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-Não me vejo inclusa na sociedade, me sinto excluída e sinto que preciso de mais direitos dos quais foram
tomados da minha etnia.
-Sim, aos 12 anos fui chamada de "negrinha" pela mãe de um amigo, branca e cis, com 9/10 chamaram meu
cabelo de "duro". E após casada com meus filhos, no meu condomínio parou um carro e me perguntou se eu
era empregada, e quando lhe disse que sou moradora, ele disse que não me via como tal.
Em algum momento sentiu que sua cor interferiu ou interfere em sua vida profissional, amorosa ou
estudantil?
-Quando fui fazer uma entrevista para uma empresa, meu currículo possuía diversas experiências, passei com
classificação em todos os testes e perdi a vaga na época para uma amiga minha na época, branca. Era seu
primeiro emprego, não possuía experiências, não entendi o conceito, me negaram explicação e nunca mais
me telefonaram. Em todos meus relacionamentos com homens brancos, sofri racismo, e fui traída com
mulheres brancas, a solidão da mulher negra ainda é real. E na escola todas as meninas brancas saíam de perto
de mim, faziam piadas sobre meu cabelo, minha aparência em si.
Visto do preconceito sofrido, pensou em alterar sua aparência? Desejou ter nascido de outra forma?
-Sim, passei diversas químicas no cabelo, cresci odiando meu cabelo, ainda é difícil aceitar, é um processo
que tento vencer todos os dias. Já chorei muitas vezes em todos os episódios de racismo, de injúria racial, e
em todos os momentos eu desejava ter nascido branca.
Como encara o racismo em sua vida atual? E como fez para superar os corridos?
-Hoje em dia aprendi a me defender, aprendi a reagir e a me posicionar, reerguendo a cabeça e tornando
minha luta mais intensa, por mais que ainda seja difícil. Ainda não superei por completo, ainda tenho receios
e traumas carregados dentro de mim, mas me inspiro cada dia mais na mulher que me torno, uma guerreira.
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