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LEMOYNE
Copyright © 2021
D. A. LEMOYNE
dalemoynewriter@gmail.com
Copyright © 2021 por D. A. Lemoyne
Oviedo, é um volume único. Por ser com casais diferentes, cada livro
da saga pode ser lido separadamente, mas é provável que o
posterior contenha spoilers dos anteriores.
transforma em paixão.
sempre.
A todos aqueles que amam os Irmãos Oviedo e estavam esperando
pelo livro da nossa caçula.
anteriores.
D.A. Lemoyne
MARTINA
Boston - Massachusetts
Loucura real.
Eu li essa frase outro dia, em um livro que peguei escondido na
ocasião, mas acho que deve ser algo bem próximo do que vejo hoje,
quando o motorista da minha família estaciona em frente à casa dos
meus pais.
Há pelo menos meia dúzia de veículos parados na entrada
principal.
e Rafe. Apesar de nenhum deles morar mais aqui, nos reunimos nos
almoços de domingo.
meus pais, sou eu, a caçula. Aquela que leva bronca de todo mundo
e que ainda por cima, é a única mulher do grupo, já que mamãe não
O que menos fica no meu pé é Rafe, acho que por ser o segundo
mais novo, mesmo que a diferença de idade entre nós lhe dê o status
irmão Joaquín[2].
brinca e sorri.
— Oh, sim. Está tudo aqui, mas terei que pesquisar mais a fundo
na internet.
Ele ri, balançando a cabeça.
— Apesar de que consigo ver uma semelhança entre eles — falo.
trabalho, mas minha mãe sempre fala que acha a franja bonitinha e
para ser sincera, eu não me importo muito com minha aparência.
disse que não vou crescer muito porque puxei à família de mamãe na
altura.
— Foi muito bom fazer essa viagem com você, Simon. Até a
próxima, companheiro!
Ele ri de novo. Sempre brincamos assim. Tenho uma imaginação
Agora sei que é sério. Ele nunca vem à nossa casa durante a
semana.
ficar.
E naquele dia, a menina sonhadora que eu era experimentava pela
primeira vez o que é sentir medo.
Capítulo 1
MARTINA
Boston – Massachusetts
— Não entendi.
está a coisa: não vim para Boston forçado. Quero passar o sábado
com a minha irmãzinha.
viajar. Ele precisa aproveitar mais a vida depois do susto que tomou.
ver papai em um hospital foi muito assustador. Mesmo que ele tenha
se recuperado rápido, agora todos os filhos — e acho que eu, em
especial — sentimos medo.
ele não poderia continuar assim. Isso fez com que meus irmãos o
para que os dois possam curtir um pouco a vida — o que faz com
que os quatro Oviedo acreditem que precisam tomar conta de mim.
— Eu poderia ficar com Lori. Sabe que não vou fazer nada de
— Você entendeu.
— Jura?
— Claro que sim, Martina. Agora, vá trocar de roupa e
— Sempre.
caindo no olho.
Não vou dizer que não sou mais criança porque brigar com
meu futuro amigo é burrice.
adultos que vêm à nossa casa, fora os meus irmãos, são ainda mais
velhos do que você.
— Por conta desse seu plano que estou aqui hoje? Tramou
isso? Disse à minha mãe para me convidar para o almoço?
— Bom, temos que nos falar ao menos uma vez por semana.
Pode ser pessoalmente ou no telefone. Mas principalmente, você
Boston – Massachusetts
Meses depois
Martina Oviedo.
A caçula da minha segunda família e irmã do meu amigo, Rafe.
dar de presente.
Com vinte e três anos, a última coisa que pensei foi ter como
amiga esse projeto de gente.
Nada pessoal, mas com tanto para fazer e mulheres por todos os
lados, para que perder tempo com uma adolescente de treze anos
Balanço a cabeça.
não lhe dei atenção. E você sabe o quê? Há muito não conversava
defeito.
internet.
Não sei se ela tem redes sociais porque eu mesmo não entro nas
minhas, mas acho perigoso uma menina tão inocente ficar exposta.
Martina pode ter quase quatorze anos, mas é imatura para sua idade
e às vezes me esqueço de que já não é mais uma criança.
por semanas.
Assim, por conta da minha cabeça quente, o time no qual jogo
Não é difícil para os pais assumirem que seus filhos estão bem,
principalmente porque Martina parece viver em um mundo só dela.
Super Bowl[8] após dez anos de jejum, o que fez com que meu passe
corpos.
Com tudo isso, me desvinculei da vida a que estava acostumado e
família — os Oviedo.
Olhando para trás, vejo que fugi dos Oviedo mesmo antes que
minhas responsabilidades com o meu time roubassem todo o tempo
livre. A verdade é que desde a morte do meu pai, há seis anos, era
para ver seu rostinho quando lhe der todos os livros que comprei
para ela ao longo dos anos. A cada lugar que eu ia, entrava em uma
livraria e comprava um livro para Martina. Acho que era uma maneira
conseguirei superar.
E também o motivo. Um segredo que somente eu sei e que me
distância.
era, aos treze anos, a garota mais inteligente que eu conhecia e com
céu é o limite.
É estranho como eu a coloquei, junto com o meu passado, em um
de ser eleito meu amigo, tá? Preciso provar a mim mesma que
posso ser simpática com pessoas de fora da família.
recuperar.
Estaciono em frente à casa dos Oviedo, em dúvida sobre ir pedir
ajuda para pegarem os livros de uma vez ou esperar para falar com
expressar.
Saio do carro, decidido a não levar os livros comigo. Quero que
Toco a campainha e pela altura das vozes lá dentro, sei que todos
já chegaram.
Juro por Deus que ela poderia ser uma dama da era vitoriana.
— Martina?
minha família. Isso nunca mudará. Não importa que não tenhamos o
mesmo sangue.
Sem poder esperar mais, caminho ao encontro dos meus amigos
ansiosos o caminho.
Martina?
De jeito nenhum!
AVC.
Palavras de Isabel: Raul, Martina volta a ser minha filhinha feliz
maldito covarde.
A voz é de uma garota crescida, em nada lembrando minha doce
princesinha entusiasmada de alguns anos e sinto meu intestino
— Martina.
Sim, uma única palavra é tudo do que sou capaz.
De repente, não quero mais estar aqui, ao mesmo tempo em que
penso o que diabos vou fazer com todos os livros no meu porta-
malas. Quando parti, eles eram sua paixão. Agora ela só deve
querer saber de sair como as garotas de sua idade.
MARTINA
Boston – Massachusetts
Um ano depois
meu joelho voltou a doer por causa dos meus treinos de ginástica
nervosismo mesmo que ainda falte cerca de uma hora para irmos ao
restaurante e, consequentemente, encontrá-lo.
Deus, por que ouvi meu irmão quando ele disse que eu deveria
praticar esportes? Foi uma reação em cadeia: se eu nunca tivesse
entrado para o time de ginástica olímpica, não machucaria o joelho,
autora independente.
A única coisa é que nunca poderei mostrar o rosto e também terei
que usar um pseudônimo porque algumas cenas dos livros que eu
certo?
casa, e, até mesmo Guillermo, que parece nunca ter tempo livre para
nada, é praticante de jiu-jitsu desde que praticamente aprendeu a
andar.
Quase morro de susto com o sinal indicando a parada do elevador
e quando não me movo, mamãe segura meu braço, me direcionando
para o consultório.
fazer a silenciosa.
falta.
Até porque, quem quer ser amiga de um cara que já beijou todas
pegar sapinho.
Tem um garoto da minha escola que pegou. Ele fez uma aposta e
em uma única festa ficou com vinte e cinco garotas — ou bocas, dá
nervosismo.
— Isabel, Martina — Raul fala e somente então percebo que
estava divagando.
rejeitado!
— Que prazer ter as minhas meninas aqui! — Diz e percebo que
hoje ele resolveu ser o filho para mamãe e o irmão legalzão para
mim, apesar de eu ter certeza de que é um teatrinho. Duvido que ele
como um bebê.
Finalmente me obrigo a levantar o olhar, mas foco em sua boca,
involuntário.
Olho para ele com o que espero que seja um olhar rosnado.
joelho?
— Nada, tia Aurora, acho que nem precisava ter vindo —
MARTINA
que nos vimos sem querer em uma festa, há cerca de três meses.
Na ocasião, eu estava conversando com o filho de um senador e
— Sua mãe não sabe ainda, mas acha que não é nada grave.
Pediu exames.
já superei isso.
— Posso ver?
Ao contrário de mim, eu sei que ele está olhando meu rosto e não
o joelho.
Na verdade, até agora não fez nada a não ser ficar ajoelhado
como um príncipe encantado — o que nós dois sabemos que ele não
é.
— Vou ver seu joelho.
barriga.
— Não seja teimosa.
Não consigo entender a razão, mas me sinto traída. Então ele fala
com a minha mãe, mas não comigo?
Isso me diz que não me procura porque não quer.
depois de um treino?
Bufo, segurando a vontade de mandá-lo cuidar da própria vida.
Era o que eu deveria fazer. O problema é que estou gostando de tê-
lo tão perto.
— Sim, doeu depois do último treino. Mas já está assim há
antes?
É normal sentir minha pele esquentar por causa desse tom meio
por ele. Já pensei nisso diversas vezes e acho que talvez tenha sido
desde que ele se mudou para Seattle e passei a acompanhar seus
comigo?
caramba.
Como assim ele se aproxima e só quando estava começando a
mexe comigo.
formando.
— O quê?
— Eu disse a você. Falo com sua mãe toda semana. Sei que sai
Raul Guzmán?
mim.
garotinha.
Estamos bem perto agora, olho no olho e acho que nossos genes
espanhóis atingiram o pleno funcionamento, porque posso sentir a
porta.
Capítulo 5
RAUL
No mesmo dia
isso.
Não pode acontecer nada entre nós e não apenas por causa da
A noite em que fui à festa na casa dos Oviedo, foi a única vez em
Melhor assim.
Nas raras vezes em que a encontro, ela está mais adulta e a
Chega.
Em minha defesa, juro que quando pedi para ver seu joelho, foi
por preocupação real. Lesões são tão comuns em minha vida
enfrentou.
Eu gosto dessa nuance esquentada. Talvez se ela tivesse se
menos.
Restaurante Ocean Prime
Ela ainda está brava. Mesmo evitando o contato visual, cada vez
um gemido.
Olho para Martina e ela está com o rosto meio arroxeado, o que
imediatamente desperta meu interesse no assunto.
debutante[11].
— Raul, eu não acredito que você não telefonou para Martina para
Dezoito anos.
Foi por causa disso que eu, inconscientemente quis vê-la hoje?
Para mim não faz diferença. Ela continua tão proibida quanto
sempre.
Isabel.
resmunga.
— Mas não como adulta, minha filha. Apesar de que eles só terão
RAUL
Na noite da festa
que existe além da capa e com a minha mãe, eu finjo: ser feliz,
tentação.
gostará.
Estou determinado a consertar nosso relacionamento.
Entro no clube e imediatamente avisto a família reunida em torno
de um mar de tecido branco.
meus planos.
nuca.
quando acho que já serei ouvido, chamo seu nome antes de pensar
— Martina.
Sei que todo o clã Oviedo, assim como minha mãe, me encaram
pouco.
— Não vai falar comigo?
voltou para Boston que não quer mais ser meu amigo e também sei
que odeia usar terno. Então, não vejo razão para estar aqui. Teve
se estivesse sufocando.
Bom saber que eu não estou sozinho em minha obsessão. Ela
também me vigia, pelo visto.
— Estou aqui porque não quero mais manter distância.
— Vem comigo.
Não foi exatamente um convite, uma vez que não lhe dou opção de
recusar. Imediatamente após falar, a conduzo para a varanda.
— Aonde você está me levando?
dentro do bolso.
Ela não faz qualquer movimento para alcançá-la, então tenho que
— Abra.
Sua cabeça está baixa, focada na joia, mas sei que está sorrindo.
— Você se lembrou do meu amor por livros.
porque falar aquilo em voz alta não é muito confortável, embora seja
verdade.
— E essa bola?
— Então gostou?
chafurdando em merda.
— Obrigada. — Diz, esticando o pulso na minha direção para que
inferno.
— Vem cá, Martina.
Capítulo 7
MARTINA
seus braços.
Será que vai se afastar como no outro dia em que pareceu
— Fazer o quê?
Não recebo uma resposta. Ao invés, ele me ergue do chão,
Abrindo a boca, deixo minha língua passear por seu lábio inferior.
lábio.
Algo parecido com um rosnado sai dele e me afasto, temendo tê-
lo machucado.
Quero que ele faça coisas que não sei explicar. Toque-me em
Ele me puxa para tão perto que sinto o contorno de suas pernas
A voz de Rafe nos traz de volta à realidade, mas Raul não parece
Sei que temos pouco tempo para nos afastar antes que meu
irmão chegue à varanda, mas somos ambos adultos aqui, então por
que nos escondermos?
— Estamos aqui, Rafe — respondo, mas sem conseguir parar de
nele. Sem dar a mínima para Rafe, Raul pega minha mão,
entrelaçando nossos dedos.
— Mamãe disse que o jantar será servido em poucos minutos.
disso, chego mais perto dele e trazendo sua mão para os meus
lábios, deixo um beijo na palma.
— Obrigada.
Quando o olho, já sinto sua perda.
Não seja tola, Martina. Hoje foi uma exceção. Se você não partir,
vai se machucar muito feio. Não se esqueça de quem ele é.
— Pelo quê?
— E o que mais?
— Pela pulseira — continuo, movendo-a e fazendo os pingentes
balançarem.
— Foi por um motivo egoísta. Você vai me carregar o dia todo,
mesmo quando estiver com raiva de mim.
Meu nome sai como uma prece e tudo o que eu queria era poder
esquecer a festa. Gostaria que me levasse com ele, tirasse meu
No entanto, sei que isso não vai acontecer. Raul, por conta das
nossas famílias, nunca iria além de beijos comigo.
E é isso o que eu gostaria? Dormir com um cara por uma noite,
MARTINA
Paris — França
Um ano depois
minutos, sem acreditar que largaram suas vidas para vir ficar
comigo.
profissão: a de escritora.
É, eu consegui.
meus livros têm sido um sucesso atrás do outro — o que fez um bem
caidinho por você em uma semana”, foi direto para o top um dos
mais vendidos da Amazon americana.
ultraconservador.
No geral, posso dizer que sou feliz, embora haja um buraco, que
O primeiro e único.
Sim, eu dei alguns beijos enquanto viajei e conheci pessoas. Eu
energia.
O que sinto por Raul é físico, não tem nada a ver com amor,
assim, não tenho por que me importar com a maneira como ele leva
a vida.
A coisa mais estúpida que eu poderia fazer, seria me apaixonar
RAUL
Boston
Noiva?
Porra!
Quem fica noiva antes dos vinte anos? E ainda por cima, com
Foda-me!
distância.
terminado.
Espera, eu não estou dizendo que não queria fazer aquilo — não
estragar tudo.
Quase me parabenizo pela linha de pensamento racional.
Congo[19]?
Os quatro advogados já fizeram essa pergunta uma dezena de
escritório.
— Nada do que disserem vai mudar minha decisão.
— Mas desse modo você estará investindo indiretamente na ilha
de Amasitano, já que eles consomem quase toda a produção de
doutor Raul…
— Se me chamar de doutor novamente está despedido.
Ele me olha sem jeito, mas sabe que não estou brincando.
produção.
— É uma via de mão dupla. Eles também dependerão de mim
que fornecerei.
Pela primeira vez, eles prestam atenção ao que estou dizendo.
— Não. Por que haveria? Nunca pus meus pés naquela ilha ou
comprei uma de suas joias. Como eu disse antes, herdei do meu pai
o faro para bons negócios e tenho certeza de que minha intuição
está certa.
Mais tarde
pessoal.
Não há uma resposta simples para isso, mas a melhor, seria que
pudesse sobre ele, mas não foi descoberto nada além de que o
magoá-la?
MARTINA
Um mês depois
Boston
Quero dizer, sei que minha futura sogra não é a pessoa mais fofa
família.
Olho o meu noivo e suspiro aliviada quando vejo que ele está
interagindo com todos.
isso porque tirando Rafe, nenhum dos meus irmãos é. Nem mesmo
eu o conheço bem demais para não saber que parte do que ele
mostra para o mundo é fachada. Acho que no fundo, Gael prefere o
a cabeça.
uma escritora.
Um príncipe de verdade? Que menina não sonhou com isso?
oito silenciosos[21].
Por serem homens feitos, achei lindo a maneira como se
brincadeira.
Por outro lado, me sinto uma farsa.
intocável.
Quando começamos a namorar, pensei que aos poucos, a
totalitaristas?
Não acho que esse tipo de arranjo me seja viável.
Abrir mão de uma vida livre por alguém a quem não amo e que
também não está apaixonado por mim? Não faz o menor sentido.
— Depende de Martina. — Ouço meu noivo dizer e me volto para
encará-lo, sorrindo.
— Você o ama?
fadas.
nós. Não sou perfeita e muito menos uma princesa, mãe. Falo alto e
minha filha.
— Como Raul?
Sinto-me quente por dentro à simples menção do nome dele.
Ela sorri.
— As pessoas mudam. Seu pai também não era fácil quando mais
jovem, mas eu o coloquei na linha bem rápido.
— Jura?
Fico chocada.
Meu pai, com aquela cara de santo?
— Se ele lhe der uma chance, talvez. Mas não estamos falando
do seu irmão. O que estou querendo dizer é que as pessoas mudam.
que não seja ele o seu eleito, você é muito jovem. Não faltará
oportunidade de conhecer outros homens. Não enterre sua vida
MARTINA
inadequada.
Mesmo quando eu era uma adolescente introspectiva — o que
amargurado.
único além de mamãe que sabe como estou me sentindo. Claro que
que ele sempre viveu e, embora depois de morar sozinha por mais
passo.
Ele era muito ligado ao pai, então como eu poderia acabar nosso
parte.
que poderia corrigir o erro que havia cometido ao aceitar ser sua
esposa, meu mundo desapareceu sob meus pés quando, após quase
uma década, papai teve outro AVC — dessa vez, muito mais sério do
que o primeiro.
Tranquei a faculdade e voltei para Boston. Fiquei lá por um mês,
viajando.
Dei graças a Deus que não ligou, porque com o meu universo
cada vez que ouço sua mãe dizer que o casamento tem que ser
marcado o quanto antes, me sinto enjoada.
vida.
Guillermo me disse que procrastinar não resolve problemas,
Restaurante Arpège
Normalmente eu preferiria um bistrô: o Café Constant ou qualquer
um dos outros do chef Christian Constant, que me foram
recomendados por Lilly, mas hoje, estou grata que estejamos em um
Vicenzzo.
Perfeito e silencioso.
príncipe da vida real seria emocionante, mas parece que quanto mais
nosso noivado.
O único sinal de emoção em seu rosto, é uma contração no
maxilar quadrado.
Sem que eu consiga controlar, minha mente viaja até meu gigante
quarterback. Se eu e Raul estivéssemos terminando um
dali. Mas com certeza não haveria nada de contido nessa conversa.
O sangue espanhol correndo nas veias de ambos não permitiria.
assim. Tenho a boca suja e sei tantos palavrões que causariam uma
dois dias seguidos porque até nisso sou inconstante. E o que é pior:
não quero ter cada espirro meu documentado em revistas de
celebridades.
sofrer.
em minha decisão.
— Preciso que me dê algumas semanas. Farei um anúncio público
quando pensou que disporia de muitos anos pela frente ainda para
se preparar.
— Vou somente viver minha vida como sempre fiz, Vicenzzo. Não
MARTINA
Boston
feliz que merece e como um bônus de Deus, sua eleita, Olívia, é uma
pessoa maravilhosa.
Me aproximo deles com o celular a postos.
— Sorriam.
— Odeio mesmo, mas sempre guardo uma dança anual para uma
Rio alto.
— Já vai passar.
amor de Deus!
para ele.
O problema é que, ao fingir que ainda somos noivos, acabo tendo
trancada em casa.
Após aquela conversa com a minha mãe há alguns meses, sobre
terminar meu noivado com Vicenzzo, ela comprou um apartamento
para mim. Intuiu que quando eu voltasse para Boston, não iria mais
querer ficar com eles depois de ter experimentado a liberdade de ter
Eca!
Certo, o nome não é muito bonito, mas é verdadeiro. Nunca o
chamou assim perto de mim porque eu jogaria a primeira coisa que
aquelas que nunca seriam namoradas, mas que também não ficariam
por uma noite só.
Além do fato de que meu irmão é muito famoso. Seu rosto é
seu noivo.
— Vicenzzo não precisa ser bajulado — defendo. — Se coloque
outros.
— Fora o fato de que não posso ter uma vida social por ora, não
Horas depois
— Talvez seja alguma coisa do destino isso de só nos
encontrarmos em festas.
Paro de andar. Pernas e cérebro congelados.
chamado.
um passe de mágica.
Em segundos, eu entendo a razão de nunca ter conseguido
surpreendi.
nós dois.
quando dou por mim, minha mão está subindo e descendo pelas
costas dele.
O desejo que sempre esteve presente tentar vir à superfície,
— Por um tempo.
deve ter saído com mais mulheres do que meus anos de vida
multiplicados por três.
estava comprometida com outro até pouco tempo. Ciúme nunca foi e
Se ele soubesse que nós nunca fizemos mais do que nos beijar e
trocar algumas carícias por cima da roupa, provavelmente riria.
denuncie, já que a vontade que sinto é de tirar sua roupa para que
me mostre o que significa aquele fazer direito.
contenção.
— É aí que você se engana. Nós dois fazemos muito sexo.
Assim que meu acordo com meu ex-noivo chegar ao fim, vou
RAUL
minhas empresas.
Farras como eu costumava fazer no passado não tem sido mais o
É culpa dela.
Desde que a vi no casamento de Guillermo, tenho uma sensação
la.
que sou uma merda. Já sou grosso para falar cara a cara, então
ficar dizendo amenidades via texto não é algo com que eu saiba
trabalhar. Até porque, por experiência própria, não há palavras em
momentos como esse, em que somos confrontados com a morte,
Sim, isso mesmo, idiota. Não há outro nome que eu possa chamar
alguém que deixa uma mulher linda como Martina ficar longe por
tanto tempo.
E pensar nisso, me faz lembrar de como terminou nosso encontro
e que também é a razão de eu estar aqui hoje, com alguém que não
quero.
Desde que eu soube que ela voltou, há pouco mais de um mês,
descontrolei.
E agora estou aqui, tentando provar a mim mesmo que não dou a
que a decisão saia das minhas mãos porque a verdade é que não
tenho certeza se poderei levar isso adiante.
nós.
— Olha, você é linda para caralho, mas vou te levar para casa.
Acabo de lembrar que tenho treino logo cedo pela manhã.
Eu me tornei um pau.
assim, um pau.
Ligo o carro, mas ela segura meu braço.
boate.
Olho para ela, desconfiado, mas não vejo qualquer sinal de que
passagem para ela sair, mas enquanto estou digitando o código para
orelha.
Antes que eu consiga afastá-la, a porta do apartamento se abre e
MARTINA
direito.
Em meus livros, já escrevi cenas de ciúme entre casais. Nelas, as
mulheres ou os homens sofriam, ficavam magoados ou viravam as
A mulher finalmente olha para trás, mesmo que ainda não pareça
disposta a soltá-lo, nem se sua vida dependesse disso.
vai dizer.
— E o meu orgasmo?
É a gota d’água. Sei que preciso sair daqui ou vou dizer ou fazer
embora.
Danem-se os dois.
— Noiva, é?
— Você estragou meu programa. Achei justo devolver.
— Você é comprometida.
Merda! Esqueci que ele não sabe que estou livre.
apartamento?
— Como sabe que eu tenho um?
— Responda.
Dou de ombros.
— Estou sozinha — confesso, mas ainda não me dou por vencida.
excitada.
— Ela não é minha nada.
— Sei…
da farsa sobre o noivado e que eu não deveria lhe enviar sinais para
seguir em frente, apesar de saber que é exatamente isso o que
estou fazendo.
Como no dia em que dançamos, ele se curva, a boca quase
tocando, sem tocar, o lóbulo da minha orelha.
ver, pela maneira como os seus mamilos estão duros, que me quer
também, mas não fico com a mulher de outro.
— Eu….
sinto seu hálito bem perto do meu ouvido. — Mas não me importaria
de assistir se quiser me mostrar o quão fértil é sua imaginação
— E quanto a mim?
Engulo em seco.
— E então o quê?
Porque esse é Raul e por mais química que exista entre nós, eu
nunca serei nada além do que as outras para ele: uma transa.
RAUL
Ela vai para o outro lado da sala em tempo recorde, embora não
pareça com medo, mas prestes a me matar.
mim mesmo.
E quer saber de uma coisa? Posso não entender muito de
— É complicado.
— Então não nega?
— O quê?
— Que não está apaixonada?
é uma mentira. Todo o meu corpo ainda é pura tensão por conta da
nossa proximidade de há pouco. Não ajuda que ela não pareça
consciente de estar usando uma camisola de seda — sem sutiã — e
curtinha.
despertou.
relação às fantasias.
— Nem sempre uso uma cama. Onde está sua imaginação agora?
— Você é um porco.
— Estou brincando. — Parcialmente, mas não acho que seja
e ela dá risada.
— Isso tudo também, egomaníaco.
meu desejo.
— Talvez eu não saiba o que é estar apaixonado, mas consigo ter
uma boa noção do que é não estar.
juntos.
Ela agora está tão perto que é difícil lembrar do que estamos
falando.
— Sua proposta é muito tentadora, Raul, mas como disse antes,
sei me divertir sozinha. Você falou que gostaria de assistir enquanto
decidi ir.
Lincoln é o namorado dela. No começo, achei esquisito ver minha
mãe com um homem que não fosse o meu pai, mas precisei apenas
Ela ri.
— Me dá uma carona? Espero você ao meio dia e meia aqui em
casa. Vou avisar Isabel que irá. Ela vai amar revê-lo.
MARTINA
muito mal-humorada.
Eu não deveria ter provocado Raul ontem, mas não resisti. A
então quando tive a chance, não pude refrear meu desejo de instigá-
lo.
preciso resolver meus problemas por partes: amanhã vou ligar para
Vicenzzo e falar que cheguei ao meu limite.
Uma coisa que me intrigou foi Raul dizer que não me tocaria
cabeceira que ainda falta uma hora para eu ter que ir para a casa
terminar tarde e depois que sair de lá, já posso dar o dia como
perdido.
para Boston, insinuando que não estou cumprindo meu papel como
tanto tempo da Europa, mas fora isso, não temos nos falado.
Como ela não sabe que eu e Vicenzzo terminamos, perdoei
sua chatice das outras vezes em que ligou mandando indiretas, mas
falar com ela em um domingo pela manhã não está entre as minhas
está com os dias contados e que logo que Vicenzzo anunciar nosso
rompimento eu nunca mais precisarei vê-la, me faz ficar um pouco
mais tolerante.
Ainda assim, estou seriamente tentada a ignorar o celular,
é quase noite.
Minha primeira revirada de olhos não levou um minuto para
aquilo. Por mais que sempre tenha sido fria comigo, jamais foi
grosseira como está sendo agora.
peito.
— Tudo: que você e meu filho estão tentando romper o
fracas.
Tomo algumas respirações para me acalmar, mas não
adianta.
— Pense o que quiser de mim, Ornella, — digo, jogando a
o que está em jogo são meus parentes. Posso virar uma selvagem
se for preciso, para defendê-los.
— Eu percebi que vocês têm essa necessidade vulgar de
pseudônimo?
de invasão de privacidade.
confronto físico com alguém, mas com ele havia uma pegada de
profissão. Meus livros têm sexo, e daí? Se ainda não sabe, Vossa
o mal já está feito e eu não vou voltar atrás. Não arrastará o nome
cabeça latejar.
— Quero uns dias para pensar a respeito.
MARTINA
Nem sei como cheguei à casa dos meus pais. Minha cabeça
escrever para mim, é uma das mais importantes, pois nos ajuda a
sonhar.
O que é uma perfeita história para um, pode ser maçante para outro
escrevo.
Quando desliguei o telefone, eu estava tão louca da vida,
que minha vontade era ir para a varanda do apartamento de Rafe e
E se não fiz isso, foi por amar minha família acima de tudo.
Antes de tomar uma decisão, preciso conferir com eles essa história
sobre o resort. Por isso, pedi uma semana a aquela mulher, não por
medo.
Ela me disse que Vicenzzo ficará um mês incomunicável, o
minha vida, é que ninguém vai determinar meu futuro contra minha
vontade.
algum, mas não quero que essa merda exploda no colo do meu
irmão porque eu sei, baseada na perseguição da imprensa em cima
está por perto. Queria chamá-lo para almoçar somente nós dois,
mas quando vem a Boston para nossas reuniões de domingo, toma
o voo de volta para a California — ou para qualquer outro lugar onde
quando sinto uma presença atrás de mim e não ajuda que, ao virar
para trás, me deparo com a razão da minha madrugada em claro.
pergunta.
— Sim.
— Não vou ter um caso com você, Guzmán.
merda?
— É complicado — respondo, evasiva.
Que bom que ele tem autocontrole, porque eu sei que não
tenho, assim como sei que sou livre, o que só piora a situação.
— Precisa?
Ele acena com a cabeça.
— Palavra de escoteiro.
Minutos depois
— Alguém sabe como anda a negociação para a construção
de hotéis Caldwell-Oviedo.
Eu gostaria de falar diretamente com o meu irmão Guillermo,
mas ele está em lua de mel e não posso esperar mais duas
respeitados.
— Por que é tão importante construir lá? Há vários outros
minha família.
E isso, no momento, é muito perigoso.
Capítulo 18
MARTINA
— Martina.
— Eu não quero falar sobre isso. — De que adiantaria? Ele
não pode me ajudar. — É melhor irmos embora. Há uma chance de
que nossa família inteira esteja nos olhando nesse exato momento.
Minutos depois
Nossos olhares estão presos enquanto subimos no elevador.
— Gosto de desafios.
— Eu sou um desafio?
— Em mais de uma maneira, mas no momento estava
como você.
— Não me fale esse tipo de coisa.
— Por que não? É a verdade, Martina. Você é linda e
vibrante.
casa.
Vesti um shorts e uma camiseta porque quero me sentir
confortável.
— O que houve?
— Eu gostaria de já poder beber. — Confesso.
gigante sexy.
paraíso.
Antes que eu possa me envergonhar ainda mais, escolho uma
pessoalmente?
Ele solta o livro ao seu lado, no sofá e olha para mim com um
v se formando no meio da testa.
RAUL
acabei de ler.
— Há uma razão para eu ter te contado isso. Hoje cedo você me
Meu olhos seguem direto para seu dedo anelar da mão direita e
para aquilo então, para não seguir no papel de idiota que tenho
— Ex-sogra.
— Certo. Ex-sogra. Fale.
Enquanto a escuto explicar a razão de ter fingido continuar noiva,
Filho da puta egoísta. Será que ele não imaginou que ela seria
— Ornella? — Pergunta.
nome?
pegando de surpresa.
— Como assim?
e ameaçou tornar isso público. Ninguém sabe, Raul. Nem meus pais
e irmãos. Uma assessora me representa em eventos e contratos.
— Obrigada.
— Deixa eu terminar. Mesmo que não escrevesse tão bem assim,
ainda que seus livros fossem pornografia pura, ninguém tem o direito
de lhe dizer o que fazer, Martina.
— Eu não tenho vergonha dos meus livros, só não havia
é isso então? Ela está usando seu amor pela sua família para
manipulá-la?
— Resumindo, sim.
durante anos, não vai ser uma família vinda do fim do mundo que a
magoará.
Por outro lado, é como se a vida estivesse me dando uma chance
da minha cabeça.
Eu a ajudaria de qualquer jeito, mas Martina não precisa saber
disso.
sairemos lucrando.
— Por que está me olhando desse jeito? — Pergunta.
— De que jeito?
MARTINA
calcinha.
Droga. Eu nunca vou conseguir ser imune a ele, mas tento assim
mesmo, porque aquele sorriso deixa as mulheres incapazes de
sinto porque ele está com um olhar que não esconde suas intenções.
Intenções essas que me deixam trêmula e um pouco ansiosa,
sua pele.
quem sou filha? Se tem uma coisa que aprendi na vida, é a negociar.
— Isso é chantagem.
— De jeito nenhum. Isso se chama troca justa.
Jesus Cristo, será que ele vai me pedir o que estou pensando?
louca implora.
— Eu topo — falo tão baixo que eu mesma quase não escuto e é
— Não ouvi, baby. O que foi que você disse? — Ele coloca a mão
esteja muito tentada a aceitar qualquer coisa que ele propuser, não
encalço.
— Só há uma condição — diz, sem olhar para trás.
— Não falamos nada sobre condições.
— Ninguém pode saber. Haja o que houver. Isso ficará entre nós
dois.
— Tudo bem — aceito, mesmo achando que vou me arrepender.
que Deus me deu para funcionar. Não vou ser sua amante, peguete,
foda amiga ou qualquer coisa que esteja passando pela sua cabeça.
corajosa, assumirá isso também, mas não era isso que eu iria
propor.
— Disse que não sabia o que queria em sua parte no acordo.
— Eu menti.
— Revelar isso não é uma boa maneira de iniciar uma negociação,
Guzmán.
— Viaje comigo durante a temporada dos jogos.
— O quê?
temporada. No meu quarto, o tempo todo, para onde quer que eu vá.
— Não farei sexo em troca de…
— O que acha?
— Não faço a menor ideia. Nunca vivi nada nem parecido, Raul.
— Um acordo.
— A temporada dura mais de quatro meses. Vão achar que
estamos comprometidos.
— E o que importa o que os outros pensam?
pegar ou largar.
dia.
— Podemos negociar.
Olho-o, nem um pouco segura do que estou fazendo, mas
— Tudo bem.
Capítulo 21
MARTINA
Boston
No dia seguinte
— Está me dizendo que vai viajar durante quatro meses com sua
paixão de adolescência?
— Não prestou atenção ao que eu falei antes, Lilly? Só irei para
de sua zona de conforto. Para ser sincera, nunca achei que esse
inconsequente.
Agora ela gargalha de verdade.
falando sério, por que acha que meu casamento nunca aconteceria?
— Não sei como responder a isso sem magoá-la. Tenho tentado
seres humanos mais incríveis que já conheci, mas por enquanto, Lilly
nos ajustar.
— Claro, Lilly. Não sei se gosto dessa sua versão com filtro.
Quem enfiou na sua cabeça essa ideia de que precisa mudar? Por
favor, volte a ser a minha Lilly de sempre. Não sei lidar com pessoas
sabemos disso. Ainda que essa decisão faça de mim uma idiota, eu
quero ir. Sou uma escritora e vivo no mundo da fantasia, mas agora,
decidi que preciso viver um pouco. E se isso trará de bônus eu me
comigo nos próximos meses, mas eu sei e o avisei que vou espantar
todas as modelos que tentarem se aproximar.
ler. Sabe que sou sua maior fã. E também a privilegiada que
conhece a identidade secreta de M Cabot Olson.
— Você, minha assessora, Raul e a megera italiana. Ah, e Olívia
também. A lista está crescendo.
Mais tarde
Olho para a mala arrumada em cima da cama, enquanto vejo
minha mãe entrar no quarto com mais um casaco. Ela deve pensar
que estou indo ao Polo Norte, não dentro dos Estados Unidos.
— Nunca se sabe.
— Por que você não está louca comigo por eu ter decidido viajar
com Raul?
Ela me abraça.
encontre?
Lilly, Nora, é uma mulher fria e tão ou mais cruel do que Ornella
Simonetta.
— Eu te amo, mamãe. Por favor, não conte aos rapazes por
Ela ri, mas depois passa os nós dos dedos em meu rosto.
— Mãe, estamos indo viajar como amigos. Ele não falou sobre
namoro e nem nada assim.
Como Raul me pediu, não contei a ela sobre o acordo, nem sobre
cometer erros.
Dou um beijo em sua bochecha enquanto considero o que ela
acabou de me dizer.
Talvez esteja certa. Além do mais, algo me diz que errar com Raul
será delicioso.
Capítulo 22
RAUL
No mesmo dia
Raul. Temos que ser cautelosos com essa negociação. Preciso ler
os contratos que firmamos com o governo de Amasitano sobre o
imediata.
— E qual justificativa dará para interromper o fornecimento?
o dono da mineradora.
— O que espera com isso?
minha equipe.
mas quero que quando nos falarmos, ela entenda o que estará em
jogo e que a ameaça de que eu aniquilarei a economia do seu país
negócios, que não têm ligação com joias ou com o dinheiro público:
A mãe, no entanto, não tem renda própria e duvido que Sua Alteza
satisfeito.
Um dia depois
cardíaco fulminante.
Mas eu, mais do que qualquer outra pessoa, sei da verdade.
Sinto seus olhos em mim e não tenho certeza de que ela acredita
no que acabei de dizer. Sempre tive a impressão de que Martina
sonhos, desejos.
— Eu gostaria de saber deles.
Ouço sua risada.
— Não tenho dúvida de que gostaria, mas essa coisa sobre
Seguro um sorriso.
Eu não pretendo.
Mas ao invés de abrir minhas intenções, pego uma rota
alternativa.
enferrujada.
rápido.
Europa, sozinha, por mais de dois anos, eu assumi que ela fosse
experiente, até porque, já foi noiva.
Embora eu não ache que Martina seja como eu, que já tive muito
dupla, né? Se pretende afastá-las para longe de mim, não pense que
MARTINA
Desculpe estourar sua bolha, Raul, mas você tem quase dois metros
de altura, é loiro e bonito para cacete. Seu rosto é tão conhecido
quanto a nota de um dólar. As mulheres conseguirão farejá-lo a
restaurante na estrada.
— Eu poderia esperar chegar no hotel.
cintura.
batida sequer.
O problema não é o charme de Raul, mas ele inteiro.
— Mas antes que você fale alguma das suas, vamos à minha
primeira. — Diz.
mas para isso eu teria que ter batido a cabeça. Quero que ele fique
público.
resort.
essa sua regra, eu disse que não tenho problemas com beijos —
falo, sem encará-lo e escuto sua risada baixa. — Ou muitos beijos.
No segundo seguinte, sua mão está na minha nuca e nossos
minha memória.
Ainda há uma pequena parte de mim que quer resistir, temerosa
mim.
Eu quero tocá-lo. Passar dedos e unhas no corpo delicioso e
másculo.
Pedir que me ensine a lhe dar prazer porque acabo de descobrir
que estou viciada nos sons de tesão que ele faz enquanto me
devora.
As fantasias reprimidas imploram para se tornarem realidade,
planeta.
Quando nos separamos, eu nem reclamo dele ter me beijado em
público.
Na verdade, mal consigo me sustentar sobre as pernas, enquanto
ele coloca a mão na parte baixa das minhas costas e me guia para o
restaurante.
Sentamos em uma mesa e em seguida uma garçonete vem anotar
Não quero que ele me leia tão fácil, então, tento puxar a mão, mas
ele não deixa. Ao invés disso, leva-a até o seu peito.
— Por quê?
doce depois.
Capítulo 24
MARTINA
Washington — DC[27]
completamente.
imprensa.
— Compartilhe, bonita.
possa aprender uma lição ou duas durante esse período que vamos
passar juntos.
— Não gosto de surpresas. Sempre reservo ou peço que alguém
da minha família, mas acho que foi melhor assim ou não duvido que
esperar sair.
— Tudo bem. Não pire com o que vou falar, mas eu reservei
— Festas, mulheres.
— Ahhh.
de que vá me arrepender.
— Pode me mostrar meu quarto? — Peço e sigo em direção à
— O que aconteceu?
Eu poderia fazer a indiferente e manter meu orgulho intacto, mas
não vou ficar quatro meses pisando em ovos com ele.
entendeu?
— Não tenho dono, Guzmán e se algum dia quisesse ter, não
seria um…
Dessa vez, quando ele me puxa para si, é uma investida quase
violenta.
Ele me traz para o seu colo, separando minhas coxas para que eu
Seguro sua cabeça e o trago para mim. Não perco tempo com
beijos suaves ou mordidas sutis. Eu quero tudo.
sua frustração.
— Chão. — Sugiro.
— Não vamos transar pela primeira vez no chão de um quarto de
hotel.
— Que seria?
— Foi maneira de dizer, baby. Vai aprender que posso adiar meu
Seus olhos estão escuros e me deixa louca ver que minha fome é
refletida nele.
musculoso.
Eu já o havia visto sem ela em um comercial de cueca boxer —
por que com ele é tão natural, como se tivéssemos feito aquilo desde
sempre.
— Mudou de ideia?
— Quanto a beijar e lamber você? De jeito nenhum. É sobre
outras coisa.
— Diga.
—Você vai rir se eu falar.
minha.
disso.
— Tão cheirosa.
— O que há de errado?
RAUL
— Defina transar.
— Dada a informação que acabou de soltar, não sei se está
tempo.
— Então, o quê?
— Digamos somente sexo convencional. Pare de fugir da
pergunta.
— Por quê?
me sinta envolvida.
— E seu noivo?
Ela levanta, com o rosto fechado.
envolvimento.
— E comigo?
— O que tem?
— Aprender?
frente apenas?
— Diferente como?
— Nós dois somos…. nós. Não uma foda de uma noite.
autoincriminar.
— Quer saber de uma coisa? — Diz, após perceber que não vou
Ela segue para o quarto, sem me dar chance de falar mais nada.
Eu a deixo ir. No momento, preciso acertar algumas coisas dentro
da minha cabeça, rever meus planos.
Horas depois
— Sua mãe me ligou hoje — ela diz, depois que sentamos no
restaurante.
É a primeira vez que fala comigo desde que discutimos mais cedo.
Sorrio.
— Claro que ela fez isso.
— E disse também para colocá-lo na linha, se necessário. Não é
vida do filho como uma sombra do mal, sempre pairando sobre ele.
que tomei um susto ao descobrir que ela era virgem. Martina parece,
— Não sei. Minha mãe não é assim. Ela adora Olívia, esposa de
— Tentou?
— Não houve tempo o suficiente para que eles se conhecessem
— Também acho que não, mas isso talvez seja porque ela tem
certeza de que jamais terá uma — diz, tentando fazer piada.
de planejar o futuro, mas ouvi-la declarar em voz alta que não terei
nada aquilo me traz um gosto amargo à boca.
— Acha que nunca vou me casar? — Pergunto e eu nem mesmo
crítica. Sua vida não me diz respeito — fala e nós dois sabemos que
está mentindo — mas sair com uma mulher por noite não fará com
que encontre sua outra metade.
— Não saio com uma mulher por noite há muito tempo e desde
chega um momento que cansa? Digo, uma boca diferente por noite,
corpos aleatórios.
envolver a sério com alguém porque não se acha capaz de ficar com
a mesma pessoa para sempre?
Dá um gole na água.
— Eu já estive.
— E não deu certo.
— Não, mas isso não significa que não continuarei tentando até
acertar — ela pausa. — Mas decidi que antes, quero viver livre por
RAUL
Ela quer viver e somente então decidir pela pessoa que a terá
para sempre. Deveria me trazer alívio, porque está muito perto do
que planejei, mas isso quando eu não sabia que ainda era virgem.
determinado a fazer alguma coisa para que ela volte ao seu modo
Boston, readaptar a vida aqui, mas ter que lidar com a mãe de
Vicenzzo, ainda que à distância, está desalinhando meu universo.
que enviaria uma estilista a Boston para tirar minhas medidas para o
vestido de noiva.
Balanço a cabeça.
— A sua também.
— Não acho que sua mãe consiga não gostar de alguém, Raul.
— Seduzindo-o.
— Mas isso não seria levar areia para a praia? Quero dizer, se o
cara é mulherengo, deve haver pouco sobre sexo que ele não saiba.
Ela não diz nada e quando olho para o lado, está sorrindo, focada
amanhã, né?
Ela estava de costas, mas agora se volta para mim. Usa um
mesma.
— Pensei que esse já fosse seu modo natural. Descontrolada.
— Não tenho como negar. Na maior parte do tempo, falo mais do
que deveria.
— Não mude nunca.
para mim.
— Fale-me sobre a sedução que sua protagonista planeja contra
o mulherengo.
sobre o livro.
— Minha personagem não quer ser mais uma para ele.
— Mas ele é um mulherengo — argumento.
— Ele é, mas ela está determinada a ser aquela que ganhará seu
coração.
— E como pretende se diferenciar das outras?
Seu corpo ondula, colado ao meu. Preciso me inclinar para senti-la
melhor, então decido fazer como em seu aniversário e a levanto para
nossos rostos ficarem mais próximos.
— Porque ela….
Geme quando mordisco seu lóbulo.
— Ela o que, baby?
mesmo.
— Martina…
interior.
noturno.
de propósito.
também.
Ela coloca as duas mãos no meu rosto.
— Calma.
— O quê?
— Um dia, Raul. Bastou um dia para que cedêssemos — diz,
MARTINA
Seus polegares fazem uma carícia lenta pelo interior das minhas
coxas, enquanto eu exponho meus seios pela primeira vez a um
— Ahhhhhh….
— Alguém já a tocou assim?
Deus, eu deveria usar um filtro, mas decido que deixarei para uma
eu mamo você.
Acabo de chegar à conclusão de que prefiro o Raul real ao das
sonhos não é páreo para o que ele sabe fazer quando a coisa se
torna real.
Seguro a mão que ainda cava minha coxa e a puxo mais para
cima.
minha mão pela dele, o dedo grosso indo direto ao meu ponto de
prazer.
orgasmo.
Ele massageia meu clitóris, sugando meu seio com fome. Não
— Levante os quadris.
Eu faço e sinto a ponta do seu dedo médio em minha abertura.
— Por favor.
frente.
— Vou comer você com a minha língua.
— Gosto desse seu jeito de anunciar o que fará comigo. Não
pare.
Reclino a cabeça no encosto e dobro as pernas, os pés plantados
na beirada.
Seu rosto vem para o meio das minhas coxas enquanto as mãos
seguram-nas bem abertas.
Meu coração está batendo tão forte que tenho medo de passar
mal.
recomeçam a tremer.
Ele não diminui a velocidade, parecendo disposto a me fazer
esquecer meu próprio nome.
— Raul.
— Encha minha boca, amor.
meu.
Mando mensagem e depois deixo recado em sua caixa postal.
mensagens ontem.
você descobriu?
— Não me venha falar em educação. Estou preocupado demais
namoradas?
Ele tosse.
que eu cresci.
temer por ele. É difícil não agarrá-lo o tempo todo. Ele é uma delícia.
Ouço uma risada atrás de mim e sei que falei mais do que deveria
disfarçadamente.
Seria uma ótima fonte para minhas fantasias solitárias. — Divago
em silêncio.
— Quem é?
— Rafe.
— Tem certeza?
— Raul está aí? Passe o telefone para ele.
para Raul.
Bufo, com vontade de bater em alguém, mas faço o que ele me
pediu.
— Não saia daqui — aviso ao jogador sexy. — Não vão falar de
— Ela ouviu o que disse, Rafe. Mas mesmo que não estivesse,
tome cuidado com o que for falar. Não a trate como se fosse incapaz
— Acredite, você não quer que ela escute o que tenho a dizer —
time amanhã de manhã. Pode parar com essa coisa de macho alfa
irmão protetor. Eu estou bem. Raul não fez ou fará nada que eu não
queira e sou bem grande para gerir minha própria vida, obrigada.
Capítulo 28
MARTINA
Naquela tarde
— Eu gosto de dormir.
Aceno com a cabeça. Eu teria que ser muito doida para dizer não
com certeza!
Crio coragem para perguntar o que me deixou curiosa o dia todo.
— Por que você me levou para o meu quarto ontem à noite? Eu li