Traída pela
família, a rainha da máfia se vê perdida em meio a mentiras que aquele em que ela mais
confiava passou a vida lhe contando. Ao lado de seu antigo inimigo e agora grande amor,
Bianca se vingará de todos que tentaram a derrubar. Afinal o mundo é dela.
Prólogo
Itália, Roma
Permaneci em silencio.
Desviei meu olhar para o bolo de cabelo castanho que ela tinha a sua
frente, e a tesoura que estava sobre ele, imagino que ela esperava que eu
chorasse quando cortou meu cabelo.
Tão tola.
-Deveria estar se perguntando o que eu farei com vocês. –Minha voz saiu
estranhamente calma, olhei a janela que dava para um enorme muro de
cimento.
-Idem.
Vadia!
Depois de toda a tempestade dos últimos meses na minha vida, esse foi o
único momento em que eu desejei chorar, lambi meus lábios os
umedecendo me lembrando de tudo o que aconteceu para que ele fosse
embora e me abandonasse sozinha naquele julgamento.
Eu não o culpava.
Era tudo culpa minha afinal, minha por não acreditar no que ele me disse
que meu pai havia dito, por não contar a ele o que meu pai iria fazer, por
omitir o tempo todo tudo o que eu sabia.
—Ele me convidou para sair. –Disse sorridente, dei de ombros, sabia que
Violeta jamais permitiria que ela ficasse com ele.
—Eu o perdoei.
—Você quer que ele te coma. –Rosnei, e mais uma vez um bofetão. Tentei
erguer a mão para minha bochecha que agora ardia, mas a algema me
parou.
—Já falei para ser educada.
—Você vai ficar na área das moças presas por trafico, sabia que elas são
mães?
Mordi meu lábio inferior, Deus como eu queria estourar a cara dela!
Maldita!
—Mesmo assim você a protege! Bem que Sandro me disse, ele te treinou
bem para ser uma trouxa pela família.
—Você vai descobrir Bianca... Que um rostinho bonito não dura muito
dentro da cadeia.
Será que eu seria morta se batesse nela? Ou ela mataria meu bebê?
Meu bebê.
Coloquei minha mão em meu ventre e respirei fundo, nem pude dizer a ele
que eu estava grávida de novo, e eu sequer fiz o tal tratamento. Agora com
toda essa merda, se eu não conseguir contar para ele, quando a Melissa
perceber ela irá me obrigar a abortar é óbvio.
De novo não!
Um grande exemplo.
—Faça o que quiser com ele Melissa. –As palavras que lancei de minha
boca para a fora a fizeram arfar.
Fechei os olhos, tentando controlar a umidade que surgiu ali, eu não sabia
se conseguiria mentir para ela, não sentindo tudo isso.
Deus eu não choro a tanto tempo, mas as lágrimas querem explodir por
meus olhos aqui e agora.
O rosto dele em minha mente era o único ponto que me dava força e ao
mesmo tempo fazia meu coração doer tanto.
As frases que ele me disse quando tudo começou a dar errado giravam ao
redor de seu rosto sorrindo para mim.
E por fim, a última coisa vez que conversamos, aquele dia na sala onde eu
estava esperando o fim do intervalo do julgamento.
—Pietro eu...
—O que você pretendia depois em? –Agora ele gritava e eu continuava
paralisada o encarando, e não era pela algema que me prendia ali
sentada, era por saber que além de eu estar sendo julgada por culpa do
meu pai, ele ainda contou para o Pietro que matou o Mateo com minha
conivência. –Ia me matar? Matar minha mãe?
Arfei, meus olhos não obedeciam meu cérebro, que implorava para que
ficassem molhados, eu tinha que chorar e pedir perdão.
Mas seria errado com ele, Pietro sempre se convencia ao me ver chorar, e
eu não podia fazer isso com ele.
—É DIFERENTE!
Diz!
Ele por fim, depois de alguns segundos sorriu torto. Puxou o terno da
cadeira e se afastou até a porta.
—É o fim da linha para você. –Murmurou antes de sair e me deixar ali
estática e com o coração ardendo.
Virei para ela, e pude ver um espelho no canto da sala que agora me
refletia.
—Eu não sou você! Não preciso ficar correndo atrás de homem e me
humilhando.
—Com certeza dá. –A ruiva ao lado dela disse rindo os cabelos cacheados
também eram longos.
Aparentemente, não era obrigatório cortar o cabelo, a não ser que você
fosse Bianca Cesarin.
—Então novata, seja bem vinda! –A ruiva disse puxando o que restou do
meu cabelo para a encarar, semicerrei os olhos e ela sorriu. –Isso vai ser
divertido.
Capítulo 1 - A Fazenda
Pietro
Itália, Roma
A cena daquela pequena catástrofe a minha frente, fazia com que algo
gelado tomasse conta de meu corpo.
– Você não fez isso sozinha. –Minha voz saiu ameaçadora, o que a fez
sorrir largamente e negar.
– Fiz sim.
– Não tivemos nenhum filho! Foi o Geovanne que teve um caso com
você...
Antes de concluir a frase, meu olho correu para Alice, que lentamente
levantou a cabeça para Isabel.
Merda.
– Como é que é?
– Não estou falando daquele filho, estou falando do que a Bia espera.
Rapidamente fiquei alerta, e Alice esquecendo o ciúmes se levantou em
um salto, nos olhamos como dois bobocas.
Minhas mãos foram para Isabel, a puxando para cima. A segurei pelo
cabelo, meu rosto quase colado no dela.
Mas meus olhos viam agora a caixa que eu entreguei a Bia naquela
manhã.
Meu celular resolveu não colaborar, e cada ligação para o telefone de casa
dava caixa postal. Resolvi ligar para Bia, e só ouvia o toque da chamada.
– Encurta a conversa Isabella! Cadê ela? Por que não atendeu o telefone?
– O que você fez com ela? –Rosnei, eu realmente não queria encarar a
realidade, naquele momento me senti um covarde.
Eu sabia bem ela não fez nada, mas eu desejei por um instante que elas
tivessem brigado e aquilo fosse só um machucadinho.
– Pietro...
– Tem alguém que vai desejar isso mais que você. –Foi nítido, a
compreensão dela. As mãos foram aos lábios e ela negou com a cabeça.
–Bella?
– Sim?
– Você é da família.
Chorei por que eu entraria agora em uma guerra maior do que imaginei.
Chorei também, por que eu sabia, que minha rainha não ia encarar isso ao
meu lado.
Itália, Roma
Bianca
Existem momentos, momentos de terror, em que seu cérebro
simplesmente trava, ele não consegue reagir aquilo, talvez nada consiga
reagir a isso.
Eu tinha a mente toda bagunçada, uma presença negra estranha, algo que
me mantinha ali, distante.
Pietro...
Ver Isabel ser estuprada doeu, mas ver a cabeça da minha fiel
companheira em uma caixa de presente com um bilhete escrito parabéns
pelo bebê, Isabel.
Doeu por que eu vivi a vida para a proteger, mas na primeira oportunidade
minha irmã, minha irmã que eu tanto lutei a favor, me destruiu.
Fui tomada por uma sensação de retorno, tão grande que pude abrir os
olhos.
Arfei quando tentei tapar os olhos do Sol forte que os queimaram, porém
uma intra venenosa me fez parar.
Meu coração deu um salto, e fiquei ali, meu olho já não ardia eu apenas
encarava o cateter da agulha.
-Você está bem? –A voz grossa ao meu lado fez meu coração acelerar
mais e o bipe começou a tocar alto.
Pietro me encarava sério, reparei que ele tinha olheiras, estava vestido de
moletom o que é muito estranho para ele. Um soluço alto rompeu meus
lábios e fez a careta dele séria se desfazer em uma de suas expressões
de carinho.
-Minha linda...
-Pie...
Então, eu comecei a chorar, como ele nunca tinha visto na frente. E por
isso ele se assustou, se levantou em um pulo e me abraçou, quis apertar o
corpo forte dele ao meu mas a merda daquela intra venenosa me parou.
-Eu... A Afrodite...
-Ela... Ela...
-Sinto muito... Mas eles vão pagar eu juro... –Me olhou arregalando os
olhos. –A não ser que você...
-Mate-os. –Falei antes que o meu instinto tanto cultivado pelo meu pai me
tomasse e eu os defendesse. –Mate todos, por mim e por Afrodite.
-E pelo nosso filho.
Foi ai que lembrei, minha cólica havia sumido, levei minha mão solta a
meu ventre.
-Você abortou.
-Eu mudei de idéia. –Finalmente falei, minha voz sumia aquilo foi
praticamente um murmúrio, mas ele me ouviu, tocou meu rosto.
-Sobre?
-Por que?
-Pietro?
-Sim?
Silencio.
-Pietro...
Olhei para meu marido abismada, ele tinha o olhar sério com que geria os
negócios. Pisquei algumas vezes me acomodando na cama, ignorando por
algum tempo o buraco enorme que se formava em meu peito.
-Eu não to entendendo onde você...
Elevei meus olhos para o deles chocada, como ele ousa falar assim do
meu pai?
-Que ele pode fazer algo contra nós. Mais do que ele já fez. -O olhar dele
era acusador o que me fez ficar na defensiva. Essa definitivamente não
era uma boa forma de me falar o que ele pretendia.
-Bia!
-Pietro! Eu não acredito que está tentando me colocar contra meu pai.
-Como é que é?
-Sabe o que ele me disse? Que você nunca acreditaria em mim! Que é
uma tola.
Meu sangue agora borbulhava pelas minhas veias. Tinha certeza que mais
alguma asneira que ele dissesse a manta que me cobria seria
estraçalhada. Mesmo assim, uma pequena parte de mim lá em baixo se
remexia incomodada.
E se for verdade?
-Que?!
-Bia...
-Não muita... -Arquejei fechando os olhos, porra isso era pior que minha
cólica.
-Mas porra viu, nem com dor você tira essas luvas de boxe!
-Não ouse começar com essa história do meu pai de novo! -Gritei, o que
fez minha lombar doer ainda mais. -Ai... Caramba!
-Não! -Em meio a semi corrida que ele deu para a porta, Pietro parou e se
virou para mim. -Fica... Fica comigo.
-Então... Foi tudo culpa minha né. -Admiti, dessa vez sem conseguir olhar
nos olhos dele.
•••
Alguns dias depois eu já estava deitada em minha própria cama, na casa
dos Albertini. Me mantive quase que em silêncio profundo por todo o
tempo no hospital, olhando para o horizonte, tentando talvez descobrir
motivos para aquele vazio obscuro que me engolia.
Eram dez horas quando acordei. Olhei ao redor, tudo escuro. Suspirei
algumas vezes fechando os olhos e tentando controlar minha respiração.
Estresse pós traumático, ansiedade, depressão e distúrbio alimentar. Eram
alguns dos motivos pelo qual meu criado mudo havia se tornado uma
Drogaria.
Maldito pesadelo.
-Controle-se Bia. –Pensei tentando secar o líquido frio que escapava por
meus poros. Meu estômago começava a se esfriar e eu corri até o vaso
vomitando nada, já que a dias eu não comia.
-Bia...
Dessa vez fiquei em silêncio. Afundei meu rosto em meu braço, fechando
os olhos com tanta força quanto podia, pedindo que ele sumisse como
meus fantasmas.
-Qual é a sua Pietro? Por que não por que me deixar em paz? –Berrei
sentindo o mesmo temor de quando acordei me tomar.
-Chore Bia.
-Você está sufocando tudo o que sente, pode piorar o psiquiatra disse...
-Sai daqui! Sai! Não quero ver você! –Porém ele continuou me abraçando,
respirei fundo, fechei os olhos em seus braços.
Por que ele continuava tentando.
-Bia diga algo. –Senti beijar meu cabelo e acariciar meu rosto. –Linda eu
trouxe o café.
Mas eu não voltei, mergulhei mais uma vez no meu topor e permaneci ali
no azulejo do banheiro. Sentada.
•••
Isabel
Itália , Roma
-Não, não acho. Apenas sei, sei Isabel Cesarin que você foi longe de mais.
Gargalhei, minha mão coçando para encontrar o rosto perfeito dele em um
tapa. Um tapa que deixaria minha mão tatuada ali.
-Eu não sou doente. -Resmunguei, dessa vez realmente ofendida, tudo o
que fiz foi pelo meu filho! Que os Albertini arrancaram tão cedo de mim.
-Isso foi pelo meu filho! O qual vocês arrancaram de mim!
-Ela não sofreu nem metade do que eu sofri! -Dessa vez libertei minha
mão. Que socou o peito dele, o ódio e nojo me dominando. Nojo do que
eles fizeram comigo! Do que pagaram aqueles homens para fazer.
-Claro que sofreu! Ela sofreu com você. Sofreu ao seu lado, todos esses
anos tentou te defender de tudo. Mas quer saber Isabel? Quem precisava
de defesa não era você, era ela! Precisava de alguém que a afastasse de
uma pessoa doente e egoísta como você!
-Sim, você tirou. Mas a que preço? -Com passos elegantes, Pietro Albertini
saiu do escritório, batendo à porta atras de si, não antes de Fabrizio entrar
e encarar o loiro que mantinha a cabeça baixa.
-Sim.
-Por que? -A pergunta que por tantas noites guardei dentro de mim, saiu
arrastada e quase sem som.
-O que? -Notei surpresa o olhar de susto dele. -Do que está falando
Isabel?
-Que bebe?
-Geovanne... Você sabia do bebê, você escreveu para mim! -Rosnei, uma
risada nascendo em meu âmago. Eu sequer sabia o motivo dela estar ali.
A risada de ódio.
-Isabel, desde que você voltou a Rússia nunca mais nos falamos. Você
nunca mais respondeu minhas cartas.
Cortando a sala. Sob o olhar atento dos dois. Chegando até a lareira.
-Fabrizio, tire esse homem daqui. Jogue o na casa dos Albertini. -Me vi
falando com a voz estranhamente tranquila. Uma tranquilidade que não
era espelhada em meu olhar, o qual eu podia ver no reflexo do vidro do
porta retrato. Onde cuidadosamente colocada, havia uma foto minha com
papai.
-Isabel! -Foi a última coisa que ouvi de Geovanne antes da porta principal
de casa se bater.
-Diga logo.
-Não se atreva!
-Foi você? Esse tempo todo não é? –Em quanto o sorriso tatuado em meu
rosto apenas crescia, lágrimas brotaram em meus olhos, eu não chorava
desde que aqueles homens apareceram na Rússia para me estuprarem
anos atrás.
-Por que? -Mais uma vez aquela frase, no mesmo dia, quem poderia
imaginar que ela mudaria tanto de alvo?
-Você, é a pessoa mais podre e nojenta que existiu e existirá nesse mundo
Sandro Cesarin! Você pagou pelo estupro da sua filha! Entregou uma filha
para ser escrava sexual como pagamento de uma dívida! -Enfim eu estava
diante dele. Nossos olhos se cortando. -Você estuprou uma mulher e a
obrigou a ter filhos seus mesmo casada com seu maior inimigo. Você a
manipula! Sendo que assim como eu ou Alice, ela é uma vítima sua.
-Seu desgraçado! Isso não é nem metade do que Bianca fará com você.
–Ele riu engatilhando a arma o olhar frio que sempre carregou por aí.
-Bianca está destruída, você a destruiu. Ela nunca vai acreditar em você
Isabel. -Acariciou o cano da pistola me encarando sorridente. -Andrea é
tudo, menos vitima.
-Isabel... Sua tola, ela nunca vai acreditar nele. Nem em você. Vocês
juntos me ajudaram, eu serei a única pessoa em que ela irá confiar ao final
de tudo. Você a destroçou. Deu para mim a vitória sem saber.
-Quando Bia estiver bem, eu matarei Mateo Albertini, e terei tudo o que
sempre quis. Andrea e o comando do tráfico de drogas e armas de toda a
Europa.
Dizendo isso. Ele limpou o sangue que escorria com um lenço que tinha
em seu bolso e saiu da sala, antes jogando ele em mim.
Bianca
-Bianca, nos dois sabemos que você não está abalada ao ponto de ser
transferida para uma clínica psiquiátrica.
Puxei meu cabelo com força o bastante para arrancar alguns fios e sentir a
dor que me pareceu tranquilizante por alguns segundos.
E aquela noite foi terrível.
-Senhora Albertini por favor! -Mordi meu lábio inferior até sentir o sangue
fresco tomar minha boca, e por fim descontei minha raiva nela, com um
empurrão que a fez bater com toda a força contra a parede ao lado da
minha cama. Meu marido correu até ela tentando a segurar antes que ela
desmaiasse no chão.
-Bianca! -Desviei o olhar enfurecido para ele que tremeu no lugar. -Não me
olhe assim! Você que buscou isso!
Por fim ele explodiu, levando minha consciência de volta para meu corpo
entorpecido.
-Busquei? -Gritei com a voz rouca pelos meses em silêncio. A reação dele
em quanto amparava a enfermeira foi prender a respiração e arregalar os
olhos verdes chocados. -Como eu busquei isso? Como eu busquei estar
aqui! Eu! Bianca Cesarin! Busquei uma gravidez com um útero doente!
Traição da minha família! Como eu busquei isso Albertini!
No segundo seguinte ele me abraçou, tão forte que mal pude respirar, fui
enchida de beijos molhados, e aos poucos minha respiração se acalmou, o
cheiro dele entrou em meu sistema me dando o direito de finalmente
desabar em seus braços, não chorei, mas me senti protegida finalmente.
-Ei! Não diga isso. -Ele nos separou encarando meu rosto, suas mãos
acariciaram minhas bochechas. -Eu não devia ter te deixado sozinha para
procurar a Afrodite...
Sim eu tinha voltado, voltado para esmagar um por um, daqueles que me
destruíram.
Ou eu não me chamava.
Anúbis estava deitado embaixo de meus pés, e bufafa mal humorado com
algo, em quanto o dono fazia macarrão para mim. Alisei os pelos pretos
com meus pés o fazendo erguer a cabeça e me encarar com aqueles
olhos mel. Só pude suspirar e assentir pra ele.
Deus era tão bom poder comer algo além de sopa enfiada em minha boca.
Ri baixinho enrolando o macarrão no garfo, alisando Anúbis com meu pé e
por fim levantei os olhos para Pietro que me encarava com um sorriso que
fez meu coração acelerar.
-Dio, eu senti tanta falta de ter você.... Sem você eu caio Bianca! Eu
preciso de você do meu lado, você é minha força. -Paralisei, deixando o
garfo no prato.
-Bianca?
-Aconteceu algo?
-Sim eu quero transar com meu marido e você ta aqui fazendo perguntas
ainda.
Não precisei olhar de novo para constatar que ele tinha ido fazer o que
mandei, voltei para meu macarrão ignorando a risada divertida de Pietro.
-Eu não sou pornográfica Pietro! -Mais uma de suas risadas gostosas e
outro beijo no topo da cabeça.
Logo Thomas passou acompanhado dos médicos que praticamente
tropeçavam nos próprios pés em quanto corriam, sorri contente,
obviamente Thomas havia usado minhas palavras para que eles se
retirassem. Por fim me virei para Pietro que sorria divertido se apoiando no
balcão.
-Precisamos conversar.
-Irá me contar?
-Quero dizer que homens não são cuidadosos nem atenciosos Pietro.
-Como ousa?
-É culpa sua Bianca! Você permitiu que ele continuasse ao seu redor
depois de se casar, era óbvio que ele faria algo contra você! E graças a
isso você perdeu sua cachorra e eu meu filho.
-E agora está me acusando de culpada pelo que outra pessoa fez! Seu
machista!
-E por que você não vai beijar minha irmã? Seu canalha.
-Seu pai mandou a Isabel para um hospício. -Ele disse de uma vez,
esticando a mão para me segurar pela cintura no momento certo que
minhas pernas cederam.
-Bia...
-Com um psiquiatra Pietro! Não em um hospício! Ela não é louca, porra ela
foi estuprada!
-E isso fazem anos, não acha que já passou da hora dela superar?
-Você não entende... Geovane era tudo para ela, o bebê era tudo para ela.
Ela não nasceu para isso sabe? A máfia... Ela é muito doce e...
-Pietro...
-Não preciso que me proteja. Eu sei fazer isso sozinha, sou treinada para
me proteger lembre-se disso.
-Eu sei muito bem disso, você é forte Bia. E eu a amo por isso... Mas o que
quer que eu saiba, você não acreditará em mim.
-Eu sou o seu inimigo, e sempre serei. Você sempre irá confiar no seu pai.
Bufei, o fato de Pietro sempre tentar me fazer acreditar nas coisas que diz
sobre meu pai, inclusive usando de táticas de persuasão tão ridículas
como essa sempre me irritou. Ele como marido deveria respeitar minha
relação com meu pai, assim como eu respeito a relação dele com o Mateo.
-Eu não sou seu marido, sou o seu inimigo que ele a obrigou a casar.
-Bia...
-Pietro! Não tente desfazer o que você disse! É óbvio que você estava
falando de mim. -Meu coração quase estourava meu peito. Respirei fundo
algumas vezes me sentando na cama.
Meu irmão?
Itália, Roma
Bianca
Meus passos eram pesados, pelo rancor, ódio e a dúvida. Quando desci
do carro e subi as escadas de entrada daquela que havia sido minha casa,
meu lar. Eu podia enxergar minha infância naqueles jardins da mansão,
podia ver uma Bianca risonha e altruísta correndo ao meu redor atrás de
Fabrizio e Isabel.
A família.
O brasão dourado.
Fabrizio.
E Sandro Cesarin.
Até por que, minha presença ali, me fazia notar a falta do arfar suave
e as patas que sempre me seguiam para todos os lados. Respirei fundo.
Contei até dez de olhos fechados. Para então olhar a sala e encarar os
olhos castanhos como os meus, frios como os meus.
-Bia...
-Eu sou Bianca Cesarin, treinei eles, é por isso que me obedecem.
-Eu sou seu pai Bia... Não ouse usar essa pose ameaçadora para
mim. Sabe que eu a criei, eu a amei.
-Eu sei de muitas coisas agora Sandro, coisas que antes eu não
sabia.
-Você não é mais a mafiosa que saiu dessa casa com um vestido de
casamento preto, você me decepcionou engravidando do alvo.
Suspiro, minha mão desejando arrancar minha Glock e furar a testa
perfeitamente lisa e corada do Cesarin. Porém passei minha mão pelo
vestido azul marinho que eu usava. O olhar impassível dele estava
começando a fazer meu sangue ferver perigosamente.
-Isso não quer dizer que o plano será encerrado. Você é minha filha!
Minha parceira! Não se esqueça disso.
-Sim, Pietro, justo o homem que você tanto tenta me fazer matar, eu
quero saber... Por que deseja tanto que eu o mate? Ele sabe de mais dos
seus podres?
-E você me fez cuspir na bíblia! Para ter controle sobre mim? Era
isso que o Fabrizio era, um maldito controle sobre mim...
-Ele a amava.
-Ele é meu irmão! Óbvio que me amava!
Sandro agora tremia diante de mim. Seus olhos suplicando para que
eu me acalmasse.
-Você manipulou ela! Não tente mentir para mim. Eu nunca mais
cairei em uma única mentira sua Sandro.
Eu era só a Bianca agora, a mulher que perdeu tudo tão rápido, que
nem pode ver a queda se aproximar para se preparar, mas que caiu de
uma vez.
Parar o carro diante da Casa dos Albertini foi o fim do meu choro dolorido.
Diante do enorme complexo eu coloquei minhas mãos em meu ventre
agora vazio. Fechei os olhos por alguns minutos, tentando imaginar aquele
pequeno garotinho me esperando na porta de vidro da mansão.
-O que houve?
-Pietro, não irei passar por cima da sua autoridade, apenas me juntar a
ela.
-Cesarin?
Capítulo 5 - O Silenciador
Roma, Itália
Sandro
Se o assoalho de madeira a meu pé pudesse rachar, de fato eu já teria
estragado meu piso, andava de um lado pro outro, desde que Bianca saiu.
-O que é tão urgente que te faz me ligar quando estou com meu marido?
–Resmungou batendo a porta atrás de si. Olhei Andrea raivoso, um olhar
que definitivamente teria feito minha esposa se curvar e pedir desculpa,
mas definitivamente ela não tinha nada de Antonella. Por outro lado, a
mulher a minha frente sorriu maliciosamente batendo os saltos
irritantemente até minha frente. –Parece que a sua filhinha fez algo.
-Não quero saber das suas fugas amorosas com o Albertini. Quero saber o
que aquele moleque disse para minha filha.
-Fale com a sua esposa. –Murmurou rindo, o que fez minha mão se
apertar em volta do pulso fino que capturei. Ela gemeu de dor, mas não
puxou a mão, por outro lado me encarou com superioridade, mesmo sendo
um palmo mais baixa que eu. –Me solta Cesarin.
-Continue fingindo ser importante, que verá onde eu te soltarei.
-Suponho que será em uma vala, por que a única coisa que um crápula
como você sabe fazer é ameaçar de morte.
-Ela é problema seu! Eu a entreguei para sua esposa logo depois dela
nascer lembra?
-E você não permitiu! Mas permitiu que ela transasse com o próprio irmão,
por que tinha medo de perder um controle sobre ela... Que adivinhe você
nunca teve Cesarin.
-Ela não é a única filha que eu tenho! Mas a outra você vendeu como
escrava sexual para pagar as suas dividas de jogos lembra?
Meus dedos tiraram os fios de seu rosto, depois do choque ela voltou a
puxar o pulso. Ao invés de solta-la, eu fiz a última coisa que deveria fazer,
me inclinei e a beijei.
Meu pai sempre me disse que eu nunca conseguiria domar aquela mulher,
da forma que a mulher de um homem como eu deveria ser. De fato eu
nunca consegui, nunca tive sequer um por cento de controle sobre ela.
Nem no curto espaço de temo que ela foi minha, e apenas minha, sem o
Albertini em nosso meio. Ela sempre foi, como meu pai dizia, igualzinha a
mãe, exatamente como anos depois Bianca seria.
Andrea por fim usou toda a força para me empurrar, e logo em seguida
senti o ardor que o tapa causou em minha bochecha, junto com seu
barulho alto. Coloquei a mão em meu rosto a olhando sem me mover um
centímetro, sem demonstrar nenhuma reação.
Ambição.
Ela tinha tido tudo arrancado dela, e definitivamente ela era como a mãe.
Mesmo sendo a irmã que levava o nome dela.
Naquele momento, eu me apaixonei por ela, naquele momento eu jurei
que Andrea seria minha esposa.
-Eu não vou te ajudar a ferir mais um filho nosso Sandro. -Murmurou por
fim antes de se afastar alguns passos. -Para de ser super protetor, você
esta fazendo isso errado, e vai conseguir uma inimiga ao invés do amor da
Bianca.
-Você não pode vir anos depois e querer dizer o que eu devo fazer pela
minha filha.
-Foi por sua culpa que tive que abrir mão dela! Por que você não se impos
por ela nem por mim, eu quase morri na gravidez, eram gêmeos, e meu
útero mal podia suportar um bebê! Eu poderia ter morrido Sandro!
-Mas não morreu! Está viva, e eles são seus filhos, os três.
-É uma boa hora para você voltar para sua esposa, e me deixar em paz.
Peça ajuda dela para controlar a vida da sua filha.
Ela andou até a porta, e antes de fechar a porta eu tenho certeza que ela
ouviu as últimas palavas.
***
Minha mente gritava em quanto o telefone chamava e mais uma vez caia
na caixa de mensagens.
-Sim, o pai dela está caçando vocês e os Albertini. Mas para que você
quer ele?
-Eu quero denunciar alguém, e você vai me ajudar a manter ela presa.
-A Bianca.
-Você quer me sentenciar a morte? Não vou participar da prisão dela, ela
vai acabar com você!
-Ela não vai sair da cadeia até eu calar a boca de todos que sabem.
-Como eu Cesarin?
-Por que tem tanto medo dela saber a verdade? Seria mais facil de lidar
com ela...
-Saber que eu a enganei a vida toda? Que eu permiti que ela fizesse sexo
com o irmão dela? Que eu fui responsavel pelo aborto dela? Pelo estupro
da irmã dela? Ela nunca me perdoaria.
-Sim Violeta.
-Pois se você quer minha ajuda, faça com que ele a deixe. Por que eu o
quero, e acredite, vai precisar dele como moeda de troca para a
Bittencourt.
-Você continua achando que pode manipular ela, mas não pode Violeta,
ela não é tão boba. -Ela riu alto em resposta.
-Eu não ligo para isso, eu a mato se se meter entre mim e ele.
-Nossa ele deve ter uma rola folheada a ouro, vocês se matam por aquele
moleque.
-Você terá o moleque, de certa forma, você vai me ajudar a resolver dois
problemas, a Bianca tem começado a acreditar nele.
Bianca
-Sabia que tinha voltado à ativa. Dizem que depois de aborto as mulheres
entram em colapso não é mesmo?
-Fale o que quer Isabel, antes que eu enfie uma bala no meio dos seus
olhos. -Puxei a pistola da minha coxa e delicadamente a apoiei na mesa,
no mesmo momento que Pietro entrou na sala.
-Mas nem pagando que você fica sozinha com ela depois de tudo o que
você fez! Sua vadia!
-Pietro sai da minha sala. Agora! -Meu marido me encarou irritado e bateu
à porta com toda a força ao sair.
-É claro que não... O que eu tenho a dizer vai salvar sua vida.
-A mesma vida que você tentou encerrar fazendo de tudo para eu perder
meu filho?
-Eu ouvi! O papai admitiu isso. Bia por favor... Ele vai me matar se você
não me proteger.
-A única pessoa que ele nunca machucaria. Que eu pensava que ele
nunca faria nada contra é você Bia. E até contra você ele fez algo.
Minhas mãos suavam frio. E fui obrigada a fechar os olhos, tentar voltar a
respirar.
-Bia... Isabel?
-Eu quero que encontrem o Fabrizio, o que quer que esteja acontecendo
aqui, ele tem envolvimento, e eu o quero aqui ainda hoje. Entenderam?
-Você precisa é zelar pela sua vida, e fazer o que eu estou mandando
agora Thomas.
-Acredito que não seja da sua conta, Alice, a irmã vendida como prostituta.
-Doi não é? Perder uma parte de você... mesmo quando você pensava que
não queria isso.
Os dois saíram, e eu fiquei em silêncio com isso. Minha dor era silenciosa
para os outros, mas alta e clara para mim.
Ser mulher é isso? Não querer um filho, mas quando ele surge sentir um
amor inexplicável, mesmo sem nunca poder ver ele...
Talvez fosse disso que meu pai tanto falava, quando dizia que uma mulher
nunca poderia gerenciar negócios como os nossos.
Letal contra qualquer suspeita de traição. Mesmo que do meu próprio pai.
-O fato de nunca ter visto meu filho, ele ser tão pequeno como era, não me
torna menos mãe que você Isabel. Ele sempre terá sido meu primeiro filho.
-Preciso da sua proteção. -Tive que rir alto, Isabel me encarou abismada...
Sério? Depois de tudo ela me diz que precisa de proteção?
-Saia de baixo das minhas vistas, antes que eu a transforme em uma pilha
de carne em decomposição.
-E até onde sei, pode estar mentindo, então suma. Antes que eu me
arrependa de manter você viva.
Voltei para minha mesa, lentamente, prestando atenção em sua
movimentação e ouvindo a porta bater quando ela saiu. Respirando fundo,
sentei acendendo meu charuto e encarando Anúbis que continuava com o
olhar triste e distante.
-Como você pensou, que seria uma boa ideia, deixar tudo isso aqui em
silêncio?
-Giuseppe e as disputas?
-Não faço caridade Pietro, matar alguns dos meus homens não dá o direito
deles ficarem com o que é meu! E isso você deveria saber.
-Eu tentei retomar, não pense que sou menor que você.
-Não estou dizendo isso. Por outro lado... Estou dizendo que você podia
ter retomado a muito tempo.
-E por que tenho que perder o antigo? -Ele sorriu, jogando a camisa na
poltrona ao lado e se apoiando na mesa, em minha frente. -O que
pretende fazer?
-É rapidinho linda.
-Eu tenho que ir. -Tentei me desvincilhar de novo e ele me puxou para
perto. Nossas bocas a poucos centimetros de distancia. E por fim... Eu só
pude junta-las, e me deliciar com aquela maciez molhada e vermelha.
Capítulo 7 - Retomada
Roma, Itália
Fechei os olhos negando, eu não podia recuar! Não podia! Eu já tinha tido
esse sonho, sabia que se eu aceitasse, alguém atiraria nele e ele morreria.
-Onde ele está? -Resmunguei o olhando feio. Ainda sem enxergar muito
bem pelo escuro, estiquei a mão e liguei o abajur. Anúbis pulou na cama
em resposta deitando no lugar vago ao meu lado. Acariciei a orelha dele,
puxando meu celular de baixo da almofada. Eram seis da tarde.
-Faça amanhã. -Murmurou, a mão dele subiu pela minha coxa ate minha
bunda, me puxando para cima do pau dele. -Eu acordei agora, mandei a
Alice fazer algo para mim.
-Ela não está pronta pra isso Pietro! -Ele sorriu e negou, puxando minha
pélvis em direção a sua. Gemi sentindo seu pau entrando em mim, quando
ele tinha tirado de dentro da bermuda?
-Ela tem seu sangue, nasceu para isso Bia. -Sussurrou no meu ouvido. O
encarei mordendo o lábio, meu cabelo caindo ao redor do rosto dele, a
iluminação fraca e amarela do abajur se infiltrando pelos fios. -Eu te amo
rainha.
{...}
Roma, Itália
Sandro
-Você não tem absolutamente nada da sua irmã! -Berrei. Ela continuava
ondulando, a mãe dela me encarava, alheia a discussão.
-Mas por que ela é tão melhor que eu? Por que o senhor prefere ela? Eu
também sou sua filha!
-Ora, ele prefere ela, por que ela é filha da Andrea. -A voz doce veio da
porta do escritório. Todas as cabeças se voltaram para a cópia mais nova
de Bianca que entrava. Alice, vestida igual a irmã, com um tubinho preto,
um chapéu, o cabelo castanho solto e ondulado, entrou com um charuto
na mão. -Não é papai?
-Mas pagou homens para estuprar uma das filhas. Pelo menos ganhou um
dinheiro me vendendo.
-Eu vim lhe devolver um favor. -Respondeu, agora de frente para minha
mesa. Afundou o charuto no cinzeiro, e só agora eu notei o pacote que ela
trazia em uma sacola.
-Que favor?
-Um filho seu, machucou alguém que um Albertini ama, sob seu comando.
-Continue.
-O que vocês fizeram? -Me vi grunhindo. Meu olho correu pra a porta,
onde Thomas e Geovanne estavam parados a esperando. Meus pelos de
arrepiaram com o barulho molhado do embrulho que ela depositou na
minha frente.
-Desfrute do nosso presente. É com muito carinho. -Dizendo isso, ela saiu
cuidadosamente rápido da sala, quando a porta fechou, Antonella se
levantou me encarando como o demônio.
-Calada! -Gritei. Ela mordeu o lábio e saiu correndo, sendo seguida pela
filha, me deixando a sós com alguns dos meus homens.
-Liga para a Violeta. Eu quero a Bianca longe dos Albertini o mais breve
possível. -Comecei a falar andando para a saída. -Luigi, encontre o corpo
dele e tire essa cabeça da minha mesa.
Bianca
Ah Dio, no!
-Bia! O que houve? -Ele desceu do carro correndo, seria imbecil dizer que
ele tava lindo? Por que eu pensei nisso, eu pensei em estender o teste e
dizer, estou grávida querido. Mas meu casamento ia acabar ali agora.
-Você está cheia de sangue o que houve? -Agora Pietro começava a
demonstrar o nervosismo. Pensei em passar a mão no rosto dele e dizer
que ia ficar tudo bem... Mas não ia.
-O que você fez? -Agora ele estava sério, a barba crescida deixava seu
rosto mais impassível que o normal. -O que você permitiu que fizessem?
Ele sabe...
-Eu disse pra ele que eu estava fora, eu disse pra ele... -Eu começava a
gaguejar, e então veio o grito de dentro da casa, eu não havia notado que
Andrea estava no carro com ele. -Pietro eu juro...
-Cala a boca.
-Pietro, eu juro.
-Bianca Maria Cesarin Albertini? -Os dois policiais agora estavam fora do
carro, um papel na mão, me encarando. Oh Dio, o que eu fiz...
-Eu não sabia que ele mataria seus irmãos Pie... Acredita em mim!
-Calada! Eu nunca mais quero ver sua cara na minha frente Bianca!
-O que? -Gaguejei, meu útero começou a doer, talvez por que um frio
correu pelo meu corpo, e eu tentei respirar fundo. Não posso perder mais
um bebê. -O que disse?
-Uma denúncia anonima senhora.
Levei minha mão vazia a minha boca, e talvez eu tenha sujado de sangue
meu rosto, mas naquele momento, Deus eu sentia que podia desmaiar,
meu estomago chorou e eu soube que poderia vomitar ali, nas botas dos
policiais.
-Homicidio senhor?
Ainda olhei meu marido, em quanto era posta dentro da viatura, mas ele já
não me olhava, estava de costas para mim abraçando Andrea.
Meu pai armou essa pra mim, e agora eu não sabia como sairia dessa
situação. O carro começava a andar e a casa a ficar pra tras.
Meu pai faria tudo para matar Matteo, inclusive o tal casamento arranjado.
Desde o dia que isso foi anunciado, ele tinha planejado a morte de Matteo,
e embora eu estivesse conivente por um tempo, eu disse que estava fora,
talvez esperava que isso o parasse. Mas não parou.
Céus eu estou grávida, e vou ser presa. O Pietro não vai acreditar em
mim, e tudo isso só por que eu quis proteger meu casamento dos planos
do meu pai.
Ficar em silêncio foi a porra da pior escolha, que eu podia ter feito.
Quem vazou esses documentos? Minha mente gritava um nome tão alto,
que eu só queria que fosse mentira.
Delegacia
Bianca
-Bianca Albertini, visita. -Quase pulei nos braços do homem que entrou
pela porta, mas o olhar vazio dele me paralisou.
-Pie...
-Não diga nada.
Observei chocada ele avançar sobre mim, suas mãos quentes pegaram
minha cintura, e senti a mesa embaixo de mim. E sua boca quente
esmagou a minha.
Pietro me beijava com tanto desejo e raiva, que minha cabeça mal
raciocinava o quanto aquilo era errado, então minha reação foi empurrar o
blazer dele para fora, inclusive fui ajudada pelos seus braços ageis que o
jogou no chão, voltando tão rapido para minhas costas, no topo do ziper,
que eu tive que arquejar.
-Pietro... Eu to g... -Antes que eu dissesse algo, ele abriu o ziper, empurrou
para baixo liberando meus seios.
-Pietro...
-Não diga nada mais. -Ele finalmente me olhou em quanto puxava minha
calcinha, tive que levantar o quadril para liberar ela. -Por favor, só por
agora...
Assenti me calando.
Passei as mãos pelo ziper da calça dele, ele gemeu baixinho ainda
chorando em silêncio, então eu precisava decidir.
Eu podia perder ele? Por um erro que definitivamente não foi meu... Eu sei
que me calei sobre os planos, mas eu não podia perder o Albertini.
-Essa vai ser rapida, eu tenho que ir embora... Preciso organizar o funeral
dos meus irmãos e do meu pai. -Ele murmurou mordendo meu ouvido.
Arfei assustada.
Óh Céus eu o perdi
Dio Mio...
Deitei na mesa e ele deitou sobre mim, me cobrindo naquela que seria a
última vez que eu o teria.
Eu seria presa.
Não tinha idéia se seria solta em algum momento.
-Pietro... Por favor não me abandona. -Eu gemia no final. -A gente pode
superar isso... juntos.
Ele não disse mais nada. Apenas me beijava, e beijava meu corpo. Com
raiva e desejo. E eu, eu gemia com desejo e arrependimento.Céus nunca
senti tanta raiva de mim mesma, por não ter contado, mesmo durante as
brigas em que ele dizia que meu pai estava me manipulando.
-Pietro...
Meu estomago afundou, o coração acelerou, e a cólica veio tão rapida que
eu quase gemi de dor.
-Que papéis? -Eu sabia quais... Mas precisava ouvir dele, que tinha
acabado.
-Do divórcio.
-Não tenho como saber, eles estão mortos! E nenhum deles acordou no
hospital pra dizer quem foi.
-Foi o Fabrizio.
-Ah sim, seu irmão incestuoso. -A essa altura ele já estava vestido, e eu
tremia de raiva. -Meu advogado vai trazer uma pilula do dia seguinte pra
você, não quero um filho Cesarin.
Me calei.
Minha mão foi para meu ventre no momento que a porta bateu atrás dele,
bem a tempo de ouvir um sussurro dolorido dele.
-Eu te amei.
Ele não queria nosso filho, por que ele sentia que fora traído.