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Gramática Tupinambá
Há algum tempo me meti a estudar o tupi antigo, e tenho algum material sobre o
assunto.
No século XVI, a Língua Brasílica passou a ser aprendida pelos portugueses, que, de
início, constituíam pequena minoria junto aos índios Tupinambá. Como grande parte
dos colonos vinham para o Brasil sem mulheres, passaram a viver com mulheres
indígenas, com a conseqüência de que a Língua Brasílica (…) veio a ser a língua
materna de seus filhos. Essa situação atenuou-se em alguns lugares, com o aumento da
imigração portuguesa e com a dizimação dos índios, mas intensificou-se em outros. Foi
nas áreas mais afastadas do centro administrativo da Colônia (que era a Bahia) que se
intensificou e generalizou o uso da Língua Brasílica como língua comum entre os
portugueses e seus descendentes — predominantemente mestiços — e escravos
(inclusive africanos), os índios Tupinambá e outros índios incorporados às missões, às
fazendas e às tropas: em resumo, toda a população, não importa qual a sua origem, que
passou a integrar o sistema colonial.
No sul da Colônia constitui-se uma Língua Geral distinta da Língua Geral do Norte ou
Amazônica. A Língua Geral do Sul, ou Língua Geral Paulista, menos conhecida que a
outra, teve sua origem na língua dos índios Tupi de São Vicente e do alto rio Tietê, a
qual diferia um pouco da língua dos Tupinambá. É a língua que no século XVII falavam
os bandeirantes que, de São Paulo, saíram a explorar Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso
e o Sul do Brasil. Por ser a língua desses pioneiros e aventureiros, penetrou essa Língua
Geral em diversas áreas aonde nunca tinham chegado índios Tupi-Guarani e aí deixou
sua marca no vocabulário popular e na toponímia.
É certo que as famílias dos portugueses e índios de São Paulo estão tão ligadas hoje
umas às outras, que as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente, e a
língua que nas ditas famílias se fala é a dos índios, e a portuguesa a vão os meninos
aprender à escola.
Parece óbvio que o equivalente dos tupis, tupinambás e outras tribos de língua tupi-
guarani são os jaguari. Pode-se então dizer que os personagens da Região dos
Bandeirantes devem ser bastantes conhecedores do idioma jaguari, tanto quanto (ou
mais que?) do lusitano.
Para dar mais sabor de autenticidade, pode ser interessante poder compor nomes em
tupi/jaguari).
Apenas nascida a criança, o pai lhe dava um nome, ouvindo, para isso, o conselho da
tribo.
Nomes de homem:
Nomes de mulher:
Cada inimigo que matassem, em batalha ou prisioneiro, os índios tomavam novo nome,
à própria escolha. Também os que ajudassem a matar ou capturar em guerra. Condição
principal: quebrar a cabeça do inimigo. Assim, tomavam nome, mesmo quando
quebravam a cabeça de algum contrário que desenterrassem ao se apossarem de aldeia
inimiga. A mulher só adquiria novo nome se o marido matasse algum escravo.
Nos nomes acima, “î” e “û” são semivogais; “s” tem sempre som de “ss”, nunca de “z”.
îagûára* (onça)
gûyrá (ave)
iperú (tubarão)
pirá (peixe)
agûará (lobo guará)
aîurú (papagaio)
andyrá (morcego)
îakaré (jacaré)
kururú (sapo)
taîasú (porco selvagem)
tapití ([um tipo de] coelho)
tatú (tatu)
tobá (rosto)
îybá (braço)
tesá (olho)
îurú (boca)
pepó (asa)
tatá (fogo)
‘ý (água/rio)
ybý (terra)
ybytú (vento/ar)
itá (pedra/ferro)
ybyrá (árvore/madeira)
îý (machado)
kûarasý (sol)
îasy (lua)
abá (homem)
potýra* (flor)
(*) Estas palavras perdem o “-a” átono final se a palavra seguinte se inicia com vogal, e
toda a última sílaba se a palavra seguinte se inicia com consoante:
(**) A forma “-usú” se usa com esas palavras que terminam em “-a” átono; nas outras
se usa “gûasú”:
Para simplificar, pode-se trocar o “î” por “j”, e o “û” por “û”: îagûara –> jaguara; îybá –
> jybá; etc.
Aîmbiré
Gûaîxará
Gûyrapepó (= asa de pássaro)
Itaîybá (= braço de pedra)
Ka’ioby (= macaco azul/verde)
Karamuru (= lampreia)
Kunhambeba
Saraûaîa (= selvagem)
Tatamiri~ (= fogo pequeno)
Tatapytera (= chupa-fogo)
Português – Tupinambá
(1a.p.pl.) asé
(2a.p.s.) he-
(agente) -ar
(agente) -sar
(causativo) mo
(locativo) -be
1.ª p. s. a-
2a. p. s. ere-, e
abaixar ayby
abelha eirúba
acidente etomemwã
acima enosém
acolher voiké
água i, ý
água, rio ý, i
agudo, afiado,
cortante aemee, -aembé
aldeia taba
algodão amanyjú
algum, outro amó
ali akue(i)pe
alma anga
alto ybaté
alvoroço apekuitá
animal soó
anta tapiira
aqui iké
arco urapára
areia ibikui, ybykui
areia ybykui
asa pepó
assar mixiri
atrás de sakypwéri
avareza ekoateyma
bagre jundi?á
balançar temõm
banana pakobá
banhar asuk
barriga akapé
bater apurupã
bater em nupã
bater-se, fazer desordem apatuká
bochecha etypy
boiar bebuy
brasa tatapyi
bravo yarõ
brilhar beráb
brincar yemosaray
cabeça akánga
cachorro iaguaia
cadáver eõngwéra
cágado jaboti
caminho pe
cansado kane?õ
cantar ñenengára
capim kapi?in
capim-sapé jaçapé
carne o?o
casamento ména
casar(-se) momendara
castrar apiaók
cavar yo?ok
cesto panakun
chaga ja’ó
chamar, dar nome enõy
chata méb
cheio por
chuva aman(a)
ciência ekokwába
cipó ycypó
cobertura asoyába
cobrir asúi
coisa mbae
colar pi?ír
com esé
com irunmo
como ?arõ
coração pyá
corpo eté
correr ñana, án
correto porãga
cortar mondóka
costas kupe
crescer akakuwab
dançar -poraseia
dar me?eng
dedo pwã
deitado uba
deixar ejár
derramar en
descer gwejyb
desenhar kwatiar
Deus Tupã
difícil abaíba
disforme iaíte
dizer ?é
doer así
dormir ker(a)
em frente de enondé
embaixo unyripe
empregado mimway
entrar iké
enviar mono
escuro pytuna
espaço pa?un
esperar -aro
esperma ayra-rama
espingarda mokáb
esse ebokwéi
estômago i?e, ye
faca kycé
falar ye?eng
fazer apó
fibra pó
ficar pytá
ficar em pé ama
ficar em pé pu?am
filha do irmão da mãe (fIm), filha da irmã do pai (fiP), filha da irmã (fi) – jetipéra
filho – memír
fixar atykã
flecha u?ub(a)
folha kaa
folha ob
forquilha akamby
fruta ?á
fumaça tatating
furar mokúára
furioso irõ
galinha sapukáy
galo sapukáya
gordo kyra
gritar asem
habitacão etama
hoje uyara
igapó ygapó
iluminar moendy
imagem aangaba
imitar aang
impedimento abaipába
inchar mopunga
ir só, co
jacaré jacaré
jacaré yakare
joelho enipi?ã
lagarto tejú
lamber eréb
lavar moîasuka
leite kambý
língua apekun
liso sim, syma
longe apuekatú
longe wimirib
longo uku
macaco ka?i
machado jý
machado yi, yy
mãe si, sy
mamar kámú
mandar pway
manejar abyky
mão po
mau aib(a)
mau poxy
máu poxý
mel eir
mel ira
menina kuñãtai
menino kurumi
milho abati
moça kuñãmuu
moço kuruminguasu
molhado ruru
morcego andirá
morder su?u
morrer manõ
morte eõ
mover miny
não aani
narinas apuña
nariz, bico tin
neta amiminõ
neto emiarirõ
ninho aity
noite pisare
onça yawar
ouvido apysá
pagar epy
pai paí
pai túba, úba
pai ub
panela ya’?en
papagaio ayuru
pé pi, py
pedra ita
peidar pinõ
peito poti?a
peixe pira
pele pire
pensar maenduára
penugem agwéra
pescar pindaeitýka
podre îúka
por rupí
porco taîasu
porta okéna
poucos mokoño
praia yembiîeia
prato ña?en
preguiça ai, ay
pretérito -pwer
preto un
procurar ekár
pubis ambé
pular pór
puxar mosýke
quando ? erimbue
quati kwati
quatro irundy(k)
queimada kaytab
queimar kay
quem abá
quente akub
querer potar
raiz apó
rato egujá
recipiente uru
remo pukuitaba
respirar pituen
reunir moatyr
rir puká
roça kó
rosto obá
sair sem
saúva ysaúba
se reme, neme
seco tipáb
seio kam, káma
sobrinha ajýra
sogro atúba
soprar peyu
taquara takwar
tatu tatú
terra yby
testículos apiá
tomar yar
torcido pari
trabalhar porabyký
tripas yguepoin
trocar ekobiár
trovão tupã
tu (impera.) peyé
tucano tukán
ultrapassar opwán
umbigo puruã
urina ti, ty
veado suasú
velha waomi
ver epyak
vermelho pirang
vermelho pitang
vermelho wang
vespa kaba
vida ekobé
vir ur
vir yur, ur
voar bebe
você ené
vocês pe?en
voltar atimã
voltar yebir
Tupinambá / Português .
a- 1a. p. s.
?á fruta
aang imitar
aangaba imagem
aani não
abaíba difícil
abaipába impedimento
abá quem
abati milho
aby faltar
abyky manejar
agwéra penugem
ai, ay preguiça
aib(a) mau
aity ninho
ajýra sobrinha
akakuwab crescer
akamby forquilha
akánga cabeça
akapé barriga
andirá morcego
akub quente
akue(i)pe ali
ama ficar em pé
aman(a) chuva
amanyjú algodão
ambé pubis
amiminõ neta
anga alma
ape, pe caminho
apekun língua
apekuitá alvoroço
apiá testículos
apiaók castrar
apó raiz
apó fazer
apuña narinas
apurupã bater
apysá ouvido
-ar (agente)
-aro esperar
?arõ como
asé (1a.p.pl.)
asem gritar
así doer
asoyába cobertura
asúi cobrir
asuk banhar
atimã voltar
atykã fixar
atúba sogro
ayby abaixar
ayra-rama esperma
ayuru papagaio
-be (locativo)
bebe voar
bebuy boiar
beráb brilhar
?é dizer
ebokwéi esse
egujá rato
eir mel
eirúba abelha
ejár deixar
ekár procurar
ekoateyma avareza
ekobé vida
ekobiár trocar
ekokwába ciência
emiarirõ neto
en derramar
ené você
enipi?ã joelho
enondé em frente de
enosém acima
eõ morte
eõngwéra cadáver
epy pagar
epyak ver
ere-, e 2a. p. s.
eréb lamber
erimbue quando ?
esé com
etama habitacão
eté corpo
etomemwã acidente
etypy bochecha
gwejyb descer
he- (2a.p.s.)
i, ý água
iaguaia cachorro
iaíte disforme
i?e, ye estômago
i?e, ye intestinos, entranhas
iké aqui
iké entrar
ira mel
irõ furioso
irunmo com
irundy(k) quatro
ita pedra
îúka podre
jaboti cágado
jaçapé capim-sapé
jacaré jacaré
ja’ó chaga
jý machado
kaa folha
kaba vespa
kambý leite
ka?i macaco
kámú mamar
kane?õ cansado
kapi?in capim
kay queimar
kaytab queimada
-pwer pretérito
ker(a) dormir
kó roça
kuñãmuu moça
kuñãtai menina
kupe costas
kurumi menino
kuruminguasu moço
kwati quati
kwatiar desenhar
kycé faca
kyra, ybýra verde, imaturo
kyra gordo
maenduára pensar
manõ morrer
mbae coisa
méb chata
me?eng dar
memír filho
ména casamento
mimway empregado
miny mover
mixiri assar
mo (causativo)
moatyr reunir
moendy iluminar
moîasuka lavar
mokáb espingarda
mokoño poucos
mokúára furar
momendara casar(-se)
mondóka cortar
mono enviar
mopunga inchar
mosýke puxar
ña?en prato
ñana, án correr
ñenengára cantar
ob folha
obá rosto
okéna porta
o?o carne
opwán ultrapassar
paí pai
pakobá banana
panakun cesto
pari torcido
pa?un espaço
pe caminho
pepó asa
peyé tu (impera.)
peyu soprar
pi, py pé
pindaeitýka pescar
pinõ peidar
pire pele
pira peixe
pirang vermelho
pisare noite
pitang vermelho
pituen respirar
po mão
pó fibra
pi?ír colar
por cheio
pór pular
porabyký trabalhar
porãga correto
-poraseia dançar
potar querer
poti?a peito
poxy mau
pu?am ficar em pé
puká rir
pukuitaba remo
puruã umbigo
poxý mau
pwã dedo
pyá coração
pytá ficar
pytuna escuro
reme, neme se
rupí por
ruru molhado
s- (3a.p.)
sakypwéri atrás de
sapukáy galinha
sapukáya galo
sem sair
-sar (agente)
si, sy mãe
si, sy irmã da mãe
só, co ir
soó animal
suasú veado
su?u morder
taba aldeia
takwar taquara
tapiira anta
tatapyi brasa
tatating fumaça
tatú tatu
taîasu porco
tejú lagarto
temõm balançar
tendyra irmã (i), filha da irmã da mãe
ti, ty urina
tipáb seco
tukán tucano
Tupã Deus
tupã trovão
urapára arco
ub pai
uba deitado
uku longo
un preto
unyripe embaixo
u?ub(a) flecha
ur vir
uru recipiente
uyara hoje
voiké acolher
wang vermelho
waomi velha
wimirib longe
ý, i água, rio
ya’?en panela
yakare jacaré
yar tomar
yarõ bravo
ybaté alto
yby terra
ybykui areia
ybýra primo
ycypó cipó
yebir voltar
ye?eng falar
yembiîeia praia
yguepoin tripas
yemosaray brincar
yi, yy machado
yo?ok cavar
yur, ur vir