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19/10/2017

1. Introdução

MELHORAMENTO DE  Diversas espécies alógamas são


propagadas assexuadamente como: cana-
ESPÉCIES DE PROPAGAÇÃO de-açúcar, mandioca, seringueira,
eucalipto, etc.
ASSEXUADA
 Propagação vegetativa dessas espécies é
utilizada para o plantio comercial -
Profa. Regina Lucia Ferreira Gomes reprodução das cultivares se dá
Departamento de Fitotecnia/CCA/UFPI assexuadamente - sem o uso de sementes.

 Aspectos relacionados ao tipo de propagação


2. Formação de populações
são importantes para o melhoramento
genético das espécies:
 Plantas de propagação assexuada são
a) genótipos são transmitidos normalmente muito heterozigóticas -
integralmente através das gerações na apresentam elevada depressão por
ausência de mutações; endogamia.
b) número de clones de cada planta
(genótipo) aumenta de forma  Descendentes de cruzamentos entre
exponencial com o decorrer das plantas aparentadas apresentam
gerações. queda no vigor quando comparadas
 Tais aspectos asseguram que os àquelas oriundas de cruzamentos
genótipos selecionados possam ser entre plantas não aparentadas.
utilizados comercialmente.

 Geração F1 do cruzamento de dois clones  Para mais locos - quantidade de genótipos


apresenta variabilidade genética - nível diferentes na geração F1 é: 2n1.2n2:
dessa variabilidade genética depende do - se clones parentais diferirem em 20 locos,
nível de heterozigose dos clones e de sua número de genótipos diferentes  220.220
divergência genética.  1012;
- se clones parentais diferirem em 50
Exemplo: locos, número de genótipos diferentes
Clones C1 e C2 com genótipos A1A2 e A3A4 na geração F1  250.250  1030.
Geração F1 gera quatro genótipos distintos:
A1A3, A1A4, A2A3 e A2A4 com freqüências ¼.
 Geração F1 apresenta variabilidade
Geração F2 - existe variabilidade genética genética considerável mesmo se os clones
disponível para se praticar seleção. parentais não forem muito divergentes
geneticamente.

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 Populações a serem submetidas à seleção  Cruzamentos do tipo C1 x C2 - biparentais


são formadas via cruzamentos de clones Cruzamentos do tipo (C1 x C2) x C3 ou
(genótipos)  geração F1 é a geração de (C1 x C2) x (C3 x C4) - multiparentais.
referência - geração em que se inicia a
seleção.

 Cruzamentos para gerar os Fl's podem ser:  Aspecto muito importante no


melhoramento dessas espécies - seleção
biparentais - que se referem aos
dos genótipos ou clones que serão
cruzamentos entre dois genótipos;
utilizados nos cruzamentos para gerar as
multiparentais - quando mais de dois populações.
genótipos estão envolvidos nos
cruzamentos.

 Genótipo(s) superior(es) aqueles que


superam as cultivares em uso, devem
 Caracteres quantitativos apresentam
estar presentes nas populações geradas
distribuição normal - tem-se em uma
para serem submetidas à seleção;
população genótipos inferiores, medianos
e superiores.

 Clones utilizados em cruzamentos


devem ser selecionados de forma que as
 No melhoramento, visa-se selecionar e populações geradas de seus
multiplicar genótipo(s) superior(es) de cruzamentos tenham genótipos
uma população; superiores àqueles em uso comercial.

Critérios para a escolha dos clones parentais:


 Cultivares Comerciais - menor variabilidade genética para os
-procura-se aproveitar os efeitos da caracteres menos complexos que a
seleção já praticada para produzi-las, produtividade - permitindo que a seleção para
aumentando-se a probabilidade de produtividade seja intensa.
concentração de alelos favoráveis em
alguns genótipos;
- clones apresentam um elevado nível de
produtividade e uma série de
características favoráveis, como
resistência às principais doenças, pragas e
acamamento, precocidade, etc.

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 Divergência Genética
Genealogias - quanto maior a divergência genética dos
genótipos envolvidos nos cruzamentos, maior
- necessário conhecer genealogia das será a variabilidade genética da população
cultivares que farão parte dos cruzamentos gerada;
para evitar que clones aparentados possam
vir a ser utilizados; - divergência genética entre clones pode ser
mensurada através do nível de heterose e/ou
- populações geradas de cruzamentos de clones capacidade específica de combinação que
aparentados apresentarão depressão por podem ser estimadas pela análise de
endogamia e conseqüente redução da cruzamentos dialélicos;
variabilidade genética. - clones aparentados tendem a apresentar
menor divergência genética que aqueles não
aparentados.

Complementariedade de Caracteres
 Performance das Cultivares
- procura-se cruzar clones que possam se
complementar, principalmente em relação à - nível de performance das cultivares em
resistência à pragas e doenças. um conjunto de ambientes deve ser
considerado;
Exemplo: clone 1 resistente ao patógeno A e suscetível
ao patógeno B - cultivares superiores possuem
-procura-se entre os clones disponíveis para concentrações mais elevadas de alelos
cruzamento aqueles que sejam resistentes ao patógeno favoráveis que as demais  podem
B e resistentes ou suscetíveis ao patógeno A apresentar interações genótipo-ambiente
- visando obter clones que sejam simultaneamente mais favoráveis para esse conjunto de
resistentes a ambos patógenos, para concentrar
ambientes considerado.
caracteres favoráveis em um único genótipo.

 Critérios apresentados devem ser 3. Avaliação e seleção


considerados em qualquer programa
de melhoramento;  Primeiro passo no processo seletivo -
formação de populações (via cruzamentos
 Cada espécie tem as suas
de cultivares comerciais, que preencham
particularidades as quais são adicionadas
critérios básicos) a serem submetidas à
a esses critérios básicos;
seleção.
 Necessário manter um banco de dados
com todas as informações para que a  Realizados os cruzamentos  dispõe-se
seleção das cultivares que serão de sementes que são semeadas e tem-se
utilizadas em cruzamentos possa ser a população de referência - geração F1.
feita da forma mais criteriosa possível.

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 Objetivo:
 Avaliação e seleção dos genótipos
- classificar corretamente os genótipos
superiores realizada em diversas
quanto aos seus méritos econômicos
etapas:
e/ou agronômicos;
-inicialmente tem-se apenas uma
- identificar o(s) superior(es); planta por genótipo,
- selecioná-lo(s) e; - após esta etapa inicial  plantas
- multiplicá-lo(s) para que seja(m) selecionadas são clonadas permitindo
utilizados comercialmente. que sejam avaliadas em experimentos
com repetições.

 Quando se avança nas etapas de avaliação


e seleção - número de clones por
genótipo (planta F1) aumenta permitindo Compara-se genótipos selecionados com
que estes sejam avaliados em cultivares em uso - aqueles que superarem
experimentos com maior número de em performance essas cultivares serão
repetições e também em diversos locais. selecionados para recomendação e plantio,
originando novas cultivares.
 No final - tem-se poucos genótipos que
serão avaliados em um grande número
de locais e repetições por local e, em
diversos anos.

 Etapas de um programa de melhoramento:  Plantas a serem avaliadas e


selecionadas devem estar em
3.1. Etapa inicial competição completa – caso contrário
podem ser favorecidas e erroneamente
 Inicialmente - campo com plantas
selecionadas.
originárias de sementes
correspondente à geração F1.  Nessa etapa – apenas caracteres de
 Cada genótipo tem apenas uma planta, alta herdabilidade devem ser
sendo praticada seleção massal ou selecionados - unidade de seleção
seleção fenotípica. refere-se a uma planta.

 No campo, tem-se número grande de  Seleção para caracteres de mediana e


plantas – avaliadas individualmente baixa herdabilidades - não deve ser
para caracteres de alta herdabilidade. realizada.

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3.2. Etapas intermediárias  Seleção feita com base nas médias das
repetições – precisão experimental baixa
 Plantas selecionadas na etapa inicial – seleção feita para caracteres de alta e
são clonadas. mediana herdabilidades.
 Etapa seguinte – genótipos selecionados
 Poucos clones por genótipos para são clonados  gerando quantidade
avaliação – limitando número de razoável de clones por genótipos.
repetições e número adequado de
plantas por parcela.  Dispõe-se de grande número de genótipos
para serem avaliados  quantidade de
 Pode-se ter apenas duas repetições clones/genótipos e número elevado de
com poucas plantas por parcela. genótipos impedem que sejam avaliados
em experimentos com grande número de
repetições.

 Gerações seguintes de avaliação/seleção


– disponibilidade de clones por genótipo
 Aumenta-se o número de repetições –
aumenta e quantidade de genótipos a
avalia-se em alguns locais com número
serem avaliados diminui.
adequado de plantas por parcela 
permitindo seleção branda para
caracteres de baixa herdabilidade e alta  Precisão das avaliações aumenta - devido
intensidade para caracteres de aumento gradativo do número de
herdabilidade mediana. repetições e locais de avaliação 
permitindo aumentar de forma gradativa
a intensidade de seleção para caracteres
de baixa herdabilidade.

3.3. Etapas finais 4. Resposta à seleção

 Após diversas etapas de


avaliação/seleção  tem-se poucos  Seleção em espécies de propagação
genótipos - por não ter restrições assexual é praticada em etapas - à
quanto ao número de clones/genótipo – medida que se avança aumenta a
são avaliados com grande número de disponibilidade de clones por genótipo
repetições, em diversos locais e anos, permitindo o aumento gradativo do
incluindo cultivares em uso como número de repetições e de locais para a
testemunhas. avaliação aumentando gradativamente a
precisão experimental  aumenta-se
 Identifica-se genótipo(s) superior(es) -
gradativamente a intensidade de seleção
que originarão cultivares liberadas para
plantios comerciais.

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Procedimento possibilita identificar  Resposta à seleção para etapa inicial – seleção


com precisão o(s) genótipo(s) fenotípica:
superiores que é(são) liberado(s)
como cultivar(es).

Intensidade final de seleção é elevada


e corresponde ao produto das
em que:
intensidades de seleção de cada etapa.
i – diferencial de seleção estandardizado;
 Genótipos selecionados são clonados, – variância genética total ( );
transmitidos integralmente às gerações
seguintes  seleção explora toda a – desvio padrão fenotípico da unidade de seleção.
variabilidade genética de cada geração.

 Variância fenotípica da unidade de seleção na  Etapa seguinte – avaliação em experimentos


primeira etapa onde se pratica seleção massal com repetições em apenas um local:
ou fenotípica:
Variância fenotípica da unidade de seleção onde
se pratica seleção fenotípica:

– variância ambiental do campo experimental.

 Etapas com avaliações realizadas em


experimentos com repetições em diversos
locais:

 Seleção torna-se mais eficiente


 Etapas finais com avaliações realizadas em gradativamente com aumento do número
experimentos com repetições em diversos de repetições, locais e anos de avaliação –
locais e anos: devido à redução gradativa da variância
fenotípica  reduzindo o denominador da
em que: expressão da resposta à seleção.

, e - variâncias das interações genótipos


com locais, genótipos com anos e genótipos com
locais e anos.
R, L e A – repetições, locais e anos.

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 Expressões da variância fenotípica de cada  Resposta à seleção final – somatório das


etapa seletiva mostram que: respostas à seleção em cada etapa:
- etapa inicial  pratica-se seleção apenas
para caracteres de alta herdabilidade;
- etapa seguinte  seleciona-se caracteres
de herdabilidades alta e mediana;
- etapas com avaliações em experimentos
com repetições em mais de um local deve-se
praticar seleção para caracteres de baixa
herdabilidade.

5. Índice de seleção  Primeira etapa - praticada seleção


individual fenotípica;
 Seleção de genótipos superiores em
espécies de reprodução assexuada -  Demais etapas - seleção baseada na
realizada em diversas etapas. média de repetições.

 Supondo três etapas de avaliação -


 Genótipos avaliados em uma dada etapa tem-se informações das performances
correspondem àqueles selecionados na dos genótipos que estão sendo avaliados
etapa anterior. na última etapa oriundos das avaliações
da primeira e da segunda etapa.

Sendo n e n’ (n’>n) duas etapas de avaliação,


onde os genótipos avaliados na etapa n’ são
Informações podem ser aproveitadas e
aqueles selecionados na etapa n  índice de
agrupadas na forma de um índice de seleção de um caráter j com as informações das
seleção visando aumentar a eficiência da duas etapas é:
seleção nas etapas posteriores.

em que:
Na segunda etapa tem-se informações da Iij – índice de seleção do genótipo i para o caráter
primeira etapa, na terceira etapa tem-se j, agrupando as informações das etapas n e n’;
informações da primeira e da segunda bn e bn’- pesos ponderados associados aos valores
etapa e assim por diante. fenotípicos das gerações n e n’;
Fijn e Fijn’ – valores fenotípicos (médias) do
caráter j do genótipo i nas gerações n e n’.

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Forma simplificada, sem obter as estimativas de  O índice de seleção independe de estimativas


variâncias e covariâncias fenotípicas e genéticas, de variâncias e covariâncias, sendo facilmente
requer admitir as seguintes restrições: obtido pois depende do número de repetições e
dos valores fenotípicos do caráter em questão
em cada etapa.

Os pesos são: Considerando diversas etapas de seleção, o


índice é:

em que:
O índice de seleção torna-se:

O peso ponderado para qualquer etapa de avaliação é:


 Resposta à seleção para duas etapas de seleção
baseando-se no índice é:

A resposta baseada no índice é:

A resposta baseada no índice só deve ser


utilizada se for superior àquela baseada apenas
em que: nas informações da etapa n’, cuja expressão é:
variância fenotípica do índice de
seleção

 Supondo-se que as intensidades de seleção


sejam as mesmas

A eficiência relativa da seleção baseada no índice


em relação àquela baseada na geração n’, é:

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