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A religião pode ser definida como um conjunto de crenças e práticas (ritos), relativos a certos

sentimentos manifestados perante o divino por uma dada comunidade de crentes, obrigando-os
a agir segundo uma lei divina para puderem ser salvos, libertos ou atingirem a perfeição. Cada
religião defende um conjunto de valores cuja validade pretende ser universal.

1. Experiência Religiosa

As manifestações religiosas são tão antigas e estão de tal modo difundidas que nos é difícil
imaginar o Homem sem Religião. Chega-se à religião de múltiplas maneiras, a mais frequente
é através da família.

Os homens sempre esperam das religiões respostas para os enigmas com que se deparam: O
que é homem? Qual o sentido da sua existência? Qual a origem e o fim do sofrimento? Como
podemos atingir a felicidade? O que é a morte? Existe uma justiça sobre-humana que castigue
os que fizeram outros sofrer e recompense as suas vítimas? Não encontrando respostas na
ciência para estas questões, buscam-nas com frequência na religião.

Mas o sentimento religioso emerge também a partir da própria consciência que o Homem é um
ser finito, limitado, imperfeito, que se descobre num mundo que não criou e cujo sentido
desconhece.

A experiência religiosa está igualmente associada a vivências particulares, como os fenómenos


sobrenaturais, que despertam os homens para outras dimensões da realidade.
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Uma das mais célebres fotografias de "fantasmas". Foi tirada em Raynham Hall, em Inglaterra,
em 1936,
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2.Transcendente

Cada experiência religiosa apresenta-se como uma ligação profunda e envolvente do homem
com o sagrado, na qual se anula na sua individualidade. Sempre que o homem entra em
contacto com o sagrado (o divino, o transcendente) estamos perante um tipo particular de
experiência religiosa.

Todas as religiões assentam no pressuposto de que existem duas dimensões do real: a


sagrada e a profana.

A sagrada define-se por oposição à profana, e corresponde a uma realidade que é assumida
como perfeita, divina e dotada de poderes superiores aos humanos, suscitando no homem
respeito, medo e reverência.

A profana identifica-se com o mundo em que vivemos, sendo apontada como banal e vista
inferior em relação à sagrada (Profano, do latim pro (diante de ) e fanum (espaço sagrado).

Em cada religião o transcendente expressa-se sob diversas formas e assume diversas figuras:
Deus, deuses, anjos, espíritos, etc.

3.Crenças

Todas as religiões apresentam-se como um sistema de crenças e ritos.

As crenças são representações sobre o sagrado elaboradas de forma mais ou menos


complexa, podendo ou não ser escritas. Estas crenças definem uma concepção particular do
sagrado, os seus poderes e virtudes. É inerente ao próprio conceito de crença, algo que não é
do domínio da razão. Procurar uma explicação racional para a maioria das crenças revela-se
quase sempre uma tarefa em vão.
Cada religião privilegia certas formas de contacto com o sagrado em detrimento de outras.
Apresenta também uma dada explicação para o sentido do mundo e a existência do próprio
homem (vida, morte, etc), em geral codificada sobre a forma de um conjunto de ensinamentos
doutrinais.

Entre as crenças associadas ao aparecimento de manifestações religiosas podemos destacar


as seguintes:

A crença na existência de forças superiores ao Homem, a cujo poder este estaria


submetido. Estes seres que manifestam a sua vontade e designios no mundo em que vivemos,
são assumidos como absolutos, incondicionados, divinos, transcendentes, não compostos,
omniscientes, etc. Sozinhos ou em grupo constituem uma outra dimensão da realidade, sendo
frequentemente considerada como a única que é verdadeira. O mundo em que vivemos é
encarado como uma mera ilusão, sonho.

A crença numa ordem e justiça sobre-humana. Esta crença permite ao Homem suportar não
apenas o sofrimento e as injustiças que experimenta no seu quotidiano, mas também esperar
uma espécie de recompensa após a morte do seu corpo.

4. Ritos
Os ritos são um conjunto de práticas simbólicas através das quais o Homem entra em contacto
com o sagrado, transcendendo a sua condição profana. Estes ritos devem ser executados com
grande rigor, caso contrário daí poderão advir funestas consequências.

Os ritos evocam quase sempre acontecimentos sobrenaturais ligados à origem do mundo ou


da própria religião. A sua repetição é vivida como uma actualização desses acontecimentos
memoráveis. Repetem-se os mesmos gestos ou pronunciam-se as mesmas palavras que em
tempos imemoriais uma personagem divina realizou.

Os rituais são testemunhos públicos das crenças de uma dada comunidade, que ao praticá-los
não apenas reforça a sua unidade, também os sentimentos de pertença dos seus membros

É em torno destas crenças e ritos que se estruturam as diversas comunidades de crentes,


acabando por diferenciá-las entre si em termos culturais e sociais.
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5. Moral Religiosa
As comunidades religiosas são igualmente comunidades morais, isto é, os seus membros
partilham as mesmas normas de conduta, assumem os mesmos modelos de vida e evitam
praticar aquilo que a religião condena. A salvação individual ou colectiva está dependente do
cumprimento da lei divina.
Fanatismo Religioso
As religiões, pelo seu caráter transcendental, foram, muito mais que a
política, as grandes formadoras de adeptos fanáticos. Isso se explica porque a
palavra fanatismo - do latim fanaticus -, que vem de fanum = templo, lugar
consagrado, significa aquele que era o possuído pelo deus. Assim, fanatismo é
a cega obediência a uma idéia, servida com zelo obstinado, até exercer
violência para obrigar outros a segui-la e punir quem não está disposto a
abraçá-la.

A conseqüência imediata do fanatismo religioso é o sectarismo, que


encarcera a liberdade de consciência, pretendendo uma liberdade dirigida na
espera do pensamento, que torna o homem escravo de postulados que lhe
proíbem a expansão da alma pela idéia e pela razão.

O fanático é a antítese do herói e do entusiasta. Enquanto o herói e o


entusiasta lutam por uma causa justa, o fanático assume uma atitude de
intolerância às idéias alheias. O herói e o entusiasta podem até morrer pela
causa que defendem, mas jamais o fazem para aumentar o número de
prosélitos. O fanático, contrariamente, não recusa meios violentos e até cruéis
para os conseguir.

Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados


Unidos, em que os próprios homens se transformam em bombas, é digno de
lembrança. Pergunta-se: o que está por trás dessa resolução? Não é o
fanatismo religioso? Se um líder faz a nossa cabeça, dizendo-nos que
praticando tal ato nós seremos arrebatados ao céu, a sua ordem será
imediatamente colocada em prática.

E os Espíritas? Estão eles isentos do fanatismo?

Como o fanatismo está geralmente ligado ao dogmatismo, isto é, à


crença numa verdade ou num sistema de verdades que, uma vez aceitas, não
devem mais ser postas em discussão e rejeitam a discussão com outros, é
possível que o Espírita esteja sendo fanático, sem o perceber.

Allan Kardec, por exemplo, em O Livro dos Médiuns, fala-nos dos


médiuns que só querem receber um único Espírito, dos que não aceitam
críticas em suas mensagens e daqueles outros que só querem pensar pela
própria cabeça. Diz-nos ainda que essas são as causas da obsessão e da
fascinação: o começo de um monoideísmo, uma idéia fixa.

Urge tomarmos consciência de nossas ações. Quantas não são as


vezes que queremos impor as nossas idéias ao grupo que freqüentamos?
Lembremo-nos do provérbio que diz: "Todo o excesso é prejudicial".
Procuremos sempre o meio termo como nos aconselhava o filósofo Aristóteles,
que colocava a virtude no meio, ou seja, entre o excesso para mais e o
excesso para menos. Não a colocava como uma média, mas como o ponto de
equilíbrio entre os excessos

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