos demais [9], [13], [14].

Com o uso do MoM, é possível transformar as equações integrais em equações algébri-


cas, cuja solução permite determinar todas as grandezas físicas de interesse (no domínio da

Marcelino, Patrícia.
23 2.2. Modelagens matemática, eletromagnética e computacional

frequência), tais como: distribuições de 𝐼𝑇 , 𝐼𝐿 , ΔV e V; impedâncias transversais (acopla-


mentos capacitivo e condutivo) e longitudinais (acoplamentos indutivo e resistivo) , próprias e
mútuas; campo eletromagnético; impedância harmônica Z(𝜔); resistência do aterramento em
baixas frequências 𝑅𝐿𝐹 , etc. Os resultados no domínio do tempo podem ser determinados por
meio da aplicação da transformada inversa de Fourier. Essa transformação possibilita o cálculo,
além das grandezas citadas, de outras no domínio do tempo, como por exemplo: elevação de
potencial em relação ao terra remoto (GPR, do inglês Grounding Potential Rise); impedância
impulsiva (𝑍𝑝 ), coeficiente de impulso (𝐼𝐶 ), comprimento efetivo (𝐿𝐸𝐹 ). Entrementes, nesta
dissertação, conforme destacado no Capítulo 1, interessa incluir o comportamento transitório
do aterramento elétrico em plataformas computacionais do tipo ATP. Esta inclusão é descrita no
parágrafo abaixo. Entretanto, antes, porém, considera-se oportuno frisar que na modelagem do
HEM, além dos efeitos reativos (indutivo e capacitivo), o fenômeno de propagação de ondas ele-
tromagnéticas e seus efeitos (atenuação e defasamento – no domínio da frequência – e distorção
– no domínio do tempo) ao longo do sistema de aterramento são devidamente considerados.

Uma importante grandeza física gerada pelo HEM é Z(𝜔), dada pela relação entre os fasores
de tensão e de corrente no ponto de injeção para cada frequência do espectro de interesse. Com
Z(𝜔) a admitância harmônica Y(𝜔) é determinada, Y(𝜔) = [Z(𝜔)]−1 . Posteriormente, é utilizada
a técnica denominada Vector Fitting (VF), muito bem conhecida e amplamente divulgada na li-
teratura, para ajustar a resposta em frequência do aterramento elétrico via aproximações com
funções racionais [106]. A passividade é garantida mediante perturbação de resíduos [107].
Finalmente, com base na função racional obtida, é possível sintetizar um circuito elétrico que
pode ser prontamente incluído em simulações no domínio do tempo [108]. É importante desta-
car que este circuito elétrico gera a mesma resposta em frequência que é determinada pelo HEM.
Assim, inclui todos os efeitos reativos e de propagação de ondas eletromagnéticas. Na Seção
2.3 são apresentadas algumas informações adicionais sobre a implementação computacional do
HEM e sua inclusão no ATP.

Dois comentários finais merecem destaque. O primeiro refere-se ao efeito da interface ar-
solo, que é levado em consideração mediante o método de imagens. Para o acoplamento trans-
versal utiliza-se o método das imagens complexas [16], enquanto para o longitudinal o método
das imagens ideais. Mais detalhes podem ser verificados em [9]. O segundo está associado à
desconsideração de efeitos não lineares no solo, como por exemplo, a ionização (dado que o

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 24

HEM considera o sistema de aterramento e solo como lineares). Dois aspectos motivam esta não
consideração: i) a corrente associada à descarga atmosférica é aproximadamente dividida por
4 (quatro) quando atinge a interface torre-aterramento e ii) os cabos contrapesos que compõem
o aterramento de linhas de transmissão são relativamente longos. Conforme destacado em [9],
existe uma possibilidade de consideração indireta do efeito de ionização, por meio de um au-
mento equivalente ao raio dos eletrodos (similar à modelagem de efeito corona em condutores
aéreos). Entretanto, tal possiblidade não é explorada nesta dissertação 2 .

2.2.7 Modelagem das Grandezas Físicas que Caracterizam os Comportamentos de Ater-


ramentos Elétricos

A definição de grandezas físicas representativas que permitem caracterizar o comportamento


transitório e em baixas frequências de aterramentos elétricos é essencial para análises de seu
desempenho. Nesta dissertação, as grandezas e definições usuais e já consolidadas em trabalhos
clássicos da área são utilizadas [109], [110], [111], [112]. Portanto, segundo essa filosofia, são
adotadas as definições apresentadas a seguir.

• Resistência de aterramento em baixas frequências 𝑅𝐿𝐹 : conforme Equação (2.13), onde


V é a elevação de potencial desenvolvida no ponto de injeção de corrente em relação ao
terra remoto e I é a corrente injetada. V é também denominada elevação de potencial do
aterramento (𝐺𝑃 𝑅𝐿𝐹 ) em condições de baixas frequências. 𝑅𝐿𝐹 caracteriza a resposta
do aterramento no período de baixas frequências, associado às caudas das ondas de tensão
e de corrente.

𝑉
𝑅𝐿𝐹 = (2.13)
𝐼

• GPR: determinado pela Equação (2.14), onde F e F−1 correspondem, respectivamente, às


transformadas direta e inversa de Fourier. Fisicamente, corresponde a uma tensão transi-
tória desenvolvida no ponto do aterramento onde a corrente é injetada, em referência ao
terra remoto, em resposta à impressão de uma corrente impulsiva i(t). Corresponde a uma
grandeza de fundamental importância, uma vez que permite determinar, juntamente com
2
Dentro do contexto explorado nessa dissertação, os campos elétricos do solo não são suficientes para gerar ionização.

Marcelino, Patrícia.
25 2.2. Modelagens matemática, eletromagnética e computacional

i(t), outras grandezas essenciais, tais como: impedância transitória, impedância impulsiva,
comprimento efetivo e coeficiente impulsivo.

𝐺𝑃 𝑅 = 𝐹 −1 {𝑍(𝜔)𝐹 [𝑖(𝑡)]} (2.14)

• Impedância harmônica Z(𝜔): conforme Equação (2.15), onde V(𝜔) e I(𝜔) são, respecti-
vamente, os fasores de tensão e de corrente (módulo e ângulo) no domínio da frequência.
Com Z(𝜔) diversos comportamentos e grandezas físicas podem ser determinados, tais
como: 𝑅𝐿𝐹 e as faixas de frequências onde existe predominância de efeitos capacitivos
ou indutivos.

𝑉 (𝜔)
𝑍(𝜔) = (2.15)
𝐼(𝜔)

• Impedância impulsiva 𝑍𝑃 : conforme Equação (2.16), onde GPR𝑝𝑖𝑐𝑜 e I𝑝𝑖𝑐𝑜 correspondem,


respectivamente, aos valores de pico de GPR e de i(t). 𝑍𝑝 é um parâmetro útil para deter-
minar, por exemplo, GPR𝑝𝑖𝑐𝑜 no ponto de injeção de corrente.

𝐺𝑃 𝑅𝑝𝑖𝑐𝑜
𝑍𝑃 = (2.16)
𝐼𝑝𝑖𝑐𝑜

• Comprimento efetivo 𝐿𝐸𝐹 : corresponde a um comprimento limite do aterramento. Ele-


trodos com comprimentos maiores que 𝐿𝐸𝐹 não implicam reduções de 𝑍𝑝 , uma vez que
os componentes de altas frequências das correntes (associados com a frente de onda) são
tão atenuados que o comprimento adicional (além de 𝐿𝐸𝐹 ) não contribui para dispersão
de corrente para o solo.

• Coeficiente impulsivo (𝐼𝐶 ): dado pela Equação (2.17). 𝐼𝐶 < 1 (𝑍𝑃 < 𝑅𝐿𝐹 ) indica de-
sempenho impulsivo “melhor” que seu desempenho em baixas frequências; 𝐼𝐶 > 1 (𝑍𝑃
> 𝑅𝐿𝐹 ) indica desempenho impulsivo “pior”. Uma forma precisa de determinar 𝐿𝐸𝐹 é
construir curvas de 𝐼𝐶 versus comprimento do eletrodo 𝐿, onde no ponto de inflexão de
𝐼𝐶 o correspondente 𝐿 é igual a 𝐿𝐸𝐹 .

𝑍𝑃
𝐼𝐶 = (2.17)
𝑅𝐿𝐹
Marcelino, Patrícia.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 26

2.2.8 Modelagem do Solo

É de amplo conhecimento na literatura técnica que os parâmetros elétricos (resistividade e


permissividade) do solo possuem ampla dependência do espectro de frequências do sinal de
corrente que o solicita [113], [114], [20], [115], [21]. Foge ao escopo desta dissertação fazer
uma análise comparativa entre as formulações empíricas decorrentes destes trabalhos. Para um
aprofundamento nesta temática sugere-se uma consulta à referência [18].

Recentemente, em 2014, Alipio publicou um artigo no qual apresentou um modelo que con-
templa a variação dos parâmetros de solos típicos com a frequência [98]. Este modelo: i) foi
amplamente validado via medições de GPR em aterramentos elétricos de configurações geomé-
tricas diversas [13], [14], [98], [99] e ii) foi recentemente sugerido pelo Cigré para consideração
da variação dos parâmetros do solo com a frequência em estudos relacionados a descargas at-
mosféricas [116]. Por esses aspectos, o modelo de [98] é o utilizado nesta dissertação para o
cômputo da dependência em relação à frequência dos parâmetros elétricos do solo.

As Equações (2.18) e (2.19) permitem determinar as variações de condutividade e permissi-


vidade, respectivamente, segundo o modelo de [98].

(︃ )︃𝛾
𝑓
𝜎 = 𝜎0 + 𝜎0 × ℎ (𝜎0 ) × (2.18)
1𝑀 𝐻𝑧

𝜖′∞ tan(𝜋𝛾/2) × 10−3


𝜖𝑟 = + 𝜎0 × ℎ (𝜎0 ) 𝑓 𝛾−1 (2.19)
𝜖0 2𝜋𝜖0 (1𝑀 𝐻𝑧)𝛾

Onde:

𝜎 : condutividade do solo em mS/m;

𝜎0 : condutividade do solo em baixas frequências (100Hz) em mS/m;

𝜖𝑟 : permissividade relativa do solo;

𝜖′∞ /𝜖0 : permissividade relativa em altas frequências;

𝜖0 : permissividade do vácuo, sendo 𝜖0 ≈ 8,854 × 10−12 F/m;

𝑓 : frequência em Hz.

A Tabela 2.4 apresenta os valores disponíveis dos parâmetros ℎ (𝜎0 ), 𝛾 e 𝜖′∞ /𝜖0 . Esses
valores são escolhidos conforme grau de conservadorismo optado na simulação.

Marcelino, Patrícia.
27 2.3. Aspectos Computacionais

Tabela 2.4: Parâmetros do Modelo Proposto.

Função ℎ (𝜎0 ) 𝛾 𝜖′∞ /𝜖0


Resultados medianos ℎ1 = 1,26 × 𝜎0−0,73 0,54 12
Resultados relativamente conservativos ℎ2 = 0,95 × 𝜎0−0,73 0,58 8
Resultados conservativos ℎ3 = 0,70 × 𝜎0−0,73 0,62 4

2.3 Aspectos Computacionais

Após os devidos estudos e aprofundamentos necessários nas modelagens apresentadas na


Seção 2.2, foi necessário o aprendizado de um ambiente computacional essencial na análise
de transitórios eletromagnéticos, o ATP. Esses estudos e aprofundamentos contemplam o passo
metodológico de número 3 (vide seção 1.4).
No ATP, é possível incluir diretamente: i) a fonte de corrente representativa da descarga
atmosférica; ii) a linha de transmissão (cabos para-raios, condutores fase e torre); iii) as cadeias
de isoladores e iv) os equipamentos para-raios em paralelo com as cadeias de isoladores. Deta-
lhes muito bem descritos deste processo de inclusão podem ser consultados em [36] e [37]. Em
relação ao aterramento, no ATP é somente possível incluir diretamente sua resistência em baixa
frequência (𝑅𝐿𝐹 ) ou sua impedância impulsiva (𝑍𝑃 ). Estes modelos são incluídos via elemento
resistivo concentrado.
Contudo, o ATP não possui capacidade para inclusão (direta) da impedância harmônica
(Z(𝜔)) do aterramento elétrico. Todavia, uma inclusão indireta é possível, à qual é constituída
pelas seguintes etapas (nesse trabalho):
a) implementação computacional do HEM para determinação de Z(𝜔) do aterramento, in-
cluindo ou não a variação dos parâmetros do solo com a frequência. Esta implementação foi
realizada em linguagem JULIA [45], [46]. Esta etapa contempla o passo metodológico de nú-
mero 2 (vide seção 1.4).
b) uso da técnica VF que permite a síntese de um circuito equivalente que gera resposta em
frequência muito próxima à Z(𝜔). Para geração deste circuito, é necessário carregar a resposta
em frequência do aterramento (determinada em JULIA) no MATLAB – passo metodológico de
número 3.
c) inserção do circuito determinado em b) diretamente no ATP. Detalhes podem ser consul-
tados em [36] e [37].

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 2. Fundamentação Teórica 28

2.4 Síntese do Capítulo

Neste capítulo, são apresentadas as modelagens de todos os elementos necessários para o


cálculo de sobretensões atmosféricas em linhas de transmissão, quais sejam: formas de ondas
das correntes típicas de descargas atmosféricas; cabos para-raios e condutores fase da linha
de transmissão; torre de transmissão; cadeia de isoladores; equipamento para-raios; sistema
de aterramento elétrico e sua inclusão em plataformas de transitórios eletromagnéticos do tipo
ATP; grandezas físicas que caracterizam os comportamentos de aterramentos elétricos e solo.
Toda essa fundamentação teórica permite a inclusão dos circuitos elétricos equivalentes de
cada elemento no ATP, possibilitando a determinação das sobretensões atmosféricas e suas sen-
sibilidades a determinadas modelagens. Esses são justamente os tópicos de interesse do pró-
ximo capítulo.

Marcelino, Patrícia.
CAPÍTULO 3

Resultados e Análises de Sensibilidade

3.1 Considerações Iniciais

Esse capítulo tem como objetivo analisar os resultados dos estudos de casos visando dis-
cussões sobre as análises de sensibilidade de distintas configurações de aterramento frente a
injeção de correntes impulsivas. Sabe-se da importância da confiabilidade do sistema de ater-
ramento para a análise fidedigna do desempenho de linhas de transmissão. Por esse motivo, as
análises dos estudos de casos apresentados neste capítulo contemplam uma interpretação minu-
ciosa dos fenômenos recorrentes de solicitações atmosféricas para três distintas representações
da configuração do sistema de aterramentos elétricos.
A primeira configuração, representada pela resistência de baixa frequência 𝑅𝐿𝐹 , que é res-
ponsável por caracterizar a resposta do sistema de aterramento durante o "transitório lento",
tem associação com as caudas de ondas de corrente e tensão. A partir dessa configuração o
aterramento é tratado via parâmetros concentrados.
A segunda configuração de aterramento é representada a partir da impedância impulsiva
𝑍𝑃 , ainda se tratando de uma configuração de parâmetro concentrado. Estudos recentes rela-
tam sobre a consistência na abordagem do comportamento dinâmico do aterramento frente a
solicitações de descargas atmosféricas a partir da representação do aterramento por impedância
impulsiva [117]. Vale ressaltar que 𝑍𝑃 , que tem sua definição abordada na Subseção 2.2.7, é ob-
tido a partir de implementação consistente de um modelo eletromagnético capaz de quantificar
a resposta desse parâmetro em uma ampla faixa de frequências.
Conseguinte, são analisados dois modelos de aterramento com parâmetros distribuídos, onde
o modelo HEM é aplicado com a finalidade de representar as grandezas fisícas inerentes ao

29
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 30

comportamento dinâmico dos sistemas de aterramentos elétricos. O primeiro modelo contempla


os parâmetros do solo invariantes com a frequência, ou seja, têm-se para este caso 𝜌 = 𝜌0 ,
𝜖 = 10𝜖0 e 𝜇 = 𝜇0 . Em contrapartida, o segundo modelo de aterramento, assim como o
modelo representado pela impedância impulsiva (𝑍𝑃 ), aborda os parâmetros do solo 𝜌(𝜔) e
𝜖(𝜔) variavéis com a frequência aplicada.
Por fim, é considerado também o desempenho da linhas de transmissão e a redução da so-
bretensão atmosférica junto à instalação de para-raios em paralelo com a cadeia de isoladores.
Realizam-se análises de sensibilidade a fim de definir a aplicação ótima dos dispositos de pro-
teção frente a incidências atmosféricas, garantindo, dessa forma, a confiabilidade do sistema.
É utilizada neste trabalho, para implentação do HEM, a linguagem de programação 𝐽𝑢𝑙𝑖𝑎.
A motivação por essa escolha contempla a eficiência que a linguagem vem demonstrado nas
análises de estudos de comportamentos dinâmicos de aterramentos elétricos. Em comparação
com as linguagens de programação 𝑀 𝑎𝑡𝑙𝑎𝑏 e 𝑃 ℎ𝑦𝑡𝑜𝑛, comumente utilizadas em estudos de
aterramentos, as simulações do HEM na linguagem 𝐽𝑢𝑙𝑖𝑎 apresentam melhor eficiência com-
putacional que essas, principalmente em casos onde a resistividade do solo é elevada [45].
Pelo exposto, percebe-se que as atividades deste capítulo cumprem os passos metodológicos
de números 5 a 8 (vide Seção 1.4).

3.2 Estudo de Casos

3.2.1 Linha de Transmissão

Na especificação do cabo fase é adotado o condutor de alumínio com alma de aço (CAA)
Linnet. Para o cabo para-raios, usam-se as especificações do condutor de aço revestido de
alumínio do tipo Alumoweld ASTM B-416, que se encontra na Tabela 3.1. Os parâmetros
necessários para a modelagem da linha de transmissão no ATPDraw são apresentados na Tabela
3.2.
Tabela 3.1: Especificações do cabo para-raios: condutor de aço revestido de alumínio do tipo
Alumoweld ASTM B-416.

Marcelino, Patrícia.
31 3.2. Estudo de Casos

Tabela 3.2: Parâmetros de entrada dos condutores no ATPDraw.

3.2.2 Torre de Transmissão

Para melhor formulação do problema, a modelagem é dividida em quatro porções. O critério


de divisão é dado com intuito de minimizar a variação da impedância mútua entre os condutores,
já que o modelo considera condutores paralelos. A torre empregada na simulação é uma torre
do modelo L6 de 138 kV, conforme Figura 3.1. Os dados e as dimensões da torre são de extrema
importância para modelagem.

• 1º Porção: A impedância 𝑍1 vai do solo até a altura da fase C, tem-se então ℎ1 = 26,815𝑚;

• 2º Porção: 𝑍2 , vai da mísula da fase C até a mísula da fase B. Tem-se ℎ2 = 1,86𝑚;

• 3º Porção: 𝑍3 , vai da mísula da fase B até a mísula da fase A. Tem-se ℎ3 = 1,86𝑚;

• 4º Porção: 𝑍4 , vai da mísula da fase A até o cabo para-raios. Tem-se ℎ4 = 3,03𝑚.

Os parâmetros necessários para a modelagem da torre de transmissão no ATPDraw são


apresentados na Tabela 3.3.

Figura 3.1: Torre de Transmissão Modelo L6.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 32

Tabela 3.3: Parâmetros de entrada da rotina LCC da torre de transmissãono ATPDraw.

Impedância de surto Impedância (Ω) Comprimento (m)


Z1 188,64 26,815
Z2 260,9 1,86
Z3 264,59 1,86
Z4 303,3 3,03

3.2.3 Para-raios

A Tabela 2.3 apresenta os valores da curva característica obtidos a partir do Datasheet dis-
ponibilizado por fornecedor do modelo de para-raios: PEXLIM R 145 kV, que tem suas carac-
terísticas apresentadas na Tabela 3.4.
Tabela 3.4: Características do para-raios. Modelo : PEXLIM R 145 kV.

Dados - Para-raios
Modelo Tensão nominal (V) Máx tensão residual (10 kA,8/20 𝜇𝑠) Dimensão (Amáx) (m)
PEXLIM R 145 kV 138000 358000 1,388

3.2.4 Cadeia de Isoladores

No presente trabalho, é considerado o método de Efeito Disrupto (DE) para a representanção


do processo de disrupção das cadeias de isoladores. O valor de CFO para as linhas de 138 𝑘𝑉 é
650 𝑘𝑉 [117][118]. O parâmetro DE é obtido, considerando 𝑘1 = 1,15 , 𝑘2 = 1,36 e 𝑘3 = 0,77.
Com base nesses valores, que são aplicados nas Equações (2.6) e (2.7), obtêm-se os valores de
𝐷𝐸 e 𝑈𝑜 mostrados na Tabela 3.5.
Tabela 3.5: Parâmetros das Cadeias de Isoladores.

Sistemas com tensão nominal de 138 kV (CFO=650 kV)


Método 𝐷𝐸[kV.𝜇s] 𝑈0 [kV]
𝐷𝐸 7695,91 500,5

3.2.5 Sistema de Aterramento Elétrico e Solo

A configuração geométrica adotada nesta dissertação pode ser visualizada na Figura 3.2,
onde é incluído o acoplamento eletromagnético entre os cabos contrapesos para o sistema de
aterramento de pé de torre de uma linha de transmissão de 138 𝑘𝑉 . Desta forma, tem-se as
seguintes grandezas para a caracterização correta do modelo:

• Os condutores são enterrados a uma profundidade de 0,5 𝑚;

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
33 Sobretensões Atmosféricas

• O diamêtro de todos os condutores é igual a 7 𝑚𝑚;

• Os valores de resistividade adotados para o solo são: 100 Ω𝑚, 1000 Ω𝑚, 2000 Ω𝑚 e 4000
Ω𝑚;

• As simulações adotam o valor do comprimento dos cabos contrapesos iguais aos valores
de comprimento efetivo (𝐿 = 𝐿𝐸𝐹 ). Esse critério é adotado conforme praticado pela
CEMIG, alinhado a critérios de viabilidade técnica e financeira.

Figura 3.2: Configuração geométrica do sistema de aterramento de pé de torre de uma linha de


transmissão de 138 kV.

A Tabela 3.6 apresenta o comprimento dos cabos contrapesos para o modelo de sistema de
aterramento adotado de acordo com os valores de resistividade do solo em baixas frequências.

Tabela 3.6: Comprimento de cabos contrapesos para o sistema de aterramento de acordo com a
resistividade do solo de baixas frequências.

𝜌0 (Ωm) 100 1000 2000 4000


𝐿(m) 15 47 68 100

3.3 Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do

Aterramento Elétrico e Sobretensões Atmosféricas

3.3.1 Análise de Sensibilidade da Impedância Harmônica 𝑍(𝜔)

A análise de sensibilidade da impedância harmônica do aterramento é extremamente im-


portante, pois permite a visualização das características condutivas, capacitivas e indutivas do

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 34

aterramento, além dos efeitos de propagação, sua sensibilidade e dependência do aterramento


frente a características do solo.

A impedância de aterramento, que tem sua definição inicial no domínio da frequência, apre-
senta dependência da geometria do aterramento e de características eletromagnéticas do meio.
Por este motivo, a primeira análise de sensibilidade realizada é referente à impedância harmô-
nica para três distintos valores de resistividade do solo: 100 Ω.𝑚, 1000 Ω.𝑚 e 2000 Ω.𝑚.

As formas de ondas apresentadas a seguir correspondem à configuração geométrica referente


à Figura 3.2 com parâmetros do solo constantes, conforme Figura 3.3, e em seguida a partir
de parâmetros do solo variáveis com a frequência, conforme Figura 3.4. Ambos os modelos
possuem condutores enterrados a uma profundidade de 0,5 𝑚. Para a análise de sensibilidade
da impedância com a resistividade do solo de forma mais apurada, têm-se além da comparação
entre os módulos das impedâncias para os distintos valores de resistividade, a análise gráfica
das fases dos respectivos modelos de aterramento.

(a) Análise da Impedância de aterramento para diferentes valores de resistividade do


solo - Parâmetros do solo independentes da frequência.

Figura 3.3: Impedância Harmônica do Aterramento da Figura 3.2 com parâmetros constantes do solo
(solos com resistividades de 100 Ω.𝑚,1000 Ω.𝑚 e 2000 Ω.𝑚). (a) Módulo da Impedância harmônica.
(b) Ângulo da Impedância harmônica. Elaborado pela autora

A análise baseada nas curvas de módulo e fase contemplam duas regiões distintas que ca-
racterizam a resposta do aterramento elétrico, onde a primeira está associada a frequências de
valores mais baixos, enquanto a segunda refere-se a valores de frequências elevadas. Não é
possível definir a frequência usual na qual ocorre a transição entre as regiões de baixas e eleva-

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
35 Sobretensões Atmosféricas

das frequências, porém é possível observar, na Figura 3.3, que a transição na qual ocorre uma
variação brusca de comportamento da resposta do aterramento está em torno de 105 𝐻𝑧.

Na região de baixas frequências, é possível aproximar a impedância de aterramento por um


número real e puro (fase próximo de zero), para todos os valores de resistividades em análise.
Este fato torna consistente a representação em baixas frequências do aterramento a partir de uma
resistência de aterramento, denominada 𝑅𝐿𝐹 . Tal comportamento é justificado pelos efeitos em
baixas frequências serem predominantemente condutivos. Naturalmente, observa-se que 𝑅𝐿𝐹
aumenta com o aumento da resistividade do solo.

Na região de altas frequências, os efeitos reativos são predominantes na impedância de ater-


ramento. Nessa região, a representação do aterramento a partir de uma resistência torna-se
impraticável. Para os solos com resistividades de 100 Ω𝑚 e 1000 Ω𝑚, os efeitos indutivos
são preponderantes devido ao fato de que a densidade de corrente de condução 𝐽⃗𝐶 apresenta
dominância frente à densidade de corrente de deslocamento 𝐽⃗𝐷 . Os valores reduzidos da re-
sistividade do solo nesses casos contribuem para a intensificação da densidade de corrente de
condução, dada por: 𝐽⃗𝐶 = 𝜎 𝐸⃗𝑣 . Para solos que apresentam valores elevados de resistividades
é possível verificar o predomínio de efeitos capacitivos em determinadas faixas de frequências,
tal fato pode ser observado para a resistividade de 2000 Ω𝑚. Esse fato pode ser explicado pe-
los efeitos relacionados às fontes de corrente transversal oriundas da densidade de corrente de
deslocamento (𝐽⃗𝐷 = 𝜖𝐸⃗𝑣 ). A densidade de corrente de deslocamento torna-se predominante
quando relacionada à densidade de corrente condutiva (𝐽⃗𝐶 = 𝜎 𝐸⃗𝑣 ), já que se trata de solos com
alta resistividade em cenários de alta frequência. A partir de determinada frequência, é possível
visualizar oscilações de comportamentos indutivos e capacitivos na impedância de aterramento
para solos com valores elevados de resistividade.

(b) Análise da Impedância de aterramento para diferentes valores de resistividade do


solo - Parâmetros do solo dependentes da frequência.

É comum em estudos que abordam fenômenos impulsivos a inserção da dependência dos


parâmetros elétricos do solo com a frequência a fim de modelar corretamente a resposta do
aterramento elétrico. Dessa forma, a inclusão da variação da permissividade e condutividade
com a frequência é aplicada com a finalidade de analisar a influência desses parâmetros nas
curvas de módulo e fase da impedância de aterramento.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 36

Figura 3.4: Impedância Harmônica do Aterramento da Figura 3.2 com parâmetros do solo dependentes
da frequência (solos com resistividades de 100 Ω.𝑚,1000 Ω.𝑚 e 2000 Ω.𝑚.).(a) Módulo da Impedância
harmônica. (b) Ângulo da Impedância harmônica. Elaborado pela autora

Os valores dos módulos das impedâncias de aterramento para a frequência de 100 𝐻𝑧 apre-
sentam desvios percentuais muito baixos quando comparados os distintos modelos de solo (pa-
râmetros constantes ou variáveis) para cada valor de resistividade (Figuras 3.3 e 3.4). Este é um
comportamento esperado, pois, em baixas frequências, o efeito da variação com a frequência é
muito reduzido, independentemente da resistividade do solo.

Diferentemente do que foi exposto para o modelo de aterramento com parâmetros constan-
tes, a faixa de frequência na qual a representação do aterramento pode ser expressa a partir de
uma resistência não é tão significativa no modelo que contempla parâmetros do solo dependen-
tes da frequência. A prática dessa representação, torna-se exclusivamente consistente apenas
em cenários de baixa resistividade do solo, como pode ser observado para o caso de 100 Ω.𝑚.

Por fim, é possível notar que a impedância de aterramento sofre diminuição significativa
quando considerada a variação dos parâmetros do solo (permissividade e condutividade) com a
frequência. É possível justificar esse fato a partir das análises das Equações (2.19) e (2.18), onde
a diminuição da impedância é consequência do aumento da condutividade com a frequência. As
diferenças das impedâncias de aterramento para os distintos modelos podem ser verificadas na
Figura 3.5. A distorção da curva da impedância que é observada decorre do defasamento da
impedância ocasionado pela sensibilidade dos parâmetros do solo com a frequência.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
37 Sobretensões Atmosféricas

Figura 3.5: Comparação entre o módulo da impedância Harmônica em resposta ao aterramento


completo com parâmetros do solo constantes e variáveis com a frequência.(a) Solos com resistividades
de 100 Ω.𝑚. (b) Solos com resistividades de 1000 Ω.𝑚.(c) Solos com resistividades de 2000 Ω.𝑚.
Elaborado pela autora

3.3.2 Análise de Sensibilidade: 𝐺𝑃 𝑅, 𝑅𝐿𝐹 e 𝑍𝑝

No âmbito de grandezas físicas que representam o comportamento dinâmico do aterramento,


o comportamento da tensão ao longo do tempo configura uma parcela importante na análise dos
distintos modelos de aterramentos. Essa análise é capaz de evidenciar parâmetros como GPR, o
instante em que esse pico ocorre e a duração em que o aterramento é submetido ao transitório.
Tais aspectos compreendem parâmetros de grande importância prática na modelagem correta
de aterramentos elétricos. Dessa forma, é analisada a sensibilidade do GPR nos modelos de
circuitos equivalentes de aterramento elétrico (determinados via HEM e VF) com parâmetros
do solo constantes e com parâmetros variáveis com a frequência.

As análises de sensibilidade evidenciam características importantes que diferem ambos os

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 38

modelos. Além disso, é possível obter os valores da resistência em baixas frequências (𝑅𝐿𝐹 ) e
da impedância impulsiva (𝑍𝑝 ), que são apresentados em detalhes na Tabela 3.7. Essas variáveis
são submetidas a comparação e análises de sensibilidade nos próximos tópicos, onde é con-
siderada a representação de aterramentos também por parâmetros concentrados. Para realçar
os principais pontos de divergências entre os modelos, além dos valores de 𝑅𝐿𝐹 , 𝐼𝑐 e 𝑍𝑝 , são
descritos na Tabela 3.7 o pico de GPR e as diferenças percentuais entre esses valores de pico as-
sociados aos modelos de aterramento para os valores de resisitividades 𝜌 = 100 Ω.𝑚, 𝜌 = 1000
Ω.𝑚 e 𝜌 = 2000 Ω.𝑚. Consideram-se as primeiras (𝐹 𝑆) e subsequentes (𝑆𝑆) descargas de
retorno. A quantificação da diferença de percentual do GPR e 𝑍𝑝 é dada a partir das Equações
(3.1) e (3.2).

(︁ )︁
GPRpico(parâmetros dependentes da frequência) − GPRpico(parâmetros constantes)
ΔGPR% = × 100 (3.1)
GPRpico(parâmetros constantes)

(︁ )︁
Zp (parâmetros dependentes da frequência) − Zp (parâmetros constantes)
ΔZp % = × 100 (3.2)
Zp (parâmetros constantes)

As Figuras 3.6, 3.7 e 3.8 apresentam as formas de GPR em que o modelo de aterramento
elétrico é submetido a injeção de correntes da primeira corrente de retorno (no lado direito) e
na injeção de correntes subsequentes de retorno (no lado esquerdo).

Figura 3.6: (a) GPR resultante da injeção da Primeira Corrente de Retorno, considerando aterramentos
representados por Circuito Equivalente Completo com parâmetros dependentes/independentes da
frequência para solos com resistividade de 100 Ω.𝑚. (b) GPR resultante da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, considerando aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo
com parâmetros dependentes/independentes da frequências para solos com resistividade de 100 Ω.𝑚.
Elaborado pela autora.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
39 Sobretensões Atmosféricas

Figura 3.7: (a) GPR resultante da injeção da Primeira Corrente de Retorno, considerando aterramentos
representados por Circuito Equivalente Completo com parâmetros dependentes/independentes da
frequência para solos com resistividade de 1000 Ω.𝑚.(b) GPR resultante da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, considerando aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo
com parâmetros dependentes/independentes da frequências para solos com resistividade de 1000 Ω.𝑚.
Elaborado pela autora.

Figura 3.8: (a) GPR resultante da injeção da Primeira Corrente de Retorno, considerando aterramentos
representados por Circuito Equivalente Completo com parâmetros dependentes/independentes da
frequência para solos com resistividade de 2000 Ω.𝑚.(b) GPR resultante da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, considerando aterramentos representados por Circuito Equivalente Completo
com parâmetros dependentes/independentes da frequências para solos com resistividade de 2000 Ω.𝑚.
Elaborado pela autora.

Os resultados apresentados nas Figuras 3.6 - 3.8 ilustram as consequências das abordagens
das distintas hipóteses: i) modelo de aterramento com valores de condutividade e permissivi-
dade do solo com valores fixos e ii) modelo de aterramento com valores de condutividade e
permissividade do solo com valores variáveis com a frequência. Dentro desse contexto, vale
salientar as seguintes análises:
É possível verificar entre os resultados, tanto para os casos onde a injeção é relativa às
primeiras correntes, quanto para as correntes subsequentes, que o efeito da variação dos parâ-
metros do solo com a frequência influencia de forma significativa a amplitude da tensão. Os
níveis de GPR sofrem redução quando o efeito da variação dos parâmetros do solo é aplicada.
Além disso essa redução é intensificada com o aumento da resistividade do solo.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 40

No momento em que são consideradas a condutividade e a permissividade do solo variavéis


com a frequência, observa-se que: i) O aumento da frequência estimula o aumento da condu-
tividade que, por sua vez, implica em uma redução no valor da impedância de aterramento.
Esse efeito é mais bem percebido quando a Figura 3.9 é analisada, onde é possível observar o
comportamento da relação de 𝜎(𝑓 )/𝜎0 para valores distintos da resistividade do solo e ii) con-
siderando de forma isolada a permissividade, observa-se que a sua diminuição implicaria em
um aumento da impedância de aterramento, porém quando considerada a corrente capacitiva de
forma proporcional à permissividade pela frequência, o aumento da frequência também impli-
caria em uma redução da impedância de aterramento. Dessa forma, a diminuição da impedância
de aterramento a partir da consideração da variação dos parâmetros do solo com a frequência
corrobora para diminuição dos níveis de tensão significativos de GPR. A fim de consolidar a
análise da influência dos parâmetros do solo variáveis com a frequência e a quantificação deste
valor, é possível a partir da Tabela 3.7 verificar as contribuições e minúcias sobre as variações
de amplitude da tensão (GPR) e os percentuais desses valores (ΔGPR).

Figura 3.9: 𝜎(𝑓 ) / 𝜎0 para 100 Ω.𝑚, 1000 Ω.𝑚 e 2000 Ω.𝑚. Elaborado pela autora.

A atenuação da amplitude do GPR é mais acentuada no período de frente de onda. Isso


ocorre devido às altas frequências existentes neste período, fazendo com que seja mais intenso
o efeito de dependência do GPR com a frequência. Como os tempos de frentes de onda das
correntes subsequentes são significativamente inferiores aos das primeiras correntes de retorno e
como consequência deste fato, apresentam valores de amplitudes muito maiores em seu espectro
de frequência, o efeito da dependência da frequência dos parâmetros do solo na amplitude do
GPR é intensificado para as descargas de retorno subsequentes.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
41 Sobretensões Atmosféricas

Assim, é possível verificar que a diminuição do GPR é mais pronunciada em cenários onde
ocorre a injeção de correntes de retorno subsequentes. Em contrapartida, no período denomi-
nado de cauda da onda, os modelos de aterramentos não apresentam variações expressivas no
valor obtido no GPR. Essa última análise ocorre porque, no intervalo de tempo onde se tem a
cauda da onda, o GPR não apresenta dependência com a frequência. Durante esse período, as
baixas frequências estimulam a associação com o valor de 𝑅𝐿𝐹 .

Os resultados evidenciam que, além da amplitude, a forma de onda da tensão pode ser alte-
rada quando considerada a influência da frequência nos parâmetros do solo, sobretudo quando
o aterramento é inserido em solos com valores elevados de resistividade. Tal alteração é justi-
ficada pelo fato de que a medida que a resistividade do solo em baixas frequências aumenta o
efeito da variação com a frequência é cada vez mais significativo.

Para a análise de sensibilidade da resistência em baixa frequência 𝑅𝐿𝐹 e impedância impul-


siva 𝑍𝑝 , têm-se a visualização gráfica da variação desses valores nas Figuras 3.10 a-b, onde o
lado esquerdo corresponde ao comportamento desses parâmetros frente a injeções da primeira
corrente de retorno enquanto o lado direito refere-se às descargas subsequentes de retorno. Os
valores de 𝑅𝐿𝐹 e 𝑍𝑝 e os respectivos desvios na modelagem de aterramento podem ser conferi-
dos em detalhes na Tabela 3.7.

O valor de 𝑅𝐿𝐹 independe da forma de onda da corrente injetada e do modelo de solo apli-
cado (seja com parâmetros do solo dependentes ou independentes da frequência).Sua dependên-
cia está única e exclusivamente associada à geometria do aterramento e o valor da resistividade
em baixas frequências (𝜌0 ).

A divergência entre os valores de 𝑍𝑝 e 𝑅𝐿𝐹 são acentuadas com o aumento da resistividade


𝜌0 . O comportamento impulsivo e de baixas frequências quando considerado o modelo de ater-
ramento com parâmetros do solo constantes para as primeiras descargas de retorno apresentam
valores próximos devido ao fato de que 𝑍𝑝 ≈ 𝑅𝐿𝐹 . O mesmo não é válido quando considerado
o modelo com parâmetros dependentes, onde as curvas de 𝑍𝑝 e 𝑅𝐿𝐹 não são tão próximas. Para
esse caso, o comportamento impulsivo apresenta melhor desempenho já que 𝑍𝑝 < 𝑅𝐿𝐹 .

É possível verificar que as reduções da impedância impulsiva devido à dependência dos


parâmetros do solo com a frequência são mais pronunciadas para as correntes subsequentes de
retorno. Nesse cenário, o comportamento impulsivo é melhor para casos onde o solo apresenta
dependência em seus parâmetros.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 42

Figura 3.10: Análise de sensibilidade para 𝑅𝐿𝐹 e 𝑍𝑝 para os valores de resistividade: 100 Ω.𝑚, 1000
Ω.𝑚 e 2000 Ω.𝑚, (a) submetidas a solicitação da primeira corrente de retorno. (b) submetidas a
solicitação de correntes subsequentes de retorno. Elaborado pela autora.

Tabela 3.7: Valores de Pico de GPR, 𝑅𝐿𝐹 , e 𝑍𝑝 para os modelos de aterramento, considerando os
parâmetros do solo dependentes e independentes da frequência.

Os resultados obtidos e analisados nesta subseção estão em total concordância com as pes-
quisas publicadas por [98], [9]. Contudo, foram repetidas aqui com o objetivo de verificar a
consistência das implementações realizadas nesta dissertação.

3.3.3 Sobretensões atmosféricas (SA) : Parâmetros do Solo Constantes com a Frequência

As Figuras 3.11 - 3.19, mostram as sobretensões atmosféricas nas fases A, B e C, respecti-


vamente, da linha de transmissão sob estudo. São consideradas as resistividades de 100, 1000 e
2000 Ω.𝑚, injeções das primeiras (à esquerda) e subsequentes (à direita) descargas de retorno,
considerando os comprimentos dos cabos contrapesos já apresentadas na Tabela 3.6. É possí-

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
43 Sobretensões Atmosféricas

vel observar que as formas de onda das sobretensões seguem os mesmos padrões para todas as
resistividades e para as duas descargas de retorno, tanto as primeiras quanto as subsequentes.
Além disso, neste primeiro momento desconsidera-se a ocorrência de falhas de isolamento e a
presença de para-raios instalados em paralelo com as cadeias de isoladores. Com essa análise,
é possível estimar os níveis máximos de sobretensão atmosférica sem a instalação de disposi-
tivos de proteção. Em relação aos valores de pico das sobretensões atmosféricas, a Tabela 3.8
apresenta-os em conjunto com as variações percentuais entre os modelos de parâmetros con-
centrados e distribuídos tomando como referência as sobretensões determinadas via circuitos
equivalentes. Vale salientar, que o modelo de aterramento de referência é a modelagem de cir-
cuito equivalente RLC, uma vez que um dos objetivos desta dissertação é verificar se os modelos
de parâmetros concentrados conseguem reproduzir os resultados de sobretensões atmosféricas
oriundas do modelo mais geral de aterramento elétrico. As Equações (3.3) e (3.4) apresen-
tam o cálculo usado das variações entre os modelos a partir da comparação da Sobretensões
atmosféricas (SA).

(︁ )︁
SACEpico(parâmetros constantes) − SARLF pico(parâmetros constantes)
ΔSARLF (%) = × 100 (3.3)
SARLF pico(parâmetros constantes)

(︁ )︁
(SACEpico(parâmetros constantes) − SAZp pico(parâmetros constantes)
ΔSAZp (%) = × 100 (3.4)
SAZp pico(parâmetros constantes)

Figura 3.11: Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 100 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 44

Figura 3.12: Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 100 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.13: Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 100 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.14: Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 100 0 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
45 Sobretensões Atmosféricas

Figura 3.15: Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 1000 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.16: Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 1000 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.17: Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 2000 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 46

Figura 3.18: Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 2000 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.19: Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros independentes da frequência para solos com resistividade de 2000 Ω.𝑚.
(a) em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de
Correntes Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Vale salientar que, no caso base adotado, busca-se a representação de diferentes modelos de
aterramentos elétricos a fim de realizar as análises de sobretensões atmosféricas.

Na Tabela 3.8, é possível observar as diferenças de sobretensões atmosféricas e o percen-


tual dessas variações. Para as primeiras descargas de retorno, máximas diferenças próximas
de 6,92% são observadas, quando comparado com o modelo de parâmetros concentrados para
baixas frequências (𝑅𝐿𝐹 ) e 9,72% para o modelo concentrado de impedância impulsiva (𝑍𝑝 ).
Por outro lado, para as subsequentes estas diferenças alcançam no máximo valores próximos de
6,54% e 3,70% para comparações similiares entre os modelos. Ou seja, as variações entre os
modelos são mais pronunciadas para as injeções das primeiras descargas e são mais significati-
vas de acordo com o aumento do valor da resistividade do solo.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
47 Sobretensões Atmosféricas

Tabela 3.8: Pico de sobretensão atmosférica considerando distintos modelos de aterramento com
parâmetros independentes da frequência.

Além dos pontos analisados até então, vale ressaltar os seguintes:

• A variação da resistividade do solo afeta o parâmetro condutividade, que por sua vez leva
a alterações na impedância de aterramento. Dessa forma, é possível observar que a análise
dessas figuras indica, no ponto de injeção, uma diminuição dos níveis de sobretensão, à
medida que a resistividade diminui. Tal comportamento está associado com o efeito de
atenuação, mais pronunciado para solos de baixas resistividades. Ainda em decorrência
disso, os modelos de parâmetros concentrados (𝑅𝐿𝐹 e 𝑍𝑝 ) apresentam menores desvios
para solos com resistividades baixas, ou seja, os desvios vão aumentando conforme o
aumento do valor da resistividade. Além disso, os valores são muito próximos dos dois
modelos para baixas resistividades (𝑅𝐿𝐹 ≈ 𝑍𝑝 ) enquanto o modelo considerado possui
parâmetros do solo independentes da frequência;

• Tendo em vista o modelo de impedância impulsiva, é possível observar na Tabela 3.7


que como o valor de 𝑍𝑝 é maior na presença de correntes subsequentes, existe menor
reflexão de tensão com polaridade negativa. A corrente, quando injetada sofre reflexão,
gerando uma onda de tensão ("tensão refletida") que irá se somar àquela que se forma

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 48

na cadeia de isoladores. Entretanto, essas duas ondas de tensão apresentam polaridades


opostas, de modo que quanto maior for a amplitude da tensão "refletida", menor será a
tensão total na cadeia de isoladores. Então, o poder do aterramento na diminuição da so-
bretensão na cadeia de isoladores é muito menor na subsequente do que para as primeiras
correntes, em decorrência da menor reflexão. Além disso, devido ao tempo de frente da
subsequente ser relativamente próximo ao dobro do tempo de tráfego das ondas na torre,
o aterramento vai dispor pouca influência na diminuição da sobretensão. Dessa forma,
para o caso de incidências de correntes subsequentes, modelar o aterramento a partir de
um circuito equivalente, como 𝑍𝑝 ou 𝑅𝐿𝐹 , não fará muita diferença já que o aterramento
tem pouca influência neste caso. Tais desvios entre os modelos de aterramentos não são
tão significativos quanto os praticados para as primeiras correntes. Em contrapartida,
quando se trabalha com as primeiras descargas de retorno, o aterramento tem uma in-
fluência muito significativa na redução da sobretensão sob a cadeia de isoladores. Sendo
assim, a melhora do aterramento, ou seja, a diminuição na impedância de aterramento,
ocasiona melhor desempenho da linha frente a solicitações atmosféricas.

Para solos com parâmetros constantes, o valor de 𝐼𝑐 é muito próximo de um, ou seja, até
o comprimento efetivo, tal valor é igual a 1. Acima do comprimento efetivo, ele é maior
que um. Dessa forma, o desempenho impulsivo vai ser no máximo igual ao do 𝑅𝐿𝐹 . Ele
nunca será maior, já que 𝐼𝑐 = 𝑍𝑝 /𝑅𝐿𝐹 . Foram utilizados comprimentos próximos ao
comprimento efetivo. As diferenças percentuais entre os modelos são significativamente
pequenas até mesmo para as primeiras descargas de retorno, pois o desempenho, como
visto a partir do cálculo do coeficiente de impulso Ic, são similares;

• As posições relativas entre o ponto onde se deseja determinar a sobretensão atmosférica,


o local de incidência da descarga e o ponto de aterramento mais próximo também influen-
ciam de modo significativo o valor dessa sobretensão, tanto em termos de amplitude como
de forma de onda. Dessa forma, é possível notar que ocorre um aumento significativo de
desvios entre os modelos de parâmetros concentrados com o circuito RLC a partir da fase
mais alta para a mais baixa. Isto se dá pela influência do aterramento sobre a fase mais
próxima do solo e ao mesmo tempo ao distanciamento do ponto de incidência da descarga.

• Por fim, a representação do aterramento a partir de um circuito equivalente é mais repre-

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
49 Sobretensões Atmosféricas

sentativa por preservar as características de propagação da onda eletromagnética. Além


disso, na Tabela 3.8 é sugerido, a partir dos dados apresentados de pico de sobretensão at-
mosférica, que aplicando inadequadamente o modelo de aterramento pode-se subestimar
os valores de sobretensões atmosféricas na cadeia de isoladores. Sendo assim, as análises
podem conduzir a resultados errôneos comprometendo o entendimento e especificação
dos dispositivos de proteção.

3.3.4 Sobretensões atmosféricas (SA): Parâmetros do Solo Variáveis com a Frequência

As Figuras 3.20 - 3.28, mostram as sobretensões atmosféricas nas fases A, B e C, respecti-


vamente, da linha de transmissão sob estudo. São consideradas as resistividades de 100, 1000 e
2000 Ω.𝑚, oriundas das injeções das primeiras (à esquerda) e subsequentes (à direita) descargas
de retorno, considerando os comprimentos dos cabos contrapesos já apresentadas na Tabela 3.6.
Além disso, conforme indicado na Subseção 3.3.3, neste primeiro momento, desconsidera-se a
ocorrência de falhas de isolamento e a presença de para raios instalados em paralelo à cadeia de
isoladores. Com essa análise, é possível estimar os níveis máximos de sobretensão atmosférica
sem a interferência de dispositos de proteção. Em relação aos valores de pico das sobreten-
sões atmosféricas, a Tabela 3.9 apresenta-os em conjunto com as variações percentuais entre os
modelos de parâmetros concentrados e distribuídos.

Quando considerada a dependência com a frequência no modelo de aterramento, uma re-


dução da impedância impulsiva é observada. Tal redução reflete na diminuição da sobretensão
que pode ser verificada nas Figuras 3.20 - 3.28, em todas as fases, para todos modelos de
aterramento, exceto o modelo de baixas frequências. Ademais, a redução ocasionada pela de-
pendência dos parâmetros do solo com a frequência está associada com os relevantes efeitos de
propagação do campo eletromagnético nos eletrodos de aterramento, altamente dependentes da
frequência, resistividade e permissividade elétricas do solo.

Para as primeiras descargas de retorno, máximas diferenças próximas de 18,44% são obser-
vadas, quando comparado com o modelo de parâmetros concentrados para baixas frequências
(𝑅𝐿𝐹 ) e 3,06% para o modelo concentrado de impedância impulsiva (𝑍𝑝 ) . Por outro lado, para
as subsequentes estas diferenças alcançam, no máximo, valores próximos de 1,79% e 0,92%
para comparações similiares entre os modelos.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 50

Figura 3.20: Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.21: Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.22: Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 100 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
51 Sobretensões Atmosféricas

Figura 3.23: Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 1000 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.24: Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 1000 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.25: Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 1000 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 52

Figura 3.26: Sobretensão atmosférica resultante na fase A, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.27: Sobretensão atmosférica resultante na fase B, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno, (b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Figura 3.28: Sobretensão atmosférica resultante na fase C, considerando distintas representações de


aterramentos com parâmetros dependentes da frequência para solos com resistividade de 2000 Ω.𝑚. (a)
em decorrência da injeção da Primeira Corrente de Retorno,(b) em decorrência da injeção de Correntes
Subsequentes de Retorno, Elaborado pela autora.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
53 Sobretensões Atmosféricas

Tabela 3.9: Pico de sobretensão atmosférica considerando distintos modelos de aterramento com
parâmetros dependentes da frequência.

As variações entre os modelos são mais pronunciadas para as injeções das primeiras descar-
gas e são mais significativas de acordo com o aumento do valor da resistividade do solo.Ademais,
a redução ocasionada pela dependência dos parâmetros do solo com a frequência está associada
com os relevantes efeitos de propagação do campo eletromagnético nos eletrodos de aterra-
mento, altamente dependentes da frequência, resistividade e permissividade elétricas do solo.
Ainda em função das comparações entre os modelos de aterramento, o modelo de aterramento
por impedância impulsiva (parâmetro concentrado) demonstra resultados satisfatórios para a
configuração estudada, pois é de conhecimento que esse modelo é mais adequado na presença
de correntes impulsivas, como as de descargas atmosféricas, quando comparado ao modelo de
resistência de aterramento (em baixas frequências). Apenas para a resistividade do solo igual a
100 Ω.𝑚 é possível perceber que o modelo de baixas frequências apresenta desvios inferiores
ao observado no modelo de impedância impulsiva 𝑍𝑝 .

Essas diferenças permitem concluir que o modelo, se inadequadamente aplicado, pode su-
perestimar, em alguns casos, os valores das sobretensões na cadeia de isoladores, conduzindo a
resultados errôneos, principalmente em solos com resistividades altas.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 54

3.3.5 Sobretensões atmosféricas (SA): Aplicação da Cadeia de Isoladores

Vários métodos podem ser empregados com o intuito de melhorar o desempenho de sistemas
de distribuição frente a incidência de descargas atmosféricas. Um desses métodos,que atua no
sentido reduzir ocorrência de backflashovers, contempla a diminuição do valor da impedância
de aterramento da torre. Por esse motivo, é de extrema importância garantir o melhor modelo
de aterramento a ser aplicado. Isso se deve ao fato de que, ao atingir a base da torre, a corrente
injetada sofre uma reflexão, gerando uma onda de tensão ("tensão refletida") que irá se somar
àquela que se forma na cadeia de isoladores. Entretanto, essas duas ondas de tensão apresentam
polaridades opostas, de modo que, quanto maior for a amplitude da tensão "refletida", menor
será a tensão total na cadeia de isoladores. Como a amplitude da tensão refletida aumenta à
medida que, diminui o valor da impedância de aterramento, pode-se dizer que, quanto menor o
valor desta impedância, menor o valor de sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores, e
como consequência, ocorre uma diminuição no número de interrupções da linha decorrentes de
backflashovers. A impedância de aterramento das torres é um dos parâmetros que mais afetam o
desempenho de uma linha de transmissão frente a descargas atmosféricas, devendo-se sempre,
pelas razões expostas, procurar limitá-la aos valores mais baixos possíveis.
Nessa simulação, nos cenários propostos de resistividades do solo de 100 Ω.𝑚, 1000 Ω.𝑚
e 2000 Ω.𝑚, com injeção da primeira corrente e subsequentes de retorno. Isso se dá devido ao
fato das sobretensões estarem abaixo da curva de suportabilidade da cadeia de isoladores.
Nos cenários onde o solo apresenta valores de resistividade mais elevados, tal como 4000
Ω.𝑚, ocorre a disrupção da cadeia de isoladores em 2 ocasiões, sendo estas: i) Para o caso
onde o aterramento é representado por parâmetros concentrados a partir de uma resistência
𝑅𝐿𝐹 , modelada em baixas frequências e ii) Para o caso em que se utiliza parâmetros do solo
constantes com a frequência e o aterramento é representado por parâmetros distribuídos a partir
de circuito equivalente (CE).
No primeiro cenário apresentado na Figura 3.29, são fornecidos os dados de sobretensão
e tempo de disrupção verificados na Tabela 3.10. Observa-se que a disrupção da cadeia de
isoladores ocorre após o primeiro pico de corrente e a primeira fase a ser desligada em 7,795
𝜇𝑠 é a fase C, mais próxima do solo. No instante em que ocorre a disrupção da cadeia de
isoladores, a fase C possui a maior amplitude de sobretensão. No método DE, o efeito disruptivo
considerado de um surto de sobretensão leva em consideração os seguintes pontos: i) Considera-

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
55 Sobretensões Atmosféricas

se um valor mínimo de tensão que precisa ser excedido antes que uma disrupção comece ou
continue e ii) O tempo em que ocorre a disrupção não é exclusivamente associado apenas ao
momento em que a fase atinge um valor determinado de sobretensão, assim é associado também
com a duração em que a fase permanece acima de valor denominado 𝑉0 .
Neste trabalho, quando ocorre disrupção da cadeia de isoladores, considera-se a curva até o
momento em que ocorre a disrupção da primeira fase. Os tempos de interrupções das demais
fases não estão contemplados, pois neste trabalho a modelagem do arco elétrico não é objeto de
estudo. Sendo assim, os tempos de interrupções das demais fases poderiam apresentar valores
não confiáveis.
Tabela 3.10: Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de resistência.

Figura 3.29: Análise da ruptura da cadeia de isoladores considerando sobretensão atmosférica resultante
nas fases A,B e C, para solos com resistividade de 4000 Ω.𝑚. Aterramento modelado a partir de
resistência 𝑅𝐿𝐹 . Elaborado pela autora.

No segundo cenário apresentado na Figura 3.30, são fornecidos os dados de sobretensão e


tempo de disrupção que podem ser verificados na Tabela 3.11. Observa-se, de forma similar
à apresentada no primeiro cenário, a disrupção da cadeia de isoladores ocorre após o primeiro
pico de corrente. A primeira fase submetida a disrupção da cadeia de isoladores em 7,286 𝜇𝑠 é
a fase B, que neste período possui a maior amplitude de sobretensão observada.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 56

Tabela 3.11: Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de um circuito equivalente
com parâmetros do solo invariantes com a frequência.

Figura 3.30: Análise da ruptura da cadeia de isoladores considerando sobretensão atmosférica resultante
nas fases A,B e C, para solos com resistividade de 4000 Ω.𝑚. A modelagem é realizada com
parâmetros independentes da frequência, em decorrência da injeção da primeira corrente de retorno.
Aterramento modelado a partir de um circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes com a
frequência. Elaborado pela autora.

3.3.6 Sobretensões atmosféricas (SA) : Aplicação de Para-raios em Paralelo com a Ca-


deia de Isoladores

A instalação de para-raios como dispositivos de proteção de linhas de transmissão figuram,


de forma estratégica, como um procedimento capaz de garantir aumento na confiabilidade e
qualidade do sistema, sendo prevista a baixa ou nenhuma manutenção da torre de transmissão
frente a surtos atmosféricos por um longo período, onde o dispositivo é instalado [36].

É perceptível, ao longo das análises deste trabalho, a importância em alinhar a modelagem


correta de aterramento com a aplicação de dispositivos de proteção. Quando o sistema de ater-
ramento é projetado, vislumbra-se a redução da impedância impulsiva. Como consequência de
tal redução, o uso de dispositivos para-raios pode ser requerido, para descargas com valor de
pico superior ao da corrente mediana. Desta forma, o dispositivo tende a atuar menos e ter uma

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
57 Sobretensões Atmosféricas

vida útil consideravelmente maior em relação ao seu uso direto (caso tivesse que operar para
condições próximas e menores que o valor de pico da corrente mediana). Por ter custo elevado
e aumentar suas chances de falha com o aumento de atuações, quanto menos o dispositivo para-
raios for solicitado, melhor, seja do ponto de vista financeiro ou de desempenho da linha de
transmissão a longo prazo [119], [36]. Análises do ponto de vista financeiro são exploradas na
Seção 3.4.
A seguir, na Figura 3.31 é possível observar os casos de alocação de para-raios que são
analisados nesta dissertação a partir das simulações realizadas para os solos com resistividades
de 2000 Ω.𝑚 e 4000 Ω.𝑚 .

Figura 3.31: Configurações de ZnO utilizadas para comparação da redução da sobretensão atmosférica
na cadeia de isoladores. Caso 01 – sem instalação de para-raios ZnO; Caso 02 – instalação de para-raios
ZnO em todas as fases da torre de transmissão; Caso 03 – instalação de para-raios ZnO em apenas uma
fase de maneira alternada e Caso 04 – instalação de para-raios em ZnO em duas fases de maneira
alternada.

É possível observar a partir das simulações já apresentadas neste trabalho que, em se tra-
tando de solos com valores moderados de resistividades, ou seja, inferiores a 2000 Ω.𝑚, a
modelagem correta do aterramento é suficiente para garantir o desempenho adequado de li-
nhas de transmissão frente a surtos atmosféricos, dentro do cenário base1 proposto. Tal fato é
constatado anteriormente, quando a análise de disrupção da cadeia de isoladores aponta uma
sobretensão acima da curva de suportabilidade apenas para alguns casos onde a resistividade do
solo é igual a 4000 Ω.𝑚. Sabendo disso, esta seção é direcionada a analisar apenas os cenários
1
Linha de transmissão de 138 kV, formas de ondas de correntes típicas medidas em San Salvatore com parâmetros medianos,
cadeia de isoladores modelado pelo método DE, aterramento conforme configuração geométrica da Figura 3.2 e Tabela 3.6,
torre de transmissão Modelo L6 modelada conforme Figura 3.1 com três torres adjacentes (vide Figura 3.32).

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 58

onde os solos apresentam valores de resistividades relativamente altas, que, no escopo desta dis-
sertação, compreende os solos com as resistividades de 4000 Ω.𝑚. Para o início das análises,
os testes de aplicação de para-raios para verificação do desempenho das linhas de transmissão
são realizados para os casos onde ocorreram a disrupção da cadeia de isoladores.

1. Cenário: Aterramento modelado por parâmetros concentrados a partir de uma resistência


𝑅𝐿𝐹 , modelada em baixas frequências.

• Caso Base 𝑅𝐿𝐹 : O sistema proposto nesta dissertação é composto por uma torre prin-
cipal, cujo topo incide a descarga atmosférica. Tendo como referência as medições
de Berger [54] realizadas no Monte San Salvatore, as formas de ondas adotadas por
esta dissertação são representadas a partir do somatório das Funções de Heidler. Ao
derredor estão mais três torres adjacentes de cada lado (vide Figura 3.32). O sistema
é alimentado por uma tensão trifásica de 138 kV, as torres que podem ser visualizadas
na Figura 3.1 possuem altura de 33,565 m e vãos de 333 m. O aterramento de todas
as torres são representados por parâmetros concentrados a partir de uma resistência
modelada em baixas frequências.

Figura 3.32: Configuração do Cenário Caso Base. Adaptado de [36].

• Caso 01: Análise comparativa com o caso base e a aplicação de para-raios em todas
as fases da estrutura.

Neste momento, é analisada a comparação de sobretensões e as respectivas reduções


na aplicação de para-raios em todas as fases da estrutura. As reduções percentuais
podem ser verificadas na Tabela 3.12 e na Figura 3.33.

No quesito desempenho da linha, o caso 1 figura como o melhor cenário, reduzindo em


mais de 50% do valor da sobretensão atmosférica observada nas fases onde os para-raios

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
59 Sobretensões Atmosféricas

são instalados. A instalação do dispositivo de proteção evita o desligamento das fases que
sofreram, no caso base, disrupção da cadeia de isoladores sem a aplicação do para-raio.
Tabela 3.12: Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de resistência 𝑅𝐿𝐹 .
Aplicação de para-raios em todas as fases.

Figura 3.33: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequências. (a) Sem aplicação de
para-raios (b) Com aplicação de para-raios em todas as fases.

• Caso 02: Análise comparativa com o caso base e a aplicação de para-raios em apenas
uma fase de forma alternada.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 60

São analisados os três distintos cenários possíveis, onde a instalação dos para-raios
ocorrem em apenas uma das três fases.

Desta forma, formam-se três distintos arranjos, observados na Tabela 3.13 e nas Fi-
guras 3.34-3.36.

Tabela 3.13: Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de resistência 𝑅𝐿𝐹 .
Aplicação de para-raios em apenas uma fase de forma alternada.

Figura 3.34: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000 Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequências. Com aplicação de para-raio
na fase A da torre central.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
61 Sobretensões Atmosféricas

Figura 3.35: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequências. Com aplicação de para-raio
na fase B da torre central.

Figura 3.36: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequências. Com aplicação de para-raio
na fase C da torre central.

Uma análise importante retirada das comparações simuladas é relacionada ao fato de que,
no cenário proposto, a instalação do para-raio em apenas uma fase é suficiente para evitar
a disrupção da cadeia de isoladores em todas as fases. É possível observar uma redução
significativa da sobretensão atmosférica na fase onde o dispositivo é instalado (chegando
a 52,28%) e uma redução de até 19,12% em fases adjacentes.

• Caso 03: Análise comparativa com o caso base e a aplicação de para-raios em duas
fases de forma alternada.

São analisados os três distintos cenários possíveis, onde as instalações dos para-raios
ocorrem em duas das três fases, de forma alternada. Sendo assim, formam-se 3

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 62

distintos arranjos, que podem ser observados na Tabela 3.14 e nas Figuras 3.37-3.39.

De forma similar aos casos anteriores, são observadas não só a redução da sobre-
tensão atmosférica na fase onde foram instalados os dispositivos de proteção como
também a influência dessa aplicação na outra fase da linha.

Tabela 3.14: Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de resistência 𝑅𝐿𝐹 .
Aplicação de para-raios em duas fases de forma alternada.

Figura 3.37: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequências. Com aplicação de para-raios
nas fases A e B da torre central.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
63 Sobretensões Atmosféricas

Figura 3.38: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequências. Com aplicação de para-raios
nas fases A e C da torre central.

Figura 3.39: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por resistência em baixas frequências. Com aplicação de para-raios
nas fases B e C da torre central.

É possível constatar que o melhor cenário dentro do caso proposto é a instalação dos para-
raios nas fases mais altas (A e B), onde a aplicação pode ocasionar redução de 27,64% na
fase C, quando considerada a incidência na torre central.

2. Cenário: Aterramento modelado por parâmetros distribuídos a partir de um circuito equi-


valente. Solo com resistividade igual a 4000 Ω.𝑚.

• Caso Base CE: O que difere o caso base do primeiro cenário para o segundo é apenas a
modelagem do aterramento. No novo cenário, o aterramento de todas as torres é represen-
tado por parâmetros distribuídos a partir de um circuito equivalente. A injeção de corrente
considerada é a primeira corrente de retorno e o solo possui parâmetros constantes.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 64

• Caso 01: Análise comparativa com o caso base e a aplicação de para-raios em todas as
fases da estrutura. Reduções percentuais podem ser observadas na Tabela 3.15 e na Figura
3.40.

Tabela 3.15: Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de um circuito equivalente
com parâmetros do solo invariantes. Aplicação de para-raios em todas as fases.

Figura 3.40: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes,
submetido a primeira corrente de retorno. (a) Sem aplicação de para-raios (b) Com aplicação de
para-raios em todas as fases.

De forma similar ao caso base com o aterramento representado por 𝑅𝐿𝐹 , é possível constatar
valores semelhantes, ou seja, que ultrapassam 50% a redução das sobretensões atmosféricas.

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
65 Sobretensões Atmosféricas

• Caso 02: Análise comparativa com o caso base e a aplicação de para-raios em apenas uma
fase de forma alternada.

São analisados os três distintos cenários possíveis, onde a instalação do para-raio ocorre
em apenas uma das três fases. Sendo assim, formam-se três distintos arranjos, observados
na Tabela 3.16 e nas Figuras 3.41-3.43.

Tabela 3.16: Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de um circuito equivalente
com parâmetros do solo invariantes. Aplicação de para-raio em apenas uma fase de forma alternada.

Figura 3.41: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes,
submetido a primeira corrente de retorno. Com aplicação de para-raio na fase A.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 66

Figura 3.42: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes,
submetido a primeira corrente de retorno. Com aplicação de para-raio na fase B.

Figura 3.43: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes,
submetido a primeira corrente de retorno. Com aplicação de para-raio na fase C.

As reduções são mais pronunciadas quando se opta por instalar o para-raio na fase mais alta
(fase A), seja a diminuição da sobretensão atmosférica da própria fase quanto a redução oca-
sionada nas fases adjacentes. A instalação de apenas um para-raio já é suficiente para garantir
o desempenho adequado da linha, ou seja, cenário onde não ocorre a disrupção da cadeia de
isoladores em nenhuma das fases.

• Caso 03: Análise comparativa com o caso base e a aplicação de para-raios em duas fases
de forma alternada.

São analisados os três distintos cenários possíveis, onde as instalações dos para-raios ocor-

Marcelino, Patrícia.
3.3. Grandezas Físicas representativas do Comportamento Dinâmico do Aterramento Elétrico e
67 Sobretensões Atmosféricas

rem em duas das três fases. Sendo assim, formam-se três distintos arranjos, observados
na Tabela 3.17 e nas Figuras 3.44-3.46.

São observadas não só a redução da sobretensão sob a fase onde foi instalado o dispositivo
de proteção como também a influência dessa aplicação nas demais fases da estrutura.

Tabela 3.17: Ruptura de cadeia de isoladores. Aterramento modelado a partir de um circuito equivalente
com parâmetros do solo invariantes. Aplicação de para-raios em duas fases de forma alternada.

Figura 3.44: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes,
submetido a primeira corrente de retorno. Com aplicação de para-raios nas fases A e B.

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 68

Figura 3.45: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes,
submetido a primeira corrente de retorno. Com aplicação de para-raios nas fases A e C.

Figura 3.46: Sobretensão atmosférica sob a cadeia de isoladores para solo com resistividade igual a
4000Ω.𝑚, aterramento representado por circuito equivalente com parâmetros do solo invariantes,
submetido a primeira corrente de retorno. Com aplicação de para-raios nas fases B e C.

Reduções significativas nas sobretensões atmosféricas são observadas na instalação de dis-


positivos para-raios em duas fases. De forma similar ao observado no cenário anterior, é possí-
vel constatar reduções de até aproximadamente 27% na Fase C quando se opta pela instalação
do dispositivo de proteção nas Fases A e B.
A partir dos dados disponibilizados em todos os cenários e casos, é possível constatar que a
aplicação de para-raios como dispositivos de proteção gera uma redução significativa da sobre-
tensão observada sob as cadeias de isoladores. Sendo assim, a aplicação destes equipamentos
pode ocasionar a diminuição nas taxas de desligamentos não programados das linhas de trans-
missão. Porém, é de extrema importância analisar a alocação ótima destes dispositivos a fim de

Marcelino, Patrícia.
69 3.4. Discussões Finais Práticas

alinhar não só a necessidade da proteção como também a viabilidade financeira de tal aplicação.
Segundo estudos elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética, a montagem de para-raios
em linhas de transmissão chega a ser avaliada em aproximadamente 20% do custo dos equipa-
mentos [120].

Visando uma avaliação econômica do emprego dos para-raios, análises complementares


são realizadas considerando a instalação desse equipamento em diferentes combinações entre
as fases para os cenários com solos de alta resistividade, justificados nestes casos pelas altas
sobretensões observadas sob a cadeia de isoladores. Sendo assim, para valores mais elevados
de resistividade, representados nesta dissertação, principalmente, a partir das simulações com
resistividades de 4000 Ω.𝑚, o uso de dispositivos para-raios torna-se uma alternativa para que se
possa atingir o desempenho da linha de transmissão requerido por órgãos regulamentadores. As
figuras apresentadas anteriormente, apontam para cenários promissores na instalação de para-
raios em estruturas vulneráveis a surtos atmosféricos. Na ocorrência de um surto atmosférico,
os dispositivos para-raios atuam de tal forma a "grampear"o valor da sobretensão resultante
sobre a cadeia de isoladores, como indicado nas Figuras 3.33 e 3.40, que mostram a onda de
tensão resultante na presença e ausência do dispositivo para-raios em paralelo com a cadeia de
isoladores.

Dessa forma, quando considerada a aplicação parcial da proteção da torre com para-raios,
a instalação do dispositivo nas duas fases superiores garantem maior redução na probabilidade
de ocorrência de ruptura da cadeia de isoladores, por conta da redução dos níveis de tensão
observados nas mísulas onde os para-raios são instalados. No caso da utilização de um único
para-raios, é sugerida a instalação na fase mais alta (neste trabalho, denominada como fase
A). Para uma melhor análise da alocação ótima de para-raios com os distintos modelos de
aterramentos explorados nesta dissertação, as Tabelas A.1 e A.2, apresentam, respectivamente,
as reduções percentuais das sobretensões em solos com resistividades de 2000 Ω.𝑚 e 4000 Ω.𝑚.

3.4 Discussões Finais Práticas

Ao longo do texto é ressaltada a importância de buscar soluções eficientes com intuito de


garantir o bom desempenho de linhas de transmissão frente a incidências atmosféricas. Sendo
assim, são explorados a seguir dados quantitativos dos custos de investimentos em sistemas

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 70

de aterramentos elétricos e dispositivos para-raios a fim de enfatizar e incentivar estudos que


abordam temáticas similares à desta dissertação.
Os valores relacionados à instalação de para-raios em linhas de transmissão e de aterra-
mentos elétricos são relacionados a custo de investimentos, que visam à melhoria na prestação
e a continuidade do fornecimento de energia elétrica. Tal custo pode ser repassado às tarifas
mediante a reajustes tarifários anuais ou decorrentes das revisões tarifárias. A revisão tarifária
periódica é um dos mecanismos de definição do valor da energia paga pelo consumidor, sendo
realizada a cada quatro ou cinco anos, em decorrência do contrato de concessão firmado entre
a concessionária e o poder concedente. Na revisão periódica, são definidos níveis de eficiên-
cia dos custos operacionais e a remuneração dos possíveis investimentos das concessionárias.
Dessa forma, é estabelecida uma metodologia e critérios gerais para o cálculo da BRR (Base de
Remuneração Regulatória). Contudo, todo e qualquer investimento na rede sugere uma análise
criteriosa da prudência de tal aplicação, já que incorrem no risco de glosa no reconhecimento
para fins regulatórios de investimentos realizados. Dessa forma, fica evidente a preocupação
por conta de concessionárias da garantia da confiabilidade da continuidade de energia versus o
custo do investimento em concordância com sua prudência para a reversão financeira de tal em
forma de tarifa.
Para a contextualização, com permissão da Energisa Minas Gerais e dados extraídos do
relatório anual de base de banco de preços da ANEEL divulgado pela EPE, seguem, na Tabela
3.18, valores modulares da instalação de sistemas elétricos de aterramentos e para-raios em
estruturas de 138 kV.
Tabela 3.18: Custos modulares de materiais, mão de obras e outras despesas relacionadas a instalação
dos dispositivos para-raios e sistema de aterramento elétrico.

Os custos modulares denominados de "gastos relacionados a desligamentos e COM” referem-


se ao custo de linha desenergizada durante a montagem e valores associados a componentes

Marcelino, Patrícia.
71 3.5. Síntese do Capítulo

menores (COM), ou seja, os acessórios da instalação. Esses dados foram extraídos exclusiva-
mente da base de preços da ANEEL. Todos os demais dados foram fornecidos pela Energisa
Minas Gerais.
A fim de exemplificar a parcela significativa dos custos relacionados à aplicação de dispo-
sitivos para-raios, seguem dados da linha de transmissão Votorantim - Muriaé II, recentemente
construída na concessão da Energisa Minas Gerais, Tabela 3.19.

Tabela 3.19: Características básicas da linha de trasmissão Votorantim- Muriaé II. Dados fornecidos
pela Energisa Minas Gerais.

Considerando um cenário conservador, onde a construção da linha fosse realizada de forma


a não ocorrer nenhum desligamento programado, os custos do material e a instalação de para-
raios em todas as estruturas para as três fases seriam de R$1.026.820, o que corresponderia a
um acréscimo de aproximadamente 8% no custo total da construção da linha de transmissão.
Tal constatação remete à importância da elaboração de projetos confiáveis de aterramento a fim
de minimizar a necessidade de auxílios de dispositivos para-raios em todas as estruturas. Em
trechos severos onde o cenário de índice ceráunico ou a alta resistividade do solo comprometa
a confiabilidade na prestação contínua de energia, o incentivo à avaliação da alocação ótima de
para-raios é essencial para minimizar investimentos improcedentes na rede de transmissão.

3.5 Síntese do Capítulo

O capítulo de resultados figura como um dos principais capítulos desta dissertação. Per-
meando a construção matemática e fisicamente consistente da modelagem eletromagnética dos
dispositivos utilizados na simulação, o capítulo sugere análises relevantes relacionadas ao ater-
ramento e à alocação ótima de dispositivos para-raios em torres de transmissão.
Busca-se pontuar as críticas referentes aos distintos modelos de aterramento elétrico e suas
limitações quando comparado à modelagem completa a partir de um circuito equivalente, ainda
considerando os parâmetros do solo variantes com a frequência. Ao longo do capítulo, é mos-
trada a pouca eficiência do aterramento em reduzir sobretensões atmosféricas decorrentes da
injeção de ondas de correntes típicas de descargas de retorno subsequentes. Tal afirmação torna-

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 3. Resultados e Análises de Sensibilidade 72

se consistente quando é percebida a pouca influência do aterramento devido à curta duração de


frente de onda das correntes subsequentes, o que inibe o efeito de reflexão do aterramento sob
a sobretensão atmosférica formada na cadeia de isoladores. A partir das simulações e análises
de dados extraídos dos cenários e casos discutidos ao longo do texto, chega-se à importância
da modelagem adequada do sistema de aterramento elétrico, a fim de garantir a eficiência dos
estudos de proteção e coordenação de isolamento. O projeto não adequado pode gerar resul-
tados subestimados e, por vezes, superestimados, comprometendo o funcionamento adequado
dos dispositivos de proteção.
Após análises minunciosas dos aspectos físicos nas distintas configurações de aterramentos,
foram exploradas simulações referentes à alocação ótima de dispositivos para-raios. A partir do
cenário base, onde ocorrem a disrupção da cadeia de isoladores frente a surtos atmosféricos, é
possível constatar a eficiência da aplicação de para-raios já em apenas uma fase, com o intuito
de reduzir as sobretensões atmosféricas a ponto de evitar a disrupção da cadeia de isoladores.
Por fim, o capítulo aborda a importância de estudos de alocação do dispositivo para-raio de
forma a equilibrar a relação custo-benefício da proteção.

Marcelino, Patrícia.
CAPÍTULO 4

Conclusões

4.1 Síntese da Dissertação e Principais Resultados

Esta dissertação, quantifica e qualifica a influência do sistema de aterramento elétrico e seus


respectivos modelos, no que diz respeito redução dos índices de desligamentos não programa-
dos diante das análises de sobretensões atmosféricas procedentes de incidências de descargas at-
mosféricas diretas em torres de transmissão de 138 kV. De forma similar, este trabalho permeia
pelos estudos referentes à alocação de para-raios, onde constata-se a eficiência na aplicação
do dispositivo na redução da sobretensão atmosférica. Para que tais análises pudessem trazer
conclusões consistentes, cada capítulo é estruturado de forma estratégica, para que as premissas
sejam apresentadas ao longo do texto e as interpretações físicas das simulações possam ser de
fácil compreensão.

As principais conclusões deste trabalho são evidenciadas a partir das simulações contidas
no terceiro capítulo. De forma sucinta, pode-se pontuar os seguintes resultados referentes às
análises dos distintos modelos de aterramento:

• A resistividade do solo é um parâmetro de extrema importância, quando avaliado o desem-


penho de linhas de transmissão frente à incidência de descargas atmosféricas. Percebe-se
que, quanto maior a resistividade do solo, maiores são as sobretensões observadas nas
mísulas das cadeias de isoladores. Este comportamento está associado com o efeito de
atenuação, mais pronunciado para solos de baixa resistividade. Tal fato sugere a relevân-
cia da análise e medição da resistividade do solo para a elaboração de projetos de sistemas
de aterramentos elétricos confiáveis;

73
Capítulo 4. Conclusões 74

• De forma geral, as variações entre os modelos de aterramentos são consideravelmente


mais pronunciadas para as injeções das primeiras descargas e são mais significativas de
acordo com o aumento do valor da resistividade do solo. Ainda em decorrência do efeito
de atenuação, é possível verificar que os desvios entre os modelos concentrados (𝑅𝐿𝐹 e
𝑍𝑝 ) e os distribuídos (𝑍(𝑤)) aumentam em decorrência do aumento do valor da resistivi-
dade do solo;

• A representação do modelo de aterramento a partir da resistência é recomendada apenas


para cenários onde a resistividade do solo apresenta valores baixos (no cenário proposto
de uma linha trifásica de 138 kV, é sugerido valores de resistividade inferiores a 1000 Ω𝑚;

• A representação do modelo de aterramento a partir da impedância impulsiva 𝑍𝑝 demonstra


resultados satisfatórios para as configurações estudadas, quando comparada ao modelo
representado por resistência de aterramento (𝑅𝐿𝐹 ). Isso se dá pelo fato de que o modelo é
mais adequado na presença de correntes impulsivas, característica associada ao fenômeno
de descargas atmosféricas;

• A representação do aterramento a partir de um circuito equivalente, ou seja, a partir do


modelo de impedância harmônica é o mais rigoroso por preservar as características de
propagação eletromagnética. Além disso, esse modelo apresenta resultados coerentes com
literaturas amplamente difundidas e medições reais de campo. O modelo considerando os
parâmetros do solo dependentes com a frequência aborda de forma mais realística a in-
fluência das características do solo nas sobretensões observadas nas cadeias de isoladores.
Dessa forma, sugere-se a aplicação do modelo completo com o minímo de simplificações
possíveis a fim de que as simulações não conduzam a resultados errôneos, sub ou superes-
timado das sobretensões, comprometendo a especificação dos dispositivos de proteção;

• Quando considerada a dependência com a frequência no modelo de aterramento, uma


redução da impedância impulsiva é observada. Tal redução reflete na diminuição da so-
bretensão atmosférica sob a mísula da cadeia de isoladores. Esta redução ocasionada pela
dependência dos parâmetros do solo com a frequência está associada com os relevantes
efeitos de propagação do campo eletromagnético nos eletrodos de aterramento, que são
altamente dependentes da frequência, resistividade e permissividade elétricas do solo;

Marcelino, Patrícia.
75 4.1. Síntese da Dissertação e Principais Resultados

• A corrente de injeção na presença do aterramento elétrico é submetida a reflexão, onde a


onda de tensão refletida gerada se soma àquela que se forma sob a cadeia de isoladores.
Por possuir polaridade negativa, tal reflexão implica em diminuição na amplitude da so-
bretensão atmosférica. Sabe-se que, devido ao pico de frente das correntes subsequentes
de retorno serem relativamente próximo ao dobro de tempo do tráfego das ondas na torre,
o aterramento elétrico vai dispor de pouca influência na diminuição da sobretensão. Dessa
forma, os desvios entre os modelos são muito inferiores aos apresentados em cenários de
injeção da primeira corrente de retorno.

• As posições relativas entre o ponto onde se deseja determinar a sobretensão atmosférica,


o local de incidência da descarga e o ponto de aterramento mais próximo também influen-
ciam de modo significativo o valor dessa sobretensão, tanto em termos de amplitude como
de forma de onda. Desta forma, é possível notar que ocorre um aumento significativo de
desvios entre os modelos de parâmetros concentrados com o circuito RLC a partir da fase
mais alta para a mais baixa. Isto se dá pela influência do aterramento sobre a fase mais
próxima do solo e ao mesmo tempo ao distanciamento do ponto de incidência da descarga
atmosférica.

A instalação de para-raios como dispositivos de proteção de linhas de transmissão figuram,


de forma estratégica, como um procedimento capaz de garantir um aumento na confiabilidade
o fornecimento de energia elétrica, auxiliando em trechos severos a diminuição de sobretensões
atmosféricas e revertendo cenários de desligamentos não programados. Sendo assim, o terceiro
capítulo dedica-se a estudar a alocação de para-raios em paralelo com a cadeia de isoladores.
De forma sucinta, obtêm-se as seguintes conclusões:

• A partir do estudos sugeridos neste trabalho, é possível constatar que a aplicação de para-
raios como dispositivos de proteção gera uma redução significativa da sobretensão obser-
vada sob a mísula da cadeia de isoladores. Na ocorrência de um surto atmosférico, os
dispositivos para-raios atuam de forma a ”grampear” o valor da sobretensão resultante
sobre a cadeia de isoladores. Sendo assim, a aplicação desses equipamentos pode prever
como consequência a diminuição nas taxas de desligamentos não programados das linhas
de transmissão. Porém, é de extrema importância analisar a alocação ótima dos dispo-

Marcelino, Patrícia.
Capítulo 4. Conclusões 76

sitivos a fim de alinhar, não só a necessidade da proteção, como também a viabilidade


financeira de tal aplicação;

• É possível observar, a partir das simulações já apresentadas neste trabalho, que se tratando
de solos com valores moderados de resistividades, ou seja, inferiores a 2000 Ω.𝑚, para
uma linha de 138 kV, o projeto correto do aterramento é suficiente para garantir o desem-
penho adequado de linhas de transmissão frente a surtos atmosféricos, dentro do cenário
base proposto. Em contrapartida, para valores mais elevados de resistividade, representa-
dos nesta dissertação, principalmente, a partir das simulações com resistividades de 4000
Ω.𝑚 o uso de dispositivos para-raios é um dos possíveis métodos que podem ser aplicados
com a finalidade de atingir o desempenho da linha de transmissão requerido por órgãos
regulamentadores.

• A definição quanto à quantidade e localização dos para-raios requer uma análise técnica
específica da linha, incluindo simulações computacionais. A definição dos pontos de apli-
cação dos pára-raios de linha depende de fatores, tais como, o histórico de desligamento
das linhas, características geométricas das linhas, conhecimento da topografia e do nível
ceráunico ou densidade de descargas a terra das regiões por onde passam as linhas, resisi-
tivade do solo, índice de queima de isoladores instalados, grau de importância das linhas,
etc. Uma avaliação econômica deve ser realizada, de modo a permitir ao usuário analisar
qual a opção que melhor viabilize a sua instalação, bem como o retorno econômico do
investimento.

• Nos casos estudados nesta dissertação, quando considerada a aplicação parcial da proteção
da torre com para-raios, a instalação do dispositivo nas duas fases superiores da torre
central garante maior redução na probabilidade de ocorrência de ruptura da cadeia de
isoladores da torre central, por conta da redução dos níveis de tensão observados onde o
para-raio é instalado. No caso da utilização de um único para-raio, é sugerida a instalação
na fase mais alta (neste trabalho, denominada como fase A), considerando que a incidência
ocorre no topo da torre central.

Por fim, conclui-se que, para regiões apresentando solos de elevada resistividade, a solução
mais viável pode ser a aplicação de para-raios em conjunto com a melhoria da impedância de
aterramento.

Marcelino, Patrícia.
77 4.2. Propostas de continuidade

4.2 Propostas de continuidade

Com o intuito de trazer uma solução robusta da análise da modelagem de aterramentos


elétricos e alocação ótima de para-raios para cenários distintos frente a incidência de descargas
atmosféricas, são sugeridas as seguintes propostas de continuidade do presente trabalho:

• Devido ao esforço computacional despendido nas simulações para solos com valores altos
de resistividade, este trabalho limitou-se a resistividades de até 4000 Ω.𝑚. Dessa forma,
sugere-se a expansão de simulações abrangendo solos com valores de resistividades mai-
ores que 4000 Ω.𝑚;

• Realizar estudos relacionados ao desempenho de linhas de transmissão levando em con-


sideração a corrente crítica para cada modelo de aterramento elétrico com a aplicação ou
não de dispositivos para-raios. Apresentar a probabilidade de disrupção para cada cenário;

• Simulações considerando outras formas de onda de correntes impulsivas típicas de des-


cargas atmosféricas, a exemplo tem-se as medições realizadas no Morro do Cachimbo,
Minas Gerais;

• Sugere-se o estudo da energia absorvida pelos dispositivos para-raios. Para que projetos
de para-raios sejam realizados de forma consistente, é necessário levar em consideração
a capacidade de absorção de energia, onde o para-raios precisa suportar em média, não
apenas um impulso de corrente, mas sim três impulsos de corrente;

• Simulações com diferentes estruturas de torre de transmissão, incluindo torres, onde as


fases possuem a mesma altura;

• Simulações similares para outras linhas de transmissão (configurações e níveis de tensão


de operação distintos).

• A partir das sugestões anteriores, onde é realizado um número maior de simulações,


considera-se importante um estudo adicional aprofundado para verificação de possíveis
representações simplificadas do aterramento, como por exemplo mediante impedância
impulsiva (𝑍𝑃 ) que traduzam de forma confiável seu comportamento transitório, tendo
em vista cálculos de sobretensões atmosféricas.

Marcelino, Patrícia.
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Marcelino, Patrícia.
APÊNDICE A

Apêndice

A.1 Análise de Desempenho de Linhas de Transmissão com a Instalação

de Para-raios em Paralelo com a Cadeia de Isoladores.

Para uma melhor análise da alocação ótima de para-raios com os distintos modelos de ater-
ramentos explorados nesta dissertação, as Tabelas A.1 e A.2, apresentam respectivamente as
reduções percentuais das sobretensões em solos com resistividades de 2000 Ω.𝑚 e 4000 Ω.𝑚.

93
Apêndice A. Apêndice 94

Tabela A.1: Reduções observadas nas sobretensões atmosféricas sob a mísula da cadeia de isoladores a
partir da instalação de para-raios. Resistividade do solo = 2000 Ω.𝑚

Marcelino, Patrícia.
A.1. Análise de Desempenho de Linhas de Transmissão com a Instalação de Para-raios em Paralelo
95 com a Cadeia de Isoladores.

Tabela A.2: Reduções observadas nas sobretensões atmosféricas sob a mísula da cadeia de isoladores a
partir da instalação de para-raios. Resistividade do solo = 4000 Ω.𝑚

Marcelino, Patrícia.

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