Maria José Lobo Antunes (Lisboa, Mais de quatro décadas após a desmobilização da Com- Este livro não procura
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1971) é doutorada em Antropologia panhia de Artilharia 3313, Regressos Quase Perfeitos — Memó verdade de uma época – pretende pela Universidade Nova de Lisboa, rias da Guerra em Angola revisita os últimos anos da guerra antes reconstruir os caminhos sinuosos e investigadora do CRIA — Centro colonial. que cruzam memórias individuais e em Rede de Investigação em colectivas, informais e oficiais, de uma Antropologia. Viveu seis meses com Durante cinco anos, Maria José Lobo Antunes entrevis- guerra tornada anacrónica com a queda uma companhia de circo, onde fez tou dezenas de antigos militares de uma companhia do do regime. o trabalho de campo do seu mestrado exército, assistiu aos seus almoços anuais, pesquisou os no Instituto de Ciências Sociais da arquivos oficiais, e cruzou estas memórias com o retrato Memórias que escondem, revelam, Universidade de Lisboa. Deu aulas que António Lobo Antunes, médico do batalhão, deixou negoceiam e reescrevem a história de no Departamento de Antropologia da nas cartas de guerra que escreveu à mulher e na sua obra um conflito que marcou para sempre Faculdade de Ciências e Tecnologia literária. os que nele combateram. da Universidade de Coimbra e trabalhou com os Médicos do Mundo. Um ensaio sobre a memória da guerra que articula docu- «A guerra colonial portuguesa Como investigadora, participou em mentos oficiais, episódios pessoais e recordações par- é, hoje, um país estrangeiro. (…) vários projectos dedicados a temas tilhadas nos almoços de confraternização, procurando Tornado estrangeiro pela passagem como as identidades, as migrações conferir-lhes sentido. do tempo, só podemos aceder a este e as minorias étnicas. país através dos despojos que dele restam. Compreender a guerra a mais de quatro décadas de distância «À evocação da juventude gasta na guerra e da perda de implica, por isso, a reconstrução de homens segue-se a promessa de que nenhum deles mor- um complexo jogo de memórias, desde rerá enquanto o último dos camaradas estiver vivo para as versões públicas do conflito até o lembrar. […] O discurso termina com a afirmação do às narrativas dos militares que nela laço que os une: a camaradagem. Como um segredo bem combateram.» guardado, a camaradagem só pode ser compreendida por quem passou pela guerra: ‘Uma pessoa tem irmãos de san- gue, nós somos irmãos de alma.’»