OLIVA, F. L. et al. Desenvolvimento sustentável: análise das relações
interorganizacionais na indústria de celulose e papel. Ambiente & Sociedade, v. 15, n. 1, p. 71-92, 2012.
CUNHA, J. A. C.; PASSADOR, J. L.; PASSADOR, C. S. Recomendações e
apontamentos para categorizações em pesquisas sobre redes interorganizacionais. Cadernos Ebape.BR, v. 9, Edição Especial, artigo 4, Jul. 2011.
No trabalho “Desenvolvimento sustentável: análise das relações
interorganizacionais na indústria de celulose e papel”, os autores buscaram analisar as relações envolvidas na indústria de celulose e papel do município de Suzano-SP, para ilustrar a análise das relações interorganizacionais dos agentes públicos e privados em busca do desenvolvimento sustentável. Os autores destacam os aspectos econômicos, sociais e ambientais das ideologias que abordam a questão da sustentabilidade, destacando que as atividades econômicas. Fica claro que apesar de não ser o pilar principal da sustentabilidade, a atividade econômica representa um aspecto fundamental, pois sem o bom desempenho econômico inviabilizam-se as ações socioambientais. Os autores demonstram que varios modelos de análise da indústria focam na análise do posicionamento dos agentes, desconsiderando a análise de suas relações. Propõem, então, uma abordagem focada nas relações, tipificando as transações entre os agentes. Para isto lançam mão dos conceitos da Teoria dos Sistemas Abertos, da Nova Economia Institucional e o estudo das Organizações em rede, de forma que conseguiram contemplar todos os aspectos a serem estudados, e permitiram aprofundar o entendimento das relações entre os agentes presentes na rede em estudo. O trabalho identificou os principais agentes envolvidos na indústria local, tendo o produtor como referencial de partida para análise das relações entre os principais agentes. Analisou também: as relações entre os agentes envolvidos, os produtos e subprodutos, e os resíduos gerados pela indústria, além de aspectos de responsabilidade ambiental legal e esperada. Na rede organizacional demonstrada no estudo pode ser identificada a colaboração mútua dos produtores com a indústria, sendo que esta beneficia os produtores com fornecimento de mudas, insumos, análises de solo e assistência técnica permanente. E a vantagem para a indústria é o recebimento de uma matéria prima mais padronizada, de melhor qualidade, o que resulta em menos perdas, como é o caso dos resíduos. Apesar disso, o estudo identificou um modo de agir oportunista em ambos os agentes, o que causa um desgaste prejudicial a longo prazo. O estudo, apesar de inconclusivo, trouxe perspectivas importantes a serem consideradas, que podem orientar o poder público a intervir de forma positiva, como instituir programas de educação ambiental nas escolas, ações para fortalecer a rede de relações, fomentar a criação de uma associação dos lenheiros e carvoeiros, etc.
No artigo “Recomendações e apontamentos para categorizações em
pesquisas sobre redes interorganizacionais” os autores orientam os pesquisadores a estabelecer elementos para a categorização das redes interorganizacionais, auxiliando assim a identificá-las, para que possam ser analisadas, comparadas e compreendidas por suas características específicas. No trabalho fica demonstrada a importância da diversidade das relações e criação de alianças em diversos aspectos da vida de um indivíduo e também das organizações. De forma a demonstrar sistematicamente o conceito das redes, os autores introduzem os conceitos de elos e nós. Os nós são os pontos da rede, os agentes que a constituem, e os elos de ligação são as relações entre os nós. Um aspecto muito importante observado pelo trabalho é a questão da coleta de dados, orientando ao pesquisador que procure um respondente com a visão clara do objeto de estudo, e que se atente a ética da pesquisa. O trabalho propõe diversas categorizações para identificação da rede interorganizacional: - Formação: pode ser formação natural ou induzida. - Tipos de Alianças: Horizontal e Vertical. - Orientação das Relações: Fins comerciais e Fins Sociais. - Orientação do Elo da Cadeia: produção ou comprador. - Presença de organização central: estimulante e fortalecedor ou concorrente. - Governança: Sem formalização institucional, com agente intermediário ecoordenação por uma organização central. - Institucionalização: Formal ou informal. - Unidade de análise: atores/grupo de atores e relacionamentos/grupos de relacionamentos. - Tipo de Competição: entre redes e entre organizações. O artigo fornece diversas orientações e ferramentas conceituais para serem utilizadas em pesquisas de redes interorganizacionais, como definição clara do objetivo do estudo, estabelecer os limites da rede abordada, ressaltando a dificuldade deste ultimo aspecto, pois quanto maior o âmbito do estudo, maiores as dificuldades de mapeamento e tempo necessário para a pesquisa. Em relação à orientação epistemológica, fica claro que não foi objetivo do trabalho as linhas de pensamento e epistemologias que podem ser utilizadas para a análise de redes. Em linhas gerais, os dois artigos se complementam fornecendo de um lado base teórica e conceitual sobre as organizações em rede, e de outro apresentando um exemplo prático da aplicação deste tipo de pesquisa. É possível observar a dinâmica das redes colaborativas em diversos setores e segmentos, seja entre empresas ou entre pessoas, o nosso mundo está conectado em redes de relações, onde trocas acontecem o tempo todo, e os estudos organizacionais apresentam uma maneira científica de entender estes processos.