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PRÁTICAS
NA GESTÃO DE
UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO
CONHEÇA AS INICIATIVAS QUE BUSCAM SOLUÇÕES PARA
GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL
Michel Temer
Edson Duarte
BOAS
Paulo Henrique Marostegan e Carneiro
COMITÊ EDITORIAL
Ângela Pellin, Carla Guaitanele, Cibele Tarraço Castro, Danúbia Melo, Fabiana Prado, Letícia
PRÁTICAS
Braga, Roberta Barbosa, Rosana Lordêlo de Santana Siqueira e Thais Ferraresi Pereira
COLABORADORES
Camilla da Silva, Debora Lehmann, Fernanda Boaventura, Fernando Mendes, Gilceli Menezes,
Isis de Freitas, Larissa Diehl e Marcia Muchagata
NA GESTÃO DE
UNIDADES DE
ORGANIZAÇÃO, TEXTO E REVISÃO
Essa edição do Seminário também entrou para a história pela realização conjunta Todas as práticas contêm uma ficha com o propósito de relacionar os principais
com o I Fórum Internacional de Parcerias na Gestão de Unidades de Conservação, profissionais e instituições envolvidas, mas sabemos e reconhecemos que cente-
uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam) - mais nas de atores sociais contribuíram com cada trabalho, por isso sintam-se todos,
uma forma de parceria, que reforça as convicções do ICMBio de que somar esforços por meio dessa publicação, aqui representados.
é sempre a melhor estratégia.
19 Política Pública
aperfeiçoam interpretação ambiental orientam parceria no Parque Nacional da Tijuca de visitante ao custo de R$ 135,00
A diversidade das formas de parcerias das 76 Boas Práticas registra as múlti- de um país de dimensões continentais. “Considero o Seminário muito valioso por
plas faces desse instrumento, desde o conhecimento tradicional até o científico reconhecer os esforços feitos pelos gestores. O evento estimula uma visão sistemá-
dos centros de pesquisa – em alguns casos somando esforços – passando pelo tica – as UCs não são esforços isolados ou locais da conservação da biodiversidade,
voluntariado e o aporte de recursos. Pedro de Castro da Cunha e Menezes, elas pertencem a um sistema. Por esse motivo, o Seminário fortalece a consolida-
chefe da Coordenação Geral de Uso Público e Negócio, destaca o Seminário ção do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), também apoiado
como a oportunidade para obter escala na divulgação das Boas Práticas. “Como pelo Governo Alemão junto ao Ministério de Meio Ambiente do Brasil na iniciativa
instituição pulverizada, estamos em vários locais do cenário nacional, se não internacional para a Proteção do Clima”, diz.
fosse pelo Seminário como espaço de discussão de iniciativas locais, que são
A terceira edição registrou recorde de público com cerca de 300 participantes -
replicáveis, as experiências não chegariam ao conhecimento das equipes de
entre servidores, representantes governamentais, comunidades locais, empresá-
outras Unidades de Conservação (UCs). Por exemplo, uma iniciativa em Roraima
rios, voluntários, pesquisadores e lideranças de organizações da sociedade civil
dificilmente seria do conhecimento das equipes do Rio Grande do Sul ou em
- aumento superior a 450% em relação ao evento de estreia. Os motivos de tal
Minas Gerais. O seminário cumpre esse papel e ao mesmo tempo valoriza os
crescimento, segundo Fabiana Prado, coordenadora de projetos do IPÊ, envolvem
gestores que conseguem durante o evento divulgar iniciativas já desenvolvidas,
o comprometimento desde o início do projeto em criar de fato um espaço de dis-
mas que até então pela falta de visibilidade muitas vezes perdiam inclusive o
cussão. “A qualidade do evento repercutiu e a cada ano, o número de interessados
valor para o gestor”.
aumenta. O sucesso de público é o resultado do trabalho dos anos anteriores. Pro-
Para Jens Brüggemann, diretor do projeto Consolidação do Sistema Nacional de vavelmente no próximo evento teremos ainda mais participantes. Uma conquista
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) - LifeWeb pela Deutsche Gesells- muito grande dessa edição foi envolver também os Estados, além das UCs federais.
chaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, o crescimento expressivo do Isso sempre esteve no nosso horizonte e conseguimos isso por meio dessa impor-
evento reforça o interesse no compartilhamento das informações entre os gestores tante parceria com o Ibam”, afirma ela.
http://bit.ly/parcerias_recursos
MODELAGEM DE UM CONTRATO DE GESTÃO PARA A
ACADEMIA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE – ACADEBIO
SILVANA CANUTO – DIPLAN/ICMBIO
ARRANJOS DE PARCERIAS PARA IMPLEMENTAÇÃO
DE TRILHAS DE LONGO PERCURSO (EXPERIÊNCIA DA
O projeto busca transformar a escola corporativa do ICMBio em uma instituição de
PACIFIC CREST TRAIL) ESTADOS UNIDOS
ensino do Sisnama e do Snuc, além de oferecer certificação do MEC para os cursos
de pós-graduação e promover o intercâmbio de alunos e professores nacionais e JENNIFER TRIPP – PACIFIC CREST TRAIL ASSOCIATION E JIMMY GAUDRY –
internacionais. Com o Chamamento Público para o contrato de gestão, o objetivo é SERVIÇO FLORESTAL DOS ESTADOS UNIDOS
escolher um parceiro que compartilhe dos mesmos interesses do Instituto, nesse O comprometimento dos voluntários que retribuem os serviços ambientais das
caso, por meio da educação e da conservação da biodiversidade. A ideia é repassar áreas naturais com atividades de manutenção das trilhas é o ponto central dessa
no contrato os blocos da Acadebio, o sítio histórico para que ele possa ser poten- boa prática. O estímulo às atividades ao ar livre está na identidade desse projeto
cializado na visitação e na conservação, assim como três trilhas, centro de visitan- que tem na experiência do usuário na natureza o principal aliado para engajar
tes, casas da vila, viveiro e a área de lazer do lago.
mais pessoas na defesa e na criação das áreas protegidas. A aliança entre o Servi-
ço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e as organizações não governamentais foi
http://bit.ly/modelagem_contrato_gestao
apontada como o caminho para administrar o manejo das trilhas e mobilizar ainda
mais a sociedade.
http://bit.ly/arranjos_parcerias_trilhas
OBJETIVOS
Fortalecer a pesquisa nas áreas de
gestão e da biodiversidade, por meio de
chamadas de projetos com recursos de
compensação ambiental. Obter conhe-
cimento científico e tecnológico especí-
fico de aplicação prática sobre cada UC
e favorecer a inserção da área prote-
gida no contexto regional. Contribuir
para formação de recursos humanos
nas áreas relacionadas à proteção da
biodiversidade e do patrimônio cultural.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Foto: Marcelo Guena
22
PROJETO COM A MARACANÃ-VERDADEIRA RESULTADOS METODOLOGIA
23
SUBSIDIARÁ A REINTRODUÇÃO DA ARARINHA- ࡿࡿ Realização do primeiro levantamento de
mamíferos e aves terrestres por armadilhamento
Curaçá integra o polígono da seca e possui baixo Ín-
dice de Desenvolvimento Humano (IDH), 0,581. O por-
AZUL NA NATUREZA fotográfico na área de ocorrência histórica da centual da população acima de 18 anos com ensino
Coordenação geral e executiva: Camile Lugarini (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves ararinha-azul. 2.250 câmeras-dias registraram 15 fundamental completo é de 30,05% e a renda per ca-
Silvestres - Cemave/ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundo Brasileiro para a Biodiversidade espécies de mamíferos e três de aves terrestres pita média chegou a R$ 236,77 em 2010. Os dados são
(Funbio). de médio e grande porte. Cinco destas espécies do Atlas do Desenvolvimento Humano – uma iniciati-
Foto: Marco Sarti
são consideradas ameaçadas de extinção: gato- va do Programa das Nações Unidas para o Desenvol-
do-mato-pequeno, puma, jaguarundi, mocó e vimento (Pnud), do Instituto de Pesquisa Econômica
jacucaca. Duas espécies estão quase-ameaçadas: Aplicada (Ipea) e da Fundação João Pinheiro (FJP).
caititu e ema.
Diante da realidade local com alta dependência de
ࡿࡿ 82 árvores e mais de 25 ninhos monitorados programas socais, especialmente Bolsa Família e
somente na temporada reprodutiva de 2016-2017. Garantia-Seguro Safra, o projeto Maracanã foi es-
A análise da saúde dos filhotes de maracanã truturado em três vertentes: 1. Produzir informações
demonstrou a inexistência de risco de doenças necessárias à conservação do habitat e da fauna
na região que possam afetar as populações associada com o auxílio de instituições de ensino
reintroduzidas. superior e pesquisas locais; 2. Envolvimento e enga-
jamento comunitário para apropriação do Projeto,
ࡿࡿ Instalação de gravadores automáticos em 150
como forma de garantir a continuidade das práticas
pontos na área proposta para a criação da Unidade
conservacionistas; 3. Capacitação com o objetivo de
de Conservação federal. A medida permite identificar
promover uma nova oportunidade de emprego, o
as áreas mais ocupadas pelas maracanãs e outras
turismo de observação de aves.
aves. A presença constante de pesquisadores em
campo e a participação de comunitários do local A produção de informações sobre a maracanã mobi-
inibiram a retirada de filhotes de maracanãs dos lizou pesquisadores, profissionais, estudantes de gra-
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) integra a lista dos PERFIL
ninhos, prática comum na região. duação e Ensino Médio Técnico da região. A equipe
animais criticamente ameaçados de extinção do Minis-
O município de Curaçá, no submédio São buscou conhecer o comportamento reprodutivo da
tério do Meio Ambiente. Em todo mundo, existem apro- ࡿࡿ Identificação da necessidade de um trabalho
Francisco, tem como característica a pre- maracanã, dados ecológicos sobre o habitat, poten-
ximadamente 160 indivíduos em cativeiro, concentrados contínuo de educação ambiental, a partir de 169
sença abundante de maracanãs e de mais ciais predadores, nas áreas de mata ciliar da Caatinga
na Alemanha, no Brasil e em Cingapura. O último macho entrevistas em 83 localidades, entre fazendas e
quatro espécies de psitacídeos. No total, de Curaçá e Juazeiro (Bahia) e as características socio-
de ararinha-azul registrado em vida livre no Brasil for- comunidades, na área da proposta da Unidade de
são 204 espécies de aves, de 50 famílias, culturais da região, por meio de seis subprojetos:
mou par com uma maracanã, mas desde 2000 ele não Conservação.
sendo 28 endêmicas da Caatinga. A área é
é visto. A ararinha azul e a maracanã (Primolius mara- Foto: Tatiane Alves Foto: Damilys Oliveira
considerada altamente prioritária para a
cana) compartilham habitat, cavidades de nidificação e
conservação de remanescentes de Caatinga.
itens alimentares na região de Curaçá, (Bahia). Diante de
tantas similaridades, as ações de conservação da arari- OBJETIVOS
nha-azul são desenvolvidas utilizando a maracanã como
Levantar informações científicas sobre a
referência. “O Projeto Maracanãs buscou com atividades
maracanã para subsidiar a reintrodução da
de campo conhecimento sobre a maracanã, no âmbito do
ararinha-azul e a implementação de Unida-
Projeto Ararinha na Natureza. Os resultados vão emba-
de de Conservação federal; despertar nas co-
sar a implementação da Unidade de Conservação fede-
munidades o orgulho da região e o senso de
ral, que deve ser criada ainda em 2018 e as atividades
pertencimento à causa; desenvolver ativida-
de reintrodução da ararinha-azul com início previsto até
des que gerem renda às comunidades, como
2022”, reforça Camile Lugarini, analista ambiental no Cen-
o turismo ecológico, com destaque para a
tro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silves-
observação de aves.
tres/ICMBio.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
1. Impacto da captura e tráfico de maracanãs e ou- 6. Acessar o deslocamento diário, sazonal e o uso de vulgação do projeto com base em ações e práticas INSPIRE-SE!
24 tros psitacídeos em Curaçá (Bahia) priorizou a apli- área da maracanã, por meio de telemetria e testar em rede de contatos e estimulou a troca de saberes 25
cação de questionários socioambiental, econômico se o equipamento pode ser utilizado nos eventos com base em ações de Educação Ambiental. O ví-
e fundiário nas fazendas e nas comunidades, assim de reintrodução de maracanãs e ararinhas-azuis. deo produzido foi selecionado no Circuito Tela Ver- ࡿࡿ O engajamento da comunidade fortale-
como a obtenção de informações a respeito da cap- Nessa etapa a equipe testou radiocolares VHF em de 2018. ce os projetos e pode auxiliar em uma série
tura das maracanãs e de outros psitacídeos. A ini- maracanãs em semicativeiro (mantidas por um co- de atividades de campo, em especial na cole-
O Projeto Maracanãs no âmbito do Projeto Ararinha
ciativa registrou a opinião dos moradores a respeito munitário, mas com acesso ao voo diurno) e em um ta de dados. Invista na capacitação de acordo
na Natureza foi financiado pela Vale.
da criação de uma ou mais Unidades de Conserva- filhote no ninho. com as demandas atuais e agregue parceiros
ção. Na região, cerca de 43% dos moradores man- nessa missão.
têm psitacídeos em cativeiro, o mais frequente é o PERÍODO ࡿࡿ Desenvolver programa de educação am-
papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE biental em comunidades, onde a captura de
Setembro de 2016 – em andamento.
2. Avaliar o estado sanitário de psitacídeos adul- Para mobilizar especialmente jovens estudantes e aves é disseminada, desponta entre as estra-
tos e filhotes encontrados nas casas das fazendas comunitários-chave, por conta do conhecimento tégias para reverter essa realidade. Durante
da área proposta como Unidade de Conservação. que possuem sobre os animais da região, o projeto PARCEIROS DO PROJETO o Projeto Maracanã, pequenos proprietários
instituiu o Programa de Voluntariado. deixaram de criar maracanãs ilegalmente,
Durante as visitas às fazendas e comunidades, a Al Wabra Wildlife Preservation; Association for the
após envolvimento na iniciativa.
equipe examinou os psitacídeos mantidos em ca- A coordenadora de campo do projeto, professora no Conservation of Threatened Parrots; Fazendo Ca-
tiveiro e colheu material biológico (sangue, suabes Ensino Médio Técnico de Curaçá, estimulou a par- choeira; Universidade Federal de Pernambuco ࡿࡿ Comunique a proposta de transformar
cloacal e oral) para análise. Todos os animais fo- ticipação dos estudantes dos cursos de Zootecnia, (UFPB); Universidade Federal do Rio Grande do Nor- determinada área em Unidade de Conser-
ram microchipados e os resultados vão embasar Agropecuária e Agroecologia do Colégio Estadual te (UFRN); Centro de Conservação e Manejo de Fau- vação, antes da consulta pública, organize
as estratégias de soltura, especialmente quanto à na da Caatinga, da Universidade Federal do Vale do encontros nas associações e nas proprie-
José Amâncio Filho. Os interessados passaram por
presença ou ausência de determinados microrga- dades que integram a área em questão e con-
capacitação que incluiu cursos de monitoramento São Francisco (Univasf-Cemafauna); Universidade
nismos. verse com os moradores sobre a importância
de psitacídeos, ascensão vertical em árvores, além Federal de Minas Gerais (UFMG); Universidade Fede-
da preservação. Transforme esse momento
3. Probabilidade de ocupação da maracanã em de apresentações sobre o Projeto Ararinha-azul e os ral do Rio de Janeiro (UFRJ); Instituto de Pesquisas
em oportunidade para estabelecer canal de
Curaçá, Brasil mensurada a partir da instalação, em desafios dos pesquisadores e da comunidade para Espaciais (Inpe); Parque das Aves; Instituto Arara-
comunicação com os moradores e esclareça
mais de 70 km, de gravadores que registraram as vo- a reintrodução da espécie. -azul; Escola Estadual José Amâncio Filho (Cejaf). todas as dúvidas.
zes das maracanãs. Dessa forma, os pesquisadores Após os treinamentos, a equipe selecionou os co-
tiveram condições de conhecer e observar as carac- munitários que auxiliariam nas atividades em cam- Foto: Mercia Milena Foto: Wanderly
terísticas dos ambientes que concentram o maior po dos subprojetos, na coleta de dados científicos,
número de maracanãs. monitoramento de filhotes e adultos de maracanãs,
4. Probabilidade de ocupação de mamíferos e aves aplicação de questionários, divulgação de eventos
ameaçados, quase ameaçados e predadores na re- do projeto, tabulação de dados, dentre outros.
gião de Curaçá foi analisada com a instalação de A partir dessa aproximação, o interesse pelo estu-
armadilhas fotográficas que registraram mamíferos do aumentou, moradores buscaram participar das
e aves. Dessa forma, a equipe identificou as locali- atividades e passaram a cobrar a valorização das
dades que deveriam ser incorporadas à Unidade de comunidades no contexto do projeto.
Conservação.
A etapa referente ao curso Ararinha na natureza
5. Ecologia reprodutiva da maracanã para embasar e a comunidade na cena: o encontro da Educação
a soltura de ararinhas-azuis, de dezembro a abril Ambiental com o cinema, em Curaçá (Bahia) teve
(período reprodutivo) foi possível monitorar casais como objetivo produzir de maneira colaborativa fil-
de maracanãs e a atividade nos ninhos. A equipe mes ambientais que reforçassem a sinergia entre a
retirou temporariamente ovos e filhotes do ninho conservação da ararinha-azul e de outras aves e a
para a coleta de dados e medidas, anilhamento, mi- participação da comunidade de Curaçá. Durante a
crochipagem e coleta de material biológico. atividade, a equipe destacou a importância da di-
26
PROJETO MAArE DESENVOLVE AÇÃO RESULTADOS INSPIRE-SE!
27
PREVENTIVA DIANTE DE EXPLORAÇÃO ࡿࡿ As descobertas científicas vão subsidiar a
construção do Programa de Monitoramento
PETROLÍFERA Ambiental da Reserva Biológica Arvoredo e Entorno
ࡿࡿ Parcerias com Universidades possi-
bilitam, de fato, a obtenção de resultados
Coordenação geral: Adriana Carvalhal Fonseca (Reserva Biológica Marinha do Arvoredo/ICMBio). Coordenação que deve ser executado de forma sistemática e
práticos voltados à gestão da Unidade de
executiva: Drª. Bárbara Segal e Drª. Andrea Freire (Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade contínua.
Conservação (UC).
Federal de Santa Catarina - UFSC). Gestão dos recursos e gerenciamento: Marcio Soldatelli (contratado pela ࡿࡿ Elaboração de um documento com as Diretrizes
Fapeu/UFSC). ࡿࡿ Workshops com a comunidade científica
para Monitoramento Ambiental e Socioeconômico
trazem novos pontos de vista com diferen-
de Áreas Marinhas Protegidas no Brasil. As
tes abordagens no sentido de aperfeiçoar a
O licenciamento ambiental dos campos petrolíferos de Baúna e Pi- PERFIL recomendações podem ser utilizadas como gestão.
racaba, na Bacia de Santos, teve como condicionante, indicada pelo subsídio para o desenvolvimento de um Programa
Unidade de proteção integral
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a de Monitoramento Ambiental nas UCs Marinhas do ࡿࡿ Publicação de resultados científicos em
formada pelas Ilhas do Arvo- linguagem acessível à sociedade possibilita
realização de projeto de monitoramento ambiental na Reserva Bio- ICMBio.
redo, Galé, Deserta, Calhau de disseminar o conhecimento e aumentar o in-
lógica Marinha do Arvoredo e entorno, localizada na costa de San-
São Pedro e pela área mari- ࡿࡿ Lançamento do livro MAArE - Monitoramento teresse da população pelas áreas protegidas.
ta Catarina, a cerca de 300 quilômetros da atividade licenciada em
nha relativa ao arquipélago. Ambiental da Rebio Arvoredo e Entorno nas
questão. “O intuito principal foi obter uma caracterização ambiental ࡿࡿ Inclusão de empresas locais como pres-
Localizada no litoral do Estado versões impressa e digital com os resultados e
detalhada da área marinha, de forma a facilitar a identificação de po- tadoras de serviço (operadoras de mergulho
de Santa Catarina, entre os as experiências do projeto www.maare.ufsc.br/
tenciais impactos da atividade petrolífera, principalmente no que se e serviços náuticos, por exemplo) fortalece
municípios de Florianópolis produtos/livro-projeto-maare. A publicação gerou
refere à introdução de espécies exóticas”, destaca Adriana Carvalhal, a relação entre a população e a UC. Treina-
e Bombinhas, possui 17.600 grande repercussão na mídia local.
analista ambiental na unidade. mento e capacitação da equipe potenciali-
hectares de superfície com ࡿࡿ Desenvolvimento do Portal de Monitoramento zam a aplicação de novas ações. Saiba mais
Foto: João Paulo Krajewski
remanescentes de Mata Atlân- Marinho que armazena e sistematiza os dados. A sobre o projeto em www.maare.ufsc.br
tica, locais de reprodução de plataforma pode ser absorvida pelo ICMBio para
aves marinhas, além de sítios ser utilizada em UCs marinhas e terrestres.
arqueológicos e elevada biodi-
versidade marinha.
METODOLOGIA
OBJETIVOS
A equipe da Rebio Arvoredo convidou pesquisadores de científica e gestores. Durante o evento, os par-
Levantar e acompanhar os do Departamento de Ecologia e Zoologia da Univer- ticipantes discutiram abordagens, metodologias e
indicadores biológicos e sidade de Santa Catarina (UFSC) para a elaboração indicadores a serem utilizados, além das perspec-
parâmetros oceanográficos, conjunta do projeto de monitoramento ambiental, tivas de longo prazo.
incluindo o monitoramento de viabilizado por um contrato tripartite entre Petro-
contaminantes (hidrocarbone- bras, UFSC e a Fundação de Amparo à Pesquisa e
tos, esteróis e metais pesados) Extensão Universitária (Fapeu).
PERÍODO
para subsidiar a construção Junho de 2013 a junho de 2017.
De 2014 a 2016, o Projeto MAArE realizou mais de
de um programa de monitora-
130 expedições, promoveu o treinamento e a ca-
mento ambiental, sistemático e
pacitação da equipe de mais de 120 pessoas, en-
contínuo na Reserva, como es- PARCEIROS DO PROJETO
tre pesquisadores, técnicos e pessoal de apoio, da
tratégia preventiva a potenciais Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a
UFSC, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
impactos da atividade petrolí- Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Univer-
e da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). A
fera na Bacia de Santos. sitária (Fapeu).
Boa Prática incluiu como produto do projeto a re-
alização do workshop Monitoramento para apoio à
gestão de UCs Marinhas do Brasil com a comunida-
28
MORADORES DE COMUNIDADES REALIZAM RESULTADOS
29
AÇÃO NO CONTROLE DE ZOONOSES ࡿࡿ Ampliação do conhecimento das comunidades
sobre zoonoses, hábitos e atividades que podem
da Bahia em cerca de 15 dias resultou na autuação da
pesca predatória nos bancos de corais em área não
EMERGENTES favorecer a transmissão de doenças. O sistema, monitorada pelo Projeto Tamar.
em setembro de 2017, contava com 3.222 registros ࡿࡿ O SISS-Geo disponibiliza aos gestores a obtenção
Coordenação geral: Marcia Chame (Fundação Oswaldo Cruz). Coordenação executiva: Marcia Chame e Maria
de animais, enviados por mais de 1.400 usuários, de relatórios a partir da escolha das informações
Lucia de Macedo Cardoso (Fundação Oswaldo Cruz). Gestão dos recursos e gerenciamento: Fundação para o
Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec). de 19 Estados. Uma ferramenta de validação desejadas na Plataforma SISS-Geo webservice.
dos dados analisa a pertinência dos registros Informações do sistema também contribuem com
que são abertos, inseridos no Google Maps e os Planos de Ação de Espécies Ameaçadas e com
A extensão territorial nacional, assim como as dimensões PERFIL
podem ser visualizados, em tempo real, em o monitoramento da Lista Vermelha de espécies
das UCs e os limites quanto ao número de servidores, tanto
Unidades de Conservação Federais e www.biodiversidade.ciss.fiocruz.br
da saúde quanto do setor ambiental, representam desafios ameaçadas.
Estadual. Parque Nacional da Serra dos
que precisam ser superadas para o monitoramento da saú- ࡿࡿ Notificações de macacos mortos durante a recente ࡿࡿ Em 2017, a plataforma SISS-Geo obteve a
Órgãos/RJ; Reserva Extrativista Tapajós-A-
de silvestre e humana nas Unidades de Conservação (UCs) epizootia (doença ou morte de animal ou de grupo de certificação Tecnologia Social, pela Fundação
rapiuns/PA; e Parque Estadual da Serra do
e entorno, com foco no controle e prevenção de zoonoses animais que possa apresentar riscos à saúde pública) Banco do Brasil. O projeto foi o vencedor da
Conduru/BA.
emergentes e na conservação das espécies. de Febre Amarela geraram alertas para a tomada de categoria Órgãos Públicos do Prêmio Nacional de
OBJETIVOS decisão da vigilância em saúde e conservação de Biodiversidade, promovido pelo Ministério do Meio
“As alterações ambientais crescentes e intensas têm fa-
primatas. O alerta de tartarugas mortas no litoral sul Ambiente.
vorecido o aumento na distribuição da transmissão e o Identificar riscos e a percepção de risco
rompimento de barreiras biológicas favorece a circulação das comunidades sobre doenças que cir-
de doenças, causando impacto considerável tanto nos culam entre animais silvestres e pessoas
Foto: André Telles
animais quanto nas pessoas”, afirma Marcia Chame, co- e são potencializadas pelo modo de vida
ordenadora do Centro de Informação em Saúde Silvestre e produção; qualificar multiplicadores e
e da Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde, da comunidades para a compreensão da rela-
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). ção da biodiversidade com a saúde huma-
Em resposta a esse cenário que inspira atenção, o investi- na; implementar o uso do SISS-Geo para
mento em tecnologia alinhado à participação da sociedade, o monitoramento participativo de animais
em especial de moradores de comunidades tradicionais, silvestres e potenciais riscos de emergên-
indígenas, gestores de UCs e especialistas representa um cias de zoonoses; elaborar materiais de
caminho de oportunidades. boas práticas em saúde, qualidade de vida
e conservação da biodiversidade.
34
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BUSCAM RESULTADOS INSPIRE-SE!
35
NA CIÊNCIA OS SUBSÍDIOS PARA O ࡿࡿ Refinamento do mapa de limites da Área de
Proteção Ambiental de Guaraqueçaba. O processo
PLANEJAMENTO INTEGRADO está em análise na Divisão de Consolidação de
ࡿࡿ Para as Universidades, Centros de
Pesquisa e Ensino, as demandas das Uni-
Coordenação geral e executiva: Caio Pamplona (Núcleo de Gestão Integrada Antonina – NGI/ ICMBio) e Eduardo Limites (Dcol), do ICMBio. Produção de mapas
dades de Conservação permitem aplicar a
Vedor de Paula (Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná). temáticos como ferramentas de apoio à gestão. teoria na prática, o que também contribui
ࡿࡿ Base de dados geográficos integrando questões para a formação de profissionais mais
ambientais e sociais relevantes para a gestão das capacitados e integrados às reais necessi-
O litoral norte do Estado do Paraná abriga quatro Unidades de Conserva- PERFIL
Unidades de Conservação (UCs), com cerca de 300 dades de gestão das áreas protegidas.
ção federais que compartilham biodiversidade, atores sociais e ameaças,
Área de Proteção Ambiental camadas de informações para a área de abrangência
mas até pouco tempo não trabalhavam a gestão de maneira integrada ou ࡿࡿ A formalização de parcerias permite
de Guaraqueçaba; Parque das Unidades de Conservação estudadas.
sequer colaborativa. Na Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, os desenvolver trabalhos de médio e longo
Nacional Superagui; Estação
diagnósticos que subsidiaram o Zoneamento e o Plano de Gestão são da ࡿࡿ Elaboração de documento que subsidia o prazo com garantia de mais segurança a
Ecológica de Guaraqueçaba;
década de 90. Já o Parque Nacional Superagui está na fase final da trami- diagnóstico da área de abrangência das UCs do todos os envolvidos.
Reserva Biológica Bom Jesus.
tação do Plano de Manejo realizado entre 2012 e 2015. A Estação Ecológica litoral norte do Paraná, com informações ambientais
de Guaraqueçaba, criada em 1982 e a Reserva Biológica Bom Jesus, que é ࡿࡿ A definição prévia dos desafios de
e socioeconômicas compiladas e atualizadas.
gestão, a identificação de lacunas que
de 2012, não dispõem de Planos de Manejo. “Considerando o contexto local,
OBJETIVOS ࡿࡿ 120 alunos de graduação e 40 de pós- devem ser respondidas sobre a biodiver-
há o entendimento de que o planejamento da gestão das unidades deve
graduação da Universidade Federal do Paraná sidade e o reconhecimento das ameaças
ser efetuado com integração de ações e atividades para otimizar recursos Conciliar os objetivos de
capacitados na temática da gestão de Unidades aos atributos da UC ajudam a direcionar,
humanos e logísticos. No entanto, a grande demanda de atividades de ro- atividades acadêmicas (como
de Conservação, até então um campo inexplorado de maneira mais efetiva, os esforços da
tina, notadamente na fiscalização e licenciamento, aliada à redução das elaboração de monografias, equipe gestora e dos parceiros.
pelo curso. Contratação de estudantes como
equipes dificulta o avanço na elaboração do planejamento, especialmen- teses e dissertações) aos
gestores ambientais no Ministério Público, em
te nas etapas iniciais de coleta e sistematização de informações”, destaca esforços de gestão das áreas
consultorias especializadas e em organizações não
Alan Yukio Mocochinski, perito no Ministério Público Federal, em exercício protegidas, gerando subsídios
governamentais. Reconhecimento da gestão do
provisório no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ao planejamento integrado e
ICMBio no território.
relator da prática. Nesse sentido, subsidiar o planejamento de ações das propiciando a capacitação de
Unidades de Conservação preconizava mobilizar parceiros. futuros profissionais.
Foto: Alan Yokio Mocochinski
Foto: Victor Carvalho
36
METODOLOGIA PROJETO ALINHA CONHECIMENTOS E 37
As equipes gestoras das Unidades de Conserva-
ção (UCs) da região procuraram o Departamento
tão Ambiental do Território, no Programa de Pós-
-Graduação.
IDENTIFICA ESPÉCIES DA FLORA PRIORITÁRIAS
de Geografia da Universidade Federal do Paraná
No total foram três disciplinas de graduação e duas
PARA CONSERVAÇÃO
(UFPR), que possui uma linha de estudos na área
de pós-graduação entre o segundo semestre de Coordenação geral: Paulo Fernando Maier Souza (Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe/ICMBio).
de planejamento ambiental, liderada pelo Profes- Coordenação executiva: Flavia Regina Domingos (Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe/ICMBio) e
2014 e o segundo semestre de 2016. Temas rela-
sor Eduardo Vedor de Paula. Os gestores buscavam Bruna Vieira de Sousa (Fundação Araripe).
cionados às Unidades de Conservação apareceram
a execução de um Plano de Trabalho que pudesse
nas monografias de conclusão de graduação e nas
integrar as atividades acadêmicas da graduação e
dissertações de mestrado. O envolvimento da Uni-
pós-graduação com as necessidades de subsídio Na Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe, o uso PERFIL
versidade propiciou melhor diálogo entre o ICMBio,
ao planejamento de ações das Unidades de Con- da flora nativa pelas comunidades tradicionais é conhe-
lideranças do MST e comunidades locais, que tra- Mais de 970 mil hectares constituem a Área
servação. cido, há dados sistematizados de algumas espécies, mas
dicionalmente possuem certas reservas em relação de Proteção Ambiental Chapada do Araripe
que não pontuam o aspecto da conservação. “O novo Có-
Após uma série de reuniões sobre o planejamento ao órgão. na divisa entre Ceará, Pernambuco e Piauí.
digo Florestal publicado em 2012 estabeleceu a previsão
da parceria e das atividades específicas, a Coorde-
Todas as etapas do Plano de Trabalho da Unidade de lista de espécies da flora nativa com uso comercial de
nação Regional do ICMBio em Florianópolis/ICMBio OBJETIVOS
de Conservação, do planejamento à execução, esta- produtos não madeireiros com dispensa de controle de
e a UFPR firmaram Termo de Reciprocidade junto a Propiciar troca de experiência entre pes-
vam integradas às atividades acadêmicas dos cur- origem gerando preocupação pelo desconhecimento so-
um Plano de Trabalho entre a gestão das UCs e o quisadores, extrativistas e técnicos com
sos de graduação e pós-graduação da UFPR. bre as espécies utilizadas pelos extrativistas e seu estado
Departamento de Geografia da Universidade. atuação na Chapada do Araripe. Obter lista
de conservação”, destaca Paulo Maier, chefe da unidade.
O Plano de Trabalho considerou a realização de de espécies da flora nativa da região com
disciplina optativa – Práticas em Planejamento e
PERÍODO A tentativa de obter esse banco de dados previu o tra- Produtos Não Madeireiros Comercializados
balho conjunto entre dois saberes distintos, mas com- (PNMC) e identificar as espécies que neces-
Gestão Ambiental - no curso de bacharelado em Maio de 2014 a dezembro de 2017.
plementares. “A proposta consistiu em construir coleti- sitam de ações de conservação, propondo
Geografia. Os servidores do ICMBio realizaram pa-
vamente - com o saber acumulado pelas comunidades medidas práticas.
lestras e orientaram a execução das atividades.
Cada aluno executou Plano de Trabalho sobre de-
PARCEIROS DO PROJETO extrativistas e o gerado na academia - uma lista de es-
pécies de uso comercial de produtos não madeireiros
terminado tema do diagnóstico ambiental da região Departamento de Geografia da Universidade Federal
na região de forma a estabelecer aquelas com necessi-
de abrangência das UCs. Ao final, os resultados fo- do Paraná (UFPR); Sociedade de Pesquisa em Vida
dade de ações de conservação”, ressalta Maier.
ram apresentados em reunião do Conselho da Área Selvagem e Educação Ambiental (SPVS); Fundação
de Proteção Ambiental e em eventos com parceiros Grupo Boticário de Proteção à Natureza; Ministério
na gestão das UCs. Público do Estado do Paraná; Centro de Estudos do
Mar/UFPR; Observatório de Conservação Costeiro
RESULTADOS
No ciclo acadêmico seguinte, UCs e Universidade
do Paraná (OC2); Associação de Defesa de Meio Am- ࡿࡿ 173 espécies da flora nativa da Chapada do ࡿࡿ Pesquisadores estimaram a produção anual
buscaram complementar as informações de subsí-
biente de Antonina (Ademadan). Araripe com PNMC identificadas. Desse total, da Fava D’Anta de 2012 a 2017 e identificaram as
dio ao diagnóstico, com a disciplina Geografia Ges-
52 necessitam de ações de conservação, sendo principais comunidades produtoras, empresas
25 para recuperar a população e 35 demandam compradoras e atravessadores. Aumento das
melhoria do manejo. Quatro espécies são relações institucionais e aproximação entre a gestão
prioritárias: Pequi, Fava D’Anta, Aroeira e Sucupira da Unidade de Conservação e as comunidades
Branca. tradicionais extrativistas.
38
METODOLOGIA INSPIRE-SE! RESERVA FORTALECE CONSERVAÇÃO DA 39
A equipe gestora da Área de Proteção Ambiental
Chapada do Araripe desenvolveu lista preliminar
BIODIVERSIDADE COM PROGRAMA DE
das espécies da flora nativa da unidade, indicando
ࡿࡿ Conhecimentos tradicionais e acadêmi-
cos articulados preenchem lacunas e ofere-
MONITORAMENTO
tipo de uso e ambiente de ocorrência. Reuniões das
cem resultados de aplicação prática. Coordenação geral: Marcelo Marcelino (Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade -
Câmaras Técnicas Setoriais do Conselho, contribui- Dibio/ICMBio). Coordenação executiva: Kátia Torres Ribeiro (Coordenação Geral de Pesquisa e Monitoramento
ções de especialistas e consultas à bibliografia con- ࡿࡿ Faça da interação entre os diferentes - CGPEQ/ICMBio). Gestão dos recursos e gerenciamento: Tatiana Chaves de Souza (Coordenação de
feriram detalhamento à lista. Extrativistas, técnicos atores sociais uma dinâmica de aprendizado Monitoramento da Biodiversidade - Comob/ICMBio).
e pesquisadores validaram o material durante dois de culturas. Alinhar saberes permite inovar
Encontros de Saberes. em soluções mesmo com poucos recursos.
A Reserva Biológica do Tapirapé está localizada a INSPIRAÇÃO
Em seguida as espécies que precisaram de algum ࡿࡿ Monitore a produção e o estado de cerca de 200 km da cidade de Marabá, no Pará, por
controle no uso foram pré-selecionadas e organi- conservação de espécies-chave de uso das Cursos de capacitação do Programa Nacional de
via terrestre. “Dois caminhos levam à sede da Unida-
zadas em diagrama com informações básicas que populações extrativistas. Monitoramento da Biodiversidade, organizados
de de Conservação, o primeiro por terra e o segundo
permitiram pontuar as características de ameaça. pela Coordenação de Monitoramento da Biodi-
caminho tem origem na cidade de Parauapebas com
versidade (Comob).
ࡿࡿ Pontuação mínima de 50%: prioritárias para 100 km de estrada até a passagem da balsa, no rio
Itacaiúnas. A viagem segue via fluvial e é completa-
conservação. PERFIL
PERÍODO da com mais 80 minutos. Devido à grande distância
ࡿࡿ Qualquer pontuação quanto à situação de de- Única unidade de proteção integral da região, no
entre as cidades de apoio e a Base do Bacaba, fi-
clínio: restringir a supressão e estimular o plantio. Março de 2014 – em andamento. sudoeste do Pará, a Reserva Biológica do Tapira-
cou claro o grande desafio para a gestão da Reserva.
ࡿࡿ Pontuação quanto ao mercado: aperfeiçoar o Nesse cenário, o envolvimento das comunidades e pé conta com cerca de 100 mil hectares.
manejo. dos moradores do entorno de forma voluntária apa-
PARCEIROS DO PROJETO OBJETIVOS
recia como estratégico na ampliação das iniciativas
Pequi, Fava D’Anta, Aroeira e Sucupira Branca inte-
Fundação Araripe; Universidade Regional do Cariri de monitoramento e apoio à pesquisa na Unidade Tornar a gestão da Unidade de Conservação
graram a lista de prioritárias para conservação. As
(Urca); Associação de Pesquisa e Preservação de de Conservação. A confiança das comunidades nas mais participativa; aderir e contribuir com o
quatro espécies impulsionaram a criação de Grupos
Ecossistemas (Aquasis); Associação dos Agricultores ações governamentais estava fragilizada e alguns Programa Nacional de Monitoramento; monitorar
de Trabalho para elaboração de propostas de me-
Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia). paradigmas deveriam ser rompidos com o intuito a biodiversidade; incentivar a pesquisa científica
lhoria do manejo destas espécies.
Foto: Marcia Crato de aproximar a relação entre as comunidades e o na unidade; fortalecer parcerias.
As Boas Práticas de manejo propostas para o Pequi ICMBio”, afirma Raimundo Façanha Guedes, chefe da
(Caryocar coriaceum), por exemplo, foram submeti- Reserva Biológica do Tapirapé.
das à avaliação de oito comunidades extrativistas,
em quatro municípios. Esse processo resultou na
proposta apresentada em reunião do Arranjo Pro-
Foto: Acervo ICMBio Foto: Acervo ICMBio
dutivo Local (APL) do Pequi e Babaçu, em 2015, com
acordo de aprovação apenas das propostas unâni-
mes entre os atores. A partir dessa dinâmica, uma
série de medidas de conservação foram inseridas
nos processos de gestão da Unidade de Conservação.
40
RESULTADOS INSPIRE-SE! MONITORAMENTO APONTA NOVAS 41
ࡿࡿ Implantação do Programa de Monitoramento
com oito campanhas viabilizadas pela mobilização
ESTRATÉGIAS PARA OS PERÍODOS COM
de comunitários e acadêmicos. Conservação da ࡿࡿ Aplicar o Programa de Monitoramento
da Biodiversidade aprimora a conservação e
EXCEDENTE DE PESCADO E DE ENTRESSAFRA
biodiversidade fortalecida.
reforça a importância do envolvimento da co- Coordenação geral: Ronaldo Borges Barthem (Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG). Coordenação executiva:
ࡿࡿ Aumento no número de pesquisas desenvolvidas Luciano Fogaça de Assis Montag (Universidade Federal do Pará – UFPA). Gestão dos recursos e gerenciamento:
munidade. Confira as publicações na Biblio-
pela Universidade. Monitores locais, comunitários Cláudia Cristina Lima Marçal (Reserva Extrativista Maracanã/ICMBio).
teca de Monitoramento do ICMBio
e acadêmicos já participam de outras ações da
http://bit.ly/monitoramentoICMBio
Unidade de Conservação.
ࡿࡿ Aproximação entre a equipe gestora e as
ࡿࡿ Capacitar os moradores que vivem no A pesca artesanal é a principal fonte de renda e alimento na PERFIL
entorno para o Programa é o ponto de parti- Reserva Extrativista Maracanã, 35% dos beneficiários praticam
comunidades do entorno. O programa agregou valor A Reserva Extrativista Maracanã pro-
da para desenvolver novas ações. a técnica de curral. “Apesar da importância dessa arte de pes-
à participação social. tege 30 mil hectares de baía, dunas,
ca havia uma lacuna de conhecimento acerca da identificação
ࡿࡿ A experiência das trilhas amostrais contribuiu para ࡿࡿ Parcerias com Universidades e institutos praias e manguezal no município de
e quantidade de espécies capturadas, além do período de
a qualidade dos dados apresentados no Programa de pesquisa, que são referência na região, aju- mesmo nome da unidade, no Pará.
dam a desmistificar percepções equivocadas funcionamento dos currais na região. A prática foi constru-
Nacional de Monitoramento da Biodiversidade.
sobre Unidades de Conservação e o ICMBio. ída após a indagação aos comunitários da reserva sobre o OBJETIVOS
Aumento da divulgação da Unidade de Conservação
quanto era pescado. Em resposta informaram saber apenas
e da visibilidade positiva do ICMBio na região. Aprofundar o conhecimento da
individualmente sobre a ictiofauna capturada. Dessa forma,
exploração da pesca praticada pela
foi considerado pertinente efetuar o monitoramento da pesca
população tradicional da Reserva
METODOLOGIA de curral no estuário da Baía de Maracanã, na Reserva Extra-
Extrativista Maracanã, em diferentes
tivista Maracanã, a fim de gerar subsídios para o ordenamento
A participação da equipe gestora da Reserva Biológi- A prática foi apresentada no II Seminário de Educa- épocas do ano, como forma de con-
na região”, afirma Cláudia Cristina Lima Marçal, analista am-
ca Tapirapé no curso de capacitação sobre o Programa ção e Pesquisa pela Conservação da Biodiversidade tribuir no desenvolvimento sustentá-
biental na unidade.
Nacional de Monitoramento da Biodiversidade refletiu e do Desenvolvimento Socioambiental (SECBIO), da vel da região.
em ações práticas, com o início do planejamento da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará mar-
unidade para adesão ao programa. A primeira etapa cando o encerramento das atividades do Programa
para viabilizar as trilhas amostrais contou com a contri- de Educação, Agricultura Familiar e Conservação da Foto: Claudia Cristina Lima Marçal
48
CONTRATO DE CONCESSÃO DE DIREITO REAL RESULTADOS INSPIRE-SE!
49
DE USO BENEFICIA QUASE 1,5 MIL FAMÍLIAS ࡿࡿ 1.468 famílias beneficiadas pela homologação
dos Contratos de Concessão de Direito Real de
Coordenação geral: Aílton Dias (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Coordenação ࡿࡿ Conheça a publicação: Fórum Diálogo
Uso (CCDRUs) de seis Unidades de Conservação:
executiva: André Tomasi e Josinaldo Aleixo (Instituto Internacional de Educação do Brasil - IEB). Gestão Amazonas: Regularização Fundiária Urgente!
Reservas Extrativistas: Médio Juruá, Baixo Juruá,
dos recursos e gerenciamento: Aílton Dias e André Segura Tomasi (Instituto Internacional de Educação Mobilização Social e Inovação Processual
Auati-Paraná, Rio Jutaí, Rio Unini e Médio Purus,
do Brasil - IEB). para Garantia dos Direitos Territoriais de
pelo governo do Estado do Amazonas.
Comunidades Tradicionais do Amazonas. De-
ࡿࡿ Acesso de comunidades tradicionais às políticas senvolvida pelo IEB, que traz uma sistemati-
A falta de regularização fundiária nas Unidades PERFIL públicas, já que o entrave ao fomento da produção zação da experiência com lições aprendidas,
de Conservação segue na contramão dos objeti- contextualização e resultado da iniciativa
Reservas Extrativistas: Arapixi, Médio Purus, Aua- agroextrativista era a regularização fundiária.
vos e do conceito atual desses territórios e assim http://bit.ly/forumdialogoamazonas
tí-Paraná, Baixo Juruá, Rio Jutaí, Lago do Capanã, Garantia de segurança fundiária impedindo a
compromete o desenvolvimento das comunidades
Grande Resex Médio Juruá, Ituxi e Rio Unini. disputa de territórios entre supostos proprietários ࡿࡿ A construção de soluções jurídicas ino-
tradicionais, impacta na geração de renda e nas
Florestas Nacionais: Purus, Tefé, Mapiá-Inauiní, ou grileiros de terras públicas e as populações vadoras permite novas respostas a antigos
atividades econômicas praticadas por estas popu-
Humaitá. Todas localizadas no Sul do Amazonas. tradicionais residentes nas UCs. problemas.
lações. “Apesar dos muitos esforços e conquistas
importantíssimas, o Brasil ainda não conta com ࡿࡿ A regularização fundiária trouxe também a ࡿࡿ Parte das soluções encontradas para os
OBJETIVOS
regimes de propriedade, documentação e regu- consolidação territorial, o estabelecimento de impasses não estava pronta e foi desenvolvi-
Promover a regularização fundiária das Uni- mosaicos e corredores ecológicos, a produção da durante as reuniões da equipe.
larização oficial das terras de forma que possam
dades de Conservação de Uso Sustentável do extrativista, o uso sustentável dos recursos naturais
garantir a efetividade e cumprimento dos direitos ࡿࡿ Estar aberto a novas sugestões, novos
Amazonas, por meio da implementação de e a implementação de políticas públicas específicas.
de populações tradicionais ocupantes de vastas pontos de vista é de extrema relevância para
políticas públicas específicas, garantindo a seus
extensões do território amazônico nacional”, re- ࡿࡿ Construção de uma política pública para articulação dos conhecimentos em busca
moradores a plenitude de seus direitos sociais,
força André Tomasi, assessor do Programa Sul do regularização fundiária que pode ser replicada de soluções que muitas vezes são, inclusive,
econômicos e ambientais e contribuindo assim
Amazonas do Instituto Internacional de Educação em outros Estados. O Conselho Nacional das inovadoras.
para a proteção e manutenção da cultura dessas
do Brasil (IEB). Populações Extrativistas (CNS) está analisando e
populações extrativistas.
promovendo ensaios de replicação da experiência
em outros Estados da Amazônia (Amapá e Pará) com
UCs de Uso Sustentável em situações fundiárias
semelhantes.
METODOLOGIA
52 No final de 2015, tiveram início oficinas nas quatro Ter-
Gestão Socioambiental (CGSA) – curso de capacita- 53
ção do ICMBio – tal ideia foi desenvolvida, com in-
ras Indígenas para elaboração participativa dos Planos
centivo ao aprimoramento da leitura crítica da reali-
de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA’s). A conclusão
dade do parque. A visibilidade da iniciativa resultou
do documento está prevista para 2018. No planejamen-
no apoio de Desireé C. Barbosa da Silva, servidora
to do Parque Nacional do Pico da Neblina já constava
da Coordenação de Elaboração e Revisão do Plano
o ordenamento do ecoturismo, por meio das ações da
de Manejo (Coman).
Câmara Temática, vinculada ao Conselho Consultivo da
unidade e a participação da equipe gestora na constru- A partir desse momento, a equipe gestora do parque
ção dos PGTA’s das 4 TI’s em sobreposição. nacional acrescentou no planejamento atividades
voltadas ao processo do Plano de Manejo e reforçou
De janeiro de 2015 a agosto de 2016, a equipe gesto-
a continuidade dos trabalhos já desenvolvidos. A res-
ra do Parque participou de 18 eventos relacionados
peito do Plano foram realizadas reuniões de plane-
aos Planos de Gestão dos Territórios Indígenas (PG-
jamento e alinhamento institucional entre a equipe
TA’s), entre eles três reuniões da Câmara Temática
do Parque Nacional, representantes da Coman e de
do Ecoturismo e a Assembleia das Associações Ya-
diversos macroprocessos do ICMBio em Brasília.
nomami (Ayrca e Kumirayoma).
O processo foi monitorado pelos proponentes ao longo
A Divisão de Gestão Participativa e Educação Am-
das etapas indicadas, com o objetivo de acompanhar
biental (DGPEA), a Coordenação Geral de Gestão de
a construção de instrumentos de gestão, segundo o
Conflitos em Interfaces Territoriais (COGCOT) e a Co-
cronograma proposto, visando assegurar a ampliação
ordenação Geral de Gestão Socioambiental do Insti-
e a qualificação da construção participativa.
tuto Chico Mendes (CGSAM/DISAT/ICMBio) apoiaram
com recursos financeiros algumas das atividades re- Na Oficina de Organização do Planejamento, úni-
A iniciativa é parte de um processo mais amplo, que abrange a gestão de um complexo mosaico de áreas
lacionadas aos PGTA’s e a gestão da UC. O Gabinete ca atividade realizada em Brasília e apoiada pela
protegidas que, entre outras ações, apresenta como proposta: a participação do ICMBio na elaboração dos
da Presidência do ICMBio apoiou financeiramente a Coordenação de Elaboração e Revisão do Plano de
PGTA’s das TI’s em sobreposição à UC e a construção participativa do Plano de Manejo do Parque Nacional
expedição de Etnomapeamento do Pico da Neblina, Manejo (Coman), foram identificadas as sete etapas
do Pico da Neblina.
uma atividade da Câmara Temática do Ecoturismo. para a elaboração do Plano de Manejo: organização
do planejamento; diagnóstico da unidade de con-
Inicialmente, a equipe identificou a necessidade
RESULTADOS de elaborar o Plano de Manejo coincidindo com a
servação; análise e avaliação estratégica da infor-
da Neblina, com registro das histórias, locais sagrados, mação; planejamento estratégico; planejamento tá-
ࡿࡿ Aproximação com instituições parceiras: construção dos PGTA’s para evitar futuros conflitos
sítios antigos, caminhos feitos pelos ancestrais e tico; conclusão do documento; aprovação do plano.
Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto na área de interface territorial. Durante o II Ciclo de
levantamento dos pontos críticos de acesso.
Socioambiental (ISA), Secretaria Municipal de Foto: Flávio Bocarde Foto: Flávio Bocarde
54
INSPIRE-SE! PERÍODO MAIOR ARTICULAÇÃO ENTRE SECRETARIA 55
Janeiro de 2015 a outubro de 2016.
ESTADUAL E FUNAI TRANSFORMA RELAÇÕES
ࡿࡿ Construir canais de diálogo com o
Estado e as organizações da sociedade civil PARCEIROS DO PROJETO
ENTRE MORADORES DE COMUNIDADES E
pode possibilitar a criação de articulações
intersetoriais, somando esforços em prol de Associações e lideranças indígenas do Rio Negro;
INDÍGENAS
objetivos compartilhados. Compreender a Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma; Coordenação geral e executiva: Flavia Dinah Rodrigues de Souza (Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas
dinâmica dos atores envolvidos, respeitar a Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes do Acre - Seanp-AC, vinculado ao Departamento de Áreas Protegidas e Biodiversidade da Secretaria do Meio
cultura e o modo de vida dos povos e realizar Ambiente do Acre - Sema-AC). Gestão dos recursos e gerenciamento: Jesus Domingos Rodrigues de Souza
(Ayrca); Fundação Nacional do Índio (Funai); Federa-
leitura crítica da realidade são imprescindí- (Parque Estadual de Chandless/Secretaria do Meio Ambiente do Acre - Sema-AC).
ção das Associações Indígenas do Rio Negro (Foirn);
veis para planejar ações de gestão. Instituto Socioambiental (ISA); Secretaria de Meio
Ambiente e Turismo de São Gabriel da Cachoeira Vinte e uma Unidades de Conservação (UCs) estão no Acre, PERFIL
ࡿࡿ Novas atitudes e posicionamentos são
(Sematur/SGC). sendo que 14 possuem limites territoriais ou mesmo so-
os primeiros passos na direção de agendas Localizado no sudoeste do Acre, o parque
breposição a Terras Indígenas (TIs). O Parque Estadual
positivas como forma de responder a anti- estadual conta com 695.303 hectares. Do
Chandless (PEC), por exemplo, conta com 20 km de linha
gas demandas, mas com novas estratégias lado brasileiro está circundado pela Re-
e em um novo cenário. Em relação à prática seca com o Peru (Parque Nacional Alto Purus e a Reserva
serva Extrativista Cazumbá Iracema e por
apresentada, por exemplo, entendendo a Comunal Alto Purus), além disso é circundado pela Reser-
duas Terras Indígenas (TIs): Alto Rio Purus
sobreposição de UCs e TIs como dupla pro- va Extrativista Cazumbá Iracema e por duas TIs (Mamoada-
e Mamoadate.
teção de área. Foto: Flávio Bocarde te e Alto Rio Purus), do lado brasileiro.
ࡿࡿ O ecoturismo pode ser um instrumento “Nesse cenário, as relações da gestão com os indígenas OBJETIVOS
com potencial de incrementar a renda das vizinhos inexistiam depois de 10 anos de criação da UC, e Fortalecer as relações interinstitucionais
comunidades tradicionais, como alternativa com a Fundação Nacional do Índio (Funai), limitavam-se entre Funai e a Secretaria de Estado do
a práticas não sustentáveis, como o garimpo, aos pequenos momentos de reuniões do Conselho gestor. Meio Ambiente do Acre (Sema-AC), por
a caça e a pesca ilegais. O empoderamento De um lado, a Funai acusava moradores do PEC de explo- meio da gestão integrada entre o Parque
feminino, inclusive nas comunidades indíge- rarem as margens do Chandless pertencente a TI Alto Rio Estadual Chandless e a Terra Indígena
nas, favoreceu a diversificação das atividades Purus, com base em denúncias dos indígenas, e de outro, Alto Rio Purus, a favor da construção de
geradoras de renda nas comunidades, nesta os moradores ressentiam a coleta de tracajás e jabutis diálogo com indígenas da TI Alto Rio Purus
Boa Prática. O primeiro passo foi estimular
e dos respectivos ovos do lado pertencente ao parque”, e moradores do Parque Chandless para a
a participação das mulheres em ambientes
explica Flavia Dinah Rodrigues de Souza, chefe da divisão proteção conjunta do território.
tradicionalmente masculinos como as assem-
do Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas do Acre
bleias das Associações.
(Seanp-AC), vinculado ao Departamento de Áreas Protegi-
ࡿࡿ Estimule a formação e a participação Foto: Flávio Bocarde das e Biodiversidade da Secretaria do Meio Ambiente do Foto: Acervo Sema-AC
ࡿࡿ O fortalecimento da relação interinstitucional ࡿࡿ Rodas de conversa que busquem Iniciativas construídas a partir das demandas da PERFIL
com a Funai entre 2014 e 2015 foi um marco que deu mostrar a proximidade dos interesses dos base, com os principais interessados, de fato, pos-
início a uma série de outras parcerias entre 2016 diversos atores sociais podem diminuir os Reservas Extrativistas Médio Purus e Ituxi; Flores-
suem uma força de mudança que muitas vezes
e 2017, incluindo definições de agendas conjuntas conflitos e gerar cumplicidade. tas Nacionais Humaitá e Purus localizadas no sul
supera as expectativas das lideranças envolvidas
aumentando assim a eficiência de recursos, por do Amazonas; Terras Indígenas. Mais de 25 povos
ࡿࡿ Estratégias bem-sucedidas contam com no processo. “A gestão integrada no sul do Amazo-
exemplo. indígenas e mais de 100 comunidades tradicionais
amplo amparo institucional. Tal característica nas não foi imposta de fora para dentro, ela partiu
extrativistas e ribeirinhas vivem nas calhas dos
pode, por exemplo, garantir fluidez da ação das demandas da região”, pontua Luciene Pohl,
rios Madeira e Purus.
independente da mudança de servidores. assessora do Programa Povos Indígenas do Ins-
METODOLOGIA tituto Internacional de Educação do Brasil (IEB). OBJETIVOS
A partir da abertura de edital para desenvolvimento
A necessidade de construir um espaço de diálogo Implementar o Plano de Ação de Gestão Integra-
de planos de ação comunitários no âmbito do Arpa,
A utilização dos mapeamentos e das abordagens sobre a relação entre Terras Indígenas (TIs) e Uni- da de forma que oriente as instituições parceiras
componente 2.3, Funai e Sema elaboraram proposta
sobre gestão territorial e ambiental do Acre em re- dades de Conservação (UCs) apareceu como con- quanto às ações prioritárias no avanço desse
conjunta para materialização das ações de campo
lação à política indigenista foi substancial para a senso entre extrativistas, indígenas e gestores do modelo de gestão territorial no sul do Amazonas.
necessárias à operacionalização do ciclo de reuni-
discussão de pertencimento territorial, indígena e ICMBio e da Fundação Nacional do Índio (Funai) já Gerar acordos de gestão integrada, de uso com-
ões e oficinas programadas, entre 2014 e 2016, na
não indígena. em 2012, durante o Seminário Gestão Participativa partilhado e de convivência territorial; promover e
Terra Indígena e no Parque Estadual.
de Unidades de Conservação no Sul do Amazo- fortalecer espaços de diálogo e governança (comi-
Em cinco oficinas foram discutidas as relações de nas, Nordeste de Roraima e Norte de Mato Grosso, tês regionais e conselhos de UCs); formar e capa-
uso, mapeamentos dos territórios, a questão do PERÍODO promovido pelo Instituto Internacional de Educa- citar lideranças e gestores sobre gestão integrada
pertencimento territorial; na intenção de não coibir Junho de 2013 a dezembro de 2017. ção do Brasil (IEB). “Em 2015, esta demanda, com do território; fortalecer as ações estratégicas de
os usos tradicionais, mas sim práticas ilegais levan- expressiva participação indígena e contando com vigilância do território; incrementar as atividades
tadas nas oficinas. gestores da Funai e ICMBio foi acentuada durante econômicas e cadeias de valor regionais; realizar
PARCEIROS DO PROJETO o curso Formar Política Nacional de Gestão Terri-
Indígenas foram recebidos na sede da UC e gestores ações de fiscalização e controle do território.
Fundação Nacional do Índio (Funai); Assessoria de torial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI),
da unidade estiveram nas aldeias escolhidas para
Assuntos Indígenas do Acre; Centro de Trabalho In- também realizado pelo IEB. Diante desse contexto,
as reuniões. Moradores do parque também perce-
digenista; Associações Huni kui e Madijá da TI Alto no mesmo ano, com apoio da Fundação Moore, Na região, o desmatamento é um dos “inimigos comuns”
beram a maior aproximação da gestão do parque.
Purus e famílias do parque. o IEB iniciou o projeto Gestão Integrada de Ter- de indígenas, moradores das Unidades de Conservação
A partir da alocação orçamentária de ambos os ras Indígenas e Unidades Conservação no Sul do e servidores do ICMBio e Funai, mas não o único. Vio-
Foto: Acervo Sema-AC
órgãos, Funai e Sema, em 2016 e 2017, uma série de Amazonas, por meio de um processo formativo”, lação de direitos, como privação da posse, violência no
ações foi planejada e executada de forma conjunta. esclarece Luciene Pohl. campo e grilagem de terras são recorrentes.
O nível de planejamento consistia na implementa-
ção dos encaminhamentos gerados de maneira co-
letiva nas reuniões com a comunidade do parque
e com indígenas, com a inserção dessas atividades
nos planejamentos orçamentários de ambos.
gia, critérios de seleção dos participantes, perfil dos Todas essas ações (articulação política, reuniões, ofi-
instrutores, materiais didáticos, estrutura (módulos cinas para realização do curso e do Seminário e o pró-
presenciais e não presenciais) e a data. prio evento) reuniram diferentes parceiros de 19 insti-
tuições, sendo mais de 16 da sociedade civil (além do
IEB) e duas governamentais, dispostos a transformar
a realidade. O resultado desse trabalho está regis-
trado no Plano de Ação de Gestão Integrada, constru-
ído especialmente durante o curso e complementado
durante o Seminário, que busca minimizar conflitos
socioambientais na região e estreitar o diálogo com
apoiadores da iniciativa. Governo, sociedade civil or-
ganizada e cooperação internacional tiveram a opor-
tunidade de conhecer o Plano e visualizar como cada
instituição pode contribuir na implementação das
ações que promovam a melhor gestão territorial e o
enfrentamento de conflitos comuns.
BOAS PRÁTICAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
ARTICULAR E CAPACITAR
62
PERÍODO INSPIRE-SE! MAIS DE 70% DOS VISITANTES ANALISAM A 63
2006 a 2017.
EXPERIÊNCIA COMO ÓTIMA EM UNIDADE ONDE
PARCEIROS DO PROJETO
ࡿࡿ Explicar os motivos que levaram à
criação das Unidades de Conservação, a
ÓRGÃO ESTADUAL E OSCIP SOMAM ESFORÇOS
importância dessas áreas para a sociedade Coordenação geral: Carlos Alberto Cassini (Instituto do Meio Ambiente - IMA, que substituiu a Fundação do
Fundação Pró Natureza (Funatura); WWF Brasil; Meio Ambiente - Fatma). Coordenação executiva: Vilmarice Silva (Parque Estadual Fritz Plaumann/Instituto
e organizar a gestão de forma integrada são
membros do Conselho Consultivo do Mosaico Ser- desafios permanentes a serem superados. do Meio Ambiente - IMA). Gestão dos recursos e gerenciamento: Gilberto Morsch (Áreas Naturais Protegidas/
tão Veredas Peruaçu; Instituto Estadual de Florestas Instituto do Meio Ambiente -IMA).
(IEF/MG); Caixa Econômica Federal (Fundo Socio- ࡿࡿ O envolvimento de atores sociais,
ambiental); Fundação Banco do Brasil, do Banco do como ONGs, fundações, universidades, as-
Brasil; Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA);
sociações e cooperativas de produtores, por A criação do Parque Estadual Fritz Plaumann, em 2003, está entre as PERFIL
exemplo, agrega conhecimentos e torna a medidas de compensação ambiental relativas à instalação da Usina
Agência Nacional das Águas (ANA); WWF Brasil; Co- Localizado no município de
dinâmica mais fluída. Hidrelétrica de Itá, no rio Uruguai, em Santa Catarina. O Consórcio Itá
munidade Europeia; Instituto Sociedade População Concórdia, às margens do
- atualmente formado pela Companhia Siderúrgica Nacional, Engie e Ci-
e Natureza (ISPN); Governo Francês; Universidade ࡿࡿ O estímulo à formação de associações lago formado pela barragem
que representam as diferentes comunidades mento Itambé - adquiriu e doou ao Governo do Estado, para a finalidade
Estadual de Montes Claros (Unimontes); Instituto da Usina Hidrelétrica Itá, no
pode favorecer o desenvolvimento da gestão. de criação de Unidade de Conservação, do grupo de proteção integral,
Federal do Norte de Minas/Campus Arinos e Cam- rio Uruguai, o parque esta-
área remanescente da Floresta Estacional Decidual. “Além da aquisi-
pus Januária; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente dual conta com mais de 740
ࡿࡿ A gestão integrada encontra na co- ção das terras, a Usina, administrada pelo Consórcio Itá, também ficou
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Prefei- municação uma forte aliada. O Conselho hectares. A unidade preserva
responsável pela elaboração do Plano de Manejo e implementação de
turas dos 12 municípios do Mosaico e recentemente do Mosaico, por exemplo, desenvolveu com remanescentes da Floresta
estruturas para o uso público, como o Centro de Visitantes devidamente
o Critical Ecosystem Partnership Fund (CEPF) que parceiros o Jornal do Mosaico, site, folders, Estacional Decidual, perten-
ambientado, pórtico, quatro trilhas com pontes, mirantes, passarelas e
está apoiando três Projetos no território, sendo: um matérias, vídeos tanto para mobilizar os di- cente à Zona Núcleo da Re-
uma ponte pênsil entre outras estruturas”, afirma Carlos Alberto Cassini,
da Funatura, outro do WWF-Brasil e o terceiro da versos públicos da comunidade quanto atrair serva da Biosfera de Domínio
chefe de parque do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA),
Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextra- turistas à região. Confira http://mosaicosvp. da Mata Atlântica.
com.br/o-mosaico/ órgão estadual que substituiu a Fundação do Meio Ambiente (Fatma),
tivistas do Vale do Peruaçu (Cooperuaçu).
desde dezembro de 2017.
Foto: Paulo Henrique G. de Souza Foto: Paulo Henrique G. de Souza Durante os estudos para a elaboração do Plano de Manejo, foi constata- OBJETIVOS
da a necessidade de desenvolver estratégias como forma de obter mão
Garantir o pleno funciona-
de obra qualificada para o funcionamento do parque, diante das dificul-
mento de toda a estrutura
dades encontradas pela Fundação do Meio Ambiente (Fatma), órgão am-
da unidade, por meio da
biental estadual de Santa Catarina – atual Instituto do Meio Ambiente
incubação de uma Organi-
de Santa Catarina (IMA). “Ficou evidente que a Fatma não teria pessoal
zação da Sociedade Civil de
suficiente para manter toda essa estrutura pública em funcionamento.
Interesse Público (Oscip)
A empresa responsável pela elaboração do Plano de Manejo sugeriu
para atuar como cogestora
então a incubação de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse
da unidade nas áreas de uso
Público (Oscip) para a cogestão do parque, bem como o envolvimento
público e envolvimento com
com as comunidades do entorno do parque. A necessidade de fazer a
comunidades do entorno. A
incubação decorreu do fato de não existirem organizações não governa-
estratégia surgiu em respos-
mentais nem Oscip da área ambiental na região. A proposta foi aprova-
ta a um cenário onde não
da por ambos, Fatma e Consórcio Itá e o projeto colocado em prática”,
existiam ONGs ou Oscip da
completa Cassini.
área ambiental.