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Introdução

Actualmente, a humanidade está extremamente dependente da electricidade em sua vida cotidiana. Em


quase todas as áreas da indústria, até mesmo a área de saúde está dependente da electricidade, por
exemplo para a produção dos raios x para o diagnóstico ou a técnica de IRM, só é possível graças a
electricidade. O estudo da electricidade teve uma longa trajectória de pesquisa antes de a primeira lâmpada
eléctrica ser acesa. As observações dos fenômenos eléctricos remontam aos ancestrais gregos, que
notaram que atritando o âmbar ele atraía pequenos objectos, como fragmentos de palha ou penas. A palavra
eléctrico tem sua origem na palavra grega que significa âmbar, elektron. Iniciaremos este capítulo com o
estudo da electrostática.

Electrostática

1. Quantização das Cargas


A matéria é constituída por átomos que são electricamente neutros. Cada átomo tem um pequenino núcleo,
de massa notável constituído por protões e neutrões. Os protões tem carga eléctrica positiva e os neutrões
não tem carga. O número de protões no núcleo é o número atómico Z do elemento correspondente.

O electrão tem massa de cerca de 2000 vezes menor que a massa do protão, mas as cargas das duas
partículas são exactamente iguais sendo a carga do protão +e e a carga do electrão –e, sendo e a unidade
fundamental da carga eléctrica.

Todas as cargas que se observam na natureza ocorrem em múltiplos inteiros da unidade fundamental de
carga, e. A carga, por isso, é quantizada. Qualquer carga eléctrica Q que se observa na natureza pode ser
escrita na forma:

Em que N é um número inteiro

2. Conservação da Carga

Quando se esfregam dois corpos, um deles fica com um excesso de electrões e com carga eléctrica
negativa, o outro fica com falta de electrões e com a carga liquida positiva. A carga liquida dos corpos
permanece constante, isto é, a carga se conserva. A lei da conservação da carga é uma lei fundamental da
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natureza. Em certas interacções das partículas elementares há criação ou aniquilamento de partículas
carregadas, de electrões por exemplo. Em todas elas, porém, há produção ou aniquilamento de quantidades
iguais de carga de sinal oposto, de modo que a carga líquida do universo se mantém constante.

A unidade de carga eléctrica no sistema internacional é o Coulomb, definido em termos da unidade de


corrente eléctrica, o Ampere. O Coulomb (C) é a quantidade de carga que passa por um condutor, em um
segundo quando a corrente eléctrica é de um ampere. A unidade fundamental de carga eléctrica “e” tem o
valor de 1,6 10 .

Quando uma vareta de vidro é friccionada com um pedaço de seda, uma carga positiva aparece na vareta.
Medidas realizadas mostram que uma quantidade igual de carga negativa aparece no pedaço da seda. Isto
sugere a ideia de que o processo de fricção não cria cargas, mas apenas as transfere de um objecto para o
outro, perturbando ligeiramente o estado electricamente neutro de cada um.

3. Carga por Indução

A conservação da carga pode ser ilustrada por método simples de carregar electricamente um condutor, a
carga eléctrica por indução ou indução electrostática.

Imaginemos duas esferas metálicas descarregadas em contacto figura 1A. Quando uma barra carregada se
aproxima de uma delas, há um fluxo de carga de uma para a outra, os electrões fluem aproximando-se de
uma barra carregada positivamente figura 1B, ou afastando-se de uma barra com carga negativa.

Figura 1.A
Figura 1 B

A esfera mais próxima da barra fica com uma carga resultante negativa e a esfera mais afastada com uma
carga resultante positiva de mesmo valor. Diz-se que um condutor que possui cargas separadas idênticas e
de sinais opostos está polarizado.

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Se as esferas forem separadas antes de a barra ser removida, elas ficarão com quantidades iguais de carga
oposta, figura 2ª.

Figura 2A

4. Lei de Coulomb

A força que uma carga eléctrica exerce sobre outra foi objecto da investigação de Charles Coulomb. Charles
Coulomb 1736 − 1806 , estudou a força exercida por uma carga sobre outra utilizando uma balança de
torção de sua própria invenção. Usou duas esferas carregadas de raios muito menores do que a distância
entre elas. Por isso, cada esfera podia ser considerada uma carga puntiforme. Coulomb aproveitou-se do
carregamento por indução para atribuir ás esferas cargas iguais e para variar a carga em cada uma delas.
Os resultados das experiências de Coulomb resumem-se na Lei de Coulomb:

A força que uma carga eléctrica puntiforme exerce sobre outra carga puntiforme está dirigida sobre a recta
que passa pelas duas. A força varia inversamente com o quadrado da distância entre as cargas e é
proporcional ao produto das cargas. A força é repulsiva se as cargas tiverem o mesmo sinal e atractiva se
tiverem sinais opostos.

O módulo da força eléctrica de uma carga q1 sobre outra q 2 , à distância r, é dada por:

k q1 q 2
F= 1
r2

Onde K é uma constante determinada experimentalmente, a constante de Coulomb.


Nm 2
k = 8,99 x10 9
c2

Se está em uma posição e em a força , exercida por sobre pode ser expressa

como: , , 2
,

3
Onde , − é o vector orientado de para

y , −

0 x

Z figura 3

Pela terceira lei de Newton, a força , exercida por sobre é a negativa de , . A lei de Coulomb e
a lei de gravitação de Newton, ambas representam forças proporcionais ao inverso do quadrado da distância.
Todavia, a força gravitacional entre duas partículas é proporcional às massas das partículas e é sempre de
atracção, enquanto que a força eléctrica é proporcional às cargas e é repulsiva, se as cargas tiverem o
mesmo sinal, e de atracção, se tiverem sinais opostos.

4.1. Força exercida por um sistema de cargas

Em um sistema de cargas, cada carga exerce sobre todas as demais cargas uma força que pode ser calcula
pela equação 2. A força resultante sobre qualquer carga é o vector soma das forças exercidas
individualmente sobre aquela carga por todas as demais cargas presentes no sistema. Essa conclusão é
uma consequência do princípio da superposição das forças.

5. Cargas elementares e partículas elementares

Antigamente a carga era considerada como um fluído contínuo. A teoria atómica da matéria, entretanto,
mostrou que mesmos os fluídos, como a água e o ar, não são contínuos, mas sim formados de átomos ou
moléculas.

As experiências mostram que o fluído eléctrico, também não é contínuo, mas constituído de um múltiplo
inteiro de uma certa quantidade mínima de carga eléctrica.

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O quantum de carga ‘’e’’ é tão pequeno que a natureza granular da electricidade não se manifesta em
experiências macroscópicas, de mesmo modo que não percebemos que o ar que respiramos é constituído
de átomos.

5.1. Forças elementares

A força eléctrica, vai muito além da descrição de forças que actuam entre esferas ou bastões carregados. É
a força eléctrica que faz com que os átomos sejam capazes de unirem-se para formar as moléculas. Mesmo
a força de coesão, que liga os átomos e as moléculas entre s para se formarem os sólidos e os líquidos, é
de natureza eléctrica. Por isso, a força eléctrica é uma força elementar na constituição da matéria. Na escala
molecular, a força eléctrica é muito mais forte que a força gravitacional.

No núcleo do átomo, encontramos uma força cuja natureza não é nem gravitacional nem eléctrica. Esta
força atractiva muito intensa, que liga entre si os protões e os neutros que constituem o núcleo é chamada
de força nuclear ou interação forte. Caso essa força não existisse, o núcleo romper-se-ia imediatamente,
por causa da força de repulsão Coulombiana existente entre protões.

Para além destas três forças elementares aqui descritas, existem também a força nuclear chamada a
interacção fraca e a força magnética que tem uma relação íntima com a força eléctrica. Um tratamento
completo vai muito além do nível deste curso.

6. Exercícios

1. Duas esferas condutoras idênticas, uma com carga +2Q e a outra inicialmente descarregada, são
colocadas em contacto com.

a) Qual é o valor da nova carga em cada uma das esferas?

b) Enquanto as esferas estão em contacto, uma barra com carga negativa é aproximada de uma
das esfera fazendo com que ela fique com carga igual +4Q. Qual será o valor da carga na outra
esfera?

2. Duas esferas idênticas são carregadas por indução e, em seguida separadas; a esfera 1 possui
!
uma carga + , qual é o valor da segunda carga?

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3. Sob que condição é válida a lei de Coulomb?

4. Duas cargas iguais, de 3 # , estão sobre o eixo dos y, uma delas na origem e a outra
em $ 6 %. Uma terceira carga ! 2& , está no eixo dos x, em x = 8 m. Calcular
a resultante das forças sobre q3

5. Duas cargas puntuais, e , estão se atraindo, no ar, com uma certa F. Suponha que o valor de
seja duplicado e o de se torne 8 vezes maior. Qual deverá se tornar a distância r entre
, para que o valor da força F permaneça invariável?

6. Uma pequena esfera A, electrizada positivamente, está suspensa, no ar,


em um suporte por meio de um fio isolante. Uma outra esfera B, de
massa igual a 10g, com carga igual e oposta à da esfera A, é colocada
10cm abaixo desta, como mostra a figura ao lado. Nestas condições,
verifica-se que B permanece em repouso ao ser abandonado.
A
a) Qual é o valor da força eléctrica com que A atrai B?
10cm
b) Qual é o módulo da carga existente em cada uma das esfera?
B -

7. ' ' A figura ao lado, mostra duas cargas puntuais,


4,0 & e −1,5 & uma carga
15cm
positiva 0,20 & é colocada no ponto +
situada a 5,0 cm de .

a) Qual é o módulo e o sentido da força exercida pela carga sobre ?

b) Qual é o módulo e o sentido da força exercida pela carga sobre q?

c) Qual é o módulo e o sentido da força eléctrica resultante que actua sobre q?

8. Num átomo de hidrogénio, o electrão gira em torno do protão numa órbita circular cujo raio é
aproximadamente igual a 5,3 ∗ 10 %. Calcule a velocidade com que ele está a girar em
torno do protão, lembrando que a força centrípeta no electrão é proporcionada pela atracção
eléctrica do protão sobre ele.

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