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Aula 2: Disciplina de Metodologia de Investigação Particular, Curso Superior


de Tecnologia em Investigação Particular.

Chapter · June 2018

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Alexandre Vuckovic
Fundación Universitaria Iberoamericana
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METODOLOGIA DE
INVESTIGAÇÃO PARTICULAR
AULA 02

Prof. Mestre Alexandre Vuckovic


PLANEJAMENTO DA INVESTIGAÇÃO E TRABALHO DE CAMPO

CONVERSA INICIAL

Nesta aula estudaremos qual a importância que o Investigador Particular


deve dar para a fase de planejamento e porque se deve sempre planejar como
se dará a investigação antes de sair para campo fazendo a coleta de dados
sem critérios. Teremos contato com duas ferramentas úteis disponíveis para
que o profissional realize de forma criteriosa suas ações. Por último
estudaremos como se dá o trabalho de campo deste profissional.

TEMA 1 – PLANEJAMENTO DA INVESTIGAÇÃO

1.1 Importância do Planejamento

É de conhecimento de todos que toda e qualquer atividade ou ação


realizada sem o prévio planejamento está fadada a erros que podem resultar
em prejuízos materiais, humanos, financeiros, entre outros.
Em outras palavras, não devemos executar nada, seja na vida pessoal
ou profissional, sem antes realizar um planejamento, pois esta atividade é de
suma importância para se alcançar os objetivos e ter sucesso nos
empreendimentos.

1.2 Níveis de Planejamento

O planejamento apesar de ter suas origens na estrutura militar, desde a I


Revolução Industrial (1780 a 1860) passou a ser amplamente empregada como
ferramenta administrativa, a qual possibilita avaliar diferentes cenários de modo
a obter resultados futuros.
De um modo geral, o planejamento pode ser dividido em três níveis
hierárquicos distintos, quais sejam: estratégico, tático e operacional.
Se vislumbrarmos o planejamento através de uma pirâmide, o
planejamento estratégico estaria no seu ápice, envolvendo atividades
sistêmicas e processos metodológicos de forma holística. Neste nível de
decisão são definidas metas ou objetivos, macro ações, mobilização de
recursos físicos, humanos, financeiros e tecnológicos, de modo que o objetivo
traçado possa ser conquistado.
Ainda com a imagem da pirâmide em mente, no meio desta estaria
localizado o planejamento tático, sendo este menos conceitual e mais
institucional, onde a média gerência toma ações necessárias para alocar os
recursos para a fase do planejamento operacional.
Na base da pirâmide se encontra o planejamento operacional, onde os
chamados “operacionais” realização as ações práticas propriamente ditas, no
sentido de levar a cabo o planejamento estratégico como um todo.
Vejamos a figura abaixo, a qual bem ilustra o texto teórico.

Figura 1: Níveis de Planejamento.

Alta Nível Informação


Administração Estratégico Sistêmica

Média Informação
Gerência Nível Tático Institucional

Informação
Operacionais Nível Operacional Prática

Fonte: Figura elaborada pelo autor, em 25/02/19.

Na prática como esta estrutura de planejamento funciona em uma


Agência de Investigação Particular?
Na Alta Administração da mesma seriam planejadas a visão, missão e
política da agência, áreas de atuação ou nicho de mercado, região de atuação,
prospects ou potenciais clientes, indicadores de desempenho, produtos
ofertados, dentre outros.
A Média Gerência ficaria incumbida do recrutamento e seleção de
Investigadores Particulares, treinamentos, realização de cursos, aquisição de
equipamentos eletrônicos e informáticos, logística e mobilização de recursos
físicos, humanos e financeiros.

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O Nível Operacional por sua vez, realizaria investigações de escritório e
de campo, filmagens, gravações, campanas, coleta de dados, dentre outras
ações.

TEMA 2 – FERRAMENTAS DO PLANEJAMENTO

Como vimos anteriormente, o planejamento estratégico é macro e


conceitual e, para que o investigador possa levar a cabo suas ações, são
necessárias ferramentas que o conduzam, pari passu, ao escopo da
investigação contratada.
Neste sentido, inúmeras são as ferramentas de planejamento
disponibilizadas as quais tem reconhecimento mundial, tanto no meio da
inteligência militar, quanto no meio empresarial.
Dentre as mais comumente utilizadas, podemos citar o Plano de Ação e
o Clico PDCA, as quais estudaremos mais pormenorizadamente nos próximos
tópicos.

2.1 Plano de Ação

Dentre as principais ferramentas da qualidade empregadas no


planejamento, sobretudo nos níveis tático e operacional, esta o Plano de Ação,
que, basicamente, deve conter as ações a serem executadas, seus
responsáveis e os prazos a serem cumpridos. Em outras palavras: “quem vai
fazer o quê e para quando”.
A chave para o bom planejamento do Plano de Ação é alocar as ações
necessárias de forma realística, sabendo estimar as atividades de acordo com
os recursos disponíveis e, principalmente, estabelecendo-se prazos factíveis.
O acompanhamento, ou como tecnicamente é chamado, follow-up, deve
ser permanente, sendo que os responsáveis devem ser monitorados de modo
a receberem instruções e recursos para que possam cumprir as ações dentro
dos prazos.
A figura a seguir ilustra um típico plano de ação empregado no mercado.

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Figura 2: Modelo de Plano de Ação.

Fonte: Figura elaborada pelo autor, em 26/02/19.

2.2 Ciclo PDCA ou Ciclo de Deming

William E. Deming (1900 a 1993) foi um estatístico americano,


considerado um dos “pais da qualidade”, por ter introduzido modernas técnicas
e processos de produção nas fábricas americanas, durante a II Guerra Mundial
e, após este período, aplicou seus métodos para ajudar a reconstruir o Japão.
Dentre seus principais trabalhos, encontra-se o Ciclo PDCA, o qual
também leva seu nome e, indubitavelmente, é fortemente empregado não só
em processos fabris, mas nos serviços de inteligência das principais potências
mundiais.
PDCA (Plan, Do, Check, Act), do seu acrônimo em inglês, significa:
Planejar, Executar, Verificar e Agir, sendo uma ferramenta tanto de
planejamento tático-operacional, quanto para melhorar os processos já
operacionalizados.
Esta pode e deve ser uma ferramenta operacional de um bom
Investigador Particular, pois ao mesmo tempo em que serve de preparação
para as ações de campo, com a sua retroalimentação, serve para aperfeiçoar
as futuras atividades do profissional ou de sua equipe.
A figura a seguir ilustra um típico Ciclo PDCA, sendo esta uma das
várias ilustrações disponíveis.

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Figura 3: Modelo do Ciclo PDCA / Ciclo de Deming.
• Definir • Executar as
responsáveis, ações e coletar
ações e dados.
objetivos.

Plan Do
(Planejar) (Fazer)

Act Check
(Agir) (Verificar)

• Atuar • Verificar os
corretivamente resultados
ou obtidos ou
preventivamente. corrigir as ações.

Fonte: Figura elaborada pelo autor, em 26/02/19.

A simples utilização das ferramentas de planejamento apresentadas não


garante o sucesso dos resultados, pois vários outros fatores subjetivos estão
envolvidos, todavia, evita que o fracasso total das operações seja o resultado
final.

TEMA 3 – TRABALHO DE CAMPO

Indubitavelmente, o trabalho de campo é o mais esperado e desejado


pelo Investigador Particular, pois envolve dinâmica, emoção, adrenalina e
conhecimentos técnicos colocados em prática.
Dadas às características do trabalho de campo, é comum que a
ansiedade tome conta do profissional e o mesmo fique propenso a não realizar
um planejamento prévio ou o realize de forma negligente, sendo que, se isso
vier a ocorrer, o este poderá comprometer a investigação.
Neste sentido, é imprescindível que o Investigador invista tempo no
planejamento prévio antes de sair para o trabalho de campo, realizando uma
verificação – checklist – para não se esquecer de nenhum detalhe, pois o
esquecimento de apenas um item pode contribuir para o fracasso das
investigações.
O trabalho em campo, não significa necessariamente ir para a rua atrás
da coleta de dados, sejam gravações, filmagens, fotografias, entrevistas. O
mesmo pode perfeitamente ser realizado, por exemplo, de dentro do escritório,
fazendo ligações, verificando rotas, mapas, e-mails, analisando gravações,

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evidências ou “garimpando” dados na Internet, o que tecnicamente chama-se
de data mining.
O Investigador deve ter em mente que não raras podem ser às vezes em
que o trabalho de campo pode leva-lo a ficar horas no mesmo lugar esperando
para que o sindicado se desloque, de modo que as provas possam ser obtidas.
Por exemplo, investigação no caso de infidelidade conjugal, onde o cônjuge
infiel pode ficar horas dentro da residência da terceira parte, em motel, hotel,
restaurantes, shows, dentre outros. Por este motivo é que o Investigador deve
ter preparo físico e psicológico para estas atividades.

TEMA 4 – MEIOS DE PROVA

A prova é de vital importância para qualquer tipo de investigação, seja


ela privada, policial, de inteligência ou forense, pois sem as evidências
materiais nada pode ser provado contra o sindicado.
Neste sentido, se num determinado período de tempo, como por
exemplo, 30 dias de investigação nada for obtido como prova, muito
provavelmente é porque a desconfiança inicial era infundada.

4.1 Obtenção de provas

São muitas as maneiras de obtenção de provas, sendo que as mesmas


podem ser obtidas através de fotografias, filmagens, gravações ambientais,
documentos, testemunhas oculares ou dados obtidos através das redes
sociais.
O que se deve ter em mente é que de forma alguma o suspeito deve ser
coagido (art. 22, CP), constrangido (art. 146, CP), ameaçado (art. 147, CP) ou
empregada qualquer outra forma que viole seus direitos legais (art. 5º, II,
CRFB/88).

4.2 Licitude das provas

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Se o contratante da investigação deseja que as provas obtidas contra o
sindicado tenham validade legal, as mesmas devem ser lícitas, ou seja, as
mesmas têm que ter valor preestabelecido (art. 158 do CPP), sob pena de
invalidação destas. Caso contrário, as provas podem ter validade apenas para
o solicitante da investigação para efeitos de comprovação.

TEMA 5 – TIPOS DE INVESTIGAÇÕES

Basicamente, existem na esfera da investigação particular, três tipos de


investigação, quais sejam: a pessoal ou de antecedentes, a doméstica e a
empresarial, sendo que na Aula 03, estudaremos detalhadamente cada uma
dessas modalidades.

NA PRÁTICA

Assista ao vídeo a seguir para consolidar, na prática, os ensinamentos


adquiridos nesta aula: https://www.youtube.com/watch?v=8e2zgiNvajc.

FINALIZANDO

- Aprendemos sobre a importância do planejamento para as atividades de


investigação particular.
- Conhecemos duas das principais ferramentas de planejamento e execução de
ações mundialmente reconhecidas.
- Aprendemos como devemos realizar um bom planejamento antes de iniciar as
ações de campo.
- Tivemos contato com os meios de prova, como obtê-las e sua licitude.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto-lei Nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Lex: Código Penal


Brasileiro.

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BRASIL. Decreto-lei Nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Lex: Código de
Processo Penal.

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