Você está na página 1de 20

Gestão de Sustentabilidade do Negócio

Unidade 2
Marcos Gross Scharf

Sumário

1.  GOVERNANÇA CORPORATIVA ....................................................................... 2 


1.1. Os fundamentos ................................................................................................. 2 
1.2. Governança na prática ...................................................................................... 5 
2.  RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ................................................................. 7 
2.1. Fundamentos ...................................................................................................... 7 
2.2. Problemas globais ............................................................................................. 8 
2.3. A Gestão ambiental sustentável .................................................................... 12 
3.  SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA ............................................................... 15 
3.1. Fundamento do mercado de ações e seus riscos ...................................... 15 
1. GOVERNANÇA CORPORATIVA

1.1. Os fundamentos

O surgimento do conceito de Governança Corporativa é associado ao


crescimento do mercado de capitais, globalização, privatização,
desregulamentação da economia e o ingresso de empresas que ofertam seus
papéis na Bolsa de Valores. Com a série de fusões e aquisições das grandes
corporações e as últimas crises financeiras globais1, diversas fragilidades das
organizações e de seus sistemas de governança vieram à tona, salientando a
necessidade da implementação de boas práticas de Governança empresarial
em um cenário de intensa competitividade.
À medida que o controle acionário foi se disseminando para mais grupos
ou indivíduos da sociedade, surgiu a exigência do acompanhamento das
organizações e seus programas de eficiência econômica e financeira, por conta
do controle compartilhado de ações. Os investidores oriundos das seguradoras,
fundos de pensão e investimentos adotam uma postura ativa, cobrando em
assembleias, direitos a voto e fiscalização das ações investidas. O aumento de
investimentos de estrangeiros no mercado de capitais também foi fator de
pressão para que as empresas se adaptassem às exigências e normas
internacionais.
Podemos compreender Governança Corporativa como a integração de
processos, políticas, legislações, regulamentos e instituições que
regulamentam a forma como uma organização2 é gerenciada. A expressão
relaciona-se a interesses e objetivos definidos pelos shareholders (acionistas,
proprietários) e stakeholders (sociedade, comunidade, fornecedores,
colaboradores, clientes, concorrentes, governo e instituições financeiras).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC,
2010), durante a década de 1990, nasce um movimento nos Estados Unidos
liderado por acionistas que reivindicam novas regras para os abusos e
excessos cometidos pelas diretorias executivas das empresas norte-
americanas, devido à incompetência dos conselhos de administração e suas
omissões quando submetidos a auditorias realizadas no âmbito externo das
organizações.
Por definição, a criação da Governança Corporativa advém da
necessidade de gerenciar os “conflitos de agência”, frutos da dissociação e

1
A partir da década de 1990, a Humanidade vivenciou uma série de crises econômicas globais,
fruto da velocidade de circulação de capitais entre as nações e as fortes especulações sobre
as economias dos países com dificuldades financeiras. Podemos incluir no rol dessas crises os
ataques especulativos às moedas no “European Exchange Rate Mechanism” (1992), a crise
econômica do México (1994), a crise financeira asiática com forte desvalorização de moedas
(1997), a crise financeira russa (1998), a quebra do sistema bancário argentino (2001) e a crise
financeira global de 2008.
2
Podemos incluir no grupo das “organizações” como instituições públicas, privadas,
cooperativas ou entidades do terceiro setor (organizações não-governamentais).
conflitos entre a propriedade dos acionistas e a gestão empresarial
propriamente dita. Neste contexto, o acionista (proprietário da organização)
delega a um profissional especialista, o executivo, a tarefa de planejar, decidir
e executar ações empresariais da propriedade. Os interesses do gestor nem
sempre coincidem com os objetivos defendidos pelos proprietários, resultando
em uma tensão denominada “conflito de agência” ou conflito “agente-principal”.
Neste contexto, o foco da Governança Corporativa é criar um conjunto de
mecanismos e ferramentas de monitoramento objetivando garantir que a ação
dos executivos esteja afinada com o interesse dos acionistas.
Para o “Código das melhores práticas corporativas” (IBGC, 2009), os
princípios que norteiam a Governança Corporativa são:

A) Transparência
As organizações têm a obrigação de disponibilizar informações para os
stakeholders (partes interessadas) sobre as práticas gerenciais das
empresas e o seu desempenho econômico-financeiro.
B) Equidade
Deve ser dado tratamento justo a todos os sócios e stakeholders por
meio de atitudes éticas e não-discriminatórias.
C) Prestação de Contas (accountability)
Os agentes de Governança devem prestar contas da sua atuação,
assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões.
D) Responsabilidade Corporativa
Os gestores da Governança devem zelar pela sustentabilidade das
organizações, visando a sua longevidade dentro dos parâmetros
econômicos, financeiros, sociais e ambientais.

Com a abertura do mercado de ações, as companhias precisam gerenciar seus recursos com
transparência (Smart Stock Market, 2010).

Segundo Lameira (2001, p. 29), Governança Corporativa pode ser


definida como um conjunto de ações econômicas e legais que objetivam
melhorar a proteção dos acionistas e investidores em uma sociedade.
Podemos conceituar como políticas da “boa Governança” um sistema que
possibilita que os proprietários (acionistas ou cotistas) acompanhem de perto a
gestão estratégica da empresa através do monitoramento dos executivos e
suas decisões. As ferramentas centrais desse processo são os conselhos de
administração e fiscal, com a auditoria independente e prestação de contas,
conhecida como accountability.
Para o autor (2001, p. 30),
os administradores não têm espírito de empreender esforços para
maximizar o retorno do acionista, mas sim em tornar a empresa forte
e segura, que nem sempre é a melhor solução para os investimentos
dos acionistas (LAMEIRA, 2001).
O pesquisador reforça a ideia de que os administradores muitas vezes
tomam decisões que podem ferir os direitos essenciais dos acionistas.
Partindo desse pressuposto, podemos afirmar que o foco, então, da
Governança Corporativa é a transparência das informações organizacionais, a
prestação de contas regulares sobre o estágio da empresa e a
responsabilidade corporativa. Para que esse objetivo seja alcançado, o
conselho de administração define estratégias para a empresa, elegendo e
destituindo executivos, fiscalizando a performance da gestão e escolhendo a
auditoria independente que analisará o desempenho organizacional.
Segundo o IBGC (2010), quando as organizações não instituem
efetivamente um conselho administrativo e políticas funcionais de Governança
Corporativa, é recorrente as empresas apresentarem as seguintes disfunções
administrativas:
− Abusos de poder (do acionista controlador sobre minoritários, da
diretoria sobre o acionista e dos administradores sobre terceiros);
− Equívocos estratégicos (quando há muito poder concentrado no
principal executivo);
− Ações fraudulentas (usar informação privilegiada em benefício
próprio, atuação em conflito de interesses).
Por outro lado, Lameira (2001, p. 33) entende que os marcos
regulatórios e a proteção dos investidores (grandes e pequenos) podem
acarretar grandes benefícios à sociedade e as organizações como:
− Crescimento do volume de recursos aportados nas empresas em
forma de ações ou créditos: países com mais recursos têm mais
pujança financeira por meio de grande número de emissão de
títulos;
− Um sistema financeiro mais forte com crescimento da poupança
interna, com mais opções de investimento, crescimento econômico
gerado pelo capital, aumento da produção e melhoria da qualidade
de vida dos cidadãos.
Para adquirir a credibilidade dos investidores e agentes financeiros,
organizações e nações perceberam a necessidade de adotar regras baseadas
em sistemas regulatórios e leis de proteção aos acionistas. O papel do
conselho de administração é zelar pelos interesses e valores dos shareholders,
que envolvem processos de votação em assembleias, decisões e
compartilhamento de informações.
1.2. Governança na prática

O IBGC definiu um conjunto de normas que norteiam o programa de


Governança Corporativa no Brasil. Os capítulos do código abordam práticas,
sugestões, padrões de conduta e comportamentos que podem ser aplicados
como referência no sistema de Governança das organizações. As propostas
versam também sobre políticas e práticas para neutralizar conflitos de
interesses e o mau uso de ativos e informações relacionadas à organização. O
Código é dividido em seis capítulos, assim definido pelo IBGC:

1) PROPRIEDADE
O direito de voto deve ser assegurado a todos os sócios: cada ação ou
quota deve assegurar o direito a um voto. Este fundamento vale para todos os
tipos de organização. A vinculação proporcional entre direito de voto e
participação no capital favorece o alinhamento de interesses entre todos os
sócios da empresa. As organizações devem comunicar, com transparência,
como se dará o poder político dos seus controladores. Nos acordos entre os
sócios devem ser tratadas a compra e venda das participações e as decisões e
informações gerais devem ser divulgadas no site da organização e na
Comissão de Valores Imobiliários (CVM). Os acionistas reúnem-se em
assembleia para reformular o Estatuto/Contrato Social, eleger ou destituir
conselheiros da administração e deliberar sobre as demonstrações financeiras.

Os conselhos de administração tomam decisões estratégicas (Beef Board Meeting, 2010).

2) CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
O Conselho de Administração encarrega-se do processo decisório
relativo ao direcionamento estratégico, que é o elemento central da
Governança. O Conselho zela pelo objeto social e o sistema de Governança,
decidindo os rumos do negócio, segundo o interesse da organização. Os
conselheiros são eleitos pelos sócios a fim de tomarem decisões e
representam o elo com o restante da organização, além de serem responsáveis
por supervisionar o relacionamento com os stakeholders.

3) GESTÃO
O diretor-presidente é o profissional responsável pela administração e
direção da organização. Estabelece uma ponte entre a Diretoria e o Conselho
de Administração. Ele executa o planejamento elaborado pelo Conselho e deve
garantir que sejam prestadas informações relevantes através de uma
comunicação acessível e transparente aos acionistas e stakeholders. Para
tanto, devem ser emitidos relatórios periódicos sobre a atual situação da
empresa.

4) AUDITORIA INDEPENDENTE
As demonstrações financeiras devem ser auditadas por auditor externo
independente, cujo papel é verificar se os balanços efetivamente revelam a
realidade da organização. O trabalho da auditoria resulta em relatório de
recomendações sobre como devem ser otimizados os controles internos. O
relacionamento entre os auditores e o diretor-presidente, os diretores e a
organização, devem ser pautados pela independência e profissionalismo.

5) CONSELHO FISCAL
O Conselho Fiscal é parte integrante do sistema de governança das
organizações brasileiras. Seus principais encargos são:
− Fiscalizar qualquer membro e os atos dos administradores,
verificando o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários;
− Dar opiniões sobre o relatório anual da Administração, dando seu
parecer para as deliberações da Assembleia Geral;
− Denunciar aos órgãos de Administração as providências que
deverão ser tomadas para a defesa dos interesses da companhia;
− Analisar o balancete e demonstrações financeiras da companhia.

6) CONDUTA E CONFLITO DE INTERESSES


O documento deve ser elaborado pela Diretoria segundo os princípios e
políticas definidos pelo Conselho de Administração. O Código de Conduta deve
também definir responsabilidades sociais e ambientais. Pode haver conflito de
interesses quando um indivíduo não é independente no que diz respeito ao que
está sendo discutido e pode influenciar nas decisões motivadas por interesses
alheios à organização. Os papéis e responsabilidades de cada participante
devem ser definidos claramente pelos associados.

− Os assuntos abordados pelo código são:


− Cumprimento das leis e pagamento de impostos;
− Uso de ativos da organização;
− Conflito de interesses;
− Informações privilegiadas;
− Política de negociação das ações da empresa;
− Processos judiciais e arbitragem;
− Whistle-blower3;
− Prevenção e tratamento de fraudes;
− Pagamentos ou recebimentos questionáveis;
− Recebimento de presentes e favorecimentos;
− Doações;
− Atividades políticas;
− Direito à privacidade;
− Nepotismo;
− Meio ambiente;
− Discriminação no ambiente de trabalho;
− Assédio moral ou sexual;
− Segurança no trabalho;
− Exploração do trabalho adulto ou infantil;
− Relações com a comunidade;
− Uso de álcool e drogas.

2. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

2.1. Fundamentos

Para Penna (1999, p. 24), a intervenção humana consome altos


recursos de energia prejudicando os ecossistemas, o que podem ser
exemplificado pela emissão de gases na atmosfera. Consequentemente, pode
afetar a manutenção do clima terrestre; o ciclo biológico que fornece a água
doce (potável); a manutenção dos solos férteis; a reciclagem de nutrientes
básicos para a prática da agricultura; o controle das pestes agrícolas; a
proliferação de alimentos do mar e a preservação do arquivo genético.
Além disso, a Terra possui recursos e espaços limitados que não podem
atender ao planejamento produtivo de larga escala que a economia capitalista
vem desenvolvendo desde a introdução da Revolução Industrial na Inglaterra.
Raven (apud Penna, 1999, p. 25) insiste que, após a Segunda Guerra, houve
uma explosão de crescimento da humanidade que produziu estatísticas
desfavoráveis à preservação dos recursos naturais. Observe abaixo os dados
apontados por Raven:
− Com a explosão populacional global, 1/5 da camada fértil do solo
planetário foi desperdiçado.
− Desertos e salinização tomaram conta de 1/8 das terras cultivadas.
− Os gases do efeito estufa cresceram em mais de 1/3 na atmosfera.
− 1/3 das florestas foram derrubadas, desperdiçando e desviando a
rota dos animais.

3
Indivíduo que comunica aos órgãos competentes sobre quais atividades ilegais, imorais ou
antiéticas por parte de pessoas relacionadas à organização e que possam prejudicá-la.
− Em 1980, enquanto a população mundial crescia 120%, a produção
industrial global avançou 400%.
− Em vinte anos, o consumo de petróleo elevou-se de 17 para 24
bilhões de barris por ano.

A demanda da população mundial pelos mais variados produtos e


serviços desencadeou a competição industrial, inaugurando a “era do
descartável”: a maior causadora do consumo de matérias-primas e maior
geradora de lixo. Falamos aqui de um consumo extremado de latas, cervejas,
refrigerantes, vidros, copos de plástico, aparelhos de barbear, folhas para
computador, canetas etc. Para Penna (1999, p. 38) a “ideologia do conforto” é
fruto de uma competição irracional entre os habitantes do planeta que domina
suas personalidades e busca – obsessivamente – ascender na escala
hierárquica social a fim de reconhecimento, fama ou aceitação no grupo de
convivência. Como exemplo, podemos tirar o automóvel, cuja produção não
parou de crescer nas últimas décadas para atender desejos específicos da
população e sacrificando o meio ambiente, através da emissão de gases
poluentes.
Para o autor, a divisão entre países “desenvolvidos” e os “em
desenvolvimento” é um indicador da hegemonia da busca pela opulência
material e pela promoção desenfreada do consumo em massa: uma sociedade
baseada na corrida pela posse dos bens materiais que parte do princípio de
que os recursos naturais são inesgotáveis e que o aumento do PIB é uma meta
a ser constantemente perseguida.

2.2. Problemas globais

Penna (1999, p. 59-126) elenca sete questões centrais que compõem a


agenda da responsabilidade ambiental e merecem reflexões não somente de
ambientalistas e gestores, mas de toda a população terrestre:

1) Mudanças climáticas
As alterações climáticas, fruto do efeito estufa já são consideradas o
tema mais sério da agenda planetária. O efeito estufa é um fenômeno
resultante do acúmulo de diversos gases4 na atmosfera e vem provocando a
retenção de calor – sob a forma de raios infravermelhos – e impedem sua
dissipação para o espaço exterior à Terra. A temperatura da Terra e dos
oceanos está se elevando pouco a pouco devido ao desmatamento das

4
Os principais gases liberados pelo efeito estufa são: CO2 (gás carbônico), gerado pela queima
de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural); CH2 (gás metano),
componente primário do gás natural que é liberado pelo aparelho digestivo do gado, os aterros
sanitários, plantações de arroz inundadas, mineração e queima de biomassa; CFCs
(clorofluorcarbonetos, freons) são gases que reagem com o ozônio da estratosfera por mais de
cem anos; O3 (Ozônio), que é liberado por automóveis, usinas termoelétricas, solventes e
queimadas; N20 (óxido nitroso), liberado por micróbios no solo causados por desmatamentos e
emissão de combustíveis fósseis.
florestas tropicais. Entre os efeitos visíveis do aquecimento climático está a
elevação dos níveis dos oceanos e o derretimento do gelo dos continentes e
pólos antártico e ártico. A elevação dos mares poderia contaminar os
reservatórios de água com sal, inundaria estradas e edificações costeiras,
prejudicaria os ecossistemas litorâneos e geraria êxodo de milhões de pessoas
das zonas costeiras.

A produção industrial humana já extrapolou os limites da natureza (Photographyblog, 2010).

2) Camada de Ozônio
O ozônio (O3) forma um escudo protetor contra a penetração dos raios
ultravioletas provenientes do Sol. O contato com esses raios pode causar
câncer, prejudicar o sistema imunológico e ocasionar doenças parasitárias. O
ozônio pode afetar o ciclo dos vegetais e causar impacto nas culturas do feijão,
ervilhas, mostardas, couves, tomates, batatas e soja. O Protocolo de Montreal,
assinado no ano de 1987, determinou que a produção de CFCs dos países
industrializados fosse suspensa5.

3) Biodiversidade
Há uma ameaça concreta de extinção de mais de 5.000 espécies de
animais e quase 30.000 plantas. Quando falamos do funcionamento dos
ecossistemas, nos referimos a processos essenciais à vida como a regulação
do ciclo da água, a proteção contra a erosão, a manutenção da qualidade do
solo, a polinização das culturas, a reciclagem de dejetos que provê a produção
de alimentos, fibras, energia, madeira, medicamentos e pesquisa na área
genética. Podemos concluir que todas as matérias-primas6 usadas pelo homem
são de origem biológica, nas estruturas florestais, oceânicas ou agropecuárias.

4) Crescimento populacional

5
Segundo o site “Protocolo de Montreal”, <www.protocolodemontreal.org.br>, até 2005, 191
países já haviam reduzido a emissão de CFC em 95%.
6
Segundo Penna (1999, p. 94), a árvore que deu origem ao nome do nosso país, o pau-brasil,
foi vítima, desde o descobrimento, de ações predatórias que quase a levaram a extinção.
Segundo o autor, pesquisas indicam que a madeira do pau-brasil é eficiente no combate ao
câncer e diversos tumores cancerígenos.
A possibilidade de a Terra contar com mais de 10 bilhões de habitantes
até o ano de 2025 desafia a sobrevivência do ecossistema planetário. Na
tabela abaixo apresentamos o crescimento da população terrestre ao longo da
história:

Ano População

8000 A.C 10 milhões

Época de Cristo 250 milhões

300 500 milhões

1800 1 bilhão

1930 2 bilhões

1950 2,5 bilhões

2010 7 bilhões

2025 (projeção) 10 bilhões

Penna (1999, p. 97) estima que 95% do aumento projetado para o ano
de 2025 ocorrerão em países em desenvolvimento. Isso significa a
necessidade de disponibilizar alimentos, água potável, moradia, educação,
empregos, assistência médica etc. Elevados índices de reprodução humana
estão relacionados à pobreza, miséria, precariedade de sistemas educacionais
e carência nos recursos básicos da saúde, muito comuns em populações sul-
americanas, africanas e asiáticas. Problemas com erosão, poluição do ar,
redução de aquíferos, perda de matéria orgânica do solo, inundações, pesca
predatória estão colaborando para a desaceleração da taxa de crescimento da
produção alimentar.

5) A questão urbana
A intensa industrialização que se iniciou no século XIX conduziu milhões
de pessoas para as metrópoles. Em relação ao planeta, até 1950, 29% das
pessoas viviam em áreas urbanas; em 1970, esse número subiu para 37%; em
1985, já eram 41% e em 1995, somavam 45%. Para o ano de 2025, as
projeções indicam que o número chegará até 60% (em torno de 4 bilhões de
pessoas). O aumento da população urbana exige a criação de uma
infraestrutura capaz de absorver e atender uma demanda de necessidades e
consumo jamais visto na história da humanidade. A concentração da população
nas grandes cidades, atraídas pela empregabilidade e oportunidades de
negócios, desencadeia fenômenos sociais como a violência, alienação,
favelização, crescimento desordenado, competição exagerada, poluição,
grande exposição a vírus e bactérias, precariedade nas condições sanitárias e
grande dificuldade de transporte e locomoção na estrutura urbana.

6) Saúde pública
Doenças infecciosas7 continuam matando milhões de pessoas no
mundo. Segundo estudos da Universidade de Harvard, as alterações
provocadas pelo homem nos ecossistemas desencadearam uma série de
desequilíbrios que vêm ajudando bactérias e vírus a ocuparem espaços onde
não encontram resistência, devido à baixa diversidade biológica. A destruição
de florestas e habitats permitem que microrganismos raros se tornem
abundantes e afetem as comunidades humanas. Somando a concentração
urbana, a contaminação da água, ar, solo, exposição de raios ultravioleta,
temos um quadro favorável à multiplicação da letalidade das doenças.

Enchente na China (Mediaenvironment, 2010).

7) Desastres Naturais
As atividades humanas favorecem os impactos nos meios geofísicos,
causando tragédias de grandes proporções que causam mortes, destruição
habitacional, deslocamentos, êxodos e vulnerabilidade habitacional. A remoção
das vegetações nativas dificulta o escoamento das águas ou podem estimular
períodos prolongados de seca que perturbam os ciclos da agricultura humana.
A construção de habitações em lugares íngremes (sujeitos à erosão), baixadas
ou localidades próximas às costas fragiliza a condição humana e coloca em
perigo milhões de cidadãos, os quais Penna (1999, p. 123) chama de
“refugiados ambientais”.

Cronologia de desastres ambientais mundiais de grandes proporções

Ano/Local Desastre População atingida

7
A malária mata mais de 3 milhões de pessoas ao ano; há epidemias de dengue, febre
amarela, leptospirose, Hepatite A e E, febre tifoide, cólera e gripes (suína e aviária), que
mataram mais de 10 milhões de pessoas em todo o planeta.
Explosão de
1947/Texas 550 mortos, 350 feridos.
carregamento de nitrato8

1952/Londres Inversão térmica 4.000 mortos.

1.487 mortos, 1 milhão


1953/Holanda Maré alta
de evacuados.

1.500 pessoas
1968/Minamata-Japão Despejo de mercúrio envenenadas, 200
mortos.

1976/Seveso-Itália Dioxina na atmosfera9 35 mil animais mortos.

10.000 aves oceânicas


Vazamento de óleo
1978/ Brest-França mortas e milhões de
bruto
moluscos mortos.

Vazamento de óleo 60.000 aves marinhas


1981/URSS
bruto mortas.

2.800 mortos, 20 mil


com danos oculares
1984/Bophal-Índia Vazamento de pesticida irreversíveis, 200 mil
abandonaram suas
casas.

239 mortos, 8 países


Liberação de radiação
1986/Chernobyl-Ucrânia atingidos e 116 mil
de usina nuclear
pessoas evacuadas.

1991/ Bangladesh Ciclone 132 mil mortos.

1998/Honduras,
Nicarágua, El Salvador e Furacão Mitch 10 mil mortos.
Guatemala

1.836 mortos e 200 mil


2005/New Orleans Furacão Katrina10
casas debaixo da água.

2.3. A Gestão ambiental sustentável

8
O desastre causou um prejuízo de US$ 35 milhões.
9
O prejuízo foi de US$ 250 milhões.
10
Resultou em um prejuízo de 81 bilhões de dólares.
Penna (1999, p. 130) argumenta que o debate ambiental está centrado
na tensão entre os sistemas de abastecimento versus a demanda das
populações mundiais. Sabemos que o abastecimento é limitado, enquanto a
demanda, desejos e necessidade de consumo dos indivíduos podem ser
infinitos. O objetivo do crescimento econômico, segundo a própria doutrina
básica da economia, é prover recursos à humanidade e melhorar sua qualidade
de vida através de bens, recursos, provimentos necessários à sobrevivência e
ao bem-estar individual. O fato é que a sociedade, baseada somente em um
modelo de produção/consumo/crescimento que desconsidera os fenômenos
ambientais, caminha efetivamente para o esgotamento devido à limitação dos
recursos. O estilo de vida da população planetária, fundamentado no consumo
descontrolado, caminha para a insustentabilidade, caso não repense a sua
própria organização.
Os ciclos da natureza não coincidem com os ciclos da economia. O ciclo
de vida de um automóvel começa com a exploração de minério de ferro e
termina com a entrega do produto na concessionária. Para a natureza o
impacto é maior, pois a pavimentação de estradas, os aterros sanitários, a
decomposição de plantas e a queima da gasolina na atmosfera gerarão efeitos
permanentes (às vezes irreversíveis) que impactarão a sobrevivência das
florestas, rios, clima e na própria saúde dos seres humanos.
Preocupada com os eventos ecológicos e ambientais e a escala de
produção industrial em massa, em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento11, para rever e repensar o modelo de
produção vigente a partir da premissa de que o “desenvolvimento sustentável é
aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades”.
Dos estudos patrocinados pela ONU, nascem os primeiros fundamentos
da doutrina sustentável que atesta que as oportunidades econômicas, políticas
e sociais não podem colocar em risco a atmosfera, a água, o solo e os
ecossistemas. A ideia central do desenvolvimento sustentável passa pelo
conceito de que as estruturas produtivas e institucionais devem estar em
harmonia com os recursos naturais a fim de garantir a própria sobrevivência da
humanidade.
A consciência ambiental está crescendo em todas as esferas da
sociedade. Há um amadurecimento da mídia e da opinião pública em relação a
temas relacionados a sustentabilidade e ecologia e à necessidade de se tomar
providências locais e globais para a proteção do planeta e seus recursos
naturais. Pouco a pouco cresce a consciência ambiental por meio de
programas educacionais em escolas e empresas. A ciência tem feito
importantes descobertas para compreender os processos de transformação
dos ciclos biológicos e de poluentes como o carbono, nitrogênio, fósforo,
enxofre e potássio. Modelos matemáticos fornecidos por softwares já podem
prever os impactos ambientais na atmosfera e colaborar para mensurar riscos
através de contabilidade e auditoria ambiental.

11
Em 1987 foram publicados os resultados das pesquisas sobre o impacto da produção sobre
o meio ambiente, resultando na obra Nosso futuro comum, que se tornou o livro que inicia as
primeiras discussões sobre o conceito de “desenvolvimento sustentável”.
As políticas que obrigam o poluidor a arcar com o impacto ambiental já
estão ativas através da Redução Certificada de Emissões (RCE) ou dos
créditos de carbono negociados no mercado internacional. Quando uma
empresa colabora para redução da emissão de gases na atmosfera, ela pode
ser contemplada com créditos especiais que podem ser vendidos ou
negociados com outras empresas que estão em débito com o meio ambiente.
Uma série de documentos foi assinada por diversas nações a fim de buscar
soluções para o estado crítico do meio ambiente e podemos destacar o
Relatório Brundtland, que conceitua a importância da sustentabilidade global; o
Protocolo de Montreal, que limita a emissão gases na atmosfera; a Agenda 21
(que propõe a mobilização de todas as nações para seus problemas
socioambientais); o Relatório Stern, a respeito de mudanças climáticas; o
Protocolo de Kyoto, que trabalha para impedir o aumento do efeito estufa.
Fontes de energia renovável que evitam o desperdício e colaboram para
a preservação do meio ambiente também devem ser destacadas como
instrumentos de melhoria das condições humanas e planetárias:

Energia Solar
Não é poluente, não tem linha de transmissão e exige pouca
manutenção. Seus custos têm sido decrescentes e é extremamente viável no
Brasil, onde o sol brilha com intensidade durante todo o ano.
Energia Eólica
É inesgotável, limpa e evita o efeito estufa. Não consome água e pode
ser amplamente difundida no Brasil por conta do seu potencial eólico.

Sistema de energia eólica (MG.GOV, 2010).

Energia Hidráulica
Provém dos rios, lagos e represas. O Brasil, por contar com grande
variedade e diversidade hidrográfica, tem grande potencial de desenvolvimento
dessa tecnologia.
Energia Maremotriz
Matriz energética proveniente dos mares, que se transforma em energia
cinética e potencial. O Brasil pode explorá-la por conta do nosso extenso litoral.
Biomassa
Ao contrário do impacto ambiental causado pelos combustíveis fósseis
como o carvão mineral e o petróleo, a biomassa é constituída da combustão de
elementos orgânicos do meio ambiente como bagaço de cana-de-açúcar,
serradura de madeira, papel usado, galhos e folhas de árvores, embalagens de
papelão e casca de arroz.
Hidrogênio
Pode ser importante fonte de energia devido à abundância do elemento
hidrogênio na natureza, principalmente na água. Já existem automóveis
movidos a hidrogênio que se mostraram tão seguros quanto os modelos que
funcionam com gasolina.
Energia Geotérmica
É retirada do interior da Terra, mais precisamente do magma localizado
nas grandes placas, que demonstrou ser fonte intensa de energia.

3. SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA

3.1. Fundamento do mercado de ações e seus riscos

Quando é constituída uma sociedade, as ações representam pequenas


parcelas do capital disponível da empresa12. As ações podem ser ordinárias,
com direito a voto dos acionistas (com poder de opinião sobre as decisões da
companhia), ou preferenciais13, quando o acionista tem direitos sobre os lucros
provenientes dos dividendos ou juros do próprio capital. O mercado de ações é
dividido em: mercado primário, quando as ações de uma empresa são
ofertadas no âmbito público; e mercado secundário, quando as ações são
ofertadas por meio da Bolsa de Valores14.
Os motivos pelos quais as empresas abrem seu capital podem ser
resumidos pela necessidade de captar recursos para investimentos,
reestruturar seus passivos (dívidas), agregar liquidez patrimonial e
profissionalizar sua gestão empresarial. Caso abra o capital, as empresas
devem estabelecer um novo relacionamento com seus colaboradores, realizar

12
Empresas com capital aberto (S.A. - Sociedade Anônima) oferecem valores de renda fixa na
bolsa, enquanto que companhias fechadas (Ltda. - Limitada) não colocam seus valores em
negociação nas bolsas.
13
No sistema preferencial, após três anos consecutivos sem distribuição de lucros, o acionista
adquire direito a voto temporariamente.
14
As bolsas de valores brasileiras são associações civis que operam sob a supervisão da
Comissão de Valores de Imobiliários (CVM).
auditorias externas e independentes, mobilizar o conselho fiscal e debater com
todos os acionistas sua política e estratégia.
Há diversas formas de investimento em ações, como os clubes de
investimentos (pessoas que se relacionam: amigos, familiares, colegas de
trabalho), fundos de investimentos (grupos que reúnem vários investidores
cotistas) e ações individuais (quando o investidor toma decisões
individualmente). Os investidores deverão arcar com os custos da corretagem
(comissão dos corretores), a custódia (custo mensal por transação) e o imposto
de renda15 sobre o ganho de capital (com alíquota de 15%).
Segundo Fortuna (2005, p. 560), o preço das ações é resultante das
condições de mercado (sistema oferta e demanda) que refletem as
expectativas, projeções e comportamentos dos agentes econômicos
(indivíduos, grupos, famílias, cooperativas, comunidades, associações e
organizações públicas e privadas). Fatos políticos e o desempenho da
companhia no mercado fatalmente também refletirão nos rendimentos dos
acionistas. Os rendimentos provêm da valorização do preço das ações que
podem ser distribuídos entre os acionistas de acordo com a proporção
(quantidade) adquirida e apurada ao término de cada exercício social16. Os
valores somam no mínimo 25% do lucro líquido (sistema Pay-Out), P/L (Preço
lucro por Ação), nos quais são mostrados em quanto tempo o preço a ser pago
por uma ação poderá ser devolvido ao investidor sob a forma de lucro, e o
sistema YIELD, que revela o percentual do preço da ação que voltou ao
acionista sob a forma de dividendos do último balanço.
Os critérios de avaliação das companhias envolvem a análise do fluxo
de caixa da organização, chamado de “Fluxo de caixa descontado”, que é a
metodologia que investiga o potencial da empresa em gerar recursos que
trarão dividendos ao investidor no futuro. Na contabilidade mobiliária devem
constar os estudos do balanço patrimonial que incluem os ativos (ativo
circulante, estoques, clientes, ativo de longo prazo, ativo permanente,
máquinas e equipamentos); e os passivos (passivo circulante, empréstimos,
salários e impostos, passivo de longo prazo e patrimônio líquido17).
Segundo a BM&FBovespa (2009, p. 14), os benefícios dos acionistas
podem se dar por bonificação, quando as ações são distribuídas gratuitamente
aos acionistas por conta do aumento do capital e lucro, e por subscrição, que
dá direito ao acionista adquirir ações oferecidas pela companhia para aumentar
seu capital. A BM&FBovespa negocia diversas ações no sistema homebroker18
através das corretoras de valores mobiliários credenciadas pela Comissão de
Valores Mobiliários e Banco Central e cabe a elas o papel de intermediar os
valores no pregão e lançar os valores mobiliários. Cabe às corretoras fornecer

15
Estão isentos de cobrança de impostos, as pessoas físicas que auferiram ganhos líquidos de
até R$ 20.000,00 ao mês.
16
Os exercícios sociais findam no final de cada ano.
17
Devem ser incluídos no patrimônio líquido da empresa o capital social, as reservas de
capital, as reservas de lucro e os lucros ou prejuízos acumulados.
18
A partir de 1999, as negociações e compras de ações iniciaram as operações online através
da internet de qualquer computador remoto. Em 2005 foram encerradas as atividades de
negociação através do sistema de “Viva Voz” e em 2007, todas as operações acontecem por
meio da plataforma eletrônica de negociação. Diversos investidores se conectam à Bolsa pela
web.
subsídios para a escolha dos investimentos, realizar análises por meio de
consultores especializados que orientam o investidor sobre tendências que
ocorrem no mercado. Entre as opções disponíveis no mercado de ações
podemos citar:

A) Mercado de renda variável (Ações, ETF, BDR e Cotas de Fundos


Fechados): a remuneração do investidor ou retorno de capital não são
claros no momento da aplicação.
B) Mercado de renda fixa (debêntures, notas promissórias e títulos
públicos federais): nesse caso, o retorno de capital pode ser verificado
no momento da aplicação. Nesse sistema estão incluídos os títulos
públicos e privados como as notas do Tesouro Nacional (NTN), Bônus
do Banco Central (BBC), Títulos da Dívida Agrária (TDA), títulos
estaduais e municipais.
C) Mercado de Derivativos: baseia-se em contratos definidos entre
duas partes nas quais são definidos pagamentos futuros segundo a
oscilação de preços de um ativo de mercado.
D) Securitização (CRI e FIDC): possibilita a transformação de ativos
que não são líquidos em títulos mobiliários que podem ser negociados
no mercado.
E) Commodities (matérias-primas): são produtos agropecuários e
metais oferecidos em grandes quantidades e com baixo valor agregado,
porém, negociados globalmente.

Índices da Bovespa:
Ibovespa: representa 80% do volume negociado;
IBrX-50: representa as 50 ações mais líquidas do mercado à vista;
IbrX: são as 100 ações mais líquidas do mercado à vista;
IVBX: são 50 ações de segunda linha;
MLCX: são ações de empresas de maior capitalização;
SMLL: são ações de empresas de menor capitalização;
IEE: são as ações mais líquidas do setor de energia elétrica;
ITEL: são ações do setor de telecomunicações;
INDX: ações do setor industrial;
IMOB: ações do setor imobiliário;
ICON: ações do setor de consumo;
IGC: diz respeito às ações de governança corporativa;
ITAG: ações baseadas no sistema Tag Along, isto é, o acionista
minoritário tem o direito de vender sua parte caso a companhia seja
adquirida por um outro investidor;
ISE: ações de empresas dedicadas às questões ambientais, sociais e
governança corporativa.

Participação dos investidores no volume negociado:

Participação de Investidores

Institucionais

26%
31% Instituições
financeiras
Empresas

8%
Estrangeiros
2%
Pessoas Físicas
33%

Para a tomada de decisão dos investidores ou acionistas, as tendências


dos preços das ações são feitas por dois sistemas:

Escola Gráfica ou técnica


Refere-se às informações gráficas que registram os volumes e preços
pelos quais foram comercializadas nos pregões anteriores. Os gráficos
refletem tendências e apontam os momentos corretos para investir. O
analista deve observar também os volumes das negociações passadas.

Gráfico da Bovespa (ADVFN, 2010).

Escola Fundamentalista
Focada em uma leitura setorial e específica da empresa da qual o
investidor quer adquirir ações. Deve também observar o contexto político
e econômico para a tomada de decisão e a estrutura econômica e
financeira da empresa.

De acordo com Marshall (2002, p. 35), o mundo em que vivemos está


em constante mudança e a palavra “risco” agrega a incapacidade dos
indivíduos preverem os rumos das mudanças, analisando os impactos e
causas das transformações. O autor diferencia o conceito de “risco” e
“incerteza”. Risco pressupõe que os resultados, embora não previsíveis,
tenham possibilidades de serem estimados pela própria experiência ou dados
estatísticos. Já a incerteza manifesta-se quando o resultado não pode ser
previsto, nem de maneira probabilística.
A combinação dos fatores internos da empresa com o cenário externo
representa um cenário de grandes riscos que precisam ser analisados pelo
investidor como os índices do “risco pais19” e se configuram como variáveis
importantes nas tomadas de decisão: as decisões constantes do Banco Central
em relação à economia, o ritmo da atividade econômica, o fluxo de capitais
nacionais e estrangeiros no país, a dívida pública, a taxa de câmbio e juros e
indicadores de renda, poupança e nível de emprego.

19
Mensura as mudanças no ambiente das nações, verificando a viabilidade dos negócios;
envolve análises políticas, econômicas, mercadológicas e geográficas.
4. REFERÊNCIAS

BM&FBOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo e da Bolsa de Mercadorias


& Futuros. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br>. Acesso em:
01/07/2010, 11h33.
BM&FBOVESPA. Como investir em ações. São Paulo: BM&FBOVESPA,
2009.
FORTUNA, Eduardo. Mercado financeiro: produtos e serviços. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2005.
IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/>. Acesso em: 28/06/2010, 9h52.
IBGC. Código das melhores práticas corporativas. São Paulo: IBGC, 2009.
LAMEIRA, Valdir. Governança Corporativa: Rio de Janeiro: Forense
universitária, 2001.
MARSHALL, Christopher. Medindo e gerenciando riscos operacionais em
instituições financeiras. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
PENNA, Carlos G. O estado do planeta: sociedade de consumo e degradação
ambiental. Rio de Janeiro: Record, 1999.

Referências das ilustrações

ADVFN. Gráfico da Bovespa. Disponível em:


<http://images.advfn.com/sales/richmedianew/Newsletter_Brasil/20x20/ibovesp
a_09_05_26.gif>. Acesso em: 01/07/2010, 9h26.
BEEFBOARDMEETING. Os conselhos de administração tomam decisões
estratégicas. Disponível em: <http://beefboardmeeting.com/wp-
content/uploads/2009/07/img_2032.jpg>. Acesso em: 28/05/2010, 9h45.
MEDIAENVIRONMENT. Enchente na China. Disponível em:
<http://mediaenvironment.files.wordpress.com/2008/10/ntrl_disaster_china_floo
d.jpg>. Acesso em: 30/06/2010, 10h50.
MG.GOV. Sistema de energia aeólica. Disponível em:
<http://blog.mg.gov.br/wp-content/uploads/2009/08/parque_eolico_2.jpg>.
Acesso em: 30/06/2010, 11h22.
PHOTOGRAPHYBLOG. A produção industrial humana já extrapolou os
limites da natureza. Disponível em:
<http://www.photographyblog.com/images/sized/images/uploads/onasia_enviro
nmental_exhibition-550x369.jpg>. Acesso em: 30/06/2010, 10h03.
SMARTSTOCKMARKET. Gerenciando recursos com transparência.
Disponível em: <http://www.smartstockmarket.com/images/SET-And-Thailand-
Stock-Market-1.jpg>. Acesso em: 28/05/2010, 9h35.

Você também pode gostar