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Unidade 2
Marcos Gross Scharf
Sumário
1.1. Os fundamentos
1
A partir da década de 1990, a Humanidade vivenciou uma série de crises econômicas globais,
fruto da velocidade de circulação de capitais entre as nações e as fortes especulações sobre
as economias dos países com dificuldades financeiras. Podemos incluir no rol dessas crises os
ataques especulativos às moedas no “European Exchange Rate Mechanism” (1992), a crise
econômica do México (1994), a crise financeira asiática com forte desvalorização de moedas
(1997), a crise financeira russa (1998), a quebra do sistema bancário argentino (2001) e a crise
financeira global de 2008.
2
Podemos incluir no grupo das “organizações” como instituições públicas, privadas,
cooperativas ou entidades do terceiro setor (organizações não-governamentais).
conflitos entre a propriedade dos acionistas e a gestão empresarial
propriamente dita. Neste contexto, o acionista (proprietário da organização)
delega a um profissional especialista, o executivo, a tarefa de planejar, decidir
e executar ações empresariais da propriedade. Os interesses do gestor nem
sempre coincidem com os objetivos defendidos pelos proprietários, resultando
em uma tensão denominada “conflito de agência” ou conflito “agente-principal”.
Neste contexto, o foco da Governança Corporativa é criar um conjunto de
mecanismos e ferramentas de monitoramento objetivando garantir que a ação
dos executivos esteja afinada com o interesse dos acionistas.
Para o “Código das melhores práticas corporativas” (IBGC, 2009), os
princípios que norteiam a Governança Corporativa são:
A) Transparência
As organizações têm a obrigação de disponibilizar informações para os
stakeholders (partes interessadas) sobre as práticas gerenciais das
empresas e o seu desempenho econômico-financeiro.
B) Equidade
Deve ser dado tratamento justo a todos os sócios e stakeholders por
meio de atitudes éticas e não-discriminatórias.
C) Prestação de Contas (accountability)
Os agentes de Governança devem prestar contas da sua atuação,
assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões.
D) Responsabilidade Corporativa
Os gestores da Governança devem zelar pela sustentabilidade das
organizações, visando a sua longevidade dentro dos parâmetros
econômicos, financeiros, sociais e ambientais.
Com a abertura do mercado de ações, as companhias precisam gerenciar seus recursos com
transparência (Smart Stock Market, 2010).
1) PROPRIEDADE
O direito de voto deve ser assegurado a todos os sócios: cada ação ou
quota deve assegurar o direito a um voto. Este fundamento vale para todos os
tipos de organização. A vinculação proporcional entre direito de voto e
participação no capital favorece o alinhamento de interesses entre todos os
sócios da empresa. As organizações devem comunicar, com transparência,
como se dará o poder político dos seus controladores. Nos acordos entre os
sócios devem ser tratadas a compra e venda das participações e as decisões e
informações gerais devem ser divulgadas no site da organização e na
Comissão de Valores Imobiliários (CVM). Os acionistas reúnem-se em
assembleia para reformular o Estatuto/Contrato Social, eleger ou destituir
conselheiros da administração e deliberar sobre as demonstrações financeiras.
2) CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
O Conselho de Administração encarrega-se do processo decisório
relativo ao direcionamento estratégico, que é o elemento central da
Governança. O Conselho zela pelo objeto social e o sistema de Governança,
decidindo os rumos do negócio, segundo o interesse da organização. Os
conselheiros são eleitos pelos sócios a fim de tomarem decisões e
representam o elo com o restante da organização, além de serem responsáveis
por supervisionar o relacionamento com os stakeholders.
3) GESTÃO
O diretor-presidente é o profissional responsável pela administração e
direção da organização. Estabelece uma ponte entre a Diretoria e o Conselho
de Administração. Ele executa o planejamento elaborado pelo Conselho e deve
garantir que sejam prestadas informações relevantes através de uma
comunicação acessível e transparente aos acionistas e stakeholders. Para
tanto, devem ser emitidos relatórios periódicos sobre a atual situação da
empresa.
4) AUDITORIA INDEPENDENTE
As demonstrações financeiras devem ser auditadas por auditor externo
independente, cujo papel é verificar se os balanços efetivamente revelam a
realidade da organização. O trabalho da auditoria resulta em relatório de
recomendações sobre como devem ser otimizados os controles internos. O
relacionamento entre os auditores e o diretor-presidente, os diretores e a
organização, devem ser pautados pela independência e profissionalismo.
5) CONSELHO FISCAL
O Conselho Fiscal é parte integrante do sistema de governança das
organizações brasileiras. Seus principais encargos são:
− Fiscalizar qualquer membro e os atos dos administradores,
verificando o cumprimento dos seus deveres legais e estatutários;
− Dar opiniões sobre o relatório anual da Administração, dando seu
parecer para as deliberações da Assembleia Geral;
− Denunciar aos órgãos de Administração as providências que
deverão ser tomadas para a defesa dos interesses da companhia;
− Analisar o balancete e demonstrações financeiras da companhia.
2. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
2.1. Fundamentos
3
Indivíduo que comunica aos órgãos competentes sobre quais atividades ilegais, imorais ou
antiéticas por parte de pessoas relacionadas à organização e que possam prejudicá-la.
− Em 1980, enquanto a população mundial crescia 120%, a produção
industrial global avançou 400%.
− Em vinte anos, o consumo de petróleo elevou-se de 17 para 24
bilhões de barris por ano.
1) Mudanças climáticas
As alterações climáticas, fruto do efeito estufa já são consideradas o
tema mais sério da agenda planetária. O efeito estufa é um fenômeno
resultante do acúmulo de diversos gases4 na atmosfera e vem provocando a
retenção de calor – sob a forma de raios infravermelhos – e impedem sua
dissipação para o espaço exterior à Terra. A temperatura da Terra e dos
oceanos está se elevando pouco a pouco devido ao desmatamento das
4
Os principais gases liberados pelo efeito estufa são: CO2 (gás carbônico), gerado pela queima
de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural); CH2 (gás metano),
componente primário do gás natural que é liberado pelo aparelho digestivo do gado, os aterros
sanitários, plantações de arroz inundadas, mineração e queima de biomassa; CFCs
(clorofluorcarbonetos, freons) são gases que reagem com o ozônio da estratosfera por mais de
cem anos; O3 (Ozônio), que é liberado por automóveis, usinas termoelétricas, solventes e
queimadas; N20 (óxido nitroso), liberado por micróbios no solo causados por desmatamentos e
emissão de combustíveis fósseis.
florestas tropicais. Entre os efeitos visíveis do aquecimento climático está a
elevação dos níveis dos oceanos e o derretimento do gelo dos continentes e
pólos antártico e ártico. A elevação dos mares poderia contaminar os
reservatórios de água com sal, inundaria estradas e edificações costeiras,
prejudicaria os ecossistemas litorâneos e geraria êxodo de milhões de pessoas
das zonas costeiras.
2) Camada de Ozônio
O ozônio (O3) forma um escudo protetor contra a penetração dos raios
ultravioletas provenientes do Sol. O contato com esses raios pode causar
câncer, prejudicar o sistema imunológico e ocasionar doenças parasitárias. O
ozônio pode afetar o ciclo dos vegetais e causar impacto nas culturas do feijão,
ervilhas, mostardas, couves, tomates, batatas e soja. O Protocolo de Montreal,
assinado no ano de 1987, determinou que a produção de CFCs dos países
industrializados fosse suspensa5.
3) Biodiversidade
Há uma ameaça concreta de extinção de mais de 5.000 espécies de
animais e quase 30.000 plantas. Quando falamos do funcionamento dos
ecossistemas, nos referimos a processos essenciais à vida como a regulação
do ciclo da água, a proteção contra a erosão, a manutenção da qualidade do
solo, a polinização das culturas, a reciclagem de dejetos que provê a produção
de alimentos, fibras, energia, madeira, medicamentos e pesquisa na área
genética. Podemos concluir que todas as matérias-primas6 usadas pelo homem
são de origem biológica, nas estruturas florestais, oceânicas ou agropecuárias.
4) Crescimento populacional
5
Segundo o site “Protocolo de Montreal”, <www.protocolodemontreal.org.br>, até 2005, 191
países já haviam reduzido a emissão de CFC em 95%.
6
Segundo Penna (1999, p. 94), a árvore que deu origem ao nome do nosso país, o pau-brasil,
foi vítima, desde o descobrimento, de ações predatórias que quase a levaram a extinção.
Segundo o autor, pesquisas indicam que a madeira do pau-brasil é eficiente no combate ao
câncer e diversos tumores cancerígenos.
A possibilidade de a Terra contar com mais de 10 bilhões de habitantes
até o ano de 2025 desafia a sobrevivência do ecossistema planetário. Na
tabela abaixo apresentamos o crescimento da população terrestre ao longo da
história:
Ano População
1800 1 bilhão
1930 2 bilhões
2010 7 bilhões
Penna (1999, p. 97) estima que 95% do aumento projetado para o ano
de 2025 ocorrerão em países em desenvolvimento. Isso significa a
necessidade de disponibilizar alimentos, água potável, moradia, educação,
empregos, assistência médica etc. Elevados índices de reprodução humana
estão relacionados à pobreza, miséria, precariedade de sistemas educacionais
e carência nos recursos básicos da saúde, muito comuns em populações sul-
americanas, africanas e asiáticas. Problemas com erosão, poluição do ar,
redução de aquíferos, perda de matéria orgânica do solo, inundações, pesca
predatória estão colaborando para a desaceleração da taxa de crescimento da
produção alimentar.
5) A questão urbana
A intensa industrialização que se iniciou no século XIX conduziu milhões
de pessoas para as metrópoles. Em relação ao planeta, até 1950, 29% das
pessoas viviam em áreas urbanas; em 1970, esse número subiu para 37%; em
1985, já eram 41% e em 1995, somavam 45%. Para o ano de 2025, as
projeções indicam que o número chegará até 60% (em torno de 4 bilhões de
pessoas). O aumento da população urbana exige a criação de uma
infraestrutura capaz de absorver e atender uma demanda de necessidades e
consumo jamais visto na história da humanidade. A concentração da população
nas grandes cidades, atraídas pela empregabilidade e oportunidades de
negócios, desencadeia fenômenos sociais como a violência, alienação,
favelização, crescimento desordenado, competição exagerada, poluição,
grande exposição a vírus e bactérias, precariedade nas condições sanitárias e
grande dificuldade de transporte e locomoção na estrutura urbana.
6) Saúde pública
Doenças infecciosas7 continuam matando milhões de pessoas no
mundo. Segundo estudos da Universidade de Harvard, as alterações
provocadas pelo homem nos ecossistemas desencadearam uma série de
desequilíbrios que vêm ajudando bactérias e vírus a ocuparem espaços onde
não encontram resistência, devido à baixa diversidade biológica. A destruição
de florestas e habitats permitem que microrganismos raros se tornem
abundantes e afetem as comunidades humanas. Somando a concentração
urbana, a contaminação da água, ar, solo, exposição de raios ultravioleta,
temos um quadro favorável à multiplicação da letalidade das doenças.
7) Desastres Naturais
As atividades humanas favorecem os impactos nos meios geofísicos,
causando tragédias de grandes proporções que causam mortes, destruição
habitacional, deslocamentos, êxodos e vulnerabilidade habitacional. A remoção
das vegetações nativas dificulta o escoamento das águas ou podem estimular
períodos prolongados de seca que perturbam os ciclos da agricultura humana.
A construção de habitações em lugares íngremes (sujeitos à erosão), baixadas
ou localidades próximas às costas fragiliza a condição humana e coloca em
perigo milhões de cidadãos, os quais Penna (1999, p. 123) chama de
“refugiados ambientais”.
7
A malária mata mais de 3 milhões de pessoas ao ano; há epidemias de dengue, febre
amarela, leptospirose, Hepatite A e E, febre tifoide, cólera e gripes (suína e aviária), que
mataram mais de 10 milhões de pessoas em todo o planeta.
Explosão de
1947/Texas 550 mortos, 350 feridos.
carregamento de nitrato8
1.500 pessoas
1968/Minamata-Japão Despejo de mercúrio envenenadas, 200
mortos.
1998/Honduras,
Nicarágua, El Salvador e Furacão Mitch 10 mil mortos.
Guatemala
8
O desastre causou um prejuízo de US$ 35 milhões.
9
O prejuízo foi de US$ 250 milhões.
10
Resultou em um prejuízo de 81 bilhões de dólares.
Penna (1999, p. 130) argumenta que o debate ambiental está centrado
na tensão entre os sistemas de abastecimento versus a demanda das
populações mundiais. Sabemos que o abastecimento é limitado, enquanto a
demanda, desejos e necessidade de consumo dos indivíduos podem ser
infinitos. O objetivo do crescimento econômico, segundo a própria doutrina
básica da economia, é prover recursos à humanidade e melhorar sua qualidade
de vida através de bens, recursos, provimentos necessários à sobrevivência e
ao bem-estar individual. O fato é que a sociedade, baseada somente em um
modelo de produção/consumo/crescimento que desconsidera os fenômenos
ambientais, caminha efetivamente para o esgotamento devido à limitação dos
recursos. O estilo de vida da população planetária, fundamentado no consumo
descontrolado, caminha para a insustentabilidade, caso não repense a sua
própria organização.
Os ciclos da natureza não coincidem com os ciclos da economia. O ciclo
de vida de um automóvel começa com a exploração de minério de ferro e
termina com a entrega do produto na concessionária. Para a natureza o
impacto é maior, pois a pavimentação de estradas, os aterros sanitários, a
decomposição de plantas e a queima da gasolina na atmosfera gerarão efeitos
permanentes (às vezes irreversíveis) que impactarão a sobrevivência das
florestas, rios, clima e na própria saúde dos seres humanos.
Preocupada com os eventos ecológicos e ambientais e a escala de
produção industrial em massa, em 1983, a ONU criou a Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento11, para rever e repensar o modelo de
produção vigente a partir da premissa de que o “desenvolvimento sustentável é
aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias
necessidades”.
Dos estudos patrocinados pela ONU, nascem os primeiros fundamentos
da doutrina sustentável que atesta que as oportunidades econômicas, políticas
e sociais não podem colocar em risco a atmosfera, a água, o solo e os
ecossistemas. A ideia central do desenvolvimento sustentável passa pelo
conceito de que as estruturas produtivas e institucionais devem estar em
harmonia com os recursos naturais a fim de garantir a própria sobrevivência da
humanidade.
A consciência ambiental está crescendo em todas as esferas da
sociedade. Há um amadurecimento da mídia e da opinião pública em relação a
temas relacionados a sustentabilidade e ecologia e à necessidade de se tomar
providências locais e globais para a proteção do planeta e seus recursos
naturais. Pouco a pouco cresce a consciência ambiental por meio de
programas educacionais em escolas e empresas. A ciência tem feito
importantes descobertas para compreender os processos de transformação
dos ciclos biológicos e de poluentes como o carbono, nitrogênio, fósforo,
enxofre e potássio. Modelos matemáticos fornecidos por softwares já podem
prever os impactos ambientais na atmosfera e colaborar para mensurar riscos
através de contabilidade e auditoria ambiental.
11
Em 1987 foram publicados os resultados das pesquisas sobre o impacto da produção sobre
o meio ambiente, resultando na obra Nosso futuro comum, que se tornou o livro que inicia as
primeiras discussões sobre o conceito de “desenvolvimento sustentável”.
As políticas que obrigam o poluidor a arcar com o impacto ambiental já
estão ativas através da Redução Certificada de Emissões (RCE) ou dos
créditos de carbono negociados no mercado internacional. Quando uma
empresa colabora para redução da emissão de gases na atmosfera, ela pode
ser contemplada com créditos especiais que podem ser vendidos ou
negociados com outras empresas que estão em débito com o meio ambiente.
Uma série de documentos foi assinada por diversas nações a fim de buscar
soluções para o estado crítico do meio ambiente e podemos destacar o
Relatório Brundtland, que conceitua a importância da sustentabilidade global; o
Protocolo de Montreal, que limita a emissão gases na atmosfera; a Agenda 21
(que propõe a mobilização de todas as nações para seus problemas
socioambientais); o Relatório Stern, a respeito de mudanças climáticas; o
Protocolo de Kyoto, que trabalha para impedir o aumento do efeito estufa.
Fontes de energia renovável que evitam o desperdício e colaboram para
a preservação do meio ambiente também devem ser destacadas como
instrumentos de melhoria das condições humanas e planetárias:
Energia Solar
Não é poluente, não tem linha de transmissão e exige pouca
manutenção. Seus custos têm sido decrescentes e é extremamente viável no
Brasil, onde o sol brilha com intensidade durante todo o ano.
Energia Eólica
É inesgotável, limpa e evita o efeito estufa. Não consome água e pode
ser amplamente difundida no Brasil por conta do seu potencial eólico.
Energia Hidráulica
Provém dos rios, lagos e represas. O Brasil, por contar com grande
variedade e diversidade hidrográfica, tem grande potencial de desenvolvimento
dessa tecnologia.
Energia Maremotriz
Matriz energética proveniente dos mares, que se transforma em energia
cinética e potencial. O Brasil pode explorá-la por conta do nosso extenso litoral.
Biomassa
Ao contrário do impacto ambiental causado pelos combustíveis fósseis
como o carvão mineral e o petróleo, a biomassa é constituída da combustão de
elementos orgânicos do meio ambiente como bagaço de cana-de-açúcar,
serradura de madeira, papel usado, galhos e folhas de árvores, embalagens de
papelão e casca de arroz.
Hidrogênio
Pode ser importante fonte de energia devido à abundância do elemento
hidrogênio na natureza, principalmente na água. Já existem automóveis
movidos a hidrogênio que se mostraram tão seguros quanto os modelos que
funcionam com gasolina.
Energia Geotérmica
É retirada do interior da Terra, mais precisamente do magma localizado
nas grandes placas, que demonstrou ser fonte intensa de energia.
3. SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA
12
Empresas com capital aberto (S.A. - Sociedade Anônima) oferecem valores de renda fixa na
bolsa, enquanto que companhias fechadas (Ltda. - Limitada) não colocam seus valores em
negociação nas bolsas.
13
No sistema preferencial, após três anos consecutivos sem distribuição de lucros, o acionista
adquire direito a voto temporariamente.
14
As bolsas de valores brasileiras são associações civis que operam sob a supervisão da
Comissão de Valores de Imobiliários (CVM).
auditorias externas e independentes, mobilizar o conselho fiscal e debater com
todos os acionistas sua política e estratégia.
Há diversas formas de investimento em ações, como os clubes de
investimentos (pessoas que se relacionam: amigos, familiares, colegas de
trabalho), fundos de investimentos (grupos que reúnem vários investidores
cotistas) e ações individuais (quando o investidor toma decisões
individualmente). Os investidores deverão arcar com os custos da corretagem
(comissão dos corretores), a custódia (custo mensal por transação) e o imposto
de renda15 sobre o ganho de capital (com alíquota de 15%).
Segundo Fortuna (2005, p. 560), o preço das ações é resultante das
condições de mercado (sistema oferta e demanda) que refletem as
expectativas, projeções e comportamentos dos agentes econômicos
(indivíduos, grupos, famílias, cooperativas, comunidades, associações e
organizações públicas e privadas). Fatos políticos e o desempenho da
companhia no mercado fatalmente também refletirão nos rendimentos dos
acionistas. Os rendimentos provêm da valorização do preço das ações que
podem ser distribuídos entre os acionistas de acordo com a proporção
(quantidade) adquirida e apurada ao término de cada exercício social16. Os
valores somam no mínimo 25% do lucro líquido (sistema Pay-Out), P/L (Preço
lucro por Ação), nos quais são mostrados em quanto tempo o preço a ser pago
por uma ação poderá ser devolvido ao investidor sob a forma de lucro, e o
sistema YIELD, que revela o percentual do preço da ação que voltou ao
acionista sob a forma de dividendos do último balanço.
Os critérios de avaliação das companhias envolvem a análise do fluxo
de caixa da organização, chamado de “Fluxo de caixa descontado”, que é a
metodologia que investiga o potencial da empresa em gerar recursos que
trarão dividendos ao investidor no futuro. Na contabilidade mobiliária devem
constar os estudos do balanço patrimonial que incluem os ativos (ativo
circulante, estoques, clientes, ativo de longo prazo, ativo permanente,
máquinas e equipamentos); e os passivos (passivo circulante, empréstimos,
salários e impostos, passivo de longo prazo e patrimônio líquido17).
Segundo a BM&FBovespa (2009, p. 14), os benefícios dos acionistas
podem se dar por bonificação, quando as ações são distribuídas gratuitamente
aos acionistas por conta do aumento do capital e lucro, e por subscrição, que
dá direito ao acionista adquirir ações oferecidas pela companhia para aumentar
seu capital. A BM&FBovespa negocia diversas ações no sistema homebroker18
através das corretoras de valores mobiliários credenciadas pela Comissão de
Valores Mobiliários e Banco Central e cabe a elas o papel de intermediar os
valores no pregão e lançar os valores mobiliários. Cabe às corretoras fornecer
15
Estão isentos de cobrança de impostos, as pessoas físicas que auferiram ganhos líquidos de
até R$ 20.000,00 ao mês.
16
Os exercícios sociais findam no final de cada ano.
17
Devem ser incluídos no patrimônio líquido da empresa o capital social, as reservas de
capital, as reservas de lucro e os lucros ou prejuízos acumulados.
18
A partir de 1999, as negociações e compras de ações iniciaram as operações online através
da internet de qualquer computador remoto. Em 2005 foram encerradas as atividades de
negociação através do sistema de “Viva Voz” e em 2007, todas as operações acontecem por
meio da plataforma eletrônica de negociação. Diversos investidores se conectam à Bolsa pela
web.
subsídios para a escolha dos investimentos, realizar análises por meio de
consultores especializados que orientam o investidor sobre tendências que
ocorrem no mercado. Entre as opções disponíveis no mercado de ações
podemos citar:
Índices da Bovespa:
Ibovespa: representa 80% do volume negociado;
IBrX-50: representa as 50 ações mais líquidas do mercado à vista;
IbrX: são as 100 ações mais líquidas do mercado à vista;
IVBX: são 50 ações de segunda linha;
MLCX: são ações de empresas de maior capitalização;
SMLL: são ações de empresas de menor capitalização;
IEE: são as ações mais líquidas do setor de energia elétrica;
ITEL: são ações do setor de telecomunicações;
INDX: ações do setor industrial;
IMOB: ações do setor imobiliário;
ICON: ações do setor de consumo;
IGC: diz respeito às ações de governança corporativa;
ITAG: ações baseadas no sistema Tag Along, isto é, o acionista
minoritário tem o direito de vender sua parte caso a companhia seja
adquirida por um outro investidor;
ISE: ações de empresas dedicadas às questões ambientais, sociais e
governança corporativa.
Participação de Investidores
Institucionais
26%
31% Instituições
financeiras
Empresas
8%
Estrangeiros
2%
Pessoas Físicas
33%
Escola Fundamentalista
Focada em uma leitura setorial e específica da empresa da qual o
investidor quer adquirir ações. Deve também observar o contexto político
e econômico para a tomada de decisão e a estrutura econômica e
financeira da empresa.
19
Mensura as mudanças no ambiente das nações, verificando a viabilidade dos negócios;
envolve análises políticas, econômicas, mercadológicas e geográficas.
4. REFERÊNCIAS