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ALIMENTOS
Introdução
A tecnologia de alimentos é um campo multidisciplinar que envolve
conhecimentos das áreas de química, bioquímica, nutrição e farmácia
e que se refere a um conjunto de técnicas relativas aos processos de
industrialização dos produtos de origem vegetal e animal. Além disso,
abrange técnicas gerenciais relacionadas a esses processos.
A evolução da tecnologia de alimentos veio ao encontro das ne-
cessidades da humanidade, ou seja, com o desenvolvimento de novas
tecnologias, o aumento da população, as expedições, as grandes guerras
e as situações de risco, o homem desenvolveu novas formas de disponi-
bilizar alimentos às pessoas.
Assim, foram sendo criados métodos de conservação de alimentos,
embalagens, processos e novos produtos alimentícios. Outro fator deter-
minante foi a competitividade e a exigência do consumidor.
Neste capítulo, você vai compreender o conceito e a importância da
tecnologia de alimentos e identificar os fatores que contribuíram para o
seu desenvolvimento.
2 Fundamentos da tecnologia de alimentos: história
Tecnologia de alimentos
Tecnologia de alimentos é a parte da tecnologia destinada ao estudo, ao me-
lhoramento, à defesa, ao aproveitamento e à aplicação da matéria-prima para
transformá-la, por meio de processos básicos, em produtos alimentícios. Para
a Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (2015), é “a apli-
cação de métodos e técnica, para o preparo, armazenamento, processamento,
controle, embalagem, distribuição e utilização dos alimentos”.
Outros a definem como sendo aquela que estuda a aplicação da Ciência e
da Engenharia na produção, no processamento, na embalagem, na distribuição
e na utilização dos alimentos.
Em sua curva ascendente de progresso, a tecnologia de alimentos tem
dado novos rumos à indústria alimentar, que, hoje, além da sua linha comum
de produtos, tem condições de oferecer ao mercado novos tipos de alimentos.
A tecnologia de alimentos abrange uma extensa área, que vai desde a
fase de escolha da matéria prima e do processamento desta, até as etapas
de elaboração, preservação e conservação dos produtos e também do seu
acondicionamento, seu armazenamento e seu consumo. Por isso, a busca de
conhecimentos de diversas áreas se tornou necessária.
A utilização das ciências biológicas possibilitou a obtenção da matéria-prima
em condições favoráveis e, em certos casos, em circunstâncias inteiramente novas.
No campo da genética, por exemplo, foram abertas inúmeras perspectivas,
não só na produção animal, como na vegetal. A criação de animais com ca-
racterísticas comerciais mais vantajosas, a obtenção de vegetais e frutas com
qualidade organoléptica superior, o emprego de processos biológicos, a seleção
de sementes, a adaptação de plantas, a hibridação, os métodos especiais de
cultura nos reinos vegetal e animal, os cruzamentos, a inseminação artificial,
a radicação de espécies em zonas e climas adequados, entre outros processos,
foram conquistas que assinalaram o início da evolução da indústria de alimentos.
A microbiologia fornece subsídios para o conhecimento dos processos de
alterações microrgânicas de alimentos e de aplicação de meios de preservação
e conservação destes, dos métodos de fermentação, da melhoria organoléptica
de produtos e da criação de inúmeros subprodutos.
A enzimologia fornece informações sobre a influência da enzima nos
produtos alimentícios, desde a sua fase de matéria-prima à de consumo. Com o
conhecimento da ação enzimática, tornou-se possível eliminar vários processos
desfavoráveis para a manutenção dos caracteres organolépticos normais e para
a conservação do tempo de vida útil dos alimentos, além de melhorar e criar
novos produtos que têm qualidades especiais e são agradáveis ao consumo.
Fundamentos da tecnologia de alimentos: história 3
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Apesar das dificuldades de avaliar as perdas, sabe-se que grande parte dos
alimentos dos países de baixa renda é perdida no campo, no processamento
ou na distribuição. Acredita-se que as perdas de alimentos são de 40% na
América Latina e 30% na África. Estima-se que, se metade das perdas de
alimentos no armazenamento fosse evitada, haveria calorias suficientes para
satisfazer a dieta de 500 mil pessoas.
Com a utilização da indústria de alimentos, é possível ter um fornecimento
mais uniforme de alimentos durante todo o ano. Como a concentração da
população nas cidades é uma tendência, torna-se necessário colocar à sua
disposição produtos alimentícios elaborados e orientá-la em matéria de nutrição.
Os alimentos elaborados e os alimentos mais nutritivos fornecerão à dieta
novos produtos, particularmente ricos em determinados nutrientes, com o
propósito de compensar certas deficiências nutricionais específicas.
O desenvolvimento de novos produtos e processos é considerado um ins-
trumento essencial para a competitividade das empresas, cujos benefícios
decorrentes possam se traduzir em maiores taxas de retorno financeiro e
ampliação da participação no mercado (NANTES; ABREU; LUCENTE,
2006). Portanto, a utilização de recursos tecnológicos é fundamental para
enfrentar os desafios da competição nacional e internacional, particularmente
em relação aos novos padrões de consumo.
O desenvolvimento e o lançamento de novos produtos alimentares têm
aumentado significativamente na indústria alimentícia mundial devido à
globalização e ao aumento das exigências e da valorização por parte dos
consumidores. As novas tecnologias ligadas ao fluxo de informação e de
transportes permitem que esses novos produtos sejam distribuídos cada vez
mais rapidamente em diferentes mercados, fato que tem gerado modificações
nos hábitos de consumo alimentar em todo mundo. Pode-se dizer que o consumo
de determinados alimentos se tornou globalizado.
Em 1810, Nicolas Appert foi um dos primeiros pesquisadores que marcou o nome
dentro da tecnologia de alimentos por ter desenvolvido o processo conhecido como
conservas.
Em uma clara tentativa de colocar a tecnologia de alimentos na esfera científica, Louis
Pasteur, em 1864, pesquisou os principais aspectos relacionados com a deterioração
do vinho. Empolgado com os resultados iniciais que o pensador causou na sociedade,
Pasteur continuou pesquisando outros tipos de produção de produtos consumidos em
alto nível mundial. Além da pesquisa em deteriorização do vinho, Pasteur fez estudos
sobre a produção de álcool, vinagre, vinhos e cerveja. Ele desenvolveu a pasteurização,
o processo de aquecimento do leite e dos produtos lácteos para destruir a deterioração
dos alimentos e as doenças. Nas suas pesquisas em tecnologia de alimentos, Pasteur
se tornou o pioneiro na área da bacteriologia e da preventiva moderna medicinal.
10 Fundamentos da tecnologia de alimentos: história
Leituras recomendadas
BARUFALDI, R. Fundamentos de tecnologia. São Paulo: Atheneu, 1998.
COULTATE, T. P. Alimentos: a química de seus componentes. Porto Alegre: Artmed, 2004.
EVANGELISTA, J. Tecnologia de alimentos. São Paulo: Athene, 2001.
FELLOWS, P. J. Food processing technology: principles and practice. 3. ed. Boca Raton:
CRC, 2009.
FRAZIER, W. C.; WESTHOFF, D. C. Microbiologia de los alimentos. Zaragoza: Acribia, 1993.
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HAWTHORN, J. Fundamentos de la ciencia de los alimentos. Zaragoza: Acribia, 1983.
HUI, Y. H. Handbook of food products manufacturing. New Jersey: John Wiley & Sons,
2007.
ORDONEZ, J. Tecnologia de alimentos: componentes dos alimentos e processos. Porto
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SILVA, J. A. Tópicos de tecnologia de alimentos. São Paulo: Varela, 2000.
SOUZA, T. C. Alimentos: propriedades físico-químicas. Rio de Janeiro: Cultura Médica,
2002.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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