A Profetisa HULDA
Objetivo da Aula
Apresentar a história da profetisa Hulda e sua contribuição profética para o povo de Deus; refletir
sobre chamado, ministério profético e autoridade espiritual.
O ministério profético na Bíblia tem seu lugar de destaque no período da monarquia. Trata-se de
um ministério de revelação da vontade de Deus, e não meramente de previsão do futuro, como
pensam algumas pessoas. Este era o meio escolhido por Deus para falar com seu povo no
período dos reis: pessoas levantadas por Ele para revelar a vontade do Senhor, exortando e
consolando seu povo diante de suas lutas e também de seus desvios. Hulda foi uma dessas
pessoas, uma profetisa usada por Deus para exortação e consolo.
Fundamento Bíblico
Segundo o relato bíblico, Hulda, que vivia na parte baixa de Jerusalém (II Reis 22.14), era
profetisa no tempo do rei Josias (± 640 – 610 a.C.). A Bíblia diz que ela era esposa de um certo
Salum, o guarda roupas (não se sabe com certeza se ele era responsável pelas roupas da corte
ou do templo, embora algumas traduções bíblicas apontem para o segundo caso).
A profetisa foi procurada por uma comitiva liderada pelo sumo sacerdote Hilquias, a pedido do rei,
para consultar o Senhor acerca do Livro da Lei que fora recuperado na Casa do Senhor. Ela é
mencionada também no relato paralelo em II Crônicas 34 (v.22).
A Bíblia aponta apenas uma atuação pontual de Hulda; não sabemos muito sobre o que fez essa
mulher, mas a partir deste relato percebemos sua firmeza de caráter e fidelidade ao chamado
profético. Ela iniciou sua fala com a fórmula de fala profética, “Assim diz o Senhor” (v.15), o que
pode apontar para o fato de que não seria a primeira vez que ela falava em nome de Deus. Sua
mensagem teve dois destinatários e o conteúdo era de juízo:
Para Judá: “Eis que trarei males para este lugar e sobre seus moradores, a saber, todas as
palavras do livro que leu o rei de Judá. Visto que me deixaram e queimaram incenso a outros
deuses, para me provocarem à ira com todas as obras das suas mãos e meu furor se acendeu
contra este lugar e não se apagará” (v16-17).
Para o rei Josias: “Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor,
quando ouviste o que falei contra este lugar e contra os seus moradores... e rasgaste as tuas
vestes e choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor... e os teus olhos não verão todo
o mal que hei de trazer sobre este lugar” (v.19-20).
Nota-se na mensagem profética de Hulda o caráter do juízo do Senhor, que “retribuirá a cada um
segundo seu procedimento” (Romanos 2.6). Sua mensagem profética se une à mensagem de
Jeremias, seu contemporâneo, apontando o cuidado do Senhor em advertir o povo de diferentes
maneiras.
Acompanhando a história pela leitura bíblica, vemos que a profecia se cumpriu na vida do povo
quando Nabucodonosor destruiu Jerusalém e levou o restante do povo cativo para a Babilônia (II
Crônicas 36.15-21), e na vida do rei Josias, quando este enfrentou o Faraó Neco, rei do Egito em
Megido (II Reis 20.19).
Palavra que Ilumina a Vida
Hulda atuou num tempo em que a palavra das mulheres tinha pouco espaço para ser dita e
ouvida. O fato dela ter sido usada por Deus nesse tempo mostra que o Senhor não faz acepção
de pessoas, e independente do ambiente e padrões culturais, Ele levanta quem quer, no tempo
que deseja, desde que encontre um coração sincero para com Ele.
Havia outros profetas em seu tempo, até mais conhecidos, como Jeremias e Sofonias, mas Deus
providenciou que a comitiva de Josias fosse até ela. Alguns estudiosos bíblicos apontam que isso
se deu porque ela era a profetisa mais próxima, outros por causa da posição influente de seu
marido, mas temos que reconhecer, primeiramente, a soberania de Deus dirigindo Hilquias e sua
comitiva. Além disso, essa escolha aponta para a idoneidade dessa mulher, que mesmo sendo
casada e tendo uma família para cuidar, demonstra dedicação no ministério e fidelidade à vontade
de Deus.
Ainda que o texto bíblico não se preocupe em apontar como o marido de Hulda lidava com seu
ministério, vale destacar que não há relatos de que ele a impedisse de desenvolver sua vocação.
De qualquer forma, o respeito mútuo entre o casal é fundamental para o exercício ministerial. Bom
é trabalhar na seara do Senhor em conjunto, cada cônjuge desenvolvendo seu chamado e respei-
tando um ao outro, sendo ajudador(a), companheiro(a) e intecessor(a), não havendo inveja,
reprovação ou gerando impedimento no crescimento espiritual e missionário do(a)
companheiro(a).
Não há citação de seu nome antes desse episódio e nem depois, mas o fato dela ser descrita
como profetisa mostra que atuava neste ministério, e provavelmente continuou a fazê-lo depois
dessa consulta.
Aprendemos com Hulda que muitas vezes Deus mandará pessoas até nós para que sejamos
instrumentos dele, anunciando sua mensagem. Nem sempre temos um ministério conhecido ou
reconhecido pelas pessoas, nem um alcance para além de nossa esfera local, mas Deus pode
mover as pessoas em nossa direção para que sejam instruídas por Ele através de nós. E quando
isso acontece, precisamos ter firmeza, clareza (discernimento) e fidelidade ao que Deus fala.
Hulda, como a maioria dos demais profetas e profetisas da Bíblia, não gasta palavras falando de
si mesma ou dando sua opinião sobre os fatos, apenas repete o que Deus manda dizer, e de-
monstra conhecimento de sua Palavra. Isto também é uma boa lição para nós. Precisamos
reconhecer que nem sempre sabemos avaliar as situações pelos olhos humanos, mas se
confiarmos no que o Senhor nos diz, teremos êxito em nosso ministério.
Josias mandou consultar o Senhor porque tinha um coração sincero e queria fazer a vontade de
Deus. Seu povo não era tão sincero, e Deus deixa isso claro na mensagem de Hulda. Sua men-
sagem, ainda que aparentemente dura, gera no rei uma reação positiva na direção do Senhor,
uma postura de quebrantamento e renovação de aliança.
À semelhança da mensagem de Jesus, nossas palavras, que devem ser sinceras e realistas, não
devem ter o objetivo de afastar as pessoas de Deus, mas precisam ser acompanhadas de oração
para que gerem arrependimento, pois servimos a um Senhor que não veio simplesmente julgar o
mundo, veio para salvá-lo porque ama as pessoas (João 3.16-17).
O ministério profético, como sabemos, não é um caminho para prever o futuro, mas trata de
denunciar as injustiças, anunciar a Palavra do Senhor, seus juízos e caminhos. Ainda hoje, Deus
nos chama para anunciar o Evangelho da Paz, mas também para admoestar o seu povo com
amor, honestidade e fidelidade à Palavra.
Conclusão
Hulda é a única profetisa citada pela Bíblia no tempo dos reis, e se une a outras mulheres como
Débora e Miriã que no decorrer da história de Israel foram levantadas para falar e agir em seu
nome. Ainda hoje, Deus chama e vocaciona mulheres e homens para anunciar a sua vontade.
Que Ele encontre em nós pessoas dispostas e fiéis ao seu chamado. Por outro lado, precisamos
aprender a ouvir as pessoas que nos falam da parte de Deus com respeito e temor do Senhor,
conferindo e discernindo espiritualmente o que se fala (cf. I Coríntios 2.11-14).
Para Refletir
Percebemos a mesma receptividade por parte da igreja em relação à palavra de mulheres e
homens? Se isso não acontece, o que podemos fazer para mudar essa realidade?
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Por Fim
Encerrar a aula enfatizando a importância de nos colocarmos nas mãos de Deus para que ELE
nos use no meio de seu povo, e também a necessidade de vivermos aquilo que a Palavra de
Deus nos ordena.
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Leia durante a semana
:: Domingo: II Reis 22.11-20 :: Segunda-feira: II Reis 22.1-10
:: Terça-feira: II Cronicas 34.19-33 :: Quarta-feira: II Crônicas 36.15-21
:: Quinta-feira: II Reis 23.24-30 :: Sexta-feira: João 3.16-21
:: Sábado: Romanos 2.1-11
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Bibliografia
BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. Português. São Paulo: Ed. Paulinas 1985.
BÍBLIA. Bíblia de Estudos Almeida. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
JONES, David R. Hulda – Fatos bíblicos. Disponível em: http://www.bible-facts.info/ar-
tigos/hulda.htm. Acesso em 11/10/2018.
Legados de Fé. Antigo Testamento. Em Marcha. Revista do/a professor/a. Igreja Metodista. São
Paulo, 2019.1. Angular editora.
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