Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
DEPARTAMENTO DE LETRAS
Língua Portuguesa Padrão
Prof. Katia Emmerick
Acentuação gráfica
Os diacríticos
Os acentos gráficos fazem parte do elenco de diacríticos, ou seja, sinais gráficos utilizados
sobre ou sob uma letra para alterar a sua “realização fonética, isto é, o seu som, ou para marcar
qualquer outra característica linguística”. No que diz respeito à acentuação gráfica, os diacríticos
são o acento agudo (´) e o circunflexo (^); este se coloca acima das letras 'e' e 'o' de timbre
fechado (pê, pô); aquele, acima dessas letras de timbre aberto e ainda na letra 'a' e 'u' (lá, fé, pó,
útil). Para receberem essas acentuações, essas vogais devem ser núcleos de sílabas tônicas.
Há outros diacríticos em português: o til (do latim titulus = título, acima da escrita),
representado por ~ (til) para indicar nasalização vocálica (p. ex. nação); a cedilha para indicar a
sibilante alveolar surda (caça) e o trema, que deixou de existir depois do novo acordo ortográfico
(ainda que resista em nomes próprios de origem estrangeira ou em palavras deles derivadas: p.
ex. Müller, mülleriano. Costuma-se elencar o acento grave entre os diacríticos, mas esse sinal não
altera a qualidade da vogal 'a' à qual se sobrepõe, indica apenas a crase, fenômeno sintático-
fonético em que duas vogais idênticas se fundem em uma: foi a (prep.) + a (art.) praia → foi à
praia.
De acordo com MIRA MATEUS e VILLALVA1,
“Os sons das línguas não possuem apenas as propriedades articulatórias que diferenciam
um /a/ de um /i/ ou de um /o/. Eles têm também propriedades prosódicas, como a
intensidade (a vogal pronunciada com maior intensidade é a que contém o acento da
palavra), a duração (em certas línguas as vogais podem contrastar pelo tempo de
pronunciação, sendo umas breves e outras longas, e a altura ou tom (a sequência de tons
das vogais de uma palavra ou frase constitui a entoação).
Porém, no português, o tom e a duração não permitem distinguir significados, ao contrário
do que acontece em outras línguas, como o mandarim, em que a mesma sequência de
sons, por exemplo ma, pode ter significados diferentes se a vogal /a/ tiver um tom baixo
ou um tom alto; ou como no latim, em que a duração da vogal numa mesma sequência
pode indicar a função sintáctica da palavra – rosă, com vogal final breve, é nominativo
(tem função de sujeito), e com vogal final longa, rosā, é ablativo (tem uma função
complementar).
Uma outra propriedade prosódica, a intensidade, está relacionada com o acento tónico da
palavra e marca uma sílaba que é pronunciada com mais força, tornando-se proeminente
na sequência de sílabas que constituem a palavra. Em português, todas as palavras
possuem acento, sendo possível distinguir duas palavras com as mesmas vogais, mas com
1
MIRA MATEUS, M. H e VILLALVA, A. O Essencial sobre Linguística, Lisboa: Caminho, 2006, p. 59-60.
2
acento em sílabas diferentes (por exemplo, dúvida e duvida, em que o diacrítico (´) marca
o lugar do acento na palavra esdrúxula dúvida, que assim se distingue de duvida.
As unidades prosódicas contribuem para o ritmo que caracteriza cada língua. Em
português, a menor unidade prosódica, que é a sílaba, tem características particulares (por
exemplo, só certas sequências de duas consoantes podem pertencer à mesma sílaba: /br/
integra a segunda sílaba de pobre, mas a sequência /st/ pertence a duas sílabas na
palavra pasta). Pela função que têm as unidades prosódicas na caracterização e
funcionamento das línguas, elas são o objecto de estudo da prosódia.”
Confusão terminológica
Mattoso Camara (1975) 1 afirma que o Português não é uma língua tonal, isto é, não é uma
língua em que uma mesma palavra pode assumir diferentes significados, dependendo do tom
(altura) de suas sílabas, a exemplo do Grego Antigo, mas sim uma língua de acento de intensidade
(de força expiratória). A gramática portuguesa, por tomar emprestada, no tratamento do acento,
a nomenclatura do Grego, que é uma língua tonal (o acento consiste na elevação do tom da voz),
usa os termos tônica e átona (com e sem tom, respectivamente) para denominar a vogal com
maior e menor intensidade (i.e., com um maior ou menor esforço para expirar o ar, na emissão
da sílaba).
Bechara2 também assevera que, em Português, a marca acentual é de intensidade e não de
tonicidade ou de musicalidade:
Diz-se que o acento é de intensidade (acento de força, acento dinâmico, acento expiratório
ou icto), quando o relevo consiste no maior esforço expiratório. Diz-se que o acento é
musical (acento de altura ou tom), quando o relevo consiste na elevação ou maior altura
da voz.
O português e as demais línguas românicas, o inglês, o alemão, são línguas de acento de
intensidade [...].
Em língua portuguesa, todas as palavras com mais de uma sílaba têm uma sílaba tônica,
sobre a qual recai o acento tônico, ou seja, o acento prosódico ou acento da fala, a exemplo de
gra-má-ti-ca, be-le-za, fa-zer, es-tá (verbo), se-cre-tá-ria, se-cre-ta-ria (local ou verbo), ár-vo-re,
ar-vo-re (verbo), mas somente as palavras gramática, está, secretária e árvore portam acento
gráfico. Portanto, o acento prosódico ou acento da fala aparece em TODAS as palavras não-
monossilábicas. Já o acento gráfico (ou acento da escrita) marca a sílaba tônica de ALGUMAS
palavras, de acordo com a regra de acentuação pertinente a cada caso.
Segundo Mattoso Camara3, há
1
MATTOSO CAMARA, Joaquim Jr. História e Estrutura da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1975.
2
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 39. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999, p. 213.
3
MATTOSO CAMARA, Joaquim Jr. Estrutura da língua portuguesa. 30. ed. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 65.
3
l fácil
n pólen
r cadáver
ps bíceps
x tórax
us vírus
i, is júri, lápis
om, ons iândom, íons
um, uns álbum, álbuns
ã(s), ão(s) órfã, órfãs, órfão, órfãos
ditongo oral (seguido ou não de s) jóquei, túneis
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono9.php
4
As paroxítonas terminadas em "n" recebem acento (p. ex., hífen), mas não o
recebem as que terminam em "ens" (p. ex. hifens, jovens).
As formas combinatórias terminadas em "i" e "r" (p. ex., mini e super), mesmo
paroxítonas, não são acentuadas.
4. Acentuam-se as vogais “i” ou o “u”, se uma destas vogais for a segunda vogal do hiato (= duas
vogais contíguas, mas em sílaba diferente), isolada (ou seguida de “s”): ju-í-za; sa-í-da; con-clu-
í-do; fa-ís-ca; sa-ís-te; sa-ú-de; a-ta-ú-de; ba-la-ús-tre; Gra-ja-ú; ba-ú. Mas, o “i”, em hiato, não
recebe acento gráfico se anteposto ao "nh" ou posposto a outro “ï”: ra-i-nha, mo-i-nho, xi-i-ta
etc.
Já os ditongos abertos (éi, ói, éu), em posição paroxítona, não mais recebem acento: i-dei-
a, pla-tei-a, es-trei-a, as-sem-blei-a, joi-a, es-per-ma-to-zoi-de, he-roi-co, pa-ra-noi-a, etc. A não
ser nos casos raríssimos de palavras que apresentam um ditongo aberto em posição paroxítona
e terminam em ditongo (esferóideo e xifóideo) ou em r (destróier, Méier). Tais palavras
continuam sendo acentuadas, pois, se o acento gráfico fosse eliminado, haveria mudança de
posição da sílaba tônica.
O novo acordo também diz que não se deve mais empregar o acento circunflexo no
encontro de dois sons vocálicos (hiatos) cujas vogais são idênticas: creem, deem, veem, leem, voo,
coo (1.p.pres. ind. verbo coar) etc.
Segundo ainda o novo acordo, o acento diferencial (acento de função morfossintática, isto
é, não justificado foneticamente), que se utilizava para distinguir duas palavras homógrafas,
5
permaneceu somente: a) para diferenciar a 3ª. p. do singular da 3ª. p do plural , dos verbos ter
‘tem, têm’ e vir ‘vem, vêm’; b) no verbo pôr em oposição à preposição por; c) em pôde (3ª p. do
Pretérito Perfeito do Indicativo) para diferenciar de pode (3ª p. do Presente do Indicativo), que,
nesse último caso, além de indicar a diferença morfossintática, indica também a diferença de
timbre (aberto ou fechado).
Exercício:
“A historia do lexico portugues, basicamente de origem latina, reflete a historia da língua portuguesa
e os contatos de seus falantes com as mais diversificadas realidades linguisticas, a partir do romanço
lusitanico. Esse acervo apresenta um nucleo de base latina popular que e resultante da assimilação e
das transformações do latim pelas populações nativas ibericas e complementadas por contribuições
pre-romanicas e pos-romanicas de substrato (em que a população conquistada absorve a lingua dos
dominadores), de superstrato (em que os dominadores adotam a lingua dos dominados) e de
adstrato (em que as linguas coexistem, podendo haver até um bilinguismo); e a isso somasse tambem
os empréstimos linguisticos. Foram os termos populares que deram feição ao lexico portugues, quer
na sua estrutura fonologica, quer na sua estrutura morfologica. Mesmo no caso de emprestimos de
outras linguas, foi o padrão popular que determinou essa estrutura .[...]
A expansão portuguesa na Asia e na Africa foi mais uma fonte de emprestimos. São de
origem asiatica: azul, bambu, berinjela, cha, jangada, leque, laranja, tafeta, tulipa, turbante, etc.
São de origem africana: angu, batuque, berimbau, cachimbo, engambelar, marimbondo,
moleque, quitanda, quitute, samba, senzala, vatapa, etc.
Em virtude de relações politicas, culturais, comerciais com outros países, e natural que o
lexico portugues tenha recebido (e continue recebendo) emprestimos de outras linguas
modernas. Assim, incorporaram-se, ao nosso lexico, palavras provenientes do frances (chefe,
hotel, jardim, paisagem, vitral, vitrina); do ingles (futebol, bife, corner, pudim, reporter,
sanduiche, piquenique); do italiano (adagio, alegro, andante, confete, gazeta, macarrão,
talharim, piano, mortadela, serenata, salame); do alemão (valsa, manequim, vermute). [...]”
“Muitas das frases da linguagem dos Minions são reconheciveis. "Banana" e banana (obviamente),
"bapples" e maçãs, "para tu" e para voce e "gelato" e sorvete. Cada expressão em "miniones" traduz
uma palavra real. O objetivo do diretor Pierre Coffin e de que a plateia entenda a intenção das melodias
por tras do que os Minions estão dizendo, não necessariamente sua gramatica.”