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Descrição Técnica: Tratamento de Água

IV - TRATAMENTO DE ÁGUA.

ÍNDICE

IV.1 – INTRODUÇÃO. 2

IV.2 - PLANEJANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA. 3

IV.3 - QUALIDADE DA ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO. 6

IV.4 - TRATAMENTO DE ÁGUA EXTERNO E INTERNO. 8

IV.5 - TRATAMENTO DE ÁGUA. 19

IV.6 - TERMOS ÚTEIS E DEFINIÇÕES. 21

IV.7 - QUALIDADE DA ÁGUA RECOMENDADA. 24

Projeto: OP.0196 CARGILL Data: 25/04/2013


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IV - TRATAMENTO DE ÁGUA.

AVISO DE SEGURANÇA

O aviso a seguir diz respeito ao pessoal e ao equipamento e deve ser observado quando se opera
uma caldeira:

AVISO: QUANDO UM GÁS INERTE É USADO PARA PROTEGER AS


SUPERFÍCIES INTERNAS DE UMA CALDEIRA, TENHA CERTEZA DE QUE
HAVERÁ OXIGÊNIO SUFICIENTE PARA SE RESPIRAR ANTES DE PERMITIR A
ENTRADA DE PESSOAS. FALTA DE OXIGÊNIO EM ESPAÇOS CONFINADOS
PODE LEVAR A MORTE.

IV.1 – INTRODUÇÃO.

O objetivo de um tratamento de água é:

Evitar incrustação por dureza ou qualquer outro depósito do tipo isolante que se
acumule no interior dos tubos da caldeira.

Evitar corrosão no lado água de tubos, coletores e tambores.

Evitar arraste de água pelo vapor.

A obtenção de bons serviços, em longo prazo, de uma caldeira depende de um tratamento de água
eficiente. Os responsáveis devem entender as inter-relações entre a caldeira e os equipamentos
auxiliares e devem manter atenção constante no controle da contaminação da água de alimentação e
o controle químico da água da caldeira.

O Tratamento de Água de um sistema de geração de vapor inclui:

Abrandar ou Desmineralizar a água de alimentação da caldeira para remoção de


contaminantes.

Injetar produtos químicos no condensado de vapor para minimizar a corrosão em


equipamentos a jusante da caldeira.

Injetar produtos químicos na caldeira para evitar incrustação por dureza, depósitos e
corrosão.

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Coletar e analisar amostras da água da caldeira e do vapor para documentar a


qualidade da água e controlar a adição de produtos químicos.
Documentar operações da caldeira e das análises de amostras, mantendo um registro
compreensivo que possa ser usado para otimizar o tratamento de água.

Os sistemas para tratamento da água de alimentação e da água da caldeira devem ser projetados
considerando toda a vida da caldeira, começando quando do planejamento da implantação de um
novo sistema de geração de vapor, continuando quando ela estiver sendo fabricada, quando ela
estiver sendo posta em marcha pela primeira vez, quando ela estiver em operação normal e quando
ela for tirada de serviço. A qualquer tempo, há fatores do tratamento de água que afetarão o
desempenho da caldeira e a disponibilidade para operação.

O objetivo destas instruções é chamar a atenção para os aspectos importantes do tratamento de água
de um sistema de geração de vapor e apresentar conceitos e dados aceitos pela indústria, os quais
podem ser úteis para aqueles que têm a responsabilidade pela operação e conservação do
equipamento ou estão interessados em ampliar os conhecimentos em sistemas para tratamento de
água em caldeiras.

IV.2 - PLANEJANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA.

Há relações fundamentais que vinculam fatores operacionais de fluxo de vapor com fluxo de água
de alimentação, com retorno de condensado e com água de reposição requerida. Um sistema para
geração de vapor típico é mostrado esquematicamente abaixo.

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O diagrama mostra:

A água de alimentação é igual ao vapor produzido mais o volume da descarga contínua.

A água de alimentação menos o condensado retornado é igual ao volume de água de


reposição.

A contaminação na água de alimentação é a média ponderada dos contaminantes


encontrados na água de reposição e no condensado.

Os contaminantes carregados para o interior da caldeira, através da água de


alimentação, são iguais aos contaminantes da descarga contínua da caldeira.

A água de alimentação é uma combinação de condensado do processo e água de reposição.


Condensado é vapor condensado e terá menos contaminantes que a água de reposição, de modo que,
a água de alimentação que conter mais condensado terá menos contaminação. Por outro lado, se
houver menos condensado e mais reposição, as concentrações de contaminantes na água de
alimentação serão maiores. Decidir se é melhor tratar a água de reposição removendo a dureza em
um abrandador ou removendo sólidos dissolvidos com desmineralização pode ser feito comparando
o custo da descarga contínua com o custo do tratamento da água de reposição.

Descarga contínua significa extrair determinado volume de água do tambor de vapor de uma caldeira
em operação. É o meio para controlar as concentrações da água da caldeira. O volume de descarga
contínua a ser extraída depende das concentrações permitidas da água da caldeira. Veremos que:

Para manter as concentrações na água da caldeira, a água de alimentação que tiver


mais condensado e menos reposição exigirá menos descarga contínua.

Pressões de vapor mais altas requerem concentrações mais baixas da água da caldeira, e
a descarga será maior, a menos que a contaminação da água de alimentação seja reduzida.

A descarga contínua pode ser reduzida por desmineralização, mais que com
abrandamento, pois a água de reposição terá menos contaminantes e sílica, ferro e sódio serão
reduzidos.

Ao se planejar um tratamento de água para caldeira, as concentrações na água da caldeira de sólidos


dissolvidos, suspensos e alcalinidade podem ser determinadas pelas diretrizes da ABMA (American
Boilers Manufacturer’s Association – Associação Americana dos Fabricantes de Caldeiras). Fatores
tais como concentração de sílica, na água da caldeira, e a qualidade da água de alimentação podem
ser determinadas a partir de dados aceitos pela indústria e mostrados nas tabelas: Concentrações da
Água da Caldeira – ABMA, Máxima Concentração de Sílica Recomendada na Água da Caldeira e
Limites de Qualidade Recomendados para Água de Alimentação de Caldeiras.

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DIRETRIZES ABMA
ABMA endossou estas diretrizes sobre concentrações em água de caldeiras baseada na larga
experiência da indústria na obtenção da pureza requerida do vapor. As diretrizes de
concentrações na água de caldeira são referenciadas à pressão de operação da caldeira (pressão
no tambor de vapor) e diferentes níveis de pureza do vapor, variando de 0,1 a 1 parte por milhão –
ppm.

O principal fator limitante no controle das concentrações na água da caldeira são os “sólidos
dissolvidos”. Sólidos dissolvidos são aqueles materiais inorgânicos, contidos na água da caldeira,
cuja concentração pode ser medida determinando-se a “condutividade elétrica” – o inverso de
“resistência”.

As diretrizes da ABMA também estabelecem uma relação entre a Alcalinidade Total e os Sólidos
Totais Dissolvidos, com o objetivo de limitar a tendência à formação de espuma. As diretrizes
também limitam as concentrações de Sólidos Suspensos.

Para cada faixa de pressão de operação da caldeira é mostrada uma faixa de concentração de
Sólidos Totais Dissolvidos, Alcalinidade Total e Sólidos Suspensos da água da caldeira.
Concentrações mais baixas são requeridas para maior grau de pureza de vapor: de 0,2 ppm de
Sólidos Totais no vapor em pressões mais baixas a 0,1 ppm em pressões mais altas. Concentrações
mais altas são indicadas para pureza de vapor de 1 a 0,5 ppm. Consulte os dados da caldeira para
níveis específicos.

As diretrizes da ABMA requerem que os Sólidos Totais Dissolvidos e a Alcalinidade Total


contidos na água da caldeira sejam controladas abaixo do máximo. Qualquer fator é limitante e
terá de ser controlado pela descarga contínua.

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Concentrações da Água da Caldeira – ABMA (Ver Item IV.7)


Faixa de Concentrações da Água da Caldeira,
ppm
Sólidos Totais Dissolvidos
Sólidos Totais
Pressão no Alcalinidade no Vapor, ppm
Dissolvidos da Sólidos
Tambor, Total da Água (Máximo Esperado)
Água da Suspensos
kg/cm²g da Caldeira
Caldeira
0-21 700-3500 140-700 15 0.20-1.0
>21 a 32 600-3000 120-600 10 0.20-1.0
>32 a 42 500-2500 100-500 8 0.20-1.0
>42 a 53 400-2000 80-400 3 0.1 - 0.5
>53 a 63 300-1500 60-300 2 0.1 - 0.5
>63 a 70 250-1250 50-250 1 0.1 - 0.5
>70 a 126 100 (1) 1 0.1
(1) Depende do Tratamento de Água

Concentração de Sílica na Água da Caldeira

Em alguns casos, as concentrações de sílica na água da caldeira podem ser o fator controlador para
a descarga contínua, especialmente quando há mais água de reposição que condensado na água de
alimentação.

Em caldeiras de baixa pressão, as concentrações de sílica na água da caldeira devem ser controladas,
pois se descobriu que a sílica combina com a dureza precipitada e com outros contaminantes sólidos
suspensos da água de alimentação, formando depósitos no interior dos tubos da caldeira que são
difíceis de remover.

Com pressões de vapor mais altas, a sílica vai vaporizar e ser arrastada com o vapor e, conforme o
vapor se expande quando a pressão decresce, a sílica se depositará nas palhetas das turbinas,
afetando seu desempenho.

Com base na experiência operacional numa ampla faixa de pressões de operação, as concentrações de
sílica na água da caldeira deveriam ser limitadas conforme mostrado a seguir.

Máxima Concentração de Sílica Recomendada na Água da Caldeira (Ver Item IV.7)


Pressão do Vapor Concentração de Pressão do Vapor Concentração de
Tambor ( kg/cm²g) Sílica, ppm Tambor ( kg/cm²g) Sílica, ppm
7 100 63 15
14 80 70 10

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21 65 77 7
28 55 84 5
35 45 91 4
42 35 98 3
49 25 105 2
56 20 113 1

IV.3 - QUALIDADE DA ÁGUA DE ALIMENTAÇÃO.

A água de alimentação conterá sólidos suspensos, dissolvidos, sílica e outros contaminantes do


condensado e da água de reposição. Sólidos dissolvidos, alcalinidade, sólidos suspensos e sílica podem e
devem ser controlados pela descarga contínua da caldeira. A contaminação da água de alimentação por
ferro dissolvido e suspenso e cobre advindo de corrosão de equipamentos a montante da caldeira deve
ser limitada por outros fatores. Para evitar corrosão na caldeira e outras partes do sistema em contato
com a água de alimentação – o economizador, por exemplo – e para evitar depósitos, as concentrações
de dureza, concentrações de óxidos de ferro e cobre, o teor de oxigênio e o pH devem ser controlados
para ficarem dentro de limites aceitáveis.

Dureza

Tratamento de água de reposição para remover dureza usando como abrandador zeolito de sódio irá
reduzir a dureza ao nível de traços. Entretanto, a dureza na água de reposição tratada será maior no final
do ciclo de abrandamento, antes da regeneração, e por um período de tempo depois que o abrandador
retornou ao serviço após a regeneração. A dureza da água de alimentação deve estar controlada sempre,
pois é limitada a efetividade dos produtos químicos usados para evitar incrustação e depósitos. É melhor
limitar a dureza na água de alimentação a 1 ppm antes e após a regeneração do abrandador, com a
expectativa de obter apenas traços de dureza na água de alimentação durante a maior parte do tempo de
operação da caldeira.
Para caldeiras de pressão mais alta, deve-se manter concentrações mais baixas na água da caldeira, o que
requer que a água de reposição seja desmineralizada. Os processos de troca iônica e osmose reversa
eliminarão a dureza de forma que, a pressões acima de 70 kg/cm², é melhor desmineralizar a água de
reposição. A operação de estações de desmineralização se baseia em remover os sólidos dissolvidos. A
regeneração e a lavagem após a regeneração não aumentarão a dureza, a qual será consistentemente
controlada a quantidades de traços.

Ferro e Cobre

Ferro e cobre na água de alimentação de caldeiras serão em sua maioria sólidos suspensos, com somente
pequenas quantidades dissolvidas. Ferro e cobre podem vir com a água de reposição ou podem ser
produto da corrosão em tubulações, válvulas e quaisquer outros equipamentos a montante da caldeira,
por onde flue a água de reposição e condensado.
Na caldeira, o ferro e o cobre da água de alimentação, tenderão a formar depósitos em camadas nas
superfícies dos tubos de troca térmica, de preferência em regiões mais quentes, tais como as paredes
d’água da fornalha. Em caldeiras com pressões mais baixas, depósitos de ferro e cobre elevarão as
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temperaturas de metal e podem provocar superaquecimento dos tubos. Em caldeiras com pressões mais
altas, os depósitos de ferro e cobre nas superfícies dos tubos podem se transformar em “células de
concentração”, permitindo alta concentração dos produtos químicos da água da caldeira e eventualmente
corroendo o metal do tubo.
Estudos mostraram que depósitos de ferro e cobre em uma caldeira não podem ser controlados
satisfatoriamente pela descarga contínua. Isso significa que as concentrações na água de alimentação
devem ser limitadas por tratamentos específicos da água de reposição e/ou reduzindo a corrosão em
sistemas de tubulação de vapor e condensado.
A experiência mostra que, a pressões mais altas e temperaturas de saturação mais altas, os problemas
com ferro e cobre serão mais agudos e, portanto deverão estar limitados na água de alimentação.

Oxigênio
O oxigênio do ar que está dissolvido na água irá oxidar e corroer partes de aço em um sistema de
caldeira e pode acelerar a corrosão de materiais que contêm cobre. Tubulações, válvulas, o
economizador e a caldeira podem ser seriamente danificados se a concentração de oxigênio na água que
entra em contato com partes de aço não for reduzida ao nível de traço. Ao se projetar e operar uma
caldeira, é preciso haver atenção à expulsão de ar e oxigênio da água de alimentação.

pH
O pH da água deve ser controlado para evitar a corrosão de sistemas de tubulações, economizador e
caldeira. A pressões mais altas e temperaturas de saturação mais altas a corrosão será acelerada,
aumentando as exigências de pH mais alcalino na água de alimentação.
Os limites, contidos na tabela Limites de Qualidade Recomendados para Água de Alimentação de
Caldeiras, foram extraídos da longa experiência em operação pela indústria.

Limites de Qualidade Recomendados para Água de Alimentação de Caldeiras


Pressão de Operação da Caldeira, kg/cm²g
Parâmetro
Abaixo de 42 42 a 70 Acima de 70
Dureza como 0 (1ppm temporário 0 (1ppm temporário 0.0
CaCO3, ppm máximo) máximo)
Ferro, ppm 0.10 0.05 0.010
Cobre, ppm 0.50 0.03 0.005
Oxigênio, ppm 0.007 0.007 0.007
pH, unidades 7 to 9.5 8.0 to 9.5 8.5 to 9.5

Para completar o planejamento, depois que fatores controlados pela descarga contínua tais como: sólidos
dissolvidos, alcalinidade e concentrações de sílica, forem estabelecidos; pode-se analisar os custos
envolvidos com a descarga contínua e com o tratamento da água de reposição. Para avaliar o
desempenho do sistema de pré-tratamento, requisitos do tratamento de água de reposição e seus custos;
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podem ser balanceados contra o custo da descarga contínua, para se estabelecer fatores econômicos para
o sistema da caldeira.

IV.4 - TRATAMENTO DE ÁGUA EXTERNO E INTERNO.

O tratamento de água do sistema da caldeira envolve o Tratamento Externo, que compreende tudo que é
feito fora da caldeira para evitar corrosão e depósitos, e o Tratamento Interno, que consiste na adição de
produtos químicos e gerenciamento da química da água da caldeira.

TRATAMENTO EXTERNO

Tratamento da água bruta


Dureza, significando compostos de cálcio e magnésio e compostos que contêm sílica, será encontrada
em quase toda fonte natural de água. Dureza, sílica ou quaisquer outros compostos que formam
incrustações, se não forem removidos da água bruta, contaminarão a água de alimentação da caldeira. O
tratamento da água de reposição deve reduzir estes compostos a quantidades de traços.
As tecnologias para tratamento de água de reposição abrangem processos de troca iônica, tais como
abrandadores tipo zeolito de sódio e desmineralizadores, ou peneiras moleculares tal com a osmose
reversa.
Abrandadores zeolitos são mais comumente usados para caldeiras com pressões de operação até 70
kg/cm²g, porque eles têm custos operacionais mais baixos e proverão qualidade satisfatória de água. Os
abrandadores controlarão dureza a níveis bastante baixos, porém não reduzirão os sólidos dissolvidos
nem a sílica, e podem até aumentar a alcalinidade. Para caldeiras com pressões de operação mais baixas,
que podem operar com índices de sólidos dissolvidos mais altos, alcalinidade mais alta e concentrações
de sílica mais altas, a descarga contínua não é um fator de custo significativo. Por outro lado, se houver
pouco condensado e alta proporção de água de reposição, pode ser melhor considerar a instalação de
uma estação de desmineralização para poder reduzir a descarga contínua.
Acima de 70 kg/cm²g, desmineralização ou osmose reversa devem ser utilizadas para reduzir sólidos
dissolvidos, alcalinidade e sílica. A desmineralização da água ou a osmose reversa eliminarão a dureza e
controlarão os sólidos dissolvidos, a sílica e a alcalinidade.
O tratamento da água de reposição pode ter vários estágios, tais como filtros para remover materiais em
suspensão e filtros, com meio filtrante especial, para remover materiais orgânicos e cloro. Um sistema
de água de reposição pode incluir sistema desgaseificador para reduzir alcalinidade.
Um projeto apropriado de um sistema para tratamento de água de reposição levará em consideração:

Controle de químicos na água bruta que poderia afetar a capacidade dos processos de
tratamento

Variações sazonais das análises da água bruta.

Razões de fluxo máximas possíveis, levando em consideração a possível perda de retorno de


condensado ou quantidades de água necessárias para algumas outras operações especiais ou
situação de emergência.

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Interfaces do operador tais como operação automática, instrumentação, proteção pessoal e


isolamento dos produtos químicos de regeneração.

Freqüência de regeneração.

Segurança do pessoal e proteção do equipamento contra regeneração ácida e cáustica do


desmineralizador.

Desaeração
Ar se torna muito menos solúvel em água conforme a temperatura cresce. O desaerador reduz o oxigênio
se aproveitando da menor solubilidade na presença do vapor para separar ar da água de alimentação de
caldeira e ventilá-lo para atmosfera.
Em um desaerador, a água de alimentação é tratada à temperatura de saturação a uma pressão pouco
acima da atmosférica, tipicamente menos de 1,0 kg/cm²g. A água de alimentação é exposta ao vapor
atomizando-a, ou distribuindo-a sobre múltiplas camadas de bandejas em cascata, ou deixando-a fluir
sobre um processo químico tipo enchimento em um ambiente com vapor. Conforme a água é aquecida,
o ar se separa e passa para a fase vapor; então, como ele é mais denso, o ar se concentra por gravidade e
é removido através de um vent para atmosfera. A capacidade de remoção de ar de um desaerador é
expressa como a concentração de oxigênio dissolvido na água saindo dele, a qual é usualmente 0,007
ppm.
Um desaerador é combinado com um tanque de armazenamento de água mantido à pressão de vapor do
desaerador. Tipicamente, o nível de água do tanque de armazenamento do desaerador é usado para
detectar a necessidade de água de reposição. O fluxo de água de reposição para o desaerador é modulado
para controlar o nível de água do desaerador. O armazenamento é dimensionado com volume suficiente
para permitir operação contínua do sistema da caldeira por vários minutos, se houver interrupção de
retorno do condensado e/ou o fluxo de água de reposição for interrompido ou menor que o requerido. O
desaerador e seu tanque de armazenamento são instalados a uma elevação mais alta que as bombas de
água de alimentação da caldeira para aumentar a pressão na sucção das bombas e evitar cavitação.
Desaeração é um requisito para evitar corrosão rápida e devastadora que ocorrerá dentro de um sistema
de caldeira, se a água de alimentação contiver altos níveis de oxigênio dissolvido.
É importante minimizar a operação da caldeira quando a água de alimentação não está desaerada. Ao se
por em marcha a caldeira, quando não houver outra fonte, o vapor para desaeração deverá ser extraído
da própria caldeira, tão logo a pressão da mesma encontrar-se acima da pressão atmosférica.
É importante lembrar que, abaixo da pressão atmosférica, quando o ar toma o espaço do vapor, um
desaerador reverterá suas funções e tenderá a aerar a água. Operação de um sistema de caldeira com
fluxo de água de alimentação através de um desaerador operando abaixo da pressão atmosférica deverá
ser evitada.
Produtos químicos podem ser injetados na água de alimentação ou na água da caldeira para reduzir os
efeitos de quantidades de ar na água de alimentação em nível de traços. Produtos químicos seqüestrantes
de oxigênio aumentarão a proteção contra corrosão por oxigênio, porém possuem limitada capacidade de
remoção de oxigênio e portanto não devem ser usados em substituição do desaerador.

TRATAMENTO INTERNO

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Produtos Químicos na Água da Caldeira

A operação bem sucedida, em longo prazo, de um sistema de geração de vapor requererá tratamento
químico da água da caldeira. Os produtos químicos ou são injetados diretamente no tambor de vapor da
caldeira, através de uma conexão específica e tubulações projetadas adequadamente; ou na tubulação de
água de alimentação, em algum ponto entre o desaerador e a caldeira. É permitido que as concentrações
dos produtos químicos, medidas por análises da água, atinjam determinados níveis, que deverão ser
mantidos modulando-se a taxa de injeção.
A intenção dos produtos químicos usados no tratamento da água da caldeira é de evitar incrustações,
controlar depósitos e evitar corrosão.

Dureza

Os produtos químicos para reagir com a dureza são alcalinos, estáveis em água à temperatura de
saturação. Ao reagirem com a dureza produzem produtos de reação que não formam depósitos e não são
corrosivos ao aço nos níveis de concentração encontrados na água da caldeira.

Seqüestrantes de Oxigênio

Produtos químicos seqüestrantes de oxigênio podem ser injetados na água da caldeira para aumentar a
proteção contra oxigênio dissolvido.
Controladores de pH

São produtos químicos alcalinos por natureza, de maior ou menor poder alcalino, tais como carbonato de
sódio, fosfato tri-sódico ou fosfato di-sódico. São usados para aumentar ou diminuir o pH, mantendo-o
na faixa mais favorável.

Dispersantes

Certos produtos orgânicos podem ser usados para manter os sólidos em suspensão entranhados na água
de circulação da caldeira, para uma descarga contínua mais efetiva. Os dispersantes são importantes
quando os sólidos suspensos na água da caldeira estão mais elevados por causa de aumento dos sólidos
em suspensão, da sílica na água de reposição, ou de maiores índices de dureza, ferro e cobre; suspensos
na água de alimentação da caldeira.

Controle da Dureza

Os produtos químicos de tratamento interno ou vão precipitar os sólidos suspensos formadores da dureza
ou capturar a dureza, mantendo-a em solução. Os produtos químicos precipitadores, tipicamente o
fosfato de sódio, reagirão com os compostos de cálcio e magnésio, formando um precipitado que circula
com a água da caldeira até que seja descarregada pela descarga contínua. Outros tipos de produtos
químicos, chamados quelantes, reagirão com a dureza, mantendo-as em solução na água da caldeira até
que saiam pela descarga contínua.

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Muitas formulações químicas provadas para tratamento da água da caldeira têm sido aplicadas
largamente com bons resultados e estão disponíveis através de empresas especialistas em tratamento de
água.
Todos os programas de tratamento de água de caldeiras dependem de se manter uma reserva química na
água da caldeira disponível para reagir com a dureza da água de alimentação.
Se as concentrações dos produtos químicos que reagem com a dureza estiverem baixas, incrustações por
dureza podem se formar em zonas de maior absorção de calor da caldeira e, dentro de horas,
normalmente resultarão em danos aos tubos. É vital, para uma boa operação em regime contínuo da
caldeira, ter a certeza que as concentrações de produtos químicos de combate à dureza nunca diminuam.

Condições Alcalinas

Os programas de tratamento químico interno manterão a água da caldeira dentro de uma faixa alcalina
de pH para evitar corrosão e para favorecer a reação com a dureza.
A alcalinidade da água da caldeira pode ser aferida por medidas de alcalinidade relativa, tanto
alcalinidade “P”, fenolftaleína, como alcalinidade “MO”, metil orange.
A alcalinidade fenolftaleína é uma medida de alcalinidade hidróxida ou cáustica. Ela representa quanto
hidróxido de sódio pode ser encontrado nos resíduos químicos concentrados se uma amostra da água da
caldeira for completamente evaporada. Na maioria dos programas de tratamento interno, é importante
minimizar a alcalinidade “P”. Produtos químicos cáusticos altamente concentrados são corrosivos para o
aço. É possível, mesmo numa caldeira bem mantida, constatar a existência de células de concentração,
especialmente depósitos de ferro ou cobre, nas superfícies internas dos tubos.
A alcalinidade “MO” – metil orange – é uma medida de todos os produtos químicos alcalinos em uma
amostra de água. Ela é medida e controlada na água da caldeira para manter uma relação com os sólidos
dissolvidos, de forma a controlar a tendência de formação de espuma na água da caldeira em circulação.
O pH da água da caldeira também é usado para monitorar a alcalinidade e a corrosividade na água da
caldeira. Um pH de 7 é neutro, porém água com pH 7 será altamente corrosiva para o aço. Para controlar
a corrosão, não se deve permitir que o pH da água da caldeira seja menor que 10; ele deve ser mantido
entre 10,5 e 11. Com níveis de pH maiores que 11 ocorrerão cáusticos livres, e o aço será corroído se a
água da caldeira se concentrar em superfícies internas. Adicionalmente, com valores de pH maiores que
11, haverá uma tendência crescente da água da caldeira a formar espuma, o que poderia afetar a
separação do vapor e sua pureza. Com valores de pH menores que 10, haverá menor reserva química
para proteção contra elevação dos parâmetros a serem controlados em caso de distúrbios operacionais e
menores condições favoráveis para reação com quantidades de dureza a nível de traços.

Proteção contra Corrosão

Produtos químicos alcalinos, chamados aminas, que são voláteis às temperaturas da água da caldeira,
podem ser injetados no condensado, na água de alimentação ou na água da caldeira para reduzir e
controlar a corrosão nos sistemas de vapor e condensado. Como eles são voláteis, eles serão carregados
com o vapor e não se concentrarão na água da caldeira. Vapor tem um pH neutro e pode ser corrosivo
onde se condensar. Um produto químico volátil irá formar um escudo alcalino de proteção no vapor
condensado e reduzirá significativamente a corrosão de condensadores, bombas, válvulas, encanamentos
e equipamentos de água de alimentação, reduzindo bastante o ferro e o cobre na água de alimentação.

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Produtos químicos voláteis não provocarão depósitos na caldeira, nas palhetas das turbinas ou no
condensador.
O resultado de corrosão em sistemas de vapor e condensado são óxidos de ferro e cobre que serão
carregados de volta para a caldeira na água de alimentação. Manter os óxidos de ferro e cobre abaixo
dos limites recomendados permitirá longos períodos de operação sem depósitos. Em muitos casos, sem a
injeção de produtos químicos; utilizados para minimizar a corrosão em sistemas de vapor e condensado,
os limites recomendados de ferro e cobre na água de alimentação não podem ser alcançados.
Muitos produtos químicos voláteis têm produzido resultados favoráveis para proteção contra corrosão no
lado vapor. Um especialista em tratamento de água pode recomendar e ajudar a determinar os produtos
químicos mais adequados para um sistema de geração de vapor.
Cada sistema de vapor e condensado será ligeiramente diferente no que diz respeito ao controle de ferro
e cobre na água de alimentação. Pode ser necessário tentar diferentes esquemas de tratamento para
encontrar o que dá melhores resultados. Este tipo de estudo somente pode ser feito se registros com
análises compreensivas da água são mantidos e revistos. Quando se avaliar resultados de diferentes
tratamentos químicos, é importante lembrar que a corrosão é uma condição de equilíbrio. Mudanças
devem ser feitas gradualmente, porque se o tratamento for mudado repentinamente, o equilíbrio será
perturbado, provocando contaminação desnecessária na água de alimentação da caldeira e níveis de ferro
e cobre maiores que os desejados.

Serviços de Consultoria
Os serviços de especialistas experientes em tratamento de água são essenciais para desenvolver e
supervisionar programas básicos de tratamento químico, para treinar os responsáveis pelas análises e
estarem disponíveis para referência e conselhos.
Ao se selecionar um especialista, custo não deveria ser o único fator decisivo. A seleção de um
especialista em tratamento de água deveria incluir a avaliação de fatores tais como: se a empresa de
tratamento tem representante local; que serviços de suporte estão disponíveis, tal como laboratório para
investigações especiais, e se existem outros clientes satisfeitos.
Para um sistema de geração de vapor específico, há muitos fatores envolvidos na seleção de um
programa de tratamento químico de uma caldeira que estão além do controle e conhecimento da
DanPower. Portanto, a DanPower não irá intencionalmente condenar um programa de tratamento de
água ou um programa de tratamento químico, a menos que haja dados consistentes de maus resultados
com eles, nem irá intencionalmente favorecer um tratamento de água comprovadamente bem sucedido
sobre outro.

Registros de Tratamento de Água


Os registros das análises de água e os relatórios do tratamento de água são importantes na manutenção e
operação de um sistema de geração de vapor.
Análises de água de pontos críticos do sistema da caldeira devem ser feitos freqüentemente:

Para julgar o desempenho e a operação apropriada do sistema de tratamento da água de


reposição.

Para ajustar a descarga contínua.

Projeto: OP.0196 CARGILL Data: 25/04/2013


Revisão: 0 Caldeira: 50 t/h - 12 kgf/cm2g / PP.78 kgf/cm² Seção: IV Página 13 de 26
Descrição Técnica: Tratamento de Água

Para determinar a taxa de injeção química para tratamento da água da caldeira, do vapor e do
condensado.

A freqüência de tomadas de amostras e de análises depende da operação da caldeira. Uma caldeira


operando com cargas constantes ou quando as variações de carga são pequenas, tal como em aplicações
de vapor para aquecimento, não requer tomada de amostras mais que uma vez por dia. Por outro lado,
caldeiras que entram e saem de linha, ou quando as taxas de geração de vapor variam larga e
freqüentemente, requerem amostragem mais freqüente, no mínimo uma vez por turno. Como guia,
observar as recomendações contidas na tabela Relação Recomendada de Análises de Água e Testes, na
página seguinte. .

Relação Recomendada de Análises de Água e Testes

Vapor condensado (do


(amostra da descarga
Água de alimentação
(1)Água de reposição

tambor de vapor)
Água da caldeira
Fonte de água

Dados gerais
Condensado

contínua)

Parâmetro
Testado

Aplicação CB CV CB CV CB CV CB CV CB CV BL SL
Dureza como CaCO3 A A A A A B C(O) C(O)

pH (Alcalinidade) A A A A A B A(O) B(O) IGS MC

Sílica (2) A A A A A B A B

Condutividade(2) A A A(O) A(O) A B AI MC

Ferro C(O) C(O) C(O) C(O)

Cobre C(O) C(O) C(O) C(O)

Orgânicos (como óleo) C C C(O) C(O)

Seqüestrante de oxigênio A(O) B(O) A(O) B(O)

Oxigênio dissolvido D D

Projeto: OP.0196 CARGILL Data: 25/04/2013


Revisão: 0 Caldeira: 50 t/h - 12 kgf/cm2g / PP.78 kgf/cm² Seção: IV Página 14 de 26
Descrição Técnica: Tratamento de Água

Alcalinidade fenolftaleína (“P”) A B

Alcalinidade Metil Orange (“MO”) A B

Produtos químicos de tratamento A B

Sólidos totais (por condutividade) A B

Taxa de uso de tratamento químico A B

Regulagem da bomba de injeção A B

Regulagem válvula descarga contínua A B

Descarga auxiliar (de fundo) A B

Fluxo de água de alimentação, Total A B

Fluxo de vapor, Total A B

Fluxo de água de reposição A B

Regeneração na água de reposição N N

Legenda:
CB: unidades com Carga de Base – variações na produção de vapor menores que 10 % por turno
CV: unidades com Carga Variável – variações na produção de vapor maiores que 10 % por turno
(1): quando houver sistemas paralelos de água de reposição, verificar cada um separadamente
(2): fatores que podem provocar excessiva descarga contínua e que podem ser controlados por tratamento da água de reposição
A – determinado por teste, uma vez por dia
B – determinado por teste, uma vez a cada turno (cada 8 horas)
O – recomendado para determinação rotineira, mas opcional a menos que condições especiais sejam observadas ou estejam sendo testadas
C – determinado por teste de rotina, aproximadamente uma vez por semana
D – determinado para investigações especiais somente
MC – determinado por monitoramento contínuo somente
AI – determinado por amostragem intermitente
N – anotado conforme requerido

Projeto: OP.0196 CARGILL Data: 25/04/2013


Revisão: 0 Caldeira: 50 t/h - 12 kgf/cm2g / PP.78 kgf/cm² Seção: IV Página 15 de 26
Cuidados com as superfícies internas de uma caldeira em contato com água e vapor

Ter conceitos básicos em mente ajudará a planejar e gerenciar o programa de tratamento de água, cuja
intenção é manter as superfícies internas da caldeira livres de corrosão, incrustações ou depósitos
excessivos, os quais poderiam afetar a boa operação e a vida do equipamento.

Aço é o material básico de construção de uma caldeira

Água provocará corrosão em ferro, aço e a maioria das ligas de aço se houver oxigênio presente ou se o
pH (alcalinidade) da água em contato com o metal for menor que 8,5. Tanto o oxigênio quanto água de
baixa alcalinidade destruirão um filme óxido de proteção que se forma no metal nas condições
adequadas de pH alcalino e água livre de oxigênio. O filme de óxido protetor é uma camada de
magnetita cinza escura – óxido de ferro preto – que é um óxido ferroso, uma forma de óxido de ferro
que é menos oxidado que a ferrugem. Quando as superfícies internas de uma caldeira adequadamente
tratada são inspecionadas fora de serviço, é normal encontrar um pequeno excesso de óxido de ferro
preto que pode ser escovado de superfícies secas.
O filme de óxido protetor pode ser destruído e rapidamente a corrosão por “pitting” irá ocorrer se o
oxigênio entrar na caldeira por causa de água insuficientemente desaerada ou se a caldeira fora de
serviço for deixada cheia d’água e ar for absorvido por uma entrada de visita aberta ou um vent. É muito
importante não deixar o ar entrar na caldeira e ficar em contato com superfícies internas molhadas.
Pitting ou ferrugem são sinais que o oxigênio na água de alimentação não está sendo devidamente
controlado.

Manter muita atenção à operação do desaerador

O projeto e a operação adequados do sistema aproveitam todas as vantagens da habilidade do desaerador


em remover e controlar oxigênio na água de alimentação de caldeira. Procedimentos de posta em marcha
deveriam prever a admissão de vapor no desaerador e aumentar a pressão do desaerador acima da
pressão atmosférica assim que haja pressão positiva de vapor na caldeira. Durante todo o tempo de
operação da caldeira, manter a pressão do desaerador deve ser considerado como alta prioridade.
Na vida útil de operação de uma caldeira, em toda oportunidade durante o primeiro ano de operação, a
caldeira e todos os componentes do sistema da caldeira devem ser inspecionados para se procurar sinais
de pitting por oxigênio ou outro tipo de corrosão. Após o primeiro ano de operação, e não tendo havido
sinais de problemas, esta freqüência de inspeção pode ser reduzido para uma vez por ano. Caso se tenha
encontrado dano por corrosão, ou se outras condições suspeitas forem encontradas, essas descobertas
devem ser documentadas e acompanhadas em todas as inspeções subseqüentes.

Sistemas sem desaerador

O ar e o oxigênio podem também ser purgados da água de alimentação através de um sistema a vácuo,
tal como um condensador de vapor de uma turbina. Os níveis de oxigênio no condensado saindo do
condensador podem ser quase tão baixos quanto os de um desaerador pressurizado. É imperativo que
infiltrações de ar, ou as possibilidades de infiltrações de ar, em um sistema a vácuo sejam mantidas
muito baixas por inspeções cuidadosas, reparos e reposição de selos de vapor de turbinas, conexões de
tubulação e juntas de expansão entre a turbina e o condensador.
Seqüestrantes químicos de oxigênio podem ser efetivos

Seqüestrantes químicos de oxigênio podem ser usados para reagirem com quantidades residuais de
oxigênio na água de alimentação. O tratamento químico para minimizar condições de oxidação
produzirá benefícios positivos, especialmente quando a caldeira deve responder a transientes de
operação. Consultar especialistas em tratamento de água para saber quais seriam os produtos químicos
mais adequados para um sistema de caldeira em particular.

Perda de capacidade de desaeração

Danos pela presença de oxigênio em componentes de aço de uma caldeira ocorrem muito rapidamente e
podem levar a perdas substanciais de vida de serviço. Caso se perca a habilidade de expelir ar e oxigênio
da água de alimentação, imediatamente inicie ou aumente a taxa de injeção de um produto químico
seqüestrante de oxigênio. Uma parada de emergência da caldeira deve ser considerada se:

1. A pressão do desaerador não puder ser mantida.

2. O vácuo do condensador não puder ser mantido.

Conservação fora de serviço deve ser cuidadosamente pensada e executada

Quando uma caldeira é tirada de serviço e drenada para permitir manutenção ou inspeção, é melhor
drenar a caldeira enquanto ela ainda está quente para secar as superfícies internas. Se a caldeira for
permanecer fora da linha e não for aberta para inspeção ou manutenção, depois que ela for drenada todas
as válvulas de dreno e de ventilação deverão ser fechadas para evitar condensação da umidade. Drenos
ou vents que são conectados em comum com outras caldeiras deverão ser fechados para evitar fluxo de
retorno de outra caldeira para a caldeira parada.
Quando a caldeira é tirada de serviço, é recomendado que ela seja drenada usando-se gás inerte e
deixada levemente pressurizada com um colchão de gás com 0,1 a 0,35 kg/cm²g. Um gás inerte
comumente disponível é nitrogênio livre de umidade.

AVISO: QUANDO UM GÁS INERTE FOR USADO COMO PROTEÇÃO DAS


SUPERFÍCIES INTERNAS DA CALDEIRA, TENHA CERTEZA QUE HAVERÁ
OXIGÊNIO SUFICIENTE PARA RESPIRAR DENTRO DA CALDEIRA ANTES DE
PERMITIR ENTRADA DE PESSOAS. OXIGÊNIO INSUFICIENTE EM UM ESPAÇO
CONFINADO PODE LEVAR A MORTE.

Proteja as superfícies internas contra condições ácidas

Tratamento de água de reposição com abrandadores zeolíticos não reduzirá a alcalinidade e, portanto,
naturalmente produzirá água de alimentação e água da caldeira alcalina. Entretanto, o uso de
dealcalizadores ou desmineralizadores para tratamento da água de reposição (ou onde houver uma
alta proporção de condensado) reduzirá a alcalinidade da água de reposição e haverá uma tendência
para uma água da caldeira de baixo pH, que deve ser contra-atacada com produtos químicos de
tratamento da água da caldeira. Produtos químicos para tratamento interno devem ser selecionados ou
para reduzirem a alcalinidade da água da caldeira quando a alcalinidade da água de alimentação for
alta ou para aumentar a alcalinidade quando a alcalinidade da água de alimentação não conseguir
manter níveis de pH acima de 10.
Mudanças súbitas e drásticas para pH muito mais baixo podem ocorrer quando o condensado for
contaminado com ácido ou materiais ácidos, ou quando, por erro, o ácido usado para regeneração do
desmineralizador vazar para o circuito de água de reposição. Um pH da água da caldeira súbita e
significativamente mais baixo requer ação imediata, porque os danos por corrosão podem ocorrer
num espaço de tempo muito curto. Se os valores de pH se tornarem neutros (7), ou ácidos (menores
que 7), deve-se tomar ações rápidas e dramáticas para evitar ou controlar os danos por corrosão. Caso
se encontre pH da água da caldeira menor que 10:

1. Confirme imediatamente a leitura do monitor de pH.

2. Continue a medir o pH para detectar mudanças e para notar o efeito das ações, até que as leituras
de pH retornem à faixa normal.

3. Ajuste imediatamente a alimentação química para favorecer pH mais alto, injetando produtos
químicos que sejam mais alcalinos.

4. Identifique e isole a fonte de água de baixo pH, tais como água de reposição, condensado ou
vazamento químico.

5. Considere o desligamento da caldeira para evitar danos extensos se, após 4 horas, o pH da água
da caldeira não tiver sido restaurado para pH 10,5 ou maior, e a causa do baixo pH não tiver sido
identificada e isolada.

Incrustações e depósitos nas superfícies internas devem ser evitados

O cuidado das superfícies internas de uma caldeira inclui evitar incrustações ou depósitos nas
superfícies de transmissão de calor. Incrustação é dura e de alta densidade, irá retardar a transferência
de calor e é a principal causa de superaquecimento e falha de tubos. Depósitos são materiais porosos
mais moles, que promoverão corrosão, a qual poderá levar a falhas dos tubos. A causa principal da
incrustação é a dureza não reagida que entrou na caldeira com a água de alimentação e que não foi
controlada pelos produtos químicos do tratamento da água da caldeira. Depósitos são constituídos
usualmente de ferro e cobre ou outros materiais suspensos da água de reposição ou do condensado,
carregados para a caldeira junto com a água de alimentação.
Tipicamente, o tratamento da água de reposição reduzirá a dureza a traços, mas ainda haverá uma
certa quantidade de dureza entrando na caldeira. Se deixada sem controle, a dureza forma um tipo de
incrustação altamente isolante nos tubos das regiões de mais alta temperatura da caldeira, em um
período muito curto de operação. Os programas de tratamento químico da água da caldeira são muito
efetivos para evitar incrustações, mas dependem de se ter uma quantidade residual de produtos
químicos na água da caldeira. Se as concentrações na água da caldeira dos produtos químicos que
reagem com a dureza estiverem baixas durante transientes de operação ou perturbações, por causa de
tratamento inadequado da água de reposição ou contaminação do condensado, deve haver imediata
ação.
Se não houver produtos químicos residuais na água caldeira que reajam com a dureza:
1. Imediatamente aumente a taxa de injeção química.

2. Identifique e isole a fonte de água que está com dureza mais alta.

3. Desligue a caldeira se o nível de produtos químicos residuais não for restaurado em 24 horas e a
fonte de água de dureza mais alta não tiver sido isolada.

4. Inspecione a caldeira se ela tiver sido operada sem controle da dureza e considere a necessidade
de uma lavagem química, para restaurar a transferência de calor apropriada em zonas de alta
temperatura.

Ferro e cobre, suspensos ou dissolvidos, são: ou ferro e cobre que não foram removidos da água bruta no
sistema de tratamento da água de reposição, ou resultantes de corrosão dentro do sistema de vapor e
condensado, que produz óxidos de ferro e cobre que são carregados para a caldeira com a água de
alimentação. Ferro e cobre vão se depositar nas superfícies de transferência de calor nas zonas de
temperatura mais altas da caldeira. Se deixados sem controle, os depósitos podem formar células de
concentração em contato com o metal dos tubos, que tenderão a altíssimas concentrações de produtos
químicos da água da caldeira, o que pode levar a danos por corrosão.
Alguma parte do ferro e cobre suspenso permanecerá em suspensão na água da caldeira e poderá ser
removida pela descarga contínua, mas é melhor minimizar as quantidades carregadas para dentro da
caldeira. Adicionalmente, é melhor selecionar os produtos químicos de tratamento da água que, de uma
forma bem concentrada, serão menos corrosivos para o aço. Também, como cáusticos altamente
concentrados serão corrosivos, é melhor controlar e minimizar a alcalinidade cáustica da água da
caldeira. Em alguns casos, quando não se consegue controlar as concentrações de ferro e cobre na água
bruta, pode ser necessário ter-se processos de remoção de ferro associados com o tratamento da água de
reposição. Para todos os sistemas de caldeiras, deve ser considerado o uso de produtos químicos no
tratamento de vapor e condensado para controlar a corrosão no sistema de condensado. Para sistemas de
capacidade mais alta, com pressões de operação mais altas e períodos operacionais mais longos, deve-se
considerar a instalação de filtros para remoção de ferro do condensado.
Cáusticos, hidróxido de sódio e a maioria dos produtos químicos tipo quelantes, em altas concentrações
vão corroer o aço rapidamente. Se for permitida a formação de depósitos porosos nas superfícies em
contato com a água em zonas de aquecimento mais alto, os cáusticos da água da caldeira podem se
concentrar a níveis altos o suficiente para provocar corrosão destrutiva. Os produtos químicos de
tratamento da água da caldeira deveriam ser selecionados e controlados de forma que os cáusticos livres
estejam em baixos níveis e os quelantes residuais estejam o mais baixo possível.
As superfícies internas da caldeira devem ser inspecionadas rotineiramente para se procurar e
documentar, caso se encontre, depósitos de ferro que poderiam levar a danos por corrosão. Caso
encontre depósitos excessivos, pode ser que seja necessária uma lavagem química da caldeira para
manter sua disponibilidade.
IV.5 - TRATAMENTO DE ÁGUA - GUIA DE SOLUÇÃO DE PROBLEMAS.

Sintoma Causas possíveis Ação

Falha no tratamento da água de Aumente a descarga contínua


reposição
Contaminação de condensado Use descarga suplementar para restaurar as concentrações
aos níveis apropriados

Excessiva injeção de produtos Aumente a freqüência das análises até que as condições
Súbito aumento das químicos no tratamento normais sejam restauradas
concentrações Encontre a fonte ou fontes de contaminação, tomando
na água da caldeira amostras em pontos diferentes dos normais no sistema

Produtos químicos de tratamento Isole a fonte de contaminação


impropriamente diluídos
Vazamento de água bruta para Verifique a operação da bomba de injeção química
dentro do sistema Verifique a diluição dos produtos químicos de tratamento

Vazamento de tubo da caldeira Reduza a descarga contínua

Válvula de dreno da caldeira Investigue vazamento de tubo da caldeira ou em válvula


vazando de dreno da caldeira
Súbita diminuição
das concentrações Alimentação química diluída Verifique as taxas de fluxo de água de reposição e de
da água da caldeira impropriamente condensado
Verifique operação da bomba de injeção química

Demanda excessiva de condensado Verifique a diluição dos produtos químicos de tratamento

Tratamento da água de reposição Muito importante: confirme que se está injetando


Encontrando mais
desviado suficientes produtos químicos para tratamento da dureza
do que traços de
dureza
Falha no tratamento da água de Verifique a técnica de análise de água e produtos químicos
na água da caldeira
reposição reagentes de teste

Contaminação no condensado Verifique operação do tratamento da água de reposição

Problema na injeção química Verifique se há vazamentos da água de resfriamento do


condensador

Maior demanda por Vazamento de água bruta para o Considere tirar a caldeira de linha se não conseguir
produtos químicos de sistema da caldeira (vazamento da manter os níveis residuais dos produtos químicos de
tratamento da dureza água de resfriamento do tratamento da dureza
condensador da turbina a vapor)
Análise falsa ou amostra Verifique a operação da bomba de injeção química
contaminada (vazamento de água
de resfriamento do resfriador de Verifique a diluição dos produtos químicos de tratamento
amostras)
Sintoma Causas possíveis Ação
Falha no tratamento da água de Muito importante: confirme imediatamente a leitura. Use
reposição outra técnica ou instrumento para confirmar as medidas de pH
Súbito aumento da
alcalinidade da água Vazamento cáustico na Comece imediatamente a alimentar produtos químicos
da caldeira para regeneração do cáusticos para restaurar o pH caso se confirme o pH baixo
valores muito altos – desmineralizador
pH acima de 11 Aumente a freqüência de análises até que as condições
Contaminação do condensado
normais sejam restauradas

Use reagentes frescos para análises químicas


Produto químico impróprio para
Súbita diminuição tratamento Verifique se há vazamentos no sistema de regeneração
da alcalinidade da química
água da caldeira Análise química imprópria
para valores muito Analise a água de reposição
baixos –
pH abaixo de 10,5 Vazamento de água bruta para Descarte os produtos químicos de tratamento – prepare nova
dentro do sistema batelada

Se o pH estiver alto alimente menos produtos químicos


Vazamento do ácido de cáusticos
regeneração da estação
desmineralizadora Se o pH estiver muito baixo, imediatamente alimente produtos
químicos fortemente alcalinos – soda cáustica
Considere parar a caldeira, drenar e encher com água alcalina,
se o pH estiver muito baixo e não for restaurado para valores
mais altos imediatamente
Contaminação da água de Analise material suspenso ou dissolvido
reposição
Contaminação do condensado Aumente a freqüência de amostras para documentar as
tendências
Falha no equipamento de
tratamento da água de reposição Verifique a diluição química do tratamento de condensado
Amostra da água da
Súbita alteração da alcalinidade Confirme que o pH do condensado é alcalino
caldeira: turbidez
avermelhada ou da água da caldeira
Verifique se há mudanças inesperadas na fonte de água bruta
preta indica Súbita demanda por água de
de reposição
material oleoso reposição
Reinício com a caldeira quente Confirme a operação do pré-filtro de água de reposição
após ela ter saído de linha
Incidente com baixa Verifique se há vazamentos da água de resfriamento do
alcalinidade na água da caldeira condensador

Verifique se há vazamentos da água de resfriamento do


resfriador de amostras
IV.6 - TERMOS ÚTEIS E DEFINIÇÕES.

As informações seguintes podem ser úteis para ajudar a entender e usar as análises de água para o
tratamento de água de um sistema de geração de vapor.

Concentração

O termo analítico mais comum para descrever amostras de água é “concentração”, a qual pode se
referir à quantidade de sólidos dissolvidos ou suspensos ou gases na amostra. Concentrações são
úteis para desenvolver dados históricos úteis no controle do tratamento da água de reposição, água
da caldeira e água de alimentação. Concentrações são usadas para detectar operação anormal e
otimizar a operação do sistema da caldeira.
As concentrações referidas em um tratamento de água de um sistema gerador de vapor são
expressas em partes por milhão e são usualmente estabelecidas em uma base de peso. Um kg de
material por 1 milhão de kg de água seria uma parte por milhão ou 1 ppm (a base mais comum de
referência é por peso. Se a concentração é expressa em ppm, pode-se assumir que é numa base de
peso. Se houver necessidade de se expressar concentração numa base de volume – por exemplo,
emissões gasosas de um chaminé de caldeira – os termos seriam anotados como ppm volume ou
ppmv).
Para conveniência, níveis de concentrações de amostras de água em um sistema são usualmente
expressas como ppm em números inteiros. Concentrações de materiais em vapor podem ser tão
baixas que elas podem ser expressas em partes por bilhão (ppb), de modo que se possa usar
números inteiros (um ppm é igual a 1.000 ppb). Há outras convenções intercambiáveis que podem
ser usadas; por ex., miligramas por litro (mg/l) ou mililitros por litro (ml/l). Ambas são iguais às
concentrações expressas em ppm.

Para referência:

% = partes por 100 partes = 10.000 partes por milhão


(conteúdo de sal na água do mar é cerca de 3.5 % ou 35.000 ppm)

ppm = partes por milhão = 1.000.000.000/1.000.000 ou 1.000 ppb


(turbinas modernas requerem não mais que 50 ppb ou 0,05 ppm de sólidos no vapor)

mg/l = (grama /1.000) / 1.000 mililitros X 1 grama/mililitro (densidade da água) =


g/1.000.000 g = ppm
(a concentração de oxigênio de saída do desaerador deve ser menor que 0,007 mg/l)

Um conceito importante quando se considera a concentração é que, se a amostra de água ou vapor


estiver completamente seca, a quantidade de material será igual à concentração. Se 1.000.000 de kg
de água de caldeira, que tem uma concentração de 1.000 ppm, fossem evaporados, 1.000 kg de
material seriam obtidos.
Em uma caldeira, parte da água da caldeira evapora continuamente e se, no ponto de evaporação, a
água está com concentração além dos limites de solubilidade, pode ocorrer deposição. Depósitos
vão afetar a transmissão de calor, levando a superaquecimento. É por isso que as concentrações da
água da caldeira são analisadas rotineiramente e controladas pela descarga contínua.

Soluções “tamponadas” quimicamente

Uma solução aquosa tamponada se refere à água que tem alguma quantidade de produtos químicos
dissolvidos e tem um certo valor de pH. Caso seja adicionado algum produto químico que têm uma
tendência de pH diferente quando dissolvidos em água, a solução tamponada não irá mudar seu pH
substancialmente. Se, todavia, são adicionados muitos produtos químicos de pH diferentes, o pH da
solução mudará e começará a exibir um pH na linha do produto químico adicionado.
É correto dizer que a água pode ser não tamponada (significando que ela não tem produtos
químicos: por exemplo, condensado de vapor, água destilada ou água desmineralizada), ou
levemente tamponada (significando que não há muitos produtos químicos na solução), ou altamente
tamponada (querendo dizer que há consideravelmente muito produto químico na solução).

pH

pH é um índice, medido eletroquimicamente, expresso em unidades que vão do 1 ao 14, indicando


se a água é ácida, neutra ou alcalina. Água que exibe um pH de 7 é neutra – nem ácida nem alcalina.
Água com pH abaixo de 7 é ácida, e água que tem pH maior que 7 é alcalina. Conforme aumenta a
distância do pH 7, água ficará mais ácida ou mais alcalina. Ácidos fortes, extremamente corrosivos,
terão pH de 2 ou 3; ácidos fracos terão pH de 4 ou 5. Água de alta alcalinidade terá um pH de 12 ou
13.
Com relação ao tratamento de água do sistema da caldeira, deve-se lembrar que a água será
corrosiva ao aço se ela tiver um pH ácido – menos que 7 – ou pH neutro de 7. Para reduzir a
corrosividade, a água deveria ter um pH maior que 7. Corrosão será minimizada quando os valores
forem de pH 9 ou mais. Entretanto, água que é muito alcalina e que tem altas concentrações de
produtos químicos cáusticos também pode ser corrosiva ao aço. A faixa ideal de pH para caldeira e
água de alimentação de caldeira é entre 10,5 e 11.

Condutividade

Condutividade elétrica de amostras da água de reposição, água de alimentação da caldeira, água da


caldeira e condensado de vapor é importante por causa da correlação direta da quantidade de
produtos químicos dissolvidos – eletrólitos – na água. A condutividade elétrica aumentará com
maiores quantidades de sólidos dissolvidos na água e diminuirá com menores quantidades.

Para se ter uma referência comum, a condutividade elétrica é baseada num fluxo de corrente elétrica
que ocorre entre dois eletrodos imersos em uma solução.
Condutividade é expressa em unidades chamadas “mhos”, que é o inverso da resistência elétrica.
Por exemplo, um ohm de resistência é igual a 1 mho, 10 ohms são iguais a 0,1 mho, 1.000 ohms são
iguais a 0,001 mhos e 1.000.000 ohms são iguais a 1 micro mho.
A condutividade de uma amostra de água de caldeira é tipicamente muito baixa, significando que
ela tem resistência elétrica muito alta. Uma amostra típica de água de caldeira terá uma
condutividade que é mais convenientemente expressa em micro mhos (milhões de ohms de
resistência).

Nota: a unidade de condutividade, mho, é freqüentemente referida como Siemen, que pode ser
usada indiferentemente. Um mho é o mesmo que um Siemen.

A condutividade natural de água pura é 0,4 micro mho; quando se adicionam produtos químicos,
eles se dissolvem e se ionizam e a condutividade cresce. Em geral, os produtos químicos que
exibem pH neutro e alcalino terão uma determinada relação entre sua concentração e sua
condutividade. Por outro lado, produtos químicos ácidos podem ter uma condutividade três vezes
maior.
É típico descobrir que a condutividade da água da caldeira e da água de alimentação terão uma
relação de 2 para 1 com os sólidos dissolvidos. Mais comumente, a condutividade medida em micro
mhos pode ser dividida por dois para se encontrar a concentração de sólidos dissolvidos. Por
exemplo, se uma amostra da descarga contínua da caldeira tem uma condutividade de 3.000 micro
mhos, haveria 3.000 ÷ 2 ou, aproximadamente, 1.500 ppm de sólidos dissolvidos na amostra.
Gases dissolvidos, tais como amônia ou dióxido de carbono, aumentarão a condutividade elétrica,
mas na maioria dos sistemas de caldeiras, gases dissolvidos não são de interesse primário; portanto,
antes de medir a condutividade, é prática comum adicionar um reagente químico à amostra para
expelir os gases dissolvidos, de forma a se ter uma medida de condutividade que indique somente
os sólidos dissolvidos. Este tipo de medição é chamado de condutividade desgaseificada.

Nota: uma técnica especial pode ser usada para tomar vantagem da maior condutividade de
ácidos para procurar sólidos dissolvidos em concentrações muito baixas medindo a
condutividade. Uma amostra de água é tratada em um trocador catiônico aniônico regenerado
por ácido que converte todos os sólidos dissolvidos a seus respectivos ácidos antes de se medir a
condutividade. A condutividade medida a jusante do trocador iônico terá uma relação de 6 ou 7
para 1 entre a condutividade e sólidos dissolvidos, ao invés de 2 para 1 . Por exemplo, uma
amostra de água que tem uma condutividade “ácida“ de 10 micro mhos indicaria 10÷7 ou 1,4
ppm de sólidos dissolvidos.

Descarga contínua

Produtos químicos que são carregados para dentro da caldeira estarão se concentrando conforme for
sendo gerado vapor, que não contem nenhum produto químico. Descarga contínua é o meio de
controlar as concentrações de produtos químicos na água da caldeira.
A quantidade de descarga contínua requerida pode ser encontrada determinando o “número de
concentrações” para a água de alimentação, que tem uma certa concentração de material e água da
caldeira, que deve ser limitada a certos níveis de sólidos dissolvidos e suspensos ou quantidades
limitadas de certos produtos químicos.
Por exemplo, se a concentração de sólidos dissolvidos na água da caldeira deve ser mantida em
2.000 ppm e a água de alimentação tem 100 ppm de sólidos dissolvidos, a água de alimentação
pode ser “concentrada” 2.000 ÷ 100 = 20 vezes, de forma que o número de concentrações é 20.
Neste caso, para manter a concentração dos sólidos dissolvidos na água da caldeira, 1/20 avos da
água de alimentação terão de ser descarregados pela descarga contínua, fazendo necessário
descarregar 1/20 x 100 ou 5% da água de alimentação. Portanto, a descarga contínua da caldeira
terá de ser 5% para controlar os sólidos dissolvidos.
Se a concentração permitida de sílica na água da caldeira é 40 ppm e há 1 ppm de sílica na água de
alimentação, o número de concentrações será 40 e a descarga requerida para controlar as
concentrações de sílica deve ser 1/40 x 100 ou 2,5 %. Neste caso, se a concentração de sólidos
dissolvidos requerer 5 % de descarga contínua e o número de concentrações é 20, a concentração de
sílica na água da caldeira deverá ser 20x1 ou 20 ppm.

IV.7 – QUALIDADE DA ÁGUA RECOMENDADA.

Apesar dos valores indicados nas tabelas da ABMA acima serem superiores, a DanPower limita os
mesmos, conforme parâmetros das tabelas abaixo.

 Água de alimentação da caldeira.

Pressão de Projeto Até 20 De 21 a 30 De 31 a 50 De 51 a 75


(bar)
PH (a 25ºC) > 7.0 > 7.0 8.0 ~ 9.0 8.0 ~ 9.0
Óleos e graxas - p.p.m. 1< 1< 0 0
Dureza com CaCo3 - p.p.m. <2 <1 0 0
Sílica - SiO2 - p.p.m. - - < 0.3 < 0.2
Oxigênio dissolvido - p.p.m. 0.05 < 0.05 < 0.007 < 0.007 <
Ferro total - p.p.m. 0.1 < 0.1 < < 0.1 < 0.05
Cobre total - p.p.m. 0.05 < < 0.05 < 0.05 < 0.03

 Água da caldeira:

Pressão de Projeto Até 20 De 21 a 30 De 31 a 50 De 51 a 75


(bar)
PH (a 25ºC) 10.8 ~ 11.3 10.5 ~ 11.0 10.5 ~ 11.0 10.5 ~ 11.0
Sólidos totais - p.p.m. 2000 < * 700 < 500 < 400 <
Alcalinidade- P como CaCO3 - p.p.m. 400 < 120 < 70 < -
Alcalinidade- M como CaCO3 - p.p.m. 600 < 150 < 100 < -
Sílica (SiO2)- p.p.m. - < 50 < 20 <6
Fosfato (PO4) - p.p.m. 20 - 4 20 - 40 10 – 30 5 - 15
Sulfitos (SO3) 10 - 20 10 - 20 10 – 20 -
Cloretos (CI) 300 < 100 < - -

* Para caldeiras com superaquecedor menor que 1.500 p.p.m.

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