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A nova - e promissora - ciência do sangue - Saúde - Notícia - VEJA.

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06 de Janeiro de 2011

Pesquisa

A nova - e promissora - ciência do sangue


Na semana passada, a ciência se aproximou da detecção do Alzheimer e do câncer por meio
exames de sangue. O avanço na compreensão dos biomarcadores permite que uma gota da
substância que percorre nossas veias se torne uma fonte inesgotável de informações sobre o
corpo humano
Por Marco Túlio Pires

No futuro, novos exames de sangue poderão ajudar no tratamento de várias doenças


(Comstock Images)

Qualquer pessoa que já tenha se submetido a um check-up comum sabe


Os novos exames de sangue podem riqueza de informações que um exame de sangue fornece aos médicos. U
amostra ínfima dos cerca de 5 litros de sangue que, em média, circulam p
substituir ou evitar que
corpo de um adulto, revela a invasão do organismo por parasitas, vírus e
procedimentos dolorosos e bactérias, a carência de nutrientes essenciais ao funcionamento dos órgã
invasivos, como as biópsias, sejam a presença de substâncias que podem prejudicá-los. Na semana passada
realizados sem necessidade notícias serviram de lembrete para um fato extremamente positivo: a ciênc
sangue continua a progredir em grande velocidade, e oferece possibilidad
Doenças antes indetectáveis por extraordniárias de diagnóstico e monitoramento. Como mostra o quadro a
meio de exames, como o Alzheimer a detecção de doenças que antes requeriam procedimentos muito mais
e o autismo, em breve estarão ao complicados e invasivos já pode, em diversos casos, ser feita por meio de
alcance de uma gota de sangue exame indolor (está bem, "agulhofóbicos": quase indolor). Novas técnicas
deixarão em breve de ser experimentais e chegarão aos hospitais e
laboratórios.

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/novos-testes-de-sangue-podem-revolucionar-dia... 22/01/2011
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A primeira novidade ligada aos exames de sangue veio na última segunda-feira, quando pesquisadores do Hosp
Geral de Massachusetts, nos Estados Unidos, firmaram uma parceria de 30 milhões de dólares com a empresa
Johnson & Johnson para viabilizar um teste capaz de detectar uma célula cancerígena entre bilhões de outra
saudáveis. A segunda notícia, divulgada na sexta-feira, foi a de que cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps, n
Flórida (EUA), desenvolveram um teste capaz de detectar com precisão o Alzheimer. Atualmente, a doença só é
detectada quando o paciente apresenta sintomas, e mesmo assim só é possível confirmá-la após análise do cére
depois da morte.

Substância dedo-duro — Esta nova geração de exames surgiu na esteira do sequenciamento do genoma huma
em 2000, e do aparecimento de novas técnicas de análise de substâncias químicas, a partir de 2005, que permiti
que os médicos acelerassem a complicada tarefa de vasculhar o sangue atrás de substâncias conhecidas como
biomarcadores.

Os biomarcadores são, em geral, proteínas específicas que o corpo produz por causa de alguma doença. Em alg
casos, o biomarcador pode ser uma célula ou um fragmento do material genético do paciente.

"A busca por biomarcadores ocorre há pelo menos 30 anos, mas sempre foi uma tarefa muito difícil. A
deixou esse processo menos complicado, possibilitando o surgimento de novos exames", diz o médico american
Robert Christenson, diretor do laboratório de biomarcadores da Universidade de Maryland (EUA).

Mirian Silva

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Rede de pesca — Para saber se o paciente está doente, os cientistas misturam o sangue com uma substância
química que só reage ao entrar em contato com o biomarcador da doença que estão examinando. É como uma r
de pesca que só aprisionasse um tipo específico de peixe. Caso o peixe — o biomarcador — fique preso, quer di
que o paciente tem a doença.

Um dos biomarcadores mais assediados pelos médicos são os anticorpos, substância formada por proteínas e
produzida pelo sistema imunológico para combater organismos invasores ou células cancerígenas. Se o corpo es
doente, ele provavelmente irá produzi-los.

Cientistas do mundo todo estão procurando por esses "peixes". Um deles foi encontrado em 2007 pela médica
americana Mary Whooley, da Universidade da Califórnia (EUA). A equipe da pesquisadora conseguiu identificar
tipo específico de proteína que passava a ser liberada em pacientes que já haviam sofrido ataque cardíaco quan
estavam sob stress. O exame desenvolvido é capaz de prever o risco do paciente sofrer novo ataque.

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que, para monitorarmos a doença, não precisamos colocar um pedaço de metal dentro do paciente ou submetê
radiação”, afirma Whooley.

DNA — O oncologista romeno Victor Velculescu, da Universidade Johns Hopkins (EUA), publicou no início de 20
estudo dizendo que o material genético das células cancerígenas possui padrões de DNA específicos.
esse material é arremessado na corrente sanguínea tornando possível identificar o câncer mesmo quando não se
consegue pelas vias normais”, explica Velculescu. “Esperamos que em cinco anos o exame esteja disponível par
pacientes”, diz.

Até a identificação de doenças de difícil diagnóstico, como o autismo, poderá ser facilitada com os exame de san
em um futuro próximo. O médico britânico Anthony Monaco, chefe do laboratório de neurogenética da Universida
Oxford, conseguiu encontrar uma relação entre o DNA e o autismo. De acordo com Monaco, existe uma diferenç
marcante entre o material genético de pessoas saudáveis e as que manifestam o problema. Nas doentes, alguns
pedaços de DNA são duplicados ou apagados, alterando o comportamento de alguns genes, o que contribui para
manifestação do autismo. “Quanto mais cedo conseguirmos identificar que uma pessoa possui autismo, melhore
serão as condições de tratamento e entendimento da doença”. O médico acredita que em três anos será possíve
um exame confiável que ajudará no diagnóstico.

Cura - Muitos médicos acreditam que os novos exames de sangue podem, ao menos indiretamente,
caminho para a cura de várias doenças. “As pesquisas que buscam entender o sangue e os biomarcadores nos d
condições de aprender mais sobre as doenças”, diz Christenson. Além disso, os exames de sangue ajudam a
monitorar a evolução das doenças, acrescenta Velculescu. “Isso é muito importante para descobrir tratamentos q
levam à cura”, completa.

Em geral, afirma a médica Lecia Sequist, da escola de medicina de Harvard — uma das pesquisadoras
com o dispositivo que detecta células cancerígenas —, as novas pesquisas também estão tentando entender a
genética humana. “Quais seriam os genes das doenças?”, pergunta a médica. “Poderemos aprender sobre a
predisposição genética das pessoas por meio dos exame de sangue. Estamos apenas no início, ainda temos mu
aprender.”

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/novos-testes-de-sangue-podem-revolucionar-dia... 22/01/2011

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