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Funes, o memorioso.
O conto “Funes, o memorioso”, publicado em 1944, foi escrito por Jorge Luís
Borges, poeta e escritor argentino e retrata sobre a peculiaridade de Ireneo Funes,
sua memória. A sua história é apresentada por um narrador que foi ao seu encontro
conversar, enquanto morador de um vilarejo, Funes já era conhecido por ali devido
sua singularidade em dar as horas pontualmente sem fazer o uso de qualquer
relógio.
Após cair de um cavalo e tornar-se paralítico, sua vida mudou
completamente. Funes teve como uma "consequência" desse acidente o
aguçamento da sua memória, perdendo a capacidade de esquecer. Tudo o que lia,
via e vivia simplesmente não era apagado da sua memória e a todo tempo estava se
reproduzindo em sua mente, em razão dessa memória enciclopédica, ele conseguiu
apreender sozinho diversas línguas e ler livros em latim.
De acordo com o narrador, Funes não tinha a capacidade de pensar, analisar
ou raciocinar sobre as coisas porque isto requer generalizar e esquecer as
diferenças conforme nos é mostrado no texto. No entanto, tudo que lhe era trazido à
tona dizia respeito a detalhes minuciosos e singulares a cada vez que aquilo ocorria
em sua vida, desse modo, ficando enterrado em suas memórias.
Partindo disso, podemos perceber que, por mais que o lembrar de tudo seja
atrativo num primeiro momento, na verdade seria um fardo. O excesso e o acúmulo
de informações não é benéfico, tornando-se ainda mais prejudicial quando não se
pode escolher o que lembrar, o que esquecer ou construir pensamentos críticos a
respeito de algo, como era o caso de Funes. Precisamos do esquecimento para
viver, ele faz parte da memória, lembrar de tudo seria uma tortura, implicando em
reviver momentos traumáticos das nossas vidas que gostaríamos de apagar.
Portanto, esse conto é de muita importância para pensarmos e também
problematizamos o que diz respeito ao que foi lembrado e o que foi esquecido pelos
que detém o poder da construção das narrativas históricas. Por muito tempo os
"grandes", os "mitos", os "heróis" a todo tempo são reverenciados, enquanto que os
"menores" passam a ser marginalizados pois não são considerados "dignos" de
estarem presentes na historiografia.