Julho / 2015
Artur Pereira Barbosa Junior
Professores:
Anny Barbosa Sá
Ana Luísa Corrêa Pires Veloso
Régis Eduardo Martins
Roberta Costa Carneiro
Rodrigo Soares Marques Abreu
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Sumário
1. Introdução................................................................................................................... 04
2. Estudo de Caso............................................................................................................06
a. Estudo de caso – Internacional...............................................................................06
b. Estudo de caso – Nacional.....................................................................................16
3. Referencial Teórico.....................................................................................................25
4. Análise do Objeto de Pesquisa...................................................................................28
a. Apresentação do lugar............................................................................................28
b. Estudo do terreno...................................................................................................32
c. Programa de necessidades.......................................................................................40
d. Exigências psicológicas, econômicas e legais.......................................................42
e. Conceito e partido arquitetônico............................................................................49
5. Conclusão.....................................................................................................................50
6. Referências Bibliográficas..........................................................................................51
7. ANEXOS......................................................................................................................53
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INTRODUÇÃO
O Museu de Artes e Ofícios de Montes Claros – MG (MAO-MOC) é uma ideia de
transmitir e eternizar uma parte significativa do que representava ofícios, utensílios,
ferramentas, combustíveis e artes na região Norte Mineira, principalmente os referentes ao
período a partir do século XIX a início do século XX. Diante de tal tema, a característica
predominante do museu seria de exposição de acervo fixo, com coleções devidamente
setorizadas, mas também com espaços para exposições temporárias e outros mecanismos mais
versáteis.
A região do Norte de Minas Gerais não possui uma edificação voltada diretamente
para esta finalidade, Montes Claros – MG não possui uma edificação ou estrutura de tamanha
magnitude e influência voltada à cultura e educação. Além deste foco, o MAO-MOC também
desenvolveria o aspecto turístico da região que se encontra. O foco da edificação são
principalmente as novas gerações, pessoas mais jovens que não tiveram a oportunidade de
conhecer e vivenciar as coleções do museu, apresentar tal material para eles e expor seu
devido valor na sociedade em que se enquadra, faz com que não caiam no esquecimento ou
desvalorização a ponto de serem descartados. Além disso, não pode perder também o foco
turístico que é o que dissemina a história local e atrai visitantes de outras regiões.
Estudados alguns casos, foram analisados principalmente os fluxos, o uso de
iluminações e ventilações técnicas, as disposições das peças, as áreas de uso secundário e a
museografia. O planejamento, composição, ornamentação e a articulação das áreas
expositivas com a finalidade do museu serão importantes, pois, o mesmo é um edifício que
será revitalizado. Por se tratar de revitalização, os espaços internos terão um profundo
trabalho de museografia, espaços estes que fazem parte atualmente da Prefeitura Municipal de
Montes Claros – MG, órgão instalado no terreno escolhido e com considerável área
construída, que hoje se encontra em processo de transferência para outro terreno.
Da leitura do lugar, sabe-se que o MAO-MOC teria um uso menos impactante ao
tráfego local do que o órgão instalado atualmente na edificação. Está inserido em área central
na cidade de Montes Claros – MG, seu entorno é bastante heterogêneo e possui dimensões
bem definidas. As setorizações e fluxos do programa de necessidade elaborado à edificação se
tornam mais fáceis de ser planejadas quando já se tem alguma forma concebida no terreno,
enxerga-se mais as possibilidades de dispor exposições de forma conveniente à visitação de
todos.
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Muitas bibliografias foram pesquisadas, desde autores mais generalistas como Neufert
a autores mais específicos como Kiefer. Foi destacada boa parte do que se releva da história
dos museus, desde sua criação, ou melhor, desde quando o ato de colecionar e agrupar peças
recebeu tal denominação, até chegar à abordagem dos museus do século XXI, com todos seus
mecanismos arquitetônicos e digitais. Outros tipos de fontes estudadas foram as que tornam a
obra legal, todas as leis, instruções técnicas, resoluções e portarias vigentes na região de
Montes Claros – MG, e que são pertinentes ao uso de museu no terreno. Complementando as
exigências legais, têm as exigências psicológicas que explana um pouco sobre o público alvo
da edificação e finalidades, exigências técnicas e econômicas que coloca as dimensões
estruturais pré-concebidas à edificação, alvenarias e materiais de acabamento.
O partido arquitetônico nasce de um conceito que tem a intenção de utilizar estilos
rebuscados ecléticos para os dias de hoje, e espelha-se em obras já com certa notabilidade no
território nacional brasileiro e regional, que apresentam características equivalentes ao que se
quer chegar com o MAO-MOC.
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ESTUDO DE CASO - INTERNACIONAL
Ano da obra: 2008
Movimento à que pertence: Contemporâneo
Autores:
Arquitetura: Tony Fretton Architects
Projeto Executivo: BBP ARKITEKTER A/S
Arquiteto Paisagista: Torben Schønherr Landscape
Engenheiro Estrutural: Birch & Krogboe A/S Consulting Engineers
Valor da obra: 58,5 milhões de DKK (Coroa Dinamarquesa).
Área Construída: 2.500m2
Projeto executado em Lolland, no distrito de Storstrøm – Dinamarca. Fuglsang
Kunstmuseum é um museu de arte regional, projetado pelo escritório do Tony Fretton, com o
objetivo maior de abrigar obras da coleção permanente do Museu de Arte de Storstrøm (de
1780 – 1980). Além disso, o prédio foi projetado também para abrigar exposições
temporárias, tem um café, uma loja, espaço para ensino e aprendizagem, todo o espaço de
serviço e administrativo necessário para o bom funcionamento do museu e um rico espaço de
armazenagem/ reserva técnica para a grande coleção do museus de pintura e escultura local.
Pelo fato de a cidade de Lolland ser uma pequena ilha, o clima do local é
Oceânico/Temperado, com temperaturas médias no inverno de 0 ºC e verão de 15,7 ºC. A
média de precipitação é de 712 mm/ano.
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Image
m 1 – Fachada lateral esquerda. Fonte: Archdaily, 2014.
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Imagem 2 – Perspectiva do Museu. Fonte: Site do Museu, 2014.
Imagem 3 – Esquema que mostra a localização do museu em meio a um ambiente pouco urbano. Fonte: Google Maps, 2015.
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Fluxograma
Imagem 4 – Com base nas plantas arquitetônicas. Fonte: Arquivo do autor, 2015.
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I
magem 5 – Caminho citado acima, construção vizinha de estilos e/ou década diferente. Fonte: Archdaily, 2014.
Image
m 6 – Esta e outras edificações deste modelo, rodeiam o museu. Fonte: Panoramio, 2014.
Imagem 8 – Prédios se comunicam pelo telhado e pela claraboia. Fonte: Google Maps, 2015.
Fazem o uso de uma cobertura metálica, no formato de cubo com abertura lateral,
largo e baixo, oferece abrigo para a chuva, e ainda é acompanhada por um hall envidraçado
de mesma dimensão e transparencia do hall de entrada de dento da edificação.
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Uma cobertura metálica na forma de um cubo com abertura lateral, de formato baixo e largo,
oferece abrigo para a chuva, e é acompanhada por um hall envidraçado de igual dimensão e
transparência do hall de entrada de dentro do edifício.
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Imagem 10 – Planta térrea e primeiro pavimento. Fonte: Archdaily, 2014.
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Image
m 11 – Fonte: Archdaily, 2014.
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Image
m 12 – Exibição de arte antiga dinamarquesa. Sala recebe uma das claraboias que compõe fachada principal do museu. Fonte:
Archdaily, 2014.
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Image
m 13 - Acabamentos, pés direito e iluminação são escolhidos de acordo com o uso de cada ambiente. Fonte: Site do Museu,
2014.
Análises Gráficas
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Imagem 14 – Análises Gráficas de acordo com a fachada principal e a implantação do terreno. Foto da fachada extraída do
Site do Museu e esquema de implantação do Archdaily, 2014.
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Projeto executado em Salinas, interior de Minas Gerais - Brasil, por ser uma das
maiores e mais tradicionais fabricantes e exportadora de “cachaça” artesanal do Brasil. Além
da mundialmente famosa Havana, a cidade é berço de outras tradicionais “cachaças”.
Por estar na região norte do estado de Minas Gerais, possui clima quente praticamente o ano
inteiro. O bioma é o Cerrado.
A edificação é planejada em fluxo “linha”, de forma que quem adentrá-lo terá que
visitar todas as salas até chegar à saída, por se tratar de uma edificação com apenas uma
“direção possível”. Lajes duplas que formam um colchão de ar e dão espaço às demandas
técnicas necessárias ao bom funcionamento da edificação, espessas paredes cerâmicas com
acabamento irregular e rugoso, conformam volumes complexos, mas com uma mínima
difusão de calor para a edificação.
Fluxograma
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Imagem 17 - A museografia é trabalhada em toda a sala. Fonte: Archdaily, 2014.
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Image
m 18 – Sala das Cachaças antigas e atuais. Fonte: Archdaily, 2014.
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m 19 – Sala Canaviais. Fonte: Archdaily, 2014.
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Image
m 20 – Sala tema produção da cachaça. Fonte: Archdaily, 2014.
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m 21 – Sala tema produção: DVD explicativo e representativo. Fonte: Archdaily, 2014.
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tudo parte do trabalho da museografia, arte que possibilita criar e remontar ambientes que se
fazem necessários em museus como de Arte e Ofícios.
As demandas museológicas refletidas pelos espaços, que variam entre altos, baixos,
estreitos e largos, espelham bem a volumetria exterior, apresentada a todos que passam pelo
mesmo.
Image
m 22 – A volumetria trabalhada de dentro para fora. Fonte: Archdaily, 2014.
Com linhas retas, superfícies planas e blocos sólidos, é criada uma espacialidade onde a
percepção é variada nos espaços de transição.
Imagem 23 – Espacialidade em questão, permitindo que o programa de necessidades funcione. Fonte: Archdaily, 2014.
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As áreas de estar, praça, lazer, pátios, terraços, anfiteatros protegidos por pérgolas, são
áreas de múltiplo uso, que recebem melhor ventilação por serem abertos, e não têm uma
delimitação rígida entre o terreno e a construção. O paisagismo integrado/expresso nesta área
é regido por espécies locais de grande porte, criando sombras, gramados propositalmente
ondulados, além de áreas ajardinadas nas praças com espécies de pequeno e médio porte,
como a área que possui junto à entrada principal, com o cultivo de Espadas de São Jorge que
criam um canteiro verde e amarelo. Além do Canavial que pode ser observado pela parede de
vidro da Sala de Exposição tema Distribuição.
Image
m 24 – Área coberta com pérgola diante de espaço aberto. Fonte: Archdaily, 2014.
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Image
m 25 – Gramado ondulado e espécie local de grande porte. Fonte: Archdaily, 2014.
Análises Gráficas
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Imagem 27 - Análises tendo como base a implantação da edificação. Planta de implantação retirada do Archdaily, 2014.
REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Kiefer (2002), os museus são tão antigos quanto à história da humanidade,
considerando que o mesmo existe desde que o homem começou a colecionar e guardar, para
si mesmo ou para suas crenças e deuses, objetos com algum valor em espaços construídos
justamente para esse fim. A palavra museu tem origem antiga, origina-se do grego Museion,
que significa “santuário dos templos dedicados às musas, que recebem doações, ex-votos,
oferendas...” (GIRAUDY e BOUILHET, 1990, p. 16). Porém, são as coleções privadas, como
a reunida no “Palazzo Medici Riccardi”, em Florença na Itália, formadas a partir da
Renascença que vão compor o núcleo inicial dos museus nacionais do século XVIII.
É no Renascimento também que se desenvolve uma paixão pelos gabinetes de
curiosidades, ou como cita Kiefer (2002) “câmaras de maravilhas”, onde são dispostos objetos
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exóticos trazidos por exploradores: “animais, objetos ou obras raras, fabulosas ou insólitas.”
(ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CU
LTURAL, 1988, apud KIEFER, 2002, p. 01). Com tal variedade de conteúdo, que
caminha de artes a curiosidades, duas direções serão tomadas a partir daí, com o
desaparecimento dos gabinetes de curiosidades durante os séculos XVIII e XIX, os objetos
com maior relevância histórica foram transferidos para instituições oficiais e coleções
privadas: “..a seu tempo, o museu de belas-artes e o museu de história natural.”
(ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1988, apud KIEFER, 2002, p. 01).
Em relação ao que é considerado por Kiefer (2002), o “Palazzo Medici Riccardi” é o
primeiro museu privado da Europa, pela deslumbrante ornamentação e quantidade de objetos.
O primeiro espaço dedicado exclusivamente às artes, sem um partido decorativo de tal
grandeza, surge em Florença, já nos últimos anos do século XVI, onde François I decide
utilizar o último pavimento de seu edifício de escritórios, que servia apenas de circulação
como um grande corredor, para agrupar toda a sua vasta coleção de obras de artes que
anteriormente encontrava disposta em vários lugares. Este espaço possuía o nome de galerie,
que com o passar do tempo tornou-se sinônimo de “sala reservada para as coleções de arte”
(KIEFER, 2002, p. 01), e a Galerie des Uffizi torna-se referência importante para os
burgueses, que no período revolucionário, vão considerar de suma importância a abertura de
museus públicos no padrão da tão famosa galeria.
Neufert (1948), em sua obra técnica, onde o mesmo afirma abordar “tudo que é
essencial para projetar e construir”, é sucinto, e resume questões funcionais e extremamente
específicas dos espaços de um museu, como por exemplo, que o espaço “Sala de Exposição”
deva ser voltado para expor objetos artísticos ou científicos e devem “... protegê-los contra
destruição, roubo, fogo, humidade, desidratação, sol e poeira, e (...) exibi-las nas condições de
luz mais favoráveis...” (NEUFERT, 1948, p. 412) Ainda completa que para as obras expostas
serem observadas sem dificuldade, é necessário o uso de salas grandes passíveis de serem
subdivididas de acordo com a necessidade do museu.
Pensando no arranjo arquitetônico e nos espaços internos, Neufert (1948) pondera que
para cada agrupamento de quadros deve-se dispor de um compartimento onde se coloque
apenas um por parede. Levando isto em consideração, é mais eficaz o uso de várias salas
pequenas ao invés de salas grandes, pois permitem dispor de uma superfície maior de parede,
mas não extingue o uso de salas grandes quando leva em consideração que são necessárias
para expor as obras de maiores dimensões. No mesmo pensamento de organização de espaços,
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ele ainda orienta a não dispor o sistema de visita cíclico, denominado por ele de “sem
limites”, recomenda a usar, de preferência, “a ordenação em alas ou zonas radiais a partir da
entrada. Zonas menores de exposição de fotografias, de embalagens, expedição e recepção,
administração, oficinas de restauro, sala de conferências, (...)” (NEUFERT, 1948, p. 412).
De acordo com Montaner (2003, p. 12), “No amplo panorama da arquitetura de
museus destaca-se em primeiro lugar aquele museu que se configura como organismo
singular, como fenômeno extraordinário, como acontecimento excepcional, como ocasião
irrepetível.” Isso é mais comum em contextos urbanos estáveis, nos quais a obra sobrepõe
como “contraponto radical” (Montaner, 2003, p. 12) criando um efeito de choque e tem como
ponto de partida o conhecimento de Frank Lloyd Wright expresso no Museu Guggenheim de
Nova Iorque (1943-1959), gerado como feedback à arquitetura de arranha-céus escalonados e
prismáticos de Manhattan. Além disso, Montaner (2003) completa com:
Wright inaugurava então o caminho do museu como entorno artístico, como grande
escultura inspirada em formas orgânicas, como contentor extraordinário em estreita
relação com o contexto urbano, síntese das formas telúricas da natureza e das formas
mecânicas do mundo das máquinas. (MONTANER, 2003, p. 12).
Se Wright, no início do século XX, já desfrutava de ser o primeiro a conseguir romper com a
caixa tradicional da casa residencial, em meados do século XX teve também a graça de
conceber a solução que transformava o museu num percurso gerador de movimento contínuo.
Colocava fim na ideia de que o museu deveria ter forma simétrica, estática e fechada, e dava
uma nova forma e cinemática ao museu, tornando-o ativo e dinâmico, disposto então, em
espiral.
Bruce Goff, denominado por Montaner (2003) como “discípulo” de Frank Lloyd
Wright, deu continuidade à colocação do seu então “orientador” com o Pavilhão de Arte
Japonesa (1982-1988), uma obra de grande expressão dentro do enorme complexo museístico
do Los Angeles County Museum of Art (LACMA), nos EUA. Trata-se de uma combinação
do Guggenheim com formas influenciadas pela arquitetura oriental. Assim como o museu de
Wright, o pavilhão de Goff é formado por dois elementos, mas neste os interiores não
trabalhados na cinesia imposta por uma rampa, e sim por meio de plataformas suspensas e
orgânicas gerando espaços que propiciam uma contemplação relaxada das coleções de
tokonomas.
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Durand (1819), uns dos autores pioneiros da literatura de arquitetura relacionada a
museus, afirmava que os mesmos deveriam ser erguidos dentro do mesmo espírito das
bibliotecas, sendo um edifício que guarda um tesouro público, e ao mesmo tempo um templo
aos estudos. A importância do vínculo com as bibliotecas é a justa função que predominava
nos primeiros museus que surgiram, a função de educação. Porém, essa função educativa era
mais literal, Durand (1819) coloca que os museus eram “escolas” onde havia vários
aprendizes ao longo das galerias de exposição, que montavam ateliês e pequenas exposições
(cabinets des artistes) e passavam horas em frente às telas que procuravam copiar. Essas duas
visões de museus como templo guardião de tesouros ou como escola, vão estar aplicados em
todos os projetos deste, como numa vertente de “ ..arte como fruto de uma essência atemporal,
e a outra como de feitos históricos perfeitamente determinados.” (DURAND, 1819 apud
KIEFER, 2002, p. 03).
Na década de 60 do século XX, os valores históricos de cada disciplina passaram a ser
levados em consideração na elaboração dos projetos de museus, é o que observa Cavalcanti
(2013), tentavam aliar beleza e funcionalidade e, a evolução dos projetos em forma de caixas
brancas agora repensadas.
Nesta lógica, os museus de ciências foram os grandes pioneiros em dispor desta tecnologia,
principalmente pela necessidade de amplos espaços para seus modelos e módulos de amplas
dimensões. Os museus a partir daí eram projetados de outra forma, dispostos a serem lugares
prazerosos de ficar até mesmo independente de sua finalidade, ou de seu acervo e mais do que
antes, em contradição ao museu antigo, emprega-se demasiadamente a luz natural que ilumina
extensas circulações e “grandes espaços de exposição muito mais integrados e fluidos”
(KIEFER, 2002, p. 09).
Defronte à complexidade dos programas de museus do século XXI e em concordância
com a fragmentação como condição contemporânea, há o museu que se resolve por colagem
de diversos fragmentos, onde a diversidade das exigências é subdividida em diferentes corpos.
Aspecto forte da cultura que firmou nos museus da ultima geração dos anos oitenta, dentro da
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esfera pós-moderna que confirmou um papel bastante representativo aos edifícios destacados
à cultura. Montaner (2003) indica que:
Neste ponto de vista, o museu foi evidenciando cada vez mais seu status emblemático e
“hermenêutico” (MONTANER, 2003, p. 94), e tornou-se a peça mais importante da coleção,
sendo capaz de explicar o seu conteúdo através de sua forma. Os valores emblemáticos,
históricos e metafóricos angariaram importância bastante para superar a concepção do museu
como “caixa branca”, bem como se defendia na época da arquitetura moderna.
Montaner (2003), expressa precaução no que se refere à categoria contemporânea do
museu meramente mediático, deve-se ressaltar o perigo de manipulação da informação
defronte a inexistência do rigor dos originais. Como às vezes acontece nos museus do Ar e do
Espaço, da Ciência ou nos museus infantis que, por trás da imagem de coleção didática,
podem tornar-se difusores de ideologias específicas dominantes e em “promotores do
consumo sem critério.” (MONTANER, 2003, p. 21). Em tal caso, citando casos análogos, têm
o Museu do Ar e do Espaço, em Washington D.C., e do Museu da Criança, em Caracas.
Nas últimas décadas, a tecnologia vem se tornando cada vez mais aparente, e não as
gárgulas góticas da Catedral de Notre-Dame, ou os dutos de água, gás e eletricidade de
Beauborg, como referencia Cavalcanti (2013). Enormes obras cada dia mais eletrônicas e
informatizadas que transmitem experiências que podem ser vividas no interior ou exterior do
museu, transformam os edifícios em verdadeiros cinemas de alta definição, como se pode
observar de modo literal no Espaço TIM UFMG do Conhecimento.
As mídias digitais estão cada dia mais invadindo os espaços expositivos, os
computadores vêm substituindo os cartazes e banners, os experimentos estão dando espaço
aos cenários e campos de interação digital. Paulatinamente os museus vieram bebendo da
globalização a tecnologia, inclusive com isso disponibilizando seus acervos em meios digitais
como em seus sites na internet. Porém, estudos recentes analisados por Pacheco (2008),
avaliaram quatro museus brasileiros e seus devidos websites com exposições digitalizadas, o
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objetivo era investigar a percepção e experiência das pessoas que interagem com ambientes
físicos e virtuais. Todas as pessoas entrevistadas, incluindo visitantes e colaboradores dos
museus, que a arquitetura é substancial para gerar público, uma vez que se percebe que muitos
museus são mais famosos por sua edificação do que por seu acervo. O estudo conclui também
que a arquitetura é o elemento central para manter tal associação dos dois ambientes de
museu, real e virtual.
Maderuelo (1990) coloca que os museus atuais requerem muito caráter técnico para serem
elaborados, porém o arquiteto ainda possui em seu poder uma imensa liberdade de ação na
hora de projetá-los, assim como a verba para esses “monumentos da cultura” não são
escassos. Essa liberdade é dada também pelo fato de que hoje, os arquitetos contemporâneos,
encontram menos resistências a suas propostas, tanto que na primeira década do século XXI, a
linguagem adotada nos projetos era de um diálogo entre futuro e contemporaneidade, sobre
tudo sempre com o objetivo mais hodierno do período, que é o da Sustentabilidade.
Os museus e suas coleções transformaram-se em polo de atração, turismo, porém
deliberativo, enquanto também se firmavam como elemento primordial para conseguir que os
cidadãos se sentissem membros de uma cidade que dispõe de cultura e eficiência recreativa,
conclui Montaner (2003). A relação que o museu possui com a sociedade e a cidade
compreendeu uma completa mutação tipológica: de organização estática, no padrão da “caixa
branca”, o museu passou a ser um sítio em constante metamorfose. Com concepções
concernentes e reformuláveis, além de uma infinidade de modelos e formas com várias faces
culturais do século XXI.
LEITURA DO LUGAR
A proposta projetual se dá no terreno de toda a quadra circundada pelos logradouros
públicos: 142,92 metros com a Rua Raimundo Penalva, 36,40 metros com a Rua Buenos
Aires, 62,51 metros com a Avenida Cula Mangabeira e 152,19 metros com a Avenida Doutor
31
João Luiz de Almeida (Análise 04 expõe medidas em planta). Totaliza uma área de
aproximadamente 8.723,76 metros quadrados de terreno, fora a área construída de
aproximadamente 8.643,96 metros quadrados que será reaproveitada para a instalação do
MAO-MOC (Museu de Arte e Ofício de Montes Claros/MG).
A cidade de Montes Claros/MG teve em 2014 sua população contada pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 390.212 habitantes, sendo a sexta mais
populosa do estado e a 62ª do país e apresentando uma densidade populacional de
aproximadamente 103 habitantes por km². Além disso, é estimado que aproximadamente 96%
da população montes-clarense viva na zona urbana e apenas 4% viva na zona rural.
O terreno está localizado em área central da cidade de Montes Claros/MG que é
dotada de forte especulação imobiliária para principalmente empreendimentos comerciais
e/ou mistos. Hoje é instalada nele a Prefeitura Municipal de Montes Claros – MG, porém, a
mesma está passando por um processo de “transferência” para outro terreno, maior, que
compreenderá o “Centro Administrativo da cidade de Montes Claros/MG”, englobando assim
tal poder municipal.
A intenção de usá-lo como o MAO-MOC (Museu de Arte e Ofício de Montes
Claros/MG) é dada pelos seguintes fatos:
A cidade não possui nenhuma estrutura de Museu do mesmo gênero;
O edifício possui área para uma rica galeria e uma gama de “atrações/usos
secundárias”;
A localização central facilita o acesso à maioria dos visitantes;
A história do norte de Minas Gerais merece espaço para ser transmitida às novas
gerações;
O fluxo viário do local iria melhorar bastante possibilitando um melhor uso do
aparelho urbano;
Zoneamento permissível - tratando-se de uma área ZC1 (Zona Comercial 01) que não
impõe muitas restrições à construções e ocupações;
Enquadra-se no MA-15 com taxa de ocupação em 50%, coeficiente de
aproveitamento limitado a 4,0, afastamentos de fundos e laterais com dois metros e
frontal com cinco metros;
A cidade de Montes Claros não vem demonstrando incentivo à arte e cultura com
tamanha expressividade.
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Como dito anteriormente à respeito do entorno do terreno é bem especulado pelos
empreendedores do poder privado, porém também, é bastante heterogêneo o uso do solo ao
seu redor (De acordo com a Análise 03). O fluxo de pedestres principalmente no entorno
direto do terreno é intenso, além também de ser cercado por nós viários de veículos (De
acordo com a Análise 01). Tal idéia é fortalecida pelo uso da edificação estudada ser ainda
hoje uma Prefeitura, a mesma é grande causadora de fluxo de pedestres e veículos, e mesmo
sem elaborarmos um RITU (Relatório de Impacto no Trânsito Urbano) sabemos que seriam
amenizadas tais situações com o uso distinto do MAO-MOC (Museu de Arte e Ofício de
Montes Claros/MG). A Análise 02 apresenta o gabarito das edificações do entorno.
Por ser um terreno já com edificio implantado, não apresenta mais níveis topográficos
“originais”, mas são trabalhados de forma que existe uma grande diferença de escala entre
suas extremidades, como exemplo temos na esquina Avenida Doutor João Luiz de Almeida
com Avenida Cula Mangabeira aproximadamente a cota 634.60 e na esquina Avenida Doutor
João Luiz de Almeida com Rua Buenos Aires temos a cota aproximada em 637. Terreno este
que então apresenta uma depressão de aproximadamente 3 metros do fundo para a testada do
terreno, que seria a entrada principal da edificação existente.
O trânsito no entorno do terreno nos dias de hoje é emissor de ruído, porém este
poderia ser reduzido com a chegada do MAO-MOC, já que será um polo de atração
consideravelmente menor que a Prefeitura Municipal de Montes Claros.
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Análise 01 - Vias do entorno. Mapa retirado na Prefeitura Municipal de Montes Claros.
34
Análise 02 - Gabarito das construções do entorno. Mapa retirado na Prefeitura Municipal de Montes Claros.
35
Análise 03 - Uso/finalidade das edificações do entorno. Mapa retirado na Prefeitura Municipal de Montes Claros.
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Análise 04 - Dimensões do terreno e análise topográfica. Mapa retirado na Prefeitura Municipal de Montes Claros.
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Imagem 28 – Esquema elaborado por meio de implantação disponível na Prefeitura Municipal de Montes Claros, 2015.
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Image
m 29 – Seta indica local que terá entrada privada de colaboradores ao MAO-MOC. Fonte: Arquivo do autor, 2015.
Imagem 30 – Fachada da Avenida Cula Mangabeira, será adaptada para entrada de visitantes. Fonte: Arquivo do autor, 2015.
39
Image
m 31 – Nó viário no entorno direto do terreno, exposto na Imagem 28. Fonte: Arquivo do autor, 2015.
Image
m 32 – Nítida a diferença de nível topográfico trabalhado no terreno. Fonte: Arquivo do autor, 2015.
40
Image
m 33 – Vista lateral esquerda da edificação, nitidamente degradada. Fonte: Arquivo do autor, 2015.
41
Image
m 34 – Fachada encoberta por árvores, o paisagismo será repensado. Fonte: Arquivo do autor, 2015.
PROGRAMA DE NECESSIDADES
Por se tratar de um Museu de Arte e Ofício, edificação voltada à exposições de arte,
artefatos, utensílios, entre outros, a mesma recebe muito mais visitantes que colaboradores,
foi escolhido o acesso mais visado aos visitantes (De acordo com a Imagem 28). Para os
colaboradores a idéia é uma entrada mais discreta direto ao subsolo pela fachada contrária,
com estacionamento privativo, onde cria-se então o fluxo de entrada e saída dos mesmos.
Inclusive direto ao subsolo por ser onde irá ficar locada toda a parte Administrativa, Técnica,
Reserva Técnica, entre outras, ficando assim mais direto o acesso para a maior parte dos
colaboradores.
Foi estabelecido um fluxo para as exposições permanentes e temporárias de forma que
se agrupem com os seus tipos mais similares nos pavimentos (1º, 2º e 3º pavimento) do
Museu, além de Oficina de Arte e uma Livraria com espaço para leitura locada no subsolo
para além do aspecto de serviço que apresenta o mesmo pavimento, ele também tenha um
caráter educativo. A edificação também será contemplada com uma área expositiva aberta e
uma área verde, funcionando como espaço de convivência em seu exterior, próximo ao
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estacionamento (De acordo com a Imagem 28). Segue Programa de Necessidades Básico no
ANEXO III.
Setorização por pavimento
Imagem 35 – Setorização do MAO-MOC em seus pavimentos. Formato da edificação e terreno adquirido na Prefeitura
Municipal de Montes Claros, 2015.
Funcionograma/Fluxograma
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Imagem 36 – Funcionograma do MAO-MOC. Fonte: Arquivo do Autor, 2015.
EXIGÊNCIAS PSICOLÓGICAS
Montes Claros, terra onde viveram e também nasceram diversos artistas e intelectuais
de renome e importância nacional e internacional como: Beto Guedes, Ciro dos Anjos,
Godofredo Guedes, Elthomar Santoro, Darcy Ribeiro. Cidade dos Catopés, Marujos e
Caboclinhos. Possui seu patrimônio histórico pobremente preservado. Não possui casas de
espetáculos, e também não possui um museu em escala digna de sua grandeza cultural. A
proposta do Museu de Artes e Ofícios de Montes Claros é para preencher este vazio cultural
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que tem na maior cidade do Norte de Minas, e educar novas gerações sobre artes e ofícios de
seus antepassados que poderiam até cair no esquecimento.
Situada no maior país católico do mundo, Montes Claros não é diferente, de acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE em Censo realizado em 2000,
Montes Claros tem 77,13% de sua população católica.
Tal projeto viria principalmente para educar novas gerações já interessadas em estudos
e pesquisas na área afim, além de trabalhar também como atração turística para a cidade que
precisa de investimento nesta categoria e começar a influenciar os mais novos (crianças, pré-
adolescentes e adolescentes) a dar valor na conservação e disseminação da nossa história
local. Pensando nisso o gráfico abaixo vem ilustrar o usuário foco do MAO-MOC (Museu de
Arte e Ofício de Montes Claros):
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Entre 11 e 16 anos Entre 17 e 21 anos Entre 22 e 35 anos Entre 36 e 66 anos
Imagem 37 - Gráfico indica número de visitas estimadas por semana x idade média dos visitantes. Com base em
levantamento de número de entidades de ensino em Montes Claros pesquisados.
Além de todo o caráter educativo, o MAO-MOC também geraria receita através dos
investidores, de preferência locais, que empreendessem nos espaços comerciais e de
restaurante, as visitas guiadas seriam gratuitas e ocorreriam várias vezes por dia. Além dos
espaços citados à cima, o MAO-MOC geraria receita também através das salas de aluguel e
conferência em seu interior, exposições temporárias de âmbito privado, espaços multiuso, e
oficinas de arte.
EXIGÊNCIAS TÉCNICAS E ECONÔMICAS
Por se tratar de uma revitalização e novo uso, de uma edificação que não reforce o
partido arquitetônico eclético que é desejado para o MAO-MOC, e encontra-se em mal estado
de conservação, serão empregados materiais que fortificam a atividade final consolidada no
edifício. Pinturas acrílicas com texturas que ampliam a vida útil da tinta da fachada, o uso da
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tinta irá concordar com formas em gesso, madeira, argila, pedra e o uso de ladrilhos
hidráulicos que têm poder maior de comunicar o visitante com os ofícios e edifícios antigos
da região.
A definição de estruturas, coberturas e alvenarias, em nível de relatório técnico,
anterior ao estudo preliminar, posteriormente poderá sofrer alterações. Porém, como a
edificação já tem tais elementos definidos, pode-se precisar alguns pontos. Os pilares
existentes na edificação alcançam vãos benéficos ao futuro uso da edificação, em torno de 7 a
8 metros eixo à eixo, e têm o formato médio de 0,25x50 metros. As vigas têm a altura de
aproximadamente 0,55 metros, lajes com espessura próxima aos 0,22 metros. Tais elementos
não serão prejudiciais ao uso futuro da edificação, pois permitem vãos extensos que são
necessários para algumas exposições. De acordo com REBELLO (2000, p. 102 e 114) as
vigas empregadas para o MAO-MOC estão na faixa que possibilitam tais vãos, e os pilares
também se encontram na faixa apropriada. Segue tabela que demonstra melhor as informações
citadas neste tema em destaque:
Materiais empregados Vigas Pilares Coberturas e Lajes
Fachadas e interiores serão Em Em concreto Lajes maciças com
adornados por elementos em: concreto com medidas espessura próxima
gesso, madeira, pedra, argila com altura de 0,25x0,50 aos 0,22 metros,
e ladrilhos hidráulicos. O uso aproximada metros. telhado colonial com
de tinta acrílica será também de 0,55 captadores solares
considerado. As vedações metros. encobridos.
serão feitas com tijolo
cerâmico.
EXIGÊNCIAS LEGAIS
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem-se a NBR 9050/2004 que
dispõe sobre “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”, a
qual determina as dimensões mínimas a serem adotadas para “construções acessíveis”. Para o
MAO-MOC deverão ser levados em considerações vários parâmetros da norma, porém vale
destacar alguns, tais como:
“Parâmetros antropométricos”, em observação ao subitem 4.3.1, irá ser adotado no
MAO-MOC para todos os deslocamentos em linha reta, corredores e espaços internos
o modelo “c”. Segue imagem abaixo:
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Imagem 38 – Fonte: NBR 9050/2004.
Para manobras de cadeira de rodas, com deslocamento, será respeitado o item 4.3.4
(figura 3), e sem deslocamento, o item 4.3.3 que orienta:
a) para rotação de 90° = 1,20 metros x 1,20 metros;
b) para rotação de 180° = 1,50 metros x 1,20 metros;
c) para rotação de 360° = diâmetro de 1,50 metros.
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Imagem 19 – Fonte: NBR 9050/2004.
Conforme todos os subitens oriundos do tópico 6.9.2, as portas devem ter um vão
mínimo de 80 centímetros de largura por 2,10 metros de altura, com maçanetas do tipo
alavanca instaladas a uma altura entre 0,90 metros e 1,10 metros.
De acordo com o item 5 “Comunicação e sinalização”, a indicação de acessibilidade
dos espaços da edificação, mobiliários e equipamentos urbanos será feita por meio do
símbolo internacional de acesso conforme subitem 5.4.1.1. Os símbolos internacionais
de sanitários expressos no item 5.4.4.1 também serão considerados. Do item 5.6
deverão ser observados todos os casos de sinalização tátil como as em Braile com
caracteres ou figuras em relevo em acessos de sanitários, corrimãos de escadas, planos
e mapas táteis, degraus, piso (alerta e direcional). Considera-se também dispostos nos
itens 5.15.1 e 5.15.2 que regulamentam sinalização de emergência e especificamente
alarmes sonoros, respectivamente.
Para corrimãos e guarda-corpos, o item 6.7 orienta que estes devem ser instalados em
ambos os lados de escadas e rampas. Vale ressaltar:
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6.7.1.4 Os corrimãos laterais devem prolongar-se pelo menos 30 cm
antes do início e após o término da rampa ou escada, sem interferir
com áreas de circulação ou prejudicar a vazão. Em edificações
existentes, onde for impraticável promover o prolongamento do
corrimão no sentido do caminhamento, este pode ser feito ao longo da
área de circulação ou fixado na parede adjacente, conforme figura 86.
No que se trata da NBR 9050/2004, para o MAO-MOC no item 6.12 “Vagas para
veículos”, já que o mesmo terá estacionamento. Além de exigências como sinalizações
verticais e horizontais, deve-se criar um espaço adicional de circulação com no mínimo 1,20
metros de largura, e também estar de acordo com a tabela 7 da norma referida:
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Imagem 42 - Extraída da NBR 9050/2004.
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Na Subseção I “Dos Corredores, Escadas e Rampas”, institui-se que para corredores
coletivos, escadas e rampas a largura mínima a adotar é 1,20 metros, nas edificações com três
ou mais pavimentos, a escada será obrigatoriamente construída de material incombustível e se
estenderá ininterruptamente do pavimento térreo ao telhado ou terraço. A altura máxima do
espelho dos degraus é de 19 centímetros, piso mínimo de 25 centímetros, o máximo de
degraus sem patamar intermediário é 19, a largura mínima do patamar intermediário é de 1
metro, pé direito mínimo de degrau à superfície direto do teto é 2,10 metros.
Conclui-se então ressaltando acerca do Código de Obras e Edificações de Montes
Claros, além do supramencionado deverá também ser demonstrada a viabilidade de acesso,
movimentação, distribuição e localização das áreas de estacionamento. Largura mínima da
vaga de estacionamento é 2,50 metros e área total de 12,5 m².
Sobre a Lei nº 4.198, de 23 de Dezembro de 2009, Dispõe sobre o Uso e Ocupação
do Solo em Montes Claros, classifica o MAO-MOC como “Institucional Metropolitano” no
Art. 18, inciso III. Em observância ao Mapa de Zoneamento de Montes Claros/MG o terreno
encontra-se numa ZC-1 (Zona Comercial – 1), onde é habilitado na Lei 4.198/2009 nenhum
modelo de assentamento para “Institucional Metropolitano”. Mas, como a edificação vai ser
apenas restaurada e mudada seu uso, é algo já edificado, será dotada de estacionamento
interno, e receberá um fluxo bem menos intenso que o da então hoje instalada Prefeitura
Municipal de Montes Claros, será adotado o MA-15 (Modelo de Assentamento 15) disponível
para “Institucional de Bairro”.
No MA-15 não existem limitações quanto ao número de pavimentos ou a altura
máxima das edificações. Dispõe-se também no MA-15:
Modelos/ Tx. Coef. De Afast. Afast. Afast. Vaga de
Limites Ocupação Aproveit Lateral Fundos Frontal garagem
amento
MA-15 50% 4,0 2,00m 2,00m 5,00m -
Como o MAO-MOC será dotado de restaurante, segue informações que deveram ser
aplicadas à área de alimentação e preparo de alimentos, de acordo com a Resolução-RDC nº
216/2004 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária):
Não optar por material de acabamento para paredes, pisos e tetos que propiciem
goteiras, mofos, infiltrações, rachaduras e descascamentos.
As janelas devem possuir telas.
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As caixas de gordura e esgoto devem estar locadas fora das áreas de preparo e
armazenamento de alimentos.
Sempre haver rede de esgoto ou fossa séptica.
Toda a parte da cozinha e armazenagem deve ser bem iluminada e ventilada, e as
lâmpadas devem estar protegidas contra quebras.
Os banheiros e vestiários não podem se comunicar diretamente com a cozinha ou com
áreas de armazenamento de alimentos.
Da Portaria nº 001/2015, Empresa Municipal de Planejamento, Gestão e
Educação em Trânsito e Transportes de Montes Claros – MCTrans, determina ao
MAO-MOC:
Classifica-se como P2 (Área construída acima de 1.500m²).
Deverá ter 1 vaga de estacionamento para cada 25m² de área construída computável, 1
vaga de veículo de carga leve e 35% para motos.
Extensão para acomodar 3% do número de vagas de estacionamento de automóveis
ofertadas. Considerar 5,00 de comprimento para um veículo comum. Faixa de
acomodação com largura mínima de 2,75m.
CONCEITO
Uma viagem no tempo, uma forma rebuscada, uma releitura do que era estilo, do que
era ofício, do que é arte. Uma maneira de educar e instigar até quem por ali só passar.
O MAO-MOC será inspirado na arquitetura eclética brasileira. Que teve bastante força
entre meados do século XIX até algumas décadas do século XX. É o estilo que consegue
misturar estilos passados para criar uma linguagem ousada de arquitetura. A ideia é misturar
bastantes características clássicas, barrocas, coloniais da região norte mineira, e dar uma
roupagem eclética de Brasil (século XIX-XX). Então o conceito é: REMONTAGEM DA
ARQUITETURA ECLÉTICA BRASILEIRA.
PARTIDO ARQUITETÔNICO
Grandes obras foram analisadas para definir o partido desejado e que foram e serão
usadas durante o decorrer deste projeto como inspiração e modelo. Nos primeiros esboços de
volume e estudos cromáticos para criar uma identidade ao edifício, chega-se a um estudo base
para o que seria a fachada principal do edifício (ANEXO IV).
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CONCLUSÃO
O edifício do Museu de Artes e Ofícios de Montes Claros - MG terá uma identidade
conservadora diante de seu entorno. Por estar numa região que muito cresce e se desenvolve
fisicamente e economicamente, porém não possui a mesma veemência para preservar sua
história contada pelas edificações, ruas e mobiliários urbanos, o estilo eclético será remontado
à edificação que passará por muitas alterações estéticas, porém não estruturais. O MAO-MOC
tem seu estilo estético definido nas características ecléticas, mas com aproveitamento da
estrutura já existente que se fará bem eficiente ao uso da edificação por se tratar de uma
estrutura resistente e versátil.
O programa de necessidades à primeira vista parece bastante extenso, mas ao analisar
a história local, nota-se que a região Norte Mineira é e sempre foi rica economicamente e
culturalmente falando, então sempre existiram diversos tipos de ofícios que se destacavam na
região e até muitas vezes para fora da região. Então é complexo selecionar entre tantas as
principais atividades para serem colocadas em exposição, por isso foram escolhidas de forma
que agrupem e abranjam algumas em apenas um setor/exposição.
A área verde externa terá caráter contemplativo, e paisagismo trabalhado de forma que
servirá de área de convivência e descanso aos visitantes, igual o que é planejado para o estudo
de caso internacional deste trabalho, o mesmo tem uma área de descanso com vista
contemplativa, porém com vista para o mar.
Para a área expositiva externa é pensado algo com vídeos em painéis que contam
histórias da região com importância ao museu. Os fluxos foram divididos da melhor forma
dentre as analisadas, a entrada de visitantes e colaboradores não se cruzam, a edificação não
contará com muitos acessos distribuídos por ela, pois prejudicam o controle de entrada e saída
da edificação e da segurança.
Como é colocado neste trabalho, Montes Claros - MG precisa de um espaço cultural
com tamanha expressão, para resgatar tais memórias junto às novas gerações, e preencher
uma lacuna artística cultural que possui em seu desenvolvimento social. Em termos sociais
vale destacar o poder de integração que edifícios deste gênero têm para fazer a ligação e
inserção de pessoas com educação e conhecimento, acessível também às pessoas à margem do
desenvolvimento econômico-social que ocorre na região.
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