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BOAS

PRÁTICAS
NA GESTÃO DE
UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO
CONHEÇA AS INICIATIVAS QUE BUSCAM SOLUÇÕES PARA
GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL

EDIÇÃO 03 ANO 2018


PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Michel Temer

MINISTRO DO MEIO AMBIENTE

Edson Duarte

PRESIDENTE DO INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio)

BOAS
Paulo Henrique Marostegan e Carneiro

COMITÊ EDITORIAL

Ângela Pellin, Carla Guaitanele, Cibele Tarraço Castro, Danúbia Melo, Fabiana Prado, Letícia

PRÁTICAS
Braga, Roberta Barbosa, Rosana Lordêlo de Santana Siqueira e Thais Ferraresi Pereira

COLABORADORES

Camilla da Silva, Debora Lehmann, Fernanda Boaventura, Fernando Mendes, Gilceli Menezes,
Isis de Freitas, Larissa Diehl e Marcia Muchagata

NA GESTÃO DE
UNIDADES DE
ORGANIZAÇÃO, TEXTO E REVISÃO

Cibele Quirino - Jacarandá Comunica

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Kátia Ozório - Artificie Design


CONSERVAÇÃO
CONHEÇA AS INICIATIVAS QUE BUSCAM SOLUÇÕES PARA
FOTOS DA CAPA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL
Elder Pena, Enrico Marcovaldi, Enrico Marone, Flávio Varricchio, João Marcos Rosa e Ricardo Maia
MAIS DO QUE RECONHECER, A
IMPORTÂNCIA DE COMPARTILHAR
BOAS PRÁTICAS
Em 2017, o número de visitantes em cerca de 100 Unidades de Conservação (UCs) Ambos os eventos são parte de um projeto amplo, chamado Motivação e Sucesso
federais chegou aos 10,7 milhões. Um recorde, com 20% de aumento real, em rela- na Gestão de Unidades de Conservação, realizado pelo ICMBio em parceria com o
ção a 2016, segundo estimativas do ICMBio. O interesse da sociedade em conhecer IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas desde 2013. As duas instituições e o Ibam
essas áreas naturais é um fator a ser celebrado e incentivado, a fim de que possa mostraram mais uma vez a força das parcerias e reuniram-se para executar a várias
ser possível cada vez mais indivíduos não só conhecerem, como reconhecerem as mãos, mentes e corações esse grande evento que contou com o apoio de Gordon
unidades como fundamentais para a conservação da biodiversidade e o bem-estar and Betty Moore Foundation, Projeto Desenvolvimento de Parcerias Ambientais Pú-
humano. Desde a realização do III Seminário de Boas Práticas na Gestão de Uni- blico-Privadas (PAPP) apoiado pelo Banco Interamericano para o Desenvolvimento
dades de Conservação, em novembro de 2017, o país ganhou mais onze Unidades (BID), Caixa Econômica Federal, cooperação alemã para o desenvolvimento susten-
de Conservação, passando de 324 para 335 áreas sob a gestão do ICMBio, mais um tável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ)
motivo para comemorar. GmbH, Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e Agência dos Estados Unidos
para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).
A força das Unidades de Conservação federais encontra-se nos servidores que atu-
am constantemente para motivar o interesse da sociedade por essas áreas, não Um dos grandes resultados dessa parceria é esta revista, que reúne o conhe-
apenas como atrativo turístico, mas como uma riqueza a ser cada vez mais valori- cimento tão relevante compartilhado pelos gestores e parceiros ao longo dos
zada frente aos desafios socioambientais enfrentados pelo Brasil. Essa força tam- dias de encontro. Aqui, é possível conhecer 76 Boas Práticas em Unidades de
bém está na mobilização de atores sociais, comunidades e moradores do entorno Conservação. Dessa forma, o objetivo é disseminar ainda mais as experiências,
- que dependem direta ou indiretamente das unidades - organizações sociais e estimulando novas inspirações capazes de favorecer a preservação, aperfeiçoar
ambientais, comunidade escolar, empresas e demais órgãos governamentais. Cada o monitoramento, desenvolver pesquisas, valorizar as comunidades tradicionais,
vez mais, esses atores, em parceria, vêm fazendo a diferença, provando o elevado implementar novos atrativos, otimizar recursos, incentivar o uso público nas UCs
potencial dessas áreas no desenvolvimento social, ambiental e econômico de ter- abertas à visitação.
ritórios.
Conseguimos nessa edição reunir um maior número de práticas e definir um con-
A escolha de Parcerias como tema central do III Seminário de Boas Práticas na ceito capaz de apresentar as particularidades de cada trabalho desenvolvido com
Gestão de Unidades de Conservação veio repleta de significados e permitiu ao mais destaque. Alguns gestores pontuaram as inspirações das práticas, como por
ICMBio celebrar 10 anos de história com um evento que destacou a importância exemplo, capacitações, apresentações de Seminários anteriores, eventos interna-
dos parceiros - das associações locais aos estudantes de universidades, dos cen- cionais, enfim, optamos por destacar tais iniciativas como forma de reconhecê-las.
tros de pesquisa às organizações não governamentais, na gestão das Unidades de Afinal, todas essas frentes buscam promover mudanças e Boas Práticas sintetizam
Conservação. justamente isso.

Essa edição do Seminário também entrou para a história pela realização conjunta Todas as práticas contêm uma ficha com o propósito de relacionar os principais
com o I Fórum Internacional de Parcerias na Gestão de Unidades de Conservação, profissionais e instituições envolvidas, mas sabemos e reconhecemos que cente-
uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) - mais nas de atores sociais contribuíram com cada trabalho, por isso sintam-se todos,
uma forma de parceria, que reforça as convicções do ICMBio de que somar esforços por meio dessa publicação, aqui representados.
é sempre a melhor estratégia.

Paulo Henrique Marostegan e Carneiro


Presidente do ICMBio

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


ICMBIO DAP/SBIO/MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Criado em 2007 com a importante e desafiadora missão de “proteger o patrimônio O Departamento de Áreas Protegidas coordena o Sistema Nacional de Unidades de
natural e promover o desenvolvimento socioambiental”, o Instituto Chico Mendes Conservação da Natureza (SNUC), que foi concebido para potencializar o papel das
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) administra mais de 330 Unidades de unidades de conservação, assegurando amostras significativas e ecologicamente
Conservação federais (UCs) espalhadas por todo o Brasil. Autarquia vinculada ao viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas, para que estejam ade-
Ministério do Meio Ambiente, o ICMBio também é responsável por fomentar e exe- quadamente representadas no território nacional. Nosso desafio é despertar o in-
cutar projetos de pesquisa relacionados à biodiversidade, desenvolver programas teresse da sociedade brasileira pelo patrimônio natural e cultural protegido pelo
de educação ambiental, monitorar o uso público e o aproveitamento econômico SNUC, aproximando as unidades de conservação da sociedade.
dos recursos naturais nas UCs onde tais atividades são permitidas, exercer o poder
de polícia ambiental visando à proteção das unidades e promover o desenvolvi-
mento socioambiental das comunidades tradicionais em Unidades de Conservação INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO
de uso sustentável. MUNICIPAL - IBAM
O IBAM é uma associação civil sem fins lucrativos que há 66 anos dedica-se a
apoiar os municípios, o governo nacional, os estaduais e os internacionais, na di-
IPÊ – INSTITUTO DE PESQUISAS ECOLÓGICAS
reção do aperfeiçoamento da gestão pública, na oferta mais eficaz de serviços, no
O IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira, sem fins fortalecimento de processo de descentralização, na promoção do desenvolvimento
lucrativos, que trabalha pela conservação da biodiversidade do País. sustentável e o aperfeiçoamento de práticas de gestão, em especial na escala lo-
Fundado em 1992, atua nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado, cal. Em função da evolução da descentralização, Municípios e Territórios ganham
com cerca de 30 projetos, que incluem pesquisa científica de espécies da fauna e protagonismo na agenda pública e, em função disso, o IBAM tem ampliado seu
flora, ações de educação ambiental e envolvimento comunitário, além de interven- espectro de atuação a fim de incorporar a temática ambiental. Nessa direção, entre
ções em paisagens e apoio à construção de políticas públicas. outros projetos, desde 2014 vem implementando o projeto de Parcerias Ambientais
Público-Privadas – PAPP, que tem como missão apoiar o ICMBio na promoção de
Pesquisadores experientes facilitam o intercâmbio de expertises em busca de me-
parcerias, no aperfeiçoamento da gestão, no desenvolvimento socioambiental e na
lhores resultados, e o constante diálogo e gestão intersetoriais permitem arranjos
preservação da biodiversidade nas Unidades de Conservação Federais.
efetivos e parcerias duradouras.

O empenho em multiplicar o conhecimento adquirido ao longo do tempo, deu ori-


gem à ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, que PARCERIA PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
oferece cursos de curta duração, MBA e Mestrado Profissional nas áreas de meio NA AMAZÔNIA (PCBA)
ambiente e sustentabilidade, em sua sede, em Nazaré Paulista (SP).
É um compromisso entre o povo dos Estados Unidos e o povo brasileiro na forma
www.ipe.org.br de um programa conjunto de cinco anos pela conservação da biodiversidade na re-
gião. A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID)
apoia financeiramente o projeto. O Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS)
CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES atua como parceiro técnico responsável pela implementação, juntamente com o
DE CONSERVAÇÃO (SNUC) – LIFEWEB Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Funda-
ção Nacional do Índio (FUNAI), ONGs, comunidades amazônicas e universidades
A publicação tem o apoio do projeto “Consolidação do Sistema Nacional de Uni- americanas e brasileiras, que apoiam os esforços para o desenvolvimento local e
dades de Conservação (SNUC) – LifeWeb”, desenvolvido pelo Ministério do Meio a conservação, por meio de oficinas, seminários, desenvolvimento de ferramentas
Ambiente (MMA) e pela cooperação alemã para o desenvolvimento sustentável, de gestão e assistência técnica in loco. Os experts em manejo de áreas protegidas
por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, dos EUA criam experiências interdisciplinares e interculturais com parceiros bra-
no âmbito da Iniciativa Internacional de Proteção ao Clima (IKI, sigla em alemão) sileiros, além de novas aplicações para ferramentas e tecnologias que protejam o
financiada pelo Ministério Federal do Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança meio ambiente e melhorem a vida das pessoas na Amazônia.
Nuclear da Alemanha (BMU, sigla em alemão).

Saiba mais: https://www.giz.de/en/worldwide/39436.html

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


10 Evento destaca principal estratégia do ICMBio e celebra 10 anos contabilizando recordes

14 Fique por dentro dos temas discutidos

44 Parceria de Conhecimento 70 Gestão Compartilhada 96 Tecnologia Nacional


■■ PESQUISA Pesquisas sobre Tartarugas Marinhas em Abrolhos Termo de Reciprocidade e Plano de Trabalho Universidade desenvolve sistema de contagem

19 Política Pública
aperfeiçoam interpretação ambiental orientam parceria no Parque Nacional da Tijuca de visitante ao custo de R$ 135,00

ICMBio e CNPq implementam solução inédita para 99 Pluriparticipação


áreas protegidas
■■ GESTÃO INTEGRADA ■■ USO PÚBLICO E NEGÓCIOS Gestão recupera praias protegidas de
empreendimentos privados irregulares
22 Pesquisa e Patrocínio 48 Mobilização e Justiça 74 Parceria com Cooperados
Projeto com a maracanã-verdadeira subsidiará 102 Gestão Participativa
Contrato de Concessão de Direito Real de Uso Transformando desafios em oportunidades
a reintrodução da ararinha-azul na natureza Novos espaços de discussão atraem mais
beneficia quase 1,5 mil famílias
76 Regionalizar as Compras de 400 condutores
26 Universidade Parceira 51 Articulação Institucional Agricultores e produtores locais têm prioridade
Projeto MAArE desenvolve ação preventiva diante 104 Grupo de Trabalho
Iniciativa fortalece parceria entre órgãos públicos como fornecedores de concessionária
de exploração petrolífera Publicação sistematiza Turismo de Base
e povos indígenas no Parque Nacional Pico da
Neblina 79 Público-Privadas Comunitária em Unidades de Conservação
28 Inclusão Digital Projeto destaca viabilidade econômica
Moradores de comunidades realizam ação 107 Comunicação
55 Proteção Conjunta e socioambiental de duas Florestas Nacionais
no controle de zoonoses emergentes Estratégia reforça o conceito da Trilha Transcarioca
Maior articulação entre Secretaria Estadual com foco em parcerias
e Funai transforma relações entre moradores e garante visibilidade extra à iniciativa
32 Parceria Científica 82 Parceria Institucional
de comunidades e indígenas
Instituições de ensino desenvolvem pesquisas 110 Articulação
Formação de multiplicadores em uso público
específicas sobre Reserva Natural
57 Espaços de Diálogo aprimora serviços nas unidades Ecotrilha fortalece a gestão integrada entre
Lideranças indígenas e extrativistas do sul do unidades, diálogo com o DER e o engajamento
34 Parceria Acadêmica 85 Capacitação da sociedade
Amazonas desenvolvem Plano de Ação de Gestão
Unidades de Conservação buscam na ciência
Integrada de Áreas Protegidas Interpretação Ambiental aproxima comunidade
os subsídios para o planejamento integrado 113 Grupos de Visitantes
local da equipe gestora
60 Articular e Capacitar Mobilização de ciclistas, caminhantes e escoteiros
37 Tradicional e Acadêmico 87 Interpretação Ambiental triplica visitação
Estratégia garante novas oportunidades
Projeto alinha conhecimentos e identifica espécies
à comunidade local e preserva a região Estratégia busca comunicar de forma mais efetiva
da flora prioritárias para conservação 116 Mobilização
sobre as Unidades de Conservação e melhorar a
63 Cogestão experiência do visitante Sociedade civil e instituições públicas
39 Conhecimento Científico e Tradicional implementam ecotrilhas na Serrinha do Paranoá
Mais de 70% dos visitantes analisam a experiência
Reserva fortalece conservação da biodiversidade
como ótima em unidade onde órgão estadual e 90 Tecnologia
com Programa de Monitoramento 119 Termo de Cooperação Técnica
Oscip somam esforços 10 Unidades de Conservação obtêm dados inéditos
de visitação com acesso em tempo real Parque Estadual do Pico do Itambé aumenta a
41 Pesquisa Acadêmica
66 Sistema de Monitoramento visitação e fortalece alianças na esfera municipal
Monitoramento aponta novas estratégias para
Pesca artesanal em Mosaico Lago de Tucuruí 93 Monitoramento Automático
os períodos com excedente de pescado e de 122 Turismo Sustentável
representa 13% da produção de pescado do Pará Resultados subsidiam a criação de nova trilha
entressafra Programa Áreas Protegidas para Prosperar soma
e mostram visitação acima das expectativas
esforços em sete Unidades de Conservação
125 Visitação Agendada 157 Protagonismo Juvenil 189 Comunicar 219 Viveiro de Nativas
Parque Nacional das Araucárias abre para uso 42 jovens desenvolvem Agenda 21 local e Eu Amo Cerrado investe na estratégia conhecer 200 mil mudas de Cerrado recuperam áreas
público com apoio do conselho conquistam certificação em sustentabilidade para proteger degradadas no entorno de Unidade de
Conservação
127 Ordenamento Participativo 160 Programa de Agente 192 Capacitação Preventiva
Parque Nacional de Anavilhanas e CNPT aplicam Plano Voluntário Ambiental Novos caminhos para reduzir incêndios florestais
de Ação e aumentam segurança de botos e turistas Secretaria Estadual lança programa e melhora ■■ SOCIEDADE COMPROMETIDA
a experiência do visitante nas unidades
130 Parceiros Locais ■■ MANEJO E AGROECOLOGIA 222 Sociedade Engajada
Reabertura de trilhas em caráter experimental 163 Educação Ambiental A conquista dos novos limites do Parque Nacional
garante vitória da sociedade Parceria entre Sema e Sesc-Ceará implementa 195 Relações Institucionais da Chapada dos Veadeiros
Projeto Aflorar em área protegida Feira dos Povos fortalece produtos agroflorestais
e busca maior rentabilidade 224 Parcerias Institucionais
■■ GESTÃO PARTICIPATIVA E 166 Cartografia Social Produção de TV e web busca popularizar
EDUCAÇÃO AMBIENTAL Zoneamento Ambiental Participativo fortalece 198 Condicionantes e Ajustamentos o conhecimento sobre a biodiversidade
comunidade da Reserva Extrativista da Prainha Mais de 100 hectares de manguezais recuperados
133 Processos Formativos do Canto Verde em menos de 10 anos 227 Força-Tarefa
Projetos Políticos Pedagógicos unem diferentes Servidores do ICMBio têm papel central
atores sociais com objetivos compartilhados 169 Programação Socioambiental 201 Manejo Integrado do Fogo em novo modelo para a demarcação de áreas
Ecofolia desenvolve pesquisas nas comunidades
40% de redução na área atingida por incêndios entre
137 Educação Transforma com participação de voluntários durante o Carnaval 231 Edital e Apoio Técnico
2010 e 2016 em Unidades de Conservação federais
Projeto Político Pedagógico garante resultados Projeto demonstrativo de geração de energia
transdisciplinares 172 Registro Educomunicativo fotovoltaica gera economia de R$ 102 mil em 2017
204 Cadeias de Valor
Estratégia garante continuidade do protagonismo
Programa Conservação dos Recursos Biológicos
140 Interlocução juvenil após término dos recursos 234 Fundos de Apoio
da Amazônia avança e implementa projetos-piloto
A entrada de um terceiro ator social pode mudar 12 Unidades de Conservação Marinhas e da Mata
os rumos de um conflito 175 Voluntariado Atlântica já recebem aportes para gestão
207 Sistemas Produtivos
Adesão ao trabalho voluntário pelas Unidades
Parque Nacional busca diversificar renda
143 Magistério Extrativista de Conservação cresce 62% entre 2015 e 2017 238 Fundo de Perpetuidade
das comunidades extrativistas do entorno
79 jovens atingem o Ensino Fundamental Medida garante a implantação imediata de
em Reservas Extrativistas da Terra do Meio 178 Educomunicação projetos e assegura recursos futuros para a gestão
210 Restauração do Cerrado
Visibilidade do Mosaico aumenta com
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros
146 Diálogo Permanente fortalecimento de jovens lideranças 241 Campanha de Atendimento
aproxima a sociedade da conservação
Recurso audiovisual favorece aproximação Ação inscreve 425 proprietários da Área de
entre gestão estadual e a comunidade 181 Conselhos Integrados Proteção Ambiental de Pouso Alto no Cadastro
213 Manejo Integrado do Fogo
Estratégia permite responder às principais Ambiental Rural
Resultados na Estação Ecológica Serra Geral
149 Termo de Compromisso demandas do território e aumenta mobilização
do Tocantins superam as expectativas
Conciliação permite a pesca em unidade de proteção 245 Condicionantes Ambientais
integral recém-criada pelo Poder Legislativo 184 Jovens Parceiros Grupo de Trabalho estabelece nova dinâmica entre
216 Sistema Agroflorestal
Gestão do Parque Nacional das Araucárias empreendedor, órgãos públicos e comunidades
Prática concilia produção de alimentos com
153 Comunicação implementa atividades com adolescentes tradicionais
restauração de áreas degradadas e formação
Diálogo e interação social apoiam a implementação de corredores ecológicos
do Parque Estadual do Jalapão 186 Curso de Formação
Valorização e visibilidade de pescadores garantem
avanços no Acordo de Gestão
10
EVENTO DESTACA PRINCIPAL 11
ESTRATÉGIA DO ICMBIO E CELEBRA
10 ANOS CONTABILIZANDO
RECORDES
Fotos: Israel Lima
Com o tema Parcerias, o III Seminário de
Boas Práticas na Gestão de Unidades de
Conservação realizado de 27 a 29 de no-
vembro de 2017, no Centro Internacional
de Convenções do Brasil, em Brasília,
mais do que dobrou o número de traba-
lhos inscritos em relação à edição ante-
rior. Em 2017, o ICMBio recebeu 147 práti-
cas, em 2016, com o tema livre, foram 56.
O Seminário temático celebrou os 10 anos
e atendeu à solicitação do presidente do
ICMBio, na época Ricardo Soavinski, que
passou como demanda a realização de
um grande evento valorizando os parcei-
ros para comemorar a data.

A diversidade das formas de parcerias das 76 Boas Práticas registra as múlti- de um país de dimensões continentais. “Considero o Seminário muito valioso por
plas faces desse instrumento, desde o conhecimento tradicional até o científico reconhecer os esforços feitos pelos gestores. O evento estimula uma visão sistemá-
dos centros de pesquisa – em alguns casos somando esforços – passando pelo tica – as UCs não são esforços isolados ou locais da conservação da biodiversidade,
voluntariado e o aporte de recursos. Pedro de Castro da Cunha e Menezes, elas pertencem a um sistema. Por esse motivo, o Seminário fortalece a consolida-
chefe da Coordenação Geral de Uso Público e Negócio, destaca o Seminário ção do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), também apoiado
como a oportunidade para obter escala na divulgação das Boas Práticas. “Como pelo Governo Alemão junto ao Ministério de Meio Ambiente do Brasil na iniciativa
instituição pulverizada, estamos em vários locais do cenário nacional, se não internacional para a Proteção do Clima”, diz.
fosse pelo Seminário como espaço de discussão de iniciativas locais, que são
A terceira edição registrou recorde de público com cerca de 300 participantes -
replicáveis, as experiências não chegariam ao conhecimento das equipes de
entre servidores, representantes governamentais, comunidades locais, empresá-
outras Unidades de Conservação (UCs). Por exemplo, uma iniciativa em Roraima
rios, voluntários, pesquisadores e lideranças de organizações da sociedade civil
dificilmente seria do conhecimento das equipes do Rio Grande do Sul ou em
- aumento superior a 450% em relação ao evento de estreia. Os motivos de tal
Minas Gerais. O seminário cumpre esse papel e ao mesmo tempo valoriza os
crescimento, segundo Fabiana Prado, coordenadora de projetos do IPÊ, envolvem
gestores que conseguem durante o evento divulgar iniciativas já desenvolvidas,
o comprometimento desde o início do projeto em criar de fato um espaço de dis-
mas que até então pela falta de visibilidade muitas vezes perdiam inclusive o
cussão. “A qualidade do evento repercutiu e a cada ano, o número de interessados
valor para o gestor”.
aumenta. O sucesso de público é o resultado do trabalho dos anos anteriores. Pro-
Para Jens Brüggemann, diretor do projeto Consolidação do Sistema Nacional de vavelmente no próximo evento teremos ainda mais participantes. Uma conquista
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) - LifeWeb pela Deutsche Gesells- muito grande dessa edição foi envolver também os Estados, além das UCs federais.
chaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, o crescimento expressivo do Isso sempre esteve no nosso horizonte e conseguimos isso por meio dessa impor-
evento reforça o interesse no compartilhamento das informações entre os gestores tante parceria com o Ibam”, afirma ela.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Para Carla Guaitanele, chefe da O Fórum teve como objetivo
12 Divisão de Parcerias (DPAR) do apresentar experiências interna- 13
ICMBio, o Seminário marcou o cionais mais avançadas relativas
início de uma nova fase na per- a temas em que o Brasil está ini-
cepção dos próprios gestores. ciando. Com o intuito de provocar
“Estamos reconhecendo mais o a reflexão, Boas Práticas dos Es-
nosso trabalho, conseguimos fa- tados Unidos, Zâmbia, Zimbábue,
zer vários projetos interessantes Espanha e Colômbia foram agre-
mesmo não tendo uma equipe no gadas ao programa. “O evento
tamanho e no estilo perfeito, com faz parte de um processo amplo,
o recurso ideal. Temos como par- ele traz o resultado de práticas
ceiros conselheiros, universida- já implantadas e que ajudam a
des, instituições de ensino e pes- mobilizar os autores vinculados
quisa, associações, prefeituras, com a responsabilidade de ge-
organizações da sociedade civil, rência das UCs”, pontua Santos.
instituições privadas, organismos A realização conjunta otimizou os
internacionais e voluntários. É possível desenvolver um plano de trabalho junto, resultados e superou os objetivos do Ibam, como revela Santos. “A meta do Fórum
caminhar de mãos dadas e conseguir atingir objetivos”, destaca. estabelecida com os financiadores foi superada, registramos resultado bastante
expressivo, justamente pelo fato de ter feito essa parceria”, completa. Até a decisão
Parte da programação foi destinada às apresentações de cerca de 10 Propostas de
do evento em conjunto, duas frentes estavam sendo trabalhadas, de um lado, o
Boas Práticas, com o intuito de contribuir para o estabelecimento de parcerias capa-
Ibam implementava as Parcerias Ambientais Público Privadas em parceria com o
zes de viabilizar a execução ou o aprimoramento. Os autores apresentaram as pro-
ICMBio e recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Fundo
postas na mesma sala onde foram compartilhadas as práticas e dessa forma tiveram
Socioambiental da Caixa e havia recurso para a realização do Fórum. Enquanto o
com a divulgação do projeto a oportunidade potencial de mobilizar novos parceiros.
ICMBio já se articulava com o IPÊ sobre o III Seminários de Boas Práticas em Uni-
A edição de 2017 também contou com a estreia da transmissão simultânea do dades de Conservação. “A atitude do evento conjunto partiu do ICMBio, a partir
evento pelo Facebook do ICMBio e o IPÊ. Ao todo, 19 mil pessoas acompanharam desse momento desenvolvemos um projeto juntos e consultei os financiadores
as apresentações ao vivo pelas redes sociais. Os vídeos continuam disponíveis nos que acharam a ideia interessante. Dessa forma, ficou decidida atuação em parceria,
canais do Youtube do ICMBio e do IPÊ. Servidores do ICMBio também têm acesso somando esforços”, revela Alexandre Santos.
às apresentações do Seminário no ambiente virtual AVA voltado para gestão do
Jens Brüggemann reforça a importância de apresentar experiências de outros pa-
conhecimento. Nas redes sociais, encontre as notícias publicadas sobre o evento,
íses ao programa oficial do evento. “Acredito no valor agregado do intercâmbio
por meio de pesquisa com a #EuSouParceirodaNatureza.
internacional. Por um lado, pode gerar novas ideias e por outro, ajuda a reconhecer
os logros das diversas iniciativas no Brasil”.
A EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL
A principal novidade do Seminário de Boas Práticas 2017 foi a realização conjun-
ta do I Fórum Internacional de Parcerias na Gestão de Unidades de Conservação,
uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), liderada
por Alexandre Santos, superintendente de Desenvolvimento Econômico e Social do
órgão e Larissa Diehl, coordenadora de concessões do ICMBio e do projeto PAPP.
Essa aliança foi o destaque da edição de 2017 entre uma série de aprimoramentos
voltados à difusão do conhecimento.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


14
FIQUE POR DENTRO DOS TEMAS GESTÃO COMUNITÁRIA DOS RECURSOS TURÍSTICOS
USANDO O MÉTODO CAMPFIRE 15
DISCUTIDOS BRIAN CHILD – PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DA FLÓRIDA, PRÁTICA NA
Nos links é possível conferir todas as apresentações na íntegra
ZÂMBIA E ZIMBÁBUE

A experiência no sul da África trouxe a história da estruturação do Turismo de Base


Comunitária. Esse trabalho envolveu, entre uma série de medidas, o convencimen-
GOVERNANÇA, SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA, to da própria comunidade sobre a importância do desenvolvimento de atividades
ARTICULAÇÃO INTERINSTITUCIONAL E RELAÇÃO COM A que apresentam melhor retorno financeiro, a partir da articulação com os diferen-
COMUNIDADE tes atores sociais, com destaque para o poder público. Orientações à comunidade
sobre como negociar com a iniciativa privada também fizeram parte da dinâmica
JOSÉ ANTONIO GÓMEZ – INTEGRAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS DO BIOMA
implementada. O acesso aos recursos da exploração econômica dentro da unidade
AMAZÔNICO – IAPA/FAO/ COLÔMBIA
vinculado ao cumprimento de uma série de requisitos obrigatórios, em termos da
O projeto Visão Amazônica que tem à frente a Redparques, rede de cooperação Associação dos Moradores, contribui para o fortalecimento do grupo.
técnica com integrantes da Venezuela, Colômbia, Equador, Peu, Bolívia e Brasil tem
permitido, especialmente na região Andino Amazônica, avançar na consolidação do http://bit.ly/gestao_comunitaria
trabalho em áreas protegidas. A iniciativa busca fortalecer a rede latino-americana
de áreas que pertencem à categoria de protegidas, avançar em temas importantes
das UCs e priorizar a governança como elemento-chave. A construção de pontes CADEIA DE VALOR COM VALORES – PARCERIAS ENTRE
globais, sem perder de vista o ponto de partida do nível local também merece COMUNIDADES LOCAIS, ONG E SETOR PRODUTIVO
atenção e, segundo o palestrante, esse vínculo é fundamental nas Boas Práticas, (PROJETO ORIGENS BRASIL)
nas parcerias e nas relações institucionais. Gomez também pontua o intercâmbio
ROBERTO PALMIERI – IMAFLORA
entre comunitários da Cazumbá-Iracema/Brasil e da Reserva Comunitária Manun-
ripi/Bolívia, o que possibilitou aos bolivianos uma nova alternativa de renda. Entre Origens Brasil é um selo lançado em 2016 que visa dar mais transparência às ca-
os resultados do projeto está o Atlas de Oportunidades de Conservação do Bioma deias de produtos florestais, assegurando sua origem e ajudando o consumidor a
Amazônico, uma ferramenta para conhecer o estado do bioma em termos da mu- identificar empresas que valorizam e respeitam, em suas práticas comerciais, as
dança climática, incluindo indicadores como riscos ecológicos, armazenamento de populações dos Territórios de Diversidade Socioambiental, como é o caso do Xingu,
carbono, rendimento hídricos. Com base no documento é possível traçar uma aná- Calha Norte e Rio Negro. Por meio de um QR Code impresso nas embalagens dos
lise de prioridades ecológicas e contribuir para a tomada de decisão. produtos vindos dessas localidades é possível verificar a origem do produto, sua
história (contada pelos próprios produtores e extrativistas das comunidades), e,
Confira o Atlas http://bit.ly/atlas_oportunidades principalmente, ter informações sobre o território de onde ele vem e como a sua
produção tem contribuído para a conservação dessas áreas protegidas.
http://bit.ly/governança_sustentabilidade
http://bit.ly/origens_Brasil

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


NOVOS INSTRUMENTOS DE SUSTENTABILIDADE CONSTRUINDO PARCERIAS E MOBILIZANDO RECURSOS:
16 FINANCEIRA PARA APOIO A CADEIAS DE VALOR COM REUNINDO ORGANIZAÇÕES, COMUNIDADES E 17
BASE COMUNITÁRIA PESSOAS QUE DESEJAM CONSTRUIR UM MUNDO MAIS
VALMIR ORTEGA – CONEXSUS CONEXÕES SUSTENTÁVEIS SUSTENTÁVEL
Seremos capazes de gerar nos próximos anos uma economia dinâmica baseada MARCO VAN DE REE – EMPRESA BROKERING SOLIDARITY/ESPANHA
em ativos da biodiversidade e socioculturais ou não vamos segurar a pressão na Criar parcerias para aumentar o impacto positivo ocupou lugar central na pales-
Amazônia? Essa foi a questão central da apresentação, que tratou sobre a descon- tra. Nesse contexto, costumam favorecer os resultados, a diversidade de atores
tinuidade de inúmeros projetos bem-sucedidos por até seis anos, por conta do sociais, a criação de confiança entre esses membros e a comunicação eficaz entre
fim do aporte dos recursos. Em resposta a esse desafio, desponta como alterna- as partes envolvidas. O reconhecimento dos pontos fortes e das fraquezas dos par-
tiva combinar recursos não reembolsáveis a instrumentos reembolsáveis, tendo ceiros também é fundamental, antes da fase da implementação. As características
em vista aumentar as chances de sobrevivência dos negócios sociais/sustentáveis das quatro fases das parcerias estratégicas também estiveram em pauta: escopo e
após o fim da filantropia. construção; gestão e manutenção; implementação; sustentabilidade de resultados.
Como o seu trabalho contribuir para os ODS globais? A pergunta provocou a plateia
http://bit.ly/novos_instrumentos
durante a palestra e sem dúvida leva à uma essencial reflexão.

http://bit.ly/parcerias_recursos
MODELAGEM DE UM CONTRATO DE GESTÃO PARA A
ACADEMIA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE – ACADEBIO
SILVANA CANUTO – DIPLAN/ICMBIO
ARRANJOS DE PARCERIAS PARA IMPLEMENTAÇÃO
DE TRILHAS DE LONGO PERCURSO (EXPERIÊNCIA DA
O projeto busca transformar a escola corporativa do ICMBio em uma instituição de
PACIFIC CREST TRAIL) ESTADOS UNIDOS
ensino do Sisnama e do Snuc, além de oferecer certificação do MEC para os cursos
de pós-graduação e promover o intercâmbio de alunos e professores nacionais e JENNIFER TRIPP – PACIFIC CREST TRAIL ASSOCIATION E JIMMY GAUDRY –
internacionais. Com o Chamamento Público para o contrato de gestão, o objetivo é SERVIÇO FLORESTAL DOS ESTADOS UNIDOS
escolher um parceiro que compartilhe dos mesmos interesses do Instituto, nesse O comprometimento dos voluntários que retribuem os serviços ambientais das
caso, por meio da educação e da conservação da biodiversidade. A ideia é repassar áreas naturais com atividades de manutenção das trilhas é o ponto central dessa
no contrato os blocos da Acadebio, o sítio histórico para que ele possa ser poten- boa prática. O estímulo às atividades ao ar livre está na identidade desse projeto
cializado na visitação e na conservação, assim como três trilhas, centro de visitan- que tem na experiência do usuário na natureza o principal aliado para engajar
tes, casas da vila, viveiro e a área de lazer do lago.
mais pessoas na defesa e na criação das áreas protegidas. A aliança entre o Servi-
ço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e as organizações não governamentais foi
http://bit.ly/modelagem_contrato_gestao
apontada como o caminho para administrar o manejo das trilhas e mobilizar ainda
mais a sociedade.

http://bit.ly/arranjos_parcerias_trilhas

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


POLÍTICA PÚBLICA
PESQUISA ICMBio E CNPq IMPLEMENTAM SOLUÇÃO 19
Conheça os avanços capazes de contribuir para o INÉDITA PARA ÁREAS PROTEGIDAS
desenvolvimento de trabalhos específicos sobre as Coordenação geral: Katia Torres Ribeiro (ICMBio). Coordenação executiva: Ana Elisa de Faria Bacellar (ICMBio).
Unidades de Conservação, a importância da participação Gestão dos recursos e gerenciamento: ICMBio e CNPq.

da comunidade nesse contexto e o conhecimento utilizado


Pesquisas científicas em Unidades de Conservação (UCs), PERFIL
como estratégia preventiva. apesar de previstas na legislação, ainda enfrentam obstá-
Unidades de Conservação do Bioma
culos de múltiplas ordens no Brasil. A Lei 9.985/2000, que
Caatinga e do Bioma Mata Atlântica de
constituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
onze estados.
da Natureza (SNUC), menciona o termo Pesquisa mais de 20
vezes, enquanto o Decreto nº 4.340/2002 destaca a prática ࡿࡿ UCS DO BIOMA CAATINGA
entre as cinco prioridades relacionadas à aplicação dos re- Estações Ecológicas: de Aiuaba/CE; Raso
cursos de compensação ambiental, mas os estudos seguem da Catarina/BA; do Seridó/RN.
Foto: Acervo Tamar
muito abaixo do esperado e representam em certa medida
Parques Nacionais: do Catimbau/PE; da
desafios às unidades.
Chapada Diamantina/BA; da Serra da
“O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Capivara/PI; da Serra das Confusões/PI;
(ICMBio) tem enfrentado grandes e históricas dificuldades de Sete Cidades/PI; de Ubajara/CE.
para utilizar esses recursos. As especificidades e restrições
ࡿࡿ UCS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA
administrativas tornam complexa sua execução, sobretudo
na realização de pesquisas científicas importantes para sub- Parques Nacionais: dos Campos Gerais/
sidiar a gestão das UCs e a preservação da biodiversidade”, PR; de Caparaó/ES/MG; do Itatiaia MG/
reforça Ivan Salzo, analista ambiental do ICMBio e relator RJ; Histórico do Monte Pascoal/BA; da
dessa Boa Prática. Diante desse cenário, o ICMBio encontrou Serra da Bocaina/RJ/SP; da Serra dos
na criação de mecanismos o caminho capaz de articular os Órgãos/RJ.
recursos com as demandas das unidades, tendo como elo o Floresta Nacional do Rio Preto/ES;
conhecimento científico. Reserva Ecológica de Pedra Talhada/AL/
PE; Reserva Extrativista Marinha da Baia
Foto: Nelson Yoneda de Iguape/BA; Refúgio da Vida Silvestre
dos Campos de Palmas/PR.

OBJETIVOS
Fortalecer a pesquisa nas áreas de
gestão e da biodiversidade, por meio de
chamadas de projetos com recursos de
compensação ambiental. Obter conhe-
cimento científico e tecnológico especí-
fico de aplicação prática sobre cada UC
e favorecer a inserção da área prote-
gida no contexto regional. Contribuir
para formação de recursos humanos
nas áreas relacionadas à proteção da
biodiversidade e do patrimônio cultural.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Foto: Marcelo Guena

de Integração do Rio São Francisco com as Bacias INSPIRE-SE!


20 Hidrográficas do Nordeste Setentrional. 21
Em oficina, gestores das unidades identificaram as
áreas com principais demandas de conhecimento. ࡿࡿ O levantamento com os servidores das
UCs sobre as principais necessidades de co-
Essas informações subsidiaram o desenvolvimento
nhecimento na unidade foi importante para
das linhas de pesquisa prioritárias à gestão e con-
entender os desafios envolvidos.
servação da biodiversidade. Os recursos da com-
pensação foram depositados na Caixa Econômica ࡿࡿ O contato com os pesquisadores das
Federal em 2009. A partir desse fato, ICMBio e o Universidades locais para apresentação das
CNPq iniciaram reuniões técnicas voltadas ao lan- principais demandas na área da pesquisa na
çamento de edital de pesquisa sobre Unidades de UC pode ser uma oportunidade de estimu-
Conservação Federais, como forma de utilizar tais lar trabalhos com resultados de aplicação
recursos. prática.

A parceria propiciou a construção de mecanismos ࡿࡿ Habilidades administrativas na equipe


inovadores para a transferência dos recursos ao gestora podem levar inclusive a novas alian-
ças entre a UC e a área acadêmica.
CNPq. Em 2011, a operacionalização financeira feita
por meio de um Acordo de Cooperação resultou no ࡿࡿ Os conhecimentos específicos sobre a
repasse de aproximadamente R$ 3,6 milhões. A Cha- Unidade de Conservação empoderam tanto
mada CNPq/ICMBio n° 13/2011 aprovou 17 propos- gestores quanto a comunidade.
tas de dez instituições de pesquisa, com prazo de
execução de dois anos, no valor de R$ 3,4 milhões;
sete projetos desenvolveram pesquisas em mais de
uma UC.

A experiência foi replicada para a Chamada CNPq/ PARCEIROS DO PROJETO


ICMBio/FAPs n° 18/2017 que contou com duas li-
RESULTADOS METODOLOGIA Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
nhas: R$ 1,2 milhão da Compensação Ambiental do
Tecnológico (CNPq). Exclusivos à Chamada 13/2011:
ࡿࡿ Desenvolvimento de soluções inéditas A construção do Programa de Incentivo à Pesqui- Projeto de Integração do Rio São Francisco com as
Conselho Nacional das Fundações Estaduais de
capazes de viabilizar a utilização de recursos de sa em Unidades de Conservação (UCs), na esfera Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (Caa-
Amparo à Pesquisa (Confap); Empresa Brasileira de
compensação ambiental em projetos selecionados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re- tinga) e R$ 2,8 milhões da Compensação Ambiental
Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Instituto Nacio-
com base no mérito. cursos Naturais Renováveis (Ibama), em 2006, foi o do Gasoduto Cacimbas-Catu (Mata Atlântica). Dessa
nal de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Universidade
primeiro movimento no sentido de estimular a pro- vez, a consulta aos gestores das Unidades de Con-
ࡿࡿ Seleção de linhas temáticas segundo a diretriz Estadual de Feira de Santana (UEFS); Universidade
dução de conhecimentos para subsidiar a tomada servação, quanto às principais lacunas de conheci-
nacional e consulta aos gestores das Unidades de Federal de Alagoas (UFAL); Universidade Federal do
de decisão sobre manejo, uso e proteção das áreas mento, foi realizada por meio de formulários online.
Conservação. Ceará (UFC); Universidade Federal do Pará (UFPA);
protegidas. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Uni-
ࡿࡿ Fortalecimento da capacidade regional de
pesquisa, da realização de projetos integrados e do
Em 2007, a proposta de aplicação de parte do re- PERÍODO versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Univer-
curso da compensação ambiental da transposição sidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); e
elo entre pesquisa e políticas públicas com foco na Chamada 13/2011: 2011 a 2016
do Rio São Francisco em pesquisas foi apresentada Universidade Regional do Cariri (URCA).
conservação da biodiversidade.
à Câmara de Compensação Ambiental que aprovou Chamada 18/2017: 2017 a 2021
Além dessas parcerias, 33 instituições colaboraram
ࡿࡿ Pesquisas em nove Unidades de Conservação o documento no mesmo ano. A medida possibilitou com os projetos de pesquisa totalizando 45 insti-
em 2011 e em 19 UCs em 2017, com formação de o financiamento de pesquisas em UCs federais com tuições.
base de dados inédita. Apenas a Chamada de 2011 recursos de compensação ambiental. O projeto teve
registrou a produção de cerca de 300 trabalhos início em unidades do bioma Caatinga com recur-
entre artigos, monografias, teses, livros... sos relativos à compensação ambiental do Projeto

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PESQUISA E PATROCÍNIO

22
PROJETO COM A MARACANÃ-VERDADEIRA RESULTADOS METODOLOGIA
23
SUBSIDIARÁ A REINTRODUÇÃO DA ARARINHA- ࡿࡿ Realização do primeiro levantamento de
mamíferos e aves terrestres por armadilhamento
Curaçá integra o polígono da seca e possui baixo Ín-
dice de Desenvolvimento Humano (IDH), 0,581. O por-
AZUL NA NATUREZA fotográfico na área de ocorrência histórica da centual da população acima de 18 anos com ensino
Coordenação geral e executiva: Camile Lugarini (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves ararinha-azul. 2.250 câmeras-dias registraram 15 fundamental completo é de 30,05% e a renda per ca-
Silvestres - Cemave/ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade espécies de mamíferos e três de aves terrestres pita média chegou a R$ 236,77 em 2010. Os dados são
(Funbio). de médio e grande porte. Cinco destas espécies do Atlas do Desenvolvimento Humano – uma iniciati-
Foto: Marco Sarti
são consideradas ameaçadas de extinção: gato- va do Programa das Nações Unidas para o Desenvol-
do-mato-pequeno, puma, jaguarundi, mocó e vimento (Pnud), do Instituto de Pesquisa Econômica
jacucaca. Duas espécies estão quase-ameaçadas: Aplicada (Ipea) e da Fundação João Pinheiro (FJP).
caititu e ema.
Diante da realidade local com alta dependência de
ࡿࡿ 82 árvores e mais de 25 ninhos monitorados programas socais, especialmente Bolsa Família e
somente na temporada reprodutiva de 2016-2017. Garantia-Seguro Safra, o projeto Maracanã foi es-
A análise da saúde dos filhotes de maracanã truturado em três vertentes: 1. Produzir informações
demonstrou a inexistência de risco de doenças necessárias à conservação do habitat e da fauna
na região que possam afetar as populações associada com o auxílio de instituições de ensino
reintroduzidas. superior e pesquisas locais; 2. Envolvimento e enga-
jamento comunitário para apropriação do Projeto,
ࡿࡿ Instalação de gravadores automáticos em 150
como forma de garantir a continuidade das práticas
pontos na área proposta para a criação da Unidade
conservacionistas; 3. Capacitação com o objetivo de
de Conservação federal. A medida permite identificar
promover uma nova oportunidade de emprego, o
as áreas mais ocupadas pelas maracanãs e outras
turismo de observação de aves.
aves. A presença constante de pesquisadores em
campo e a participação de comunitários do local A produção de informações sobre a maracanã mobi-
inibiram a retirada de filhotes de maracanãs dos lizou pesquisadores, profissionais, estudantes de gra-
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) integra a lista dos PERFIL
ninhos, prática comum na região. duação e Ensino Médio Técnico da região. A equipe
animais criticamente ameaçados de extinção do Minis-
O município de Curaçá, no submédio São buscou conhecer o comportamento reprodutivo da
tério do Meio Ambiente. Em todo mundo, existem apro- ࡿࡿ Identificação da necessidade de um trabalho
Francisco, tem como característica a pre- maracanã, dados ecológicos sobre o habitat, poten-
ximadamente 160 indivíduos em cativeiro, concentrados contínuo de educação ambiental, a partir de 169
sença abundante de maracanãs e de mais ciais predadores, nas áreas de mata ciliar da Caatinga
na Alemanha, no Brasil e em Cingapura. O último macho entrevistas em 83 localidades, entre fazendas e
quatro espécies de psitacídeos. No total, de Curaçá e Juazeiro (Bahia) e as características socio-
de ararinha-azul registrado em vida livre no Brasil for- comunidades, na área da proposta da Unidade de
são 204 espécies de aves, de 50 famílias, culturais da região, por meio de seis subprojetos:
mou par com uma maracanã, mas desde 2000 ele não Conservação.
sendo 28 endêmicas da Caatinga. A área é
é visto. A ararinha azul e a maracanã (Primolius mara- Foto: Tatiane Alves Foto: Damilys Oliveira
considerada altamente prioritária para a
cana) compartilham habitat, cavidades de nidificação e
conservação de remanescentes de Caatinga.
itens alimentares na região de Curaçá, (Bahia). Diante de
tantas similaridades, as ações de conservação da arari- OBJETIVOS
nha-azul são desenvolvidas utilizando a maracanã como
Levantar informações científicas sobre a
referência. “O Projeto Maracanãs buscou com atividades
maracanã para subsidiar a reintrodução da
de campo conhecimento sobre a maracanã, no âmbito do
ararinha-azul e a implementação de Unida-
Projeto Ararinha na Natureza. Os resultados vão emba-
de de Conservação federal; despertar nas co-
sar a implementação da Unidade de Conservação fede-
munidades o orgulho da região e o senso de
ral, que deve ser criada ainda em 2018 e as atividades
pertencimento à causa; desenvolver ativida-
de reintrodução da ararinha-azul com início previsto até
des que gerem renda às comunidades, como
2022”, reforça Camile Lugarini, analista ambiental no Cen-
o turismo ecológico, com destaque para a
tro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silves-
observação de aves.
tres/ICMBio.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
1. Impacto da captura e tráfico de maracanãs e ou- 6. Acessar o deslocamento diário, sazonal e o uso de vulgação do projeto com base em ações e práticas INSPIRE-SE!
24 tros psitacídeos em Curaçá (Bahia) priorizou a apli- área da maracanã, por meio de telemetria e testar em rede de contatos e estimulou a troca de saberes 25
cação de questionários socioambiental, econômico se o equipamento pode ser utilizado nos eventos com base em ações de Educação Ambiental. O ví-
e fundiário nas fazendas e nas comunidades, assim de reintrodução de maracanãs e ararinhas-azuis. deo produzido foi selecionado no Circuito Tela Ver- ࡿࡿ O engajamento da comunidade fortale-
como a obtenção de informações a respeito da cap- Nessa etapa a equipe testou radiocolares VHF em de 2018. ce os projetos e pode auxiliar em uma série
tura das maracanãs e de outros psitacídeos. A ini- maracanãs em semicativeiro (mantidas por um co- de atividades de campo, em especial na cole-
O Projeto Maracanãs no âmbito do Projeto Ararinha
ciativa registrou a opinião dos moradores a respeito munitário, mas com acesso ao voo diurno) e em um ta de dados. Invista na capacitação de acordo
na Natureza foi financiado pela Vale.
da criação de uma ou mais Unidades de Conserva- filhote no ninho. com as demandas atuais e agregue parceiros
ção. Na região, cerca de 43% dos moradores man- nessa missão.
têm psitacídeos em cativeiro, o mais frequente é o PERÍODO ࡿࡿ Desenvolver programa de educação am-
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE biental em comunidades, onde a captura de
Setembro de 2016 – em andamento.
2. Avaliar o estado sanitário de psitacídeos adul- Para mobilizar especialmente jovens estudantes e aves é disseminada, desponta entre as estra-
tos e filhotes encontrados nas casas das fazendas comunitários-chave, por conta do conhecimento tégias para reverter essa realidade. Durante
da área proposta como Unidade de Conservação. que possuem sobre os animais da região, o projeto PARCEIROS DO PROJETO o Projeto Maracanã, pequenos proprietários
instituiu o Programa de Voluntariado. deixaram de criar maracanãs ilegalmente,
Durante as visitas às fazendas e comunidades, a Al Wabra Wildlife Preservation; Association for the
após envolvimento na iniciativa.
equipe examinou os psitacídeos mantidos em ca- A coordenadora de campo do projeto, professora no Conservation of Threatened Parrots; Fazendo Ca-
tiveiro e colheu material biológico (sangue, suabes Ensino Médio Técnico de Curaçá, estimulou a par- choeira; Universidade Federal de Pernambuco ࡿࡿ Comunique a proposta de transformar
cloacal e oral) para análise. Todos os animais fo- ticipação dos estudantes dos cursos de Zootecnia, (UFPB); Universidade Federal do Rio Grande do Nor- determinada área em Unidade de Conser-
ram microchipados e os resultados vão embasar Agropecuária e Agroecologia do Colégio Estadual te (UFRN); Centro de Conservação e Manejo de Fau- vação, antes da consulta pública, organize
as estratégias de soltura, especialmente quanto à na da Caatinga, da Universidade Federal do Vale do encontros nas associações e nas proprie-
José Amâncio Filho. Os interessados passaram por
presença ou ausência de determinados microrga- dades que integram a área em questão e con-
capacitação que incluiu cursos de monitoramento São Francisco (Univasf-Cemafauna); Universidade
nismos. verse com os moradores sobre a importância
de psitacídeos, ascensão vertical em árvores, além Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Fede-
da preservação. Transforme esse momento
3. Probabilidade de ocupação da maracanã em de apresentações sobre o Projeto Ararinha-azul e os ral do Rio de Janeiro (UFRJ); Instituto de Pesquisas
em oportunidade para estabelecer canal de
Curaçá, Brasil mensurada a partir da instalação, em desafios dos pesquisadores e da comunidade para Espaciais (Inpe); Parque das Aves; Instituto Arara-
comunicação com os moradores e esclareça
mais de 70 km, de gravadores que registraram as vo- a reintrodução da espécie. -azul; Escola Estadual José Amâncio Filho (Cejaf). todas as dúvidas.
zes das maracanãs. Dessa forma, os pesquisadores Após os treinamentos, a equipe selecionou os co-
tiveram condições de conhecer e observar as carac- munitários que auxiliariam nas atividades em cam- Foto: Mercia Milena Foto: Wanderly
terísticas dos ambientes que concentram o maior po dos subprojetos, na coleta de dados científicos,
número de maracanãs. monitoramento de filhotes e adultos de maracanãs,
4. Probabilidade de ocupação de mamíferos e aves aplicação de questionários, divulgação de eventos
ameaçados, quase ameaçados e predadores na re- do projeto, tabulação de dados, dentre outros.
gião de Curaçá foi analisada com a instalação de A partir dessa aproximação, o interesse pelo estu-
armadilhas fotográficas que registraram mamíferos do aumentou, moradores buscaram participar das
e aves. Dessa forma, a equipe identificou as locali- atividades e passaram a cobrar a valorização das
dades que deveriam ser incorporadas à Unidade de comunidades no contexto do projeto.
Conservação.
A etapa referente ao curso Ararinha na natureza
5. Ecologia reprodutiva da maracanã para embasar e a comunidade na cena: o encontro da Educação
a soltura de ararinhas-azuis, de dezembro a abril Ambiental com o cinema, em Curaçá (Bahia) teve
(período reprodutivo) foi possível monitorar casais como objetivo produzir de maneira colaborativa fil-
de maracanãs e a atividade nos ninhos. A equipe mes ambientais que reforçassem a sinergia entre a
retirou temporariamente ovos e filhotes do ninho conservação da ararinha-azul e de outras aves e a
para a coleta de dados e medidas, anilhamento, mi- participação da comunidade de Curaçá. Durante a
crochipagem e coleta de material biológico. atividade, a equipe destacou a importância da di-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


UNIVERSIDADE PARCEIRA

26
PROJETO MAArE DESENVOLVE AÇÃO RESULTADOS INSPIRE-SE!
27
PREVENTIVA DIANTE DE EXPLORAÇÃO ࡿࡿ As descobertas científicas vão subsidiar a
construção do Programa de Monitoramento
PETROLÍFERA Ambiental da Reserva Biológica Arvoredo e Entorno
ࡿࡿ Parcerias com Universidades possi-
bilitam, de fato, a obtenção de resultados
Coordenação geral: Adriana Carvalhal Fonseca (Reserva Biológica Marinha do Arvoredo/ICMBio). Coordenação que deve ser executado de forma sistemática e
práticos voltados à gestão da Unidade de
executiva: Drª. Bárbara Segal e Drª. Andrea Freire (Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade contínua.
Conservação (UC).
Federal de Santa Catarina - UFSC). Gestão dos recursos e gerenciamento: Marcio Soldatelli (contratado pela ࡿࡿ Elaboração de um documento com as Diretrizes
Fapeu/UFSC). ࡿࡿ Workshops com a comunidade científica
para Monitoramento Ambiental e Socioeconômico
trazem novos pontos de vista com diferen-
de Áreas Marinhas Protegidas no Brasil. As
tes abordagens no sentido de aperfeiçoar a
O licenciamento ambiental dos campos petrolíferos de Baúna e Pi- PERFIL recomendações podem ser utilizadas como gestão.
racaba, na Bacia de Santos, teve como condicionante, indicada pelo subsídio para o desenvolvimento de um Programa
Unidade de proteção integral
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a de Monitoramento Ambiental nas UCs Marinhas do ࡿࡿ Publicação de resultados científicos em
formada pelas Ilhas do Arvo- linguagem acessível à sociedade possibilita
realização de projeto de monitoramento ambiental na Reserva Bio- ICMBio.
redo, Galé, Deserta, Calhau de disseminar o conhecimento e aumentar o in-
lógica Marinha do Arvoredo e entorno, localizada na costa de San-
São Pedro e pela área mari- ࡿࡿ Lançamento do livro MAArE - Monitoramento teresse da população pelas áreas protegidas.
ta Catarina, a cerca de 300 quilômetros da atividade licenciada em
nha relativa ao arquipélago. Ambiental da Rebio Arvoredo e Entorno nas
questão. “O intuito principal foi obter uma caracterização ambiental ࡿࡿ Inclusão de empresas locais como pres-
Localizada no litoral do Estado versões impressa e digital com os resultados e
detalhada da área marinha, de forma a facilitar a identificação de po- tadoras de serviço (operadoras de mergulho
de Santa Catarina, entre os as experiências do projeto www.maare.ufsc.br/
tenciais impactos da atividade petrolífera, principalmente no que se e serviços náuticos, por exemplo) fortalece
municípios de Florianópolis produtos/livro-projeto-maare. A publicação gerou
refere à introdução de espécies exóticas”, destaca Adriana Carvalhal, a relação entre a população e a UC. Treina-
e Bombinhas, possui 17.600 grande repercussão na mídia local.
analista ambiental na unidade. mento e capacitação da equipe potenciali-
hectares de superfície com ࡿࡿ Desenvolvimento do Portal de Monitoramento zam a aplicação de novas ações. Saiba mais
Foto: João Paulo Krajewski
remanescentes de Mata Atlân- Marinho que armazena e sistematiza os dados. A sobre o projeto em www.maare.ufsc.br
tica, locais de reprodução de plataforma pode ser absorvida pelo ICMBio para
aves marinhas, além de sítios ser utilizada em UCs marinhas e terrestres.
arqueológicos e elevada biodi-
versidade marinha.
METODOLOGIA
OBJETIVOS
A equipe da Rebio Arvoredo convidou pesquisadores de científica e gestores. Durante o evento, os par-
Levantar e acompanhar os do Departamento de Ecologia e Zoologia da Univer- ticipantes discutiram abordagens, metodologias e
indicadores biológicos e sidade de Santa Catarina (UFSC) para a elaboração indicadores a serem utilizados, além das perspec-
parâmetros oceanográficos, conjunta do projeto de monitoramento ambiental, tivas de longo prazo.
incluindo o monitoramento de viabilizado por um contrato tripartite entre Petro-
contaminantes (hidrocarbone- bras, UFSC e a Fundação de Amparo à Pesquisa e
tos, esteróis e metais pesados) Extensão Universitária (Fapeu).
PERÍODO
para subsidiar a construção Junho de 2013 a junho de 2017.
De 2014 a 2016, o Projeto MAArE realizou mais de
de um programa de monitora-
130 expedições, promoveu o treinamento e a ca-
mento ambiental, sistemático e
pacitação da equipe de mais de 120 pessoas, en-
contínuo na Reserva, como es- PARCEIROS DO PROJETO
tre pesquisadores, técnicos e pessoal de apoio, da
tratégia preventiva a potenciais Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a
UFSC, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
impactos da atividade petrolí- Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Univer-
e da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). A
fera na Bacia de Santos. sitária (Fapeu).
Boa Prática incluiu como produto do projeto a re-
alização do workshop Monitoramento para apoio à
gestão de UCs Marinhas do Brasil com a comunida-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


INCLUSÃO DIGITAL

28
MORADORES DE COMUNIDADES REALIZAM RESULTADOS
29
AÇÃO NO CONTROLE DE ZOONOSES ࡿࡿ Ampliação do conhecimento das comunidades
sobre zoonoses, hábitos e atividades que podem
da Bahia em cerca de 15 dias resultou na autuação da
pesca predatória nos bancos de corais em área não
EMERGENTES favorecer a transmissão de doenças. O sistema, monitorada pelo Projeto Tamar.
em setembro de 2017, contava com 3.222 registros ࡿࡿ O SISS-Geo disponibiliza aos gestores a obtenção
Coordenação geral: Marcia Chame (Fundação Oswaldo Cruz). Coordenação executiva: Marcia Chame e Maria
de animais, enviados por mais de 1.400 usuários, de relatórios a partir da escolha das informações
Lucia de Macedo Cardoso (Fundação Oswaldo Cruz). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundação para o
Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec). de 19 Estados. Uma ferramenta de validação desejadas na Plataforma SISS-Geo webservice.
dos dados analisa a pertinência dos registros Informações do sistema também contribuem com
que são abertos, inseridos no Google Maps e os Planos de Ação de Espécies Ameaçadas e com
A extensão territorial nacional, assim como as dimensões PERFIL
podem ser visualizados, em tempo real, em o monitoramento da Lista Vermelha de espécies
das UCs e os limites quanto ao número de servidores, tanto
Unidades de Conservação Federais e www.biodiversidade.ciss.fiocruz.br
da saúde quanto do setor ambiental, representam desafios ameaçadas.
Estadual. Parque Nacional da Serra dos
que precisam ser superadas para o monitoramento da saú- ࡿࡿ Notificações de macacos mortos durante a recente ࡿࡿ Em 2017, a plataforma SISS-Geo obteve a
Órgãos/RJ; Reserva Extrativista Tapajós-A-
de silvestre e humana nas Unidades de Conservação (UCs) epizootia (doença ou morte de animal ou de grupo de certificação Tecnologia Social, pela Fundação
rapiuns/PA; e Parque Estadual da Serra do
e entorno, com foco no controle e prevenção de zoonoses animais que possa apresentar riscos à saúde pública) Banco do Brasil. O projeto foi o vencedor da
Conduru/BA.
emergentes e na conservação das espécies. de Febre Amarela geraram alertas para a tomada de categoria Órgãos Públicos do Prêmio Nacional de
OBJETIVOS decisão da vigilância em saúde e conservação de Biodiversidade, promovido pelo Ministério do Meio
“As alterações ambientais crescentes e intensas têm fa-
primatas. O alerta de tartarugas mortas no litoral sul Ambiente.
vorecido o aumento na distribuição da transmissão e o Identificar riscos e a percepção de risco
rompimento de barreiras biológicas favorece a circulação das comunidades sobre doenças que cir-
de doenças, causando impacto considerável tanto nos culam entre animais silvestres e pessoas
Foto: André Telles
animais quanto nas pessoas”, afirma Marcia Chame, co- e são potencializadas pelo modo de vida
ordenadora do Centro de Informação em Saúde Silvestre e produção; qualificar multiplicadores e
e da Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde, da comunidades para a compreensão da rela-
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). ção da biodiversidade com a saúde huma-
Em resposta a esse cenário que inspira atenção, o investi- na; implementar o uso do SISS-Geo para
mento em tecnologia alinhado à participação da sociedade, o monitoramento participativo de animais
em especial de moradores de comunidades tradicionais, silvestres e potenciais riscos de emergên-
indígenas, gestores de UCs e especialistas representa um cias de zoonoses; elaborar materiais de
caminho de oportunidades. boas práticas em saúde, qualidade de vida
e conservação da biodiversidade.

Foto: André Telles Foto: André Telles

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


INSPIRE-SE! O SISS-Geo funciona em dispositivos de comuni- nicação efetivo com comunidades desassistidas. PERÍODO
30 cação móvel e opera offline. A partir do georrefe- 31
A partir das contribuições das comunidades, 166 Janeiro de 2015 a julho de 2017
renciamento do GPS do próprio aparelho possi-
melhorias foram implementadas na plataforma.
ࡿࡿ Conheça mais sobre o tema no livro bilita que moradores e especialistas em lugares
Entre os colaboradores selecionados durante as
Biodiversidade faz bem à saúde: guia prático, distantes e de difícil acesso também contribuam
oficinas estão moradores das comunidades, agri- PARCEIROS DO PROJETO
desenvolvido a partir das informações obti- com o monitoramento da fauna em ambientes
cultores, guardas-parque e técnicos florestais que Conselho da Resex Tapajós-Arapiuns; Associação
das nas comunidades. http://bit.ly/bioguia naturais, rurais e urbanos. As informações sobre
receberam aparelho celular (via doação) para mo- das Organizações da Reserva Tapajós-Arapiuns -
espécie, localização, comportamento e condições
ࡿࡿ Falar sobre a saúde das pessoas, dos nitoramento da fauna. Tapajoara; Instituto Arapyaú (SP/BA); Associação
de saúde são sistematizadas, gerando alertas e
seus animais e dos animais silvestres, in- Mecenas da Vida/BA; Instituto Floresta Viva/BA; Ins-
notificações aos órgãos responsáveis em diversas O projeto foi financiado com recursos do Fundo
cluindo o tema como parte dos projetos e tituto Marola/BA; Conselho do Parque Nacional da
esferas, ampliando os esforços da vigilância em Brasileiro para Biodiversidade (Funbio) e do Pro-
programas de gestão de UCs com as comuni- Serra dos Órgãos.
epizootias e a geração de informação tanto para jeto Nacional de Ações Integradas Público-Priva-
dades auxilia na aproximação de interesses
a saúde quanto para a conservação da biodiver- das para Biodiversidade (Probio II/MMA).
comuns, dilui conflitos e gera possibilidades
de acordos e práticas de ganho comum. sidade.

ࡿࡿ Devolutivas sobre os resultados de pes- Na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, o pro-


quisas com o envolvimento das comunidades jeto foi aprovado pelo Conselho da unidade e
favorecem o relacionamento e estabelecem contou com expedições para levantamento da
confiança. Nessa prática, os participantes percepção e análise de risco de doenças. Oficinas
(famílias, agentes de saúde e professores) nas comunidades e treinamento sobre como usar
receberam além da apresentação dos resulta- o SISS-Geo proporcionaram também a seleção de
dos, o livro desenvolvido pelo projeto. Semi- colaboradores do projeto.
nários para apresentação dos resultados aos
gestores das UCs são estratégicos. No Parque Estadual da Serra do Conduru, reunião
com parceiros locais sinalizou um caminho com Foto: ICMBio / André Telles
ࡿࡿ Além do aumento da integração das algumas particularidades, como a realização de
comunidades e de outros atores sociais com cursos estruturados para atender às expectativas
a equipe da Unidade de Conservação, com
dos grupos de interesse. As comunidades mais
o monitoramento participativo é possível
isoladas e vulneráveis participaram do projeto,
produzir mais informações que podem ser
por meio de oficinas, em conjunto com a lideran-
valiosas para apoiar a gestão.
ça da unidade, ONGs e organização de setores
produtivos locais, como pescadores e guias de
Turismo de Base Comunitária.

METODOLOGIA Já no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a apro-


ximação com os gestores ocorreu via participação
O Sistema de Informação em Saúde da Vida Sil-
da Fiocruz no Conselho do parque e apresentação
vestre SISS-Geo é uma parceria entre a Plataforma
do projeto nos eventos de pesquisa. As palestras
Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre (PI-
sobre o SISS-Geo e o treinamento tiveram como
BSS), da Fiocruz, e o Laboratório Nacional de Com-
público-alvo condutores de trilhas, brigadistas,
putação Científica (LNCC), do Ministério da Ciência,
equipe do parque e o batalhão ambiental muni-
Tecnologia, Inovação e Comunicação. A tecnologia
cipal de Magé.
baseada na Ciência Cidadã busca transpor as difi-
culdades de monitoramento frente à extensão ter- A continuidade no envio dos registros indica o po-
ritorial brasileira, às dimensões da maior parte das tencial de participação da sociedade no monito-
Unidades de Conservação, assim como o pequeno ramento da fauna. Os contatos pelo Fale Conosco
efetivo das equipes. revelam mais uma conquista, um canal de comu-

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCERIA CIENTÍFICA

INSTITUIÇÕES DE ENSINO DESENVOLVEM RESULTADOS INSPIRE-SE!


32 33
PESQUISAS ESPECÍFICAS SOBRE RESERVA ࡿࡿ 13 disciplinas ministradas na reserva em 2017,
envolvendo 15 professores e mais de 250 alunos. ࡿࡿ Planos de Trabalho aprimoram parce-
NATURAL 26 projetos apresentados no formato de artigos; 2 rias e facilitam a comunicação durante todo o
relatórios técnicos; 30 dias de esforço amostral em processo.
Coordenação geral: Gerência de Projetos Ambientais da Fundação Grupo Boticário. Coordenação executiva:
Coordenação de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário; Natacha Sobanski (Ponto Focal de Áreas campo; 5 grupos de fauna estudados.
ࡿࡿ UCs que possuem mais de uma turma
Protegidas da Fundação Grupo Boticário). Gestão dos recursos e gerenciamento: como as parcerias são ࡿࡿ Consolidação do conhecimento sobre a desenvolvendo pesquisa podem buscar ali-
formalizadas através de acordos de cooperação técnica, não há repasse de recurso e sim, contrapartidas biodiversidade da Reserva. nhamento entre os grupos para que lacunas
institucionais. sejam preenchidas. A sugestão vale também
ࡿࡿ Apresentação de diagnósticos com lacunas de quanto às turmas de diferentes Universidades.
informação sobre a biodiversidade da Reserva, que
Ainda não é tão frequente como poderia ser, mas algumas Universidades PERFIL ࡿࡿ Diante de trabalhos de longo prazo com
podem ser utilizados na definição de novos temas
já realizam aulas de graduação e pós-graduação em Unidades de Conser- envolvimento de alunos do segundo ano, por
Localizada em Guaraque- prioritários. Proposta de melhorias no sistema de
vação e esse foi o ponto de partida para que a Fundação Grupo Boticário exemplo, pode ser interessante fazer um re-
çaba, litoral norte do Pa- monitoramento de biodiversidade com soluções
buscasse ainda maior aproximação com os professores que já desenvol- gistro audiovisual sobre a evolução da pesqui-
raná, a Reserva Particular tecnológicas.
viam parte de suas disciplinas na Reserva Natural Salto Morato. sa e o aprimoramento dos próprios alunos.
do Patrimônio Natural
ࡿࡿ Aproximação entre as instituições de ensino, a
“Os motivos que levaram a Fundação a estreitar os laços com o universo Salto Morato conta com ࡿࡿ Busque incluir a Unidade de Conser-
gestão da Unidade de Conservação e a Fundação
acadêmico se referem ao volume de conhecimento produzido durante 2.253 hectares de área vação no roteiro das atividades escolares,
Grupo Boticário. Troca de saberes entre a equipe
as aulas práticas, mas que até então não retornava à Reserva. Em longo protegida, no maior re- assim os alunos desde cedo vão conhecer
de gestão da unidade e os professores. Extensão
prazo, o grande aporte de conhecimento gerado pelas aulas práticas manescente contínuo da a área protegida. Contate as Secretarias de
do conhecimento gerado na academia para a
somado aos resultados do monitoramento de biodiversidade e às pes- Mata Atlântica, a região Educação e ganhe escala, beneficiando maior
comunidade do entorno e região.
quisas realizadas na Reserva subsidiará a melhor compreensão dos pa- de Lagamar. A Reserva número de alunos.
drões ecológicos da biodiversidade e auxiliará no direcionamento das foi declarada patrimônio
novas estratégias, além sensibilizar os alunos e incentivar o meio aca- natural pela Unesco. METODOLOGIA
dêmico a desenvolver pesquisas que gerem resultados aplicados para a
PERÍODO
Em 2017, a Fundação Grupo Boticário começou a Janeiro de 2017 – em andamento.
conservação”, destaca Natacha Sobanski, analista de projetos ambien-
tais da Fundação Grupo Boticário. elaborar Planos de Trabalho em conjunto às insti- Previsão: Janeiro de 2022.
OBJETIVOS
tuições de ensino que já utilizavam a Reserva nas
Agregar mais informação aulas práticas.
Foto: Acervo Fundação Grupo Boticário
ao monitoramento da
No Plano de Trabalho estão detalhados os temas
PARCEIROS DO PROJETO
biodiversidade da Re- Instituto Federal do Paraná (IFPR); Universidade Fe-
da área de atuação de cada disciplina, datas das
serva; otimizar os custos deral do Paraná (UFPR); Pontifícia Universidade Ca-
saídas de campo, o formato em que a informação
para a implementação tólica do Paraná (PUCPR).
sobre os grupos alvo será disponibilizada e princi-
de equipamentos de
palmente como o conhecimento gerado será incluí-
monitoramento; integrar
do na prática de conservação.
professores e alunos aos
programas de gestão da As instituições de ensino participantes oferecem in-
Reserva Natural Salto fraestrutura de ensino e pesquisa, laboratórios de
Morato; reforçar no meio pesquisas ecológicas, carga horária dos professores
acadêmico a importância e divulgação dos resultados nos próprios canais de
das pesquisas que trazem comunicação. Enquanto a Fundação Grupo Boticá-
resultados práticos à rio entra com a infraestrutura da Reserva para aulas
conservação. práticas, estadia de alunos e professores e apoio na
publicação de pesquisa sobre os resultados.

Foto: Acervo Fundação Grupo Boticário

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCERIA ACADÊMICA

34
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BUSCAM RESULTADOS INSPIRE-SE!
35
NA CIÊNCIA OS SUBSÍDIOS PARA O ࡿࡿ Refinamento do mapa de limites da Área de
Proteção Ambiental de Guaraqueçaba. O processo
PLANEJAMENTO INTEGRADO está em análise na Divisão de Consolidação de
ࡿࡿ Para as Universidades, Centros de
Pesquisa e Ensino, as demandas das Uni-
Coordenação geral e executiva: Caio Pamplona (Núcleo de Gestão Integrada Antonina – NGI/ ICMBio) e Eduardo Limites (Dcol), do ICMBio. Produção de mapas
dades de Conservação permitem aplicar a
Vedor de Paula (Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná). temáticos como ferramentas de apoio à gestão. teoria na prática, o que também contribui
ࡿࡿ Base de dados geográficos integrando questões para a formação de profissionais mais
ambientais e sociais relevantes para a gestão das capacitados e integrados às reais necessi-
O litoral norte do Estado do Paraná abriga quatro Unidades de Conserva- PERFIL
Unidades de Conservação (UCs), com cerca de 300 dades de gestão das áreas protegidas.
ção federais que compartilham biodiversidade, atores sociais e ameaças,
Área de Proteção Ambiental camadas de informações para a área de abrangência
mas até pouco tempo não trabalhavam a gestão de maneira integrada ou ࡿࡿ A formalização de parcerias permite
de Guaraqueçaba; Parque das Unidades de Conservação estudadas.
sequer colaborativa. Na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, os desenvolver trabalhos de médio e longo
Nacional Superagui; Estação
diagnósticos que subsidiaram o Zoneamento e o Plano de Gestão são da ࡿࡿ Elaboração de documento que subsidia o prazo com garantia de mais segurança a
Ecológica de Guaraqueçaba;
década de 90. Já o Parque Nacional Superagui está na fase final da trami- diagnóstico da área de abrangência das UCs do todos os envolvidos.
Reserva Biológica Bom Jesus.
tação do Plano de Manejo realizado entre 2012 e 2015. A Estação Ecológica litoral norte do Paraná, com informações ambientais
de Guaraqueçaba, criada em 1982 e a Reserva Biológica Bom Jesus, que é ࡿࡿ A definição prévia dos desafios de
e socioeconômicas compiladas e atualizadas.
gestão, a identificação de lacunas que
de 2012, não dispõem de Planos de Manejo. “Considerando o contexto local,
OBJETIVOS ࡿࡿ 120 alunos de graduação e 40 de pós- devem ser respondidas sobre a biodiver-
há o entendimento de que o planejamento da gestão das unidades deve
graduação da Universidade Federal do Paraná sidade e o reconhecimento das ameaças
ser efetuado com integração de ações e atividades para otimizar recursos Conciliar os objetivos de
capacitados na temática da gestão de Unidades aos atributos da UC ajudam a direcionar,
humanos e logísticos. No entanto, a grande demanda de atividades de ro- atividades acadêmicas (como
de Conservação, até então um campo inexplorado de maneira mais efetiva, os esforços da
tina, notadamente na fiscalização e licenciamento, aliada à redução das elaboração de monografias, equipe gestora e dos parceiros.
pelo curso. Contratação de estudantes como
equipes dificulta o avanço na elaboração do planejamento, especialmen- teses e dissertações) aos
gestores ambientais no Ministério Público, em
te nas etapas iniciais de coleta e sistematização de informações”, destaca esforços de gestão das áreas
consultorias especializadas e em organizações não
Alan Yukio Mocochinski, perito no Ministério Público Federal, em exercício protegidas, gerando subsídios
governamentais. Reconhecimento da gestão do
provisório no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ao planejamento integrado e
ICMBio no território.
relator da prática. Nesse sentido, subsidiar o planejamento de ações das propiciando a capacitação de
Unidades de Conservação preconizava mobilizar parceiros. futuros profissionais.
Foto: Alan Yokio Mocochinski
Foto: Victor Carvalho

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


TRADICIONAL E ACADÊMICO

36
METODOLOGIA PROJETO ALINHA CONHECIMENTOS E 37
As equipes gestoras das Unidades de Conserva-
ção (UCs) da região procuraram o Departamento
tão Ambiental do Território, no Programa de Pós-
-Graduação.
IDENTIFICA ESPÉCIES DA FLORA PRIORITÁRIAS
de Geografia da Universidade Federal do Paraná
No total foram três disciplinas de graduação e duas
PARA CONSERVAÇÃO
(UFPR), que possui uma linha de estudos na área
de pós-graduação entre o segundo semestre de Coordenação geral: Paulo Fernando Maier Souza (Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe/ICMBio).
de planejamento ambiental, liderada pelo Profes- Coordenação executiva: Flavia Regina Domingos (Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe/ICMBio) e
2014 e o segundo semestre de 2016. Temas rela-
sor Eduardo Vedor de Paula. Os gestores buscavam Bruna Vieira de Sousa (Fundação Araripe).
cionados às Unidades de Conservação apareceram
a execução de um Plano de Trabalho que pudesse
nas monografias de conclusão de graduação e nas
integrar as atividades acadêmicas da graduação e
dissertações de mestrado. O envolvimento da Uni-
pós-graduação com as necessidades de subsídio Na Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe, o uso PERFIL
versidade propiciou melhor diálogo entre o ICMBio,
ao planejamento de ações das Unidades de Con- da flora nativa pelas comunidades tradicionais é conhe-
lideranças do MST e comunidades locais, que tra- Mais de 970 mil hectares constituem a Área
servação. cido, há dados sistematizados de algumas espécies, mas
dicionalmente possuem certas reservas em relação de Proteção Ambiental Chapada do Araripe
que não pontuam o aspecto da conservação. “O novo Có-
Após uma série de reuniões sobre o planejamento ao órgão. na divisa entre Ceará, Pernambuco e Piauí.
digo Florestal publicado em 2012 estabeleceu a previsão
da parceria e das atividades específicas, a Coorde-
Todas as etapas do Plano de Trabalho da Unidade de lista de espécies da flora nativa com uso comercial de
nação Regional do ICMBio em Florianópolis/ICMBio OBJETIVOS
de Conservação, do planejamento à execução, esta- produtos não madeireiros com dispensa de controle de
e a UFPR firmaram Termo de Reciprocidade junto a Propiciar troca de experiência entre pes-
vam integradas às atividades acadêmicas dos cur- origem gerando preocupação pelo desconhecimento so-
um Plano de Trabalho entre a gestão das UCs e o quisadores, extrativistas e técnicos com
sos de graduação e pós-graduação da UFPR. bre as espécies utilizadas pelos extrativistas e seu estado
Departamento de Geografia da Universidade. atuação na Chapada do Araripe. Obter lista
de conservação”, destaca Paulo Maier, chefe da unidade.
O Plano de Trabalho considerou a realização de de espécies da flora nativa da região com
disciplina optativa – Práticas em Planejamento e
PERÍODO A tentativa de obter esse banco de dados previu o tra- Produtos Não Madeireiros Comercializados
balho conjunto entre dois saberes distintos, mas com- (PNMC) e identificar as espécies que neces-
Gestão Ambiental - no curso de bacharelado em Maio de 2014 a dezembro de 2017.
plementares. “A proposta consistiu em construir coleti- sitam de ações de conservação, propondo
Geografia. Os servidores do ICMBio realizaram pa-
vamente - com o saber acumulado pelas comunidades medidas práticas.
lestras e orientaram a execução das atividades.
Cada aluno executou Plano de Trabalho sobre de-
PARCEIROS DO PROJETO extrativistas e o gerado na academia - uma lista de es-
pécies de uso comercial de produtos não madeireiros
terminado tema do diagnóstico ambiental da região Departamento de Geografia da Universidade Federal
na região de forma a estabelecer aquelas com necessi-
de abrangência das UCs. Ao final, os resultados fo- do Paraná (UFPR); Sociedade de Pesquisa em Vida
dade de ações de conservação”, ressalta Maier.
ram apresentados em reunião do Conselho da Área Selvagem e Educação Ambiental (SPVS); Fundação
de Proteção Ambiental e em eventos com parceiros Grupo Boticário de Proteção à Natureza; Ministério
na gestão das UCs. Público do Estado do Paraná; Centro de Estudos do
Mar/UFPR; Observatório de Conservação Costeiro
RESULTADOS
No ciclo acadêmico seguinte, UCs e Universidade
do Paraná (OC2); Associação de Defesa de Meio Am- ࡿࡿ 173 espécies da flora nativa da Chapada do ࡿࡿ Pesquisadores estimaram a produção anual
buscaram complementar as informações de subsí-
biente de Antonina (Ademadan). Araripe com PNMC identificadas. Desse total, da Fava D’Anta de 2012 a 2017 e identificaram as
dio ao diagnóstico, com a disciplina Geografia Ges-
52 necessitam de ações de conservação, sendo principais comunidades produtoras, empresas
25 para recuperar a população e 35 demandam compradoras e atravessadores. Aumento das
melhoria do manejo. Quatro espécies são relações institucionais e aproximação entre a gestão
prioritárias: Pequi, Fava D’Anta, Aroeira e Sucupira da Unidade de Conservação e as comunidades
Branca. tradicionais extrativistas.

ࡿࡿ Elaboração da Cartilha de Boas Práticas de ࡿࡿ Trabalhos científicos sobre o tema apresentados


Manejo do Pequi. As orientações foram incorporadas no Seminário de Pesquisa do ICMBio, no Simpósio
às medidas de conservação de outras espécies da Nacional de Etnobiologia e no Seminário de
flora na unidade. Pesquisa da Área de Proteção Ambiental Chapada
do Araripe.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


CONHECIMENTO CIENTÍFICO E TRADICIONAL

38
METODOLOGIA INSPIRE-SE! RESERVA FORTALECE CONSERVAÇÃO DA 39
A equipe gestora da Área de Proteção Ambiental
Chapada do Araripe desenvolveu lista preliminar
BIODIVERSIDADE COM PROGRAMA DE
das espécies da flora nativa da unidade, indicando
ࡿࡿ Conhecimentos tradicionais e acadêmi-
cos articulados preenchem lacunas e ofere-
MONITORAMENTO
tipo de uso e ambiente de ocorrência. Reuniões das
cem resultados de aplicação prática. Coordenação geral: Marcelo Marcelino (Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade -
Câmaras Técnicas Setoriais do Conselho, contribui- Dibio/ICMBio). Coordenação executiva: Kátia Torres Ribeiro (Coordenação Geral de Pesquisa e Monitoramento
ções de especialistas e consultas à bibliografia con- ࡿࡿ Faça da interação entre os diferentes - CGPEQ/ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Tatiana Chaves de Souza (Coordenação de
feriram detalhamento à lista. Extrativistas, técnicos atores sociais uma dinâmica de aprendizado Monitoramento da Biodiversidade - Comob/ICMBio).
e pesquisadores validaram o material durante dois de culturas. Alinhar saberes permite inovar
Encontros de Saberes. em soluções mesmo com poucos recursos.
A Reserva Biológica do Tapirapé está localizada a INSPIRAÇÃO
Em seguida as espécies que precisaram de algum ࡿࡿ Monitore a produção e o estado de cerca de 200 km da cidade de Marabá, no Pará, por
controle no uso foram pré-selecionadas e organi- conservação de espécies-chave de uso das Cursos de capacitação do Programa Nacional de
via terrestre. “Dois caminhos levam à sede da Unida-
zadas em diagrama com informações básicas que populações extrativistas. Monitoramento da Biodiversidade, organizados
de de Conservação, o primeiro por terra e o segundo
permitiram pontuar as características de ameaça. pela Coordenação de Monitoramento da Biodi-
caminho tem origem na cidade de Parauapebas com
versidade (Comob).
ࡿࡿ Pontuação mínima de 50%: prioritárias para 100 km de estrada até a passagem da balsa, no rio
Itacaiúnas. A viagem segue via fluvial e é completa-
conservação. PERFIL
PERÍODO da com mais 80 minutos. Devido à grande distância
ࡿࡿ Qualquer pontuação quanto à situação de de- Única unidade de proteção integral da região, no
entre as cidades de apoio e a Base do Bacaba, fi-
clínio: restringir a supressão e estimular o plantio. Março de 2014 – em andamento. sudoeste do Pará, a Reserva Biológica do Tapira-
cou claro o grande desafio para a gestão da Reserva.
ࡿࡿ Pontuação quanto ao mercado: aperfeiçoar o Nesse cenário, o envolvimento das comunidades e pé conta com cerca de 100 mil hectares.
manejo. dos moradores do entorno de forma voluntária apa-
PARCEIROS DO PROJETO OBJETIVOS
recia como estratégico na ampliação das iniciativas
Pequi, Fava D’Anta, Aroeira e Sucupira Branca inte-
Fundação Araripe; Universidade Regional do Cariri de monitoramento e apoio à pesquisa na Unidade Tornar a gestão da Unidade de Conservação
graram a lista de prioritárias para conservação. As
(Urca); Associação de Pesquisa e Preservação de de Conservação. A confiança das comunidades nas mais participativa; aderir e contribuir com o
quatro espécies impulsionaram a criação de Grupos
Ecossistemas (Aquasis); Associação dos Agricultores ações governamentais estava fragilizada e alguns Programa Nacional de Monitoramento; monitorar
de Trabalho para elaboração de propostas de me-
Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia). paradigmas deveriam ser rompidos com o intuito a biodiversidade; incentivar a pesquisa científica
lhoria do manejo destas espécies.
Foto: Marcia Crato de aproximar a relação entre as comunidades e o na unidade; fortalecer parcerias.
As Boas Práticas de manejo propostas para o Pequi ICMBio”, afirma Raimundo Façanha Guedes, chefe da
(Caryocar coriaceum), por exemplo, foram submeti- Reserva Biológica do Tapirapé.
das à avaliação de oito comunidades extrativistas,
em quatro municípios. Esse processo resultou na
proposta apresentada em reunião do Arranjo Pro-
Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio
dutivo Local (APL) do Pequi e Babaçu, em 2015, com
acordo de aprovação apenas das propostas unâni-
mes entre os atores. A partir dessa dinâmica, uma
série de medidas de conservação foram inseridas
nos processos de gestão da Unidade de Conservação.

Os recursos que proporcionaram o desenvolvimen-


to da pesquisa vieram do orçamento do ICMBio e de
projeto do desenvolvimento do Arranjo Produtivo
Local (APL) do Pequi e Babaçu, financiado pelo Mi-
nistério do Meio Ambiente (MMA) e executado pela
Fundação Araripe.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PESQUISA ACADÊMICA

40
RESULTADOS INSPIRE-SE! MONITORAMENTO APONTA NOVAS 41
ࡿࡿ Implantação do Programa de Monitoramento
com oito campanhas viabilizadas pela mobilização
ESTRATÉGIAS PARA OS PERÍODOS COM
de comunitários e acadêmicos. Conservação da ࡿࡿ Aplicar o Programa de Monitoramento
da Biodiversidade aprimora a conservação e
EXCEDENTE DE PESCADO E DE ENTRESSAFRA
biodiversidade fortalecida.
reforça a importância do envolvimento da co- Coordenação geral: Ronaldo Borges Barthem (Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG). Coordenação executiva:
ࡿࡿ Aumento no número de pesquisas desenvolvidas Luciano Fogaça de Assis Montag (Universidade Federal do Pará – UFPA). Gestão dos recursos e gerenciamento:
munidade. Confira as publicações na Biblio-
pela Universidade. Monitores locais, comunitários Cláudia Cristina Lima Marçal (Reserva Extrativista Maracanã/ICMBio).
teca de Monitoramento do ICMBio
e acadêmicos já participam de outras ações da
http://bit.ly/monitoramentoICMBio
Unidade de Conservação.
ࡿࡿ Aproximação entre a equipe gestora e as
ࡿࡿ Capacitar os moradores que vivem no A pesca artesanal é a principal fonte de renda e alimento na PERFIL
entorno para o Programa é o ponto de parti- Reserva Extrativista Maracanã, 35% dos beneficiários praticam
comunidades do entorno. O programa agregou valor A Reserva Extrativista Maracanã pro-
da para desenvolver novas ações. a técnica de curral. “Apesar da importância dessa arte de pes-
à participação social. tege 30 mil hectares de baía, dunas,
ca havia uma lacuna de conhecimento acerca da identificação
ࡿࡿ A experiência das trilhas amostrais contribuiu para ࡿࡿ Parcerias com Universidades e institutos praias e manguezal no município de
e quantidade de espécies capturadas, além do período de
a qualidade dos dados apresentados no Programa de pesquisa, que são referência na região, aju- mesmo nome da unidade, no Pará.
dam a desmistificar percepções equivocadas funcionamento dos currais na região. A prática foi constru-
Nacional de Monitoramento da Biodiversidade.
sobre Unidades de Conservação e o ICMBio. ída após a indagação aos comunitários da reserva sobre o OBJETIVOS
Aumento da divulgação da Unidade de Conservação
quanto era pescado. Em resposta informaram saber apenas
e da visibilidade positiva do ICMBio na região. Aprofundar o conhecimento da
individualmente sobre a ictiofauna capturada. Dessa forma,
exploração da pesca praticada pela
foi considerado pertinente efetuar o monitoramento da pesca
população tradicional da Reserva
METODOLOGIA de curral no estuário da Baía de Maracanã, na Reserva Extra-
Extrativista Maracanã, em diferentes
tivista Maracanã, a fim de gerar subsídios para o ordenamento
A participação da equipe gestora da Reserva Biológi- A prática foi apresentada no II Seminário de Educa- épocas do ano, como forma de con-
na região”, afirma Cláudia Cristina Lima Marçal, analista am-
ca Tapirapé no curso de capacitação sobre o Programa ção e Pesquisa pela Conservação da Biodiversidade tribuir no desenvolvimento sustentá-
biental na unidade.
Nacional de Monitoramento da Biodiversidade refletiu e do Desenvolvimento Socioambiental (SECBIO), da vel da região.
em ações práticas, com o início do planejamento da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará mar-
unidade para adesão ao programa. A primeira etapa cando o encerramento das atividades do Programa
para viabilizar as trilhas amostrais contou com a contri- de Educação, Agricultura Familiar e Conservação da Foto: Claudia Cristina Lima Marçal

buição da equipe da guarda-florestal (Prosegur/Vale). Biodiversidade, implementado entre 2015 e 2017.

Na fase de mobilização de parceiros, a Universidade A gestão da reserva já desenvolve protocolo especí-


Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) conta- fico para a ictiofauna local.
tou associações de cada comunidade e assim reuniu
comunitários do entorno e universitários na reserva.
A reunião teve como objetivo apresentar a proposta
PERÍODO
de capacitação do Programa Nacional de Monitora- Maio de 2014 a outubro de 2017.
mento da Biodiversidade, organizado pela Coorde-
nação de Monitoramento da Biodiversidade (Comob).

Por conta da localização da unidade, os recursos fi-


PARCEIROS DO PROJETO
nanceiros do Programa de Áreas Protegidas da Ama- Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifess-
zônia (Arpa) permitiram suprir a demanda logística, pa); Associação Projeto de Assentamento Bandeirantes;
o que garantiu a execução dessa prática. O incre- Associação Projeto de Assentamento Cupú; Associação
mento da parceria com a universidade aproximou Projeto de Assentamento Maravilha; Associação Projeto
a equipe gestora das comunidades locais, conferiu de Assentamento Volta Grande; Guarda Florestal (Pro-
reconhecimento ao Conselho Gestor e despertou o segur/Vale); Instituto de Desenvolvimento Florestal e da
interesse de potenciais parceiros. Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio).

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE! As práticas realizadas no estudo fortaleceram o PERÍODO
42 contato entre a equipe gestora da unidade e comu- 43
ࡿࡿ Os dados obtidos permitiram aprimorar Julho de 2015 a junho de 2016.
nitários da reserva, principalmente com a comuni-
instrumentos, como Acordo de Gestão, Perfil dos
ࡿࡿ Estimule pesquisas acadêmicas entre os dade da Vila do Penha, por meio da presença insti-
Beneficiários e serão utilizados como subsídios no
servidores e nos centros de ensino e pesqui- tucional do ICMBio na região.
Plano de Manejo.
sa da região sobre as demandas da Unidade
PARCEIROS DO PROJETO
A parceria com o Laboratório de Ecologia da Univer-
ࡿࡿ A identificação do período de excedente de Conservação. Desenvolver uma lista dos Universidade Federal do Pará (UFPA); Comunidade
sidade Federal do Pará (Labeco/UFPA) possibilitou a
de pescado possibilitará à gestão da unidade principais temas torna a compreensão desse do Polo Penha da Reserva Extrativista Maracanã.
coleta de espécies da ictiofauna, incluindo o forne-
promover, junto com parceiros, como a Secretaria cenário mais concreta para os coordenadores
cimento dos materiais necessários e a participação
de Pesca do Estado do Pará, a venda do produto da graduação e da pós-graduação.
dos estudantes de pós-graduação que auxiliaram
em feiras, beneficiando a comunidade da reserva. ࡿࡿ Favoreça a participação dos comunitá- na coleta e na identificação taxonômica dos indiví-
ࡿࡿ Com o reconhecimento do período de entressafra, rios nas pesquisas da unidade. Novas práti- duos capturados. O auxílio dos professores do Mu-
em comunidade onde a pesca é a principal atividade cas, técnicas, ferramentas de monitoramento seu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Alberto Akama e
econômica e a base da alimentação, podem ser podem contribuir no dia a dia da comunidade
Alexandre Marceniuk, também foi destaque na iden-
e fornecer dados à gestão, mesmo após o
propostas fontes alternativas durante o período tificação e confirmação das espécies capturadas.
estudo.
ou até mesmo o beneficiamento do pescado para
A prática foi custeada com recursos da analista
consumo no período de escassez. ࡿࡿ Dados favorecem tanto monitoramento
ambiental que alinhou o desenvolvimento de um
e gestão nas unidades quanto a busca por
ࡿࡿ Formação do Grupo de Trabalho de Currais trabalho de utilidade prática aos beneficiários da
soluções muitas vezes encontradas do lado
focado no ordenamento da pesca de arte fixa e na Reserva Extrativista Maracanã com a obtenção dos
de fora das áreas protegidas, em trabalho
proteção de um direito exclusivo dos beneficiários dados necessários à tese de mestrado.
conjunto com outras esferas de governo.
da reserva. Pesquisas mostram panoramas, quantificam
Foto: Claudia Cristina Lima Marçal
atividades extrativistas, revelam agravantes
às espécies ameaçadas de extinção e apon-
METODOLOGIA
tam novos caminhos.
A equipe gestora da unidade iniciou a prática com
cronograma de coleta de dados, onde constatou o
melhor período para a pesca com arte fixa, denomi-
nado maré de sizígia, caracterizada pelos períodos
de lua nova e cheia.
Durante o estudo, de julho de 2015 a junho de 2016,
O monitoramento dos currais pré-selecionados os currais capturaram 153 mil exemplares, represen-
incluiu preenchimento de fichas padronizadas de tando 34,79 toneladas, distribuídas em 11 ordens, 15
desembarque pesqueiro, durante seis dias/mês no famílias, 52 gêneros e 64 espécies. Do total, 17 es-
período de um ano, nas estações seca e chuvosa. pécies foram descartadas e 5% estão ameaçadas,
como o Mero (Epinephelus itajara). A necessidade
O comunitário Ivanildo Monteiro, após receber ca-
do manejo da pesca de curral na área em questão
pacitação, ficou responsável por coletar os dados
estava confirmada.
dos 29 currais. Alunos de pós-graduação do Museu
Paraense Emílio Goeldi auxiliaram na coleta e iden- O Grupo de Trabalho de Currais, formado por mo-
tificação de espécies que estão guardadas no acer- radores das comunidades, verificou a época de
vo ictiológico da instituição. Os peixes foram identi- construção dos currais, tornando possível o cadas-
ficados, mensurados e devolvidos aos comunitários tramento dos usuários, a fim de garantir o uso dos
para consumo/venda. O trabalho foi supervisionado recursos pesqueiros, no território da unidade, pelos
pela analista ambiental da reserva. beneficiários.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PARCERIA DE CONHECIMENTO

PESQUISAS SOBRE TARTARUGAS MARINHAS RESULTADOS INSPIRE-SE!


44 45
EM ABROLHOS APERFEIÇOAM INTERPRETAÇÃO ࡿࡿ Desenvolvimento de um protocolo de coleta
próprio, envolvendo monitoramento de longo prazo,
AMBIENTAL permitiu à UC avaliar a efetividade das suas medidas
ࡿࡿ Parceria entre Unidades de Conserva-
ção e Centros de Pesquisa e Conservação do
Coordenação geral, executiva e gestão dos recursos e gerenciamento: Fernando Pedro Marinho Repinaldo de manejo, além de contribuir para o cumprimento
ICMBio favorece a implementação de ação
Filho (Parque Nacional Marinho dos Abrolhos/ICMBio); João Carlos Alciati Thomé (Centro Nacional de Pesquisa de ações prioritárias do Plano de Ação Nacional
prioritária, com aplicação de protocolos
e Conservação de Tartarugas Marinhas - Tamar/ICMBio). (PAN) Tartarugas Marinhas, como por exemplo, a
nacionais de coleta de dados que podem ser
caracterização de Abrolhos como importante área de replicados em outras áreas protegidas, per-
alimentação para a tartaruga-de-pente (Eretmochelys mitindo assim padronizar e comparar cená-
Monitoramento da biodiversidade e programas de PERFIL
manejo e proteção de espécies raras ameaçadas imbricata), espécie criticamente ameaçada. rios, a partir de base de dados consolidada.
Região com a maior biodiversidade marinha do
de extinção estão entre as prioridades do Parque ࡿࡿ Capacitação de monitores ambientais e servidores
Atlântico Sul, o Parque Nacional Marinho dos ࡿࡿ Voluntários podem ser aliados em
Nacional Marinho dos Abrolhos. “A unidade sempre do parque para manuseio e coleta de dados e gestão programas de monitoramento da biodiversi-
Abrolhos, o primeiro da categoria, protege mais
apoiou ações de pesquisa lideradas por pesquisa- da informação sobre as tartarugas marinhas. dade. Condutores devem conhecer de perto
de 90 mil hectares de áreas marinhas, abrangen-
dores de Universidades na área do parque. Essas as atividades de pesquisa desenvolvidas nas
do o Recife de Timbebas, o Parcel dos Abrolhos ࡿࡿ Aperfeiçoamento da interpretação ambiental,
pesquisas, em geral, tinham caráter pontual e invia- unidades. A medida agrega informações ao
e o Arquipélago dos Abrolhos, composto pelas com base nos resultados da pesquisa, possibilita
bilizavam a geração de uma base de dados consis- trabalho desses profissionais e melhora a
Ilhas Redonda, Siriba, Sueste, Guarita e Santa que monitores compartilhem informações científicas
tente para avaliação de uma das ações prioritárias experiência do visitante.
Bárbara, no sul da Bahia. sobre as tartarugas da unidade.
do Plano de Ação Nacional (PAN) Tartarugas Mari-
ࡿࡿ Informações obtidas em pesquisas
nhas, a caracterização de Abrolhos como importan- ࡿࡿ Identificação da necessidade de reforçar o
OBJETIVOS também auxiliam na diversificação de atrati-
te área de alimentação para a tartaruga-de-pen- controle/erradicação de espécies exóticas invasoras
Implementação de um programa de monitora- vos. O programa das tartarugas marinhas dos
te (Eretmochelys imbricata), espécie criticamente com danos constatados às tartarugas marinhas,
Abrolhos permitirá subsidiar o planejamento
mento de tartarugas marinhas, visando a gera- por exemplo. Avaliar a eficácia do ordenamento da
ameaçada. Outro desafio constante é a capacitação controlado da visitação em momentos de
ção de base de dados consistente, capacitação visitação, utilizando as tartarugas marinhas como
da equipe, composta em grande parte por funcioná- abertura de ninhos.
da equipe de terceirizados e enriquecimento da indicadores.
rios terceirizados e voluntários”, comenta Fernando
interpretação ambiental.
Pedro Marinho Repinaldo Filho, chefe da unidade.
Foto: Enrico Marcovaldi

Foto: Acervo ICMBio Foto: Enrico Marcovaldi

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


46
METODOLOGIA GESTÃO INTEGRADA
Em 2015, o monitoramento das tartarugas marinhas de dados foram utilizados recursos do Projeto Áre-
Descubra os resultados obtidos com a aliança entre os
do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos passou a as Marinhas e Costeiras Protegidas (GEF-Mar), da
contar com a parceria do Centro Tamar que capaci- Fundação Pró-Tamar, e da própria Unidade de Con- múltiplos atores sociais, que vão desde o fortalecimento das
tou a equipe da unidade no manuseio e coleta de servação. O programa garantiu ainda aproximação comunidades, direito real de uso da terra, diversificação de
dados biológicos de tartarugas marinhas e na ali- entre o Centro de Pesquisas do ICMBio e o parque.
mentação do sistema de banco de dados do Institu-
atividade econômica até a potencialização das iniciativas
Os resultados obtidos no programa foram apresen-
to Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
tados em dois eventos de referência: IX Seminário voltadas ao uso público nas áreas protegidas.
(ICMBio).
de Pesquisa e Iniciação Científica do ICMBio e o
Nos dois primeiros anos, a capacitação incluiu duas Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar.
visitas técnicas da equipe do parque à base do Pro-
Emissoras da TV aberta veicularam matérias so-
jeto Tamar, em Regência, no Espírito Santo, e três vi-
bre o programa e multiplicaram assim o impacto
sitas da equipe do Centro Tamar ao Parque Nacional
na sociedade a respeito de práticas de conserva-
Marinho dos Abrolhos. Durante a visita à unidade, a
ção. Voluntários colaboraram no monitoramento
equipe do Centro Tamar ajudou a equipe do parque Foto: Thiago Foresti
e produziram dois vídeos sobre as tartarugas ma-
a desenvolver o programa de monitoramento, por
rinhas de Abrolhos, um deles registrou mais de
meio de atividades de captura, recaptura de tar-
20 mil visualizações. O material foi publicado nos
tarugas marinhas e treinamento de aplicação dos
sites do ICMBio, Ministério do Meio Ambiente e do
protocolos do Centro na coleta de dados.
Projeto Tamar.
Após esse período, a equipe da unidade começou
a desenvolver um programa de médio/longo prazo
de monitoramento das Tartarugas Marinhas (TM´s) PERÍODO
visando a continuidade da parceria. O programa Novembro de 2014 – em andamento.
possui objetivos, metodologias, metas e cronogra-
ma que devem ser executados com expedições peri-
ódicas para geração de conhecimento sobre as TM´s PARCEIROS DO PROJETO
na unidade. A parceria envolve suporte técnico con- Centro Nacional de Pesquisa e Conservação das Tar-
tinuado à distância. tarugas Marinhas (Centro Tamar/ICMBio); Fundação
Para custear o deslocamento das equipes e equi- Pró-Tamar; Programa de Voluntariado ICMBio; Mari-
par a unidade com instrumentos básicos de coleta nha do Brasil.

Foto: Enrico Marcovaldi Foto: Acervo ICMBio


MOBILIZAÇÃO E JUSTIÇA

48
CONTRATO DE CONCESSÃO DE DIREITO REAL RESULTADOS INSPIRE-SE!
49
DE USO BENEFICIA QUASE 1,5 MIL FAMÍLIAS ࡿࡿ 1.468 famílias beneficiadas pela homologação
dos Contratos de Concessão de Direito Real de
Coordenação geral: Aílton Dias (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Coordenação ࡿࡿ Conheça a publicação: Fórum Diálogo
Uso (CCDRUs) de seis Unidades de Conservação:
executiva: André Tomasi e Josinaldo Aleixo (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Gestão Amazonas: Regularização Fundiária Urgente!
Reservas Extrativistas: Médio Juruá, Baixo Juruá,
dos recursos e gerenciamento: Aílton Dias e André Segura Tomasi (Instituto Internacional de Educação Mobilização Social e Inovação Processual
Auati-Paraná, Rio Jutaí, Rio Unini e Médio Purus,
do Brasil - IEB). para Garantia dos Direitos Territoriais de
pelo governo do Estado do Amazonas.
Comunidades Tradicionais do Amazonas. De-
ࡿࡿ Acesso de comunidades tradicionais às políticas senvolvida pelo IEB, que traz uma sistemati-
A falta de regularização fundiária nas Unidades PERFIL públicas, já que o entrave ao fomento da produção zação da experiência com lições aprendidas,
de Conservação segue na contramão dos objeti- contextualização e resultado da iniciativa
Reservas Extrativistas: Arapixi, Médio Purus, Aua- agroextrativista era a regularização fundiária.
vos e do conceito atual desses territórios e assim http://bit.ly/forumdialogoamazonas
tí-Paraná, Baixo Juruá, Rio Jutaí, Lago do Capanã, Garantia de segurança fundiária impedindo a
compromete o desenvolvimento das comunidades
Grande Resex Médio Juruá, Ituxi e Rio Unini. disputa de territórios entre supostos proprietários ࡿࡿ A construção de soluções jurídicas ino-
tradicionais, impacta na geração de renda e nas
Florestas Nacionais: Purus, Tefé, Mapiá-Inauiní, ou grileiros de terras públicas e as populações vadoras permite novas respostas a antigos
atividades econômicas praticadas por estas popu-
Humaitá. Todas localizadas no Sul do Amazonas. tradicionais residentes nas UCs. problemas.
lações. “Apesar dos muitos esforços e conquistas
importantíssimas, o Brasil ainda não conta com ࡿࡿ A regularização fundiária trouxe também a ࡿࡿ Parte das soluções encontradas para os
OBJETIVOS
regimes de propriedade, documentação e regu- consolidação territorial, o estabelecimento de impasses não estava pronta e foi desenvolvi-
Promover a regularização fundiária das Uni- mosaicos e corredores ecológicos, a produção da durante as reuniões da equipe.
larização oficial das terras de forma que possam
dades de Conservação de Uso Sustentável do extrativista, o uso sustentável dos recursos naturais
garantir a efetividade e cumprimento dos direitos ࡿࡿ Estar aberto a novas sugestões, novos
Amazonas, por meio da implementação de e a implementação de políticas públicas específicas.
de populações tradicionais ocupantes de vastas pontos de vista é de extrema relevância para
políticas públicas específicas, garantindo a seus
extensões do território amazônico nacional”, re- ࡿࡿ Construção de uma política pública para articulação dos conhecimentos em busca
moradores a plenitude de seus direitos sociais,
força André Tomasi, assessor do Programa Sul do regularização fundiária que pode ser replicada de soluções que muitas vezes são, inclusive,
econômicos e ambientais e contribuindo assim
Amazonas do Instituto Internacional de Educação em outros Estados. O Conselho Nacional das inovadoras.
para a proteção e manutenção da cultura dessas
do Brasil (IEB). Populações Extrativistas (CNS) está analisando e
populações extrativistas.
promovendo ensaios de replicação da experiência
em outros Estados da Amazônia (Amapá e Pará) com
UCs de Uso Sustentável em situações fundiárias
semelhantes.

Foto: Acervo IEB Foto: Acervo IEB

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL
METODOLOGIA
50 Criação do Fórum Diálogo Amazonas: regularização federais e estaduais do Estado, com a participação
INICIATIVA FORTALECE PARCERIA ENTRE 51
fundiária urgente, em 2012, por três organizações da das organizações da sociedade civil que constituem ÓRGÃOS PÚBLICOS E POVOS INDÍGENAS NO
sociedade civil: Instituto Internacional de Educação
do Brasil (IEB), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e
o Fórum do Amazonas; 3. entre os coordenadores
e assessores do IEB que analisam avanços, metas,
PARQUE NACIONAL PICO DA NEBLINA
Conselho Nacional das Populações Extrativistas objetivos, participação e controle social do projeto. Coordenação geral: Luciana Yukari Uehara e Flávio Bocarde (Parque Nacional do Pico da Neblina/ICMBio);
(CNS) que tinham como objetivo reunir em uma Desireé Barbosa (Coman/ICMBio). Coordenação executiva e gestão dos recursos e gerenciamento: Luciana
No caso do Diálogo Amazonas, não houve a cessão
Yukari Uehara (Parque Nacional do Pico da Neblina/ICMBio).
mesma mesa os órgãos fundiários responsáveis de terras do Estado para a União, mas sim a cumpli-
pela regularização fundiária no Amazonas. cidade de todas as instituições participantes do GT
que, em algum momento, cederam em algum ponto.
A ocupação da fronteira, em especial no norte do país, INSPIRAÇÃO
A capacitação das populações tradicionais sobre
despontou como o principal motivo para a criação de
direito ambiental e legislação fundiária é um dos Isso apenas foi possível porque todos estavam tra- Verificação da realidade da UC, vivenciada
uma série de Unidades de Conservação (UCs), incluin-
pilares da iniciativa e tem como objetivo promover a balhando em um objetivo comum. no dia a dia. A participação da servidora
do o Parque Nacional do Pico da Neblina, em 1979, um
intervenção qualificada dos moradores organizados no II Ciclo de Formação em Gestão Sociam-
recurso para impedir a apropriação de terras; desconsi-
na solução do problema fundiário. biental (2015/2016), na ACADEBio auxiliou e
PERÍODO derando a existência de grupos indígenas nesses terri-
contribui de maneira decisiva no desenvol-
Realização periódica de uma grande plenária com tórios. “O modelo de gestão adotado na época provocou
Outubro de 2012 – em andamento. vimento da prática apresentada, com uma
órgãos fundiários, entidades participantes e repre- sanções às atividades tradicionalmente praticadas pela
leitura mais crítica da dinâmica da UC, for-
sentantes comunitários; além de reuniões mensais população indígena: caça, pesca, extração de cipó, etc.
necendo arcabouço para análise do planeja-
do grupo de trabalho do Diálogo Amazonas. Media- PARCEIROS DO PROJETO As tensões se acirraram quando o Instituto Brasileiro
mento da gestão da área em sobreposição.
ção do MPF e assessoria jurídica da Procuradoria do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Conselho Nacional das Populações Extrativistas
Geral do Estado do Amazonas (PGE-AM) para equili- (Ibama), na década de 1990, decidiu estimular o turismo
(CNS); Comissão Pastoral da Terra (CPT); Instituto In- PERFIL
brar interesses das comunidades tradicionais e dos na unidade, sem promover o envolvimento dos grupos
ternacional de Educação do Brasil (IEB); Ministério Localizado no norte do Estado do Amazo-
órgãos fundiários da região. indígenas até que, em 2003, denúncias sobre conflitos
Público Federal do Amazonas (MPF/AM); Procura- nas, na fronteira com a Venezuela, o Parque
Aporte financeiro via projeto do Instituto Interna- entre turistas e o povo Yanomami, feitas ao Ministério
doria Geral do Estado do Amazonas PGE/AM; além Nacional do Pico da Neblina possui 2.252.616
cional de Educação do Brasil (IEB) intitulado Ordam Público Federal, resultaram no fechamento da unidade
das associações comunitárias das UCs envolvidas hectares e apresenta sobreposição com as
- Ordenamento Territorial do Sul do Amazonas, fi- ao turismo”, sintetiza Luciana Yukari Uehara, chefe subs-
na ação. Terras Indígenas (TIs) do Médio Rio Negro II
nanciado pelo Fundo Vale, de 2010 a 2013. Desde tituta da unidade.
(demarcada em 1998), Balaio (2009), Yano-
2014, as Ações do Fórum Diálogo Amazonas são fi- 71% da área do Parque Nacional do Pico da Neblina pos- mami (1992) e Cué-Cué/Marabitanas (2013).
nanciadas pelo Projeto Gestão Integrada entre UCs sui interface com quatro Terras Indígenas; o que repre-
e TIs, com apoio da Fundação Moore. Foto: Acervo IEB
senta cerca de 25% do total de áreas com sobreposições OBJETIVOS
O Fórum Diálogo Amazonas reuniu os diversos ór- no Brasil. Unidades de Conservação com esse perfil de
Conciliar os instrumentos de gestão em área
gãos incidentes sobre a questão da regularização sobreposição territorial com áreas públicas protegidas
de interface territorial: o Plano de Manejo,
fundiária e exigiu que eles complementassem as têm a gestão integrada e participativa como uma possi-
o Plano de Visitação do Pico da Neblina e
ações entre si superando a fragmentação interna da bilidade, o que à primeira vista é um grande desafio, mas
os Planos de Gestão Territorial e Ambiental
atuação governamental. Essa janela de oportunida- repleto de oportunidades, começando pela elaboração
(PGTA’s) das quatro TIs em sobreposição à
de só foi possível pela vontade política dos atores de planos conjuntos de administração desse território.
UC; contribuir no processo de sustentabili-
envolvidos e pela abertura ainda que forçada de Desde a criação do ICMBio, em 2007, há uma busca pela dade socioambiental e na gestão integrada
posicionamentos institucionais até então cristaliza- melhor estratégia na gestão participativa das UCs. Se a do parque, com destaque para a valorização
dos ou intransponíveis. gestão integrada carrega o histórico de áreas protegidas do modo vida das 13 etnias indígenas que
As avaliações sobre o projeto são feitas em três âm- decretadas sem consulta aos residentes originários, por vivem no território em questão: Yanomami,
bitos: 1. entre os atores locais (gestores das UCs e outro lado traz a dinâmica de um mundo em transfor- Tukano, Tuyuka, Dessano, Baniwa, Koripaco,
representantes das Associações de moradores, tra- mação e de novos tempos. Carapanã, Baré, Tariano, Piratapuya, Ye-
balhadores, extrativistas das UCs); 2. entre os entes pamasã, Kobéwa e Werekena.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


Foto: Flávio Bocarde

METODOLOGIA
52 No final de 2015, tiveram início oficinas nas quatro Ter-
Gestão Socioambiental (CGSA) – curso de capacita- 53
ção do ICMBio – tal ideia foi desenvolvida, com in-
ras Indígenas para elaboração participativa dos Planos
centivo ao aprimoramento da leitura crítica da reali-
de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA’s). A conclusão
dade do parque. A visibilidade da iniciativa resultou
do documento está prevista para 2018. No planejamen-
no apoio de Desireé C. Barbosa da Silva, servidora
to do Parque Nacional do Pico da Neblina já constava
da Coordenação de Elaboração e Revisão do Plano
o ordenamento do ecoturismo, por meio das ações da
de Manejo (Coman).
Câmara Temática, vinculada ao Conselho Consultivo da
unidade e a participação da equipe gestora na constru- A partir desse momento, a equipe gestora do parque
ção dos PGTA’s das 4 TI’s em sobreposição. nacional acrescentou no planejamento atividades
voltadas ao processo do Plano de Manejo e reforçou
De janeiro de 2015 a agosto de 2016, a equipe gesto-
a continuidade dos trabalhos já desenvolvidos. A res-
ra do Parque participou de 18 eventos relacionados
peito do Plano foram realizadas reuniões de plane-
aos Planos de Gestão dos Territórios Indígenas (PG-
jamento e alinhamento institucional entre a equipe
TA’s), entre eles três reuniões da Câmara Temática
do Parque Nacional, representantes da Coman e de
do Ecoturismo e a Assembleia das Associações Ya-
diversos macroprocessos do ICMBio em Brasília.
nomami (Ayrca e Kumirayoma).
O processo foi monitorado pelos proponentes ao longo
A Divisão de Gestão Participativa e Educação Am-
das etapas indicadas, com o objetivo de acompanhar
biental (DGPEA), a Coordenação Geral de Gestão de
a construção de instrumentos de gestão, segundo o
Conflitos em Interfaces Territoriais (COGCOT) e a Co-
cronograma proposto, visando assegurar a ampliação
ordenação Geral de Gestão Socioambiental do Insti-
e a qualificação da construção participativa.
tuto Chico Mendes (CGSAM/DISAT/ICMBio) apoiaram
com recursos financeiros algumas das atividades re- Na Oficina de Organização do Planejamento, úni-
A iniciativa é parte de um processo mais amplo, que abrange a gestão de um complexo mosaico de áreas
lacionadas aos PGTA’s e a gestão da UC. O Gabinete ca atividade realizada em Brasília e apoiada pela
protegidas que, entre outras ações, apresenta como proposta: a participação do ICMBio na elaboração dos
da Presidência do ICMBio apoiou financeiramente a Coordenação de Elaboração e Revisão do Plano de
PGTA’s das TI’s em sobreposição à UC e a construção participativa do Plano de Manejo do Parque Nacional
expedição de Etnomapeamento do Pico da Neblina, Manejo (Coman), foram identificadas as sete etapas
do Pico da Neblina.
uma atividade da Câmara Temática do Ecoturismo. para a elaboração do Plano de Manejo: organização
do planejamento; diagnóstico da unidade de con-
Inicialmente, a equipe identificou a necessidade
RESULTADOS de elaborar o Plano de Manejo coincidindo com a
servação; análise e avaliação estratégica da infor-
da Neblina, com registro das histórias, locais sagrados, mação; planejamento estratégico; planejamento tá-
ࡿࡿ Aproximação com instituições parceiras: construção dos PGTA’s para evitar futuros conflitos
sítios antigos, caminhos feitos pelos ancestrais e tico; conclusão do documento; aprovação do plano.
Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto na área de interface territorial. Durante o II Ciclo de
levantamento dos pontos críticos de acesso.
Socioambiental (ISA), Secretaria Municipal de Foto: Flávio Bocarde Foto: Flávio Bocarde

Turismo de São Gabriel da Cachoeira (Sematur/


ࡿࡿ Criação da Câmara Temática de Ecoturismo por
SGC) e populações indígenas.
uma demanda de geração de renda sustentável
alternativa ao garimpo, com possibilidade de
ࡿࡿ Elaboração do Desenho do Processo de
construção de agenda positiva e de superação
Planejamento (DPP), passo inicial na direção
dos conflitos históricos. Em resposta aos anseios
do Plano de Manejo da UC, que avançou para
da população Yanomami, a equipe do parque
formalização do processo.
está realizando atividades de ordenamento da
ࡿࡿ Desenvolvimento da Minuta do Plano de Visitação visitação e planejamento do ecoturismo, com o
do Parque Nacional do Pico da Neblina. Elaboração de propósito de capacitar os moradores da UC na
etnomapeamento e monitoramento da trilha até o Pico gestão da atividade quando liberada.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


PROTEÇÃO CONJUNTA

54
INSPIRE-SE! PERÍODO MAIOR ARTICULAÇÃO ENTRE SECRETARIA 55
Janeiro de 2015 a outubro de 2016.
ESTADUAL E FUNAI TRANSFORMA RELAÇÕES
ࡿࡿ Construir canais de diálogo com o
Estado e as organizações da sociedade civil PARCEIROS DO PROJETO
ENTRE MORADORES DE COMUNIDADES E
pode possibilitar a criação de articulações
intersetoriais, somando esforços em prol de Associações e lideranças indígenas do Rio Negro;
INDÍGENAS
objetivos compartilhados. Compreender a Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma; Coordenação geral e executiva: Flavia Dinah Rodrigues de Souza (Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas
dinâmica dos atores envolvidos, respeitar a Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes do Acre - Seanp-AC, vinculado ao Departamento de Áreas Protegidas e Biodiversidade da Secretaria do Meio
cultura e o modo de vida dos povos e realizar Ambiente do Acre - Sema-AC). Gestão dos recursos e gerenciamento: Jesus Domingos Rodrigues de Souza
(Ayrca); Fundação Nacional do Índio (Funai); Federa-
leitura crítica da realidade são imprescindí- (Parque Estadual de Chandless/Secretaria do Meio Ambiente do Acre - Sema-AC).
ção das Associações Indígenas do Rio Negro (Foirn);
veis para planejar ações de gestão. Instituto Socioambiental (ISA); Secretaria de Meio
Ambiente e Turismo de São Gabriel da Cachoeira Vinte e uma Unidades de Conservação (UCs) estão no Acre, PERFIL
ࡿࡿ Novas atitudes e posicionamentos são
(Sematur/SGC). sendo que 14 possuem limites territoriais ou mesmo so-
os primeiros passos na direção de agendas Localizado no sudoeste do Acre, o parque
breposição a Terras Indígenas (TIs). O Parque Estadual
positivas como forma de responder a anti- estadual conta com 695.303 hectares. Do
Chandless (PEC), por exemplo, conta com 20 km de linha
gas demandas, mas com novas estratégias lado brasileiro está circundado pela Re-
e em um novo cenário. Em relação à prática seca com o Peru (Parque Nacional Alto Purus e a Reserva
serva Extrativista Cazumbá Iracema e por
apresentada, por exemplo, entendendo a Comunal Alto Purus), além disso é circundado pela Reser-
duas Terras Indígenas (TIs): Alto Rio Purus
sobreposição de UCs e TIs como dupla pro- va Extrativista Cazumbá Iracema e por duas TIs (Mamoada-
e Mamoadate.
teção de área. Foto: Flávio Bocarde te e Alto Rio Purus), do lado brasileiro.

ࡿࡿ O ecoturismo pode ser um instrumento “Nesse cenário, as relações da gestão com os indígenas OBJETIVOS
com potencial de incrementar a renda das vizinhos inexistiam depois de 10 anos de criação da UC, e Fortalecer as relações interinstitucionais
comunidades tradicionais, como alternativa com a Fundação Nacional do Índio (Funai), limitavam-se entre Funai e a Secretaria de Estado do
a práticas não sustentáveis, como o garimpo, aos pequenos momentos de reuniões do Conselho gestor. Meio Ambiente do Acre (Sema-AC), por
a caça e a pesca ilegais. O empoderamento De um lado, a Funai acusava moradores do PEC de explo- meio da gestão integrada entre o Parque
feminino, inclusive nas comunidades indíge- rarem as margens do Chandless pertencente a TI Alto Rio Estadual Chandless e a Terra Indígena
nas, favoreceu a diversificação das atividades Purus, com base em denúncias dos indígenas, e de outro, Alto Rio Purus, a favor da construção de
geradoras de renda nas comunidades, nesta os moradores ressentiam a coleta de tracajás e jabutis diálogo com indígenas da TI Alto Rio Purus
Boa Prática. O primeiro passo foi estimular
e dos respectivos ovos do lado pertencente ao parque”, e moradores do Parque Chandless para a
a participação das mulheres em ambientes
explica Flavia Dinah Rodrigues de Souza, chefe da divisão proteção conjunta do território.
tradicionalmente masculinos como as assem-
do Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas do Acre
bleias das Associações.
(Seanp-AC), vinculado ao Departamento de Áreas Protegi-
ࡿࡿ Estimule a formação e a participação Foto: Flávio Bocarde das e Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente do Foto: Acervo Sema-AC

dos mais jovens nas atividades da UC e o en- Acre (Sema-AC).


volvimento dos anciões, com valorização da
Estreitar a dinâmica entre a Secretaria de Estado do Meio
experiência de vida e do acúmulo de saberes
tradicionais. No Parque Nacional do Pico da Ambiente do Acre (Sema-AC) e a Funai se fazia urgente,
Neblina ambos os perfis integram os espaços assim como iniciar o diálogo sobre as temáticas entre in-
de discussão da gestão. dígenas e moradores que compartilham do interesse em
proteger a biodiversidade. Nesse contexto, o maior preju-
ízo aos territórios vinha de fora da UC e da TI, moradores
dos municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus
exploravam e vendiam recursos da fauna e da flora de áre-
as protegidas.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


ESPAÇOS DE DIÁLOGO
RESULTADOS INSPIRE-SE! LIDERANÇAS INDÍGENAS E EXTRATIVISTAS
56 57
ࡿࡿ Planos de uso amplamente debatidos e
pactuados em oficinas com participação de
DO SUL DO AMAZONAS DESENVOLVEM PLANO
indígenas e moradores do parque.
ࡿࡿ O diálogo contínuo com a população
ajuda a gerar credibilidade em relação às
DE AÇÃO DE GESTÃO INTEGRADA DE ÁREAS
ࡿࡿ Intensificação das relações e maior confiança parcerias propostas pelos órgãos ambientais PROTEGIDAS
dos indígenas e moradores do parque com as e com os demais parceiros envolvidos.
Coordenação geral: Luciene Pohl (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Coordenação executiva:
esferas de gestão.
ࡿࡿ O processo de construção deve ser Ailton Dias e Luciene Pohl (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Gestão dos recursos e
ࡿࡿ Aumento no número de denúncias sobre os coletivo na prática: conversas com a comuni- gerenciamento: Ailton Dias e Luciene Pohl (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB).
casos de entrada de invasores. dade precisam ser abertas às contribuições.

ࡿࡿ O fortalecimento da relação interinstitucional ࡿࡿ Rodas de conversa que busquem Iniciativas construídas a partir das demandas da PERFIL
com a Funai entre 2014 e 2015 foi um marco que deu mostrar a proximidade dos interesses dos base, com os principais interessados, de fato, pos-
início a uma série de outras parcerias entre 2016 diversos atores sociais podem diminuir os Reservas Extrativistas Médio Purus e Ituxi; Flores-
suem uma força de mudança que muitas vezes
e 2017, incluindo definições de agendas conjuntas conflitos e gerar cumplicidade. tas Nacionais Humaitá e Purus localizadas no sul
supera as expectativas das lideranças envolvidas
aumentando assim a eficiência de recursos, por do Amazonas; Terras Indígenas. Mais de 25 povos
ࡿࡿ Estratégias bem-sucedidas contam com no processo. “A gestão integrada no sul do Amazo-
exemplo. indígenas e mais de 100 comunidades tradicionais
amplo amparo institucional. Tal característica nas não foi imposta de fora para dentro, ela partiu
extrativistas e ribeirinhas vivem nas calhas dos
pode, por exemplo, garantir fluidez da ação das demandas da região”, pontua Luciene Pohl,
rios Madeira e Purus.
independente da mudança de servidores. assessora do Programa Povos Indígenas do Ins-
METODOLOGIA tituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). OBJETIVOS
A partir da abertura de edital para desenvolvimento
A necessidade de construir um espaço de diálogo Implementar o Plano de Ação de Gestão Integra-
de planos de ação comunitários no âmbito do Arpa,
A utilização dos mapeamentos e das abordagens sobre a relação entre Terras Indígenas (TIs) e Uni- da de forma que oriente as instituições parceiras
componente 2.3, Funai e Sema elaboraram proposta
sobre gestão territorial e ambiental do Acre em re- dades de Conservação (UCs) apareceu como con- quanto às ações prioritárias no avanço desse
conjunta para materialização das ações de campo
lação à política indigenista foi substancial para a senso entre extrativistas, indígenas e gestores do modelo de gestão territorial no sul do Amazonas.
necessárias à operacionalização do ciclo de reuni-
discussão de pertencimento territorial, indígena e ICMBio e da Fundação Nacional do Índio (Funai) já Gerar acordos de gestão integrada, de uso com-
ões e oficinas programadas, entre 2014 e 2016, na
não indígena. em 2012, durante o Seminário Gestão Participativa partilhado e de convivência territorial; promover e
Terra Indígena e no Parque Estadual.
de Unidades de Conservação no Sul do Amazo- fortalecer espaços de diálogo e governança (comi-
Em cinco oficinas foram discutidas as relações de nas, Nordeste de Roraima e Norte de Mato Grosso, tês regionais e conselhos de UCs); formar e capa-
uso, mapeamentos dos territórios, a questão do PERÍODO promovido pelo Instituto Internacional de Educa- citar lideranças e gestores sobre gestão integrada
pertencimento territorial; na intenção de não coibir Junho de 2013 a dezembro de 2017. ção do Brasil (IEB). “Em 2015, esta demanda, com do território; fortalecer as ações estratégicas de
os usos tradicionais, mas sim práticas ilegais levan- expressiva participação indígena e contando com vigilância do território; incrementar as atividades
tadas nas oficinas. gestores da Funai e ICMBio foi acentuada durante econômicas e cadeias de valor regionais; realizar
PARCEIROS DO PROJETO o curso Formar Política Nacional de Gestão Terri-
Indígenas foram recebidos na sede da UC e gestores ações de fiscalização e controle do território.
Fundação Nacional do Índio (Funai); Assessoria de torial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI),
da unidade estiveram nas aldeias escolhidas para
Assuntos Indígenas do Acre; Centro de Trabalho In- também realizado pelo IEB. Diante desse contexto,
as reuniões. Moradores do parque também perce-
digenista; Associações Huni kui e Madijá da TI Alto no mesmo ano, com apoio da Fundação Moore, Na região, o desmatamento é um dos “inimigos comuns”
beram a maior aproximação da gestão do parque.
Purus e famílias do parque. o IEB iniciou o projeto Gestão Integrada de Ter- de indígenas, moradores das Unidades de Conservação
A partir da alocação orçamentária de ambos os ras Indígenas e Unidades Conservação no Sul do e servidores do ICMBio e Funai, mas não o único. Vio-
Foto: Acervo Sema-AC
órgãos, Funai e Sema, em 2016 e 2017, uma série de Amazonas, por meio de um processo formativo”, lação de direitos, como privação da posse, violência no
ações foi planejada e executada de forma conjunta. esclarece Luciene Pohl. campo e grilagem de terras são recorrentes.
O nível de planejamento consistia na implementa-
ção dos encaminhamentos gerados de maneira co-
letiva nas reuniões com a comunidade do parque
e com indígenas, com a inserção dessas atividades
nos planejamentos orçamentários de ambos.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS INSPIRE-SE! PERÍODO
58 ࡿࡿ Construção participativa de um Plano de Ação O passo seguinte consistiu na elaboração de um 2015 a 2017.
59
de Gestão Integrada de Áreas Protegidas. Confira o edital de convocação de 30 participantes para o
ࡿࡿ A elaboração de documentos com parti-
documento: http://bit.ly/planogestaointegrada curso de 136 horas com foco no potencial social,
econômico e ambiental da gestão integrada de
cipação coletiva além de levar a experiência PARCEIROS DO PROJETO
ࡿࡿ Articulação dos moradores e lideranças das TIs para outras fronteiras também revela amadu-
áreas protegidas na região do sul do Amazonas. As Fundação Nacional do Índio (Funai); Operação Ama-
e das UCs no sul do Amazonas com os gestores das recimento da causa e potencializa a resolu-
vagas foram preenchidas da seguinte forma: lide- zônia Nativa (Opan); oito associações indígenas: Or-
áreas protegidas localizadas nos municípios de ção de conflitos, por meio da horizontalidade
ranças indígenas (10 vagas), lideranças extrativistas do diálogo. ganização do Povo Indígena Parintintin do Amazo-
Lábrea, Pauini, Boca do Acre e Humaitá.
(10 vagas), gestores públicos da Funai (5 vagas) e nas (Opiam); Associação do Povo Indígena Tenharin
ࡿࡿ Atuação das instituições de modo mais sistêmico, gestores públicos do ICMBio (5 vagas), além de dois ࡿࡿ A articulação entre grupos locais Morõgita (Apitem); Organização dos Povos Indígenas
considerando a região como um mosaico não oficial monitores, um da Funai e outro do ICMBio. organizados em prol de uma causa pode
do Alto Madeira (Opipam); Associação do Povo Indí-
de áreas protegidas, com ampla participação dos potencializar os resultados e fortalecer
A realização do Seminário Gestão Integrada de TIs e gena Tenharin do Igarapé Preto (Apitipre); Associação
parceiros extrativistas e indígenas da região, como alianças.
UCs no Sul do Amazonas – como a quarta etapa do do Povo Indígena Jiahui (Apij); Organização dos Povos
principais partes interessadas no processo. ࡿࡿ Os planos de ação participativa com- Indígenas Apurinã e Jamamadi de Boca Acre/Amazo-
curso – teve como objetivo reunir os participantes
ࡿࡿ Contribuição significativa para o fim dos partilhados ajudam a obter mais apoio em nas (Opiajibam); Organização dos Povos Indígenas
para avaliação das possibilidades de fortalecimento
conflitos entre extrativistas e indígenas na região e futuras iniciativas. Apurinã e Jamamadi (Opiaj); Federação das Organiza-
das alianças. O evento buscou também aprofundar e
melhor gestão territorial. validar o Plano de Ação de Gestão Integrada, pactuar ções e Comunidades Indígenas do Médio Purus –AM
ࡿࡿ Cursos e Seminários são ótimas opor-
junto a outros parceiros as possíveis ações para a ma- tunidades para buscar soluções de apli- (Focimp); sete instituições representativas dos extra-
nutenção sustentável e melhor gestão territorial par- cação prática, como por exemplo, infor- tivistas: Associação Extrativista Deus é Amor do Rio
METODOLOGIA mações-chave que façam a diferença no Inauini; Associação dos Moradores Agroextrativistas
ticipativa das áreas protegidas no sul do Amazonas.
Em 2015, o Instituto Internacional de Educação do desenvolvimento participativo dos Planos da Reserva Extrativista Ituxi (Amari); Associação dos
O evento realizado em abril de 2017, na cidade de
Brasil (IEB), em um primeiro momento, promoveu de Ação, além de ampliar o conhecimento Produtores Agroextrativistas da Assembleia de Deus
Lábrea, com apoio da Fundação Moore e da Agência sobre temas que afetam diretamente os do Rio Ituxi (Apadrit); Associação dos Produtores (as)
reuniões de articulação política regionais e nacional
dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Inter- moradores das áreas protegidas, a exemplo Rurais Extrativistas da Reserva Extrativista Arapixi
sobre gestão integrada no sul do Amazonas. Uma
nacional (Usaid), atraiu mais de 100 pessoas, entre das suas histórias de luta e conquista pelos (Aprea); Associação dos Trabalhadores Agroextrati-
vez pactuado o interesse de indígenas e extrativis-
representantes indígenas e extrativistas do sul do territórios. vistas do Médio Purus (Atamp); Conselho Nacional
tas em avançar com as discussões, uma oficina de
Amazonas; representantes de diversas instituições das Populações Extrativistas (CNS); Sindicato dos Tra-
detalhamento do curso Formação Continuada em
governamentais e não governamentais apoiadoras balhadores (as) Rurais de Pauini/AM (STTR Pauini).
Gestão Integrada foi realizada em março de 2016. Na
das ações de gestão integrada na região.
ocasião, estiveram na pauta: conteúdo, metodolo- Foto: Acervo IEB

gia, critérios de seleção dos participantes, perfil dos Todas essas ações (articulação política, reuniões, ofi-
instrutores, materiais didáticos, estrutura (módulos cinas para realização do curso e do Seminário e o pró-
presenciais e não presenciais) e a data. prio evento) reuniram diferentes parceiros de 19 insti-
tuições, sendo mais de 16 da sociedade civil (além do
IEB) e duas governamentais, dispostos a transformar
a realidade. O resultado desse trabalho está regis-
trado no Plano de Ação de Gestão Integrada, constru-
ído especialmente durante o curso e complementado
durante o Seminário, que busca minimizar conflitos
socioambientais na região e estreitar o diálogo com
apoiadores da iniciativa. Governo, sociedade civil or-
ganizada e cooperação internacional tiveram a opor-
tunidade de conhecer o Plano e visualizar como cada
instituição pode contribuir na implementação das
ações que promovam a melhor gestão territorial e o
enfrentamento de conflitos comuns.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
ARTICULAR E CAPACITAR

ESTRATÉGIA GARANTE NOVAS OPORTUNIDADES


60 61
À COMUNIDADE LOCAL E PRESERVA A REGIÃO
Coordenação geral: Cesar Victor do Espírito Santo (Fundação Pró-Natureza/Funatura) e Kolbe Wombral
Soares Santos (WWF Brasil). Coordenação executiva: Cesar Victor do Espírito Santo (Fundação Pró-
Natureza/Funatura) e Kolbe Wombral Soares Santos (WWF Brasil). Fundação Pró Natureza (Funatura); WWF
Brasil; Instituto Rosa e Sertão, Cooperativa Sertão Veredas; Cooperativa da Agricultura Familiar Sustentável
com Base na Economia Solidária (Copabase); Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas
de Pandeiros (Coopae); Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas do Vale do Peruaçu
(Cooperuaçu); Cáritas Diocesana de Januária; Instituto Biotrópicos; Agência Vale do Urucuia; Centro de
Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM); Associações de Pequenos Produtores e Comunitárias.
Gestão dos recursos e gerenciamento: Funatura e WWF Brasil.

O Mosaico Sertão Veredas Peruaçu traz toda a com- INSPIRAÇÃO


Foto: Arcanjo Daniel
plexidade característica de áreas tão diversas, além
A prática teve início por meio de um edital do RESULTADOS
das consequências da não compreensão da comu-
MMA/FNMA de constituição de Mosaicos em
nidade sobre a importância desse conjunto para a ࡿࡿ Elaboração do Plano de Desenvolvimento avaliado com efetividade de 80%, melhor posição
2005 que representou a possibilidade de efetivar
região. “Em geral, as comunidades locais, tanto mo- Territorial de Base Conservacionista (DTBC) do entre os quatro mosaicos avaliados, em estudo do
a gestão integrada nesse conjunto de Unidades
radores tradicionais, como pessoas de outras regi- Mosaico focado na gestão integrada das UCs e demais WWF-Brasil.
de Conservação, como forma de buscar soluções
ões não entendem claramente os objetivos dessas áreas protegidas, com estímulo ao desenvolvimento
coletivas e de interesse tanto do poder público,
unidades, o que acarreta em uma série de questio- de atividades produtivas compatíveis com a
como da sociedade civil e da iniciativa privada. METODOLOGIA
namentos sobre a existência de tantas áreas pro- sustentabilidade do território. A revisão do Plano,
tegidas na região”, afirma Cesar Victor do Espírito PERFIL pela Funatura, está em andamento, por meio de Elaboração do Plano de Desenvolvimento Territorial
Santo, superintendente executivo da Fundação Pró- projeto apoiado pelo Fundo Critical Ecosystem de Base Conservacionista (DTBC) do Mosaico, de for-
Localizado na margem esquerda do Rio São
-Natureza (Funatura). Partnership Fund (CEPF). ma participativa, a partir do edital do Ministério do
Francisco, nas macrorregiões norte e nordes-
A pluralidade do Mosaico pode ser notada com certa Meio Ambiente (MMA) de 2005, como forma de bus-
te de Minas Gerais e uma pequena parte no ࡿࡿ Mudança na percepção das pessoas sobre as
facilidade, afinal compõem esse território: Unidades car apoio à execução das ações planejadas.
sudoeste da Bahia. O Mosaico é formado por áreas protegidas, principalmente Unidades de
de Conservação (UCs) de proteção integral e de uso 18 áreas legalmente protegidas, entre proteção Conservação. Antes havia certa resistência ao A partir de 2010, com base no Plano DTBC do Mosai-
sustentável, duas Terras Indígenas (TIs) Xacriabás, integral, uso sustentável e duas Terras Indígenas papel das UCs. Execução de uma série de ações co, muitos projetos obtiveram financiamento tanto
algumas comunidades quilombolas reconhecidas, (TIs). Três são Unidades de Conservação federais: integradas, como fortalecimento do extrativismo de órgãos governamentais quanto de organizações
corredores ecológicos e zonas de amortecimento Parque Nacional Grande Sertão Veredas; Parque de produtos do cerrado e do turismo ecocultural não governamentais, fundações e fundos interna-
definidos em Planos de Manejo já elaborados, re- Nacional Cavernas do Peruaçu; Área de Proteção de base comunitária. cionais. Uma série de instituições também entra-
servas legais averbadas, além das propriedades pri- Ambiental Cavernas do Peruaçu. ram no projeto como executoras.
ࡿࡿ O turismo de base comunitária desenvolvido
vadas dos mais diversos portes (incluindo posses),
na região pelo Instituto Rosa e Sertão conta com Duas capacitações sobre gestão integrada foram
onde prevalece como atividade econômica a agro- OBJETIVOS
quatro rotas integradas, rede formada por 100 promovidas – a primeira pela Funatura, com apoio
pecuária, tanto voltada ao agronegócio, como para
Promover a gestão integrada das UCs e demais agentes ambientais, 25 condutores ambientais do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a segunda
a agricultura familiar.
áreas protegidas do Mosaico Sertão Veredas Pe- capacitados; sendo 60% do público direto do pelo WWF – ambas tiveram como público-alvo ges-
Problemas de regularização fundiária, unidades ain- ruaçu; implementação de práticas potencialmen- projeto constituído por mulheres, além da forte tores e parceiros que trabalhavam diretamente com
da não devidamente implantadas, atividades incom- te geradoras de renda à comunidade, compatíveis representatividade jovem, 42%. as UCs.
patíveis com a sustentabilidade, ausência de gestão com a proteção das UCs, como o extrativismo ve-
ࡿࡿ O trabalho do Instituto Rosa e Sertão no Mosaico O Conselho Consultivo do Mosaico formado por 46
integrada e as lacunas de conscientização de uma getal racional; a valorização das tradições cultu-
conquistou o Prêmio Objetivos de Desenvolvimento organizações desempenha função central nas ações
parcela significativa da sociedade sobre os motivos rais e das riquezas naturais, por meio do turismo
do Milênio, pelo Programa das Nações Unidas para planejadas, no acompanhamento das atividades,
que levaram à criação do Mosaico representavam o ecocultural de base comunitária.
o Desenvolvimento (Pnud). O Mosaico também foi debates e encaminhamentos dos temas.
cenário que a Boa Prática buscou mudar.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
COGESTÃO

62
PERÍODO INSPIRE-SE! MAIS DE 70% DOS VISITANTES ANALISAM A 63
2006 a 2017.
EXPERIÊNCIA COMO ÓTIMA EM UNIDADE ONDE
PARCEIROS DO PROJETO
ࡿࡿ Explicar os motivos que levaram à
criação das Unidades de Conservação, a
ÓRGÃO ESTADUAL E OSCIP SOMAM ESFORÇOS
importância dessas áreas para a sociedade Coordenação geral: Carlos Alberto Cassini (Instituto do Meio Ambiente - IMA, que substituiu a Fundação do
Fundação Pró Natureza (Funatura); WWF Brasil; Meio Ambiente - Fatma). Coordenação executiva: Vilmarice Silva (Parque Estadual Fritz Plaumann/Instituto
e organizar a gestão de forma integrada são
membros do Conselho Consultivo do Mosaico Ser- desafios permanentes a serem superados. do Meio Ambiente - IMA). Gestão dos recursos e gerenciamento: Gilberto Morsch (Áreas Naturais Protegidas/
tão Veredas Peruaçu; Instituto Estadual de Florestas Instituto do Meio Ambiente -IMA).
(IEF/MG); Caixa Econômica Federal (Fundo Socio- ࡿࡿ O envolvimento de atores sociais,
ambiental); Fundação Banco do Brasil, do Banco do como ONGs, fundações, universidades, as-
Brasil; Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA);
sociações e cooperativas de produtores, por A criação do Parque Estadual Fritz Plaumann, em 2003, está entre as PERFIL
exemplo, agrega conhecimentos e torna a medidas de compensação ambiental relativas à instalação da Usina
Agência Nacional das Águas (ANA); WWF Brasil; Co- Localizado no município de
dinâmica mais fluída. Hidrelétrica de Itá, no rio Uruguai, em Santa Catarina. O Consórcio Itá
munidade Europeia; Instituto Sociedade População Concórdia, às margens do
- atualmente formado pela Companhia Siderúrgica Nacional, Engie e Ci-
e Natureza (ISPN); Governo Francês; Universidade ࡿࡿ O estímulo à formação de associações lago formado pela barragem
que representam as diferentes comunidades mento Itambé - adquiriu e doou ao Governo do Estado, para a finalidade
Estadual de Montes Claros (Unimontes); Instituto da Usina Hidrelétrica Itá, no
pode favorecer o desenvolvimento da gestão. de criação de Unidade de Conservação, do grupo de proteção integral,
Federal do Norte de Minas/Campus Arinos e Cam- rio Uruguai, o parque esta-
área remanescente da Floresta Estacional Decidual. “Além da aquisi-
pus Januária; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dual conta com mais de 740
ࡿࡿ A gestão integrada encontra na co- ção das terras, a Usina, administrada pelo Consórcio Itá, também ficou
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Prefei- municação uma forte aliada. O Conselho hectares. A unidade preserva
responsável pela elaboração do Plano de Manejo e implementação de
turas dos 12 municípios do Mosaico e recentemente do Mosaico, por exemplo, desenvolveu com remanescentes da Floresta
estruturas para o uso público, como o Centro de Visitantes devidamente
o Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF) que parceiros o Jornal do Mosaico, site, folders, Estacional Decidual, perten-
ambientado, pórtico, quatro trilhas com pontes, mirantes, passarelas e
está apoiando três Projetos no território, sendo: um matérias, vídeos tanto para mobilizar os di- cente à Zona Núcleo da Re-
uma ponte pênsil entre outras estruturas”, afirma Carlos Alberto Cassini,
da Funatura, outro do WWF-Brasil e o terceiro da versos públicos da comunidade quanto atrair serva da Biosfera de Domínio
chefe de parque do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA),
Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextra- turistas à região. Confira http://mosaicosvp. da Mata Atlântica.
com.br/o-mosaico/ órgão estadual que substituiu a Fundação do Meio Ambiente (Fatma),
tivistas do Vale do Peruaçu (Cooperuaçu).
desde dezembro de 2017.

Foto: Paulo Henrique G. de Souza Foto: Paulo Henrique G. de Souza Durante os estudos para a elaboração do Plano de Manejo, foi constata- OBJETIVOS
da a necessidade de desenvolver estratégias como forma de obter mão
Garantir o pleno funciona-
de obra qualificada para o funcionamento do parque, diante das dificul-
mento de toda a estrutura
dades encontradas pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão am-
da unidade, por meio da
biental estadual de Santa Catarina – atual Instituto do Meio Ambiente
incubação de uma Organi-
de Santa Catarina (IMA). “Ficou evidente que a Fatma não teria pessoal
zação da Sociedade Civil de
suficiente para manter toda essa estrutura pública em funcionamento.
Interesse Público (Oscip)
A empresa responsável pela elaboração do Plano de Manejo sugeriu
para atuar como cogestora
então a incubação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse
da unidade nas áreas de uso
Público (Oscip) para a cogestão do parque, bem como o envolvimento
público e envolvimento com
com as comunidades do entorno do parque. A necessidade de fazer a
comunidades do entorno. A
incubação decorreu do fato de não existirem organizações não governa-
estratégia surgiu em respos-
mentais nem Oscip da área ambiental na região. A proposta foi aprova-
ta a um cenário onde não
da por ambos, Fatma e Consórcio Itá e o projeto colocado em prática”,
existiam ONGs ou Oscip da
completa Cassini.
área ambiental.

BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO


RESULTADOS METODOLOGIA INSPIRE-SE!
64 ࡿࡿ O parque já recebeu 30 mil visitantes, desde A empresa responsável pela elaboração do Plano de No compromisso inicial, o Consórcio Itá, que fi- 65
2007, 71% avaliaram a experiência na UC como Manejo sugeriu a incubação de uma Organização da nanciou o processo de incubação, deveria realizar
Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) para rea- aportes mensais durante os três primeiros anos ࡿࡿ Estimular a participação de lide-
ótima e 24,66% como boa.
lizar a cogestão do Parque com a Fatma, órgão estadu- da unidade. Após 10 anos, a empresa segue com o ranças comunitárias e de pesquisadores
ࡿࡿ Atividades com participação da Oscip Ecopef nas iniciativas sobre gestão das UCs pode
al, desde dezembro de 2017 transformado em Instituto aporte de R$ 140 mil por ano até 2019. Outro fato
possuem taxas em torno de 80% de efetividade, com