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Talvez não só os compostos químicos. Talvez sim esse algo maior, superior - é
claro – aquilo que lhe faz viver, pensar, agir, e principalmente, sentir. Os
sentimentos diferenciam o homem dos demais animais. Transcende o instinto. O
torna divino. Isso talvez sobreviva.
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http://www.cliografia.com/2012/12/21/a-religiao-na-pre-historia/
Nos primórdios do desenvolvimento evolutivo, talvez não se entendesse tais
questões. Porém a civilização ganhou corpo. Saímos da caverna. Vimos a luz. A
escrita permitiu às histórias verbais - antes passadas de uma geração à outra em
forma de mitos e lendas - gravassem-se agora em pergaminhos, pedras, cavernas,
peles de animais... As histórias da origem, transformação e compreensão do ser,
não mais esvoaçava-se nas palavras dos segredadores patriarcais. A escrita levou
ao homem a possibilidade de eternidade das suas histórias. O homem registrou nas
pedras, nas peles e no barro, sua ligação e provável origem divina.
Os gregos antigos diriam que sim, mas nós insistimos que não. Corremos o risco de
novamente nos perder ou fazer a fogueira queimar outra vez. Já fazemos.
No passado, olhamos para o céu. Vimos a luz. Vimos o Sol. A Lua, as estrelas. Um
infinito belo e cálido que nos envolveu.
Porém, calca ao homem a força cármica da pouca mudança. Somos sempre iguais.
É nos astros – ou no céu - que parecem existir as respostas sobre nossa origem.
Olhamos para lá, de onde nos vem o socorro. O refrescar da alma; a razão de
permanecermos vivos, diante da impiedade e falta de sentido da vida. Estejam lá
em cima um Deus misericordioso, anjos, arcanjos, elohins, querubins ou até
mesmo, seres mais evoluídos em mundos habitados. É para cima que olhamos.
Porém, tais luminares, visíveis ou invisíveis a nossos limitados olhos, não podem
resumir-se tão somente a bolas de gases incandescentes. Para os homens antigos,
tais luzes seriam deuses. Sim. Cada uma das estrelas fixas, as errantes, a maternal
lua, e o sol comandante da vida, todos seriam deuses. Não poderia ser diferente.
Talvez, muito além de tais distinções e facultação dos processos, tais corpos
projetores de energia vital aos seres, mostrar-se-iam tão somente em seu estado de
luz. Talvez a chama visível não passasse do centro; um coração batendo em
resfolegar ligeiro de um ser corpóreo, invisível aos olhos da perdida humanidade.
Seriam como nós, com nosso aspecto, nosso corpo, nossa semelhança. Porém,
víamos tão somente a luz. As estrelas piscavam. Era o coração dos deuses. E eles o
eram à nossa imagem e semelhança.
E claro, tais deuses evoluíram no ritmo da nossa mente. Entendemos que, se somos
como eles - sobrevivendo à morte física - poderíamos - ao nos desprender da
matéria - unirmo-nos a estes num só corpo divino. Então de lá, os seres que se
desprendiam do corpo físico bem poderiam ajudar a vida na Terra. Cultuamos
assim os ancestrais, os pais, avós, pessoas de vida irrepreensível e piedosa.
Criamos mais deuses.
Aprofundando, percebemos que uma única história a respeito desse Deus, pode ter
dado fôlego a todas as outras, alastrando-se como fogo em campo sequioso. O
homem é o mesmo em sua origem, portanto o teor principal não mudará. As
histórias se adequam a cada cultura, lugar, circunstância, crença fundamentada. O
Deus primordial se fragmentou em culturas, concebendo-se conforme a vontade do
homem; porém mantendo sua essência infinitamente superior. Permaneceu como
Deus dos deuses. Louvamos a ele, como o salmista disse: “Louvai ao Deus dos
deuses!” Salmos 136:2
Esse Ser primordial – Criador auto criado e supostamente sem princípio e nem fim,
como o próprio tempo - não é privilégio da cultura judaica. Não, nem de longe.
Bem antes do judaísmo já se cria nesse ser primordial. E é pitoresco analisar a
crença de cada nicho cultural em derredor do Globo traçando vertentes
comparativas a respeito.
O deus auto criado Atum, constitui uma massa única universal, provocando-lhe
uma explosão. Todos os corpos se espalharem, o tempo se contorce no infinito, até
permitir o surgimento da Terra. E a construção do planeta fica por conta de Rá, seu
criador, mantenedor e controlador.
Formidáveis os egípcios sempre. A ciência não os pode desmentir. Como poderiam
aproximar-se tanto do conhecimento moderno?
Não distante da teoria do Big Bang - os Gregos - dos quais herdamos quase todos
os costumes – acreditavam também em um deus primordial. Caos. Este concebeu
por conta própria cinco filhos. Por sua vez estes, na interação entre si, formaram os
demais elementos substanciais do universo. Os gregos possuíam o maior
detalhamento relacionado ao surgimento de todas as coisa. E para a fácil
compreensão, tudo também ganhava o aspecto divino. E, lá no fundo, não é mesmo
assim?
Embora a tecnologia conhecida nos dois últimos séculos de alguma forma não lhes
fossem acessíveis (talvez), a genialidade desse povos mostrava-se graciosa, e os
gérmens do conhecimento moderno há muito lhes habitavam a mente. E, muito
além das particularidades das concepções a respeito da origem do mundo, sua ideia
central sobre o assunto exalava uma lógica peculiar, não podendo nós considerá-la
mera fantasia proveniente do desejo de explicação de suas origens.
O livro do Gênesis bíblico pode ser a chave do conhecimento sobre nosso destino.
Tentaremos, de forma calma, paciente e detalhada, desvendar cada mistério desse
livro intrigante, complexo, porém absolutamente revelador sobre nossas raízes. E
entendendo nosso início, poderemos compreender nosso destino. Talvez
encontraremos nele a resposta primordial a respeito da primeira questão da vida:
“Quem somos?”
Porém, é necessário compreender que a Bíblia em si, pode não ser literal. Seus
significados ocultos podem nos revelar detalhes mais profundos, mais reveladores.
Mais intrigantes, e de igual forma revelar o que a poeira dos séculos sobrepôs à
luz.
Aliás, muitos estudiosos da Bíblia também já conseguiram perceber que esta não
diz tão somente o que parece dizer. Há a percepção da existência de outra camada
sob as histórias.
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https://netnature.wordpress.com/2017/07/28/teria-a-catastrofe-de-toba-super-erupcao-vulcanica-
provocado-um-gargalo-genetico-sobre-o-homo-sapiens/
Se sim, quais justificativas encontraríamos para crer que o sentido real do texto
bíblico não seja literal?
Ao longo das leituras da Bíblia, percebemos um Deus cruel e tirano que jamais
combinaria com o amor e a paz, pregado posteriormente pelo cristianismo. Deus, o
criador amoroso e bondoso, não poderia mostrar tal bipolaridade ao tratar a maioria
das falhas humanas a ferro e fogo. Também não faria sentido Jesus, seu filho e
herdeiro da mesma natureza divinal - ao contrário do pai - mostrar-se manso e
humilde. Seria ele a face bondosa de um criador mau? Que sentido isso pode
possuir?
A verdade pungente nos leva a crer que de fato a Bíblia seja um código.
A Bíblia vem tratar da principal questão do ser humano. De onde vimos, o que
somos, e para onde vamos. O livro do Gênesis talvez contenha a resposta para
essas perguntas. Entendendo nossa origem, ficaremos mais próximos do nosso
destino.
A Criação
"A Terra era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo e o espírito
de Deus pairava por sobre a face das águas." Gênesis 1:2
Dentro de tal concepção, percebemos com clareza, que a narrativa bíblica se posta
a uma Terra obviamente plana. O relato é visível. Inclusive tal questão - por
motivos de interpretação literal - reavivou os defensores da ilusória Terra plana, o
quais, por óbvio, não buscam evidências científicas para a questão, mas respaldo
bíblico nas suas crenças.
Assim no texto, o abismo seria para onde escoariam as águas dessa Terra plana.
Uma vez que a crença a respeito de um mundo discoide permaneceu a até poucos
séculos, a Bíblia não peca quanto a essa afirmação.
A água permeia a planície terrena antes da criação. Este elemento na Bíblia possui
diversos significados particulares, perpassando pela purificação, transformação e
renascimento. Desnecessário mencionar as passagens dos grandes patriarcas pelas
águas, bem como o próprio Cristo. A água é vida. É a geradora de todos os
organismos. É a fonte eterna. Portanto, se a água é o elemento primordial da
criação, a vida já possui completo substrato para a existência.
Entendemos claramente que Deus, o pai, se insere nestes dois elementos femininos,
propiciadores da vida a fim de, posteriormente, preenche-los com sua palavra
criadora.
“E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele
que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de
levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.” Mateus 3:11
Por outro lado, devemos entender a partir de agora, que a semana conhecida de
hoje, nasce na Babilônia. Os sete dias, na verdade, são referências aos sete planetas
astrológicos conhecidos na época.
Assim, o relato da criação no primeiro dia, revela que a luz doada para o princípio,
advém do Sol. O fogo completa a sequência dos quatro elementos, permitindo a
inserção do Espírito, o Éter sagrado segundo os gregos. O quinto Elemento.
"E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o
dia primeiro." Gênesis 1:4,5
Aqui percebemos a diferenciação da luz. A grande noite se esvai. O sol inicia seu
ciclo. Nisto temos o princípio que irá permear todos os rituais humanos sobre a
Terra. A luta entre a luz e as trevas, será uma eterna analogia entre o bem o mal, o
certo e o errado, o limpo e o imundo, a vida e a morte. Este ciclo representará a
condição humana sobre a Terra, o qual estará de alguma forma, pendendo sempre
para um dos lados. A Bíblia vai tratar da transcendência a questão, o equilíbrio. O
encontro com o centro de si. Ao ser divino antecedente à criação, que não se
encaixa nessa forma de contraponto.
Antes de mais nada, é importante salientar que - se levado para a forma literal –
entramos no momento mais contraditório da criação. A luz aparece antes do sol.
Alguns especuladores acreditam que esse seja o momento do Big Bang. Aí reside
outra desesperada tentativa de se agregar a mitologia bíblica à ciência moderna.
Entretanto, o verso anterior desmente tal versão, já que existe uma massa disforme
pré-existente, precursora da parte seca do planeta. Portanto, tal prerrogativa não
ganha respaldo científico, visto que pela teoria da explosão inicial, nada existiria,
senão energia condensada em escala incompreensível.
Também é importante afirmar que a narrativa bíblica é envolta em poesia, numa
técnica denominada quiasma. Ou seja, as três partes iniciais se ligam às partes
conseguintes para completude. No caso da narrativa em questão, o que se observa é
uma ligação entre o primeiro dia e o quarto, o segundo com o quinto e o terceiro
com o sexto. Assim, no primeiro dia é criada a luz e no quarto os luminares. No
segundo, as águas são separadas e no quinto, é preenchida com seres vivos. No
terceiro aparece a porção seca, e no sexto são inseridos os que ali habitarão. Assim,
é prudente compreender de antemão, que o narrador não se preocupa em contar
uma história literal, porém, estabelecer uma relação lógica entre o lugar criado e o
que o povoa.
"Ao estudar esta temática, Allers, numa abordagem mais teorizante do que
historicista, define quatro formas fundamentais do que poderia designar-se por
pensamento microcosmático: a primeira e a mais simples, quase rudimentar,
expressa a ideia de que o homem é formado pelos mesmos elementos que o
universo — terra, água, fogo, ar —; a segunda, mais complexa, delineia um
contexto dinâmico em que micro e macrocosmos se misturam sob as mesmas leis,
projetando-se, em consequência, formulações de tendência panteísta, hermética
ou astrológico-mágica, na acentuação de uma determinação cosmológia ou no
avultar de um microcosmismo antropocêntrico, tendo como fulcro a alma
universal como princípio de existência e desenvolvimento do universo e abrindo-se
correlativamente à ideia de que o homem, individual ou coletivamente, é capaz de
criar ordem. A terceira forma, com alternância possível de cada um dos termos,
estrutura-se ao nível do simbólico, e exige uma decifração/interpretação, com
incidências diversas que poderão ir do nível sacral ao científico. O microcosmo
poderá avultar, então, como termo dominante. Já não é concebido como
reproduzindo o macrocosmo, nem considerado como sujeito às mesmas leis, mas
posiciona-se como “correspondendo a”, na sua totalidade ou em algumas das
suas partes, “sendo símbolo de”. Maria Cândida Pacheco - O sentido do
Microcosmo no século XII P. 10
E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre
águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam
debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.
E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo. Gênesis
1:6-8
Prosseguindo pelo texto nos meandros do segundo dia, as águas são separadas.
"E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a
porção seca; e assim foi. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento
das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom." Gênesis 1:9,10
No terceiro dia as água são separadas; e por magia da palavra divina, aparece então
a porção seca.
Assim, percebemos que as águas possuem seu ponto de finalização e tal não é
desmentido no restante do Livro.
Isaías cita:
"E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera
que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim
foi. E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a
árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que
era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro." Gênesis 1:11-13
No terceiro dia também - além de fazer aparecer a porção seca – Deus ordena o
surgimento dos vegetais, os quais buscarão do interior do mundo, o alimento para a
sobrevivência dos seres. Erva verde, ervas que dêem semente e toda a sorte de
árvore frutífera.
Por meio desses elementos no reino vegetal, a base para alimentação dos seres
terrestres estará disponível, e lhes permitirá experimentar a vida futura.
O terceiro dia astrológico pertence a Marte. Sabe-se bem que tal deus na mitologia
grega representava invariavelmente a guerra, a impulsividade, o fogo da ação e da
masculinidade. Entretanto, outra peculiaridade desse deus coincide perfeitamente
com o terceiro dia da criação. Marte é o deus da agricultura, da colheita e da
fertilidade. Temos então no terceiro dia, a perfeita infusão desse planeta
astrológico na vegetação terrestre.
"E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre
o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e
anos." E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e
assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o
dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas. E Deus os pôs na
expansão dos céus para iluminar a terra, e para governar o dia e a noite, e para
fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom. E foi a tarde e a
manhã, o dia quarto. Gênesis 1:14-19
O quarto dia da criação é o dia central. Existem três dias passados e três por vir. E
é tão somente neste dia central o sol é criado.
Neste dia, também vemos sua relação com o primeiro. Enquanto a luz é criada no
primeiro dia e feita a separação entre ela e as trevas, no quarto dia o objeto de sua
ação é mostrado. O Sol passa a governar o tempo de luz, enquanto a lua e as
estrelas sinalizam a noite. Notemos que nem mesmo o período de trevas está mais
envolto em escuridão. A lua e as estrelas não permitem.
A partir da visão terrestre, vemos que Lua circunda o planeta, numa dança
incessante. Nosso mundo é o centro gravitacional dela. Porém a própria Terra
circunda o Sol, acompanhando os outros oito planetas, planetóides, cometas e
materiais ejetados na criação do sistema. Assim, o Sol é o centro. E ele, por sua vez
na dança galáctica, acompanha a elipse do disco lácteo em torno do buraco negro
central. E assim, em trilhões de galáxias, a lógica parece não mudar. Para tudo
existe um centro.
Em diversas culturas, o Sol é cultuado não somente como Astro Rei, mas como
centro de todo o universo conhecido (O heliocentrismo não é coisa nova, podemos
notar). Inclusive na cultura egípcia, o intrigante Akenaton substitui o culto aos
deuses pela exclusividade ao Sol. Na astrologia suméria, babilônica e assíria, o Sol
é cultuado como o maior dos deuses. Tanto na astrologia antiga quanto na
moderna, o Sol é o regente de todas as circunstâncias terrestres, definindo
personalidades e movimentações pontuais, em sua passagem pelas doze
constelações. É como um ponteiro, indicando as horas de um ano.
Literalmente mantenedor da vida, esse astro é reverenciado há milênios e discorrer
sobre o assunto é adentrar numa vereda infindável de mitos, histórias e concepções
próprias de cada cultura.
Portanto, a partir desta parte, incluiremos os chacras nas concepções dos dias
criados.
O laranja é do segundo dia, quando as águas se separam entre o céu e a terra. Este
está ligado à área sexual. É nela que se impulsionam os estágios instintivos
relacionados à vida por intermédio da preservação da espécie. A sobrevivência e
auto preservação são as pulsões mais básicas do ser. O segundo dia tem como foco
a água. Ou seja, o princípio vital.
Por hora, podemos afirmar que a luz desce sobre o ser humano e se decompõe
nestes sete centros energéticos, sendo os três primeiros ligados às necessidades
básicas do ser humano, enquanto os três superiores ligam-se às suas condições
mais elevadas.
Este centro energético é o equilíbrio dos demais. Quando não cultivado, os desejos
animais, relacionados aos três chacras inferiores, desencadeiam um escravismo às
paixões inferiores. De igual forma, os pontos superiores entram em colapso e
passam a viver em função dos inferiores. Temos então a ascendência do Ego que,
veremos mais tarde, é a serpente satânica.
Até bem pouco acreditava-se que nossos sentimentos residiam nesse órgão e não
no cérebro, visto que para todas as sensações, a reação advenha da região cardíaca.
Toda essa balbúrdia nos serve tão somente para colaborar com a ideia do campo
simbólico e codificado que o texto bíblico permeia. Obviamente, antes de tudo, é
mister entender que o livro bíblico apresenta sua própria explicação para o
surgimento do universo visível àqueles que não possuíam conhecimento. Assim -
muito embora as explicações quando encaradas dentro do campo simbólico - na
maioria das vezes esbarrem em até uma certa lógica aqui e acolá, alicerçar todo o
conhecimento atual num primitivismo destinado a contar a história do mundo a um
grupo de leigos analfabetos há mais de dois mil anos, não é razoável para os dias
atuais.
"E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo
dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua cabeça." Apocalipse 12:1
Mas este, claro, é tema para outro estudo, no qual não vale a pena adentrar no
momento. O objetivo de toda delonga em torno do controverso quarto dia, é que na
verdade, este se refere a algo bem mais amplo que a pendura de globos luminosos a
enfeitar o céu dos humanos.
Voltando-se à camada da qual compreendemos referir-se à formação do homem no
ventre materno, vemos no relato bíblico, que os luminares existem para sinalizar a
separação entre a luz e as trevas. A sutileza das entrelinhas mostra-nos que, com os
olhos agora formados, o humano embrionário pode então perceber a luz em
contraponto com a escuridão.
Por fim, o quarto dia é, na astrologia, o dia de Mercúrio, o deus mensageiro dos
céus. Na mitologia grega é Hermes.
Na mesma narrativa, após a vida surgir na água, ela povoa os céus. Também nisso
há uma correlação científica, visto que as aves seriam - grosso modo - adaptação
dos répteis para vida aérea. Segundo o que conhecemos dentro da biologia, a
proximidade dos pássaros com os répteis primitivos é maior do que com os
mamíferos. Entretanto, não devemos basearmos nessas explicações, visto que no
relato bíblico a demanda é superficial. A Bíblia não está preocupada com lógica,
uma vez que a mensagem a transmitir é diferente dos conceitos estudados na
modernidade.
A analogia com a gestação, de igual forma, segue perfeita. Nesse período do quinto
mês, os pensamentos ou personalidades elevadas impulsionam o ser em gestação,
embora não exprimíveis. Estão próximos, por fora, porém sem lhe tocar, sem lhes
atingir, como as aves que povoam os céus sem entretanto, tocar o chão.
Nota-se também que no ato da criação, não existem animais imundos, o que virá
perceber-se em textos posteriores e mais detalhadamente no terceiro livro do
Pentateuco. Nada na criação é imundo, de modo que, tanto do ponto de vista
gestacional quanto da parte mitológica, não há contradições. O nascituro é limpo
em pensamentos e ações.
O quinto dia também é uma correlação ao chacra laríngeo, de cor azul. Esse chacra
situa-se na garganta e seu controle principal é a fala. Esse é o primeiro dos três
chacras superiores. Assim, correspondem ao altruísmo concernente à fala, ao
pensamento e ao divino.
Sendo o primeiro dos três, a correlação com o quinto dia está no sentido da
existência da vida. É a primeira vez que a voz de Deus gera vida na odisseia da
criação.
O planeta do quinto dia é Júpiter. O nome atual advém da mitologia Romana, a
qual sincretizou a grega. Portanto Júpiter é Zeus, o deus dos deuses.
Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar e possui em sua órbita, 79 luas. Por sua
grandeza, é quase um segundo sol. A Terra é protegida por esse gigante, visto que
todos os corpos celestes em rota de colisão com a Terra são absorvidos por sua
densa atmosfera. Dentre os deuses – à exceção do Sol – ele é o maior.
O quinto dia da criação possui referência A Júpiter em virtude da vida que surge.
Deus do raio e do trovão, é ele quem determina as chuvas. E estas por sua vez,
fazem brotar a erva verde, erva que dá semente e todo o tipo de árvore formosa à
vista. A chuva abastece os rios, lagos e oceanos, fazendo brotar a vida no reino das
águas e da terra.
"E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e
répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi. E fez Deus as feras da
terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da
terra conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom." Gênesis 1:24,25
No sexto dia, a Terra com sua vasta cobertura vegetal recebe os moradores
vertebrados.
Nesta fase, três são as categorias: Gado, Répteis da Terra e as Feras do campo.
Quão próximo das aves os que possuem tal temperamento podem chegar? E por
conseguinte, o temperamento sanguíneo é associado desde a antiguidade ao
elemento Ar.
Vale lembrar que o texto bíblico, ao criar Deus as aves no mesmo dia em que os
animais marinhos, ordenou sua multiplicação na Terra. Ou seja, por mais alto que
voassem, não deveriam esquecer suas origens. Seriam essas significativas
referências uma mera coincidência?
O gado, nessa analogia, é uma forma figurativa daqueles que já renasceram pelo
Espírito. Que já despertou para a vida espiritual e vive neste mundo não com
apegos e sim desprendimento e mansidão. Representam a passagem pelos três
primeiros elementos (água, terra e ar), podendo então passar pelo fogo para sua
completa transmutação. Eis aí o principal significado do sacrifício de Abel, o qual
veremos nas páginas seguintes.
Para renascer como espírito, o ser primeiro deve passar pelas águas. É o primeiro
estágio da vida. Sem ela não há começo nem recomeço. Tal alinhamento encontra-
se na Bíblia desde a mitologia da Arca de Noé (Morte e ressurgimento), passando-
se por Moisés - que também é uma simbologia espiritual da passagem pelas águas
quando levado ao Nilo num cesto de junco – e por fim, e mais importante – Jesus –
que passa pelas águas no batismo de João. Enfim, o fleumático é um simbólico
objetivo daquele que deseja a nova vida. É um exemplo, porém não o fim em si
mesmo.
Não menos por isso, a sutileza bíblica denomina os seres rastejantes por "répteis da
terra". Coincidência ou não, o temperamento melancólico é associado desde à
antiguidade ao elemento Terra. Os répteis da terra também correspondem às
pessoas, que por seus apegos a condições terrestres, não se desprendem do mundo.
Seu ventre, ou seja, seus desejos, sua emoções, arrastam-se, mantendo forte desejo
da permanência no mundo, não almejando uma evolução que lhes permita enxergar
mais alto.
“Uma ideia bastante natural de que os coléricos são o centro do universo se faz
válida. Os mesmos acreditam que tudo deve girar em torno deles, de maneira que
apenas eles importam. Portanto, não é difícil inferir que a sua postura acaba
dificultando relacionamentos interpessoais com amigos e colegas de trabalho.”
https://www.psicanaliseclinica.com/tipos-de-temperamento/
"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;
e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre
toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher
os criou." Gênesis 1:26,27
O homem é criado à imagem e semelhança de Deus. E isso faz com que a religião
sob o véu da ignorância, imagine um homem sentado numa nuvem realizando a
obra criação. Entretanto a própria Bíblia, em todos os textos, deixa claro que não
existe semelhanças físicas entre Deus e o homem, visto não se tratar de um ser
corpóreo. Ao levar esse texto para o campo literal, nossa mente questionadora
perguntaria quais a necessidade de um Deus espiritual possuir forma humana, já
que tais lhes são inúteis. De igual forma, seguiríamos no questionamento,
perguntando para quê lhe serviria boca, sistema digestivo e tudo o mais que
possuímos com fins de sobrevivência, úteis tão somente aos seres corpóreos.
Por outro lado, encontramos uma inconsistência no texto um tanto curiosa. Tudo o
que surge de vida no planeta brota pela ordenança divina das águas ou da terra.
Com o homem isso não ocorre. E nesse detalhamento que faremos adiante,
sentimos a possibilidade de algo mais no ser humano. Ele é moldado por Deus e
não parece "natural" da Terra.
De fato o texto deixa transparecer que o homem aqui inserido, não é natural, mas
um administrador do complexo sistema experimental de vida para o qual foi
destinado este embrionário planeta. Sobre isso, abordaremos o assunto quando
falarmos sobre a genealogia de Adão a Noé.
Sendo que no sexto dia o homem está criado, como a história da criação pode
referir-se à concepção fetal? Afinal como os dias referem-se aos meses, o ser nesta
etapa possui seis meses de formação e não os nove necessários. Além disso, por
tratar-se de gênero, que entendimento poderíamos conceber a respeito do
masculino nesse desenvolvimento?
Bom, já vemos que a composição física foi plenamente desenvolvida nas fases dos
meses correspondentes aos dias da criação. No sexto dia temos a inserção dos
animais no terreno, que como já visto, são as quatro principais personalidades,
dando uma forma final ao ser, portanto o "homem." O masculino neste caso,
refere-se aos sentido da compreensão, à consciência, ao intangível e não à forma
física. O feminino, que veremos adiante, é a parte carnal do ser. Seu corpo físico e
os instintos inerentes à sobrevivência sobre a face da mãe Terra. Assim, é
facilmente perceptível na Bíblia em sua simbologia, que o homem referido é a
consciência; enquanto a mulher é o corpo ou a natureza inerente a ele. De forma
didática, seria como o software e hardware em perfeita combinação, onde um não
funciona sem o outro, conforme compreendido em Eclesiastes 12:7 ao tratar da
morte:
"E o pó volte à terra, como o era (a mulher), e o espírito (o homem) volte a Deus,
que o deu."
E por sua semelhança com Deus, o espírito (ou consciência astral) é superior ao
corpo (a consciência inferior), uma vez que o corpo se vai, porém o espírito divino
nele inserido é eterno, uma vez que sempre volta para Deus. Já o entendimento
literal do que simbolizaria a superioridade do espírito (que a partir daqui
passaremos a chamar de Consciência ou Eu Superior), por certo criou os
machismos sociais, que podemos por assim dizer, mostram-se inconsistentes e
inexistentes no texto sagrado. Tais machismos não são tangíveis por um simples
motivo: O homem, tomado em seu escopo literal, não é superior à mulher, uma vez
que Deus não criaria alguém a fim de servir-se como objeto de outro ou cuja
finalidade seria de estar tão somente sob suas ordens. Não! Ambos são livres, tal
como os animais, criados sem amarras ou submissões, muito embora existindo
hierarquia social em grande parte dos grupos. Aliás, no reino animal, muito pelo
contrário - na maioria das vezes - quem dita as regras é a fêmea, escolhendo
inclusive, o pai de sua prole. Na natureza o macho que se esforça para agradar a
fêmea, pois dela advirá sua linhagem. A fêmea não é submissa ao macho. Sendo
assim, por certo que na sociedade humana não seria diferente. Entretanto,
justamente essa interpretação literal dos livros sagrados de raiz abraâmica, que
ocasionou toda a balbúrdia nos setores mais conservadores e pouco espirituais da
corrupção religiosa espalhada pelo mundo. Nas sociedades politeístas, entretanto, o
machismo é quase inexistente, evidenciando que no meio monoteísta existiu uma
clara interpretação errônea da Bíblia. Ou seja, sociedades mais evoluídas e
tolerantes espiritualmente, também o são no trato social.
Corpo e espírito (ou Consciência carnal e espiritual), ou ainda, Ser corpóreo e Ser
Astral estão justapostos e interligados. O cordão de prata os fundiu, entrelaçando-
os para o cumprimento de seu papel no mundo físico.
Por fim - com o espírito plenamente encarnado - é dada a ordem de dominar sobre
os animais: as aves, os peixes, as feras e o gado. Como já vimos, tal domínio deve-
se compreender pela inserção dos quatro temperamentos no DNA físico e espiritual
do homem a nascer.
"E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre
a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á
para mantimento." Gênesis 1:29
"E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em
que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi."
Gênesis 1:30
Por certo, nossos temperamentos não necessitam produzir frutos, visto que estarão
subordinados a nós, devendo manter-se sob controle. Perceba: "E domine sobre os
peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e
sobre todo o réptil que se move sobre a terra."
Estando sob nosso domínio, o alimento deve fazer-se o mais básico e simples. O
resultado do comportamento destes será conforme nosso comando.
"E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a
manhã, o dia sexto." Gênesis 1:31
Toda a obra da criação se consumara. Nada mais a fazer. O homem fora inserido
na Terra e o que se devia realizar neste mundo, terminara.
Mais tarde, em Jeremias 7:18 e 44:19, o culto a essa deusa é condenado, como de
costume em todos os textos bíblicos, visto a atração de fatores amaldiçoantes ao
povo de Israel.
Vale lembrar que os deuses representados pelos planetas não seriam objeto de
adoração nem mesmo no campo mítico que estamos analisando. O objetivo da
libertação espiritual que permeará o texto bíblico, é justamente livrar-se das
amarras adquiridas por associações divinas a deuses fictícios.
É evidente que um ser supremo e real, jamais teria necessidade de descanso, uma
vez que por sua eternidade, o criador não possuiria as mesmas necessidades
humanas. Tampouco seria necessário deixar qualquer exemplo para o ser humano,
já que - como seres livres - cada qual escolheria seu próprio dia de repouso, sem a
necessidade de submissão desprovida de lógica ou propósito, imposta por um
ditador celestial.
O sétimo dia como dia de descanso vai muito além de colocações estapafúrdias que
desenvolveram-se ao longo dos séculos nas religiões que detiveram-se a observar
esse dia como sagrado.
Por outro lado, a semana da criação representada pelos sete planetas astrológicos,
coincide com a semana do calendário lunar. A semana de sete dias era a expressão
aproximada dos sete dias de uma fase lunar.
O sétimo dia entre os babilônicos era considerado também um dia de mau agouro,
devido à virada da fase da lua, devendo-se evitar exercer qualquer atividade neste,
por conta da má sorte que poderia sobrevir. Disso entende-se também a ordenança
da narrativa em se descansar nesse dia.
No que tange aos sete chacras aqui comentados em paralelo, o sétimo e último
chacra é o coronário e encontra-se no alto da cabeça. A cor de sua energia é
violeta, completando assim o espectro de refração da luz. Por ele adentra a energia
divina advinda da centralidade universal, condensando e fazendo surgir os demais
centros energéticos contidos no ser humano. Este chacra corresponde a Deus. Seu
alinhamento com o sétimo dia da criação é perfeito.
Portanto o sétimo dia não é considerado sagrado por motivos tão somente
astrológicos relativos aos planetas ou fases lunares. A organização por meio do
sete também obedece regras energéticas e vibracionais meticulosamente
matemáticas. Um círculo exatamente igual pode conter à sua volta com milimétrica
perfeição, outros seis círculos do mesmo tamanho, demonstrando a perfeição da
natureza que emana do centro. De igual forma as cores refratadas na dispersão da
luz nas gotículas de água, mostram um círculo perfeito (do ponto de vista terrestre,
um arco) com sete cores decompostas. Da mesma forma, a tabela periódica dos
elementos possui sete sessões em sua organização, de modo que a matéria só pôde
ser elucidada quando organizada nesta correlação. Portanto, o número sete não é
apenas um número. É a completa e perfeita correspondência da centralidade
universal.
No sete se encerra o conceito cíclico de final de uma etapa e surgimento de outra.
É o fim para o recomeço. E sempre o recomeço se dá num degrau mais alto na
escala cósmica.
"Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o
Senhor Deus fez a terra e os céus." Gênesis 2:4
Ao inserir o termo "no dia," entende-se que o autor de Gênesis englobou toda a
criação como apenas um ato. Foi apenas uma obra, dividida em sete etapas. E
assim irá prosseguir a história humana e a lógica universal. Para uma compreensão
melhor do que nos é revelado por meio desse verso, entendamos a criação divina
como uma explosão circular. A partir do círculo, tudo surgirá. Esse é o princípio da
energia e matéria. Assim, com o movimento da energia em expansão a partir do
centro, outros círculos surgirão; e com o perfeito agregamento dos outros seis à
volta - em escalas maiores e mais energizadas - teremos a junção energética,
chegando à matéria que é a finalização de sua condensação.
O Homem
"...E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do
campo que ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover
sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da
terra, e regava toda a face da terra." Gênesis 2:5,6
Neste texto, vemos que o mundo, antes do surgimento do homem crescia por si só.
De fato essa é a narrativa da criação. Algumas corrente, inclusive, tratam a questão
dentro de uma perspectiva evolutiva, sugerindo que a criação refira-se a períodos
de eras anteriores à raça humana. De certa forma, levado para o campo literal, tal
perspectiva possui sua lógica. Entretanto, o mito não se presta exatamente a esse
tipo de análise. Por mais evoluídos que os povos mesopotâmicos o fossem,
detalhes da evolução terrena não lhes seriam interessantes, dado a pouca
importância de tais dados para suas vidas atuais. Prescindiam-lhes entender tão
somente o surgimento de si mesmos e de sua possível vida não terrena. O que dizia
respeito à Terra e seus anteriores habitantes não lhes convinha. O que se lhes
prestavam os estudos, abrangia um campo mais espiritual e elevado do que o apego
a dados materiais menos importantes, concomitados à raça humana em derredor.
Os povos de origem mesopotâmica, viam-se como divinos e originários de um
ponto elevado dentre as estrelas, conquanto amalgamados e entrelaçados
geneticamente com a inferior raça humana desenvolvida na circunvizinhança.
Os detalhes do texto são também, de igual forma reveladores ao citar que “no dia”
em que Deus criou a Terra, ainda não se havia feito brotar erva no campo, visto
não haver homem para lavrar a terra. Como citado anteriormente, a erva do campo
representa o conhecimento, o entendimento a respeito do mundo e suas
intempéries. Sem o homem para o lavrar, não será compartilhado. Dessa forma,
somente após o surgimento de tal ser é que poderá “existir” e passado adiante.
Para entendermos melhor essa origem, temos que entender o que seria o "pó."
Então, é mister entender que a Terra é a grande mãe. Originária da vida biológica.
"Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó."
Eclesiastes 3:20
Evidentemente que tal esmero para a criação humana não faria contumaz sentido,
visto bastar a ordenança de levantar-se das entranhas da terra e partir direção à
vida. A sutileza do texto nos remete a outra fator, muito diferente do que um mero
soprar de vento. O respirar e a manutenção da consciência estão intimamente
ligados. A ausência de ar reduz o indivíduo ao inconsciente. Portanto, a ausência
do “fôlego” divino nas narinas do homem, o torna inconsciente quanto à própria
existência.
O fôlego, por sua vez, é a evidente inserção do Espírito divino pela parte de Deus.
Este que fará a animação do indivíduo. Que o fará viver. O retirar do pó fomenta a
natureza biológica e transitória. O soprar do Espírito traz-lhe a natureza divina e
eterna.
O Jardim
A partir do verso 7 do segundo capítulo, outro aparte é inserido para explicar onde
o homem recém criado habitará. Diferente da poética narrativa da criação, onde
primeiro é criado o lugar e depois o que lhes preenche, com o homem dá-se o
contrário. O homem primeiro é criado para então preparar-se lhe um lugar.
"E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem
que tinha formado." Gênesis 2:8
Disso temos que o homem é criado fora do Jardim. O texto outra vez deixa
transparecer que o ser humano não tem sua origem espiritual na Terra (se tomado
do ponto de vista de que houve de se lhe preparar lugar). Sua habitação fora
preparada posteriormente, como que em ajuste à sua natureza. Um aparte para seu
conforto, talvez semelhante ao lugar de onde viera.
Todos esses reinos renasceram sobre as cinzas uns dos outros, numa sequência
infindável de guerras, as quais não é nosso objetivo narrar. Eram povos das regiões
que cresciam e atacavam seus superiores, destituindo-lhes o podes e imperando em
seu lugar. O que nos interessa aqui entretanto, é compreender de onde o autor de
Gênesis bebeu sua água para a criação desse intrigante livro - referência até mesmo
para a fundamentação da pseudo científica de muitas crenças religiosas.
Destarte, temos uma evidência interessante. Embora o Pentateuco tenha sua autoria
atribuída a Moisés, sua escrituração deu-se por volta do ano 600 AC, mais de mil
anos depois da morte desse mítico patriarca. Exatamente nesse tempo da
escrituração que os assírios florescem no entorno do reino de Israel. Sabemos, por
outro lado, que a Bíblia apenas nesse período que o povo deixou para trás as
alegadas tradições orais, palmeando-se então pelo que passou a registrar-se (até
esse tempo, o único livro escrito no qual baseavam seus costumes era a lei. E até ao
tempo de Josias, estivera perdido). Encontrar uma palavra de origem assíria no
início da história da criação, prova que a narrativa do livro não tem sua autoria em
Moisés, visto sua morte ter se dado mais de mil antes do surgimento conhecido
desse povo.
Muito evidente é, que a Bíblia seja uma cópia de histórias pertencentes a outros
povos. E tal afirmativa vai se consolidando cada vez mais fortemente, conforme
adentramos no texto.
Por outro lado, o local onde o jardim foi inserido tratava-se um lugar literal; e ao se
mencionar no texto, os judeus entendiam geograficamente onde encontra-lo.
"Porventura as livraram os deuses das nações, a quem meus pais destruíram,
como a Gozã, a Harã, a Rezefe, e aos filhos de Éden, que estavam em Telassar?"
II Reis 19:12:
Vale aqui ressaltar que não falamos do Jardim formado, mas do local chamado
Éden, onde tal paraíso se plantou. Portanto, de novo temos uma referência à Assíria
no texto, pois as cidades de Gozã, Harã e Rezefe encontravam-se próximas umas
das outras e as três pertenciam ao território Assíria. E Éden também ali se
localizava.
A questão que fica para o momento é o motivo do jardim não fazer-se plantar nas
sagradas terras de Canaã e sim num lugar paganizado.
A coincidência no texto também é interessante, uma vez que Ezequias viveu num
tempo de aperto com os Assírios, os quais almejavam tomar-lhe o reino. O mesmo
Ezequias (no qual ainda no período de seu reinado se escriturava a Bíblia),
restaurou o templo (outra sutileza bíblica, pois que muito bem pode referir-se não a
um templo físico, mas à restauração dos textos sagrados), e pediu aos sacerdotes
que o purificassem. Um desses sacerdotes chamava-se Éden.
A absorção de um costume de uma nação por outro povo próximo, não é nenhuma
novidade ao longo da história. Culturas se aglutinam, se absorvem e renascem
sobre as cinzas de outras. A Bíblia, de igual forma, copia a cultura circunvizinha e
vai evidenciando-se paulatinamente como um livro de astrologia assírio-suméria,
usando terminologias diferentes a respeito dos mesmos assuntos, a fim de criar um
texto particularmente individual para o povo judeu, com visível absorção das
culturas dos povos vizinhos.
"E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para
comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem
e do mal." Gênesis 2:9
Como já vimos, árvores e frutos são simbolismos. O próprio Jesus usou esse tipo
de metáfora ao falar a esse respeito:
"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas,
mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis.
Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a
árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus." Mat. 7:15-
17
Assim, não somente neste texto, como em inumeráveis outros - os quais não é
mister mencionar no momento – está claro que árvores são símbolos de ideias e
ideais, produtoras de algum tipo de consequência. São conceitos abstratos que
fomentam frutos concretos. Árvores são conhecimentos e frutos do pensamento,
sejam eles filosóficos, empíricos ou científicos. No Éden existia todo o tipo de
árvores boa à vista e isso incluía a Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento do
bem e do mal. Portanto a ideia central da inserção do homem no mundo seria
apresentar-lhe a vida e o conhecimento.
Por ora, não nos aprofundaremos no assunto, visto que o conceito aqui aplicado,
aprofundar-se mais à frente.
"E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em
quatro braços. O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de
Havilá, onde há ouro. E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra
sardônica. E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de
Cuxe. E o nome do terceiro rio é Tigre; este é o que vai para o lado oriental da
Assíria; e o quarto rio é o Eufrates." Gênesis 2:10-14
Primeiramente devemos nos ater ao texto, entendendo que o rio surge no lugar
onde o homem é inserido. Assim, compreendemos que o homem vai aparecer
exatamente na nascente dos atuais Tigre e Eufrates. De sua localização, temos a
perspectiva do surgimento do homem em seu sentido intelectual. O escritor bíblico
procura marca-lo na base de sua cultura, e esta primordialmente, não é judaica. As
raízes lançadas estão visivelmente ligadas à Suméria.
“O rio simboliza a existência humana e o seu curso com a sucessão dos desejos,
dos sentimentos, das intenções e as possibilidades dos seus desvios. Na tradição
judaica, o rio do alto é o rio das graças, das influências celestes. O rio do alto
desce verticalmente e se expande horizontalmente em quatro sentidos a partir do
centro, simbolizando as quatro direções cardeais e os quatro rios do paraíso
celeste." https://www.dicionariodesimbolos.com.br/rio/
Os braços também são uma clara alusão aos quatro ventos da Terra. Disso
compreendemos que as correntes advindas desse conhecimento primordial estariam
presentes no demais os pontos do planeta, ainda que interpretações diferentes a
respeito desse mesmo conhecimento sofresse mutações em contato com outras
culturas. Em sua raiz, o rio seria apenas um - uma vez que os sumérios possuíam
consciência que seu avançado conhecimento de uma forma ou outra, abrangeria
todas as nações – porém nada impediria que outros bebessem de suas margens.
Compreendemos nesta questão, que embora tal conhecimento a respeito da ciência
e espiritualidade seja sentida pela Suméria como uma certa exclusividade, as
revelações a respeito dos assuntos pertinentes ao campo espiritual, contornariam
outras nações que atingissem avanço mental e intelectual.
"O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há
ouro. E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a pedra sardônica." Gen.
2:11-12
A única coisa que temos a respeito é que Havilá fora um filho de Cuxe (I Cron.
1:9), neto de Noé. Portanto Havilá teria sido uma terra habitada pelos descendentes
de um bisneto desse importante patriarca. Entretanto, o dado não parece nada
esclarecedor, até compreendermos o significado tanto de uma quanto de outra
nomenclatura. Havilá significa "Círculo", enquanto outras traduções o tem por
"Arenoso." Cuxe entretanto, significa Preto.
Preto, no caso, talvez não seja uma referência à cor da pele, mas à mentalidade
obscurecida pelo domínio dos desejos humanos. Essa referência seria a tais povos
não banhados pelas vertentes sagradas da compreensão espiritual, advinda do
conhecimento primordial do jardim de Deus.
Alguns versos atrás, menciona-se que Deus não havia feito chover sobre a Terra.
Assim, tudo o que existe, é fertilizado por esse rio primordial do Éden. Portanto, a
terra de Havilá pode ser compreendida em sendo esses humanos sequiosos do
conhecimento espiritual, desprovidos do conhecimento das correntes divinas.
Embora um terreno arenoso nada produza, o mesmo possui a fertilidade latente,
necessitando tão somente que as águas o toquem.
As outras informações que aparecem a respeito da terra de Havilá também nos são
surpreendentes. Nela “há ouro. E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a
pedra sardônica.”
O ouro é o mais nobre dos metais e o mais cobiçado dentre os homens. Símbolo de
nobreza absoluta, os reis demonstravam superioridade, confeccionando armações
coronárias com este precioso metal e empunhando no alto de suas cabeças. Uma
tradição que atravessou séculos e é mantida até hoje.
Assim, a compreensão nos faz crer que Deus é o ouro em nós. O Espírito sagrado
que em nós habita.
"Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós,
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" I Cor. 6:19
"E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns
magos vieram do oriente a Jerusalém. E, entrando na casa, acharam o menino
com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros,
ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra." Mateus 2:1 e 11
"Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como
a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos
como o carmesim, se tornarão como a branca lã." Isaías 1:18.
Pecado não é a lista infindável das situações proibitivas que algumas religiões
imputam em culpabilidade a seus fiéis (muitas das vezes sob o pretexto de os
manterem em cabresto arrancando-lhe os bens materiais). Pecado é a ligação
escravista com as paixões deste mundo, impeditivas de alcançar a luz.
E a luz, esta por sua vez, fragmenta-se em nossa percepção em sete cores, sendo o
vermelho a primeira delas. Abaixo - no negro - está o infravermelho. O vermelho é
assim, a cor mais próxima das trevas. O bdélio, por sua vez, é marrom-
avermelhado, estando também próxima destas. Entretanto, manuseando-a
corretamente, produzirá seu aroma, pois em seu interior pulsa seu real valor.
Nesse foco, a descrição e propriedades dessa pedra revela o que estamos buscando;
e encontramos factual ligação com o Bdélio em relação à sua cor, também
vermelha. Alguns povos a rotularam de pedra de sangue.
O Jaspe - colocado aqui não sem significado – também é uma pedra vermelha,
adicionada de listras pretas. Sobre o trono vibra o Arco Celeste.
"O Sárdio é uma pedra muito especial que é inclusive citada em alguns trechos da
Bíblia sendo usada como pedra principal do peitoral dos sumos sacerdotes e
também usada pelo rei de Tiro."
"No corpo físico, o Sárdio é uma pedra extremamente ligada a efeitos positivos na
circulação, pressão sanguínea e saúde do coração."
https://cursosextensao.usp.br/pluginfile.php/103645/mod_resource/content/1/Livro
_Cristais_Aquarius.pdf, podemos ler o seguinte a respeito desta pedra:
Podemos compreender por fim, que a menção desta pedra na terra em que circula o
primeiro braço do rio do Éden, é referência evidente ao que se refere ao ser carnal.
Ao mesmo tempo, implica-se que em seu lado purificado, remeta ao divino da
vida.
"E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia toda a terra de Cuxe." Gen.
2:13
"E o nome do terceiro rio é Tigre; este é o que vai para o lado oriental da Assíria;
e o quarto rio é o Eufrates." Gênesis 2:14
Segundo o autor, é importante mencionar apenas que o rio Tigre vai para o lado
oriental da Assíria. Já sobre o Eufrates nada mais é mencionado.
Isto posto, é importante lembrar, que a menção dos rios Tigre e Eufrates num único
verso é uma clara referência à Mesopotâmia, de onde nasceram e declinaram os
mais importantes impérios registrados na história antiga.
O choque com questões históricas nos remete a uma outra área do tempo mais
elucidativa. Conforme visto, a civilização Assíria iniciou seu desenvolvimento por
volta de 1200 AC, sobrevivendo até 620 AC. Moisés teria morrido no mínimo cem
anos antes do surgimento desse povo. E ainda que o fossem contemporâneos,
muito estranho seria que conhecesse a Assíria, visto as limitações geográficas entre
o Egito e a Mesopotâmia. Portanto, é de simplicidade lógica, acreditar que o autor
factual dos textos atribuídos a Moisés, tenha vivido no auge da história Assíria,
quando esta já se tornara um poderoso império. Aliás, é corrente comum entre
teólogos que as histórias contadas até à época do Rei Josias - exatamente por volta
do ano 600 Ac - se fizeram por tradições orais, sem registros anteriores. Este rei de
Israel afirmou encontrar o livro da lei, entregando-o aos escribas para a cópia (II
Cron. 34). O livro da Lei ali mencionado é uma referência evidente ao Pentateuco,
onde se codificaram todas as leis que regeram Israel em sua identidade como povo.
Assim, é cristalino que o que conhecemos a respeito do Antigo Testamento -
atribuído a tantos homens santos e inspirados - não tenha passado de fruto das
mãos de um pequeno grupo de homens contratados por Josias, exatamente para tal
finalidade. E se assim for, toda a história inexistente de Israel e suas milagrosas
vitórias sobre povos (que não as registraram em seus achados arqueológicos),
tenham advindo de toda a mistificação inseridas por estes, com objetivo de criar
uma história que - além de lhes conceder identidade histórica - serviria também
como base mitológica para o encontro espiritual que todas as outras nações
apregoavam. Portanto, ainda que historicamente irreal, a riqueza contida nos
simbolismos desses livros codificados, nos remete à própria história humana, desde
sua queda de um mundo superior, até sua recondução a uma esfera celeste.
O lado oriental da Assíria aqui mencionado é mais uma vez interessante, visto que
de novo, o Oriente é mencionado. O jardim dispunha-se ao oriente da terra de
Éden, e por sua vez um dos braços do rio corria para o oriente da terra da Assíria.
Como já dito, o Oriente é onde o sol nasce, e esta passagem parece demonstrar que
o Rio da Vida margeou a Assíria. Sendo verdade, o autor está dizendo que os
conhecimentos adquiridos sobre a espiritualidade em que se basearam as crenças
judaicas, estiveram residindo na Assíria em seus primórdios de codificação. E uma
vez que o povo de Israel - exatamente no período de escrituração da Bíblia - esteve
cativo por esse povo, é muito provável que de lá tenha extraído a base para suas
crenças.
Tal assertiva pode se verificar diante das coincidências quase lineares e paralelas à
crença judaica com o principal profeta desse povo, Zoroastro, que nascera por volta
de 660 Ac, trazendo a ideia de um Deus único, a vinda de um messias, a
ressurreição dos mortos e o julgamento final - além de um sem fim de doutrinas
conhecidas no bojo judaico-cristão. Na verdade, quando estudado com
profundidade, é possível perceber uma íntima relação entre os ensinos de Zoroastro
e os mosaicos, sugerindo assim que o patriarca Moisés tenha sido um arquétipo
desse profeta.
Até mesmo a semana de sete dias baseada nos ciclo lunares é uma cópia do
calendário assírio, muito embora o povo hebreu tenha - segundo a Bíblia - vivido
430 anos no Egito, que na verdade possuía uma semana de dez dias e dos quais
deveria absorver os costumes, como foi o caso da língua babilônica - o aramaico -
herdada pelo povo de Israel ao se passar somente 70 anos no cativeiro. A língua
egípcia deveria ser a corrente entre esse, visto que o tempo de absorção da cultura
teria sido maior. Outrossim a história do cativeiro egípcio não encontrou base em
nenhum achado arqueológico e não coincide com nenhum período histórico real.
Ao que se pode ver, a intimidade dos judeus com os assírios é estreita e no mínimo
curiosa - para não se dizer que é de fato uma cópia quase fiel de seu sistema
religioso. Talvez por isso preferiram registrar que o homem criado por Deus, fora
inserido num jardim situado naquelas terras, visto que o conhecimento espiritual -
representado pelo homem - adveio daquele povo, enquanto o proveniente do Egito
lhe pareceu opressor e desvirtuado.
"E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o
guardar. E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do
jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal,
dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás."
Gênesis 2:15-17
Podemos inferir que o bem e o mal não existem factualmente, sendo frutos tão
somente da imaginação e comportamento humanos.
Assim, ao criar o conceito de bem e mal, o homem entraria numa eterna dança
dualistíca, cuja libertação adviria tão somente por intermédio do amor. Não o amor
erótico ou o que conlui para a possessividade de outrem, mas o amor desprendido,
que flui, que enxerga a todos igualmente, sem a necessidade de contrapor o bem e
o mal - pois que o amor universal se exime de tal prerrogativa.
A Mulher
"E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma
ajudadora idônea para ele. Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo
o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como
lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu
nome. E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal
do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.
Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e
tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar;
E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-
a a Adão." Gênesis 2:18-22
Grosso modo, digamos que a mulher é o corpo físico. Porém, não somente a carne
detentora do espírito (os dois são uma só carne), mas a regência instintiva terrestre.
O corpo instintivo, protetor, reprodutor. A mulher é o único modo possível da
encarnação da alma.
Há um gracejo popular de que a criara Deus como derradeiro ato de seu trabalho,
visto que se a fizesse existir em algum momento anterior, não seria possível os
demais afazeres, dado a intromissão a que se prestaria.
Apesar do cunho anedótico, esta inferência nos parece uma verdade pungente. A
mulher é o mais expressivo dos seres, de uma complexidade infinita e uma
percepção absurda a respeito do mundo material, tendo inclusive em si, uma
predisposição a faculdades extra-sensoriais. Sem esta, o mundo careceria de cor.
Não adviriam as indagações, questionamentos, e principalmente o amor,
expressado vividamente pela maternidade a esta inata.
Assim, a mulher é a expressão materializada da mãe terra, que acolhe seus filhos
de forma graciosa, e doa parte de si para a manutenção. E assim como uma mãe,
reage a cada exagero proveniente do mau uso de seus donativos, fustigando os que
lhe desafiam.
O mundo material é pontuado pela mulher. Ao homem é dada a mente lógica, reta,
objetiva; à mulher, o raciocínio relativo, condizente com a preservação, o
acolhimento. Não possui linearidade obrigatória, fazendo assim, a entrega aos
ditames da preservação da vida, ligados ao instinto materno de amor incondicional.
A mulher representa o pólo negativo do ser humano; sua parte terrestre. E como
vimos, o negativo não representa maldade por tratar-se de fruto da mente humana
deturpando o significado das forças cósmicas. O pólo negativo é o complemento
do positivo; e um sem outro não frutifica. Portanto, o negativo em si não tem
prerrogativas maléficas. Ao contrário. Tal força é necessária para a existência do
equilíbrio. Sem o negativo não há movimento. Portanto o universo assim se
estabelece.
A separação por sexos entre os animais é sinal da patente evolução ocorrida nos
seres energeticamente criados sobre o globo. Os unicelulares ou assexuados, ao
passo que representantes de uma comodidade letárgica para com a vida, possuem
consciência infinitamente menor e não necessitam explorar o mundo para
sobrevivência. A separação por sexos - dando funções diferentes a ambos -
possibilitou o espalhar-se pela Terra, culminando na existência do homem. E este
por fim, mostrou-se como um amálgama entre o espiritual e o carnal (muito
embora a existência de espírito e consciência pós morte também esteja presente nos
outros seres deste planeta experimental). A separação pelos sexos nos animais,
possibilitou a evolução de suas condições físicas essenciais e posteriormente, da
consciência humana e a compreensão da vida transcendente ao físico.
A mulher, nessa dança dicotômica, nos remete a uma questão mais profunda.
Essa “criação” nos remete a uma outra e complexa história, de que seres
expurgados de uma longínqua região do universo, tenha batido às portas da Terra.
E tais seres seriam muito mais evoluídos do que a raça símia, que até então
dominava pouco mais que as pedras.
Disso temos a parte maior do surgimento desse homem adâmico. Embora inserido
no jardim do conhecimento de Deus, teria de passar novamente pela prova de não
atentar-se ao fruto do bem e do mal, aquele que o fizera cair de seu mundo original.
Para sua missão na Terra em busca da evolução, tais espíritos encarnariam em
corpos semi preparados para sua evolução, tornando ambos uma só carne. Os
corpos seriam dos seres já aqui evoluídos. E estes corpos estariam representados
pela mulher.
Van Rijckenborgh, no livro "Filosofia Elementar da Rosacruz Moderna" assim
expressa a questão:
"A história do gênero humano prova-nos que esta queda realmente aconteceu e foi
seguida de consequências desastrosas. O homem perdeu a sua pré-memória e fez
com que diversas forças e correntes naturais deste campo de vida se tornassem
ímpias. Assim, ele propagou o mal como se fosse um câncer, contaminando com
ele todo o campo de vida, pois, embora separado de Deus, o homem sempre
continuou sendo um mago. O mal se tornou possível pelo desenvolvimento
excessivo que o homem causou por meio da energia conhecida como feminina: daí
veio a lenda de Eva.
O bem, como contra-pólo do mal, se encontrou numa situação cada vez mais
difícil e o resultado disso é uma dialética cada vez mais difícil e absolutamente
deplorável e pecadora. Esse bem aparentemente, complementa e responde à
dialética natural deste campo de vida pelo nascimento e morte, pelo nascer,
crescer e morrer, pelo satanismo avassalador, pela extrema dificuldade de retorno
a estados relativos bons.
Podemos inferir que a negatividade representada pela mulher, de fato não possui
nenhuma conexão com o mal. Sim, e é desse campo de logismos infrutíferos que
precisamos nos libertar. Ao fixarmos algo como bom ou mal, endurecemos nossas
mentes e despimo-nos da figura cósmica divina. Nela nada é fixo. E é pela energia
do movimento que o que em nossa visão limitada hoje é mal, tornar-se-á bom no
vai-e-vem dos acontecimentos. Ademias, é prudente lembrarmos que o bem e o
mal está no ponto de vista individual. E esse ponto de vista irracional gera a
divisão na humanidade, culminando em conflitos, guerras, mortes e por fim, um
giro infindável na roda kármica, onde jamais quita-se as dívidas adquiridas por
conta da ignorância.
***
Ainda neste contexto, percebemos outras particularidades do mito que acodem para
o melhor entendimento da narrativa.
"Na Bíblia, o homem nos é apresentado como A.D.M.: três sons traduzidos por
Adão. Estes três sons, designam respectivamente: o espírito, a alma e o corpo. E
correspondem cabalisticamente ao número 1440 = 9, da seguinte maneira: a letra
A é Aleph, o número 1, o número que indica a gênese, a manifestação, a fonte de
onde tudo provém: o espírito. A letra D é Daleth, o número 4, o regulamentador
ou a porta: a qualificação típica das funções da alma. A letra M é Mem, o número
40. o conduidor, o realizador, o executor: a forma corpórea. Portanto, a palavra
"Adão" nunca indica um indivíduo, mas representa a humanidade considerada
como um todo, isto é, de acordo com sua manifestação de espírito, alma e corpo."
Filosofia Elementar da Rosacruz, P. 104
Existe ainda outra corrente afirmando que tal nome tenha se originado do
Sânscrito.
Nada impede-nos que - numa visão mais ampla – entender que o jardim do Éden
refira-se não só às terras mesopotâmicas, como ao Oriente da Terra, fazendo crer
que os povos do Oriente levaram em vertentes migratórias, seu conhecimento
religioso aos povos da região onde a Bíblia fora escriturada. A história da Torre de
Babel pode bem explicar essa separação de “línguas religiosas” ocorrida após a
partilha dos segredos espirituais.
Entretanto, a mulher não deveria advir tão somente do fruto dos temperamentos. O
corpo adequado a receber o espírito superior criado por Deus, tendo como matéria
prima a essência da terra, não deveria dispor de meros temperamentos, uma vez
que impossibilitaria o progresso, evolução e manutenção do homem sobre a Terra.
Para tanto, a companheira de Adão deveria ver-se tão superior quanto sua própria
natureza divina.
Como já vimos, o ser humano é composto por sete centros de energia principais ao
qual denominamos chacras. Embora para muitos tal afirmação seja absurda, para
aqueles que experimentaram o recair das escamas do desvendamento dimensional,
é verdade vital.
"O chacra sexual energiza toda a área genital e urinária, também cuida da
filtragem e circulação de líquidos nos rins e por expelir todas as excreções do
corpo. É regido pela Lua (por isso tão vinculado ao feminino, à sexualidade, à
maternidade e à criação) e pelo elemento água (vinculado ao liquido amniótico,
às relações interpessoais, à autoestima, ao amor-próprio)."
"O plexo solar controla a região das vísceras, e não é à toa que todas as emoções
densas e viscerais (como paixão e desejo) se acumulam nessa região. Ele é
responsável por absorver a energia dos alimentos e distribui-la para todo o corpo.
É um dos chacras mais suscetíveis a nossa rotina. A maioria das pessoas sofrem
com algum problema físico nesta região, como gastrite, problemas estomacais,
diabetes, ou outros problemas digestivos."
Os três chacras mencionados, estão ligado à parte inferior do ser, porém não no
sentido depreciativo da palavra, mas naquilo que podemos dizer: auxiliador do
homem, mantendo-o vivo sobre a Terra. Esses três pontos sensíveis de energia,
realizam a manutenção do corpo sobre o planeta, com qualidades maternais; de
consciência carnal; manutenção da espécie e da própria vida. Estes chacras
representam a mulher.
Como não é a questão do momento, falaremos mais sobre esses pontos de energia
em outra oportunidade, visto o foco necessário a se manter.
O quarto chacra, o qual já foi mencionado, corresponde ao centro do ser, sendo que
e em seu interior repouse o núcleo da vida, o motor central que nos faz divinos. A
ativação de sua centelha é o foco de todas as religiões do mundo antigo. Esta é o
Espírito Divino no homem e será representado mais tarde por Jesus. Os outros três
chacras superiores, correspondem aos estados evoluídos da alma, representando a
fala, a mente e a consciência espiritual. Este no caso é o homem, a alma, o ser
superior que deve dominar a mulher. O ponto de energia vital – divina – deverá
subir pelos três seguintes e terminar sua jornada no monte caveira, o interior da
mente humana, cumprindo sua missão de salvação.
Isto posto, podemos nos livrar dos conceitos misóginos que pautaram as sociedades
antigas e muitas das modernas na atualidade, entendendo que a mulher no cerne da
questão da inferioridade em relação ao homem, não diz respeito ao ser biológico
gerador da vida, mas à parte da carnalidade a ser vencida, não no sentido
depreciativo, mas na condução à harmonia dos instintos de preservação,
correspondendo à superioridade dos três centros superiores. Assim, o chacra
cardíaco em harmonia com os superiores e inferiores, proporcionarão um equilíbrio
que o fará no céu ainda em terra.
Resumindo-se por final a questão, podemos inferir sem mínima dúvida, que a
mulher em questão, é o corpo físico dos primeiros seres símios, mais próximos do
que nossa espécie é hoje.
Notemos que o texto também afirma que antes de criar a mulher, todos os animais
passaram diante de Adão e nenhum destes se mostrou adequado. Tal passagem, é
claro sinal da evolução das espécies. Como nenhum destes servira-lhe para a
habitação, foi necessário a criação de um invólucro adequado, condizente com a
natureza de seu intelecto. Entretanto, ainda que o corpo tenha se provido de uma
imagem adequada, os instintos inerentes à sua origem e evolução terrestres,
estariam presentes, cabendo ao homem – a parte superior da alma – infringi-lhes
submissão.
Assim, compreendemos Paulo no sentido místico da questão, ao despojarmo-nos
dos conceitos obscuros que criou a divisão insana entre os sexos:
"As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido
falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender
alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é
vergonhoso que as mulheres falem na igreja." 1 Coríntios 14:34,35
"Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela." Efésios 5:25
***
Primeiramente devemos ter em mente que a matéria visível aos olhos é tão
somente energia condensada. Em essência, não existe matéria, mas energia
densificada. Porém, para além de tal inquietação, devemos entender que o corpo
físico é tão somente continuidade do etérico, num enlace matrimonial possibilitante
de novas experiência e conhecimentos inerentes tão somente neste campo.
Ademais, as questões que envolvem o conhecimento dos espíritos criados por
Deus, necessitam de exercícios em todos os campos de existência, para que
abranjam uma evolução necessária à sua total lapidação. Assim, temos aqui a
necessidade do corpo físico, para que, além da depuração espiritual,
experimentemos o conhecimento em todos os campos do Universo
multidimensional, do qual fazemos parte um com Deus.
Desta forma, a mulher é parte do espírito e em razão da encarnação, não se
distingue um do outro. Portanto, cerra-se com carne. Isto posto, temos que é o
espírito que escolhe a forma do corpo em que nascerá e não o corpo que depois de
pronto receberá o espírito. Temos então que é do homem que se retira a mulher e
não o contrário.
O espírito é eterno, o corpo é transitório. Assim, o corpo é tão somente uma roupa
provisória para o espírito, que se desfará à retirada deste para sua morada anterior.
Outra bela sutileza do texto é a afirmação de que após a retirada da costela, o local
é coberto com carne. Percebemos aqui, que a mulher é uma estrutura firme (osso),
porém envolta e controlada por Adão.
Existem correntes discordantes de tal percepção, sugerindo que o corpo não possui
espírito até determinado tempo da gestação. Entretanto, o Kardecismo, mais uma
vez, se mostra em conformidade com a mitologia bíblica, sugerindo que o
momento do encontro do espermatozóide com o óvulo é também o encontro do
espírito com o corpo.
Respondendo à questão 344 no livro dos Espíritos, Kardec afirma que: "A união
começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento.
Desde o momento da concepção, o Espírito designado para tomar determinado
corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai encurtando cada vez mais, até
o instante em que a criança vem à luz."
Essa ideia parece encaixar-se no texto bíblico com precisão, já que os termos sutis
continuam após a apresentação da mulher a Adão.
"E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta
será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o
homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma
carne." Gên. 2:23 e 24
A palavra "carne" não deixa dúvida que se trata de encarnação. E essa citação ao
casamento, é uma evidente referência do abandono do espírito de sua morada – do
pai e mão celestiais em referência ao divino masculino e feminino - para unir-se
ao corpo carnal e serem os dois um só ser. O homem como espírito, forma um
casamento perfeito com o corpo material e ambos agora são uno. É impossível ao
espírito não perceber-se como o corpo, muito embora a morte encerre o processo.
A experiência na existência carnal estará para sempre registrada no DNA da alma
humana.
A Serpente
"Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o
SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não
comereis de toda a árvore do jardim"? Gênesis 3:1
Ao longo das narrativas bíblicas, não é comum referências à serpente que induziu a
mulher a provar do conhecimento. A serpente não enganou a mulher, embora Eva
utilize esse argumento junto à Deus um pouco mais à frente. Pela história
mitológica, a mulher tomou do fruto por livre vontade, comendo e dando a seu
marido.
Para alguns - que volitam por uma explicação mirabolante do texto, inserindo-lhe o
que não está escrito - não fora a serpente que realizara o trabalho da tentação, mas
um ser espiritual incorporado no animal, usando suas articulações vocais a fim de
comunicar-se com a inocente mulher.
Esse absurdo, fruto da interpretação contrária ao próprio texto (uma vez que é dito
que ele É a serpente e não que Estava nela) choca-se com indagações naturais
dentro da contextualização. Por qual motivo não usou um outro animal, com
morfologia mais adequadas à fala, preferindo um ser que, no máximo, poderia
emitir vagos sussurros por sua bifurcação lingual?
A serpente é o único animal com uma forma alongada e que em tese, possui a
capacidade de engolir-se a si mesmo, criando um movimento circular e tocando a
boca na cauda.
Podemos perceber que a serpente é a representação da vida terrena; o que liga o ser
humano à Terra, fazendo crer que não exista uma vida melhor, em círculos
superiores.
No eterno recomeço do ciclo de vida e morte, o que parece vida eterna, torna-se
prisão, uma vez que o ciclo não se rompe e não se atinge a possibilidade de
encontrar mundos melhores. Essa representação de círculo sem fim, é lembrada na
doutrina budista na intenção de quebrar esse ciclo. A roda de Dharma representa os
caminhos que se deve seguir para quebrar o eterno movimento circular de vida e
morte, atingindo o Nirvana. Ou, como diria Jesus, adentrar o Reino dos Céus.
Por outro lado, a manifestação humana terrena possui um agente interno que
regulamenta a prisão ao Karma.
Como já dissemos, não existe bem e mal. Se crermos em tal coisa, estaremos como
Eva, outra vez provando da fatídica árvore à qual a serpente induz-nos a comer.
Não existindo de fato esses agentes a não ser na mentalidade humana, o que em
nós levaria a essa concepção?
No caso, temos que o ego neste caso é a parte inferior do ser, representado pelas
paixões inferiores (não no sentido pejorativo da palavra, mas aos apegos por elas
representados) em detrimento ao ego superior que são os atributos da alma
representados por Adão.
"Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe
que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus,
sabendo o bem e o mal. E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer,
e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu
fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela." Gênesis 3:4-6
Por outro lado, compreendendo Eva como a própria humanidade em seu pólo
negativo - ou seja - como a mãe de todos os viventes, temos que a divisão de seus
filhos entre bons e maus, fará com que a humanidade também morra. Desse
conceito surgirá o ódio, preconceito, divisões e guerras. Afinal, do ponto de vista
de cada qual, haverá o bom e o mau, sendo necessário a eliminação daquele que o
indivíduo ou grupo étnico classificou como maléfico. Assim, ausente do amor
contido na Árvore da Vida, a humanidade tenderá ao caminho negativo, visto que é
sua natureza em desequilíbrio.
É interessante também focar, que no texto está claro que Adão não se encontrava
no momento da tentação. Entretanto, ao Eva comer, dá também a seu marido.
Como algo natural pode ser vergonhoso? A mesma Bíblia parece contradizer-se ao
exaltar a procriação e envergonhar-se da nudez. Como a região sexual representaria
problemas à humanidade?
Por outro lado, é mister inferir que a percepção de nudez aqui mencionada, condiz
com o conceito do bem e do mal, agora inseridos no casal. Até então, ausentes de
tal julgamento, a humanidade não envergonhava-se de o ignorar, permitindo sua
pureza e contato divino. Ao decair-se em tal concepção errônea, ocasionou suas
misérias. Os seres humanos agora envergonham-se ao praticar o que entendem por
mal e orgulham-se ao entender-se bons. Vemos assim, que ambos os conceitos
degradam a humanidade, uma vez que tanto o leva a atos desprezíveis, quanto à
exaltação do próprio ego. O remédio, para tal – repetimos – será o amor, que
flutuará altaneiro sobre essas águas turbulentas e vergonhosas.
Estando nus, quem lhes atribuiu a ideia de cobrir exatamente aquela área corpórea
e não sua totalidade. Afinal, a nudez não pode ser compreendida tão somente como
a ausência da cobertura de uma parte.
O ocultismo – neste ensejo - não é bem visto no conceito religioso, uma vez que
desenterra conhecimentos não passíveis de compreensão, podendo gerar confusão
aos que não estão preparados a receber o conhecimento. A nudez - assim como
determinados aspectos do conhecimento ainda não passíveis de compreensão para
uma casta menos evoluída - deve se manter sob cobertura, a fim de não gerar
desconforto ou julgamentos precipitados a quem a porta.
A estratégia do casal é tentar cobrir tais partes do corpo a fim de - com seu
conhecimento limitado - evitar que olhos os humilhem naquilo que mais lhes
envergonha. Para tanto, tomam folhas de figueira e tecem suas vestimentas
rudimentares. Desta forma, cobririam a parte carnal do ser. A região onde
encontram-se os três centros de energia inferiores, que os caracterizariam como
humanos e cabalmente, presos ao mundo terreno.
Tal como a humanidade nos dois polos de bem e mal, as figueiras se dividem em
boas e as más. Estas últimas são denominadas sicômoros ou simplesmente
figueiras bravas.
Numa figueira brava o pequeno Zaqueu subiu para ver Jesus. Porém uma figueira
boa, porém sem frutos, Jesus a amaldiçoou.
Nesse símbolo, percebemos que o casal cujos olhos se abriram pelo conhecimento
do bem e do mal, buscam em si mesmos, a proteção para encobrir ou justificar suas
vergonhas. Porém é mister entender que folha de figueira não é duradoura. Com
dois ou três dias torna-se inútil e logo deve ser substituída.
"E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e
esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores
do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?
E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-
me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que
te ordenei que não comesses? Então disse Adão: A mulher que me deste por
companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o Senhor Deus à mulher: Por
que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e eu comi." Gênesis
3:8-13
Após o episódio, a voz de Deus é ouvida no jardim pela viração do dia. Ou seja,
Deus manifesta-se no jardim no qual o homem habita, quando as trevas encontram
caminho. Adão e Eva conviviam com Deus à luz do dia; porém esse dia chegava ao
fim. E o anoitecer tornou-se mais tenebroso; a presença divina tornou-se motivo de
temor. O casal se escondeu, como possível fora, fugir do conhecimento divino.
Porém, é interessante notar que a serpente não a enganou como descreve o livro.
Ao contrário, exatamente como a serpente afirmou, ocorreu. Ninguém morreu. E
seus olhos tornaram-se como os de Deus, sabedores do bem e do mal, tal qual a
serpente também revelou.
Entretanto fica a pergunta: como seriam suas vida (se a história pautasse pelo lado
literal), caso não tivessem provado do conhecimento do bem e do mal? Talvez se
fizessem maravilhosas; porém não passaria de mera ilusão. Talvez a ilusão a que
tantos estão presos pela literalidade da religião - que prega um conforto quase
ausente de obrigações - bastando-se tão somente que acredite numa divindade e
cumpra determinadas regras. Entretanto, como dissemos, não possuir ciência do
bem e do mal, não significa ignorância, mas uma conceituação errônea a respeito
da natureza divina e humana.
É comum usar-se a expressão de que "a carne é fraca"; que a suscetibilidade por
encontrar-se neste mundo torna os humanos frágeis diante das tentações advindas
do instinto. Tal desculpa não é nova e possui base sólida na própria mitologia da
criação. Adão, o ego superior (A alma), culpa o corpo – Eva - pelas viscitudes a
que está submetido quando ligado ao invólucro carnal. Entretanto, o próprio corpo;
a personalidade consciente; entra em estado de negação, não desejando levar aos
ombros, o fardo de culpar-se pelo fato que operou. Envergonha-se diante da luz de
Deus. Assim, a culpa é repassada para a serpente; a existência cármica; o diabo e
satanás; o qual será a vítima final das culpas.
E por fim, este estará presente no ser humano, ora induzindo-lhe ao erro, ora
culpando-se pelo erro a que fora induzido. Tanto a indução quanto o sentimento de
culpa, são estratégias satânicas no sentido de prisão. O homem sente-se culpado
pelas falhas e torna-se prisioneiro delas, tal como o homem que as comete por
liberalidade. Tanto exercer o egoísmo, como sentir-se culpado por tal, são duas
faces da mesma moeda. Não será na culpa que haverá libertação; é o exercício do
amor; a correspondência do Espírito Divino em nós. Assim, sentir-se culpado,
quanto errar correspondem de igual forma ao não aceitar o próprio ato, transferindo
a culpa a outrem.
"Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais
que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre
andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a
mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferirás o calcanhar." Gênesis 3:14,15
A primeira maldição recai sobre a própria serpente, o carma. Este, para manter
prisioneiros os filhos de Deus na Terra, possui a inerência de incitar-lhes ao
conhecimento do bem e o mal.
Sem sua incitação, não existiria maldade. Porém inexistiria de igual forma, a
evolução espiritual, no conhecimento do bem. Temos neste caso, o entendimento
de que sem o conhecimento do mal, o homem não entenderia de fato o amor; e
nem mesmo dedicar-se ao bem; visto que também não o conheceria. Então, de
certa forma, a serpente é a precursora que imbui o ser humano a sair da caverna em
busca da luz. A serpente fustiga aqueles que não comeram do fruto da Árvore da
Vida.
Ao passo que esta incita para o conhecimento que trará sofrimento, sem sua
influência não se pode conhecer o verdadeiro amor - visto que o mal e o bem,
dentro do espectro do conceito divino – são as duas faces da mesma moeda. Assim,
temos que - entendendo que tudo o que existe possui caráter divino por advir da
mesma fonte - a conceituação do mal é tão somente uma ferramenta divina para
lapidação e evolução da humanidade.
"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço
todas estas coisas." Isaías 45:7
Além de tal, é condenada a rastejar sobre o ventre e comer pó para o resto da vida.
Não é necessário usar de inteligência para compreender que serpente não come pó.
Na suposta história grega, Aquiles - o grande herói, filho da ninfa Tétis; neta do
Titã Oceano - tem sua vulnerabilidade permeada no calcanhar.
Segundo o texto a serpente produziria filhos, tal como a mulher, visto que também
fala da descendência da serpente. Entretanto, não há registros na Bíblia de que tal
tenha se multiplicado. Assim, como em toda boa alegoria, a semente da serpente
refere-se ao grupo de pessoas que trabalharia ocultamente em prol da continuidade
da dívida cármica; como também àqueles que fizessem da maldade seu espelho de
vida. Eis a guerra travada entre o bem e o mal.
Tal vislumbre pode ser entendido sob a égide das potestades espirituais em virtude
de seu convencimento à estadia no mundo carnal, influenciando a mente dos
homens à contínua busca desequilibrada do prazer, tanto quanto dos que buscam o
malefício coletivo, presentes no estado encarnatório. Daí o conceito dos demônios.
A semente da mulher, por sua vez, é referência aos que - embora aprisionados à
viscidez do mundo - buscam a libertação da carne por meio do espírito. Em
consequência, fomentará inimizade entre os que desejam manter-lhes distantes da
ascensão às esferas divinas. A semente da mulher será mitologicamente descrita na
Bíblia como Abel, Noé, Abraão, Isaque, Israel, Moisés, Josué, Sansão, Davi; que
por final, atingem a perfeição na figura incorruptível de Jesus.
"E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com
dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará."
Gênesis 3:16
A segunda maldição recai sobre a mulher. Já não bastaria o calcanhar ferido pela
serpente. Sua dor seria multiplicada.
O sofrimento é a vida neste mundo, abundante em dor, tanto física, quanto psíquica
e emocional. Entretanto, algo novo aparece, e um termo de fato estranho surge no
meio da maldição: "Com dor darás à luz a filhos".
Esse termo compreende-se melhor com o sentido de que - para proporcionar a luz a
seus filhos – advirá doloroso esforço à humanidade decaída. O conhecimento do
bem e do mal, apaga os frutos da Árvore da Vida, e consequentemente da luz.
Nesse aspecto toda a Bíblia se harmoniza. Nenhuma luz é dada aos grandes
personagens bíblicos, antes que adentrem por caminhos condutores a fustigante
dor.
Sem dor não existe iluminação. Sem dor não existe - para um nascido da carne - a
luz do espírito.
É também determinado que o desejo da mulher seja para seu marido e que este a
domine.
Ao passo que a mulher terá o calcanhar ferido do ponto de vista negativo; pelo lado
positivo, seu Eu Superior a controlará, ditando como deve guiar seus passos. A
mulher estará submetida à voz da consciência, ainda que tenha desviado de seu
propósito ao dar ouvidos à serpente. Essa submissão com efeito, é imposta pelo
inconsciente mental, desejoso da luz, que impulsionará a mulher à ascensão. Sua
batalha para dominá-la, dar-se-á por meio do destino, o qual guiará a vontade do
instinto carnal para as conformidades do espírito.
Por outro lado, uma minúcia do texto, deixa transparecer que a árvore do
conhecimento do bem e do mal, será o alimento do homem nos dias de sua
existência. Observemos:
Deus também ordena que a terra produza espinhos e cardos e que a erva do campo
seja o alimento do homem.
A Terra é a mãe. É dela que o homem é retirado e é para ela que deve retornar.
Evidentemente, neste caso, o retorno refere-se ao tempo, conforme estudado
anteriormente sobre o pó da terra. Entretanto, é interessante que a maldição indica
que é da terra, ou seja, do fruto que ela lhe der, que Adão deve se alimentar.
Após as maldições, Adão inicia seu processo de domínio sobre a mulher, dando-lhe
nome. A ela não, permitiu-se ao menos tal escolha, pois desde então submeteu-se
ao homem.
O nome escolhido - Eva - está relacionado ao verbo hebraico haya, que significa
viver. Assim a mulher é "A vivente" ou "Que vive". Designa a vivência corpórea
humana, uma vez que a mulher é o envoltório vivo, tanto de Adão - o Eu superior -
como do Espírito, latente em ambos.
Interessante também é notar, que Eva é mãe de todos os viventes e não de todos os
humanos. Ela representa a própria natureza da Terra e é perfeitamente sincretizada
com Gaia, filha direta do deus primordial Caos, auto criado e iniciador do universo
dentro da mitologia grega.
Indica também a evolução tanto da espécie humana, quanto dos demais animais.
"E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu."
Gênesis 3:21
Após as sentenças - prestes a expulsar do paraíso o casal que criara - Deus lhes
retira a cobertura provisória de folhas de figueira e faz-lhes túnica de peles, em
substituição ao precário material a cobrir sua nudez.
Entretanto não é mencionado que pele seria. Deus teria matado um animal para
cobrir o corpo desnudo dos desobedientes?
Tão somente por sua própria filosofia, o homem não suportaria a vida na Terra, em
virtude da angústia ameaçadora da morte. A coberta de peles neste contexto,
representa a proteção contra o bem e o mal; bem como é a mescla do conhecimento
humano com o divino.
A Árvore da Vida
"Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem
e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida,
e coma e viva eternamente. O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do
Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem,
pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava
ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida." Gênesis 3:22-24
Outra vez postamo-nos diante da verdade observada pela serpente. O próprio Deus
dialoga com alguém, afirmando que o homem tornara-se como um deles.
Entretanto, desse preceito criou-se a crença numa trindade, não corroborada pela
Bíblia. O "Nós,” refere-se a outros seres divinos. Assim, sua onipresença é
compreendida, pois por meio dos astros e suas influências, estende seus braços,
constituindo-se no todo.
Deus por fim confirma o que a serpente dissera: Com o conhecimento do bem e do
mal, o homem torna-se semelhante a Ele.
Uma contradição com o restante da Bíblia surge neste trecho. Por todo o livro, há
uma exigência contundente de que o ser humano torne-se semelhante a Deus. A
Bíblia resume-se em ordenanças infinitas de santidade, como aspecto fundamental
para a salvação da Alma. Qual motivo da indignação divina pelo homem tornar-se
tal qual Este?
Temos neste texto, uma inversão dos pólos; respondendo à pergunta acima; uma
passagem da carroça na frente dos bois, obliterando a evolução natural rumo à
divinização.
Por outro lado e, inevitavelmente natural - ainda que indutivo a uma questão com
consequências desagradáveis - o carma ocasionado pela desobediência, leva ao
caminho necessário à evolução, uma vez que todos os rios confluem para o mar. A
partir da perda da inocência, inicia-se o processo de autoconhecimento e busca
pelo aprimoramento do caráter para aqueles que se identificam com o bem; assim
como a degeneração da vida, naqueles que encontram no mal uma forma de auto
reconhecimento. Portanto, além de conceitual, a existência do bem e do mal é um
posicionamento individual para com a própria vida.
Até então mantivemos em foco de que esta, seja a representação suprema do Amor
Universal. Porém não detalhamos seus aspectos.
"As dez Sefirót formam a Árvore da Vida, que é uma representação da natureza
divina e dos atributos de Deus." (Sêfer Yetsirá p. 63)
Reforçando esse argumento, a Cabala ensina que "O homem é reflexo da natureza
divina, pois há um preceito que diz 'assim em cima como embaixo, e assim
embaixo como em cima'. Isso significa que as partes mantêm uma relação de
similaridade com o todo. O reflexo de algo sempre é uma pálida sombra do
original. Logo, podemos dizer que o que está acima é semelhante ao que está
abaixo, porém em um estado de maior perfeição, e o que está abaixo é semelhante
ao que está acima, porém em um estado mais imperfeito." (Sêfer Yetsirá p. 63 e
64)
A fim de que o homem não mais acesse a Árvore da Vida e coma de seu fruto - a
Vida Eterna em sua mais singela essência - homem e a mulher são expulsos do
paraísos e condenados a sobreviver com seus próprios recursos, comendo do suor
do seu rosto.
A saga bíblica da eterna busca pelo caminho de volta ao paraíso perdido aí se inicia
e há em todo o livro um mapa para a recondução a esse caminho. As histórias se
repetem de forma cíclica, com diferentes narrativas, porém contextos semelhantes,
onde os autores revelam sutilmente o caminho de retorno. O mesmo procedimento
coincide com a outras mitologias das diversas culturas e religiões. As narrativas
comentam sobre um estado inicial de pureza, de cuja beleza o ser humano decai;
em seguida, surge um libertador cuja finalidade é o restauro do caminho. Na
história bíblica, o libertador prometido é o Cristo, embora sua figura não se veja
aceita pela ortodoxia judaica. Entretanto, a história aponta para algo ou alguém que
deve nascer pela interação do homem com a mulher e libertar o ser humano.
***
Para o entendimento das sefirót, reproduzimos aqui uma explicação resumida,
encontrada no site morasha.com.br:
Entretanto, para que o homem e sua mulher não mais retorne ao jardim, Deus posta
querubins ao Oriente e uma espada inflamada girando, com a finalidade de guardar
o caminho para a Árvore da Vida.
"Que afiaram as suas línguas como espadas; e armaram por suas flechas palavras
amargas." Salmos 64:3
Podemos usar toda a Bíblia e perceber que em todos os lugares, cada vez que fala-
se em espada, o significado remete para a língua. Portanto, levando-se em
consideração que uma espada tem dois gumes, entenderemos que a língua também
o possui, representando a dualidade do bem e do mal.
"De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que
isto se faça assim." Tiago 3:10
Portanto, o fato da boca proceder palavras boas e más; o certo e o errado; ocorre
assim que o caminho para a Árvore da Vida não é encontrado, pois, segundo
Salomão "Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os
caminhos da morte." Provérbios 14:12
Assim sendo, a espada que guarda o caminho para a Árvore da Vida é justamente
essa incerteza humana de como chegar a ela novamente, visto que aqueles que
ensinam o caminho de retorno, muitas vezes estão enganados, com palavras
inflamadas e que não conduzem à vida. A espada inflamada é a confusão de
informações, pelas quais a humanidade passou desde essa queda ao se conhecer o
bem e o mal, fazendo com que cada cultura criasse uma mitologia diferente para
restringir ainda mais o retorno a essa Árvore - a qual vai possuir vários nomes no
decorrer dos séculos, como a Fonte da Juventude, o continente perdido de
Atlântida, o vale do El Dorado, dentre diversos lugares mitológicos - lugares não
encontrados mas que fizeram com que, ao longo dos séculos, o homem se
aventurarem em busca de algo externo, que na verdade, sempre esteve dentro de si
e seria a única saída de libertação do espírito.
Enquanto não encontrar a verdade dentro de si, o homem nunca poderá encontrar
coisa alguma do lado de fora e sua vida será o eterno tormento da perdição num
mundo cada vez mais confuso.
Caim e Abel
"E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse:
Alcancei do SENHOR um homem." Gênesis 4:1
Na dinâmica narrativa bíblica, após a saída do Éden, Adão conhece sua mulher
Eva, e com ela tem um filho, chamando-o pelo nome de Caim.
Outrossim, é interessante notar, que a palavra conhecer possui forte ligação com
provar da árvore que culminou na queda do homem. Talvez tenha-se criado
também o conceito de que o sexo tenha sido o fruto do pecado, visto que as
palavras são deveras semelhantes.
Embora não seja necessariamente essa a questão, veremos num ponto em comum,
que o conhecimento é sempre gerador de algo. Portanto agora, a cada vez que o
homem conhece sua mulher, um fruto há de lhe nascer como filho. Essa lógica será
explorada largamente em todo o livro sagrado.
Entretanto, veremos aqui, que embora Caim seja o primogênito, não é dele a
herança e também por onde se chamará a descendência de Adão. Isso ocorre pela
mácula que cabe a esse primeiro filho, no crime praticado posteriormente.
por outro lado, Caim é a personificação do fruto do mal, colhido por Adão e sua
mulher. Assim, como já dito, ao se provar do fruto do bem e do mal, a dualidade
estará sempre presente, corrompendo o que o ser humano construir.
Caim representa com firmeza a situação do ser humano após a queda. É de fato a
primogenitura, ou seja, a herança da humanidade. É a alegoria da carnalidade em
batalha contra a espiritualidade. Por isso Eva exclama: "Alcancei do Senhor um
Homem!"
O nome Caim tem duas possíveis origens, cujos significados tem a ver com a
situação da queda humana. A primeira especulação é que seja da palavra Qayin,
que significa Lança; e outra da palavra Qanah, que significa obter, possessão, algo
alcançado.
"E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi
lavrador da terra." Gênesis 4:2
A Bíblia relata que Abel foi pastor de ovelhas e Caim lavrador da terra. A terra é a
origem do homem e a lavrar para obter alimento é ser consoante à maldição divina
imposta a Adão. Sendo assim, Caim é o resultado da interação com a terra e suas
dificuldades. Caim busca frutos da terra, ou seja, a materialidade que o impulso
humano produz.
Jesus denomina-se o bom pastor, aquele que dá a vida por suas ovelhas.
Ovelhas também são uma analogia muito farta e significativa na Bíblia. Como já
explicado, os animais representam os temperamentos humanos, dentro das quatro
personalidades conhecidas pela psicologia da Grécia Antiga. As ovelhas, neste
contexto da sagracidade bíblica, são aquelas pessoas dóceis, amáveis, obedientes e
que por conseguinte, reconhecem seu verdadeiro pastor. Portanto, Abel - esse
fôlego divino inserido no homem pelo amor de Deus à vida - encontra seus
seguidores nas pessoas dóceis, humildes e obedientes.
"E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao
Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua
gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta.
Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e
descaiu-lhe o semblante." Gênesis 4:3-5
A oferta de Caim é apresentada sem solicitação, como bem se pode notar no texto.
Deus não lhe pedira nada, visto que a carnalidade não possui frutos a apresentar
que sejam aceitáveis diante da divindade. E Caim, para sua complicação, apresenta
a Deus o resultado de seu trabalho, o fruto da Terra.
Porém esse tipo de esforço não é o que agrada à divindade, uma vez que a
materialidade humana, produto de sua avareza e mesquinhez - e o que o faz cada
vez mais preso à roda da serpente - demonstra-na que este se perdeu de fato do
caminho. A oferta de Caim foi então desprezada por Deus, o que por certo, gerou
demasiada angústia no jovem rapaz.
Por outro lado, Abel apresentou também o resultado de seu trabalho. É válido notar
que Abel também não foi solicitado. E se analisado de forma profunda, Abel
parece imitar a tentativa de agrado que seu irmão fizera a Deus.
A primeira lição mais importante dessa história é que para Deus bens materiais não
possuem valor algum como oferta. O que lhe causa atenção é a natureza que
cultivamos no interior de nosso ser. É nossa personalidade dócil, limpa, ausente de
avareza, egoísmos e arrogâncias que vai agradar a divindade guardadora da Árvore
da Vida.
É de igual forma importante salientar que a oferta de Abel não pareceu um
sacrifício. Não é dito que Abel imolou uma ovelha, mas que tão somente
apresentou um primogênito, ou seja, a primeira e portanto melhor, dentre as que
cuidara. Muito embora diga-se no texto que apresentou sua gordura, não diz nada
sobre seu sangue, o que leva a crer que - pelo menos a princípio - o livro sagrado
não quer passar a ideia de derramamento de sangue. Tal conclusão nos advém por
uma questão de lógica. Afinal de onde viria a necessidade de matar um animal,
uma vez que só existiam até então quatro pessoas sobre a Terra e Deus não exigira
nada dessa natureza de sua parte?
Deus percebe a ira de Caim e o questiona: "Por que te iraste? E por que descaiu o
teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem,
o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar."
Gênesis 4:6 e 7
Esse texto revela o simbolismo da narrativa e a clara evidência de que Caim não é
uma pessoa, mas a nossa natureza carnal. A rejeição causou ira em Caim. E essa
ira, ao invés de dominada, como o próprio Deus lhe adverte, vai refletir depois em
atos. E o conselho divino é de que se ele fizer o bem, o pecado há de morrer antes
que entre. Mas se não for, o desejo inerente à natureza carnal, nos dominará e nos
perderemos ainda mais pelo caminho.
"E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se
levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou." Gênesis 4:8
É interessante que o ser humano no estágio de Caim vai dando passos cada vez
mais largos, que acabam por culminar na morte da natureza espiritual, a qual
desejava despertar. O primeiro passo foi tentar agradar a divindade. Esse passo é
altruísta, desde que os demais não sejam em falso. O segundo foi tentar agradar
com bens materiais, com o fruto de suas próprias mãos e não de seu interior. A
partir do segundo passo dado em falso, o resultado do erro é iminente e irretratável.
O terceiro passo é a inveja, dado o fato de a oferta da natureza espiritual ser melhor
do que a da natureza carnal. Junto com a inveja apresenta-se também o ciúme. O
quarto passo é resultado da falta de freio do complexo de sentimentos que então
invade o coração humano. Desponta-se a ira. Com ela, dificilmente o estado
espiritual terá algum êxito dentro da vida humana. E a consequência disso é o
derradeiro passo, que é a morte, o assassinato da natureza espiritual - da centelha
divina - que como uma delicada flor, tentava florescer no interior do homem
decaído.
O homem agora, perdido em meio à materialidade de suas ações, não sabe mais o
que fazer. Perdeu-se nele a escada que poderia ascender aos céus, fazendo-lhe fugir
da presença divina em sua vida.
Essa condição humana não é incomum entre os homens atuais. Comunidades ditas
cristãs utilizam-se desse subterfúgio para angariar membros, utilizando-se de seus
recursos materiais para oferecer uma possível ascensão à escada divina. Ao longo
da história, tal comportamento foi largamente registrado, revelando que a
humanidade em toda a sua trajetória sobre o Globo, ainda não aprendeu que o
acesso aos espaços superiores da consciência divina não pode ser atingido com
sacrifícios sem vida, fruto de suas mãos decaídas. O homem acredita que tem a
capacidade - mesmo com sua finitude e pequenez - agradar à divindade com seus
recursos materiais, retirados da terra, maldita pela própria presença humana. Ou
seja, apresenta a Deus o fruto daquilo amaldiçoado por sua existência fútil.
A voz de Deus, ainda que não mais desejada pelo homicida Caim, advém aos seus
ouvidos, inquirindo sobre seu irmão.
"E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou
eu guardador do meu irmão?" Gênesis 4:9
E a resposta também é de igual maneira sensata, se analisada pela lógica que aqui
se estabelece: "Não sei; sou eu guardador do meu irmão"?
De fato a natureza carnal nada tem a ver com a espiritual e de forma alguma
poderia ser sua guardadora. A verdade é que, embora as duas tenham sido geradas
pelo mesmo corpo (Eva em simbiose com Adão), a duas estão em uma luta
constante, procurando uma aniquilar a outra. Evidentemente a Espiritual o queira
fazer pelo amor, enquanto a carnal pela violência e prepotência humana.
Diante da resposta de Caim, Deus afirma que a voz do sangue de Abel clama desde
a Terra até Ele.
"E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a
terra. Gênesis 4:10
Esse trecho mostra que embora a natureza espiritual aparentemente tenha sido
morta pela carnal em virtude da importância que damos a ela - nosso lado divino
ainda está vivo na terra e clama para que esse dano seja reparado. Isso muito se
alinha com a doutrina espírita, que prega que todos, sem exceção, um dia
retornarão à perfeição de espírito, ainda que estejam imersos durante muitas eras
nas trevas da perdição.
"E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua
mão o sangue do teu irmão. Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua
força; fugitivo e vagabundo serás na terra." Gênesis 4:11,12
Devido a esse delito, assim como Adão, Eva e a Serpente, Caim também recebe
uma maldição. E mais uma vez a Terra é palco de uma odisséia. Caim agora - que
antes retirava o fruto da terra para sobreviver - não recebe mais da grande mãe a
sua força. Além disso, torna-se fugitivo e vagabundo sobre ela. Ou seja, o resultado
de se entregar aos ditames dos desejos terrestres e negar a natureza espiritual é a
prisão neste mundo, sem consciência da superioridade que a centelha divina
"morta" com Abel, poderia proporcionar-lhe, concedendo assim a possibilidade de
romper com a prisão reencarnatória.
"Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser
perdoada. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e
serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar, me
matará." Gênesis 4:13,14
Entretanto, visto que o sangue de Abel clama, Caim ainda consegue perceber seu
erro e a consequência que criou para si. Entretanto é tarde para não receber a
punição que é o aprisionamento terrestre, na infinita roda cármica de morte e
reencarnação. Será fugitivo e vagabundo, ou seja, estará morrendo e reencarnando
em todas as partes do planeta, sem no entanto, livrar-se das amarras que prendes a
ele.
Assim, o filho mais velho de Adão, compreende que o resultado de seu crime
resultará em prisão sobre a terra e insegurança em relação à própria vida:
"e será que todo aquele que me achar, me matará." Gên. 4:14.
Esse texto mostra que nossa parte carnal teme ser morta por completo, uma vez
que sua existência é necessária para a sobrevivência sobre o mundo. Ainda que a
materialidade e todas as tendências humanas sejam negativas quando em excesso,
tais são necessárias para a completude da viagem que há de empenhar o espírito
encarnado em busca de evolução.
"O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será
castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que
o achasse." Gên. 4:15
Para uma perfeita compreensão do que seria essa marca, é necessário entendermos
que Caim é fruto da primeira relação entre Adão (Consciência superior) com Eva
(O corpo ou consciência inferior) após a queda pela abertura de olhos provocada
pelo fruto do conhecimento do bem e do mal. Então, estamos aqui falando sobre o
resultado que o conhecimento do bem e do mal gerou. E o primeiro resultado foi o
revoltado Caim.
Ora, Caim, ainda que fruto do "pecado", possuía em si qualidades que Deus julgou
dignas de preservar. Não fosse assim, o condenaria à morte para expurgar o sangue
do inocente Abel. Então Caim, ainda que absorto pela tendência maligna humana,
tem em si algo que é digno de preservação. Ou seja, nele é inserida uma marca para
que ninguém o mate, visto a necessidade de sua preservação para a completude da
viagem terrestre.
Isto posto, é perceptível que o conhecimento sempre foi o bem mais venerado na
humanidade, pelo menos dentre aqueles que desejavam algum progresso. A
supressão do conhecimento acumulado pela humanidade no período posterior ao
Império Romano ficou conhecido como a Idade das Trevas. Portanto, desde todas
as épocas, por mais que as insurgências humanas não fossem veneradas, o
conhecimento por estes adquiridos sempre fora respeitado. Assim, podemos
pressupor que a marca de Caim é sem dúvida sua natureza intelectual, revelando
em si a latência do divino, aparentemente morto por dentro, porém com o sangue
de Abel ainda a clamar desde a Terra.
O castigo para quem matasse Caim após a inserção da marca seria sete vezes
maior. O sete, na numerologia bíblia possui o sentido de completude. Além de
perfeição, possui também o sentido de que algo é concluído. Portanto, dizer que
alguém seria castigado sete vezes, implica dizer que o castigo seria irreversível,
pois estaria completo. Ou seja, se junto com a natureza carnal morresse consigo o
conhecimento, nada mais restaria a essa pessoa, uma vez que Abel também estaria
morto. É razoável então dizer que, embora a natureza de Caim seja algo
indesejável em nós, após a marca divina em seu ser, ele ainda produzirá bons
frutos, como veremos à frente.
"E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, do lado
oriental do Éden." Gênesis 4:16
É interessante que esse lugar é mencionado uma única vez na Bíblia e não refere-se
a nenhum nome conhecido para a época da escrituração, por não tratar-se de
território de nenhum descendente judeu. Node, em hebraico significa tão somente
Peregrinação. Portanto, a condenação de Caim é tão somente ver a luz (o lado para
onde a luz do sol nasce é o lado oriental), porém peregrinar sem jamais alcançar o
sol, embora o veja todas as manhãs. Esta é de fato a condição humana que deixou a
natureza espiritual morta dentro de si. Embora o conhecimento desta Terra lhe faça
sobreviver aos ditames das leis naturais, não passará de um peregrino que ainda
que seja capaz de ver a luz, nunca a alcança.
"E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele
edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho
Enoque;" Gênesis 4:17
Na terra da peregrinação, Caim começa então a sua geração de filhos. Gerar filhos
é a capacidade de um conceito - de uma faculdade humana ou divina - gerar outro
conceito ou circunstância.
"E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael e
Metusael gerou a Lameque." Gên. 4:18
Irade significa "Fugaz". Meujael, "Ferido por Deus;" Metusael "Aquele que é de
Deus" e Lameque: "Poderoso."
"E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da
outra, Zilá." Gênesis 4:19
Lameque, o homem empoderado pelo controle das coisas terrenas, toma para si
duas mulheres: Ou seja, dois tipos de personalidades humanas. A mulher na bíblia
será sempre retratada como a natureza humana intrínseca à condição de encarnado.
E conforme dito anteriormente, os animais num geral tratarão da personalidade.
"E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado.
E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e
órgão." Gênesis 4:20,21
Ada - a Beleza - dá a luz a dois filhos: Jabal e Jubal. Jabal representava os homens
que possuíam gado e habitavam em tendas, ou seja, os nômades ou peregrinos,
enquanto Jubal representava os que tocavam harpa e órgão.
Jabal significa "Ribeiro de Água," enquanto Jubal significa tão somente "Ribeiro."
Ou seja, os dois nomes fazem referência ao refrigério que o conhecimento aliado à
beleza, pode conceder à humanidade.
É importante ainda ressaltar que, se levados ao ponto de vista literal, o texto bíblico
entraria em contradição, pois é dito que Jabal é pai dos que possuíam gado e
habitavam em tenda e Jubal seria pai dos que tocam harpa e órgão.
Por outro lado, percebemos nesse texto, uma informação importante sobre a
História humana. Conforme a arqueologia, a Idade da Pedra, que corresponde a um
período desde os primeiros homens até à Idade dos Metais, foi dividida em três
partes.
A primeira é o Paleolítico que se dá até por volta de 10000 Ac. eé quando o ser
humano possui hábitos nômades, o que corresponde à menção de Jabal no texto.
O Mesolítico é a segunda parte, transitando rapidamente para o Neolítico. Neste
período a humanidade deixa de ser essencialmente nômade e parte para a
construção das vilas onde começa-se a estabelecer a agricultura. A menção do pai
Jabal como músico é de igual modo significativo, pois é nesse período - com a
humanidade menos preocupada com a própria sobrevivência - é que os seres
humanos voltam-se para as artes.
"E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e
a irmã de Tubalcaim foi Noema." Gênesis 4:22
O próprio nome Tubalcaim já faz referência a Caim. E de fato significa: "Tu serás
trazido de Caim." Ou mais a miúdos, "Tu serás trazido da lança, da possessão ou
de algo que foi adquirido."
O texto complementa dizendo que este é mestre de toda obra de cobre e ferro.
O contexto bíblico entra numa questão agora um tanto maior e um tanto quanto
reveladora a respeito da história humana. É por volta do ano 5000 Ac. que o
homem sai da Idade da Pedra e adentra os portais do que chamamos História de
fato. E esse período é chamado de Idade dos Metais, visto que o homem agora
passa a criar artefatos em cobre, bronze e ferro. É quando começam a surgir os
primeiros artefatos dessa natureza nos achados arqueológicos.
A Idade dos metais é dividida em três partes. A Idade do Cobre é conhecida entre
5000 a 3300 Ac. Já a Idade do Bronze é identificada aproximadamente entre 3300
a 1200 Ac. Por fim, a do Ferro é datada de 1200 Ac. até à queda do Império
Romano em 476 Dc. (Lembrando que essas datas não são necessariamente fixas)
Coincidentemente, no início desse período, a Bíblia situa o mestre Tubalcaim na
genealogia de Adão. Muito embora esteja ausente no texto um período cronológico
enfático - a fim de que o possamos cronometra-lo com exatidão - é compreensível
que esse tipo de consciência humana tenha vivido por volta de 4000 Ac. (contando-
se pelos anos da vida de Adão e do dilúvio). Ou seja, a Bíblia está procurando
narrar - mesmo que de forma velada - o surgimento das ciências. O bronze não é
mencionado no texto, visto que este é a mistura de cobre e estanho. Ou seja, citar o
cobre e o ferro nesse texto é por demais significativo e mostra que o desejo do
escritor bíblico é fazer um apanhado místico dentro daquilo que conhecemos como
caminhada humana pela face da Terra. Tudo isso se alinha com perfeição ao
conhecimento que nunca poderia ser morto, visto ser esse a marca de Deus em
Caim.
"Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu
irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que
até sete; mas, até setenta vezes sete." Mateus 18:21 e 22
O ensinamento crístico é que ao invés de se castigar, é necessário perdoar na
mesma intensidade. Se quisermos encontrar o caminho do retorno para a vida,
devemos perdoar, tanto a si, quanto aos demais. E de forma mais que perfeita.
A ligação desse texto de Gênesis com o Evangelho é tão íntima, que em seguida
Jesus fala também de alguém poderoso, um rei:
"Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas
com os seus servos..." Mateus 18:23
E no final da parábola ele diz que se não acertarmos as contas entre os irmãos, o rei
não há de se compadecer de nós, e nos lançará na prisão até que paguemos toda a
dívida.
Portanto, quem matar (ou tentar matar) a Lameque será castigado setenta vezes
sete.
E que castigo maior poderia existir que não fosse nesta prisão terrena? Portanto,
percebe-se que trata-se da morte do conhecimento e consequentemente do poder. O
homem sem conhecimento no poder, certamente seria um castigo imensurável à
sua nação e os que a ele estivessem submetidos.
Sete
"E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o
seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel;
porquanto Caim o matou. E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu
nome Enos; então se começou a invocar o nome do Senhor." Gênesis 4:25, 26
Após a tentativa frustrada de inserir neste mundo pela raiz adâmica uma raça
humana mesclada entre o carnal e o espiritual, Adão traz ao mundo um outro ser.
Sete, o terceiro filho do casal primordial, que em hebraico é Sheth, possui em seu
nome o sentido de "o que foi definido", "nomeado" "ponte" e "compensação".
Embora seu estado de vida não tenha atingido patamares elevados para seu mundo,
a raça de Sheth, em equiparação à humana nascida na mãe Terra, mostrava-se
incomparavelmente elevada diante do atraso advindos da carnalidade. Assim, o
exílio possuiu caráter punitivo para estes, porém de auxílio imensurável para a
humanidade, que experimentou grande desenvolvimento intelectual e moral dentre
os rebaixados seres humanos que se debatiam no Ego, esquecidos do Espírito,
morto na mitologia de Abel.
Essa nova raça, seria a base para um novo mundo que aqui se tentaria estabelecer.
Assim, a Sete nasceu Enos, cujo significado é simplesmente Homem, e a partir
dele se começa a invocar o nome do Senhor.
Este seria, evidentemente um novo significado para a palavra Homem, que serviria
agora, não para designar a raça humana, mas uma nova categoria de seres,
dispostos a um retorno ao Éden perdido, tanto na mitologia bíblica de um mundo
idealizado, como de seu próprio mundo na distante estrela, para onde desejariam
retornar um dia, após atravessar pelos alinhamentos de caráter que este mundo
inferior lhes proporcionaria.
É importante lembrar que o Cristo, quando refere-se à sua pessoa, não denomina-se
como filho de Deus, mas sim filho do Homem, numa clara referência à evolução
dessa raça que por providência divina, veio encontrar neste mundo, a depuração
necessária à sua existência.
"Isso quer dizer que a geração de Sheth é a de espíritos não oriundos da Terra -
os das raças primitivas, bárbaros, selvagens, ignorantes, virgens ainda de
sentimentos e conhecimentos religiosos - mas outros, diferentes, mais evoluídos,
que já conheciam seus deveres espirituais, suas ligações com o céu; espíritos já
conscientes de sua filiação divina, que já sabiam estabelecer comunhão espiritual
com o Senhor". Os Exilados de Capela P. 90
"Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à
semelhança de Deus o fez. Homem e mulher os criou; e os abençoou e chamou o
seu nome Adão, no dia em que foram criados. E Adão viveu cento e trinta anos, e
gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de
Sete. E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos, e gerou
filhos e filhas. E foram todos os dias que Adão viveu, novecentos e trinta anos, e
morreu. E viveu Sete cento e cinco anos, e gerou a Enos. E viveu Sete, depois que
gerou a Enos, oitocentos e sete anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os
dias de Sete novecentos e doze anos, e morreu. E viveu Enos noventa anos, e
gerou a Cainã. E viveu Enos, depois que gerou a Cainã, oitocentos e quinze anos,
e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enos novecentos e cinco anos, e
morreu. E viveu Cainã setenta anos, e gerou a Maalaleel. E viveu Cainã, depois
que gerou a Maalaleel, oitocentos e quarenta anos, e gerou filhos e filhas. E
foram todos os dias de Cainã novecentos e dez anos, e morreu. E viveu Maalaleel
sessenta e cinco anos, e gerou a Jerede. E viveu Maalaleel, depois que gerou a
Jerede, itocentos e trinta anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de
Maalaleel oitocentos e noventa e cinco anos, e morreu. E viveu Jerede cento e
sessenta e dois anos, e gerou a Enoque. E viveu Jerede, depois que gerou a
Enoque, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Jerede
novecentos e sessenta e dois anos, e morreu. E viveu Enoque sessenta e cinco
anos, e gerou a Matusalém. E andou Enoque com Deus, depois que gerou a
Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de
Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não
apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou. E viveu Matusalém cento e
oitenta e sete anos, e gerou a Lameque. E viveu Matusalém, depois que gerou a
Lameque, setecentos e oitenta e dois anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos
os dias de Matusalém novecentos e sessenta e nove anos, e morreu. E viveu
Lameque cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho, A quem chamou Noé,
dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas
mãos, por causa da terra que o Senhor amaldiçoou. E viveu Lameque, depois que
gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos, e gerou filhos e filhas. E foram
todos os dias de Lameque setecentos e setenta e sete anos, e morreu. E era Noé
da idade de quinhentos anos, e gerou Noé a Sem, Cão e Jafé." Gênesis 5:1-32
A descendência de Sete possui uma intrigante informação, que até hoje desbaratina
teólogos e estudiosos dos textos canônicos. Seja quem for, os descendentes da raça
capelina de Sete, gozava de uma longevidade completamente fora dos padrões da
biologia humana, não lhes sendo oportuno quaisquer registros arqueológico nas
datações da humanidade. Muito pelo contrário da lógica - expostos aos perigos de
uma vida majoritariamente selvagem - impossível seria aos primeiros humanos a
ultrapassagem de pouco mais dos 40 anos de idade, como até bem pouco
resgistrava-se entre os romanos.
Para desvendar tal enigma, é mister atermo-nos à nomenclatura dos patriarcas, bem
como de seus anos de peregrinação terrena, dentro de uma tabela comparativa, a
fim de que entendamos a realidade sobreposta nas camadas desses registros.
Para uma compreensão factual do que esse conjunto mítico de nomes pode
significar, devemos nos ater ao que a inspiração revelada a grandes mestres ao
longo da história trouxe para nosso conhecimento.
Outrossim, essa antiga raça expurgada de seu lar inicial, consubstanciou-se à raça
humana, gerando um amálgama inter-humano primitivo, concedendo-lhe a
capacidade de um pensamento mais elaborado, impulsionando a evolução da raça
humana desprovida de maior capacidade intelectual.
O Universo possui uma lei fundamental, a qual a física reconhece como Gravidade,
dividindo-se por gravitacional forte e gravitacional fraca. Em linguagem simplista,
infere que tudo no universo possui gravidade. Entretanto, a força dá-se pelo campo
de massa do objeto, havendo maior atração do maior para com o menor. Assim,
quando um objeto menor desprende-se de sua parte original por alguma
eventualidade cósmica, poderá se ajuntar a outro de maior gravidade.
Assim sendo, podemos inferir que Adão representa a raça humana em seu todo
sendo que Caim é a representação primitiva da espécie humana, afoita pelos
cuidados terrestres, vivendo tão somente para a sobrevivência. Isso é especificado
diante da fala de Caim, que dizia que se tornaria um vagabundo pela Terra. Ou
seja, rodaria infinitamente sem um objetivo maior, até sucumbir diante da morte.
Viveria preso à Terra. Abel, por sua vez, é a representatividade dos que
experimentaram o pulsar do Espírito Santo dentro de si. Aqueles que por pouco
tempo viveram para a natureza espiritual, porém ao confrontarem-se com a
natureza de Caim, sucumbiram à morte e esquecimento. Desta feita, a terceira
linhagem de humanos é uma tríplice amálgama da espécie. São carnais como
Caim, espirituais como Abel, porém as duas naturezas estão em relativo equilíbrio,
camufladas em seu ser. São carnais na concepção generalizada da espécie, porém
no íntimo, recordam-se de um lar nas estrelas lhe fora perdido num passado
remoto.
"Isso quer dizer que a geração de Seth é a de espíritos não oriundos da Terra - os
das raças primitivas, bárbaros, selvagens, ignorantes, virgens ainda de
sentimentos e conhecimentos religiosos - mas outros, diferentes, mais evoluídos,
que já conheciam seus deveres espirituais, suas ligações com o céu; espíritos já
conscientes de sua filiação divina, que já sabiam estabelecer comunhão espiritual
com o Senhor." Os Exilados de Capela P. 90
"(Ao) Homem (Adão) (está) mostrada mortal aflição; (mas) o Santo Deus descerá
ensinando (que) quando ele morrer, haverá um derramamento poderoso, trazendo
(o) descanso." https://www.estudosgospel.com.br/estudo-biblico-bibliologia/o-
evangelho-em-genesis.html
Portanto, é razoável que o jogo de nomes possua tal significado. Porém, como
explicar a longevidade e idades tão avançadas que alcançaram somente esses
homens especiais descritos na genealogia de Sheth?
Baseando-se nesse conceito e nessa longa genealogia, entendemos que ela origine
uma estranha lei israelita:
"Quando irmãos morarem juntos, e um deles morrer, e não tiver filho, então a
mulher do falecido não se casará com homem estranho, de fora; seu cunhado
estará com ela, e a receberá por mulher, e fará a obrigação de cunhado para com
ela. E o primogênito que ela lhe der será sucessor do nome do seu irmão falecido,
para que o seu nome não se apague em Israel." Deuteronômio 25:5,6
A Rosacruz assim declara a respeito desse assunto:
Entretanto, parece-se que teorias extraterrestres não são de todo uma inverdade.
Pelo menos assim encontraram-se seus registros, codificados em pedra e argila.
Segundo a mitologia, os deuses sumérios desceram em grandes discos e
dominaram a região, erigindo as primeiras cidades.
Evidentemente que os registros devem contar outra história por trás da fantasia e
da história escravagista, porém é salutar deduzir que a tal raça híbrida seja a
representada por Sheth, o capelino. Híbrida entre filhos do céu com os filhos da
Terra.
“Após a realeza descer do céu, o reino estava em Eridu. Em Eridu, Alulim tornou-
se rei; ele governou por 28.800 anos. Alaljar governou por 36.000 anos. Foram 2
reis; que governaram por 64.800 anos”.
Eridu e Éden são palavras bem próximas. Éden é originário do sumério Edinu, que
pode ser traduzido por retidão. Pois bem, Eridu significa lugar poderoso ou do
príncipe. Que lugar poderia ser de um príncipe senão a planície da retidão? O Éden
é a Realeza.
Ora, esse exagero no tempo de reinado destes reis fez com que a descoberta dos
escritos fosse tratada como mera mitologia. Entretanto, em se tratando da
longevidade dos patriarcas bíblicos, qualquer pessoa racional também rejeitaria a
literalidade de tal longevidade.
Por outro lado, caso queiramos, perceberemos que - ainda que de fato a
longevidade exarcebada dos reis sumérios e dos patriarcas antediluvianos tenha
sido real - seu tempo de vida não fere a temporalidade lógica de um reino. Muito
embora seja comum na história que os reis governem até o dia de sua morte, nada
impede que estes passassem o comando para os filhos ainda em vida, ou, como
preferimos nesta interpretação, que tais filhos passassem a exercer influência sobre
o reino em determinada idade em que o pai estivesse reinando, algo como que
ocorre na abdicação do reino em favor de um filho.
Porém, podemos realizar uma redução na idade dos reis sumérios com a finalidade
de equivaler ao tempo dos patriarcas, fazendo a equação inversa, dividindo o
tempo por 60.
Em nenhum desses casos houve choque com a lógica do tempo de vida, sugerido
para os patriarcas, em correlação com o reinado dos sumérios. Muito embora seja
quase impossível estabelecer uma fórmula exata - que faça corresponder com
exatidão o tempo de uma narrativa como de outra – podemos perceber que a
relação é próxima. Assim, conseguimos supor que a contagem do tempo para
judeus e sumérios não se dava da mesma forma, pois que judeus utilizavam o
calendário lunar, enquanto os sumérios utilizavam diversas outras formas de
perceber a passagem do tempo, uma vez que tecnologicamente falando, distavam
do grupo que formou a chamada raça semita em centenas de anos, não dividindo
todo o conhecimento que detinham.
O primeiro, base de todo o sistema biológico, nasceu por meio dos unicelulares,
passou pelos vegetais, bactérias e todo o reino monera, seguiu-se pelos insetos,
peixes, anfíbios, répteis e aves, culminando finalmente nos mamíferos.
Repetindo: O que trabalhamos aqui serão as três raças contidas no segundo ciclo da
evolução humana, já pré-concebida em seus antecedentes mamíferos e outros filos.
A Primeira raça:
A Segunda Raça:
Espíritos exilados de outra constelação são atraídos por sua vibração, aos círculos
terrestres em desenvolvimento:
"Ia em meio o ciclo evolutivo da Terceira Raça, cujo núcleo mais importante e
numeroso se situava na Lemúria, quando, nas esferas espirituais, foi considerada
a situação da Terra e resolvida a imigração para ela de populações de outros
orbes mais adiantados, para que o homem planetário pudesse receber um
poderoso estímulo e uma ajuda direta na sua árdua luta pela conquista da própria
espiritualidade. A escolha, como já dissemos, recaiu nos habitantes da Capela. Eis
como Emmanuel, o espírito de superior hierarquia, tão estreitamente vinculado,
agora, ao movimento espiritual da Pátria do Evangelho, inicia a narrativa desse
impressionante acontecimento:
Há muitos milênios, um dos orbes do Cocheiro, que guarda muitas afinidades
com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos
seus extraordinários ciclos evolutivos... Alguns milhões de espíritos rebeldes lá
existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das
penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e de virtudes... E, após
outras considerações, acrescenta: "
"Os escolhidos, neste caso, foram os habitantes da Capela que, como já foi dito,
deviam dali ser expurgados por terem se tornado incompatíveis com os altos
padrões de vida moral já atingidos pela evoluída humanidade daquele orbe." Os
Exilados de Capela P 59 a 61
Na narrativa bíblica que nos situamos, entramos no momento do exílio dos orbes
capelinos para os círculos terrestres. É na singularidade dessa descida de espíritos
“estrangeiros” na singularidade da evolução humana, que aparece Seth e seus
descendentes longevos, que são os mesmos dez reis assírios. A narrativa bíblica
não se propõe neste momento a contar a história do mundo todo, porém só e tão
somente, daqueles que vieram a habitar a região onde se concentra a história dos
povos mesopotâmios e adjacentes.
Por seu avançado conhecimento, tais seres aqui encarnados junto à primitiva
humanidade - porém carentes de decência moral - trabalharam conforme o ajuste
de suas consciências.
Portanto, os reis assírios longevos - que nada mais são do que o paralelo bíblico da
descendência de Sheth - são aqueles que buscaram ajudar a humanidade com seu
conhecimento superior; enquanto os demais - por sua corrupção desmedida -
afundaram a raça humana numa situação de devassidão perniciosa, havendo para
tanto, a necessidade de uma interferência divina com fins de limpeza do planeta,
completando o devido ajuste à ordem e evolução da raça humana.
A Corrupção Humana
O embasamento bíblico para tal inferência, mostra-se pela distinção de Paulo aos
“filhos de Deus’ e os “filhos dos homens.” Na promessa da salvação do Cristo, por
meio dos “herdeiros de Deus,” pelo trablho do Cristo os “filhos dos homens”
passam a co-herdeiros de Deus.
Em outras palavras: Após a junção dos capelinos ao círculo humano, por meio de
seu avançado conhecimento tecnológico, como especialmente espiritual, salvam a
humanidade por meio da transformação que devem ensejar na jornada de retorno
ao lar perdido. Tornam-a co-herdeira.
Assim, podemos então entender aqui no Gênesis, uma distinção latidudinal entre
filhos dos homens e filhos de Deus.
Os filhos de Caim, representando a humanidade primitiva sem os conhecimentos
divinos (muito embora nestes também habitasse a centelha divina do Espírito de
Deus esquecida em Abel) e os advindos de Capela - com o profundo conhecimento
da divindade e da consciência de que seria possível a transcedência para a
imortalidade – coabitavam o círculo terrestre.
Entretanto, o exílio dos capelinos não se deu por sua evolução, como já dissemos.
Seu conhecimento divino não impediu sua decadência moral, que os atraiu a este
mundo condizente com sua vibração, por consequência da dissociação de seu
antigo mundo.
"Há dez mil anos, pesquisas espirituais revelam que milhões de espíritos de um
planeta distante (Capela) migraram para a Terra para promover a evolução da
humanidade."
"A maioria desses espíritos reencarnou, não de uma forma automática, mas de
uma forma progressiva e cuidadosa - num grupo humano da região da Pérsia/Irã,
até as fronteiras do sul da Rússia. Esses espíritos ampliam a cultura de grãos, a
construção de casas, criação de animais e difundiram a escrita e cultos
religiosos."
"Além de todos esses legados, os capelinos trouxeram suas paixões, e usaram seus
conhecimentos para dominar os povos da época, pois haviam sido expulsos de
Capela por seu orgulho e egoísmo."
https://www.somostodosum.com.br/clube/artigos/autoconhecimento/os-exilados-
de-capela-18085.html
Estes "filhos de Deus" mencionados no texto, são tais seres exilados, encarnados
como humanos, deixando de realizar o trabalho de auto correção no propósito para
o qual ocorreu seu exílio, entregando-se assim aos prazeres e viscitudes da carne.
Na simbologia bíblica já estudada, o feminino representa o corpo físico carnal, em
sucumbência aos instintos de sobrevivência. Assim, ao perceber-se encarnados
nestes corpos, os seres exilados – ao contrário de trabalharem o desenvolvimento
da humanidade, aumentaram seu declínio moral ao explorar o prazer oportunizado
pelos setores de recompensa do cérebro, em razão das pulsões de auto-preservação
e preservação da espécie. Isso, além do fato de se verem reconhecidos como deuses
diante da primitiva raça humana.
Note o texto:
Há neste texto um problema teológico, que ainda arranca os cabelos dos exegetas.
Ao se dizer que os dias do homem seriam de 120 anos, a ambiguidade do texto não
permite entender se o homem não passaria de 120 anos em sua idade máxima
(dado a longevidade antes mencionada a respeito dos patriarcas primordiais), ou se
a partir de determinado período, a humanidade teria o prazo de vida de 120 anos.
Entretanto, tudo se esclarece quando teólogos de boa vontade procuram
compreender o texto, dando-nos munição correta para o deslinde místico no qual
de fato o texto se fulcra:
"Alguns têm conjecturado que Deus, com essa expressão, estaria dizendo que
nenhum ser humano viveria mais de 120 anos. Mas como conciliar isso com a
idade dos pós-diluvianos que viveram muito mais de 200 anos"
"Por exemplo: Noé viveu 350 anos depois do dilúvio; Eber viveu 430 anos;
Arfaxade e Salá viveram 403 anos e Pelegue 203 anos, etc."
"A explicação a esta dificuldade não está explícita no texto, mas, no entanto, é
possível, pelo contexto, deduzirmos que Deus, ao dizer que “os dias do homem
seria de 120 anos”, não estava, em hipótese alguma, estabelecendo a quantidade
de anos que o homem viveria após o dilúvio; mas sim aos anos que o homem (a
humanidade, exceto Noé e sua família) viveria a partir do pronunciamento do
juízo até a sua execução (o dilúvio)."
"Alguns historiadores são da opinião que, pelo contexto, é possível deduzir que
Noé estivesse com 480 anos quando Deus pronunciou o juízo contra os
antediluvianos. E de acordo com Gn 7:6 “Era Noé da idade de seiscentos anos,
quando o dilúvio das águas veio sobre a terra”. A luz dessas explicações podemos
chegar à soma exata de 120 anos, desde o pronunciamento do juízo até a sua
execução."
Perceba que o número 120 possui inefável importância judaica, visto sua vasta
utilização nos meios escriturais judaicos e sua fácil decomposição em 3x40 - o
fabuloso número cabalístico representante da provação, castigo, espera, preparação
e transformação. Inclusive deste número, deriva a terminologia quarentena, que
significa em termos gerais, “por em observação”.
Foquemos, entretanto e de forma superficial, na singularidade no número 40, o
qual é uma fórmula mágica na vasta literatura bíblica. O 40 estará presente em
quase tudo que se refere a ciclos. 40 são os anos que Moisés passa adquirindo
conhecimento no Egito; 40 são os anos em que se isola no deserto com uma vida
simples como pastor após fugir de um assassinato; e 40 também são os mesmos
anos que passa em peregrinação no deserto com o povo que libertou.
Evidentemente nosso foco neste estudo não é demorar-se na vida deste patriarca.
Porém, podemos notar que sua vida divide-se em três ciclos de 40, totalizando 120
anos. De igual forma, são 40 dias que passa no Monte Sinai recebendo as tábuas da
Lei.
A Arca move-se sobre as águas do dilúvio; Moisés move-se num cesto sobre as
águas do Nilo; Jesus é batizado no Jordão e mais à frente caminha por sobre as
águas do Mar da Galiléia. Moisés passa 40 anos no deserto sofrendo com seu povo
e Jesus passa 40 dias no deserto tentado pelo diabo. Na passagem da morte para a
ascensão aos céus, Jesus ainda caminha 40 dias sobre a Terra, o que corresponde
aos 40 anos de Moisés no deserto, na condução do povo à Terra Prometida.
Enfim, não é nosso objetivo neste curto espaço, promover um debate profundo a
respeito do que tais histórias trazem em oculto, mas aclarar a mente dos estudiosos
para o significado cíclico profundo que o número 40 representa. Quando o texto
bíblico infere que o homem terá 120 anos até ser julgado, ele está dizendo na
verdade que o homem em sua vida terá a oportunidade de passar por três estágios
reflexivos, a fim de corrigir-se de seu mau caminho, enveredando-se pela senda
que conduz à vida Eterna em sua plenitude.
Por fim no terceiro e último ciclo - dos 80 aos 120 - se dá conta da existência de
uma terra além do deserto, uma terra que "mana leite e mel." Entretanto, para o
alcance dessa terra, teria que enfrentar a fúria do rei do mundo que o acolheu para -
depois de infâmia dificuldade - peregrinar o restante de sua vida, em um deserto
congelante e abrasador.
Podemos observar mais uma vez a contradição a que a literalidade nos atira. Deus
arrependeu-se de haver criado o homem.
Ora, tal afirmação põe em cheque a onisciência divina. Sabendo este de antemão
que o homem se corromperia, não poderia dar-se ao luxo de arrepender-se de sua
criação. De igual forma, estabelece um caráter ausente de amor por parte do pai,
cuja figura punitiva e destrutiva é contrária àquela apresentada por Jesus no
Evangelho - o qual a si mesmo não se julga bom mas somente a Deus - embora o
proprio Cristo o fosse irrepreensível em atos e palavras:
"Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom, senão um, que é
Deus." Lucas 18:19
"Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se
arrependa." Números 23:19
Cremos - com as devidas ressalvas - que até este momento da narrativa - o homem,
ainda que com uma condição rebaixada e tendo sua vida interrompida pela morte,
reencarnava com as lembranças de sua existência anterior, sendo-lhe possível
ampliar seus potenciais para o bem, como também para o mal, o que é mais
condizente com o que o texto nos mostra ao dizer por exemplo, que os filhos de
Deus podiam escolher as mulheres dos homens.
A inferência sobre os três ciclos da vida nos faz crer que antes, tais perspectivas de
esquecimento reencarnatório não existiam, e que em algum período tal tipo de
necessidade se fez presente na raça humana. Afinal, é dito no texto que seria
destruído o homem e o animal. Ou seja, tanto a energia vital do espírito, até sua
natureza rebaixada. É nítida tal situação, visto que o texto complementa dizendo
que destruirá desde o réptil até à ave do céu. Isso quer dizer que, para evitar
exceções, todas as lembranças seriam apagadas, das mais rastejantes às mais
altruístas. Assim, pela corrupção dos capelinos em amálgama terrestre, todos
seriam punidos com o esquecimento reencarnatório.
"Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas
gerações; Noé andava com Deus. E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé."
Gênesis 6:9,10
Aqueles cujo caráter se tornara reto, era justo e perfeito e andava com Deus. A
estes, a concepção bíblica agracia com a tríplice descendência moral, representada
pelos três filhos de Noé.
Essa nova geração não é referência espiritual, mas descendente daqueles que
alcançaram purificação de Espírito. Isso não significa que jamais cairiam
novamente, mas que na trilha do conhecimento, poderiam de forma lenta e
escalonar, reaver seus poderes e dons perdidos por ocasião da queda.
Temos então que os três filhos de Noé são a representação dos povos que
derivaram dessa renovação a que passou o Planeta após a purificação pelas
mitológicas águas do dilúvio. Portanto, é de conhecimento corrente que Sem é o
filho principal, aquele do qual irá descender toda a raça judaica. Por este fato, os
judeus na atualidade são chamados de semitas.
Jafé seria a representação dos povos não judaicos, provavelmente ligados à região
mesopotâmica. Percebe-se uma reverência no significado do nome, dando-se a
entender que este povo merece um respeito maior. De igual modo, veremos à
frente, que seus filhos possuem correlação com Caim.
Por fim Cão (ou Cam) se refere ao povo do deserto como os egípcios, norte
africanos e aos periféricos da mesopotâmia. Inclusive um dos descendentes é
Ninrode, o fundador da renomada cidade de Nínive, onde se dá a famosa odisseia
de Jonas no interior do grande peixe. Também refere-se ao povo que antecedeu os
israelitas na ocupação da Terra Prometida, visto que dele descendem os cananitas.
" A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra
de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a
carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. Então disse Deus a Noé: O
fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de
violência; e eis que os desfarei com a terra." Gênesis 6:11-13
Ora, pelas análises dos textos anteriores, percebe-se que essa violência pareceu
fruto da lembrança das encarnações anteriores que até então todos os homens
podiam desfrutar. Assim, ao invés de tal possibilidade tornar-se um bem -
fomentando a fé e a esperança - tornou-se malévola à humanidade, uma vez que
lembravam também de sua eternidade e portanto, não temiam matar ou morrer.
Notemos que, conforme já mencionamos diversas vezes, os texto mitológicos são
sutis, e palavras que nos passam despercebidas, podem conter revelador
significado. E aqui temos a palavra Carne.
"O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de
violência; e eis que os desfarei com a terra."
Por certo não se trataria de um fim literal da carne, mas do império da carnalidade,
que pela ausência do altruísmo contido no espírito (ou pelo menos do cultivo de
suas faculdades com a morte do Abel interior), a humanidade não poderia mais
desfrutar do acesso às vertentes mais elaboradas da concepção divina. Assim, a
carne aqui representada é uma referência à natureza terrestre que se apegou à
humanidade, na amálgama entre os filhos de Deus e os filhos dos homens - na
representatividade da queda dos capelinos a este mundo.
De igual forma é prestimoso atentar à palavra terra neste texto, visto que a causa da
corrupção do gênero humano é sua ligação com a Terra. Ao que se vê, algo deveria
se revisar na dinâmica universal, visto que a pré-memória existente na humanidade
decaída, a fizera vinculada aos ditames da baixeza que a carne provocara, no
desequilíbrio provocado com o vínculo às questões terrenas. O que deveria
despertar no homem o desejo pelo altruísmo espiritual, o fizera escravo de suas
próprias paixões.
A Arca de Noé
"Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a
betumarás por dentro e por fora com betume. E desta maneira a farás: De
trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta côvados a sua largura,
e de trinta côvados a sua altura. Farás na arca uma janela, e de um côvado a
acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares,
baixo, segundo e terceiro." Gênesis 6:14-16
Chegamos então à construção do famoso barco que salvou Noé e sua família do
dilúvio. Entretanto, há algo errado em nossa afirmação. Não, não foi um barco.
Não foi um navio. Foi uma arca.
Ora, a arca não é um barco, mas um depositório. Essa premissa já nos leva a outras
correspondências na Bíblia do que seria uma arca e é inevitável a correlação que
faremos a seguir com a Arca da Aliança e o próprio templo de Salomão, o qual
também fora criado no mesmo formato.
Podemos notar aqui que antes de ordenar a construção da Arca da Aliança, Deus
ordena a Moisés que construa um tabernáculo, cuja finalidade é sua moradia no
meio do povo.
Não é difícil entender que esse tabernáculo é um modelo pautado no próprio ser
humano. Mais à frente veremos que tal construção possuía seus utensílios dispostos
em formato crucífero, o que o leva à mesma similaridade com o Cristo, que é
morto no meio da cruz. Ora, despojando-se os conceitos literais, entendemos sem
esforço que o tanto o tabernáculo quanto a cruz de Cristo é nosso próprio corpo.
"Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em
vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos"?
1 Coríntios 6:19
Entretanto, sua menção nos leva a outro aspecto do simbolismo. O betume é preto.
E preto nos remete ao rio Giom, sobre o qual falamos anteriormente. Aquele rio
que circula a terra de Havilá, cujo pai é Cuxe, neto de Noé, que significa Preto.
Quando nesta questão nos detivemos, compreendemos que o preto seria o próprio
ser humano, envolto em sua ignorância e paixões terrenas. Sendo assim,
compreendemos neste mito, que o betumar a Arca, significa que a proteção deste
grande barco se daria em primeira mão pela humanização daquilo que abrigaria.
Mais uma vez, entretanto, compreendemos que a Arca possuiria tanto medidas
quanto junção humanas.
Vamos nos agora ater aos números, traçando seus paralelos como fizemos até
aqui:
Comprimento - 300
Largura - 50
Altura - 30
O que vemos aqui é a composição do 3 multiplicado por cem e por dez. Ora, o
três, em sua singularidade mística, possui significados esplêndidos. Sua menção é
farta na Bíblia, sendo os mais comuns o tempo em que Jonas teria ficado no
ventre do peixe, bem como o que Jesus encontrou-se no ventre da terra. Também
corresponde aos três aspectos humanos de sua composição como corpo, alma e
espírito. No santuário veremos essa mesma divisão, como pátio, santo e
santíssimo.
Temos então dentro da Arca Noé representando o Espírito; seus três filhos
representando a alma humana; e suas respectivas mulheres representando os
aspectos biológicos e instintivos do corpo humano em seu estado bruto.
Não nos atendo tão mais profundamente à numerologia, podemos concluir que a
largura da Arca representava o fim do corpo material.
Esta parte do texto nos remete a um outro trecho da Bíblia, numa referência direta
ao Templo de Salomão:
"Então me fez voltar para o caminho da porta exterior do santuário, que olha
para o oriente, a qual estava fechada. E disse-me o Senhor: Esta porta
permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor,
o Deus de Israel entrou por ela; por isso permanecerá fechada." Ezequiel 44:1,2
A Arca, assim como o Templo, possuía suas portas, porém cada qual com seu
devido significado. Não queremos ainda aprofundarmo-nos neste assunto das
portas. A quantidade destas no templo é bem maior que na da Arca, pois trata-se de
uma repetição ampliada desse primeiro modelo descrito da concepção humana do
divino. As duas portas da Arca são a representação do humano e do divino.
"Consciente
O nível consciente nada mais é do que tudo aquilo do que estamos conscientes no
momento, no agora. Ele corresponderia à menor parte da mente humana. Nele
está tudo aquilo que podemos perceber e acessar de forma intencional. Outro
aspecto importante é que o consciente funciona de acordo com as regras sociais,
respeitando tempo e espaço. Isso significa que é por meio dele que se dá a nossa
relação com o mundo externo.
O consciente seria, portanto, a nossa capacidade de perceber e controlar o nosso
conteúdo mental. Apenas aquela parte de nosso conteúdo mental presente no nível
consciente é que pode ser percebida e controlada por nós.
Pré-consciente
Nosso endereço, o segundo nome, nome dos amigos, telefones, algumas coisas das
quais gostamos – como a nossa comida preferida –, acontecimentos recentes e
assim por diante. É importante lembrar ainda que, apesar de se chamar Pré-
consciente, esse nível mental pertence ao inconsciente. Podemos pensar no pré-
consciente como uma peneira que fica entre o inconsciente e o consciente,
filtrando as informações que passarão de um nível ao outro.
Inconsciente
Ele representa não só a maior fatia de nossa mente, mas também, para Freud, a
mais importante. Quase todas as memórias que acreditamos estarem perdidas
para sempre, todos os nomes esquecidos, os sentimentos e medos que
conseguimos, de alguma forma, ignorar… todos esses elementos se encontram em
nosso inconsciente. Isso mesmo: desde a mais tenra infância, os primeiros amigos,
as primeiras compreensões: tudo está guardado." psicanaliseclinica.com
Esses três níveis de acessos à mente humana, conectam com os estágios evolutivos
necessários à auto compreensão e, consequentemente, à visão que passamos a
exercer de nós mesmos em comparação com a superioridade frente aos outros
animais, os quais não adquiriram muitas informações a respeito de si.
O primeiro andar, a propósito, é por onde irão entrar tanto Noé como sua família,
como os animais. Entretanto, os animais devem se acomodar em seus
compartimentos, enquanto tão somente Noé possui acesso a todos os demais
setores da Arca, pois este, além de administrador, é também o construtor e
conhecedor de cada local da embarcação. O primeiro andar é o Estado consciente
no paralelo psicanalítico. Não os níveis mais grosseiros do ser. É onde habitam os
sentimentos básicos de sobrevivência carnal.
O terceiro, o mais elevado, é onde o homem tem acesso a Deus. É onde dorme seu
espírito, quando em estado consciente (embora o espírito humano nunca durma
pois é constante e eterno como Deus). Esta parte do ser é sua conexão com a mente
central do Universo, o tornando um com Deus. Dificilmente o homem terá acesso
às informações de seu incosciente, pois nele estão registradas todas as suas
passagens pela vida, tanto terrena quanto em outros mundo desde a sua separação
da centralidade divina. Por esta janela somente Noé pode olhar.
Temos aqui assim em Noé, outro tipo para Deus. Dentro dessa embarcação quem
manda é o descanso, a mônada divina. Portanto, podemos entender que o trânsito
entre todos os setores da mente humana é efetuado pelo Espírito - a centelha divina
em nós - que por sua centralidade, possui livre acesso aos andares inferiores e
superiores da Arca.
"A porta da câmara do meio estava ao lado direito da casa, e por caracóis se
subia à do meio, e da do meio à terceira." 1 Reis 6:8
Concebemos, por fim, que a famosa embarcação mítica a que se refere o livro do
Gênesis, é uma clara referência ao veículo corpóreo do homem, por meio do qual
haverá a travessia das águas da turbulência terrena até seu lugar de repouso, tendo
em seu interior o domínio dos animais sob a regência de Noé, o descanso do
Espírito. A Arca é por fim, o instrumento divino para a passagem da morte carnal
para a vida espiritual.
O Dilúvio
"Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a
carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra
expirará." Gênesis 6:17
Tal evento pode de fato perfazer-se a realidade histórica a que foram submetidos os
povos do Oriente Médio num passado remoto. Tal inundação pode muito bem não
ter registro tão somente mítico, como também literal, servido-se de base para a
confecção da história de Noé. Aliás. Compreendida em sua forma correta, mostra-
se um alívio para os justos temerosos pela morte do corpo físico e ainda
desprovidos da certeza da eternidade da vida.
Na tradição suméria, o homem foi dizimado por incomodar aos deuses Mas
segundo este mito, o deus Ea, por meio de um sonho, apareceu a Utanapistim e lhe
revelou as pretensões dos deuses de exterminar com os humanos através de um
dilúvio.
Dos mitos sobre o dilúvio, sem dúvida, a história do encontro entre Utanapistim e
Gilgamesh é o que mais se assemelha a história bíblica de Noé e o dilúvio. Até
mesmo a questão moral está presente, quando o deus Ea pede a Utanapistim que
renuncie aos bens materiais e conserve o coração puro. Mas as semelhanças não
param por ai.
"O barco que deves construir deve ter a mesma largura e comprimento, o convés
coberto, tal como uma abóbora, e leva então para dentro do barco sementes de
todas as coisas vivas." (TAMEN, Pedro. Gilgamesh, Rei de Uruk. São Paulo: ed.
Ars Poetica, 1992.)
É muito semelhante a questão da preservação das espécies, citada na história
bíblica, onde Utanapistim deve levar no barco sementes de todas as coisas vivas.
Utanapistim reúne sua família e constrói a embarcação que lhe foi ordenada por
Ea, estes ficam por sete dias debaixo do dilúvio que consome com os humanos.
"Eu percebi que havia grande silêncio, não havia um só ser humano vivo além de
nós, no barco. Ao barro, ao lodo haviam retornado. A água se estendia plana
como um telhado, então eu da janela chorei, pois as águas haviam encoberto o
mundo todo. Em vão procurei por terra, somente consegui descobrir um
montanha, o Monte Nisir, onde encalhamos e ali ficamos por sete dias, retidos.
Resolvi soltar uma POMBA, que voou para longe, não encontrando local para
pouso retornou (...) Então soltei um corvo, este voou para longe encontrou
alimento e não retornou." (TAMEN, Pedro. Gilgamesh, Rei de Uruk. São Paulo:
ed. Ars Poetica, 1992.)
Os assírios e o dilúvio
O Dicionário da Bíblia John D. Davis, afirma que nos registros assírios que
enumeram os antigos reis da Assíria, apontam que estes governavam "após o
dilúvio", também afirma que em registros do rei Assurbanipal, este refere-se a
inscrições anteriores ao dilúvio.
A América também possui seu mito sobre o dilúvio, a mitologia Maia descreve na
história do Popol Vuh onde é narrada a história de um dilúvio que dizimou a raça
humana.
"Segundo o Popol Vuh, o mundo era um angustiante nada, até que os deuses - o
Grande Pai e a Grande Mãe, um criador, a outra fazedora de formas - resolveram
gerar a vida. A intenção de ambos era serem adorados pela própria criação.
Primeiro, fizeram a Terra, depois, os animais e, finalmente, os homens. Estes,
inicialmente, foram criados de barro. Como não deu certo, o Grande Pai decidiu
retirá-los da madeira. Porém, os novos homens, apesar de ativos, eram vaidosos e
frívolos, obrigando o Grande Pai a destruí-los em um dilúvio." (Enciclopédia
Encarta, Microsoft Corporation, 2001)
"Há evidência muito forte, fora do livro de Gênesis, com respeito à destruição da
raça humana, cuja única exceção é uma família. Inúmeras tribos selvagens,
espalhadas pelo mundo, conservam a tradição de um dilúvio. Existem possíveis
registros arqueológicos, como tantas evidências diretas de um dilúvio." (Bíblia
Shedd).
A revista Super Interessante em sua edição de maio de 1995, afirma que não
existem dúvidas sobre a ocorrência do dilúvio, porém não se pode definir a
extensão precisa deste ocorrido, o que se pode afirmar é que ele abrangeu todo
mundo conhecido da época.
Mas sobre histórias mitológicas como a dos Maias, não há estudo que aponte sua
relação como o dilúvio dos povos do antigo Fértil Crescente, o que se pode
afirmar é que pode ser uma coincidência ou então uma tradição trazida com os
primeiros a chegarem a América. Esta última é a versão mais aceita no meio
científico.
Sobre o dilúvio, não restam dúvidas, ele ocorreu realmente, porém, quanto a sua
extensão, não se pode afirmar nada de concreto, mas segundo a arqueologia e a
geologia contemporâneas, este ocorreu somente na região do Fértil Crescente, o
que era, então, o mundo conhecido da época."
www.historialivre.com/univerzo/diluvio.htm
Por outro lado, a última Era do Gelo, ocorrida há cerca de 12 mil anos, congelou
partes do mundo e o descongelou cerca de cinco mil anos depois, dando aporte a
inundações dessa natureza. Tal fenômeno é natural e ocorre ciclamente no planeta,
estando nós caminhando em direção a uma nova Era como essa dentro de poucos
milênios. Assim, a grande inundação esteve intimamente ligada a esse período de
expurgo no qual passou todo o Planeta.
O gelo derretido elevou o nível dos oceanos e rompeu uma barreira natural que
impedia a passagem da água do Mediterrâneo para o Mar Negro (que era de água
doce). O nível deste subiu 15 centímetros por dia e, em três anos, ficou 150 metros
mais profundo." https://super.abril.com.br/historia/o-diluvio-aconteceu/
3 - Não ocorreu há quatro mil anos, como sugere a Bíblia, mas há pelo menos sete;
4 - O mito bíblico foi uma cópia quase fiel da Epopéia de Gilgamesh, conforme
veremos mais tarde.
Colocando honestamente essas questões sobre a mesa, podemos então passar para
o entendimento do código inserido na narrativa.
"Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda a
carne em que há espírito de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra
expirará." Genesis 6:17
Noé e sua esposa encontram-se no centro, pois o chacra cardíaco é o centro dos
chacras, mas não o espírito. O Espírito em seu estado primordial, requer
acionamento por meio dos desejos enobrecidos do coração. Encontra-se “dentro”
dele, não de forma literal, mas como semente. No coração se aciona a chave para
o comando consciente do Espírito. A ativação da chave depende do que sente o
coração. Enquanto os chacras possuem as cores do arco íris - que irá aparecer
mais tarde após o cessar das águas - o espírito ou o Cristo interior, é dourado.
Portanto, na Arca não entram sete, mas oito pessoas. A mulher de Noé é o chacra
cardíaco, no qual em seu interior, vibra a semente comandante da Arca.
"E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na
arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão. Das aves conforme
a sua espécie, e dos animais conforme a sua espécie, de todo o réptil da terra
conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, para os conservar em
vida." Gênesis 6:19-20
"E leva contigo de toda a comida que se come e ajunta-a para ti; e te será para
mantimento, a ti e a eles. Assim fez Noé; conforme a tudo o que Deus lhe
mandou, assim o fez." Gênesis 6:21,22
Aqui percebemos que mais uma vez tratar-se do conhecimento adquirido ao longo
das vidas. O alimento referido ao conhecimento a respeito da vida como a respeito
de si, guardar-se-á nestes registros.
Resumidamente, podemos dizer que a Arca de Noé é nosso corpo em seus três
níveis de consciência. Ao atravessar as águas da morte o corpo é inutilizado (a
arca é abandonada após o dilúvio), dando origem a uma nova vida. Assim, Noé
obedece ao Senhor.
"Depois disse o SENHOR a Noé: Entra tu e toda a tua casa na arca, porque
tenho visto que és justo diante de mim nesta geração." Gênesis 7:1
Num mundo repleto de seres humanos, é estranhável que somente Noé seja justo.
Por ocasião do anúncio do dilúvio, alguns dos patriarcas ainda estão vivos. Por
conseguinte, a parentela de Noé deve ser extensa. Porém ninguém encontra a Graça
aos olhos de Deus. Considerando-se isso em termos literais, a justificativa torna-se
longe da razoabilidade.
Note que a intenção de Deus é destruir a carne. Não houve alerta para que se
arrependessem. Não houve pregação, não houve advertência. Tudo foi executado
em silêncio. Somente Noé e seus descendentes possuíam o direito de entrar no
barco da salvação.
É imprescindível dizer por fim, que toda a narrativa é contrária á lógica divina.
Matar de surpresa é mera covardia. Não nos resta dúvida que seja um mito. E pelo
lado mitológico, encontramos sentido. A impossibilidade de convite às pessoas em
derredor, se dá ao fato de cada corpo possuir apenas seus componentes próprios de
subsistência, com seus centros energéticos exclusivos. Assim, é mister que se
destrua "toda a carne" na passagem pelas águas da morte, para que o espírito se
depure. Que se destrua cada carne individualmente.
"De todos os animais limpos tomarás para ti sete e sete, o macho e sua fêmea;
mas dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea.
Também das aves dos céus sete e sete, macho e fêmea, para conservar em vida
sua espécie sobre a face de toda a terra. Porque, passados ainda sete dias, farei
chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites; e desfarei de sobre a face
da terra toda a substância que fiz. E fez Noé conforme a tudo o que o Senhor lhe
ordenara" Gênesis 7:2-5
Enquanto a criação do mundo dura sete dias, a contagem regressiva para sua
destruição também é de sete dias. Portanto nisso, encontramos o encerramento de
um ciclo.
Os quarenta dias também aqui mencionados são uma inversão da criação, uma vez
que se relaciona às quarenta semanas da gestação humana, conforme visto no
início deste estudo. Assim, temos que o dilúvio tenha sido o fechamento de um
ciclo da história da vida terrestre.
Considerando que o mito do dilúvio foi uma cópia quase que exata da epopéia de
Gilgamesh - rei sumério que viveu 2700 Ac - teremos que voltar nossos olhos para
esta cultura, a fim de entender o conhecimento astrológico envolvido na questão.
Porém, Ishtar sentiu ciúmes da amizade e tentou seduzir Gilgamesh que, sabendo
que aquele que amasse a deusa morreria, não aceitou ser seu amante. A deusa
com muita ira pela recusa decidiu matar o amigo de Gilgamesh, Enkidu, infligindo
a ele uma doença que o deixou agonizando por doze dias antes de morrer. Com a
perda do amigo, Gilgamesh resolveu ir atrás de novas aventuras, o que o levou a
encontrar Utnapishtim, um homem imortal que revelou um triste mistério dos
deuses: em tempos remotos os deuses haviam decidido submergir a terra de
Shuruppak, mas que ele, pela sua devoção, havia recebido ordens de construir
uma arca no meio do deserto e abrigar seus familiares, amigos e os quadrúpedes
e aves de sua escolha. Utnapishtim assim o fez e, depois de seis dias e seis noites,
salvou as pessoas e os animais, conseguindo em troca a imortalidade."
Assim, temos esse povo como os primeiros elaboradores do que conhecemos hoje
como astrologia moderna. E a Bíblia bebe primeiro de sua fonte para depois criar
os conceitos próprios dos judeus, que irão habitar as terras próximas, séculos mais
tarde.
Temos nos fenômenos naturais da Terra, quatro movimentos distintos, sendo dois
bastante conhecidos, enquanto outros dois demandam conhecimento maior.
Os antigos num geral, entendiam que os círculos tanto do Ano quanto das horas,
perpetravam-se exatos, observando o movimento rotineiro dos astros. Por meio
dessas observações, criaram seus calendários.
O dilúvio Bíblico ocorre 1656 anos após a “criação,” e portanto, difere do tempo
da representatividade de intercâmbio entre uma Era e outra. Entretanto o texto
bíblico não busca exatidão nas passagens das Eras.
Entretanto, tal número pode conter alguma pista ainda não desvendada pela
exegese mítica. 1656 é divisível em exato por 12, resultando em 138. De igual
forma, também é divisível por 360, resultando em 4,6. Os 2190 menos 1656, dá o
resultado de 534. Tal número também possui uma correspondência interessante
quando dividido por 12, pois é 44,5.
Dentro da roda do zodíaco, cada signo possui um oposto. Um que lhe confere
equilíbrio como se lhe complementando a ação. Entendendo-se a Era de Leão com
seu oposto complementar Aquário, é compreensível o dilúvio. Leão é signo de
fogo (a criação, “haja luz”). Portanto, seu ciclo termina com a interferência do
signo complementar. O homem do cântaro de barro derrama suas águas sobre a
Terra, a inundando por completo.
Por outro lado, os períodos de transição sempre terminam com águas. Noé
atravessa o dilúvio, Jacó atravessa o vau de Jaboque, Moisés atravessa o mar
Vermelho, Jesus é batizado por João Batista. Cada passagem, do ponto de vista
mitológico é na verdade, o trânsito de uma Era Astrológica para outra. E as
referências sutis a esses casos, pode-se compreender nos elementos construídos por
trás das histórias narradas.
Por ocasião da Páscoa, Jesus ordena aos discípulos que procurem um lugar para a
ceia. Indagado sobre como encontrar, a resposta de Jesus é por demais explícita:
Entendemos todos que o fim da Era Cristã é a passagem para a Era de Aquário. O
mundo é “criado” em Leão, cujo oposto complementar é Aquário. Na iminência
dos dias atuais, estamos prestes a passar para esta. Aquário, evidentemente, tem
por seu oposto complementar a Leão. Portanto, é fácil compreender que o Leão da
Criação volta a reinar nesse período. Cristo, o cordeiro (explicaremos tal
simbolismo nos parágrafos seguintes), retorna agora como Rei. O Sol, a luz do
mundo. Não raro são os versículos denominando Jesus de “Leão de Judá.” A
referência é clara que este “filho do homem” retornará como rei. A passagem da
Era Cristã para a de Aquário é a comentada volta de Jesus.
“E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor,
dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o
que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o
seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto
aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta,
que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo
nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco.” Mateus 1:20-23
Evidentemente que não nos deteremos sobre tal questão neste momento. O
significado oculto dos Evangelhos é por demais profundo para que se trate em
minúsculos parágrafos.
É aí chamado chamado por João Batista de Cordeiro de Deus que tira o pecado (A
Lei) do mundo.
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro
de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29
Não nos deteremos neste momento, por óbvio, nas minúcias contidas na fabulosa
construção narrativa que se presta os escritos bíblicos tanto na interação cristã,
quanto na mosaica. Neste contexto momentâneo, buscamos tão somente retroceder
para compreender a Era astrológica a que dilúvio representou.
Continuemos o retrocesso. A Era anterior à Ariana é a de Touro. A roda do zodíaco
não permite intrepretação diferente.
O povo vê o mar se abrir, passa por ele e o vê desabar sobre os carros de Faraó,
matando toda a elite daquela civilização (vale lembrar que tal história nunca
aconteceu, pois nada na arqueologia foi encontrado, nem mesmo qualquer
referência a que os egípcios tenham possuído escravos hebreus). A semelhança
com o Dilúvio é intrigante, visto que este também desce sobre os infiéis. Chegando
ao deserto, no qual peregrinariam por 40 anos (esse número não pára de se repetir
na Bíblia), Moisés sobe ao famoso Monte Sinai, no qual lhe é dada a Lei.
Pois bem. Ao demorar-se no monte por 40 dias, o povo sente-se ausente de líder e
ausente de Deus, conluindo-se numa estranha e controversa atitude. O povo recém
liberto, que viu uma infinidade de milagres acontecendo, chama a atenção por sua
irracionalidade. Arão (irmão de Moisés), para o tranquilizar, é obrigado a
confeccionar um bezerro de ouro e o mandar adorar em lugar de Deus.
Simples, bem simples. O bezerro é uma clara referência à Era de Touro, à qual
havia se findado com a passagem do Mar Vermelho. Assim, querer voltar à Era
taurina é obsceno. Moisés ao descer do monte ordena que tais adoradores sejam
mortos ao fio da espada. Considerando que a Espada é a língua, tal morte não é
literal. É morte conceitual por meio do convencimento de que tal Era havia
terminado.
Touro tem por seu oposto complementar Escorpião. Assim, o cativeiro egípcio do
povo de Israel é que concebe a Era de Touro. É a picada do escorpião, das dores
representadas pelo cativeiro.
Os sete dias retroativos são uma referência aos sete Planetas conhecidos
astrologicamente falando: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno. A
retroação dos dias, indo de Saturno ao Sol, indica a destruição dos sete dias da
Criação, apagando-se desde Saturno até ao Sol, planeta regido pelo Sol.
Assim, temos neste texto, a finalização da Era de Leão, o Rei regido pelo Sol (A
representação da criação original), cujo oposto complementar é Aquário. Este
signo, por sua vez é representado por um homem com um cântaro de água. Então,
por uma representação lógica, tal homem derrama suas águas sobre a Terra,
encerrando o ciclo astrológico correspondente ao tempo da criação da Era de
Leão. A luz do primeiro dia da criação se apaga pelas águas.
“E era Noé da idade de seiscentos anos, quando o dilúvio das águas veio sobre
a terra. Noé entrou na arca, e com ele seus filhos, sua mulher e as mulheres de
seus filhos, por causa das águas do dilúvio. Dos animais limpos e dos animais
que não são limpos, e das aves, e de todo o réptil sobre a terra. Entraram de
dois em dois para junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a
Noé.” Gênesis 7:6-9
“E aconteceu que passados sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.
No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês,
naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas
dos céus se abriram. E houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta
noites. E no mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cão e Jafé, sua
mulher e as mulheres de seus filhos. Eles, e todo o animal conforme a sua
espécie, e todo o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil que se arrasta
sobre a terra conforme a sua espécie, e toda a ave conforme a sua espécie,
pássaros de toda qualidade. E de toda a carne, em que havia espírito de vida,
entraram de dois em dois para junto de Noé na arca. E os que entraram eram
macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o
fechou dentro. E durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra, e cresceram as
águas e levantaram a arca, e ela se elevou sobre a terra. E prevaleceram as
águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a arca andava sobre as águas.”
Gênesis 7:10-18
Dentre toda essa repetição de informações – comum no texto bíblico – a única
pormenorização de fato em acréscimo é a data do dilúvio; 17 do segundo mês.
Temos agora um novo dado, passível de estudo para compreensão de tal data na
importância judaica a fim de se compreender o que representa. Para tanto, é
necessário compreender o calendário desse povo. De igual forma, necessário é
também, fazer compreender a complexidade e diferença do Antigo calendário para
o atual:
Nesta tradição, fomentada em lei, o mês iniciava a cada Lua Nova. Assim,
precisamos volver nossos olhos ao calendário judaico antigo, a fim de compreender
melhor a data do dilúvio e seu significado.
Vejamos como funcionaria o calendário judaico para ajuste dos 11 dias perdidos
por conta dos meses lunares:
Fonte: http://www.chazit.com/cybersio/artigos/calendario.htm
Segue uma cronologia do Dilúvio, como indicado pelas datas e períodos dados na
Torá e calculados pelo rabino Rashi:
Fonte: https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/4161143/jewish/O-Dilvio.htm
Temos então a entrada de Noé na Arca no 40º dia anterior ao início do Inverno, que
se dá no Hemisfério Norte no dia 22 de dezembro, três dias antes do suposto
nascimento de Jesus para a cristandade atual. A entrada na Arca corresponde
assim, ao início da purificação para a chegada desta estação peculiar.
Ora, o calendário litúrgio da Igreja Católica também observa essa data. Nela, a data
é chamada de Advento. Vejamos:
Note que ela ocorre como uma “quaresma” pré nascimento de Cristo, da mesma
forma que existe a quaresma pré morte. Mais interessante ainda é notar que estes
40 dias se encerram três dias antes do suposto nascimento de Jesus, sendo
necessário um acréscimo de mais três para a totalização. Em outras palavras, a
quarentena do advento termina na verdade no solstício de Inverno.
Os astros são a expressão de Deus. É sua fala para com o mundo e a humanidade.
“Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas
mãos.” Salmos 19:1
Longe está de ser uma expressão metafórica tal poesia salmodiana. Os astros
definem a manifestação divina sobre a Terra, pela simples razão de irradiarem
energias diversas no decorrer do giro planetário em sua órbita solar. A cada
momento, em diferentes ângulos, a Terra recebe irradiações cósmicas, que entram
em maior ou menor grau em sua atmosfera, definindo, alimentando e
possibilitando a vida sobre o Globo. A criação é a expressão viva da “voz” do
criador, que ecoa de entre as estrelas e chega a nós por meio das ondas dançantes
no universo.
Ora, como dito algumas páginas atrás, nos dias de solstícios e equinócios, a Terra
fica “em pé” diante do Sol. Sua inclinação de 27,3 graus é “desligada” nesses dias,
possibilitando horas iguais no dia e na noite. Nesses dias há uma infusão maior da
energia solar sobre o Globo.
Outro evento de igual forma importante nessa questão é o periélio terrestre, quando
a Terra fica mais próxima do sol, recebendo ainda mais energia do Astro Rei. O
periélio ocorre 14 dias após o solstício de Inverno (Hemisfério Norte), data esta em
que se celebra a festa dos Santos Reis.
No dia 22 de dezembro ocorre o menor dia do ano. O Sol termina seu ciclo de vida.
No dia 25, na visão terrena de quem habita as regiões ao Norte, o sol renasce,
fazendo com que os dias se tornem cada vez maiores. Assim a luz vence as trevas.
Daí se concebe o Festival Judeu das Luzes, e o igual correspondente cristão,
chamado Natal.
Note que a quaresma do Advento possui até 43 dias, pois necessita estender-se até
à data em que a luz volta a nascer. Tempo de recolhimento, de reflexão, de
compreensão do sagrado. Noé recolhe-se para dentro da Arca.
Neste estágio de recolhimento interior, onde a reflexão para com a vida se torna
necessária dado a iminência do Inverno, a inversão da criação se é manifesta. Os
montes representam o conhecimento elevado do ser humano. Nessa passagem
das águas por sobre a Terra, tudo que é altivo, tudo o que é grandioso na
concepção humana deve ser submergido. Isso ocorre na forma pontual dessa
preparação para as luzes do inverno, bem como pela transição da morte. De igual
forma, a passagem de uma Era astrológica para outra, exige a ressignificação dos
conceitos humanos adquiridos numa vida. O humano deve aprender os rituais de
morte e renascimento para melhor preparar-se tanto para a morte, quanto para a
nova Era que se inicia.
O texto, conforme a literatura bíblica, repete a afirmativa de que tudo o que possuía
vida deixaria de existir. Nele, novamente, encontramos as referências aos
elementos presente no homem, na figura dos animais em seus aspectos também
sentimentais. O homem, em sua parte carnal, deixa de existir para dele restar
somente o espírito.
Por fim, a narrativa do capítulo sete afirma que as águas prevaleceram sobra a terra
por 150 dias. Até aqui não conseguimos distinguir se esse período inclui os 40 dias
de chuva, ou se ampliam mais 150, totalizando 190. Sobre tais números,
detalharemos após as explicações do capítulo oito de Gênesis.
Que importância teria o gado para se distinguir no texto? Outrossim, porquê não
mencionar a lembrança também de seus filhos e mulheres. Que importância teria
estes animas para se referirem à parte?
‘E aconteceu que ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que
tinha feito. E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se
secaram de sobre a terra.” Gênesis 8:6,7
O corvo, como bem se pode perceber, é um pássaro negro. Sua pelagem representa
a morte. Representa também, a obscuridade humana.
“Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a
face da terra. A pomba, porém, não achou repouso para a planta do seu pé, e
voltou a ele para a arca; porque as águas estavam sobre a face de toda a terra;
ele estendeu a sua mão, e tomou-a, e recolheu-a consigo na arca.” Gênesis
8:8,9
A pomba, por outro lado, é a parte masculina do ser. É a parte adâmica. Assim,
primeiro há de se reconstituir o corpo carnal representado pelo corvo, em seguida
nele será colocado a parte mais limpa, a parte branca representada pela pomba. A
pomba representa a alma ou espírito humano.
Vemos também no texto, que a pomba não encontra pouso para seus pés. Numa
singularidade similar à gestação, enquanto o feto não está formado, a alma ainda
não lhe é inserida. Enquanto as águas não minguam – da mesma forma que ocorre
quando no desenvolvimento fetal – a alma não encontra pouso para seus pés.
Assim, ela é recolhida aos braços protetores de Noé.
Por ocasião do tempo indicado para a soltura da pomba, os judeus celebram o Yon
Kipur, o dia da expiação. É quando Deus perdoa todos os pecados do seu povo.
“E esperou ainda outros sete dias, e tornou a enviar a pomba fora da arca. E a
pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico;
e conheceu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra.” Gênesis
8:10,11
“Então esperou ainda outros sete dias, e enviou fora a pomba; mas não tornou
mais a ele.” Gênesis 8:12
Assim, após o anúncio da vida, a pomba não retorna mais ao homem. Sua missão
está cumprida. Nisto há o aviso de que o homem deve seguir pelo mesmo caminho.
Conquistar a liberdade do Espírito e recomeçar o ciclo da passagem.
“Então me fez voltar para o caminho da porta exterior do santuário, que olha
para o oriente, a qual estava fechada. E disse-me o Senhor: Esta porta
permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor,
o Deus de Israel entrou por ela; por isso permanecerá fechada.” Ezequiel
44:1,2
“E no segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava seca.
Então falou Deus a Noé dizendo: Sai da arca, tu com tua mulher, e teus filhos e
as mulheres de teus filhos. Todo o animal que está contigo, de toda a carne, de
ave, e de gado, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, traze fora
contigo; e povoem abundantemente a terra e frutifiquem, e se multipliquem
sobre a terra.” Gênesis 8:14-17
“Legalmente, o "Ano Novo das Árvores" se relaciona aos vários dízimos que são
separados da produção cultivada na Terra Santa. Esses dízimos diferem de ano
para ano no ciclo Shemitá de sete anos; 15 de Shevat é o ponto no qual um fruto
em botão é considerado como pertencendo ao ano seguinte do ciclo. Celebramos o
dia de Tu B'Shevat comendo frutas, especialmente as espécies que são destacadas
na Torá em seus louvores à fartura da Terra Santa: uvas, figos, romãs, azeitonas e
tâmaras. Nesse dia lembramos que "o homem é uma árvore do campo" (Devarim
20:19) e refletimos sobre as lições que podemos extrair de nossa analogia
botânica.” https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/603062/jewish/Tu-
Bishvat-15-de-Shevat.htm
Tal como o ciclo anual no alto simbolismo judaico, a referência a essa nova vida
alude ao renascimento do espírito. A vida floresce. Uma nova criação é composta,
tal como ocorre nos dias da criação. As árvores emergem do seio da Terra.
“Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com
ele. Todo o animal, todo o réptil, e toda a ave, e tudo o que se move sobre a
terra, conforme as suas famílias, saiu para fora da arca. E edificou Noé um
altar ao Senhor; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e
ofereceu holocausto sobre o altar.” Gênesis 8:18-20
Os altares serão abundantes no texto bíblico daqui para frente. Sua finalidade é
estabelecer um canal de comunicação entre o humano e o divino. Os altares, em
sua concepção lógica, são os lugares de lembrança da ligação entre o homem e
Deus. É o ponto físico entre o material e o transcendental.
Após o sacrifício, o cheiro ascende aos céus. Por óbvio, cheiros estão relacionados
ao pensamento proveniente da oração. São as boas intenções adentrando os portais
divinos.
A completude exata da conta, nos força a dizer que restam 534 anos para a
completa finalização da Era Leonina. Assim, veremos à frente um evento que de
fato corrobora para a compreensão de que tal Era tenha se findado, passando-se
para Câncer.
O texto por fim faz menção a quatro tipos de ciclos binários, com o fim de mostrar
que o dilúvio representou quatro tipos de ciclos diferentes, porém absolutamente
correlacionados entre si.
Disso temos, dentro da correlação que estes representam, o jogo binário polarizado,
entre as lutas que o próprio ciclo vital determina para a humanidade. Embora Noé
represente o espírito divino no ser humano neste contexto, ao reencarne o homem
volta à sua natureza dualística, levando de volta o espírito soprado em suas narinas,
a um estágio de esquecimento e reinício dos mesmos processos que o fizeram
presos a este mundo.
A Aliança
“E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-
vos e enchei a terra. E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o
animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e
todos os peixes do mar, nas vossas mãos são entregues.” Gênesis 9:1,2
Neste novo contexto, vemos outra vez o restauro da criação. Não resta nenhuma
dúvida de que o dilúvio tratou de uma nova criação. Assim, por óbvio ele
prenunciou a chegada de uma nova Era. As ordens de frutificar e encher a terra são
tais como as mesmas da semana da criação. Por outro lado, um acréscimo em
relação ao comportamento para com os animais é digno de atenção. Não mais
estariam somente sujeitos à vontade humana, como também teriam pavor de sua
presença. Tal informação faz entender que o ser humano passaria a um novo
estágio, podendo agora agir por si só, com maior independência e controle sobre
seus instintos, podendo domar espontaneamente todos os seus temperamentos.
“Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos
tenho dado como a erva verde.” Gênesis 9:3
Retirado o teor alimentício do texto, vemos que a partir de então estaria permitido
o alimentar-se de conhecimentos advindos dos animais. Mais precisamente, o
conhecimento correspondente à compreensão da personalidade humana. O
alimento animal seria semelhante ao mesmo referente à erva verde.
“A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.
Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de
todo o animal o requererei; como também da mão do homem, e da mão do irmão
de cada um requererei a vida do homem. Quem derramar o sangue do homem,
pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme
a sua imagem. Mas vós frutificai e multiplicai-vos; povoai abundantemente a
terra, e multiplicai-vos nela.” Gênesis 9:4-7
Este trecho é o primeiro que trata do sangue de forma mais abrangente. A primeira
referência a sangue derramado, temos no ato homicida de Caim. Sabemos
entretanto, que Caim representava a natureza carnal em luta contra a espiritual.
Caim derramar o sangue de Abel e o vencer retrata a vitória da carne sobre o
espírito e esse sangue é derramado quase que impunimente.
Neste trecho também encontramos a Lei do Talião, a famosa olho por olho e dente
por dente. A pena de morte é aqui instituída em intolerância ao homicídio. Caim é
rechaçado e sob esse novo código, em caso de crime da mesma natureza, não seria
mais perdoado. O sangue de um, compensaria o sangue de outro. Neste contexto,
também percebemos a clara associação do homem com Deus, realicerçando a
afirmação de que o homem é imagem de Deus. Compreendemos aqui que o matar
um homem corresponde a matar o próprio Deus. Assim, o derramar do sangue
pede punição com a mesma severidade.
O texto está dizendo, na verdade, que nenhum conhecimento deve ser adquirido
fora da permissão e que o conhecimento adquirido de cada povo é dado por Deus, e
portanto, quem o roubar, estará ofendendo o próprio Deus. Nisto temos o princípio
do respeito tanto das culturas quanto das religiões adjacentes. O desrespeito não
seria tolerado. Tal respeito visava a proteção do caminho daqueles que estivessem
mais atrasados em sua evolução do conhecimento tanto carnal quanto espiritual.
“E falou Deus a Noé e a seus filhos com ele, dizendo: E eu, eis que estabeleço a
minha aliança convosco e com a vossa descendência depois de vós. E com toda
a alma vivente, que convosco está, de aves, de gado, e de todo o animal da terra
convosco;com todos que saíram da arca, até todo o animal da terra. E eu
convosco estabeleço a minha aliança, que não será mais destruída toda a carne
pelas águas do dilúvio, e que não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.”
Gênesis 9:8-11
Neste caso do Gênesis, Deus é impositivo para com Noé e sua família, embora seu
acordo seja benéfico. Quando levado ao campo literal, encontramos um Deus que
faz do homem um marionete. Decide tudo, até mesmo o que vai ou não fazer com
o homem, sem pedir-lhe a opinião.
A aliança de Deus com Noé, consistia em não mais lavar a Terra com água. Essa
aliança se estende ao todos os seres viventes; a todos os animais. A purificação não
mais se daria por este meio, pelo menos em escala global. A carne fora destruída e
o propósito da nova Era que se aproximava, cumprira-se ainda que parcialmente.
A menção de que não mais haveria dilúvio, é a suma da retirada da maldição
imposta a esta pelo pecado de Adão. Vagarosamente o Deus implacável muda
conforme percebe a evolução de seus filhos.
“E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre toda
a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas.
O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a
terra.” Gênesis 9:12,13
Por outro lado, veremos que aliança e o arco estão intrinsecamente ligados. O
símbolo da aliança é circular. Portanto, o arco-íris aparecer como metade no céu,
implica dizer que Deus cumpria sua promessa e cabia à Terra completar sua outra
metade.
O Arco também assemelha-se a uma ponte entre a Terra e o céu, sendo imaginável
que por ele se estabeleça uma conexão entre Deus e os homens. Portanto, a aliança
está completa, podendo o homem após o dilúvio, garantir livre acesso ao trono de
Deus, desde que cumpra com sua parte na aliança estabelecida.
“E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco
nas nuvens. Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós, e
entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em
dilúvio para destruir toda a carne. E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para
me lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne,
que está sobre a terra. E disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança que tenho
estabelecido entre mim e entre toda a carne, que está sobre a terra.” Gênesis
9:14-17
A aliança consistirá em não mais haver sombra definitiva, nem ainda que as chuvas
trazidas pelas nuvens se tornem maléficas. As águas devem manter seu equilíbrio
na manutenção da vida, não mais tornando-se em morte. Com a retirada da
maldição, a água volta a seu estado anterior, geradora da vida.
Por fim, neste texto, o entendimento é claro. A maldição é substituída pelo acordo.
O homem, representado a partir de agora por Noé e não mais Adão, deve cumprir
sua parte em conjunto com a própria Terra, para que o projetado pelo pecado
inicial não mais corrompa a humanidade. Nesse novo estágio de renovação, nesta
finalização da passagem da Era Leonina para Câncer, novas leis serão projetadas
por sobre a humanidade. E, parcialmente, a misericórdia divina remonta para o
paraíso edênico antes da queda.
A Vinha
“E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai
de Canaã. Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a terra.”
Gênesis 9:18,19
Cão, assim como Caim, terá sua descendência amaldiçoada logo à frente. Canaã
será sua maior vítima, pois os descendentes de Sem é que irão habitar as terras
dantes a este pertencente.
Jafé representa a linhagem não deixada por Abel. Não por acaso, o significado de
seu nome é Beleza e Engrandecido. O que Abel não pôde se tornar por
interferência de seu irmão, Jafé agora será.
Por fim, Sem é de onde surgirá o povo judeu, os escolhidos para representar Deus.
O nome de Sem significa Rocha, tal como Pedro, de onde se edificaria a igreja de
Cristo. Sem é a correlação de Sete, do qual despontará os judeus, séculos mais
tarde. Os judeus, dada a essa suposta ancestralidade, são também chamados de
semitas.
Fato é, que estamos no limiar de uma Nova Era astrológica, que deverá entrever
sua chegada em um importante evento que será narrado no capítulo posterior de
Gênesis.
Tal como Adão, Noé inscreve-se no mesmo caminho de cultivar a terra para
comer o seu pão. A finalização das Eras possuem elementos indicativos
perceptíveis de suas aberturas e fechamentos. Neste caso, parte das maldições
registradas no Éden não são retiradas. O lavrar a terra, no sentido espiritual do
conhecimento para a sobrevivência, permanece em evidência.
Temos então dois tipos de situações relativas vinho, as quais necessitam distinção:
O vinho, dado a sua cor, é referência direta à abertura do sétimo chacra – coronário
– receptáculo direto das energias divinas provenientes das sefiróts da Árvore da
Vida. Desta feita, é possível compreender que, quando na parábola dos odres e do
vinho, Jesus esteja falando claramente que o ser humano é o reptáculo, enquanto o
vinho, a energia divina descendente. É a compreensão a respeito de Deus.
Temos em Noé o tipo de Adão. Adão, para esconder sua nudez, cose folhas de
figueiras para cobri-las. Noé, por influência do vinho, as descobre.
Nos dois aspectos paralelos, entendemos que está havendo uma abertura e
fechamento de ciclos.
Percebamos que, para não envergonhar-se de sua nudez, necessário seria a Adão,
comer do fruto da Árvore da Vida. Esta, fora plantada por Deus. A vinha de Noé, é
plantada por ele mesmo. Portanto, é uma compreensão distorcida a respeito da
divindade. Então, apossando-se de um conhecimento não factível a respeito da
natureza divina, encontramos um Noé embriagado e desnudo. O seu vinho surtiu o
mesmo efeito que na prostituta apocalíptica, que por natureza de sua pecaminosa
ocupação, desnuda-se para o sustento.
O vinho cultivado pelo espírito humano mesclado com seus próprios conceitos,
resulta em ortodoxia religiosa, fragmentando e cristalizando o conhecimento a
respeito da divindade. Resulta também em orgulho e soberba, por criar um falso
alicerce de sabedoria e compreensão advinda dos próprios conceitos. A humildade,
quando alimentada pelo vinho humano, é aniquilada em detrimento da altivez e
arrogância.
“E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus
irmãos no lado de fora. Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na
sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu
pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu
pai.” Gênesis 9:22,23
Cão, na analogia de Caim, é o que primeiro conflui para que Adão veja sua nudez.
A natureza carnal aqui representada, abate o orgulho e a altivez, proporcionada
pelo embriagar-se do vinho. Por outro lado, Noé mostra-se absorto em sua
arrogância e insensatez, visto que o ato de Cão não é por si só, um demérito a este.
A prepotência de Noé neste sentido, demonstra a vergonha por ver-se em nudez
diante de seu filho em um momento de inconsciência, sendo o filho, o agente que
lhe concede a visão. É a vergonha por não ter visto por si só. É a altivez em
evidência.
Por conseguinte, os espólios das terras da herança deste, torna-se o caminho para o
qual o povo deve seguir. A natureza humana restaurada, proporcionará descanso
para os que se vivificarem em bênçãos.
Com postura contrária a Cão que emxerga a nudez de seu pai, Sem e Jafé a
cobrem. A analogia com a túnica de peles elaborada por Deus para Adão e Eva
também é clara. O cobrir representa a proteção de Deus a este, na pessoa de seus
filhos. Neste momento Jafé: Abel; e Sem: Sete, demonstram que o caminho de Noé
deve se estabelecer pela compreensão de sua nudez e a necessária cobertura desta.
Da mesma forma que no Éden, onde Deus não vê a nudez de Adão, os filhos de
Noé se postam de costas e não a veem. Ambos os filhos sabem que Noé está nu.
Porém não é seu prazer o vê-la. Estes filhos representam a humildade, o
reconhecimento do erro alheio, da ignorância, porém em sua forma singela de
compreensão, atentam para o cobrimento do que ao simples julgamento. Ambos
representam a parte divina do ser. Jafé é o correspondente de Abel, o puro; e Sem,
ao que vai gerar o descendente libertador. Ambos fazem o papel do Espírito.
Dentro da mesma analogia edênica, ambos estão virados quando a nudez é coberta.
Deus se manifesta para Adão na viração do dia. Neste ponto, percebemos que o
termo convém ao término do ciclo. Há uma viração de Era.
“E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera. E
disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos. E disse:
Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a
Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.” Gênesis 9:24-27