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Fichamento 3:

LOCKE, John. Segundo Tratado Sobre o Governo Civil. Capítulos II, III, V, IX, XI e XV.
Tradução de Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. 3ª edição. Editora Vozes, 2001.
Petrópolis, RJ.

A obra Segundo Tratado Sobre a Governo Civil foi publicado anonimamente em 1689.
John Locke, autor da obra, se identificava com o pensamento de René Descartes, foi
responsável pela elaboração das bases do individualismo liberal. O contexto da Inglaterra se
constituía de perseguições religiosas, as quais geraram a Revolução Gloriosa, e a ascensão da
burguesia em busca de igualdade de direitos com os nobres. O fim do governo de Jaime II
marcou o fim do absolutismo inglês e transição para os governos civis. Ao mesmo tempo
surgiam as primeiras máquinas e novos conceitos a partir disso. Através da Revolução
Gloriosa houve uma mudança política e econômica, ao mesmo tempo em que aumentava a
divisão social do trabalho com a construção das primeiras fábricas.
Segundo Locke o estado de natureza não é necessariamente algo ruim. Esse estado, de
igualdade, se forma a base da reciprocidade de todo poder. Onde todos são iguais e são
criados com as mesmas condições, desfrutando assim de todas as vantagens da natureza, sem
subordinação ou sujeição. O ser humano possui o desejo de ser amado em toda a dimensão do
possível, dessa forma tem a obrigação natural de dedicar aos outros plenamente a mesma
afeição. Mesmo sendo um “estado de liberdade” o homem não pode destruir sua própria
pessoa, nem qualquer criatura que se encontre sob sua posse. Cada um nesse estado possui o
direito natural que ordena a paz e “conservação da humanidade”, cabendo a cada um a
habilidade de punir aqueles que transgridem com penas suficientes para punir as violações. O
grande problema, o qual leva a construção do governo civil, através de um contrato social é
quando a auto estima do homem o torna parcial em relação a seus amigos e muito severo com
seus inimigos.
Não é razoável que os homens sejam juízes em causa própria, pois a auto-estima os tornará parciais em
relação a si e a seus amigos: e por outro lado, que a sua má natureza, a paixão e a vingança os levem
longe demais ao punir os outros; e nesse caso só advirá a confusão e a desordem. (p. 88)
A propriedade de Locke se constitui de tudo o que Deus deu ao homem. Segundo o
autor tudo que habita a Terra foi dado para a humanidade, dando dessa forma o direito aos
homens de tomar posse. O ato de tomar uma parte qualquer dos bens e retirá-la do estado em
que a natureza o deixou (p. 99), faz desses bens propriedade do homem. O consentimento não
se faz necessário, tendo em vista que se fosse o homem teria morrido de fome, apesar da
abundância de terras que Deus lhe ofertou. O trabalho do servo é o trabalho de seu senhor,
tendo em vista que o servo é sua propriedade. Todas as criaturas e todos os frutos colhidos em
sua residência são propriedade e trabalho do proprietário, não dos servos ou dos animais.
Assim a grama que meu cavalo pastou, a relva que meu criado cortou, e o ouro que eu extraí em
qualquer lugar onde eu tinha direito a eles em comum com outros, tornaram-se minha propriedade sem
a cessão ou o consentimento de ninguém. O trabalho de removê-los daquele estado comum em que
estavam fixou meu direito de propriedade sobre eles. (p. 99)
O monarca tem como função garantir a paz e a segurança entre os homens, agindo
assim em prol do bem comum e nunca por suas vontades. Tanto o monarca quando qualquer
outro homem caso cometa qualquer injúria para com o próximo poderá pagar com a própria
vida, assim como no estado de natureza. Caso o monarca seja injusto e corrupto, e essa
corrupção se torne uma ameaça as vidas saudáveis e errôneas, os homens têm o direito de
julgá-lo, quando esse faz da vida pior do que era no estado de natureza. A propriedade é
direito do homem e não pode ser tirada por ninguém, nem por nenhum poder absoluto. Caso o
príncipe aja de forma tirânica é direito do povo tirá-lo do poder.
Torna-se sujeito a ser destruído pela pessoa injuriada e pelo resto da humanidade que a ela se unirá na
execução da justiça, como qualquer outro animal selvagem ou besta nociva com quem a humanidade
não pode conviver nem ter segurança. (p. 189)

Referências:
LOCKE, John. Segundo Tratado Sobre o Governo Civil. Capítulos II, III, V, IX, XI e XV.
Tradução de Magda Lopes e Marisa Lobo da Costa. 3ª edição. Editora Vozes, 2001.
Petrópolis, RJ.
FERREIRA, Lier Pires. As Bases do Pensamento Democrático Liberal: Uma Visita às
Obras de John Locke e Jean-Jacques Rousseau. Disponível em:
https://www.cp2.g12.br/ojs/index.php/PS/article/viewFile/441/375

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