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ESTADO DO ACRE

PROCURADORIA- GERAL DO ESTADO


PROCURADORIA ADMINISTRATIVA

PARECER PGE/PA Nº 342/2020


PROCESSO Nº 0056.000994.00278-2020-48
INTERESSADA: SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO ACRE - SESACRE
ASSUNTO: ANÁLISE ACERCA DE CONTRATAÇÃO PELA VIA DIRETA (DISPENSA EM
RAZÃO DO ART. 24, INCISO VII, DA LEI Nº 8.666/93).

OBJETO: Aquisição de medicamentos para atender as necessidades do programa de


medicamentos do componente especializado CREME/CEAF, no âmbito da Secretaria de Estado
de Saúde do Acre - SESACRE.

ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. PREGÃO. APLICABILIDADE DO


ARTIGO 48, § 3º DA Lei 8666/93. REQUISITO PARA DISPENSA. ART.
24, INCISO VII, DA LEI N.º 8.666/1993.

1. A hipótese de dispensa prevista no art. 24, inciso VII, da Lei n.º


8.666/1993, pressupõe a ocorrência de licitação anterior que não
tenha sido bem sucedida em razão de que as propostas apresentadas
consignam preços manifestamente superiores aos praticados no
mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos
órgãos oficiais competentes. Contudo, havendo proposta acima do
preço estabelecido pela Administração, é pertinente que se aplique o
prazo do artigo 48, §3º, notadamente, se não estiver este estipulado
em edital o preço máximo.
2. Possibilidade de convalidação dos atos praticados no âmbito da
consulente (Contrato nº 576/2020, Contrato nº 577/2020 e Contrato nº
578/2020).

I – RELATÓRIO
Trata-se de Processo Administrativo enviado, por meio do OFÍCIO/DA/No 616/2020
(0659767), para que esta Procuradoria-Geral do Estado proceda a reanálise e nova manifestação acerca
da possibilidade de convalidação de ato Administrativo oriundo das contratações por dispensa de
licitação, com fulcro no disposto no artigo 24, inciso VII, da Lei 8.666/1993 (Contrato nº 576/2020,
Contrato nº 577/2020 e Contrato nº 578/2020) das empresas ONCO PROD DISTRIBUIDORA DE
PRODUTOS HOSPITALARES E ONCOLÓGICOS LTDA, PONTUAL HOSPITALAR EIRELI e
PROMEFARMA REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS LTDA, para prestação de serviços continuados de

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manutenção preventiva e corretiva, abrangendo mão de obra, emprego de ferramentas, gás refrigerante e
materiais de consumo com fornecimento de peças, no valor total de R$ 184.199,90 (cento e oitenta e
quatro mil, cento e noventa e nove reais e noventa centavos).

Em análise prévia nesta Especializada verificou-se a necessidade de


complementação de documentos e informações, razão pela qual os autos foram devolvidos em
diligência, por meio do Despacho 424/2020/ PGE-PA.
Empós, os autos retornam com a juntada do OF. 616/2020 para análise
conclusiva.
É o relatório
II. ANÁLISE JURÍDICA E FUNDAMENTAÇÃO
Preambularmente, cumpre destacar que na realização dos negócios de
interesse da Administração Pública a regra geral é o estabelecimento do prévio procedimento
licitatório, e, portanto, não licitar é a exceção descrita nas hipóteses legais para contratação
direta e inexigibilidade de licitação. Registre-se, também, que no sistema jurídico brasileiro a
contratação direta não autoriza atuação arbitrária da Administração, afinal, inclusive quanto à
conveniência e oportunidade a Administração Pública está submetida ao império da lei.
Tanto o é, que para atender hipóteses em que a licitação poderá ser
dispensada ou considerada inexigível, o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, ao exigir o
procedimento licitatório para os contratos ali mencionados, ressalva “os casos especificados na
legislação”, deixando em aberto a possibilidade de serem fixados, por lei ordinária, hipóteses em
que a licitação deixa de ser obrigatória. Trata-se, pois, da contratação direta sem o prévio
processo licitatório.
Assim, portanto, por serem situações de excepcionalidade, os critérios que as
caracterizam deve estar satisfatoriamente demonstrado no processo de aquisição;
No caso em apreço, conforme se observa dos documentos acostados aos
autos, a Administração pretende efetuar a contratação direta com fulcro no art. 24, inciso VII, da
Lei n.º 8.666/1993, o qual estabelece:
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Art. 24. É dispensável a licitação:


(...)
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os
fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo
único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta
dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou
dos serviços;

O legislador estabeleceu a hipótese prevista no inciso VII, do artigo 24, inciso


VII, quando a licitação foi fracassada pela apresentação reiterada de propostas com preços
superiores, sendo para tanto necessário para esta comprovação que todas as tentativas de
negociação foram frustradas, inclusive a abertura de prazo para nova proposta estabelecida no
artigo 48, § 3º da Lei 8333/93.

Com efeito, trata-se de situação excepcional, que exige a verificação de que


o procedimento licitatório foi finalizado a contento e se encontra inviabilizado um novo por
motivos de inabilitação, desclassificação ou desistência, ficando a licitação sem disputantes,
tornando impossível ao gestor, a escolha de qualquer proposta;
Na hipótese, todavia, o que se afigura, de fato, é que os processos licitatórios
foram considerados FRACASSADOS, conforme mencionado na justificativa de fls. 02/03 anexo
0599349.
Assim, a justificativa assinada por Orlando Aguilar Fernandes, Gestão de
medicamentos CEAF, informa a necessidade de contratação direta nos seguintes termos:

A aquisição destes medicamentos visa atender aos usuários para


tratamentos iniciais, e de continuidade aos pacientes cadastrados do Centro
de Referência para o Programa de Medicamentos do Componente
Especializado — CREME/CEAF. Sendo indispensável garantir a continuidade
do tratamento, pois o desabastecimento pode provocar a interrupção do
tratamento com prejuízos a saúde destes Usuários.
Estando impossibilitados de realizar aquisição de alguns destes

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medicamentos de forma ordinária em razão de não possuir registro de


preços, por terem sido prejudicado como FRACASSADOS nos Registro de
Preços SRP 99/2019, SRP 131/2020, neste sentido visando afastar risco de
maiores danos à saúde ou mesmo a vida destes usuários. Com fulcro no art.
24, inciso VII, da Lei N° 8.666/1993, solicitamos a vossa senhoria a fineza de
autorizar esta aquisição em caráter emergencial dos medicamentos citados
neste processo.

É bem verdade que não se pode olvidar a ausência de consenso da doutrina


quanto a aplicabilidade do artigo 48, 3º, da Lei 866693 ao procedimento de pregão.
A princípio, a aplicação do art. 48 poderia ser efetivada, por força do artigo 9º
da Lei 10.520/02, especialmente porque representaria economia processual ao órgão licitante.

Sobre os pressupostos para se implementar uma dispensa de licitação com fulcro


no inciso VII do artigo 24 da Lei Federal nº 8.666/93, eis a lição de Marçal Justen Filho:

“A dispensa de licitação se admite desde que a Administração localize alguém


disposto a contratar por valor inferior àquele que foi obtido na licitação anterior. (...)
O dispositivo se reporta ao art. 48, § 3º, que faculta a concessão aos licitantes de
nova oportunidade para formular propostas, quando todas tiverem sido
desclassificadas. No prazo de oito dias, os licitantes deverão formular novas
propostas que não apresentem os defeitos das anteriores. Se, concedidas duas
oportunidades, os interessados insistirem com ofertas superiores ao admissível,
caracteriza-se a inutilidade da competição. (...)
A contratação sem licitação autorizada no inc. VII pressupõe a verificação de três
condições. A primeira reside na apresentação de propostas inadmissíveis; a
segunda reside no insucesso da providência do art. 48, § 3º (SE REPUTAR-SE
CABÍVEL SUA APLICAÇÃO); a terceira, na existência de particular disposto a
contratar pelo preço adequado.
De qualquer modo, o excesso dos preços somente autorizará contratação direta se
existir viabilidade de contratação que observe os limites de preços. Aplicam-se, aqui,
as razões expostas a propósito do inc. V. A Administração não poderia invalidar a
licitação sob fundamento de os preços serem abusivos e efetivar contratação por
preços superiores aos limites indicados na Lei.”  (grifo nosso)
(Marçal Justen Filho in Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos,
12ª edição, São Paulo: Dialética, 2008, págs. 300/301)
Assim, filia-se o doutrinador Marçal Justen Filho ao posicionamento de que

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seria discricionário a aplicabilidade do §3º do artigo 48 da Lei 8666/93.

De forma divergente, Joel de Menezes Niebuhr, tal aplicação não é uma


faculdade e sim obrigatória antes da promoção da dispensa da licitação:

“Constatado que os preços propostos em licitação pública consigam valores acima


dos praticados no mercado, antes de se proceder à dispensa, é obrigatório dar
cumprimento ao § 3º do artigo 48 da Lei nº 8.666/93, isto é, conceder aos licitantes o
prazo de 8 (oito) dias úteis – que pode ser reduzido para 3 (três) dias úteis nos
casos de licitações realizadas sob a modalidade convite – para que apresentem
novas propostas, evidentemente, dessa vez, com preços compatíveis com os
praticados no mercado. Se, ao final dos 8 (oito) dias úteis, os licitantes não
apresentarem novos preços ou se apresentarem novos preços mas ainda acima dos
práticos no mercado, todos eles devem ser desclassificados, declarando-se
fracassada a licitação. (grifo nosso)
Se a situação chegar a esse ponto, será dada à Administração a faculdade de
dispensar a licitação. Veja-se que, mesmo diante desse quadro, a dispensa não é
obrigatória, pois incerta no inciso VII do artigo 24, cujo caput apregoa que a licitação
é dispensável e não dispensada. Portanto, encerrada a licitação, a autoridade
competente deve decidir se procede a nova licitação ou se firma de uma vez o
contrato, valendo-se da dispensa prevista no inciso VII do artigo 24.”
 (Joel de Menezes Niebuhr in Licitação Pública e Contrato Administrativo, Curitiba:
Zênite, 2008, pág. 85)

Na mesma toada, Jorge Ulisses Jacoby Fernandes adotando posicionamento do TCU


esclarece que é inevitável que se aplique o art. 48, § 3º da Lei 8.666 antes da contração direta autorizada
pelo inciso VII do artigo 24 da mesma lei, sendo um “verdadeiro dever para o Administrador” adotar tal
providência:

“A Lei nº 8.666/93 inovou apenas uma expressão no texto legal do Decreto-Lei nº


2.300/86, para incluir, entre vírgulas, 'persistindo a situação', querendo com
isso erigir em condição a obrigatoriedade de a Administração, em qualquer caso,
exigir a reapresentação das propostas como condição de validade para a
contratação direta.” Grifo nosso
(Jorge Ulisses Jacoby Fernandes in Contratação Direta sem Licitação, 7ª edição, 2ª
tiragem, Belo Horizonte: Fórum, 2008, pág. 363)

Como se vê, a divergência repousa no fato da aplicabilidade do art. 48, ser


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mero juízo de conveniência e discricionariedade, uma vez que a casuística (fato concreto) pode
recomendar sua não utilização, ou se seria obrigatório.
De toda forma, ainda que se entenda pela eventual inaplicabilidade, tal ato
deveria estar motivado em circunstâncias da situação concreta, vez que não se pode presumir
como efetivada a oportunização de lances aos licitantes, e que o pregoeiro ao declarar o
FRACASSO não teria mais outra alternativa de aquisição de preços menores naquela mesma
licitação.
A propósito, vale destacar precedente desta especializada, cujo
enfrentamento da matéria conclui pela obrigatoriedade da aplicação do artigo 48, §3º, da Lei
8666/93. Com efeito, colhe-se do excerto do Parecer PGE/PA nº 205/2014, nos autos do
processo PGE 2014.02.000845, exarado em consulta da própria SESACRE, relativo a solicitação
de contratação direta em face de pregão declarado fracassado, com base no inciso VII, do artigo
24 da Lei 8666/93:
“Sabemos que uma licitação fracassada pode resultar em licitação
dispensável nos termos do art. 24, inc. VII, da Lei de Licitações, quando todos os licitantes
forem desclassificados porque suas propostas continham preços manifestamente
superiores aos praticados no mercado nacional ou incompatíveis com os fixados pelos
órgãos oficiais competentes, ficando a Administração obrigada a aplicar o prazo de oito dias
úteis, nos termos do art. 48, § 3º da Lei de Licitações, para que os licitantes reformulem os
preços e propostas, e se os mesmos continuarem com preços inadequados, resultará
hipótese de licitação dispensável . (grifo nosso)

Extrai-se dos autos que a SESACRE teria providenciado para pretensa


contratação um procedimento licitatório declarado ora deserto e ora fracassado, conforme
fls. 04 e 50 verso.

Porém, seria interessante que a SESACRE comprovasse através da Ata da


Sessão correspondente que realizou dito procedimento e se o mesmo foi declarado deserto
ou fracassado, regularizando a instrução processual.

Por sua vez, a regra constante do art. 24, inc. V da Lei de licitações e
Contratos é muito clara, no sentido de ser dispensável a licitação quando não acudirem
interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;
ou seja, se não houver interessado na licitação, e, ainda, se for justificada a impossibilidade
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de ser repetido o procedimento licitatório sem prejuízo para a Administração, poderá ser
realizada a contratação direta, desde que se mantenham as mesmas condições que
constavam do ato convocatório da licitação.

À luz dos requisitos legais ensejadores da dispensa de licitação com fulcro no


art. 24, incs. V e VII, da Lei nº 8.666/93, a temos a exigência dos seguintes itens
cumulativos:

a) Não terem acudidos interessados à licitação anterior:

Conforme leciona o eminente Prof. Jorge Ulisses Jacoby Fernandes1, “para


que a unidade possa se servir desse dispositivo deve ter ocorrido prévio procedimento
licitatório no qual não chegou a ocorrer a adjudicação, em razão de desinteresse dos
licitantes”.

Logo, supracitado precedente assegura a aplicabilidade do artigo 48, § 3º, da


Lei 8666/93 aos procedimentos de pregão.
De certo que, não se trata de excluir de pronto a aplicação do artigo 48, § 3º
da Lei 8666/93, eis que ainda que se entenda tratar de escolha discricionária, eventual
inaplicabilidade deve estar devidamente justificada e com base em situação concreta que a
legitime, visando os princípios da economicidade e celeridade.
Como enfatiza Jorge Jacoby, nestes casos embora não seja necessário a
caracterização de risco para a Administração na repetição, é obrigatório, em princípio, pedir
novas propostas.” (Jorge Ulisses Jacoby Fernandes in Contratação Direta sem Licitação, 7ª
edição, 2ª tiragem, Belo Horizonte: Fórum, 2008, pág. 377)
Esse também é o posicionamento do TCU, eis que Segundo o Acórdão nº
429/2013 – Plenário, a regra só não deveria ser aplicada ao pregão “a licitantes já
excluídos em outras etapas no curso da licitação, sendo possível sua aplicação ou aos
licitantes desclassificados, quanto houver desclassificação de todas as propostas, ou
aos inabilitados, quando todos os licitantes participantes da fase de habilitação forem

1 FERNANDES, J.U.Jacoby. Contratação direta sem licitação: dispensa de licitação; inexigibilidade de


licitação: comentários às modalidades de licitação, inclusive o pregão: procedimentos exigidos para a
regularidade da contratação direta. 6ª Ed. Belo Horizonte: Fórum, 2007; p. 392.
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considerados inabilitados, e não a ambas as situações simultaneamente (inabilitados e


desclassificados).”

Ademais, no caso do sistema de pregão, em que a fase de lances é anterior a


habilitação, havendo proposta acima do preço estabelecido pela Administração, é pertinente que
se aplique o prazo do artigo 48, §3º, notadamente, se não estiver este estipulado em edital o
preço máximo.
É bem verdade que, no que tange ao valor estimado, a lei 10.520/02 não
discorre sobre o assunto. Deve-se, contudo, considerar subsidiariamente à lei geral de licitações,
a qual exige a indicação objetiva do critério de aceitabilidade das propostas, em seu artigo 40,
inciso x.

No caso em apreço, na diligência encaminhada à consulente foi solicitado a


demonstração cronologicamente nos autos, das providências adotadas pela SESACRE, desde a
constatação e comprovação do fracasso na licitação até o cumprimento do que dispõe o artigo 48 da Lei
de Licitações.

Em resposta a Consulente juntou aos autos relatório com atendimento às


recomendações jurídicas (fls. 02/05 anexo 0659767).

Resposta: Em atendimento à diligência, juntamos: no que se refere ao SRP


eletrônico 099/2019 - Ata de Realização do Pregão e o Histórico (p. 493/495),
realizados no dia 19/03/2020, esclarecemos que deste pregão temos apenas
o item 01 - gosserrelina de 3,6mg; solução injetável; Planilha de Conferência
do Pregão (p. 491/492) montada no dia 19/05/2020; Memo. 19-20-
0058943/DL, da Divisão de Licitação, que informa ao Departamento de
Assistência Farmacêutica — DAFI, acerca do resultado da licitação, o qual foi
enviado em 20/05/2020. Já com relação ao SRP eletrônico n° 131/2019
temos Ata de Realização do Pregão e o Histórico (p. 514/526), realizados em
02/04/2020; Planilha de Conferência do Pregão (p. 510/513) montada no dia
12/05/2020; Memo. 19-20- 0019784/DL que informa ao Departamento de

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Assistência Farmacêutica — DAFI, acerca do resultado da licitação, o qual foi


enviado em 12/05/2020. O Centro de Referência para o Programa de
Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica —
CREME/CEAF nos enviou documento informando que diante da ciência dos
itens que foram considerados desertos e fracassados nos pregões, já
mencionados, e com base na lista de pacientes que estão atualmente
cadastrados no programa solicitaram a abertura do processo de dispensa,
pois "o lapso temporal, no aguardo de novos processos licita tórios,
compromete negativamente a terapia medicamentosa do paciente cadastrado
no programa de acesso ao componente especializado [..J" (p. 482/483).
Quanto à aplicação do disposto no art. 48 da Lei de licitações, solicitamos
resposta da Comissão Permanente de Licitação 01 (CPL01), pertencente à
Secretaria Adjunta de Licitações — SELIC, órgão promotor das licitações
desta Secretaria, conforme e-mail da folha 479. Em resposta, o senhor
Jadson Correia (p. 480), presidente da CPL 01, esclarece: "que não é
possível aplicação por se tratar de pregão na forma eletrônica, por conta do
sistema. Ainda pelo fato de ser facultada a aplicação do Art. 48 da Lei
8.666/93, a SELIC, opta pela não aplicação na modalidade Pregão".
Corroborando em igual entendimento da SELIC temos o Parecer PGE/PA n°
182/2020 que preceitua ter "a Administração, a faculdade de conceder o
prazo de oito dias úteis para que os licitantes reformulem os preços e
propostas".

"Além disso, deve restar comprovada que a contratação está sendo realizada
"por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços",
o que somente é possível aferir se comprovada a estimativa realizada no
referido certame licitatório, devendo, em razão disso, ser o processo
devidamente instruído com os documentos desta fase." Resposta: Em
atendimento à diligência, juntamos Tabela da Câmara de Regulação do
Mercado de Medicamentos (CMED) e Mapa comparativo da fase de
estimativa do processo ADA 19-19-0040180 referentes ao SRP 099/2019 (p.
496/509), datados de setembro de 2019; Tabela CMED e Mapa comparativo
do processo ADA 19-19-0045191 inerentes ao SRP 131/2019 (p. 527/560,
datados de outubro/novembro de 2019. Para melhor análise montamos
planilha comparativa de preços (p. 568/569) com os valores estimados para
as licitações, com os valores das propostas ofertadas durante a Ata de
Realização do Pregão, com os motivos dos itens terem sido considerados
fracassados e com os valores deste processo de Dispensa (Valor da Tabela
CMED e valor contratado). Ao sermos impelidos acerca do fato da
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comprovação de que a contratação estar sendo realizada por valor não


superior ao constante no registro de preços ou serviços, pontuamos que os
valores obtidos, a partir da cotação de preços dos pregões, são de 2019,
estavam dentro do valor estimado pela Tabela CMED,, e no entanto, foram
fracassados porque os lances apresentados pelas empresás estavam acima
do valor estimado e as licitantes não aceitaram a negociação pelo preço
estimado. Desta forma, com quase um ano após a elaboração da estimativa
dos preços dos pregões houveram reajustes na Tabela da Cmed, alterações
no cenário financeiro-econômico mundial, decorrente da pandemia do
COVID-19, com alta no dólar, fatores que geram outra perspectiva de preços
para aquisições destes mesmos medicamentos no mercado atual. Importante
destacar que os valores contratados nesta Dispensa estão abaixo do
estipulado pela Tabela da CMED, com exceção do item 07 que não possui
cadastro, e cabe abrir espaço para esclarecer que a maior parte dos
medicamentos fornecidos pelo CREME/CEAF, como exemplo dos itens 01,
02, 03, 04 e 06, possuem valor PMVG (Preço Máximo de Venda ao Governo)
com aplicação de aliquota 0% (PF 0%) e desoneração do Coeficiente de
Adequação de Preços (CAP) de 20,09% aplicado em cima do Valor PF0%, o
que faz com que os preços dos medicamentos fiquem abaixo do preço de
fábrica quando vendidos ao governo. Da análise da planilha presente às
folhas 568/569 verifica-se que os preços contratados para os itens 01, 03, 04,
05 e 06 estão abaixo dos valores ofertados nos Pregões; o item 02 possui
preço aproximado ao ofertado; E o item 07 apresenta valor elevado.
Justificamos a contratação do item 07 embasados na necessidade premente
da aquisição e mais uma vez esclarecemos que o medicamento não possui
cadastro na Tabela da CMED, é importado e sofreu reajustes de preço nos
últimos meses, tendo variações significativas devido à instabilidade que o
mercado financeiro atual perpassa. Em pesquisa realizada em sites no dia
09/09/2020 (p. 561/567) os valores estão na média de R$ 31,81 por frasco
com 100m1. Contudo, na intenção de negociarmos o valor do item enviamos
e-mail ao fornecedor (p. 570) e solicitamos análise para diminuição do valor
ofertado, bem como, envio de justificativa do preço. Em resposta, nos
enviaram o documento que consta na página 572, no qual informam que o
menor valor que podem ofertar é de R$ 39,00 por frasco com 100m1 e
justificam o preço pelo fato de ser "é um produto importado não conseguimos
margem do dólar [..1". Em comunicação com o CREME/CEAF, informamos
que os itens do Contratos 577/2020, no qual está inserido o item 07, ainda
não foram solicitados à empresa, pois aguardam liberação da nota de

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empenho para emissão da ordem de entrega. Na oportunidade, com relação


ao item 07,, solicitamos à douta Procuradoria análise acerca da medida a ser
adotada pelo Departamento de Compras: se prosseguimos com a
contratação do item com edição de Termo aditivo para diminuição do valor ou
se realizamos a exclusão do item no Contrato n° 577/2020.

Diante do exposto, extrai-se o item considerado FRACASSADO


legitima a contratação direta pelo artigo 24, inciso VII, da Lei 8666/93, eis que se exige
como condição de validade da contratação direta que tenha sido aberto prazo para
reapresentação da proposta, consoante previsto no artigo 48, § 3º da Lei 8666/93.

No que se refere à justificativa da escolha do contratado e do preço, consta


nos autos a justificativa (anexo 0599417) nos seguintes termos:

V - DA RAZÃO DA ESCOLHA DOS FORNECEDORES As empresas


identificadas no item II, foram escolhidas pelas seguintes razões: (a) Por
atenderem às solicitações para cotação de preços; (b) por terem apresentado
o melhor ou o único preço por item; (c) Por atenderem às exigências do
Termo de Referência e às necessidades desta Secretaria de Saúde; (d) Pela
prontidão no envio tanto da proposta de preço quanto da documentação legal
requerida; (e) Tendo em vista a urgência na aquisição dos itens; (f) Por terem
sido aprovadas pelo parecer técnico (p. 190/191); (g) Por não possuírem
dívida tributária; e (h) Por não constarem nenhum impedimento para a
contratação, tendo em vista, pesquisa realizada no Portal da Transparência,
no registro de Detalhamento das Sanções Vigentes - Cadastro de Empresas
Inidôneas e Suspensas — CEIS (p. 357/359).

VI- CONCLUSÃO Considerando que foram providenciados os trâmites legais


para identificação de um justo preço de mercado, e que as empresas ONCO
PROD DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS HOSPITALARES E
ONCOLÓGICOS LTDA, PONTUAL HOSPITALAR EIRELI - ME e
PROMEFARMA REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS LTDA. atendem aos
requisitos deste processo, é que as qualifico como pretensas contratadas, em
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atenção aos requisitos legais previstos no Art. 24°, VII, da Lei n° 8.666/93 e
suas alterações.

Portanto, a fim de evitar uma situação de desabastecimento, pondo em risco


a vida da sociedade e do erário público, faz-se possível reconhecer a possibilidade de convalidar
os Contratos nº 576/2020, nº 577/2020 e nº 578/2020.

Ademais, saliente-se que a consulente juntou aos autos dotação


orçamentária às fls. 15 anexo 0599415, no valor total de R$ 184.199,90 (Cento e oitenta e quatro
mil cento e noventa e nove reais e noventa centavos).

Ademais, saliente-se que a SESACRE deverá ater-se à regularidade dos


documentos habilitatórios enumerados nos arts. 27 a 31 da Lei nº 8.666/93, observando a
autenticidade e os respectivos prazos de vencimentos, além da complementação da
documentação faltante, ressaltando que no momento da contratação estejam atualizados,
assinados, e no dos respectivos pagamentos sejam substituídos.

Por fim, no que se refere à convalidação de ato administrativo, vale


mencionar que, em regra o art. 26 da Lei nº 8.666/93 dispõe que as hipóteses de dispensa
deverão ser comunicadas à autoridade superior para ratificação e publicação, como condição
para eficácia dos atos, abaixo transcrito:

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e nos incisos


III a XXIV do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25,
necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do
parágrafo único do art. 8º, deverão ser comunicado dentro de três dias
a autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial,
no prazo de cinco dias, como condição para eficácia dos atos.

A finalidade do art. 26 é assegurar um efetivo controle dos casos em que não


serão observadas as regras do dever de licitar, de modo a assegurar a aplicabilidade dos
princípios básicos que regem o exercício da função administrativa, quais sejam princípios
constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, igualdade, publicidade e probidade
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administrativa.
Convém alertar, ainda, que todas as contratações realizadas pela
Administração devem ser acompanhadas e fiscalizadas por representante designado, nos termos
do art. 67 do Estatuto Licitatório, bem como deverá a Administração, antes de realizar qualquer
pagamento, observar o disposto no Decreto Estadual nº 9.865, de 31 de março de 2004, alterado
pelo Decreto Estadual nº 9.917, de 15 de abril de 2004, que determinam que os pagamentos
com valores superiores a R$ 500,00 (quinhentos reais) sejam instruídos com consultas à
Secretaria de Estado da Fazenda e Gestão Pública, para levantamento de débitos fiscais; à
Procuradoria-Geral do Estado do Acre, nos casos de pagamentos por desapropriação e ao
Banco do Estado do Acre S/A, em liquidação ordinária, para verificação de dívidas bancárias.

III – CONCLUSÃO

Diante do exposto, considerando a documentação carreada aos autos, e sem


prejuízo da leitura do inteiro teor do presente Parecer, manifesta-se esta parecerista pela
possibilidade de convalidação das contratações por dispensa de licitação, com fulcro no disposto no
artigo 24, inciso VII, da Lei 8.666/1993 (Contrato nº 576/2020, Contrato nº 577/2020 e Contrato nº
578/2020) das empresas ONCO PROD DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS HOSPITALARES E
ONCOLÓGICOS LTDA, PONTUAL HOSPITALAR EIRELI e PROMEFARMA REPRESENTAÇÕES
COMERCIAIS LTDA, para prestação de serviços continuados de manutenção preventiva e corretiva,
abrangendo mão de obra, emprego de ferramentas, gás refrigerante e materiais de consumo com
fornecimento de peças, no valor total de R$ 184.199,90 (cento e oitenta e quatro mil, cento e noventa e
nove reais e noventa centavos).

É o Parecer.
Rio Branco-AC, 02 de outubro de 2020.

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Janete Melo d'Albuquerque Lima


Procuradora do Estado do Acre
Chefe da Procuradoria Administrativa

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