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PATROCÍNIO MÁSTER
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Sábados, 18h P. 5
P. 12
CAROS AMIGOS E AMIGAS Fabio Mechetti
BEETHOVEN, do mito ao homem
26 SETEMBRO P. 71 FABIO MECHETTI, regente
TEO GHEORGHIU, piano
Abertura Leonora nº 2, op. 72a
P. 20 OS CONCERTOS de Beethoven Concerto para piano nº 6 em Ré maior, op. 61a
P. 26 AS SINFONIAS de Beethoven Sinfonia nº 6 em Fá maior, op. 68, "Pastoral"
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FORA DE SÉRIE CAROS AMIGOS E AMIGAS
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
FABIO
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor entre outras. É convidado frequente dos festivais de Brasília e Paraná e as municipais de
Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park São Paulo e do Rio de Janeiro.
MECHETTI
de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse em Chicago e Chautauqua em Nova York. Trabalhou com artistas como Alicia
trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 de Larrocha, Thomas Hampson,
na categoria Melhor Regente brasileiro. Recentemente, Realizou diversos concertos no México, Peru e Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
diretor artístico e tornou-se o primeiro brasileiro a ser convidado a Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
regente titular dirigir uma orquestra asiática, sendo nomeado de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na Europa regeu a Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia e a Orquestra Kathleen Battle, entre outros.
Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse, da Rádio e TV da Espanha. Dirigiu também a
da Orquestra Sinfônica de Spokane e da Orquestra Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra Igualmente aclamado como regente
Sinfônica de Jacksonville, sendo, agora, Regente Emérito Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de de ópera, estreou nos Estados Unidos
destas duas últimas. Tampere, na Finlândia. dirigindo a Ópera de Washington.
No seu repertório destacam-se
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Vencedor do Concurso Internacional de Regência produções de Tosca, Turandot,
Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte,
ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio regularmente na Escandinávia, particularmente a Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha,
norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, La Traviata e As Alegres Comadres
foi Regente Residente. Suécia. Recentemente, estreou na Itália conduzindo de Windsor.
a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2015 dirigirá a
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York Orquestra Sinfônica de Odense, também na Dinamarca. Fabio Mechetti recebeu títulos de
conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem Mestrado em Regência e em
dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, Composição pela prestigiosa
de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Juilliard School de Nova York.
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FORA DE SÉRIE FABIO MECHETTI FORA DE SÉRIE FABIO MECHETTI
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Beethoven
DO MITO AO HOMEM
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FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
romântico que procurou pintar e mais proveitoso foi o contato
o retrato de um artista maldito e com Salieri, com quem estudou
incompreendido. de 1794 a 1800. A partir de então,
começa a se firmar como compositor
Vindo de Bonn – cidade alemã, e instrumentista. Sua fama de
medíocre política e culturalmente à grande improvisador ao piano já é
época – para, em 1792, estabelecer-se notória. Sua ascensão é progressiva e
em Viena, o maior centro cultural ininterrupta. De uma obscura cidade A pequena cidade de
Bonn, às margens
e musical da Europa de então, do principado de Colônia, esse jovem
do rio Reno, onde
Beethoven soube construir seu lugar de origem humilde soube se impor ao Beethoven nasceu e
viveu até os 22 anos.
entre vultos já lendários como os maior centro musical da Europa e se
(Imagem de Laurenz
de Mozart e Haydn, cuja música tornar lenda ainda em vida. Janscha e J. Ziegler)
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FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
Desde muito cedo Beethoven Sobre esta última obra cabe um
assume essa postura de grande breve comentário. Embora
responsabilidade diante do ofício Beethoven faça frequentemente
de artista criador. Por isso a clássica uso do contraponto e da fuga em
tripartição das fases de Beethoven, obras de sua última fase (notem-se,
proposta por F. J. Fétis e W. von Lenz, por exemplo, o ciclo dos últimos
se mostra frágil. Nessa tripartição, quartetos de cordas e a sonata
a primeira fase, que iria de 1800 op. 110), há críticos que veem na
a 1802, mostra um Beethoven que Missa Solemnis uma releitura,
ainda se atém à linguagem clássica, consciente ou não, muito peculiar Milhares de
sob a ascendência de Haydn, embora – muito beethoveniana – da grande vienenses foram
se despedir de
já demonstre aspectos muito pessoais. polifonia franco-flamenga de Beethoven em seu
Anterior a essa fase, porém, estão, Josquin des Prez e Ockeghem. funeral. (Aquarela de
Franz Xaver Stöber)
por exemplo, três sonatas para Outros críticos, porém, associam
piano, compostas entre 1782 e 1783 essa obra à tradição polifônica pela
– portanto, não incluídas na série exploração que o compositor aí faz do
canônica das trinta e duas sonatas sentido de espacialidade. Associações Nesse campo, ele foi determinante para maneira as formas tradicionais, que
para piano –, que já ensaiam, dentre à parte, é certo que Beethoven os gêneros mais significativos: sem elas pareceriam eternas às gerações
outras obras, a própria Sonata mais uma vez logra transcender falar das sonatas para piano, citem-se que o sucederam.
Patética, op. 13, a qual, por sua vez, a linguagem clássica, dessa vez categoricamente seus quartetos de
em muitos aspectos distancia-se da propondo um olhar contemporâneo cordas, suas sonatas para violino e Beethoven foi o grande fantasma
linguagem genuinamente clássica. sobre o passado musical de que é piano, suas sonatas para violoncelo do Romantismo... E somente com
herdeiro, reelaborando-o. e piano, seus trios com piano, para Debussy e Stravinsky a música do
A segunda fase iria de 1803 a 1815. não mencionar as sinfonias. Destas, a Ocidente conseguiu, definitivamente,
Nela, notam-se certas investidas A tripartição das fases de Beethoven última, pelo uso das vozes humanas, o com grande deferência, afastar-se
formais, alterando a forma sonata, a é, portanto, uma organização que, dentre outros aspectos, transcende dele. Beethoven é o primeiro músico
substituição do minueto pelo scherzo esquemática e cômoda, que agrupa o conceito clássico. cuja atividade criadora foi assumida
e uma série de experiências na a sua obra de forma didática. Mas, e não delegada e, cônscio disso,
linguagem pianística e na linguagem para um observador atento, há nela Beethoven foi o grande surdo que subverteu as relações entre a música
orquestral. Na última fase, que muitas contradições. a civilização ocidental fez entrar e a sociedade, nas palavras de Roland
vai de 1815 a 1826, Beethoven, já em sua mitologia. Paradoxalmente de Candé, “desviando sua arte de seu
completamente surdo, demonstra É de se mencionar ainda que, ao o último dos clássicos e o primeiro destino aristocrático para se dirigir à
certa abstração e maior ruptura contrário de Mozart, a quem tanto dos românticos, foi testemunha da humanidade inteira”.
em relação às formas clássicas, admirava, e cujo gênio dramático- fronteira entre duas eras. Seu papel
criando obras às vezes de proporções vocal se mostrava quase que em cada histórico é capital: transcendendo
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
monumentais, como a Grande Fuga, uma de suas inflexões, Beethoven o Classicismo, foi o norte e o farol
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
as sonatas op. 106 e 111, a Nona encontra seu caminho mais genuíno do Romantismo, dando exemplo de professor da Universidade do Estado de Minas
Sinfonia e a Missa Solemnis. de expressão na música instrumental. todas as superações e ampliando de tal Gerais e da Fundação de Educação Artística.
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FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM FORA DE SÉRIE BEETHOVEN, DO MITO AO HOMEM
Litogravura de Joh. P. Ilustração de Joh. Ne.
Lyser (cerca de 1823). Hoechle (1823).
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OS CONCERTOS
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OS CONCERTOS
de Beethoven
Na época de Beethoven, dois eram de uma renda estável como professor violino (Beethoven criou também do qual mais integralmente
os espaços disponíveis em Viena de música, para os membros da uma versão desse concerto para Beethoven se expressava.
para apresentações musicais públicas: alta sociedade. piano e orquestra), o Tríplice
os teatros, destinados às óperas; e as concerto – para violino, violoncelo Curiosamente, além de serem
igrejas, que abriam suas portas para A partir do século XVIII praticamente e piano solistas e orquestra – e dois pouco numerosas, trata-se de obras
apresentações de obras sacras. todo compositor soube valer-se romances para violino e orquestra. compostas quando Beethoven era
Como não existissem salas de das potencialidades artísticas e ainda relativamente jovem, entre
concerto, as apresentações públicas de profissionais do concerto. Com Sua opção preferencial pelos os anos 1789 e 1810, isto é, dos
música instrumental, chamadas Beethoven não foi diferente. Mas, se concertos para piano se explica dezenove aos quarenta anos de
de Academia, aconteciam, no início do século XIX a aristocracia pelo fato de ter sido o piano seu idade. Não se deve, com isso,
geralmente, em teatros, cassinos ainda exercia uma grande influência instrumento de predileção, através inferir que ele não apreciasse
ou apartamentos particulares. na formação do gosto do público,
a classe média, que constituía
Nessas Academias, um gênero gozava uma grande parcela da plateia, já
de destaque, pelo seu caráter quase vinha conseguindo fazer valer suas
sempre espetacular: o concerto. preferências. Beethoven era bem
O concerto é um tipo de composição consciente das oscilações do público
surgida na Itália por volta da em Viena. Algumas de suas obras,
segunda metade do século XVII tais como a Sinfonia Eroica, foram
que consiste, grosso modo, em um compostas tendo o autor em mente,
diálogo musical entre um ou mais em primeiro lugar, algum membro da
solistas e a orquestra. Os concertos aristocracia, que detinha, por algum
eram a via perfeita de apresentação tempo, os direitos de execução privada
dos talentos de um músico, tanto da obra. Quanto aos concertos, foram,
como compositor e como intérprete. de forma geral, compostos para o Beethoven também
era admirado
Se como compositor o concerto o consumo da classe média.
como pianista
ajudava a abrir as portas da fama, o de interpretação
enérgica. Na
sucesso adquirido como intérprete, Das obras acabadas de Beethoven,
imagem, fortepiano
a partir do concerto, lhe abria as restaram-nos, para solistas e presenteado por
Thomas Broadwood,
portas dos salões aristocráticos, orquestra, apenas cinco concertos
importante fabricante
assim como efetivas possibilidades para piano, um concerto para da época.
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FORA DE SÉRIE OS CONCERTOS DE BEETHOVEN FORA DE SÉRIE OS CONCERTOS DE BEETHOVEN
Três dias após a morte
de Beethoven, Hoechle
ilustrou seu estúdio,
em sua casa, no
Schwarzspanierhaus.
(Historical Museum,
Viena)
o gênero, ou que tenha deixado de pelo compositor, respectivamente, piano op. 61a). Trata-se de duas obras-
apreciá-lo com a idade. ao solista e à orquestra. primas que se encontram entre as
mais importantes do gênero em todos
É bom lembrar que Beethoven ficou Os dois romances para violino e os tempos. Embora extremamente
surdo relativamente cedo, havendo orquestra (1798 e 1802) serviram a virtuosísticos, o equilíbrio entre
suas aparições como solista, por Beethoven como uma importante solista e orquestra encontra seu
essa razão, se tornado cada vez mais preparação para o Concerto para ponto alto com estes dois concertos.
escassas. Os esforços do compositor violino. Os romances também A estreia do Concerto para piano
se voltaram então para os gêneros em possuem numeração invertida, nº 4, em 22 de dezembro de 1808,
que o exibicionismo dos solistas cedia assim como no caso dos dois marca a despedida de Beethoven dos
lugar ao conteúdo expressivo da primeiros concertos para piano. palcos como solista. Sua surdez já se
obra, tais como a sinfonia e a encontrava bem avançada.
música de câmara, de modo especial A partir do terceiro concerto para
o quarteto de cordas. A música piano (1801) a voz interior, muito O Concerto para piano nº 5, em
tornava-se mais importante do que o pessoal, de Beethoven começou a se Mi bemol, composto em 1810, é seu
intérprete que a executava. fazer presente. Embora se trate, ainda, último concerto. Completamente
de uma obra dos chamados anos de encontramos um Beethoven no início surdo, Beethoven jamais o executará
Os dois primeiros concertos para juventude, as inovações desse concerto de seus anos de maturidade. Aqui o em público. Aos quarenta anos de
piano foram compostos como veículo fizeram dele um modelo para o domínio da forma e a liberdade do idade Beethoven nos presenteia
para o jovem compositor apresentar- gênero, graças ao equilíbrio formal e criador são evidentes. O século XVIII com o mais grandioso, mais
se como pianista virtuoso, tanto em à associação entre o virtuosismo do ficou para trás e poder-se-ia dizer imaginativo e mais original de seus
Bonn quanto, mais tarde, em Viena. solista, que passa a ser o protagonista que, em 1803, Beethoven inaugura o concertos. Uma música composta
O Concerto para piano nº 2 foi da cena, e o papel da orquestra, que, século XIX. para toda a humanidade. Uma vida
composto em 1789, aos dezenove com seu sinfonismo exuberante, deixa dedicada a enriquecer o mundo com
anos de idade, e o Concerto para piano de ser um mero acompanhador para No ano de 1806 Beethoven compõe uma beleza da qual ele já não pode
nº 1 em 1797, aos vinte e sete anos –, assumir um papel de destaque no dois importantes concertos: o mais desfrutar.
sendo que a numeração refere-se discurso musical. Concerto para piano nº 4 e o Concerto
à data da publicação. É evidente a para violino (o arranjo, para piano
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
influência de Haydn e Mozart em Com o Concerto Tríplice (1803), obra e orquestra, feito pelo próprio
Música pela Unicamp, professor na Escola de
seus primeiros concertos, tanto na contemporânea à Sinfonia Eroica, à Beethoven, data da mesma época, e Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
forma como nos papéis destinados Sonata Kreutzer e à Sonata Waldstein, veio a se denominar Concerto para floridos não voam e Música menor.
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FORA DE SÉRIE OS CONCERTOS DE BEETHOVEN FORA DE SÉRIE OS CONCERTOS DE BEETHOVEN
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AS SINFONIAS
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AS SINFONIAS
de Beethoven
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FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
ao máximo as possibilidades um discurso onde a exposição
expressivas da música puramente dos temas e o desenvolvimento se
instrumental. E é interessante apresentam em conjunto). Nesses
observar que, sob esse aspecto, primeiros movimentos, o pensamento
o talento beethoveniano diferia instrumental do compositor interfere
radicalmente das características da principalmente na articulação das
personalidade deseu ídolo Mozart, duas ideias constituintes da forma.
autor eminentemente teatral e vocal Haydn frequentemente os relacionava,
em qualquer gênero que abordasse. derivando o segundo do primeiro.
O músico de Bonn, em pleno século Beethoven, ao contrário, valorizou a
Theater an der
XVIII, imbuído de um conceito diferenciação entre o caráter dos dois
Wien, onde foram
já romântico, empenhou-se em temas principais pelo contraste apresentadas
muitas obras de
demonstrar que as formas rítmico, instrumental e pela distância
Beethoven. (Gravura
puramente instrumentais seriam das relações tonais entre eles. contemporânea)
capazes de exprimir ideais e Explorando o conflito das ideias
sentimentos profundos. antagônicas contidas em dois temas lógica motriz que continuamente moto é um conjunto de variações
opostos, o compositor transforma impulsiona a música, construindo a ligadas por misteriosas passagens
Quanto ao número de movimentos, seus desenvolvimentos em um totalidade da obra como expressão modulantes. A “Cena às margens
Beethoven seguiu o modelo das processo dialético de grande tensão. completa e única. Essa coerência do riacho”, Andante molto mosso
sinfonias londrinas de Haydn (apenas Os movimentos tornam-se assim interna, perceptível em cada uma da Pastoral, abre espaço a algumas
a Pastoral tem cinco movimentos, necessariamente longos – a Eroica é das sinfonias, desde a Primeira intenções descritivas e intervenções
com os últimos três encadeados muito mais longa e mais complexa até a Nona, acentua-se ainda mais imitativas (o próprio Beethoven
sem interrupção). Outra herança do que qualquer sinfonia composta pela ligação direta entre alguns menciona na partitura o canto
haydniana são os prelúdios lentos, que, antes dela, com o imenso primeiro movimentos (os dois últimos da dos pássaros: a flauta se faz de
utilizados anteriormente em sonatas movimento repleto de material sinfonia 5 e os três últimos da 6). rouxinol, o oboé imita a codorniz
para piano do próprio Beethoven, temático e extraordinária amplitude e o clarinete, o cuco). As duas
iniciam as Sinfonias números 1, 2, tonal. No final de cada primeiro Os movimentos lentos mantêm, nas sinfonias seguintes não possuem
4 e 7. A Terceira usa apenas dois movimento, a coda beethoveniana sinfonias de Beethoven, o caráter movimentos lentos: o Allegretto da
acordes introdutórios. As Sinfonias 5 ganha proporções de um segundo essencialmente melódico, mas Sétima, com caráter de marcha,
e 6 não têm introdução, e a Nona se desenvolvimento, ressaltando a se adaptam formalmente a uma mantém em primeiro plano o
inicia com dezesseis compassos que última aparição do tema vitorioso função bem determinada pelo interesse rítmico que domina toda
preparam nebulosamente a súbita com insistentes afirmações tonais contexto da obra – daí, portanto, a sinfonia. O Allegretto scherzando
explosão da primeira ideia. (a Quinta, por exemplo, apresenta serem tão diferenciados (ou mesmo da Oitava, deliciosamente divertido,
uma série bombástica de redundantes suprimidos). A visionária e trágica traz um acompanhamento mecânico
Os primeiros movimentos das acordes de tônica). Marcha fúnebre, Adagio assai da para a saltitante melodia, provável
sinfonias de Beethoven estão escritos Terceira, talvez seja o movimento homenagem a Mälzel, inventor do
na forma de sonata clássica (com Na sequência das várias seções lento mais célebre de todas as metrônomo. Finalmente, o Adagio
exceção da Nona, que apresenta dos outros andamentos, há uma sinfonias. Na Quinta, o Andante con molto e cantabile, terceiro movimento
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FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
da Nona, tem uma forma comum aos dos finais da Primeira e da Quarta em sua reflexão sobre a função à expressão mais intimista do
últimos quartetos do compositor – sinfonias (que se inscrevem na pública e o poder instrutivo da Arte Romantismo – reduzindo as
consiste em um lied de profundidade tradição vienense) e o da Sexta (com para a sociedade e os indivíduos, proporções dos movimentos
e intensidade inigualáveis, formado seus títulos descritivos), os restantes conduzindo-os a níveis mais elevados intermediários, tomaram como
pela alternância de dois temas, suas possuem uma tensão e um clímax de comportamento e convivência. modelo principalmente a Quarta e
variações e interlúdios. incontestáveis. a Oitava. Em outra vertente, Berlioz
Depois do sucesso da estreia da Nona e Liszt, muito influenciados pela
O movimento de dança dentro Em 1824, em Viena, com a estreia da Sinfonia – com sua conclamação Sexta, adotaram os programas
da sinfonia sofre uma sensível Nona Sinfonia, Beethoven assinalava urgente e circunstancial pela extramusicais para os poemas
modificação em Beethoven. O para o grande público mais uma fraternidade entre os homens –, sinfônicos. A última grande sinfonia
inevitável minueto das antigas transformação em sua obra, após o compositor, do alto de sua glória, de Schubert, escrita sob o impacto
sinfonias lhe parecia socialmente solitário e prolongado silêncio de dispôs-se ainda a mudar seus códigos. da Nona de Beethoven, aponta para
obsoleto e bem acanhado quase uma década – comentava- Retorna às técnicas contrapontísticas o futuro e possui atributos comuns
musicalmente. O compositor se que, surdo e mergulhado em bachianas, estuda a música às obras posteriores de César Franck
o substitui então pelo Scherzo, problemas pessoais, ele se tornara renascentista e a harmonia modal. (1822-1890), Anton Bruckner (1824-
mantendo a mesma estrutura, ou seja, incapaz de compor. Durante o Serenamente, desvencilhava-se da 1896) e Gustav Mahler (1860-1911),
com o Trio intermediário e o retorno concerto, realizado no dia 7 de maio, tendência ao retórico, libertava-se valorizando a tendência para a
da capo, mas com conteúdo diferente o compositor ficou no palco, seguindo dos efeitos fáceis e buscava sua unidade cíclica e disposição formal
– agitado, fantástico, impetuoso, livre a partitura, enquanto o maestro voz mais íntima e atemporal. em amplos espaços harmônicos.
– e de dimensões maiores. Beethoven Ignaz Umlauf regia a orquestra. Derradeiras obras-primas de Mesmo para os compositores
usou pouco o termo scherzo, mesmo Ao final da sinfonia, Beethoven Beethoven, os últimos quartetos contemporâneos, que adotam
para definir movimentos que permaneceu imóvel; a cantora e sonatas para piano pareceram processos diametralmente opostos
claramente são scherzi. Nas sinfonias Caroline Unger tomou-o pelo braço incompreensíveis para seus aos de Beethoven, suas nove sinfonias
usou-o apenas na Segunda e na e virou-o de frente para o público, contemporâneos e só a modernidade permanecem imprescindíveis.
Terceira, normalmente limitando-se para que ele pudesse ver com que revelou-lhes toda a grandeza.
à indicação do tempo. entusiasmo era aplaudido.
Após Beethoven, os sinfonistas PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
O último movimento adquire, nas Musicar o poema de Schiller era românticos se viram diante de
dos livros Músico, doce músico e O grão
sinfonias de Beethoven, notável um antigo sonho do compositor. um desafio. Em uma direção,
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
importância, como ponto culminante A leitura das Cartas sobre a educação Mendelssohn, Schumann e inacabado. Apresenta o programa semanal
da construção musical. Com exceção estética do homem fora decisiva Brahms adaptaram a sinfonia Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
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FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN FORA DE SÉRIE AS SINFONIAS DE BEETHOVEN
Início do manuscrito do Testamento de
Heiligenstadt. Em um de seus retiros de
verão, Beethoven, desesperado com a surdez
crescente, escreveu uma carta sofrida aos
dois irmãos, mas nunca a entregou.
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FABIO MECHETTI, regente PROGRAMA 1
RONALDO ROLIM, piano
21 DE
MARÇO
ABERTURA A CONSAGRAÇÃO DA CASA, OP. 124
— INTERVALO —
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FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO
ABERTURA A
CONSAGRAÇÃO DA CASA,
OP. 124
1822 | 11 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tímpanos, cordas.
A
Brasileira, Filarmônica de Minas Gerais, Sinfônica de Abertura A Consagração da Casa integrava
Campinas, Sinfônica da USP e Sinfonia Cultura; na Europa, CONCERTO PARA PIANO a música de cena que Beethoven compôs
Royal Liverpool Philharmonic Orchestra, Orchestra Sinfonica para a peça teatral homônima do escritor
Nº 1 EM DÓ MAIOR, OP. 15
della Repubblica de San Marino e da Orquestra do Norte Carl Meisl, apresentada nas festividades de
1798 | 36 min
(Portugal); nos Estados Unidos, sinfônicas de Phoenix, reinauguração do Teatro de Viena, em outubro de 1822. É a
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
Pontiac e Peabody. Um ávido camerista, é fundador do 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, última das onze Aberturas de Beethoven, contemporânea de
festivais como Folle Journée, Accademia Musicale Chigiana, Sonatas para piano. A ocasião festiva exigia, evidentemente,
SINFONIA Nº 1 EM
Ravinia Festival e Holland Music Sessions. uma música mais leve. Beethoven tomou então como modelo
Com uma “especial capacidade de
DÓ MAIOR, OP. 21 a forma barroca das ouvertures de Haendel, compositor
comover através de suas interpretações” Nascido em 1986 em Votorantim, São Paulo, Ronaldo Rolim 1799/1800 | 23 min que muito admirava, para compor uma introdução lenta
(El Norte, Monterrey, México), o brasileiro iniciou seus estudos musicais com a mãe, Miriam Correa, e 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, e majestosa (com seus característicos ritmos pontuados,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
Ronaldo Rolim vem se firmando como fez sua primeira apresentação pública aos quatro anos. à francesa), seguida de um Allegro (dominado por uma
tímpanos, cordas.
um dos músicos mais completos de Bolsista integral da Fundação Magda Tagliaferro de São Paulo, engenhosa fuga dupla). Independente de sua gênese, a
sua geração. Laureado em concursos foi aluno de Zilda Cândida dos Santos e Armando Fava Filho. Abertura manteve-se no repertório e foi reapresentada em
no Brasil e exterior, recentemente Após vencer os concursos Nelson Freire e Magda Tagliaferro, maio de 1824, no concerto de estreia da Nona Sinfonia.
ganhou o 1º lugar no Bösendorfer estudou com Flavio Varani na Oakland University, Estados Três anos depois, morria o compositor, aos 56 anos.
International Piano Competition e o 2º Unidos. Foi premiado como Outstanding Student in Piano
lugar no Concurso Internacional de Piano Performance pela universidade e também pela Detroit Mu Beethoven fixara-se em Viena aos 22 anos e, inicialmente,
República de San Marino. Phi Epsilon Music Association. No Peabody Conservatory de foi como pianista que ele se afirmou frente à sociedade
Baltimore foi admitido na classe de Benjamin Pasternack e vienense. Algumas obras dessa fase apresentam o jovem
Ronaldo se apresenta em recitais e completou Bacharelado e Mestrado em Piano Performance e compositor buscando a admiração do público e de seus
concertos no Brasil, Estados Unidos, o Artist Diploma. No conservatório, recebeu o Pauline Favin patronos. Os dois primeiros concertos para piano se incluem
México, Coreia do Sul, Portugal, Memorial Award in Piano, o 1º Lugar no Harrison Winter nesse propósito (e logo seriam julgados “ultrapassados”
Espanha, Inglaterra, Holanda, Suíça, Piano Concerto Competition, a Douglas and Hilda Goodwin pelo próprio compositor). A publicação, em 1801, inverteu-
Itália e Áustria, em salas como Scholarship for Chamber Music e o Presser Award. Ronaldo lhes a ordem – o Concerto em Dó maior nº 1 foi o segundo
Carnegie Hall, Steinway Hall, Seoul vem estudando com alguns dos mais distintos músicos da concluído, e sua partitura já apresenta inegáveis detalhes
Arts Cente, Thêatre de Vevey, Friedberg atualidade, como Leon Fleisher, Richard Goode, Menahem beethovenianos.
Hall, além das mais importantes salas Pressler, Jeremy Denk e Lilya Zilberstein. Em 2014, foi um dos
brasileiras. É solista convidado de poucos pianistas selecionados para o programa de Doutorado No Allegro con brio inicial, a longa introdução orquestral expõe
diversas orquestras, como a Sinfônica da Yale School of Music, onde estuda com Boris Berman. os dois temas principais, sobre os quais o piano desenha
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FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO
ornamentos em terças ascendentes e ideais. Uma introdução, Adagio molto, de 38 compassos conclui o movimento nas madeiras e passagens de notas
descendentes. O movimento central, abre a partitura com inesperado acorde com insistente afirmação tonal. rápidas nos violinos.
Largo, é um lied dominado inteiramente dissonante (sétima da dominante de
pelo solista. O piano se responsabiliza Fá maior). Esse começo em tonalidade O Andante cantabile con moto também O Finale inicia-se de maneira engenhosa:
pela condução melódica, pelos períodos incorreta foi considerado muito audacioso tem forma sonata, com dois temas o Adagio de seis compassos apresenta
de transição e pela ornamentação. e reprovado pela crítica da época. A principais. O primeiro recebe um uma série de partidas em falso dos
A orquestração valoriza o clarinete indecisão tonal dos acordes iniciais tratamento quase fugato – apresentado primeiros violinos – trata-se de uma
solo, pontuando um clima delicado e persiste por quatro compassos, pelos segundos violinos e imitado escala de Dó maior, retomada cinco
intimista. O final, Allegro scherzando, mascarando a tonalidade principal, até primeiramente pelas violas e violoncelos, vezes, a cada vez ganhando um grau –
é um rondó formado pelo refrão e duas que uma escala descendente das cordas depois pelos fagotes e contrabaixos. O até formar a escala completa. Essa dá
coplas. Possui surpreendente entusiasmo conduz ao primeiro tema do Allegro con segundo tema caracteriza-se pelas notas acesso ao primeiro tema do Allegro molto,
rítmico, certa rudeza de ataques e brio. Apresentado pelos primeiros repetidas e pontuadas, intercaladas com de contagiante alegria, com suas notas
contratempos, concluindo a partitura em violinos no registro grave, esse tema, pausas. Durante todo o movimento é dado em staccato. O segundo tema, em Sol
clima de humor e alegria. com seu ritmo enérgico, lembra o um papel de destaque para os tímpanos. maior, tem um caráter mais dançante.
começo da Sinfonia Júpiter de Mozart. O desenvolvimento fundamenta-se,
Beethoven tocou o Concerto nº 1 no O segundo tema (Sol maior) tem caráter O Menuetto: allegro molto e vivace, sobretudo, em fragmentos do primeiro
Teatro Imperial de Viena, a 2 de abril melódico e é formado por um diálogo do certamente o movimento mais tema. A coda, com um ritmo de marcha,
de 1800; no mesmo programa, regeu oboé com a flauta, sobre arpejos das original da sinfonia, é, de fato, o destaca as trompas e os clarinetes e
a estreia de sua primeira sinfonia. cordas. Há um momento mais reflexivo, primeiro dos característicos scherzi conduz a um final luminoso.
Tinha então trinta anos e, mesmo quando o fagote desce à tonalidade sinfônicos beethovenianos. O tempo
reconhecendo sua dívida enorme para menor, servindo de base para um é bem mais rápido do que o de um
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
com Haydn e Mozart, não se via contraponto triste desenhado pelo oboé. minueto tradicional e seu tema possui
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
apenas como um talentoso imitador. Mas a alegria do primeiro tema reaparece um formidável impulso ascendente,
dos livros Músico, doce músico e O grão
e empresta seus elementos para as cujo dinamismo contamina todo o perfumado – Mário de Andrade e a arte do
A Sinfonia nº 1 revela um artista passagens imitativas que constroem o andamento. O Trio central é igualmente inacabado. Apresenta o programa semanal
inquieto, em busca de seus próprios desenvolvimento. Uma vigorosa coda original, com belos blocos de acordes Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
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FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO FORA DE SÉRIE 21 DE MARÇO
FABIO MECHETTI, regente PROGRAMA 2
SONIA RUBINSKY, piano
11 DE
ABRIL
A GRANDE FUGA EM SI BEMOL MAIOR, OP. 133
— INTERVALO —
44 45
FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL
A GRANDE FUGA EM
SI BEMOL MAIOR, OP. 133
1825 | 16 min
Cordas.
Elogiada por Arthur Rubinstein e foi nomeado para o Grammy Awards, e o quinto foi Editor’s
Murray Perahia, Sonia começou sua Choice da revista Gramophone.
CONCERTO PARA PIANO
carreira no Brasil, seu país natal.
F
Nº 2 EM SI BEMOL MAIOR,
Estudou sete anos em Israel, na Sua discografia solo inclui obras de Mozart, Scarlatti, Debussy, oi apenas a partir de 1798 – ano de composição
Rubin Academy, e posteriormente em Messiaen, Mendelssohn (Canções sem Palavras, integral). Foi
OP. 19 da Sonata Patética e em que aparecem os
Nova York, cidade onde, em 1984, dedicatária de várias obras, entre elas as Cartas Celestes XII 1795, revisões 1798 e 1801 | 29 min primeiros sinais de sua progressiva surdez
recebeu o 1º Prêmio do concurso Artists (2000) e a Sonata para Violoncelo e Piano (2004), ambas de Flauta, 2 oboés, 2 fagotes, – que Beethoven voltou decididamente sua
International de New York e o título de Almeida Prado, sendo a última junto com Antonio Meneses. 2 trompas, cordas. atenção para os quartetos de cordas. Esse fato não é difícil
Doctor of Musical Arts pela Juilliard de explicar: ao chegar pela segunda vez a Viena, para
School. Atualmente, reside em Paris. Por três vezes recebeu o Prêmio Carlos Gomes – em 2006 SINFONIA Nº 2 EM estudar com Haydn, este já havia composto uma série muito
na categoria Pianista do Ano e, em 2009 e 2012, como RÉ MAIOR, OP. 36 importante de obras do gênero e preparava outras três séries
Recitalista nas grandes salas de Instrumentista do Ano. 1802 | 34 min
de quartetos, lançadas em 1791 e 1793, antes mesmo de
concerto nova-iorquinas, como Beethoven começar a compor os seis quartetos op. 18. Além
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
Carnegie Hall, Weill Recital Hall, Nomeada por Murray Perahia como artista residente no 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
disso, havia também o legado de Mozart a enfrentar.
Alice Tully Hall, Merkin Hall e Miller Edward Aldwell Center, em Jerusalém, ministra regularmente tímpanos, cordas.
Theatre, Sonia Rubinsky tem se masterclasses neste centro. Também atua no Jerusalem É compreensível, portanto, que Beethoven tivesse priorizado
apresentado nos Estados Unidos, Israel, Music Center, a pedido do maestro Perahia, desenvolvendo outros gêneros. No entanto, trabalhou desde 1790 em
Europa e Brasil. Solicitada como solista cursos de Análise para Performers. exercícios de composição usando aquela formação
de orquestra, já se apresentou com a camerística. O fato de que quase todos esses exercícios
Osesp, Orquestra de St. Luke’s, OSB, lidem com a linguagem contrapontística também não é de se
Sinfônica de Jerusalém, Filarmônica estranhar. Mostra-nos Nicholas Marston que “para o quarteto,
de Minas Gerais, entre outras. como veículo, a importância de uma técnica contrapontística
fluente, a capacidade de contrastar e combinar muitas vozes
Sonia Rubinsky foi vencedora do polifônicas, necessita pouca explicação” (Barry Cooper).
Grammy Latino 2009 de Melhor Daí, talvez, a presença da fuga em diversos movimentos dos
Álbum de Música Clássica com o quartetos de Beethoven. Para citar apenas alguns exemplos,
oitavo volume da integral da obra para o movimento final do op. 59 nº 3, o primeiro movimento do
piano de Heitor Villa-Lobos, selo Naxos op. 131 e, é claro, a Grande Fuga.
(1994/2007, Estados Unidos, Canadá,
França). Mais de dez anos de pesquisa, Para, porém, falar desta obra monumental, é preciso lembrar
em estreita colaboração com o Museu as investidas criativas que Beethoven já realizara nos
Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, fazem quartetos op. 59 (intitulados Razumovsky porque dedicados
dessa integral a mais completa jamais ao Conde Andrei Razumovsky, diplomata russo residente em
gravada, incluindo várias peças inéditas
SONIA Viena e mecenas de Beethoven). Neles, Beethoven exibe
e a mais premiada – o primeiro volume RUBINSKY um aprofundamento de seu estilo, ampliando as dimensões
FOTO GUY VIVIEN
46 47
FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL
de cada um dos movimentos e por outro movimento, por razões não com a Nona Sinfonia, é o exemplo O Segundo Concerto para Piano
trabalhando muitas vezes o quarteto de esclarecidas. O fato é que, mesmo mais impactante da abstração e da foi composto entre 1787 e 1789,
cordas em uma concepção sinfônica. sem ela, o quarteto já tem proporções transcendência que Beethoven atinge sete anos, pois, antes do início
Pode-se considerar a série dos seis monumentais. Por isso é improvável em sua última fase. da composição do primeiro, mas
últimos quartetos de Beethoven como que a razão tenha sido a indiferença do publicado depois deste. Por isso,
um dos mais genuínos exemplos da público diante de sua estreia. Dizem Bem diferentes são a Segunda Beethoven e a posteridade o
linguagem de sua última fase. Neles, as más línguas, porém, que Beethoven Sinfonia e o Segundo concerto para consideraram o segundo. Ele foi
a preocupação com a fuga e com a cogitou publicá-la separadamente, piano. Ambos revelam nitidamente a crucial para afirmar Beethoven em
variação (no caso da Grande Fuga, na forma original ou em versão personalidade musical de Beethoven, Viena como instrumentista e como
a presença de ambas as técnicas), o para piano a quatro mãos, a fim de mas mostram-no ainda um tanto compositor: sua estreia se deu em
contraste de atmosferas e andamentos angariar uma renda extra. Qualquer intimidado pelos padrões clássicos, 29 de março de 1795, no
muito distintos em um mesmo que tenha sido o motivo, a peça foi formal, estrutural, timbrística e Burgtheater, tendo o autor como
movimento e, ainda, a exploração desvinculada do quarteto (embora tematicamente. Ambas as obras são solista. Escrito nos moldes clássicos,
de texturas instrumentais até então hoje algumas execuções voltem a características de sua primeira fase. bem à maneira dos concertos de
inusitadas revelam um Beethoven tão incluí-la) e transformada em obra A Sinfonia, entretanto, já mostra Mozart, a obra, no entanto, já revela
abstrato que essas obras lhe valeram separada... que se sustenta por si só. claramente o afastamento de os contrastes e certos aspectos
severas críticas: considerava-se que o A concepção orquestral no trabalho de Beethoven da ascendência de Haydn. dramáticos que marcarão o
grande Beethoven estava perdendo seus quartetos de cordas, inaugurada É tida como uma das últimas obras Beethoven da fase seguinte.
o seu estilo. com os Razumovsky, aparece, aqui, em desse período. Notam-se nela, por Embora estreado em Viena, apenas
grau exponencial. Por isso, é legítima isso, algumas particularidades: o último movimento (em que revela
Nesse grupo, há nitidamente o a proposta de executá-la com uma Beethoven já substitui, aí, o minueto forte ascendência de Haydn) foi
compartilhamento de material temático formação orquestral completa. clássico pelo scherzo. “Plena de ideias composto nessa cidade. Os dois
entre as obras: notem-se, por exemplo, novas, originais e poderosas” é como primeiros datam de quando Beethoven
as semelhanças entre os temas Composta em 1825, A Grande Fuga a descreve em 1804 um crítico do ainda residia em Bonn. A cadência
e motivos do primeiro e último foi publicada separadamente em Musikalische Zeitung de Leipzig. Talvez do primeiro movimento – de grande
movimentos do op. 131, do primeiro 1827, dois meses após a morte de por isso mesmo ela tenha sido um virtuosismo – foi composta bem
movimento do op. 132 e da própria Beethoven, tanto em versão para choque em sua estreia, antecipando a depois do concerto propriamente
Grande Fuga. Por isso, é de se quarteto de cordas quanto para Heroica, que haveria de vir. dito: em caráter e estilo, ela já revela
considerar que Beethoven tenha piano a quatro mãos. Estreada em um Beethoven de fases posteriores,
concebido toda a série com uma 1826, em Viena, como movimento A obra foi terminada no verão de 1802, anunciando aquilo que assombraria
unidade subjacente. final do quarteto op. 130, ela não durante a estada de Beethoven em o mundo.
voltou a ser executada até 1853, em Heiligenstadt. Em outubro do mesmo
A Grande Fuga foi composta Paris. Obra de grande complexidade, ano, ele escreve o patético Testamento,
inicialmente como movimento final do repleta de contrastes e que revela um que comprova a consciência trágica da
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
quarteto op. 130, segundo da série. trabalho contrapontístico e temático sua ainda incipiente surdez. A Segunda Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
Mais tarde, após a primeira execução de habilidade rara e técnica muito Sinfonia foi estreada em cinco de abril professor da Universidade do Estado de Minas
da obra, o compositor substituiu-a avançada, talvez mesmo em confronto de 1803 no teatro An der Wien. Gerais e da Fundação de Educação Artística.
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FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL FORA DE SÉRIE 11 DE ABRIL
FABIO MECHETTI, regente PROGRAMA 3
NATASHA PAREMSKI, piano
23 DE
MAIO
ABERTURA NAMENSFEIER, OP. 115
— INTERVALO —
50 51
FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO
ABERTURA NAMENSFEIER,
OP. 115
1814/1815 | 12 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
Minnesota e Orquestra NAC em Ottawa. Realizou turnês na 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
Europa com a Filarmônica Real, Sinfônica Bournemouth, tímpanos, cordas.
A
Bretagne e de Nancy, Filarmônica Real de Liverpool, Tonhalle CONCERTO PARA PIANO Nº 3 Abertura Zur Namensfeier (Para o Dia do
Orchester em Zurique e Filarmônica de Moscou, com maestros EM DÓ MENOR, OP. 37 Onomástico) foi composta entre os anos 1814
como Peter Oundjian, Andres Orozco-Estrada, Jeffrey Kahane, e 1815. A estreia se deu em Viena, em 1815,
1799/1803 | 35 min
James Gaffigan, Dmitri Yablonski, Tomas Netopil, JoAnn 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, provavelmente no concerto de caridade do
Falletta, Yuri Botnari, Fabien Gabel, Andrew Litton. Também 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, dia 25 de dezembro, na Redoutensaal, quando Beethoven
viajou com Gidon Kremer e a Kremerata Baltica e tocou com a tímpanos, cordas. apresentou, também, a cantata Meeresstille und glückliche
NATASHA Sinfônica Nacional de Taiwan. Entre outras salas, fez recitais Fahrt (Mar calmo e viagem feliz) e o oratório Christus am
FOTO ANDREA JOYNT
no Wigmore Hall de Londres, o Auditorium du Louvre, Schloss Oelberge (Cristo no Monte das Oliveiras). A tradição de se
PAREMSKI Elmau, Seattle Meany Hall, Teatro Lensic em Santa Fé, Teatro
SINFONIA Nº 3 EM MI
comemorar o dia do onomástico era prática corrente nos
BEMOL MAIOR, OP. 55,
Colón de Buenos Aires, Musashino Performing Arts Center em países de tradição católica, nos séculos XVIII e XIX. Assim,
Com performances marcantes e Tóquio, além dos mais importantes festivais.
“EROICA” sabemos por uma nota de Beethoven, na partitura original,
dinâmicas, a pianista de 26 anos 1802/1804 | 45 min que a obra era inicialmente destinada a ser executada no
Natasha Paremski revela um virtuosismo Seu repertório na nova música é crescente. Por sugestão do 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, dia 4 de outubro daquele ano (1814), dia de São Francisco
impressionante e habilidades compositor, interpretou o Concerto para Piano de John Corigliano 2 fagotes, 3 trompas, 2 trompetes,
de Assis, "na noite do onomástico de nosso Imperador”. O
tímpanos, cordas.
interpretativas vorazes. Em temporada com a Sinfônica do Colorado; tem executado peças de Fred Imperador era Francisco I da Áustria, pai da jovem princesa
recente, sua gravação de obras de Hersch e estreou sonata escrita para ela por Gabriel Kahane. Leopoldina, futura esposa de D. Pedro I e futura Imperatriz
Tchaikovsky e Rachmaninov com a do Brasil. Mas a composição não ficara pronta a tempo de
Royal Philharmonic Orchestra e o maestro Nascida em Moscou, Natasha mora nos Estados Unidos servir à comemoração.
Fabien Gabel foi saudada como uma desde criança. Iniciou seus estudos de piano aos quatro
"performance eletrizante e poderosa" anos com Nina Malikova na Escola de Música Andreyev, A Abertura, em Dó maior, após brevíssima introdução marcial
(The Herald). Seu álbum solo, lançado em Moscou. Estudou no Conservatório de Música de San e festiva, é construída em fortes contrastes entre a célula
anteriormente, estreou em nono lugar Francisco e no Mannes College of Music, onde formou-se rítmica dominante e suaves e curtos motivos melódicos,
na parada Billboard Classical Tradicional. com Pavlina Dokovska. ligados por grandes crescendos e diminuendos, linhas
ascendentes e descendentes.
Natasha já tocou com muitas das Estreou aos nove anos com a El Camino Youth Symphony, na
principais orquestras da América do Califórnia; aos quinze apresentou-se com a Filarmônica de Composto entre 1799 e 1803, o Concerto para piano e
Norte, incluindo a Sinfônica de Dallas, Los Angeles e gravou dois discos (Bel Air) com a Filarmônica orquestra nº 3, em dó menor, foi estreado em Viena, no
a Filarmônica e a Orquestra de Câmara de Moscou, sob condução de Dmitry Yablonsky e participação Theater an der Wien, no dia 5 de abril de 1803, tendo o
de Los Angeles, as sinfônicas de de Anton Rubinstein. Aos dezoito anos recebeu o prêmio próprio compositor como solista. Trata-se de uma das poucas
San Francisco, San Diego, Toronto, Gilmore Young Artists, seguindo-se o Montblanc Prix, o peças da primeira fase de Beethoven – os anos de juventude
Baltimore, Houston, Nashville, Virginia, Orpheum Stiftung e Jovem Artista do Ano da Fundação – a gozar de uma aceitação ampla por parte tanto dos
Oregon e do Colorado, Orquestra de Classical Recording. músicos como do grande público. Provavelmente não apenas
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FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO
pela beleza evidente de seus temas, orquestra pontua seus temas aqui e ali. ativo e crítico, o contrário do público vivace) é um Scherzo rápido e alegre.
mas também pelo fato de ser uma peça Quando a música parece terminar em habitual da época. Com isso, a música O Finale (Allegro molto) é um
chave que serve como referência para a pianissimo, Beethoven nos surpreende deixa de ser apenas música e passa a conjunto de variações sobre dois
compreensão do conjunto de sua obra. com um ataque final. O tema principal ser, também, objeto de reflexão. temas: o primeiro, uma singela linha
O Concerto para piano nº 3, único do terceiro movimento (Rondo – Allegro), melódica exposta pelos contrabaixos,
escrito em modo menor, deixa para trás um tema agitado, é logo ouvido ao Composta entre 1802 e início de 1804, e o segundo, apresentado pelo
o estilo mozartiano até então adotado piano. Após reapresentações e a primeira apresentação pública se deu naipe das cordas, é uma melodia
por Beethoven, ao mesmo tempo em desenvolvimentos temáticos, o no dia 7 de abril de 1805, no Theater de caráter popular.
que aponta para os novos horizontes Concerto se encerra com uma das an der Wien, em Viena, sob a regência
que seriam ainda conquistados. codas mais brilhantes de todos os do compositor, no concerto beneficente Quando Beethoven recebeu a notícia
concertos beethovenianos. organizado pelo violinista Franz Clement. de que Napoleão havia coroado a si
O primeiro movimento (Allegro con A obra já havia sido apresentada próprio imperador, rasgou o
brio) contém grande força dramática, A Sinfonia nº 3, "Eroica", é um marco numerosas vezes em concertos frontispício da Sinfonia, que continha
resultante dos meios expressivos que fundamental de toda a produção privados, especialmente naqueles os dizeres “Intitulata Bonaparte”.
o compositor utiliza na primeira ideia e sinfônica do século XIX. Com ela organizados pelo Príncipe Franz Joseph O subtítulo – Heroica – que hoje
no contraste entre os temas. Inicia-se Beethoven altera não apenas o modo von Lobkowitz em seu palácio. conhecemos foi cunhado em 1806,
com a exposição do primeiro tema, como uma obra deveria ser apreendida, quando, na primeira edição, a
pela orquestra. O segundo tema será como o público a quem ela se destina. O primeiro movimento (Allegro con referência direta a Napoleão foi omitida
logo executado pelos clarinetes. O Se, antes, o gênero sinfônico servia de brio) é grandioso em suas dimensões e a Sinfonia ganhou então o seguinte
piano apresenta o material antes ouvido entretenimento, dentro de um ambiente e no material musical que porta. Nele, epíteto: “Sinfonia eroica composta
na orquestra. Após intenso diálogo aristocrático e, de certa forma, as ideias temáticas são germinadas per festeggiare il sovvenire di un
entre solista e orquestra, o piano controlado, com a Terceira Sinfonia uma a partir da outra, ao invés de se grand’uomo”. Os ideais revolucionários
executa uma cadenza virtuosística e o Beethoven compõe uma música que se encadearem por contraste ou que tinham estado por trás de sua
movimento termina majestosamente. destina a toda a humanidade. Trata-se oposição. O segundo movimento composição continuavam acesos.
da mais longa e mais complexa das (Marcia funebre – adagio assai) é
O piano inicia, sozinho, o segundo sinfonias até então compostas por dividido em duas seções. A primeira é
movimento (Largo), para o qual qualquer autor. Ao expandir os limites a marcha fúnebre propriamente dita,
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
Beethoven escolhe com ousadia do gênero, Beethoven acaba renovando enquanto a segunda, com seu caráter Música pela Unicamp, professor na Escola de
inusitada a luminosa tonalidade de a linguagem sinfônica ao ponto de sua fugato, é nobre e de uma intensidade Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
Mi maior. Com extrema delicadeza, a nova sinfonia exigir um público mais ímpar. O terceiro movimento (Allegro floridos não voam e Música menor.
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FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO FORA DE SÉRIE 23 DE MAIO
ROBERTO TIBIRIÇÁ, regente convidado PROGRAMA 4
CRISTINA ORTIZ, piano
20 DE
JUNHO
AS CRIATURAS DE PROMETEU, OP. 43: ABERTURA
— INTERVALO —
56 57
FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Filarmônica
de Hong Kong, a Sinfónica del Principado de Asturias e com
de São Bernardo do Campo, regente titular da Sinfônica de a Staatstheater Kassel. Destaques em próximas temporadas
Minas Gerais e da Ossodre, de Montevidéu, Uruguai. incluem estreias com as orquestras filarmônicas do Catar e
Nacional da Hungria, a Haydn Orchestra Bolzano and Trento,
No Rio de Janeiro, onde realizou várias primeiras audições, a Orquestra Presidencial New West Symphony, bem como
foi eleito pela crítica Músico do Ano de 1995. Na Orquestra recitais no Southbank Centre – na Série Internacional de
Petrobras Pró Música (hoje Petrobras Sinfônica) teve elogiadas Piano – e também por todo o Reino Unido e França.
como concertos com repertório de compositores nacionais Cristina Ortiz gravou cerca de trinta álbuns com uma ampla
TIBIRIÇÁ contemporâneos e concursos para jovens solistas, jovens ORTIZ gama de repertório pelos selos EMI Classics, Decca, Collins
regentes e jovens compositores. Com a orquestra, Tibiriçá Classics, Intrada, Naxos e BIS. Sua mais recente gravação
Nascido em São Paulo, Roberto Tibiriçá gravou dois CDs de obras brasileiras, sendo um deles – com A musicalidade natural de Cristina Ortiz, para o selo Naxos, em parceria com o Fine Arts Quartet, é de
recebeu orientações de Guiomar peças de Villa-Lobos e Hekel Tavares e Arnaldo Cohen ao sua arte magistral e seu compromisso música de câmara de Saint-Saëns, sobre a qual The Observer
Novaes, Magda Tagliaferro, Dinorah de piano – considerado um dos melhores de 2003. Dirigida por com uma performance sempre refinada publicou: "Cristina Ortiz foi extraordinária na execução da
Carvalho, Nelson Freire, Gilberto Tinetti Tibiriçá, a orquestra recebeu duas vezes o Prêmio Carlos garantiram-lhe um lugar entre os composição para piano do Quinteto em lá menor e no feroz
e Peter Feuchwanger. Foi discípulo do Gomes de Melhor Conjunto Orquestral. pianistas mais respeitados do mundo. segundo movimento do Quarteto em si bemol maior". Seu
maestro Eleazar de Carvalho. Ao longo de sua extensa carreira, ela álbum anterior, de música de câmara por Franck, foi nomeado
A convite da própria artista, participou do Festival Martha se apresentou com as filarmônicas Escolha do Editor da revista Gramophone. Sua gravação da
Duas vezes vencedor do concurso Argerich, em Buenos Aires, no Teatro Colón, regendo Martha e, de Berlim e Viena, com a Sinfônica música de câmara de Fauré foi descrita pela mesma revista
Jovens Regentes da Orquestra Sinfônica em outra ocasião, a Filarmônica de Buenos Aires com o pianista de Chicago e com as orquestras como "simplesmente a melhor: uma versão sem rival, o ponto
do Estado de São Paulo, foi maestro Nelson Freire. Há alguns anos é convidado para o Festival Filarmônica e Real do Concertgebouw, forte do catálogo". Pela Naxos, Ortiz lançou a gravação de
convidado da orquestra por dezoito anos. Villa-Lobos, na Venezuela, regendo concertos com a Orquestra entre muitas outras. Ortiz colaborou peças solo para piano compostas por York Bowen.
Foi regente assistente no Teatro Nacional Simón Bolívar. Entre muitos outros artistas, trabalhou também também com maestros como Neeme
de São Carlos, em Lisboa, Portugal, e com Barry Douglas, Lilyan Zilberstein, Sergio Tiempo, Joshua Järvi, Mariss Jansons, Kurt Masur, Cristina Ortiz é também uma professora dedicada e
em 1994 tornou-se diretor artístico da Bell, Shlomo Mintz, Stefan Jackiw, Erik Schumann, Frederieke André Previn e David Zinman. comprometida, dando aulas por todo o mundo.
Orquestra Sinfônica Brasileira. Também Saeijs, David Aaron Carpenter, Gabriela Montero, Antonio
foi diretor artístico e regente titular da Meneses, Mikhail Rudy, Jean-Louis Steuerman, Boris Belkin, De posse de uma técnica notável e Ela começou seus estudos em sua terra natal, Brasil, antes
Orquestra Petrobras Pró Música e diretor Dmitry Sitkovetsky, Mariana Ortiz, Geza Hosszu-Legocky. um agudo senso de aventura musical, de se mudar para Paris com uma bolsa de estudos, onde
artístico da Sinfônica Heliópolis/Instituto particularmente evidente em seu amplo trabalhou com Magda Tagliaferro. Depois de ganhar uma
Baccarelli, cujo patrono é o maestro Desde 2003 Tibiriçá ocupa a Cadeira nº 5 da Academia repertório, Ortiz é uma artista popular medalha de ouro na terceira competição Van Cliburn, no Texas,
Zubin Mehta. Ocupou ainda os cargos Brasileira de Música. Conquistou o Prêmio Carlos Gomes entre produtores e público de todo o dedicou-se a completar um período de aulas sob a orientação
de regente titular e diretor artístico da duas vezes como Melhor Regente Sinfônico e o Prêmio da mundo. Trabalhou recentemente com do lendário Rudolf Serkin no Curtis Institute of Music, na
Sinfônica de Campinas e da Filarmônica Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar, Filadélfia, antes de escolher fixar residência em Londres.
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FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
AS CRIATURAS DE PROMETEU,
OP. 43: ABERTURA
1801 | 5 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
B
CONCERTO PARA PIANO Nº 4 eethoven escreveu a música para o balé As piano reduzem a agressividade das a nota tônica Si bemol, enquanto
EM SOL MAIOR, OP. 58 Criaturas de Prometeu, de Salvatore Viganò, cordas. No final, a voz da orquestra se as cordas desenvolvem figurações
entre a composição de suas duas primeiras resume a uma lembrança em pianissimo tateantes, como que inseguras da
1805/1806 | 34 min
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes, sinfonias. A música de cena, por princípio, e o solista tem a última palavra. tonalidade. Os primeiros violinos
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, deveria ser mais fácil do que a destinada às salas de prosseguem em pizzicato e toda a
tímpanos, cordas. concerto, e o Prometeu mostra Beethoven explorando efeitos Sem interrupção, passa-se ao terceiro passagem produz um efeito curioso,
orquestrais que jamais apareceriam em suas sinfonias. movimento, Rondo vivace, que entrecortado, ofegante, até chegar
Porém, mais tarde, ele usaria material do balé nas Variações começa em Dó maior. A orquestra, a ao tutti com um acorde de sétima
SINFONIA Nº 4 EM
para piano op. 35 e no Finale da Sinfonia Eroica. A Abertura princípio cautelosa, apresenta o tema. da dominante. Só então a orquestra
SI BEMOL MAIOR, OP. 60
op. 43 é construída com um exuberante Allegro, precedido O piano logo o adota, demonstrando liberta o Allegro vivace, cujos principais
1806 | 33 min
de pequena introdução. que todas as oposições anteriores motivos são constituídos de fragmentos
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
foram suplantadas. Piano e orquestra retirados da própria introdução. O
2 fagotes, 2 trompas,
No percurso entre o balé Prometeu e o Concerto para piano formam um todo cheio de contrastes primeiro tema é uma melodia saltitante
2 trompetes, tímpanos, cordas.
nº 4, Beethoven deixará de ser um jovem compositor e o virtuosismo do solista se insere no exposta no staccato dos primeiros
talentoso para se impor como grande mestre inovador. contexto sinfônico. O movimento lembra violinos. O segundo tema é apresentado
O Concerto op. 58, em Sol maior, abre um novo capítulo na às vezes uma marcha, característica pela flauta, oboé e fagote com um
história desse gênero. que se acentua pelo uso dos trompetes desenho de terças descendentes que
e dos tímpanos. logo se reafirma em delicioso diálogo
O Allegro moderato é notável por começar somente com o canônico entre o clarinete e o fagote.
piano, a descoberto. Sua serena frase inicial determina o No mesmo ano do Concerto op. 58, Antes da reexposição do tema principal,
caráter expressivo de todo o movimento. Inúmeras ideias Beethoven compôs a Sinfonia nº 4, que há uma notável passagem de transição
secundárias aparecem; as modulações levam a distantes tem um clima otimista, completamente – inacreditáveis e longínquos rufos
regiões harmônicas; a estrutura sincopada dos dois temas diverso do espírito dramático da Eroica dos tímpanos mantêm, durante vários
é explorada à exaustão – mas a arte de Beethoven sempre e da Quinta. Ela reflete sentimentos compassos, um longo trêmulo, sempre
encontra o melhor caminho; e o primeiro movimento, apesar da intimistas, com um aparato discreto. em pianíssimo.
variedade de seus elementos, permanece essencialmente lírico. Entretanto, suas inovações e maestria
desmentem qualquer afirmativa de ser O belíssimo segundo movimento, Adagio,
No segundo movimento, Andante con moto, em mi menor, uma sinfonia menor. possui o caráter de um longo lied,
Beethoven estabelece um impressionante diálogo entre as com melodias amplas e flexíveis.
cordas e o piano. Inicialmente, a orquestra domina, impondo A longa introdução, Adagio, começa A figura rítmica apresentada no
um discurso áspero e resoluto; o solista responde tímido e com flauta, clarinetes, fagotes e primeiro compasso pelos segundos
submisso. Gradualmente, entretanto, as frases delicadas do trompas sustentando, em oitavas, violinos servirá de fundo para todo o
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FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
movimento. Reaparecerá em diversos O quarto movimento, Allegro ma non
instrumentos, tratada em ostinato troppo, mostra um bom humor irresistível
por todas as estantes. Sobre ela, o desde o torvelinho sinuoso do arabesco
primeiro tema é exposto em cantabile inicial. O primeiro tema, enunciado pelos
pelos primeiros violinos. O segundo violinos, é retomado pelas madeiras. O
tema será apresentado pelo clarinete. oboé apresenta em Fá maior o segundo
A coda recorda o tema principal na tema, dolce, bastante haydniano. Mas
suavidade das madeiras. Após um todos os engenhosos pormenores do
fortíssimo orquestral sucede um desenvolvimento são puro Beethoven.
repentino silêncio... E os tímpanos em Na coda, o tema inicial é retomado
pianíssimo fazem ouvir, pela última vez, pelos primeiros violinos, em seguida
a mesma figuração inicial das violas. entregue ao fagote, depois aos segundos
Um crescendo conduz ao tutti de dois violinos e às violas. Essas mudanças
acordes conclusivos. instrumentais da linha melódica são
retidas por fermatas que seguram sua
O Allegro vivace é um duplo scherzo (A) marcha, tornando-a cada vez mais
em que o Trio (B) também se repete, lenta. Subitamente, o tema retoma
seguindo a forma A, B, A, B, A. sua vivacidade habitual e as vigorosas
O tema do scherzo constrói-se cadências em tutti fecham a sinfonia.
sobre acordes quebrados e cria uma
interessante ambiguidade rítmica,
pois o habitual compasso ternário é PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
aqui frequentemente deslocado por
dos livros Músico, doce músico e O grão
um acento binário. O tema do trio,
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
Un poco meno allegro, evoca uma inacabado. Apresenta o programa semanal
dança campestre. Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
62 63
FORA DE SÉRIE 20 DE JUNHO
FABIO MECHETTI, regente PROGRAMA 5
JEAN-LOUIS STEUERMAN, piano
15 DE
AGOSTO
ABERTURA LEONORA Nº 1, OP. 138
— INTERVALO —
65
FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO
ABERTURA LEONORA Nº 1,
OP. 138
1804/1805 | 9 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
A
Jean-Louis Steuerman ganhou Sinfônica do Estado de São Paulo, Petrobras Sinfônica, CONCERTO PARA PIANO Abertura Leonora nº 1 é uma das quatro aberturas
grande reconhecimento como solista Sinfônica Brasileira, Dallas Symphony, Seattle Symphony, Nº 5 EM MI BEMOL MAIOR, independentes que Beethoven compôs para
e recitalista internacional depois de Baltimore Symphony e Indianapolis Symphony Orchestra. Fidélio, sua única ópera. Concluída em setembro
OP. 73, “IMPERADOR”
conquistar, em 1972, o segundo lugar de 1805, a ópera, em sua primeira versão, foi
1809 | 38 min
no Concurso Johann Sebastian Bach, Jean-Louis Steuerman fez grandes turnês na Europa, estreada com a abertura hoje conhecida como Leonora nº 2. Em
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
em Leipzig. América do Norte e Japão, apresentando-se nas principais 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, dezembro do mesmo ano Beethoven revisou Fidélio e compôs
séries de recitais. Como camerista, tem tocado com alguns tímpanos, cordas. uma nova abertura, hoje conhecida como Leonora nº 3. A
Steuerman se apresentou como dos mais renomados músicos internacionais. abertura conhecida como Leonora nº 1 foi composta no outono
solista com a London Symphony, sob de 1807, provavelmente para uma apresentação da ópera em
SINFONIA Nº 5 EM DÓ
regência de Claudio Abbado, com a Suas gravações para a Philips Classics incluem a obra para Praga, que acabou não acontecendo. A quarta e última abertura,
Royal Philharmonic sob a batuta de piano solo de Scriabin, a obra completa de Mendelssohn
MENOR, OP. 67 hoje conhecida como Fidélio, só ficaria pronta em 1814. Leonora
Lord Menuhin e Vladimir Ashkenazy. para piano com a Moscow Chamber Orchestra, os concertos 1804/1808 | 31 min nº 1 ficou esquecida desde então e veio à luz apenas no leilão
Com este último, tocou o Concerto para piano de Bach com a Chamber Orchestra of Europe e as Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, dos bens de Beethoven, após sua morte. Por não possuir muita
2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote,
de Britten no Festival de Atenas. Seis Partitas de Bach, gravação que lhe rendeu o prestigioso relação com o material temático da ópera, ela se encaixa bem
2 trompas, 2 trompetes,
Jean-Louis debutou nos Concertos Diapason d'Or. na concepção beethoveniana de que a Abertura deveria preparar
3 trombones, tímpanos, cordas.
Promenade BBC em 1985 com grande o público para o acontecimento, ao invés de impedir a surpresa
sucesso de crítica tocando o Concerto da trama. Sua estreia se deu em 7 de fevereiro de 1828, onze
em ré menor de Bach com a Polish meses após a morte do compositor.
Chamber Orchestra. Apresentou-se
também com a English Chamber, Hallé, O Concerto para piano e orquestra nº 5 em Mi bemol maior foi
Royal Liverpool Philharmonic, City of composto nos anos 1808/1811. Teve sua estreia no dia 28 de
Birmingham Symphony Orchestra e a novembro de 1811 pela orquestra da Gewandhaus de Leipzig,
Bournemouth Sinfonietta. sob a regência de Johann Philipp Christian Schulz. O pianista
Friedrich Schneider foi o solista, uma vez que a surdez do
Jean-Louis tem se apresentado junto compositor encontrava-se já bem avançada. Beethoven, que
à Orquestra Gewandhaus de Leipzig nunca nutriu simpatia por imperadores, jamais atribuiu ao seu
com Kurt Masur, Basel Symphony com Concerto o subtítulo “Imperador”. O primeiro a utilizá-lo foi,
Heinz Holliger, Helsinki Philharmonic provavelmente, seu editor em Londres, o pianista de origem
(Tippett Piano Concerto), Zurich alemã Johann Baptist Cramer.
Tonhalle, Berlin Symphony, Nouvel
Orchestre Philharmonique, a Orchestra
JEAN-LOUIS No Quinto Concerto o piano é frequentemente mais um
Sinfonica di Milano, Orquestra STEUERMAN colaborador, com grandes passagens de caráter improvisatório,
FOTO SHEILA ROCK
66 67
FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO
Viena em gravura
de Franz Karl Zoller
(cerca de 1795).
do que propriamente solista, apesar Beethoven trabalhou assiduamente na Beethoven confere ao primeiro movimento, (Scherzo) é reapresentada, os temas
da escrita altamente virtuosística. No obra apenas em 1807 e terminou a mas também à Sinfonia como um todo, são executados delicadamente nas
início do primeiro movimento (Allegro), composição no início de 1808. Foi uma extraordinária unidade. cordas em pizzicato, com algumas
o piano interrompe a orquestra, por executada, pela primeira vez, no dia intervenções das madeiras. Uma
três vezes, para executar uma breve 22 de dezembro de 1808, no Theater O segundo movimento (Andante con transição nos conduz, sem interrupção,
cadência. Apesar da grandiosidade an der Wien, por um grupo de moto), escrito em forma de variação ao movimento seguinte.
desse primeiro movimento, as músicos recrutados para a ocasião, dupla, ou seja, dois temas variados
passagens do piano são muitas vezes sob a regência do próprio Beethoven. alternadamente, apresenta seu primeiro Para o Finale grandioso (Allegro)
extremamente leves. No segundo Nesse célebre concerto em que foram tema, lírico, nas violas e violoncelos. Beethoven acrescentou um flautim,
movimento (Adagio un poco mosso), estreadas várias obras importantes e O segundo tema, marcial, é apresentado um contrafagote e três trombones à
de um lirismo ímpar, piano e orquestra longas, Beethoven ainda sentou-se ao em seguida pelos clarinetes, fagotes, orquestra. O primeiro tema, majestoso,
travam um dos mais belos diálogos da piano para uma série de improvisações. primeiros e segundos violinos. abre o movimento, executado por toda a
história da música, naquele que Berlioz orquestra. O segundo, lírico, porém
dizia ser o maior modelo de integração O primeiro movimento da Quinta O terceiro movimento (Allegro) é um ainda vigoroso, é apresentado pelas cordas
entre piano e orquestra. Sem intervalo Sinfonia, Allegro con brio, extremamente scherzo. A primeira seção (Scherzo) e madeiras. Após o desenvolvimento
algum, entramos no terceiro movimento vigoroso, inicia-se com uma breve inicia-se com o primeiro tema, em de trechos já apresentados ressurge,
(Allegro), um rondó, com caráter ao introdução, em que ouvimos, pela pianissimo, nos violoncelos e inesperadamente, o segundo tema do
mesmo tempo incisivo e gracioso, onde primeira vez, o tão famoso motivo de contrabaixos. O segundo, enérgico, Scherzo, delicadamente executado
a sonoridade do piano oferece algumas quatro notas. O primeiro tema, nas apresentado primeiramente nas pelas madeiras e cordas em pizzicato.
antecipações surpreendentes de cordas, é elaborado a partir desse trompas, em fortissimo, é derivado do Beethoven encerra a Quinta Sinfonia com
Chopin. Por toda a obra destaca-se o motivo, que será ouvido por toda a motivo de quatro notas que inicia a uma coda grandiosa.
contraste entre o heroísmo da orquestra sinfonia (no primeiro movimento ele é sinfonia. A seção central (Trio) possui
e a delicadeza do piano. repetido mais de duzentas vezes). O apenas um tema, inicialmente
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor em
segundo tema, expresso pelos primeiros apresentado nos violoncelos e
Música pela Unicamp, professor na Escola de
Embora os muitos esboços da Quinta violinos e repetido no clarinete e na contrabaixos e imitado por toda a Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
Sinfonia datem já do início de 1804, flauta, tem caráter doce e resignado. orquestra. Quando a primeira seção floridos não voam e Música menor.
68 69
FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO FORA DE SÉRIE 15 DE AGOSTO
FABIO MECHETTI, regente PROGRAMA 6
TEO GHEORGHIU, piano
26 DE
SETEMBRO
ABERTURA LEONORA Nº 2, OP. 72a
— INTERVALO —
70 71
FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO
FOTO ROSHAN ADHIHETTY
ABERTURA LEONORA Nº 2,
OP. 72a
1804/1805 | 13 min
Moscou (com Vladimir Fedoseyev) e com a Sinfônica de 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
Evergreen (Gernot Schmalfuss). Também gravou o álbum 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
Piano Quintet Dvorák com o Carmina Quartet (Sony). 3 trombones, tímpanos, cordas.
F
O pianista já se apresentou com as sinfônicas de Tóquio CONCERTO PARA PIANO Nº 6 oi por causa da recepção apática do público na
e de Pittsburgh, com a Luzerner Sinfonieorchester, com a EM RÉ MAIOR, OP. 61a estreia de seu concerto para violino, que, a
Orchestra della Svizzera Italiana, Sinfonieorchester Basel, pedido de Muzio Clementi, Beethoven fez, dele,
1806 para violino
Berner Sinfonieorchester, Philharmonie der Nationen, State uma versão para piano e orquestra, publicada no
1807 transcrição para piano | 42 min
Hermitage Orchestra, Brandenburgisches Staatsorchester mesmo ano que a versão para violino (1808) como Concerto
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes,
Frankfurt, orquestras de câmara de Zurique e de Genebra 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, para piano nº 6, opus 61a. Por isso, não se pode falar dessa
GHEORGHIU nos festivais Mecklenburg-Vorpommern e Ohrid. O Concerto op. 61, para violino e orquestra, data de uma
SINFONIA Nº 6 EM FÁ
fase em que, por um lado, são geradas obras decisivas
Destinatário do prêmio Beethoven-Ring Desde sua estreia no Tonhalle Zürich, tem participado de
MAIOR, OP. 68, “PASTORAL” da linguagem beethoveniana (as sinfonias de três a oito, a
do Beethovenfest de Bonn em 2010, concertos de Mozart, Beethoven, Chopin, Rachmaninoff e Bach, 1808 | 39 min Appassionata, os dois últimos concertos para piano) e, por
Teo Gheorghiu inclui em seus planos trabalhando com maestros como James Gaffigan, Howard Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, outro, Beethoven sofre crises pessoais e o avanço inexorável
futuros performances das obras de 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas,
Griffiths, Arild Remmereit, Justus Frantz, Christopher Warren- da surdez. A gênese desse concerto não foi menos trabalhosa
2 trompetes, 2 trombones,
Rachmaninov com Musikkollegium Green, Carolyn Kuan, Mario Venzago e Muhai Tang. Em recitais que o mais de toda a sua obra: ainda em Bonn, Beethoven
tímpanos, cordas.
Winterthur no Tonhalle, em Zurique, esteve em Milão, Istambul, Bad Kissingen, Berna, Basileia e já se aventurara em tentativas de compor um concerto para
e de Beethoven com a Royal Santiago. Seu primeiro CD pelo selo Deutsche Grammophon violino, mas não é senão em 1806 que ele conclui e estreia o
Philharmonic Orchestra no Royal tem concertos de Schumann e Beethoven, em parceria com o concerto em ré maior, que vem a ser impresso definitivamente
Albert Hall de Londres, bem como Musikkollegium Winterthur e condução de Douglas Boyd. em 1808. Não tendo causado escândalo nem entusiasmo,
com a Orquesta Sinfónica de Bilbao mas havendo provocado algumas recriminações em relação
e a Orquesta Sinfónica del Principado Nascido em Zurique em 1992, Teo Gheorghiu foi pupilo de ao tamanho do primeiro movimento, a obra teve poucas
de Asturias. Inclui também música de William Fong na Escola Purcell de Londres. Passou a estudar execuções nas décadas seguintes e só foi ressuscitada
câmara no Meisterzyklus Bern, recitais no Instituto Curtis, na Filadélfia, com Gary Graffman, e efetivamente em 1844, quando o então jovem violinista
na América do Sul e em Taiwan e o atualmente estuda na Royal Academy of Music, em Londres. Joseph Joachim o interpreta sob a batuta de Mendelssohn.
lançamento de seu segundo disco pela Em 2004, foi primeiro lugar no Concurso de Piano San Marino
Sony (Liszt e Schubert). International e, no ano seguinte, primeiro prêmio no Concurso No entanto, a despeito do frio acolhimento inicial, a obra
Internacional de Piano Franz Liszt, em Weimar, Alemanha. encerra, entre outros aspectos, algumas ousadias
Na última temporada, Teo se apresentou experimentais que revelam algo da originalidade inventiva
no Festival de Lucerna e teve estreias Teo Gheorghiu também é um ator talentoso. Em 2006, de Beethoven e de sua vinculação ideológica à mentalidade
no Louvre e no Festival Dvorák, em contracenou com Bruno Ganz no papel-título de Vitus, romântica: uma postura de liberdade, que não nega a sua
Praga. Apresentou-se com a Orquestra premiado filme de Fredi Murer que conta a história de um herança clássica, mas que faz dela fermento para a livre
Sinfônica Tchaikovsky da Rádio de jovem prodígio do piano. expressão individual. Exemplo disso é o início inusitado do
72 73
FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO
primeiro movimento, aberto com a público se mostra mais uma vez Não se deve, porém, associar esse angustiosa que sempre perpassa o
intervenção nua de cinco batidas de apático, certamente por não reconhecer conceito ao de música programática. A processo criador de Beethoven. Sintoma
tímpano. Hoje peça importante da o gênero de prazer a que estava rigor, não há um texto ou um programa desse duro processo da gênese de Fidélio
literatura violinística, o Concerto op. 61 habituado. Essa reação do público literário que explicite o desenrolar é o fato de Beethoven ter composto
pode não estar entre as obras mais demonstra claramente a adoção de musical. A música da Pastoral não narra não apenas uma, mas quatro aberturas
emblemáticas do monumento uma nova postura estética em qualquer história. O próprio Beethoven para a ópera. Composta em primeiro
beethoveniano, mas é expressão genuína Beethoven, que o desvincula do afirma que “a descrição é inútil” e faz lugar, Leonora nº 1 não foi executada na
de sua inventividade e de sua linguagem. continuísmo clássico e cria laços estampar à testa da partitura a indicação estreia e, sim, Leonora nº 2, que foge
estreitos com a ideologia romântica, de que a música, aí, era “mais expressão grandemente ao modelo tradicional das
A versão para piano tem um aspecto especialmente no que concerne ao de sentimentos do que pintura”. Tal aberturas de ópera até então utilizado e
interessante. Beethoven compôs, para direito quase revolucionário de uma afirmação vincula Beethoven declarada e que, por isso mesmo, não foi bem recebida
ela, novas cadências. A do primeiro expressão individual: a expressão de conscientemente à ideologia romântica, pelo público. Fidélio, ou Leonora nº 4,
movimento, maior em tamanho e de um gênio criador, consciente de sua e faz reconhecer que a arte musical composta para as récitas de 1814, é
aspecto bastante virtuosístico, faz o missão diante de um status quo que só pode referir-se ao mundo enquanto mantida como a abertura oficial da ópera.
piano solista dialogar com os tímpanos precisa ser modificado. existência sonora. As impressões Das diversas tentativas de reintegrar à
da orquestra. Mais tarde, essa cadência campestres são, na Pastoral, impressões ópera essas quatro obras sinfônicas, não
retornou ao violino, em transcrições de A Sexta Sinfonia, op. 68, foi composta do próprio compositor, que as transfigura deixa de ser curiosa a de Gustav Mahler
importantes instrumentistas como Max entre os anos de 1806 e 1808, mas já e elabora em realidades musicais. Não que, quando diretor artístico da Ópera de
Rostal e Eugène Ysaÿe. Não se sabe se encontram esboços dessa obra em há, na Pastoral, descrição. Há, isso sim, Viena, utilizou-as todas, em uma única
ao certo quando a versão para piano blocos de notas que datam de 1802. evocações pessoais processadas e récita de Fidélio. No entanto, também
foi executada pela primeira vez, mas, O próprio título da sinfonia deu a elaboradas conscientemente e finalmente introduzida por Mahler, a prática mais
segundo Hans-Werner Küthen, que faz Beethoven certo trabalho: pensou chamá- sublimadas em linguagem musical. comum, pelo menos até a metade do
o prefácio da edição de 2005, pela la inicialmente “Sinfonia Característica, século XX, era inserir Leonora nº 3 entre as
editora Henle, ela não foi executada ou Lembranças da Vida Campestre”. Beethoven nunca se dedicou com afinco duas cenas do segundo ato. Estreada no
durante a vida de Beethoven. Imaginou depois chamá-la “Sinfonia ao gênero lírico. A submissão das ideias mesmo ano de sua composição, Leonora
Pastorella”, mas optou finalmente pelo musicais a um libretto seria insustentável nº 2 é um grande testemunho da liberdade,
É dessa mesma época a Sinfonia nome que conhecemos hoje: Sinfonia para um gênio criador tão vigoroso quanto audácia e inventividade beethovenianas.
Pastoral. Em 1808 Beethoven oferece Pastoral. Experiência única em o seu. Estreada em 1805, a ópera Fidélio
ao público vienense um concerto Beethoven, o conceito dessa sinfonia passou, após suas primeiras récitas, por
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
extraordinário, em que, além de várias funda-se no movimento de se tentar várias revisões e alterações até que
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
outras estreias importantes, apresenta utilizar a música dita pura para expressar chegasse à versão definitiva, tal como a professor da Universidade do Estado de Minas
suas Quinta e Sexta sinfonias. O realidades e conteúdos extramusicais. conhecemos. Isso revela a laboriosidade Gerais e da Fundação de Educação Artística.
74 75
FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO FORA DE SÉRIE 26 DE SETEMBRO
FABIO MECHETTI, regente PROGRAMA 7
ROMMEL FERNANDES, violino
ARA HARUTYUNYAN, violino
24 DE
OUTUBRO
ABERTURA LEONORA Nº 3, OP. 72b
Ara
Harutyunyan ROMANCE Nº 1 EM SOL MAIOR, OP. 40
Rommel
Fernandes ROMANCE Nº 2 EM FÁ MAIOR, OP. 50
— INTERVALO —
77
FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO
Boyce (Floruit Egregiis, para violino e cello) e Silvio Ferraz
(Partita II, para violino solo), além de estreias brasileiras de
obras de Pierre Boulez (Anthèmes I, para violino solo) e Mario
Mary (Aarhus, para violino e eletrônica), entre outros.
78 79
FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO
ABERTURA LEONORA Nº 3,
OP. 72b
1805/1806 | 14 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes,
3 trombones, tímpanos, cordas.
A
ROMANCE Nº 1 EM Abertura Leonora nº 3 foi composta para predominância do elemento rítmico, ritmo do Vivace. Este é apresentado
SOL MAIOR, OP. 40 uma reapresentação da ópera Fidélio, em a Sétima Sinfonia se assemelha à pelas madeiras e só toma uma forma
1806. Inicia-se com um Adagio, rico em Quinta. Entretanto, há entre elas melódica no quinto compasso, com
1802 | 8 min
Flauta, 2 oboés, 2 fagotes, modulações, que introduz o Allegro seguinte, uma diferença estrutural. Na Sinfonia as flautas. O desenvolvimento, com
2 trompas, cordas. em forma de sonata bitemática. O desenvolvimento inclui nº 5, a força e a unidade advêm da mudanças incessantes de tonalidade,
material referente às peripécias do drama, como a ária do recorrência da mesma célula rítmica apresenta uma espécie de luta entre
prisioneiro Florestan e os toques imponentes dos trompetes em todos os movimentos; na Sétima, ao as cordas e as madeiras, sobre a
ROMANCE Nº 2 EM
que lhe anunciam a liberdade. Mas a Abertura possui contrário, cada andamento é modelado simples célula rítmica inicial. A seguir,
FÁ MAIOR, OP. 50 autonomia – seu estilo sinfônico e a realização concisa e e diferenciado por um padrão rítmico há uma bela passagem com uma
1798 | 9 min equilibrada garantiram-lhe, com justiça, a permanência nas próprio. A estratificação de uma variante do primeiro tema, em fugato.
Flauta, 2 oboés, 2 fagotes, salas de concerto. figura rítmica persistente, facilmente Na reexposição, compassos de silêncio
2 trompas, cordas
perceptível em cada parte, define o quebram a continuidade rítmica. Na
Os dois Romances para violino e orquestra foram publicados perfil da Sinfonia como um todo. coda, um surpreendente pedal das
SINFONIA Nº 7 EM em 1802. O primeiro, em Sol maior (provável movimento violas e cordas graves move-se por 22
LÁ MAIOR, OP. 92 lento concebido para o inacabado Concerto Wo05), foi A Sinfonia op. 92 inicia-se com compassos sobre um mesmo desenho.
1811/1812 | 34 min composto em 1802. Seu tema principal, em Andante lento, importante introdução de 62 (Carl Maria von Weber, referindo-
tem caráter pastoral e o desenvolvimento constrói um compassos, Poco sostenuto. O acorde se a essa extraordinária passagem,
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, diálogo permanente entre o solista e a orquestra O segundo da tônica Lá maior ressoa em forte e sugeriu que Beethoven fosse internado
tímpanos, cordas. Romance, Adagio cantabile, foi escrito em 1798. A forma curto tutti orquestral, contrastando com no manicômio municipal!). Com um
alterna o lirismo do tema, em Fá maior, com a energia do a entrada do oboé solo. O processo se lento crescendo, o ritmo invencível
motivo secundário, em fá menor. O final reintroduz o tema repetirá com os ataques da orquestra do movimento se reanima até o
principal e conclui a peça com uma longa coda. no terceiro, no quinto e no sétimo resplandecente Lá maior final.
compassos e, entre os acordes, o canto
No dia 8 de dezembro de 1813, Beethoven realizou na será confiado cada vez a um novo O Allegretto, com seu ritmo de
Universidade de Viena a primeira audição da Sétima Sinfonia. timbre (primeiro uma trompa, à qual se caminhada lenta (dáctilo: uma
A pedido do público, o segundo movimento foi bisado. Tal junta uma flauta, depois os violinos). semínima, duas colcheias – espondaico:
sucesso teve um significado especial para o compositor, pois, A modulação para Dó maior traz um duas semínimas) é o movimento mais
ao eleger o ritmo como elemento dominante da Sinfonia, novo motivo, dolce, exposto pelo oboé, célebre da Sinfonia. Quanto à forma,
Beethoven o idealizou como fator socializante, capaz de com caráter de rústico cortejo pastoril. explora a oposição de dois temas, em
moldar os sentimentos coletivos (coincidentemente, a estreia A introdução termina com a nota lá menor e em Lá maior. O melancólico
ocorreu por ocasião de um concerto beneficente para os pedal Mi que, hesitando em valores primeiro tema aparece nos violinos e se
inválidos das guerras napoleônicas). Sob o aspecto da cada vez mais longos, recebe o novo enriquece com um contrassujeito dos
80 81
FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO FORA DE SÉRIE 24 DE OUTUBRO
violoncelos. O segundo é apresentado afirmativo, com acentos nos tempos rápido em semicolcheias, acentuadas uma solidez incomparável e serve de
no clarinete e no fagote. Possui um fortes. O segundo é leve e staccato. pela orquestra no tempo fraco do suporte para a sensação de irresistível
duplo acompanhamento – a suave No solene tema do Trio, Assai meno compasso. O segundo tema, também ímpeto tão característico dos finais
ondulação em tercinas dos violinos presto, Beethoven relembra um canto de apresentado pelos violinos, contém de Beethoven.
e o pizzicato das cordas graves, que peregrinos da Baixa Áustria. a indicação de piano; mas logo a
repetem a primeira metade (dáctilo) da orquestra lhe responde com um
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
célula rítmica fundamental. O final, Allegro con brio, anuncia sua violento acorde dissonante. Com
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
violência rítmica com dois explosivos esses dois temas, o Allegro con brio
dos livros Músico, doce músico e O grão
O Presto é, de fato, um scherzo duplo. acordes em fortissimo – dois trovões, se constrói dentro da forma sonata. A perfumado – Mário de Andrade e a arte do
Começa com vigoroso tutti e seu tema separados por um breve silêncio. Os quadratura rigidamente simétrica dos inacabado. Apresenta o programa semanal
contém dois motivos: o primeiro é primeiros violinos lançam o tema períodos e das frases dá ao movimento Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
21 DE
NOVEMBRO
A VITÓRIA DE WELLINGTON, OP. 91
A Batalha
A Sinfonia de Vitória
— INTERVALO —
84 85
FORA DE SÉRIE 21 DE NOVEMBRO
Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela
Orquestra Petrobras Sinfônica (2001), e do 1º Prêmio Camargo
Guarnieri, realizado pelo Festival Internacional de Campos do
Jordão (2009), Arakaki também foi finalista do 1º Concurso Latino- O Trio Ceresio é composto por três Beethoven no Japão. Para comemorar o bicentenário de Felix
americano de Regência Orquestral da Osesp (2005) e semifinalista artistas de renome internacional, Mendelssohn, o grupo gravou três obras de trio para piano
no 3º Concurso Internacional Eduardo Mata, realizado na Cidade do apaixonados por levar repertórios para deste compositor sob o selo Doron, incluindo uma primeira
México (2007). trio ao público de todo o mundo. O gravação de seu trabalho de 1822. Um novo lançamento
violinista Anthony Flint e o violoncelista pela Doron inclui composições para trios de Shostakovich,
Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de Johann Sebastian Paetsch, ambos Beethoven e Arensky.
Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou como titular da intérpretes experientes do gênero,
Orquestra Sinfônica da Paraíba e assistente da Orquestra Sinfônica conceberam a ideia de um grupo Trio Ceresio continua a causar um impacto impressionante
MARCOS
FOTO RAFAEL MOTTA
Brasileira. Como regente titular, Arakaki promoveu a reestruturação enquanto estavam em suas casas às no cenário musical, proporcionando uma experiência
ARAKAKI da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem entre os anos de 2008 e margens do Lago Lugano – conhecido inesquecível onde quer que se apresente. Como o Corriere del
2010, recebendo grande reconhecimento da crítica especializada e tradicionalmente como Ceresio. Logo Ticino, da Suíça, comentou: "... por trás de sua performance,
Marcos Arakaki é o Regente Associado da do público na cidade do Rio de Janeiro. depois, se uniram à famosa pianista supõe-se haver uma longa preparação, de outra forma não se
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais e suíça Sylviane Deferne, e a combinação poderia explicar o conjunto maravilhoso, a precisão e atenção
tem colaborado com a Filarmônica desde a Gravou em 2010 a trilha sonora do filme Nosso Lar, composta por entre o talento e a qualidade artística aos mínimos detalhes. Há um maravilhoso equilíbrio entre as
Temporada 2011. Philip Glass, juntamente com a Orquestra Sinfônica Brasileira. ímpar do Trio tem garantido um sucesso vozes, sem nunca renunciar à liberdade e à responsabilidade
Arakaki já fez a estreia mundial de mais 40 obras para orquestra. instantâneo, tanto entre promotores de que se atribui a grandes músicos".
Arakaki tem dirigido importantes Paralelamente, tem desenvolvido atividades como coordenador eventos quanto com o público.
orquestras no Brasil e no exterior. Dentre pedagógico, professor e palestrante em diversos projetos culturais
elas a Orquestra Sinfônica do Estado e em importantes instituições, como Música na Estrada, Casa Concertos realizados na Itália durante o
de São Paulo, a Orquestra Sinfônica do Saber do Rio de Janeiro, Universidade Federal da Paraíba e festival de verão Verona, em Cremona e
Brasileira, as sinfônicas de Minas Gerais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. na Suíça, nos festivais de Schubertiade,
do Paraná, da Paraíba, de Campinas e da Fribourg e na Suíça romanda foram
Universidade de São Paulo, a Petrobras Marcos Arakaki é bacharel em Música pela Universidade Estadual aclamados pela crítica especializada.
Sinfônica, Orquestra do Teatro Nacional Paulista (Unesp, 1998), concluindo seu mestrado em Regência Depois de uma série de concertos de
Claudio Santoro, a Orquestra Experimental Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, com sucesso em Lugano, o Trio Ceresio foi
de Repertório, a Camerata Fukuda, a apoio da Fundação Vitae. Participou de masterclasses com os convidado para gravar composições
Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, maestros Kurt Masur, Charles Dutoit, Alan Hazendine, Kirk Trevor, para trio de Arensky e Beethoven para a
Orquestra Filarmônica da Universidade Dante Anzolini, John Neschling, Roberto Minczuk, Roberto Tibiriçá, Rádio Svizzera italiana.
Nacional Autônoma do México, Nelson Nirenberg e Lanfranco Marcelletti. Em 2005 participou do
Sinfônica de Xalapa (México), a Kharkov Aspen Music Festival and School, tendo aulas com David Zinman na Atividades recentes incluíram uma
Philharmonic (Ucrânia) e a Bohuslav American Academy of Conducting at Aspen, nos Estados Unidos. produção para a TV suíça TSI
Martinu Philharmonic (República Tcheca). apresentando composições de
FOTO DIVULGAÇÃO
Desde 2013, Arakaki também é professor de Regência na Shostakovich e Dvorák e uma TRIO
Sua trajetória artística é marcada por Universidade Federal da Paraíba e Regente Titular da Orquestra performance do Concerto Triplo de CERESIO
diversos prêmios. Vencedor do 1º Concurso Sinfônica da mesma instituição.
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FORA DE SÉRIE 21 DE NOVEMBRO FORA DE SÉRIE 21 DE NOVEMBRO
A VITÓRIA DE WELLINGTON,
OP. 91
1813 | 14 min
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés,
2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
6 trompetes, 3 trombones,
B
tímpanos, percussão, cordas.
eethoven compôs a Abertura A Vitória de que os solistas foram Sra. Müller, Embora os primeiros esboços da
Wellington a pedido de Johann Nepomuk Sr. Matthäi e Sr. Dozzauer. A primeira Sinfonia nº 8 datem de 1811, foi
CONCERTO PARA VIOLINO,
Mälzel (1772-1838, inventor do metrônomo e apresentação em Viena se deu em apenas a partir de maio do ano seguinte
VIOLONCELO E PIANO EM DÓ amigo de Beethoven), para celebrar a vitória maio do mesmo ano, na Augartensaal, que Beethoven pôde realmente se
MAIOR, OP. 56, “TRÍPLICE” das tropas chefiadas pelo Duque de Wellington sobre as provavelmente com os mesmos solistas. dedicar à obra. No final de setembro
1804 | 36 min tropas napoleônicas, em 21 de junho de 1813, na cidade a composição já estava pronta e em
Flauta, 2 oboés, 2 clarinetes, de Vitória, Espanha. A composição se deu no verão de O Concerto Tríplice tem um caráter outubro Beethoven confeccionava
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
1813, originalmente para o Panharmonikon, então a mais camerístico e, consequentemente, a partitura definitiva. A estreia se
tímpanos, cordas.
recente invenção de Mälzel, que consistia em uma máquina intimista, o que faz dele um concerto daria dois anos mais tarde, em 27 de
enorme e uma espécie de teclado, capaz de reproduzir, inusitado para a época, especialmente fevereiro de 1814, em um concerto em
SINFONIA Nº 8 EM mecanicamente, os sons de quarenta e dois instrumentos. se levamos em conta o fato de ter sido Viena regido pelo próprio compositor.
FÁ MAIOR, OP. 93 No início do outono Beethoven orquestrou a Abertura. composto por Beethoven no mesmo
1812 | 25 min ano de duas obras grandiosas, a Sob vários aspectos, a Sinfonia nº 8
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, A Vitória de Wellington requer um grande efetivo orquestral, Sinfonia Eroica e a Sonata Waldstein. nos remete às sinfonias de Haydn,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, além de tiros de canhão e fuzil (atualmente substituídos por Embora não apresente, ao contrário especialmente à Sinfonia nº 101
tímpanos, cordas. dispositivos eletrônicos disparados pelo percussionista). dessas outras obras, passagens (“O relógio”): por suas dimensões,
A primeira seção (A Batalha) apresenta as forças francesas individuais de dificuldade extrema, a no colorido e, principalmente,
e inglesas e descreve a batalha. A segunda seção execução do Concerto Tríplice requer pelo tratamento temático. O
(A Sinfonia de Vitória), que busca enaltecer as forças grande concentração por parte dos primeiro movimento (Allegro vivace
inglesas, é amplamente baseada no hino britânico solistas, maestro e orquestra. A e con brio) é, curiosamente, em
God save the King. Graças ao sentimento patriótico que expressividade dos temas e o fino compasso ternário, assim como
tomou conta da Áustria na época, a estreia, em Viena, no dia equilíbrio entre os solistas são a a Sinfonia nº 101 de Haydn (em
8 de dezembro de 1813, foi um sucesso estrondoso e teve chave desse belíssimo concerto. O Beethoven, apenas as Sinfonias
não apenas Beethoven na regência, como Schuppanzigh nos primeiro movimento (Allegro) inicia-se números 2 e 3 têm o primeiro
primeiros violinos, Salieri, Sphor e Hummel na percussão. calmamente. Apenas aos poucos os movimento em ternário). A forma
temas são apresentados. O segundo com que Beethoven expõe as seções
O Concerto Tríplice foi composto nos anos 1803/1804. movimento (Largo) é bem tranquilo é extremamente clara: o início da
Dedicado ao príncipe Lobkowitz, teve sua primeira publicação e funciona como uma espécie de obra marca o início do primeiro
em julho de 1807, em Viena, pelo Bureau des Arts et introdução ao Finale. Este, um Rondo tema, e um compasso de silêncio
d’Industrie, e sua primeira apresentação ocorreu apenas em alla polaca, atacado após o segundo marca a entrada do segundo tema. O
abril de 1808, em Leipzig. Segundo uma crítica publicada movimento, sem interrupção, é uma movimento termina, inesperadamente,
no Allgemeine musikalische Zeitung, de 27 de abril, sabemos polonaise de caráter aristocrático. em pianissimo.
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FOTO ANDRÉ FOSSATI
Muito já se disse que o segundo
movimento (Allegretto scherzando) teria
sido escrito em homenagem a Johann
Nepomuk Mälzel, mas o certo é que o
tique-taque das madeiras e a leveza do
tema das cordas são quase uma citação
do segundo movimento da Sinfonia
nº 101 de Haydn. O terceiro movimento
é, curiosamente, um Minueto (Tempo
di Menuetto). Desde sua Sinfonia nº 2,
Beethoven substituíra o minueto, tão
comum em Haydn e Mozart, pelo
scherzo. E o quarto movimento (Allegro
vivace) mais parece uma brincadeira
musical à moda de Haydn. Nesse
movimento, após apresentar os dois
temas, Beethoven deixa clara cada
uma de suas reaparições, como que
desejando que o ouvinte não se perca ao
longo do caminho. Uma longa coda nos
leva a um final brilhante. Trata-se da
Ilustração de mais curta de suas sinfonias e, talvez,
Josh. Dan. Boehm
a mais descompromissada de todas.
(cerca de 1820).
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FORA DE SÉRIE 21 DE NOVEMBRO
FABIO MECHETTI, regente PROGRAMA 9
PABLO ROSSI, piano
MARIANA ORTIZ, soprano
DENISE DE FREITAS, mezzo-soprano
FERNANDO PORTARI, tenor
STEPHEN BRONK, baixo-barítono
CORAL LÍRICO DE MINAS GERAIS
LINCOLN ANDRADE, regente
19 DE
DEZEMBRO
FANTASIA CORAL, OP. 80
Adagio
Allegro
Meno allegro
Adagio ma non tropo
Marcia, assai vivace
Allegretto ma non tropo
Presto
— INTERVALO —
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FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
fan Tutte (Mozart); Salud, La Vida Breve (Falla); Poppea,
L’Incoronazzione di Poppea (Monteverdi). No gênero da
Zarzuela interpretou Lota em La Corte del Faraón, Aurora em
Las Leandras e a Duquesa Carolina em Luisa Fernanda, esta
última em uma coprodução entre o Teatro Teresa Carreño, o
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por suas interpretações em 2011 em A Valquíria e L’enfant
et les sortilèges (o Menino) no Theatro Municipal de São
Paulo, Nabucco, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e
Les Dialogues des Carmélites, como Irmã Marie, no Festival
Amazonas de Ópera.
DENISE neste último por suas atuações como Dalila (Sansão e Dalila) e o
Compositor (Ariadne auf Naxos), para o Municipal de São Paulo.
FERNANDO
DE FREITAS PORTARI
Seu repertório operístico inclui também Cherubino (Le Nozze
Denise é uma das mais importantes di Figaro), Nicklausse (Les Contes d'Hoffmann), Hänsel
artistas líricas do Brasil na atualidade. (Hänsel und Gretel), Siebel (Fausto), Orfeu (Orfeu e Eurídice),
Com voz de grande extensão e timbre Marquise de Berkenfield (La Fille du Régiment), Suzuki
escuro, ela tem conquistado o público (Madame Butterfly), Angelina (La Cenerentola), Rosina Com uma carreira internacional em Portari atuou também em Anna Bolena com Mariella Devia
e a crítica com intensas e sensíveis (Il Barbiere di Siviglia), Laura (La Gioconda), Carmen franca ascensão, Fernando Portari no Teatro Massimo de Palermo e em La Traviata, na Opera
atuações tanto no drama como na (Carmen), Adalgisa (Norma) e Charlotte (Werther). estreou em 2010 com grande sucesso de Hamburgo e em Colônia, Alemanha. Apresentou se em
comédia. "...Denise é uma das maiores no mítico Teatro alla Scala de Milão La Boheme em Berlim e em Sevilha e representou Werther
cantoras e maiores artistas do Brasil", Como concertista interpretou obras como El Amor Brujo de em Fausto de Gounod, ao lado de no Teatro Bellini de Catania e em La Coruña.
escreveu Arthur Nestrovski no jornal Manuel de Falla; Das Lied von der Erde, Sinfonias números Roberto Scandiuzzi. Recentemente
Folha de São Paulo. 2 e 3, Kindertotenlieder e Des Knaben Wunderhorn de esteve ao lado de Anna Netrebko Fernando Portari recebeu o Prêmio APCA (Associação
Mahler; Stabat Mater de Dvorák; Stabat Mater de Pergolesi; na Staatsoper de Berlim na ópera Paulista de Críticos de Arte) e por duas vezes o Prêmio
Em 2013 estreou com sucesso como Shéhérazade de Ravel; O Messias de Haendel; Magnificat de Manon de Massenet, sob a direção Carlos Gomes, tornando-se rapidamente nome presente nas
Azucena em Il Trovatore durante o Bach; Magnificat-Aleluia de Villa-Lobos; e Sinfonia nº 9 de do maestro Daniel Barenboim. temporadas líricas em Manaus, São Paulo, Belo Horizonte,
Festival de Ópera do Teatro da Paz, Beethoven. Seu CD Lembrança de Amor, com composições Apresentou-se nos teatros La Fenice Rio de Janeiro e outros centros artísticos.
cantou em A Valquíria (Fricka) no de Osvaldo Lacerda e Eudóxia de Barros ao piano, recebeu, de Veneza, na Ópera de Roma, no
Theatro Municipal do Rio de Janeiro e em 2003, o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos Teatro São Carlos de Lisboa, na Em São Paulo interpretou a maioria de seus papéis:
O Ouro do Reno no Theatro Municipal de Arte) de Melhor CD do Ano. Deutsche Oper de Berlim, Comunale Rodolfo, Romeo, Hoffmann, Nadir, Des Grieux, Ernesto,
de São Paulo. Em 2012, brilhou de Bologna, Novaya Theater de Nemorino, Almaviva, Ramiro, Ottavio, Cassio, Fenton,
em O Crepúsculo dos Deuses como Denise nasceu em São Paulo e teve como orientadora a Moscou, Theatro Municipal de Rake, Edipo, Roderick Usher. Também em São Paulo
Waltraute no Theatro Municipal de renomada cantora Lenice Prioli. Em Nova York, aperfeiçoou- São Paulo, Theatro Municipal do cantou as estreias mundiais das óperas A Tempestade,
São Paulo e recebeu o Prêmio Carlos se com Catherine Green e Patricia McCaffrey e, na Rio de Janeiro, Teatro Amazonas e de Ronaldo Miranda, sobre texto de Shakespeare, e Olga,
Gomes de melhor solista feminino França, com Sylvia Sass. também em Tokyo, Helsinki e Varsóvia. de Jorge Antunes, baseada na vida de Olga Benario.
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FOTO ANDRÉ FOSSATI
Finlândia; na Filadélfia e em Palm Beach, Estados Unidos;
em Taipei, Taiwan, e Xangai, China.
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CORAL LÍRICO
DE MINAS GERAIS
Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas
Gerais, corpo artístico da Fundação
Clóvis Salgado, é um dos raros grupos Lincoln Andrade
corais que possuem programação
artística permanente e um repertório Lincoln Andrade possui doutorado em
diversificado, incluindo motetos, óperas, Regência pela University of Kansas
oratórios e concertos sinfônico-corais. e mestrado em Regência Coral pela
University of Wyoming, ambas nos
Estiveram à frente do Coral os maestros Estados Unidos. Em Wyoming também
foi professor assistente e ministrou
Paraguai, Polônia, Portugal e Turquia. Lara Tanaka Consuelo Varella Márcio Bocca Robson Lopes
apresentações têm entrada gratuita ou
Déborah Burgarelli ** Petrônio Duarte* Thiago Roussin **
preços populares. O Coral participa das
SOPRANOS Enancy Gomes Rogério Francisco Urbano Lima *
temporadas de óperas e concertos da O maestro é produtor musical, Aline Amaral de Castro Iaiá Drumond Rubens do Carmo
Fundação Clóvis Salgado, ao lado da apresentador e entrevistador do Anelise Claussen Jennifer Imanishi ** Sandro Assumpção PIANISTA
Annelise Cavalcanti Júnia Jáber Wagner Soares Hélcio Vaz
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, programa Conversa de Músico,
Cátia Neris Kissya Andrade Welington Nascimento
tendo se apresentado também com a produzido e veiculado pela TV Senado. Clara Guzella Maria Helena Nunes * Wellington Vilaça GERENTE
Orquestra Sinfônica do Estado de São Também é professor de regência e Clarisse Girotto Rosa Silveira Celme Valeiras
Paulo e a Filarmônica de Minas Gerais. coordenador da Orquestra Sinfônica Conceição Nicolau Talita Cotta BAIXOS
Daiana Melo Tereza Cançado Alex Schimith ARQUIVISTA
da Escola de Música da Universidade
Érica Mendes Vanessa Piló André Fernando Robert Avelino
O Coral Lírico desenvolve também diversos Federal de Minas Gerais (UFMG). Gislene Ramos Vanya Soares Antônio Marcos Batista **
projetos que incluem Concertos no Parque, Ministra palestras sobre regência e Izabel Carmônia Carlos D’Elia SECRETÁRIA
Lírico na Cidade e Concertos Didáticos, canto coral em festivais brasileiros. Lilian Assumpção TENORES Cristiano Rocha ** Carmem Magalhães
Marta Nichthauser André Felipe Guilly Castro
em que o público pode conhecer e fruir
Melina Peixoto * Eduardo Cunha Melo Israel Balabram
a música coral de qualidade e vivenciar Lincoln Andrade é regente titular do Nabila Dandara Evandro Silva Iuri Michailowsky * chefe de naipe
o contato com os artistas. Coral Lírico de Minas. Penha Vasconcelos ** Carlos Átila José Carlos Leal ** ** músico convidado
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FANTASIA CORAL, OP. 80
1808 | 20 min
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,
2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes,
tímpanos, cordas.
SINFONIA Nº 9 EM RÉ
P
MENOR, OP. 125, “CORAL” oucas obras de Beethoven tiveram gênese tão
O uso das vozes (coro e solistas) e as citações dos em Viena, no Theater am Kärntnertor, E Beethoven foi o solista, tanto no
movimentos anteriores, dentre outras ousadias estilísticas, com a Abertura A Consagração da Concerto quanto na Fantasia.
são procedimentos que, usados na Nona Sinfonia, ganharam Casa, op. 124 e três partes da Missa
significado e importância especiais na música instrumental, Solemnis (Kyrie, Credo e Agnus Dei). A própria ideia de associar o piano
na música sinfônica e na música dramática do século XIX, Foi um evento emocionante, em solista à formação de coro e orquestra
não exatamente na geração que sucede Beethoven, mas que Beethoven, após doze anos sem já se mostra como grande ousadia e
numa geração posterior, da qual participam Mahler, Franck, subir ao palco, dividiu-o com Michael verdadeira insubordinação aos padrões
Bruckner e o próprio Wagner. Umlauf, que dirigiu a récita. Por esta, clássicos: a obra, com isso, não se
e pela obra, Beethoven foi várias submete à estrutura de um concerto,
No entanto, a voz humana, na Nona, não aparece como veículo vezes ovacionado! nem aos procedimentos da música vocal
expressivo de ideias poéticas: ela contribui para a realização acompanhada. O solo de piano que
de uma ideia musical. A dialética que surge disso denota uma A Fantasia para Piano, Coro e Orquestra, abre a obra evoca, de Beethoven, a sua
tensão entre os procedimentos clássicos da forma sonata e a no entanto, pertence à fase anterior. grande capacidade de improvisador, pois
insubmissão criadora da própria personalidade beethoveniana, Ela fora estreada naquele concerto diz a lenda que, na estreia da obra, ele
levada a um grau de abstração que a última fase de sua obra, assombroso, em dezembro de 1808, improvisou essa seção. A Fantasia foi
determinada pela surdez, conseguiu atingir. em que Beethoven fez executar, além composta em pouco tempo, o que em
dela, nada menos que a Quinta e Beethoven é fato raro: a data da estreia
Esse monumento da música ocidental só foi completado Sexta sinfonias e o Quarto Concerto foi 22 de dezembro, e o compositor
em 1824. A Nona foi estreada em maio do mesmo ano para Piano, entre várias outras peças! a elaborou na segunda metade desse
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FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO FORA DE SÉRIE 19 DE DEZEMBRO
mesmo mês. Por isso, devido ao pouco
tempo de ensaio, durante a primeira
récita parece ter havido um incidente,
em meio à execução, que fez com que
ela fosse retomada do começo.
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FANTASIA CORAL, OP. 80 SINFONIA Nº 9, OP. 125
POEMA Cristoph Kuffner (1780 – 1846) ODE À ALEGRIA
TRADUÇÃO Amancio Cueto Junior POEMA Friedrich von Schiller (1759 – 1805)
TRADUÇÃO livre
Com graça, charme e doçura soam Oh, amigos, mudemos de tom! Todos os bons, todos os maus,
as harmonias de nossas vidas, Entoemos algo mais prazeroso Seguem seu rastro de rosas.
e do sentido da beleza geram E mais alegre! Ela nos deu beijos e vinho e
as flores que eternamente florescem. Um amigo leal até a morte;
Paz e alegria deslizam alegremente, Alegre, formosa centelha divina, Deu força para a vida aos mais humildes
como o jogo alternado das ondas; Filha do Elíseo, Deu força para a vida aos mais humildes
Tudo o que é bruto e hostil Ébrios de fogo entramos E ao querubim que se ergue diante de Deus!
transforma-se num sublime sentimento. Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir Alegremente, como seus sóis corram
Quando a mágica da música reina O que o costume rigorosamente dividiu. Através do esplêndido espaço celeste
e as palavras sagradas são ditas, Todos os homens se irmanam Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
O glorioso deve ser concebido, Todos os homens se irmanam Alegremente como o herói diante da vitória.
Noite e tempestade se tornam luz. Ali onde teu doce voo se detém.
Paz exterior e bênção interior Alegre, formosa centelha divina,
reinam para os afortunados. Quem já conseguiu o maior tesouro Filha do Elíseo,
O sol da primavera da arte De ser o amigo de um amigo, Ébrios de fogo entramos
deixa a luz surgir de ambos. Quem já conquistou uma mulher amável Em teu santuário celeste!
Rejubile-se conosco! Abracem-se, milhões!
Grandeza, que entrou no coração, Sim, mesmo se alguém conquistar Enviem este beijo para todo o mundo!
floresce como novo em toda sua beleza, apenas uma alma, Irmãos, além do céu estrelado
Quando um espírito levanta voo, Uma única em todo o mundo. Mora um Pai Amado.
ecoa em resposta um coro de espíritos. Mas aquele que falhou nisso Milhões se deprimem diante Dele?
Então aceitem, ó belas almas, Mas aquele que falhou nisso Mundo, você percebe seu Criador?
alegremente os dons da bela arte: Que fique chorando sozinho! Procure-o mais acima do céu estrelado!
Quando amor e força se juntam, Sobre as estrelas onde Ele mora.
a graça de Deus recompensa os homens. Alegria, bebem todos os seres
No seio da Natureza:
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para
ASSISTIR
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FORA DE SÉRIE PARA ASSISTIR, OUVIR E LER FORA DE SÉRIE PARA ASSISTIR, OUVIR E LER
para para Legendas das imagens
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Anúncio da estreia da Nona Sinfonia, em
7 de maio de 1924, informa a presença
de Beethoven.
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FORA DE SÉRIE PARA ASSISTIR, OUVIR E LER FORA DE SÉRIE PARA ASSISTIR, OUVIR E LER
Acompanhe a Filarmônica Para apreciar
em outros concertos um concerto
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FORA DE SÉRIE ACOMPANHE A FILARMÔNICA FORA DE SÉRIE PARA APRECIAR UM CONCERTO
Orquestra DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
Instituto
Filarmônica de REGENTE ASSOCIADO
Cultural
Minas Gerais Marcos Arakaki Filarmônica
* PRINCIPAL ** PRINCIPAL ASSOCIADO *** PRINCIPAL ASSISTENTE **** PRINCIPAL / ASSISTENTE SUBSTITUTO
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