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Ainda olho da janela para ver se o vejo.

Ele está lá. Escondido, atrás de uma nuvem, de um vento ou sei lá de quê.

Ele está lá, suave como um leve entrelaçado de espumas... que se eclodem
e deixam o brilho e o perfume no ar. E ficam espalhadas pela memória,
desde o momento de seu surgimento até o fim, em centelhas de
micropartículas de água. Está lá, colorido ao reluzir do sol, mas ofuscado
pela inexistência que o eclodiu.

Ele vai pouco a pouco, se esgueirando pelos cantos da memória e captura-


lo torna-se cada vez mais difícil com o passar dos dias e dos anos. Mas ele
existiu. Ou será que na verdade ele ainda existe?

O que seria realmente esse caso, tão intrigante e tão abrangente e tão
efêmero? Ele é o passado, do qual, impossível nos é, vivermos sem sua
presença. Tão presente, tão futuro... e o chamamos de passado.

Ele está presente nos livros, nos filmes, nas músicas... tudo é passado. Até
este último aspirar desse tão frio vento que ora penetra em meu corpo. Em
mais alguns segundos isso também será passado. Passado para o qual
vivemos e do qual somos escravos.

E futuro, o que será? Futuro não nos é nada mais do que o passado
adiantado, trotando a galope, repetindo seu ciclo infindável de recomeços,
de estações, de fases, de morte e vida... se repetindo dia a dia, nos
carregando sobre os ombros nessa imensa viagem rumo ao desconhecido e
delirante futuro... que vai ser passado assim que o presente o encontrar.

Lauriano Oliveira Mathias 29/06/2011

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