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MATÉRIAS DA CAPA
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Apesar dos números, o deputado João Matos também acredita que a nova lei
trouxe muitos avanços. Ele lembra que, depois do prazo de dois anos de
permanência da criança ou adolescente em abrigos, não sendo possível sua
reintegração familiar, o menor entra no Cadastro Nacional de Adoção e só
permanecerá abrigado se não for mesmo possível a adoção.
O corregedor ressaltou que é preciso bom senso por parte dos magistrados ao
equilibrar o legalismo inerente ao assunto e o melhor destino para a criança.“Não
podemos deixar prevalecer a burocracia e retirar a oportunidade de adoção. Por isso,
é preciso um debate democrático como este, que possa nos fornecer o subsídio para
construir um cadastro sem excessos burocráticos, que satisfaça a necessidade das
varas”.
Guarda
Procedimento
"Há uma tentativa grande de procurar os pais ou a família ampliada para não
romper esse vínculo, mas, muitas vezes, eles estão em outros Estados e até
Países. Quando chega alguém querendo adotar, é comum aparecer algum
parente alegando que deseja a guarda da criança, mas eles não vão em frente
com o que dizem e isso acaba atrasando mais", explica Clístenes.
Ele destaca, ainda, que, no Ceará, faltam varas exclusivas para assuntos de
Infância e Juventude, causando a sobrecarga daquelas já existentes e a
consequente morosidade no julgamento das ações de destituição. "Em muitos
municípios, apenas um local é responsável por toda a parte cível de crianças e
juventude, que trata não só das crianças desabrigadas, mas também de questões
de guarda, pensão alimentícia e outras. Isso causa dificuldades na própria vara",
afirma.
Burocracia
Abrigo
Edinete e Jorge, que já possuem outra filha adotiva, Erika, de 7 anos, não
cogitavam adotar uma criança acima dos quatro anos de idade. Mas bastou uma
visita ao abrigo para que o casal se encantasse pela menina. "A gente se
apaixonou por ela, e ela pela gente", conta Edinete. Ao contrário da primeira
adoção, rápida e eficiente, a pedagoga e o marido estão lutando há quase um
ano para obter a guarda de Mariana.
"É um processo muito lento, principalmente para uma criança que está há tanto
tempo no abrigo. Infelizmente, acredito que essa dificuldade foi por causa do
descaso do poder público. A demora prejudica tanto as pessoas na fila quanto as
crianças, que acabam perdendo oportunidades", afirma a pedagoga.
Isso porque os anos vão passando, os pequenos vão crescendo e a adoção vai se
tornando cada vez mais difícil. Um agravante ao longo e burocrático processo é
a preferência dos pretendentes por crianças com características específicas.
Luiza Helena dos Santos, diretora do Abrigo Tia Júlia, uma das unidades de
acolhimento no Estado, conta que todos os dias chegam novos meninos e
meninas abandonadas ao local. Hoje, são 93, a maioria na faixa etária entre 0 e
7 anos de idade. Outras, contudo, foram recebidas pela casa ainda bebês, mas
permanecem até agora, algumas com mais de 20 anos completos.
Problemas
"As meninas entre zero e três anos, brancas, são o perfil que os pais querem. Já
as crianças maiores e com comprometimento de saúde são bem mais difíceis de
serem adotadas. Antes, esse segundo tipo de adoção ficava muito para os casais
estrangeiros, mas nos últimos anos estamos tentando incentivar isso por aqui",
diz a diretora do abrigo.
Mudança
Vanessa Madeira
Repórter
Os prazos
A redução de prazos, visando garantir a celeridade dos
processos de adoção, tem sido tema de debate entre os
juristas e profissionais que lidam com o tema. Inclusive, em
novembro de 2017, foi sancionada uma lei com o intuito de
acelerar as adoções. Porém é importante destacar que essa
busca por uma agilidade não pode vir a comprometer a
qualidade do serviço prestado pela Justiça. “A busca por
uma tramitação mais célere sempre vai ser algo a ser
perseguido, agora uma tramitação célere que não venha
comprometer a qualidade da prestação jurisdicional”,
defende a juíza Iracy Mangueira, coordenadora da Infância e
da Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça de Sergipe
(TJSE).