Termos da oração
4) Vocativo: não possui relação sintática a outra expressão da oração, ou seja, não está relacionado
com o Sujeito, nem com o Predicado.
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Coordenação e Subordinação
Mecanismos sintáticos de estruturação
(i) termos da oração, (ii) orações, (iii) períodos (frases) e (iv) até parágrafos
“[...] Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos. Mas, ao contrário
do que se pensa, os melhores e mais fundos milagres não acontecem de repente, mas devagar,
muito devagar. Quero dizer o seguinte: a palavra depressão cairá de moda mais cedo ou mais tarde.
Como talvez seja mais tarde, prepara-te para a visita do monstro, e não te desesperes ao triste
pensamento de Alice: "Devo estar diminuindo de novo". Em algum lugar há cogumelos que nos
fazem crescer novamente [...]”.
(Paulo Mendes Campos. Para Maria da Graça. In Para gostar de ler, vol. 4.
São Paulo: Ática, 1979, p. 73)
Período Simples: (ou oração absoluta) constituído de apenas um verbo (ou uma locução verbal).
▪ “Os milagres sempre acontecem na vida de cada um e na vida de todos”
Os consignados pela NGB (pautados no critério sintático ou funcional - relação de dependência entre
os termos)
Coordenação – independência sintática (um termo não exerce função no outro), mas dependência
semântica.
“Disse e mentiu”.
Coordenação
A coordenação pode ser feita não só entre as orações independentes sintaticamente (coordenadas
e intercaladas), mas também entre as dependentes (subordinadas) desde que não exerçam função
sintática entre si:
Assindética
Orações coordenadas entre si, não ligadas por conectivo. São apenas justapostas.
Sindética
Orações coordenadas entre si, mas ligadas por meio de uma conjunção coordenativa.
1. Aditivas: e, nem, não só… mas também, não só… como, assim… como, como
Não estudei, nem dormi.
Devido ao fato de ser proveniente de étimos diferentes, a conjunção ou tem dois significados:
– ou inclusivo (ou débil), correspondente ao vel latino, que significa um ou outro, possivelmente
ambos: Pedro ou Paulo vão trazer os refrigerantes;
– ou exclusivo (ou forte), originário da forma latina aut, que exclui a verdade de uma das proposições:
Pedro ou Paulo vai trazer os refrigerantes.
Assim, a conjunção alternativa ou propõe uma escolha entre os termos coordenados. Se a escolha impuser
a seleção de um termo em detrimento de outro, trata-se de uma alternativa exclusiva. No caso de os
termos coordenados em alternância forem compatíveis entre si, diz-se que é inclusiva.
Subordinação
Relação entre dois elementos linguísticos (termos ou orações), que se caracteriza pela dependência
de sentido de um com o outro, completando-o ou determinando-o.
As orações que apresentam o verbo em uma das formas nominais (infinitivo, gerúndio e particípio)
são denominadas de reduzidas e podem, em geral, ser desenvolvidas. As orações reduzidas são
classificadas como as desenvolvidas correspondentes.
Há coordenação de orações subordinadas quando estas exercem a mesma função sintática de uma
oração principal.
Alguns autores consideram a 2ª. oração subordinada em relação à 1ª. e principal em relação
à 3ª. Rocha Lima (1972: 259) e Cunha & Cintra (1985: 580), por entenderem que um período
composto por subordinação se constrói em torno de uma única oração principal, não
concordam com tal classificação que, segundo eles,
“tem o inconveniente de se basear em dois critérios, ou melhor, de fazer predominar o critério
semântico sobre o sintático.
Em verdade, a oração principal (ou um de seus termos) serve sempre de suporte a uma oração
subordinada. Mas não é esta a sua característica essencial; e, sim, o fato de não exercer
nenhuma função sintática em outra oração do período. Ora, no período composto por
subordinação só há uma que preencha tal condição. A esta, pois, se deve reservar, com
exclusividade, o nome de principal”.
“A preposição DE é facultativa ao introduzir uma oração: (1) completiva nominal ou (2) objetiva
indireta. Vale dizer que depois de adjetivos como certo/seguro/ansioso ou substantivos como
esperança/receio/medo (no caso 1), ou de verbos transitivos indiretos que regem a preposição DE,
como duvidar/lembrar/convencer-se (no caso 2), muitas vezes a preposição DE é omitida,
especialmente na linguagem falada.
Exemplos:
Caso 1:
Estou certo (de) que seremos bem-sucedidos.
Estamos convencidos (de) que ele virá.
Estava ansioso (de/para) que ele viesse.
Tenho esperança (de) que meus colegas concordem.
Temos certeza (de) que nosso time vencerá.
Temos receio (de) que ela não passe no vestibular.
Tenho conhecimento (de) que ela foi aprovada.
Caso 2:
Convenceu-se (de) que a situação vai melhorar.
Lembre-se (de) que nada é perfeito.
Esqueceu-se (de) que já havia comentado o caso.
Assegurei-me (de) que nada faltaria.
Duvido (de) que eles reatem o namoro.
Torço (para) que ele volte.”
http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-detail.php?id=142
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Restritiva: Os índios que estavam nus não entraram no Congresso. (somente alguns)
Explicativa: Os índios, que estavam nus, não entraram no Congresso. (todos)
Macedo (1990: 280) 2 elucida que “restringir significa limitar, diminuir a extensão.
Restringir o sentido de um termo qualquer é limitar a sua extensão para aumentar, em
conseqüência, a sua significação”.
1
Os nomes, assim como os verbos, projetam estruturas oracionais, e, por isso mesmo, são compreendidos como núcleo
do predicado e classificados de predicativos do sujeito: Ele é esforçado; Ela vive cansada; Ele anda doente. E como, em
Língua Portuguesa, toda oração precisa de um verbo para marcar o tempo e modo verbal, e o número e pessoa do
sujeito, utilizamos um “verbo de ligação” para atribuir-lhe o estatuto de oração.
2
MACEDO, Walmírio. “Orações adjetivas restritivas e não-restritivas”. In: Estudos universitários de lingüística, filologia e
literatura. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990, p. 279-284.
7
Como ambas exprimem uma característica, uma explicação de um termo anterior, podem ser
confundidas. Essa confusão é plausível porque o aposto é de fato um adjunto adnominal, só que
exercido por substantivos ou expressões de função substantiva.
Em,
“A sugestão que ela nos deu provocará descontentamentos”,
a oração adjetiva “que ela nos deu” equivale ao adjetivo “dada”, caracterizando, explicando o
substantivo “sugestão”.
Já em,
“A sugestão dela, que aumentássemos o número de aulas, provocará
descontentamentos”,
1. causais:
– porque, já que, visto que, uma vez que, como, porquanto, que, na medida em que
As luzes estão apagadas / porque não há ninguém em casa.
"Trevas, caí! que o dia é morto" (Alma inquieta - Olavo Bilac)
– reduzidas de infinitivo (por, visto, em razão de, em virtude de, em vista de, por motivo
de) e de gerúndio.
As luzes estão apagadas / visto não haver ninguém em casa.
2. concessivas:
– embora, ainda que, mesmo que, por mais que, se bem que, por muito que, apesar de
que, conquanto, sem que, não obstante, se
Mesmo que tenhamos poucos alunos, / a aula será dada.
Se o prefeito não fez grandes obras, / também não cometeu falhas graves.
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3. condicionais:
− se, caso, sem que, contanto que, desde que, a menos que
Se você for à festa, não volte muito tarde.
Caso você vá à festa, não volte muito tarde.
Os diferentes valores semânticos que certas construções condicionais podem assumir não são
diretamente atribuíveis à conjunção ‘se’, mas ao sentido global da frase em que está inserida.
4. comparativas:
– que, do que (depois de mais, menos, maior, menor, melhor e pior), qual (depois de
tal), quanto (depois de tanto), como, assim como, bem como, como se, que nem, feito
Eles prometem mais do que fazem.
Comportam-se como crianças.
As mulheres são menos pragmáticas que os homens.
– não há reduzidas
5. conformativas:
– conforme, segundo, como, consoante
Montei a prateleira, conforme ensina o manual.
Como ia dizendo, o seu comportamento é exemplar.
“Houve, segundo me pareceu, cochichos e movimentos equívocos.”
(Graciliano Ramos)
– não há reduzidas
6. consecutivas:
– (tão / tal / tamanho / tanto) ... que, de maneira que, de forma que, de modo que
Dormiu tanto, que acabou perdendo a hora.
9
7. finais:
– a fim de que, para que, que
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
Ele viajou para que pudesse descansar.
Faço votos que sejas feliz.
– somente reduzidas de infinitivo (para, a fim de, com o propósito de, com o objetivo
de)
8. proporcionais:
– à proporção que, à medida que, quanto mais (... mais / menos), quanto menos (...
menos/mais)
À proporção que estudávamos, as aulas iam se tornando mais claras.
Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
– não há reduzidas
9. temporais:
– quando, antes que, logo que, assim que, depois que, mal, enquanto, até que, desde
que (verbo no Indicativo), sempre que
Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
Mal você saiu, ela chegou.
– reduzidas de gerúndio, de particípio e de infinitivo (ao, até, antes de, depois de)
Terminada a festa, a música parou de tocar.
Retornando de férias, imprima os relatórios pendentes.
Ao terminar a aula, escolheremos os temas dos trabalhos.
Ele não ficou triste / porque certamente arranjará outro emprego. (explicativa)
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Ele não ficou triste / porque logo arranjou outro emprego. (causal)
Causa Consequência
Exercício:
1. “Passei uma semana em Londres. Na última vez em que estive lá, multiplicava-se o preço em
libras por sete para saber quanto as coisas custavam em reais. Agora, pasmo, o caro é sobreviver
aqui no Rio. O verão londrino é tão frio quanto o outono/inverno carioca. Isso faz pensar na falta
de sol que aquela ilha deve enfrentar de outubro a maio todos os anos. Saí de casa com pena
de perder os dias frescos, mas bastaram algumas horas de espera no vergonhoso terminal do
Aeroporto do Galeão para ser tomada pelo desejo incontrolável de ir embora. [...]”
(Fernanda Torres, Londinium3 - VejaRIO, 03/08/2011)
2. “Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram
na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por
nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus
3
Londínio, em latim, Londinium, era o nome da atual cidade de Londres, que foi fundada pelos romanos em meados do
século I d.C. Não há consenso sobre o significado da palavra Londinium, mas alguns estudiosos acreditam que seja
“seguindo o rio”.
11
Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me
como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".
(Rubens Alves, A complicada arte de ver. In:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u947.shtml. Acesso em
03/10/2016)
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As orações de condicionalidade exprimem uma relação de causalidade ampla, uma vez que há
grande afinidade de sentido entre os conteúdos veiculados pelas orações causais e condicionais 4. A
relação semântica de condicionalidade é expressa pela combinação de duas proposições: uma
introduzida pelo conector se (caso, contanto que, desde que, a não ser que, a menos que etc.)5 – a
oração condicionante ou prótase (a condição); e a outra, pelo conector então (implícito ou explícito)
– a oração condicionada ou apódose (a consequência; a oração principal da GN).
Independentemente da ordem em que as orações apareçam, a antecedente se refere à oração com
o conectivo e a consequente, à oração principal.
Condicionais diretas
As condicionais diretas, formações do tipo se/então, são abordadas por diversos autores,
com enfoques mais ou menos paralelos.
Para Azeredo (2000), as condicionantes, introduzidas por um conectivo condicional, veiculam
três graus de hipótese:
- Grau mínimo, com formas verbais no presente do indicativo:
Se eu fico rica, não trabalho mais.
- Grau médio6, com formas verbais no futuro do subjuntivo e no futuro do presente:
Se eu ficar rica, não trabalharei mais.
- Grau máximo, com formas verbais no imperfeito do subj. e no futuro do pretérito:
Se eu ficasse rica, não trabalharia mais.
4 Por exemplo, “Já que você é tão forte, você consegue levantar o piano” (causal) = “Se você é tão forte, você consegue
levantar o piano (condicional)”. (OLIVEIRA, Helênio Fonseca de. Língua Portuguesa - Visão Discursiva - Descrição do
português à luz da linguística do texto. Mimeo. Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Letras EB/CEP, 2001, p. 73).
5
Costuma-se empregar as locuções conjuntivas condicionais contato que e desde que, mais incisivas do que o se, quando
uma condição é taxativa para a realização de outra ação: “Eles poderão jogar videogame contanto que (desde que)
estudem mais” = “Eles só poderão jogar videogame se estudarem mais”. (AZEREDO, José Carlos de. Iniciação à sintaxe
do português. Rio de Janeiro: Zahar, 2000, p. 101)
6
O esquema apresentado por Azeredo (2000) faz alusão ao uso do português formal. Mas, na linguagem coloquial, pode
aparecer o indicativo em construções condicionais com grau médio de hipótese: “Se eu corro, eu canso” = “Se eu correr,
eu canso” (em que o se tem valor temporal de todas as vezes que, sempre que). O mesmo se dá com grau máximo de
hipótese: “Se eu não estou atento, podia cair” = “Se não eu não estivesse atento, podia (ou poderia) cair”.
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Tanto nas relações condicionais diretas de grau mínimo, quanto nas de grau médio, observa-se
que, além desse emprego regular dos tempos verbais, muitas delas apresentam o modo
imperativo na condicionada:
Isso se justifica pelo fato de a condicionada, não raras vezes, expressar um conselho, um pedido,
um convite, uma sugestão, e, na busca da adesão do interlocutor, o locutor escolhe o
imperativo, como um recurso argumentativo de persuasão/convencimento.
Said Ali7 também distingue três graus de hipótese; a que exprime eventualidade; a que se
refere a um fato realizável; e a que se reporta a um fato inexistente ou improvável. Já Mira Mateus
et al.8 reúnem as construções condicionais em três grupos, de acordo com a hipótese que regula a
asserção: factual, não-factual e contrafactual.
7
SAID ALI, M. Gramática secundária da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1964, p. 137.
8 MIRA MATEUS et al. Gramática da língua portuguesa. 5ª ed. Lisboa: Caminho, 2003, p. 705-710.
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Condicionais indiretas 9
As condicionais indiretas, raramente contempladas pela GN, são aquelas em que, segundo
Quirk10, a relação condicionante (prótase) / condicionada (apódose) não é do tipo se/então. Nessas
condicionais, não se verifica a relação usual entre o conteúdo significativo da prótase (condição) e o
da apódose (consequência). Em outras palavras, são construções em que a verdade da
condicionante pode não estar diretamente relacionada à situação da condicionada, ou melhor, pode
denotar que a condição independe de um acontecimento, mas de um fato suposto, real ou eventual.
Nesses casos, o conectivo condicional assume o papel de operador argumentativo. As condicionais
indiretas ocorrem em enunciados que denotam:
9Resumo do texto da profa. Rosane Monnerat (UFF), GRAUS DE VINCULAÇÃO DAS CONDICIONAIS NO DISCURSO
PUBLICITÁRIO. In: http://www.celsul.org.br/Encontros/04/artigos/107.htm. Acesso em 03/10/2016.
10 QUIRK, Randolph et al. A comprehensive grammar of the English language. London: Longman, 1985.