Você está na página 1de 36

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO

PACIENTE COM DRENO DE TÓRAX

Profa. Emília Caminha


Drenagem Torácica

Consiste na introdução de um dreno em uma


das três cavidades do tórax (pericárdio,
mediastino ou espaço pleural), para retirada de
coleções líquidas e/ou gasosas.
Possui a finalidade de restabelecer as
pressões negativas drenando líquidos
ou ar.

Em casos de emergência, como


pneumotórax, hemotórax e derrame
pleural ou drenagem profilática, ha
indicações para que se coloque o dreno.
O sistema de drenagem e composto por: dreno de tórax, conexões intermedias
e extensões e um frasco (um exemplo: com selo d’agua para pneumotórax). O
dreno e inserido depois de uma adequada antissepsia da pele no local e
anestesia local com lidocaína.

Seu calibre e escolhido conforme o material que será drenado: quanto mais
viscoso, mais largo o tubo deve ser.
Drenagem Pleural

Espaço pleural → espaço virtual entre as pleuras


parietal e visceral: no indivíduo sadio há uma fina
lâmina líquida.
Composição do sistema de drenagem torácica

Dreno

Extensão
intermediária Suspiro
Frasco
coletor

Selo d’água
Características do sistema de drenagem para
adultos/idosos

✓dreno tubular
multiperfurado,
siliconizado, de
consistência firme, com a
presença de uma linha
radiopaca para verificar
posicionamento;
✓calibre de acordo com a
indicação;
✓frasco coletor: plástico ou vidro, graduado para
controle do aspecto e volume drenado;
✓ comunica-se:
• com o ambiente, por meio do respiro, para a saída de
ar do interior do frasco;
• com o sistema por um tubo longo, cuja extremidade
fica imersa 2 cm dentro do selo d´água (água
destilada).

2 cm
Tipos de drenagem: espontânea

A drenagem é feita pela


ação da gravidade
Tipos de drenagem: aspiração reduzida

✓ frasco regulador;

✓volume de água
determina o nível de
pressão no sistema (15 a
25 cm H2O) e por
consequência, no interior
da cavidade torácica.
INSERÇÃO DO DRENO
CUIDADOS DE
ENFERMAGEM

- Transporte do paciente: deve ser


feito sem pinçar o sistema,
mantendo abaixo do ponto de
inserção.
- Atentar-se ao volume e aspecto
do material que esta sendo
drenado.
- O tipo de cobertura e a
frequência de troca deve ser
estipulada em protocolo da
instituição.
MATERIAL PARA TROCA DE SELO D’AGUA

- Agua destilada 500 ml ou 1000 ml.


- Frasco para desprezar as secreções.
- Óculos de proteção.
- Pinça de ordenha.
- Luvas de procedimento.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM O SISTEMA DE DRENAGEM –
TROCA
DE SELO D’ÁGUA
- Preparar o material e orientar o paciente sobre o procedimento.
- Lavar as mãos.
- Organizar e reunir o material.
- Calcar luvas de procedimento e EPI.
- Clampear o dreno com o clamp da extensão do dreno e com a pinça de ordenha, para
não ocorrer risco de entrada de ar.
- Desrosquear o frasco.
- Desprezar o conteúdo em recipiente próprio para desprezar secreções.
- Encher os frascos com agua destilada estéril no nível.
- Rosquear o frasco do dreno.
- Desclampar e retirar a pinça de ordenha.
- Marcar o nível original de líquidos com uma fita adesiva na parte externa da unidade de
drenagem, marcando também a data e o horário.
- Lavar as mãos, organizar o local e realizar as anotações na prescrição do paciente.
- Ordenhar o dreno em tempo determinado, conforme avaliação do enfermeiro: de uma
em uma hora ou de duas em duas horas. Fixar o dreno rente ao corpo do paciente.
- Observar os pontos, sinais logísticos, inclusive presença de enfisema subcutâneo.
- Realizar a troca de curativo 1 vez ao dia, ou, se necessário, com soro fisiologico 0,9% e
antisseptico.
- Manter curativo oclusivo.
- Observar o paciente quanto a FR, padrão respiratório, sat O2.
- Observar a oscilação do dreno e o controle do RX de tórax.
RETIRADA DO DRENO DE TÓRAX

✓ Apos a drenagem ser feita, este dreno


deve ser retirado de acordo com a
prescrição medica. Em casos onde
houve pneumotórax ou hemotórax, o
dreno deve ser clampeado por 12 horas
e deve ser retirado pelo enfermeiro
apos este período e apos avaliação e
prescrição medica.
✓ Porem, antes deve ser realizado um raio
x para se certificar da total expansão
dos pulmões.
MATERIAL PROCEDIMENTO
- Lavar as mãos e reunir o material.
- luvas de procedimento. - Conversar com paciente a respeito do
- pinça de ordenha. procedimento ;
- pinça dente de rato. - - Utilizando a pinça de ordenha e realizando as
- pinça kelly. manobras de sucção da parte proximal para a
- clorexidina alcoólica 0,5%. distal;
- lamina de bisturi. - Orientar o paciente para que faca a apneia no
- pinça anatômica. momento da retirada do dreno;
- gaze. - Posicionar o paciente em decúbito dorsal e levantar o
- micropore. braço que esta do lado do dreno.
- Utilizando a pinça dente de rato, retirar a cobertura.
- Realizar a limpeza com soro fisiológico com o auxilio
da pinça Kelly e, em seguida, realizar a antissepsia com
clorexidina alcoólica 0,5%.
- Fazer a retirada do ponto que fixa o dreno com o
auxilio da lamina
-- Deixar preparada uma cobertura selante com gaze e
fita micropore;
PINÇAS
- Solicitar que o paciente realize uma inspiração profunda e consequente apneia
enquanto o dreno e tracionado progressivamente ate sua retirada e, apos, orientar a
inspiração.
- Fazer o fechamento nas bordas do local da inserção dos drenos, com o fio do ponto em
bolsa, realizando-se três nos e cortando o excesso do fio.
- Fazer a ausculta pulmonar e atentar-se para ruídos adventícios, realizar palpação e
verificar novamente se ha presença de enfisema subcutâneo.
- Realizar raio x de tórax para controle.
- Ocluir com curativo durante 48 horas e registrar data, hora e assinatura do responsável
pelo procedimento.
- Atentar-se para as características do curativo nesse período e comunicar ao medico
caso apresente liquido drenado ou descolamento.
- Apos o descarte do dreno, as luvas e os materiais utilizados, o enfermeiro deve
providenciar uma radiografia de tórax e um eletrocardiograma do paciente.
- Realizar anotação de enfermagem no prontuário do paciente.
- Atentar-se para o padrão respiratório do paciente e comunicar ao medico se houver
alterações dos sinais vitais e saturação de oxigênio.
- Retirar os pontos apos sete dias e observar o processo de cicatrização.
Estudo de caso didático

A.C.M., 54 anos, sexo feminino, no 3º dia de pós-operatório de cirurgia de


revascularização do miocárdio. Encontra-se na enfermaria, com FR = 12
mov/min, expansibilidade pulmonar simétrica, murmúrios vesiculares
presentes em toda extensão pulmonar, e apresenta dreno pleural a D em
drenagem espontânea. Recebe soro glicofisiológico a 28 gts/min em
acesso venoso periférico na fossa anticubital D. Paciente refere
insegurança para sair do leito e realizar higiene corporal e dor intensa em
hemitórax D (8 na escala de 0 – 10) à movimentação. Relata ainda que
não recebeu explicações de como manusear o dreno de tórax.

1) Quais os diagnósticos de enfermagem relacionados às pistas? Quais


as intervenções de enfermagem?
2) Quais os cuidados específicos para manuseio e manutenção do dreno
pleural?
Estudo de caso didático

A.C.M., 54 anos, sexo feminino, no 3º dia de pós-operatório de cirurgia


de revascularização do miocárdio. Encontra-se na enfermaria, com FR =
12 mov/min, expansibilidade pulmonar simétrica, murmúrios vesiculares
presentes em toda extensão pulmonar, e apresenta dreno pleural a D em
drenagem espontânea. Recebe soro glicofisiológico a 28 gts/min em
acesso venoso periférico na fossa anticubital D. Paciente refere
insegurança para sair do leito e realizar higiene corporal e dor intensa
em hemitórax D (8 na escala de 0 – 10) à movimentação. Relata ainda
que não recebeu explicações de como manusear o dreno de tórax.
Planejamento da assistência de enfermagem ao paciente com
dreno pleural

As pistas consideradas prioritárias foram: presença dreno


pleural + dor intensa (8 na escala de 0 – 10) + insegurança
para sair do leito e realizar higiene corporal + não recebeu
explicações de como manusear o dreno de tórax

1) Dor aguda (NANDA, 2013);


2) Conhecimento deficiente (NANDA, 2013);
3) Risco de padrão respiratório ineficaz (CARPENITO-MOYET,
2009).
Planejamento da assistência de enfermagem ao paciente
com dreno pleural

Dor aguda relacionada a agente lesivo (presença de dreno de


tórax em hemitórax a direita), manifestada por relato verbal de dor.

✓ Avaliar a intensidade e localização da dor;

✓ Administrar analgésicos prescritos e verificar sua eficácia após


30 min;

✓ Comunicar a equipe médica em caso de persistência da dor


mesmo após medicado;

✓ Realizar a troca do curativo ao redor do dreno diariamente ou na


presença de sujidade, assegurando a fixação do sistema sem
tração mecânica;

(CIPRIANO; DESSOTTE, 2011; COREN, 2011; GONÇALVES et al., 2011; LUCIO; ARAÚJO, 2011; PERRFEITO, 1998)
Conhecimento deficiente relacionado a falta de exposição (verbalização
de insegurança para sair do leito e realizar higiene corporal e relato de não
ter recebido explicações de como manusear o dreno de tórax), manifestado
por verbalização do problema.

✓ Ensinar a paciente e família sobre a necessidade de permanência do


dreno;

✓ Auxiliar e encorajar a paciente para a deambulação precoce e manuseio


do dreno pleural;

✓ Auxiliar e encorajar a paciente para a realização do autocuidado de


higiene corporal;

✓ Orientar a paciente a solicitar enfermagem sempre que necessário;

✓ Ensinar a paciente sobre mobilização correta: sentar no leito, mantendo o


frasco coletor abaixo do tórax, sem tracioná-lo; levantar do leito
vagarosamente;

(CIPRIANO; DESSOTTE, 2011; COREN, 2011; GONÇALVES et al., 2011; LUCIO; ARAÚJO, 2011; PERRFEITO, 1998)
Risco de função respiratória ineficaz relacionado a fatores
que podem modificar a função respiratória (presença de dreno
de tórax).
✓ Avaliar a FR, amplitude da respiração; ausculta pulmonar e uso
de musculatura acessória;

✓ Avaliar capacidade para realização de atividades físicas sem


esforço;

✓ Posicionar confortavelmente a paciente, para favorecer a


expansibilidade pulmonar;

✓ Avaliar a oscilação do selo d’água do frasco coletor, anotar o


débito e as características da secreção drenada;

✓ Manter o curativo oclusivo após a retirada do dreno por 48 horas.

(CIPRIANO; DESSOTTE, 2011; COREN, 2011; GONÇALVES et al., 2011; LUCIO; ARAÚJO, 2011; PERRFEITO, 1998)
Intervenções de enfermagem específicas para o manuseio
e manutenção do dreno pleural

✓ Utilizar água estéril destilada para manutenção do selo d’água;


✓ Manter o tubo longo do frasco coletor com 2 cm da
extremidade imersa na água destilada;
✓ Trocar o selo d’água a cada 24 horas, com técnica asséptica;
✓ Manter o frasco coletor abaixo do tórax;
✓ Manter o tubo longo do frasco regulador com extremidade
imersa na água limpa conforme prescrição médica (15 a 25 cm
de água);
✓ Trocar a água do frasco regulador a cada 24 horas, com água
limpa;

(CIPRIANO; DESSOTTE, 2011; COREN, 2011; GONÇALVES et al., 2011; LUCIO; ARAÚJO, 2011; PERRFEITO, 1998)
✓ Realizar a ordenha do dreno mediante prescrição médica
(risco: aumento da pressão negativa intratorácica entre 100 a
400 cm H2O);
✓ Evitar loops na extensão do dreno pleural (dificulta a
drenagem);
✓ Não fixar a extensão do dreno na cama do paciente;
✓ Não clampar o dreno pleural ao transportar o paciente.

(CIPRIANO; DESSOTTE, 2011; COREN, 2011; GONÇALVES et al., 2011; LUCIO; ARAÚJO, 2011; PERRFEITO, 1998)
REFERÊNCIAS
CARPENITO-MOYET, L.J. Diagnósticos de enfermagem. Aplicação à prática clínica. 11.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 1039p.

CIPRIANO, F.G.; DESSOTTE, L.U. Drenagem pleural. Medicina (Ribeirão Preto), v. 44, n. 1,
p. 70-78, 2011.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Boas Práticas. Dreno de


Tórax. São Paulo, SP. 2011. Disponível em: inter.coren-sp.gov.br/sites/default/files/dreno-de-
torax.pdf

LUCIO, V.V.; ARAUJO, A.P.S. Assistência de enfermagem na Drenagem Torácica: Revisão de


literatura. UNOPAR Científica. Ciências biológicas e da saúde, v. 13 (Esp), p. 307-314,
2011.

NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION INTERNATIONAL. Diagnósticos


de enfermagem da NANDA: definições e classificação, 2012-2014. Porto Alegre: Artmed;
2013.

PERFEITO, J.A.J. Desenvolvimento e avaliação de um programa multimídia de


computador para ensino de drenagem pleural. 2000. 114f. Tese (Doutorado) – Escola
Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, São Paulo, 2000.

Você também pode gostar