Você está na página 1de 48

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE

VÍTIMA DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Enf. Ms. Emília Caminha

Fortaleza
2021
DEFINIÇÃO
• Ocorre quando há um obstrução ou o rompimento dos vasos que levam
sangue ao cérebro.
• Deficits focais que se instalam de modo súbito.
• Os AVC’s podem ser isquêmicos ou hemorrágicos.
Isquêmico – 80 a 85%
Hemorrágico – 15 a 20%
• Hemorragia intraparenquimatosa
• Hemorragia subaracnóide

(PONTES-NETO et al, 2009)


Acidente vascular
encefálico hemorrágico
(AVEH)
Hemorragia intraparenquimatosa (HIP);
• As causas mais comuns para HIP são transformação hemorrágica do
AVEI/AVCI, tumores, malformação arteriovenosa, HIP associada à
hipertensão arterial, agentes anticoagulantes e fibrinolíticos,
aneurisma sacular.
QUADRO CLÍNICO
✓Rebaixamento do nível de consciência súbito e progressivo associado
à cefaleia e ao déficit motor.
✓Mais de 72% dos pacientes estarão em estado comatoso;
✓Em menos de 20% dos casos haverá alterações pupilares e quadros
convulsivos.
PIOR PROGNÓSTICO
• População negra e idosa;
• Glasgow menor que 11;
• Sangramento intraventricular, especialmente se acompanhado por
hidrocefalia, hematomas extensos, intervenções cirúrgicas tardias
após 7 horas.
Hemorragia subaracnóidea (HSA)

• Evento clínico catastrófico que se caracteriza


por ruptura e sangramento de um aneurisma
cerebral cuja mortalidade geral é de 25%.
• Aproximadamente 10 a 15% dos pacientes
morre antes de chegar ao hospital e 50% dos
sobreviventes apresentam-se em estado grave.
• As causas de HSA não traumática podem ser ruptura de aneurismas,
ruptura de malformações arteriovenosas, ruptura de aneurisma,
angiomas e neoplasias.
• Os sinais e sintomas comuns apresentados no HSA são cefaleia súbita,
náuseas e vômitos, os quais consideramos a tríade clássica,
apresentada em 60% dos pacientes.
• Temos também cefaleias de sentinela, rigidez de nuca, alteração do
nível de consciência, deficit neurológico e convulsões.
Epidemiologia
• 16 milhões de pessoas são acometidas por ano.
• O AVC é responsável por 5,7 milhões de mortes no mundo, sendo que 85%
dos óbitos ocorreu entre os países em desenvolvimento.
• Um terço afetou os indivíduos economicamente ativos.
• No Brasil, o AVC foi responsável, em 2005, por 10% de todas as mortes
(90.006 mortes).

(LIMA et al, 2015)


• No Brasil, segundo o DATASUS, a mortalidade por AVC varia de 13,8%
a 20,6% na população acima de 60 anos, permanecendo como
principal causa de morte e incapacidade nessa população.
• Estudos apontam que o tratamento precoce e realizado em unidades
especializadas reduz a mortalidade em 17%, a dependência em 25% e
a institucionalização em 24%.

(Moura e Casulari, 2015)


Objetivo de enfrentar e deter as doenças não transmissíveis, que
acometem principalmente as camadas mais pobres, vulneráveis e
menos instruídas da população.

(BRASIL, 2011)
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Variam conforme a área cerebral afetada, ocasionando geralmente sintomas múltiplos, tais
como:

• Cefaléia súbita;
• Dormência (parestesia), fraqueza (paralisia);
• Afasia;
• Ataxia (alteração na coordenação dos movimentos);
• Apraxia (Incapacidade de realizar um movimento ou tarefa quando solicitado);
• Dificuldades visuais;
• Déficit de auto-cuidado;
• Náuseas e vômitos;
(BRASIL, 2013)
ATENDIMENTO INICIAL

“Todos pacientes com suspeita de AVC


devem ser triados com a mesma
prioridade que os com IAM ou trauma”.
“Deve haver um protocolo para AVC e o
objetivo é completar a avaliação e
decidir o tratamento em até 60 minutos
da chegada do paciente”.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Hipoglicemia
• Tumor cerebral
• Crises epilépticas
• Intoxicação exógena
• Síncope
• Encefalopatia hipertensiva
• AIT
AVALIAÇÃO INTRA HOSPITALAR
• Avaliação e estabilização;
• História – tempo de início dos sintomas;
• Perguntar sobre fatores de risco;
ESCALA DE CINCINNATI
EXAME FÍSICO
• Exame físico de cabeça e pescoço;
• Ausculta cardíaca;
• Mensuração de temperatura;
• Observação das jugulares;
• Ausculta pulmonar e avaliação do padrão respiratório;
• Ausculta e palpação abdominal;
• Avaliação de pulso;
EXAME NEUROLÓGICO
• Breve e dirigido
• Escala de Glasgow;
CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA
TC CRÂNIO SEM CONTRASTE
• Eficaz para identificar maior parte dos casos de AVCh e ajuda na
identificação de causas não vasculares para os sintomas neurológicos.
TRATAMENTO GERAL
• Vias aéreas, suporte ventilatório e O2 suplementar se saturação de
O2 < 92%.
• Prevenção hipóxia – piora dano cerebral.
• Promoção da neuroproteção por meio da correção imediata de
hipertermia, hipotensão e hipo/hiperglicemia.
• Aumento temperatura no AVC está associado a pior prognóstico
neurológico secundário ao aumento da demanda metabólica.
• Se paciente febril – administrar antitérmicos.
• No pré-tratamento da HAS, devemos monitorar a pressão arterial (PA)
a cada 15 minutos.
• Se a PAS estiver > que 230mmHg ou a PAD > 120mmHg, recomendase
o uso de nitroprussiato de sódio.
• Quando a PAS é > que 180mmHg ou PAD > maior que 105mmHg,
recomenda-se betabloqueador endovenoso.
• Após o início da infusão do trombolítico, a PA deve ser auferida a cada
15 minutos nas duas primeiras horas e a cada 30 minutos até
completar 24 a 36 horas do início do tratamento, devendo observar
hipotensão arterial.
Controle da Glicemia
• Sinais neurológicos que mimetizam AVCi e por si só podem levar a injúria
cerebral.
• Nas primeira 24 horas do AVC a presença de hipoglicemia está associada a
piora de prognóstico.
• Recomendado monitoramento intensivo da glicemia capilar (4/4 horas),
tratamento da hiperglicemia e prevenção da hipoglicemia.
• Glicemia capilar entre 80 e 140 mg/dL.
PROCESSO DE ENFERMAGEM
Histórico de
Enfermagem

Diagnóstico de
Avaliação
Enfermagem

Planejamento
Implementação
da Atenção
TRATANDO O AVC
• O tratamento varia conforme o tipo de
injúria.
• O exame de imagem é fundamental no
que se refere à escolha da terapêutica a
ser adotada.
• No casos de AVC hemorrágico o
tratamento pode ser cirúrgico ou
clínico, dependendo do volume da
lesão, da localização e da condição
clínica do paciente.
• Há indícios de que o intervalo menor
que 7 horas entre a HIP e a cirurgia
oferece melhor resultado.
Para o tratamento inicial de HSA e necessário:
- Realizar a oxigenoterapia.
- A intubação orotraqueal deve ser realizada se o paciente apresentar
Glasgow menor que 10, edema pulmonar, hipoxemia.
- Fazer a expansão volêmica com soro fisiológico a fim de manter a PAS
< que 150mmHg.
- Iniciar a nimodipina.
- Realizar a neurocirurgia, em que será executada a drenagem de
hematoma com monitoração da pressão intracraniana (PIC).
- Realizar, como tratamento definitivo do aneurisma, a
clipagem cirúrgica ou o tratamento endovascular.
- Garantir uma oferta de oxigênio mantendo o PaO2 >
95mmHg, saturação de O2 > que 96%, hemoglobina > 10
g%.
- Manter a PIC menor que 20 mmHg.
- Prevenir ressangramento, vasoespasmo, hidrocefalia,
convulsões, hipertensão intracraniana e hiponatremia.
• Em casos de AVC isquêmico o tratamento para a desobstrução das
artérias consiste na administração de um tipo específico de
trombolítico, que dissolve o coágulo e normaliza o fluxo sanguíneo no
cérebro.
• Esse tratamento deve ser aplicado em até 4 horas e 30 minutos do
início dos sintomas.
TERAPIA TROMBOLÍTICA
• rtPA (Ativador do Plasminogênio Tecidual) - 0,9 mg/kg com 10% em
bolus e restante em 1h.
• Deve ser usado em até no máximo 4,5 horas do inicio dos sintomas.

• Principal cuidado: seleção cuidadosa dos pacientes + cuidado


intensivo (monitoração e tratamento precoce da hipertensão arterial).
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

I. AVC isquêmico em qualquer território encefálico;


II. Possibilidade de se iniciar a infusão do rt- PA dentro de 4h 30min
do início dos sintomas;
III. TC do crânio ou RM sem evidência de hemorragia;
IV. Idade superior a 18 anos;
V. Ausência de contra-indicações à trombólise;
VI. Assinatura do Termo de Consentimento pelo paciente ou
responsável legal.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
• AVC ou TCE há menos de 3 meses • Punção lombar < 7 dias
• Antecedente de sangramento • Melhora rápida dos sintomas
intracraniano • Sinais neurológicos menores e
• Cirurgia de gde porte < 14 dias isolados
• Sangramento GI ou GU < 21 dias • Convulsão
• PAS>185 e PAD>110 • Plaquetas <100.000
• Sangramento ativo ou trauma • Glicose <50 e >400
• IAM < 3 meses • TC com sinais de hemorragia
• Punção arterial em sítio não
compressível < 7 dias
CUIDADOS APÓS USO DE TROMBOLÍTICO
❖Não utilizar antitrombóticos, antiagregantes e heparina nas próximas 24 horas após uso
do trombolítico.
❖Não passar SNE nas primeiras 24 horas.
❖Manter o paciente em jejum por 24 horas pelo risco de hemorragia e necessidade de
intervenção cirúrgica de urgência.
❖Não realizar cateterização venosa central ou punção arterial nas primeiras 24 horas.
❖Não passar sonda vesical até pelo menos 30 minutos do término da infusão do rt-PA.
❖Após as 24 horas do tratamento trombolítico, o tratamento do AVC segue as mesmas
orientações do paciente que não recebeu trombólise, isto é, antiagregante plaquetário
ou anticoagulação.
❖Realizar tomografia de cranio e Hb, Ht, TP, TTPA entre 12-24 horas, para controle
evolutivo.
AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM
• Avaliação neurológica rigorosa e criteriosa;
• Monitorar as funções intestinais e da bexiga;
• Monitorar a eficácia da terapia com anticoagulante;
• Avaliação psicossocial e auto-cuidado;
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
• Risco de lesão relacionado aos déficits neurológicos;
• Mobilidade física comprometida;
• Processos de raciocínio alterado;
• Comunicação verbal comprometida;
• Déficit nos cuidados pessoais;
• Nutrição alterada para menos que as necessidades corporais;
• Eliminação urinária e fecal comprometida;
• Processo familiar alterado;
CUIDADOS GERAIS
• Suporte hemodinâmico;
• Controle da PIC;
• Programa de reabilitação – Fisioterapia, Fono e T.O.;
• Uso de antidepressivos;
• Repouso absoluto;
• Corrigir hipóxia, hipertermia;
• Elevação cabeceira 20-30 graus especialmente em caso de AVCh;
• Avaliar mudanças clínicas do paciente;
• Atentar para possível sangramento após uso de rtPA;
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
• Prevenção de quedas e lesões;
• Prevenção de complicações da imobilidade;
• Otimizando as capacidades cognitivas;
• Facilitação da comunicação;
• Facilitação da independência;
• Promovendo ingesta oral adequada;
• Fortalecimento da reintegração familiar;
• Educação e manutenção da saúde.
SEQUELAS
• Danos físicos comuns são a perda de força, equilíbrio e tônus
muscular de um dos lados do corpo.
• Podem ser permanentes ou transitórias.
• Além disso, o paciente pode ter alterações cognitivas, desenvolvendo
confusão e dificuldade para compreender ordens simples.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas
para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no
Brasil. Brasília : Ministério da Saúde, 2011. 160 p. : il. – (Série B. Textos
Básicos de Saúde)
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Especializada. Manual de rotinas para atenção ao AVC – Brasília :
Editora do Ministério da Saúde, 2013.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à reabilitação da
pessoa com acidente vascular cerebral – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
• PONTES-NETO, Octávio M. and COMITE EXECUTIVO DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DOENCAS CEREBROVASCULARES et al.Diretrizes para o
manejo de pacientes com hemorragia intraparenquimatosa cerebral
espontânea. Arq. Neuro-Psiquiatr. [online]. 2009, vol.67, n.3b, pp. 940-950.
ISSN 1678-4227.
• MOURA, Mirian and CASULARI, Luiz Augusto. Impacto da adoção de
medidas inespecíficas no tratamento do acidente vascular cerebral
isquêmico agudo em idosos: a experiência do Distrito Federal, Brasil. Rev
Panam Salud Publica[online]. 2015, vol.38, n.1, pp. 57-63. ISSN 1020-4989.

Você também pode gostar