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(VJ Estratégia CONCURSOS Aula 02 eT Ren A ea Re MC Cd aero Leo) Professores: Igor Maciel, Paulo H M Sousa AULA 2 @ TEORIA GERAL DO DiIREITO CIVIL: DIREITOS DA PERSONALIDADE Sumario Consideragées Iniciai TEORIA GERAI 2. Direitos da personalidade 1. Caracteristicas ... 2. Distingées... 3. Direitos da personalidade e 0 Cédigo Ci 4. Pessoa juridica... Legislacéo pertinente.... Jurisprudéncia e Simulas Correlatas . Questées. Questées sem comentérios. Gabaritos ... Questées com comentérios. Resumo ConsideracGes Finais . Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 1de 98 AULA 02 — TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL: DIREITOS DA PERSONALIDADE Cory (oieskee oi a} Na aula passada, tratamos dos conceites iniciais de Direito Civil, com algumas das nogdes que formam a base de compreensdo dos demais institutos de Direito Civil, que costumam cair com grande frequéncia nas provas. Embora parecesse apenas introdutéria, compreender bem os temas que giram em torno das pessoas naturais e juridica é de suma importancia para sua prova. Hoje, trataremos, em continuidade, de um tema que orbita ao redor do tema das pessoas: os direitos de personalidade. E uma parte da disciplina que comecou a cair com mais frequéncia nas Ultimas provas, especialmente tocante @ jurisprudéncia. Vocé deve prestar ateng&o, porque sdo questées em geral mais féceis, quando voltadas ao CC/2002, mas as vezes temos questdes mais “chatas”, quando voltadas a jurisprudéncia recente assentada no STJ e no STF, em detalhe. Nas provas do MPT temos um numero constante de questées envolvendo os direitos de personalidade nos Gltimos tempos. Na prova de 2015 tivemos uma questéo e na prova de 2013 tivemos duas questées (uma delas tratando sobre temas de aula subsequente, pelo que a veremos adiante). Esse é um ponto, inclusive, que tem grande conexdo com a atuacdo do MPT relativamente ao Direito Civil. Como est&o se tornando mais frequentes esses questionamentos e, em certa medida, esté a “na moda” fazer questionamentos sobre entendimentos jurisprudenciais acerca dos direitos da personalidade, fique atento! TEORIA GERAL itos da personalidade 1. Caracteristicas Quando adquire personalidade, a pessoa passa a ter uma série de direitos oriundos dessa personalidade. Sao os chamados direitos de personalidade, que tém por objeto os bens e valores essenciais da pessoa. Os direitos da personalidade s&o direitos subjetivos e, portanto, conferem 4 pessoa o poder de defender sua personalidade no aspecto psicofisico amplo. A tutela dos direitos de personalidade também é bastante ampla: internacional, constitucional, civil e penal; diferentes esferas, portanto, protegem os diferentes direitos da personalidade de diferentes formas. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 2de ss Aula 02 - Prof. Paulo A base dos direitos de personalidade é 0 principio reitor da CF/1988, o principio da dignidade da pessoa humana. O objetivo dos direitos de personalidade é a adequada protegao e tutela da pessoa humana. So as caracteristicas dos direitos de personalidade, extraidas dos arts. 11 e ss. do CC/2002: A. Absolutos + Eficazes contra todos (erga omnes) No entanto, so os direitos da personalidade_relativizados, sobretudo aqueles que diretamente dependem da intervencao estatal, como os chamados direitos subjetivos publicos (satide, educacao, meio ambiente, moradia etc.) Eee Geet * Insuscetiveis de alienago * Porém, sao disponiveis os efeitos patrimoniais de todos os direitos de personalidade e os proprios direitos de personalidade sao disponiveis, a depender da situacio, como 0 direito & imagem ou ao corpo, por exemplo Wb Fican 2012 - CESPE - AGU - Procurador Federal Considerando as caracteristicas dos direitos da personalidade, julgue o item abaixo. O titular de um direito da personalidade pode dispor desse direito, desde que 0 faca em carater relativo. Comentarios O item 121 estd correto, conforme mencionamos acima. C. Irrenunciaveis « Insuscetiveis de renuncia ou limite *Mas, so renuncidveis os efeitos patrimoniais de todos os direitos de personalidade e os préprios direitos de personalidade séo renuncidveis, a depender da situagdo (vacinacéo obrigatéria, renincia de direito autoral) D. Imprescritiveis *Nao ha prazo para sua utilizacéio e no deixam de existir pelo simples decurso do tempo J os efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade prescrevem, como, por exemplo, o dano moral Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 3de 98 Lembra-se que, no inicio das nossas aulas, eu havia tratado da presungéo de morte sem prévio reconhecimento da auséncia? Eram trés situacdes, duas delas previstas no CC/2002, e a outra na Lei 9.140/1995. Essa Lei trata, em linhas gerais, do reconhecimento da 3B engao pa atividades politicas. Se, no periodo de 02/09/1961 a 05/10/1988 (periodo pré-Golpe, durante o regime de excecéio e periodo pés- Golpe, na aurora da redemocratizaco), essas pessoas tivessem sido detidas por agentes publicos, achando-se, deste entao, desaparecidas, sem que delas haja noticias, podem ser reconhecidas como mortas. A Lei prevé o pagamento de indenizacao aos fa! jares dos presumidos mortos durante o Golpe de Estado ‘Ezecpacinnal havido, no prazo de até 120 dias, contados da promulgagao da lei. Esse prazo foi reaberto por outros 120 dias, contados da promulgacao da Lei 10.536/2002, e novamente reaberto, por novos 120 dias, contados da promulgagao da Lei 10.875/2004. Atente, pois essa Lei defere a indenizag’o pela i presungdéo de morte dos agentes politicos jadinha! desaparecidos durante e regime de excecio em ordem diversa da ordem sucesséria. Prevé o art. 10 que a indenizacéo prevista é deferida as pessoas abaixo indicadas, na seguinte ordem: I - a0 cénjuge; IE - 20 companheiro ou companheira, definidos pela Lei n® 8.971, de 29 de dezembro de 1994; III - aos descendentes; IV - aos ascendentes; V - 20s colaterais, até o quarto grau. No entanto, em havendo acordo entre os familiares, a indenizagdo pode ser paga de maneira diversa, como afianga o art. 10, §2°. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 98 reoria Ts Aula 02 - Prof. Pi ih eer TS * N&o s&o avaliéveis em dinheiro *Porém, em caso de indenizacao por violacéo, afere-se a violagdo por indenizag&o pecuniéria F. Inatos *Nascem com a pessoa e morrem com ela, independentemente de atuacgo *No entanto, os direitos da personalidade se estabelecem ainda antes da pessoa nascer, como & 0 caso da protecio da personalidade do nascituro, e ainda perduram, mesmo com a morte, como no caso da protecao do nome do falecido 5 Quanto a esta ultima caracteristica, especificamente, o art. gece 12 estabelece que o interessado pode exigir que cesse Curiosidade’ =meaca ou a lesdo a seu direito da personalidade. Inclusive, pode ele reclamar perdas e danos, além das outras sancées previstas em lei. Mas, € no caso do morto? © paragrafo Unico, sanando essa divida, estabeleceu que em se tratando de morto, a legitimidade para requerer growlo as medidas cabiveis recai sobre o cénjuge ‘decore! sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 2. Distingdes Os direitos de personalidade so um todo unitdrio, mas dinamico, que engloba os valores essenciais da pessoa. E possivel falar em um direito geral de personalidade que se desdobra em direitos especiais da personalidade. Esse direito geral de personalidade tutela a PR Te) personalidade de modo amplo, ao passo que os ais fundo direitos especiais de personalidade tutelam cada aspecto especifico dela. Como diferenciar os direitos de personalidade dos direitos humanos e dos direitos fundamentais? Segundo Anderson Schreiber todos esses termos s&o univocos, eis que tratam todos da protecéo da pessoa, da protecio dos diferentes atributos da personalidade humana merecedores de tutela juridica. © que os distingue, fundamentalmente, é o plano de xox protecao em que essa personalidade se manifesta. No atento! plano internacional, temos os direitos humanos, cuja base é a Declaraco das Nagdes Unidas, de 1948. Geralmente, esses direitos so associados a humanidade em geral e aos ataques a pessoa humana por Estados do ponto de vista internacional. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 98 Aula 02 - Prof. Paulo No plano constitucional, temos os direitos fundamentais, presentes na CF/1988, especialmente no Titulo II da Carta. Geralmente, esses direitos estéo associados a defesa das liberdades publicas em face do Estado nacional, cujo documento base fora a Declaracdo dos Direitos do Homem e do Cidado de 1789. Mencione-se que os_ direitos fundamentais estabelecidos pela CF/1988 tém eficdcia direta e ‘tome nota! imediata, tanto no plano publico quanto no plano interprivado. No plano privado, temos, por fim, os direitos de personalidade, cuja base esta no CC/2002, mas n&o sé, espraiando-se por outros microssistemas (vide CDC e ECA) e leis extravagantes (vide 0 recente Estatuto da Pessoa com Deficiéncia ou © Estatuto do Idoso). Geralmente, esses direitos est&o voltados a protecdo da pessoa contra os demais particulares. Todos eles, porém, tem um mesmo fundamento: a dignidade humana, enxergada a partir de diferentes Gece facetas, pelo que, a rigor, essa diferenciagao perde importancia e os direitos se aproximam, se entrelagam. Numa perspectiva mais dogmatica, no entanto, todo direito de personalidade é também fundamental e humano, mas nem todo direito humano e fundamental é da personalidade (ao menos néo diretamente, como 0 direito de greve). Resumindo > Declaragaio das Nagées Unidas de 1948 | je Plano internacional DTN UT '« Humanidade em geral }’ Pessoa X Estado internacional © CF/1988 » Plano constitucional Direitos Fundamentais fies Peery * Pessoa X Estado nacional » CC/2002, CDC, Estatuto do Idoso etc. ee = Plano interprivado Personalidade le Minudenciagéo dos direitos humanos e fundamentais js Pessoa X Pessoa A partir dai se pode construir uma diviséo, um tanto arbitraria, a partir da doutrina clssica, dos direitos especiais de personalidade a partir da compreensao Ma ay Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 6 dese psicofisica. No entanto, uma classificacéio é desnecessdria para sua prova, eis que © examinador no fard questionamentos dessa ordem. Deve-se, ao contrério, analisar os direitos de personalidade inscritos no CC/2002. 3. Direitos da personalidade e o Cédigo Civil Primeiro, o art. 13 limita atos de disposigaéo do préprio corpo, quando importarem diminuigéo permanente da integridade fisica, ou contrariarem os bons costumes as situagdes em que ha exigéncia médica. Excetuam-se os casos de transplante de érgaos (art. 13, paragrafo Sz. dinha! nico) e de disposicgo gratuita do préprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, com objetivo cientifico ou altruistico. Esses atos, porém, podem ser livremente revogados a qualquer tempo. Ainda quanto ao corpo, o art. 15 preceitua que nado se pode constranger alguém a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenc&o cirdrgica. Nesse sentido, comeca-se a permitir, no Brasil, o sa estabelecimento de diretivas antecipadas de vontade \ ee is fundo para tratamentos médicos, os chamados “testamentos vitais”, por aplicagdo da Resolucdo CFM 1.995/2012, que assim dispde em ser art. 19: Definir diretivas antecipadas de vontade como 0 conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou no, receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade. Veja-se, porém, que ainda nao ha consenso legal sobre o assunto, que é tratado apenas pela referida Resolucéo. ora oe raticar! 2009 - CESPE - DPE/ES - Defensor Puiblico De acordo com 0 Cédigo Civil, julgue os itens seguintes. O individuo ndo pode ser constrangido a submeter-se a tratamento ou @ interveng&o cirtirgica com risco de morte. Quanto ao nome, o direito ao nome protege também o _ prenome e o sobrenome (art. 16), além de apelidos ou ‘atencao pseud6énimos socialmente reconhecidos, desde que licitos (art. 19). Por isso, 0 nome da pessoa néo pode ser empregado por outrem em publicagées ou representagdes que a exponham ao desprezo ptiblico, ainda quando nao haja intengdo Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 98 y DzrrerTo Civit = MI Teoria e Q Ss Aula 02 - Prof. Paulo H M Sou: difamatéria (art. 17). Do mesmo modo, sem autorizacdo, nao se pode usar © nome alheio em propaganda comercial (art. 18). ome raticar! FCC - PGE/SP - 2012 - Procurador do Estado 21. Sobre os direitos da personalidade, é correto afirmar: (A) O.uso de imagem de pessoa piiblica com fim jornalistico depende de sua prévia autorizacao. (8) E inconstitucional ato de disposig&0 que tenha por objeto 0 exercicio de direitos da personalidade, por serem, sem excegao, intransmissiveis e irrenunciaveis. (©) E licito ato altruistico de disposigéo do préprio corpo, total ou parcialmente, para depois da morte. (D) Herdeiro nao pode pleitear perdas e danos por violag&o de direito da personalidade de pessoa morta, por se tratar de direito personalissimo, intransmissivel e que se extingue com a morte. (E) O pseudénimo n&o goza de protegao legal em raz3o da proibicao constitucional ao anonimato. Comentarios A alternativa A esté incorreta, conforme estabelece o STJ, majoritariamente, dado que o fim jornalistico retira a exigéncia. A alternativa B esta incorreta, eis que ha evidentes excegdes ha intransmissibilidade e irrenunciabilidade dos direitos sobre o préprio corpo, como, por exemplo, os lutadores esportivos em relacéo aos danos fisicos ou a transmissao dos direitos em caso de morte. A alternativa © esté correta, na forma do art. 14: “E valida, com objetivo cientifico, ou altruistic, a disposi¢&o gratuita do préprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte”. A alternativa D esté incorreta, de acordo com o art. 12, paraégrafo Unico: “Em se tratando de morto, tera legitimagao para requerer a medida prevista neste artigo o cénjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”. A alternativa E esta incorreta, consoante regra literal do art. 19: “O pseudénimo adotado para atividades licitas goza da protec#o que se dé ao nome”. De regra, 0 ordenamento juridico brasileiro proibe a alteracdo do nome, segundo o art. 58 da Lei 6.015/1973, a Lei de Registros Publicos - LRP. Como excegéo tradicional, temos o caso de casamento, que permitia a alteragéo do nome da mulher, para adicionar os apelidos de familia do esposo. Atualmente, essa excecéo foi franqueada ao marido, que pode adicionar o sobrenome da mulher, em vista da igualdade entre os géneros. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br dese Mas nao sé. A LRP ainda prevé duas hipoteses de alteracéio do nome. O art. 58, a” desde a redacdo da Lei 9.708/1998, permite a sua 29 Curiosidade substituiggo por apelidos ptblicos notérios. O paragrafo nico ainda prevé que a substituicao do prenome sera ainda admitida em razio de fundada coagSo ou ameaca decorrente da colaborag&o com a apuragao de crime, por determinag&o, em sentenga, de juiz competente, ouvido o MP. Além disso, o art. 55, paragrafo Unico, da LRP prevé que os oficiais do registro civil ndo registraréo prenomes suscetiveis de expor ao ridiculo os seus portadores. Quando os pais nao se conformarem com a recusa do oficial, este submeterd por escrito 0 caso, independente da cobranga de quaisquer emolumentos, a decisio do Juiz competente. Nao € incomum que os filhos so apreciem os nomes dados pelos pais. O nome tem essa peculiaridade bastante prépria, j4 que se trata de algo imutavel, mas que escapa a nossa escolha. Nossos pais escolhem nosso nome a nossa revelia (obviamente), porque é necessério haver essa individualizacéio nominal desde inicio da vida extrauterina. Por conta disso, 0 art. 56 da LRP prevé que a pessoa, no 5 primeiro ano apés ter atingido a maioridade civi ‘tome nota! podera, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que nao prejudique os apelidos de familia, averbando-se a alterac&io que seré publicada pela imprensa. Por outro lado, o filho socioafetivo, havendo motivo ponderével, poderd requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de familia de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordancia destes, sem prejuizo de seus apelidos de familia (art. 57, §8°). E 0 reflexo da multiparentalidade nos nomes, em consecugSo aos principios constitucionais. Pela combinacdo dos arts. 1.618 do CC/2002 e do art. 47, §5° do ECA permitem que haja alteraco do nome do adotado, para que sejam incluidos os nomes de familia dos adotantes. Mais, podem os adotantes alterar o prenome do adotado, enquanto for ele menor. O art. 1.627 estabelece que a decis&o confere ao adotado o sobrenome do adotante, podendo determinar a modificagao de seu prenome, se menor, a pedido do adotante ou do adotado. Situacéo peculiar de possi nome ocorre no caso de estrang INDO Cha fundo 6.815/1980, prevé que o nome do estrangeiro, constante do registro (art. 30), poderd ser alterado: I - se estiver comprovadamente errado; II- se tiver sentido pejorative ou expuser 0 titular ao ridiculo; IIT - se for de pronunciacéo e compreenséo dificeis e puder ser traduzido ou adaptado 4 prosédia da lingua portuguesa. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 98 No entanto, se forem apenas erros materiais no registro, eles serdo corrigidos de oficio, permite o §2° desse artigo. Igualmente, o §4° estabelece que pode ser averbado no registro 0 nome abreviado usado pelo estrangeiro come firma comercial registrada ou em qualquer atividade profissional. Permite-se ainda, conforme vasta jurisprudéncia a respeito do tema, a alteragao do prenome da pessoa transexual, incluindo a alteracao do assento quanto ao género, para que nao seja esse o motivo de mais sofrimento & pessoa. © nome social, a designagéo pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e € socialmente © neve reconhecida, € igualmente protegido. O Decreto RB Finto! 8.727/2016, em vigor desde 28/04/2016, protege o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de género de pessoas travestis e transexuais no ambito da administragdo publica federal direta, autérquica e fundacional. Para tanto, 0 art. 2°, paragrafo Unico, expressamente veda o uso de expressées pejorativas e discriminatérias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais. O objetivo é dar igual dignidade a todas as pessoas, independentemente de sua identidade de género. Seguindo no mesmo sentido, a OAB, por meio da Resolugao n°5, de 07/06/2016 e DPU, por meio da Resolugao n° Brrtosiaade 108, de 05/05/2015, também protegem o uso do nome social. Veja o teor do art. 1° da Resolucdo da DPU: Art, 10 Fica assegurada a possibilidade de uso do nome social as pessoas trans, travestis e transexuais ususrias dos servicos, 20s Defensores Piblicos, estagiarios, servidores e terceirizados da Defensoria Piblica da Unido, em seus registros, sistemas e documentos, na forma disciplinada por esta Resolucao. Pardgrafo Unico. Entende-se por nome social aquele adotado pela pessoa, por meio do qual se identifica e é reconhecido na sociedade, a ser declarado pela propria pessoa, sendo obrigatério 0 seu registro. ome raticar! 2015 - FCC - DPE/SP - Defensor Ptiblico Em relagao ao direito ao nome, (A) embora vigore em nosso ordenamento juridico atual 0 principio da imutabilidade do nome, este pode ser superado em certos casos, mesmo que nao previstos expressamente na legislacéo, em observancia aos principios da dignidade da pessoa humana, da identidade e da felicidade, adotando-se a técnica da ponderac&o de interesses. (B) nos termos dos arts. 56 e 58 da Lei no 6.015/73 (lei de registros publicos), & possivel ao titular, no prazo prescricional de um ano apés atingir a maioridade civil, requerer ao julz a mudanca de seu prenome, Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 98 y DzrrerTo Civit = MI Teoria e Q s Aula 02 - Prof. Paulo H M Sou: independentemente de motivo justo, mas os apelidos de familia néo podem ser modificados nesta hipdtese. (C) 0 enteado ou enteada poderd, havendo motivo ponderdvel como, por exemplo, a comprovacao de uma paternidade socioafetiva, requerer a0 julz competente que seja averbado em seu registro de nascimento 0 nome de familia de seu padrasto ou madrasta, desde que haja concordancia destes e dos pais biolégicos, 0 que ocasionaré prejuizo a seus apelidos de familia originarios. (D) a alterago judicial de prenome de pessoa transexual, que depende da realizado prévia de cirurgia de transgenitalizac&o, tem por base o principio da dignidade da pessoa humana e o art. 55, paragrafo Unico, da Lei no 6.015/73, que impede o registro de prenomes suscetiveis de expor ao ridiculo seus portadores. (E) nome social é 0 prenome que corresponde é forma pela qual a pessoa se reconhece e é identificada, reconhecida e denominada por sua comunidade e em sua insercéo social. Atualmente existem disposicées legais que determinam o tratamento da pessoa pelo prenome indicado (nome social), porém, dos atos oficiais escritos deveré constar somente o nome civil, sendo vedado 0 uso do nome social. Comenta! A alternative A esta correta, conforme vimos acima, nas mais variadas situacdes hé permissdo para alteragao do nome. A alternativa B esté incorreta, eis que os mencionados dispositivos tratam da alteracdo genérica do nome, nao apenas do prenome. A alternativa C esta incorreta, j4 que a incluséo do nome de familia do genitor socioafetivo ndo pode causar prejuizo aos nomes de familia do genitor biolégico. A alternativa D esta incorreta, porque a base da previsdo de alteragéo do nome da pessoa nao esta no mencionado dispositivo da LRP; que trata apenas do registro originario da pessoa. A alternativa E esta incorreta, pois, como vimos ja ha variados dispositivos permitindo 0 uso do nome social mesmo em meios oficiais, como as regulacées da DPU e da OAB. Por fim, © art. 20 do CC/2002 traz norma bastante restritiva em relacéo a divulgacao relativa a pessoa: Salvo se autorizadas, ou se necessdrias 4 administracao da justica ou 4 manutencao da ordem publica, 2 divulgacao de escritos, a transmissdo da palavra, ou a publicaco, 2 exposicdo ou a utilizacdo da imagem de uma pessoa poderéo ser proibidas, 2 seu requerimento e sem prejuizo da indenizacéo que couber, se Ihe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Nesses casos, ainda que morto ou ausente no cessa a protecéo, j4 que o paragrafo Unico permite que em se tratando de morto ou de ausente, sao partes legitimas para requerer essa protecdo o cénjuge, os ascendentes ou os descendentes. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 98 Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaca, ou a lesdo, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuizo de outras sangées previstas em lei. Paragrafo unico. Em se tratando de morto, tera legitimag4o para requerer| a medida prevista neste artigo o cénjuge sobrevivente, ou qualquer poets em linha reta, X Bseadinhal Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessérias 4 administragao da justica ou a manutencéio da ordem publica, a divulgac&io de escritos, a transmisséo da palavra, ou a publicagdo, a exposic&o ou a utilizacdo da imagem de uma pessoa poderdo ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuizo da indenizacéo que couber, se Ihe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parégrafo Unico. Em se tratando de! morto ou de ausente, séo partes legitimas para requerer essa protec&o © cénjuge, os ascendentes ou os! descendente: ora oe ral 2015 - FCC - TJ/PI - Juiz Estadual Substituto Em se tratando de morto, para exigir que cesse a ameaga ou a leséo a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, a. terdo legitimacao o cénjuge sobrevivente, os parentes afins na linha reta € 0s parentes na linha colateral sem limitacéo de grau. b. nao hé legitimado, porque essa aco é personalissima. c. somente o Ministério Puiblico terd legitimag&o, porque a morte extingue os vinculos de afinidade e de parentesco. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 98 DzrrerTo Civit = MI Teoria e Q s Aula 02 - Prof. Paulo H M Sou: d. terd legitimacao 0 cénjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta ou colateral até o quarto grau. e. terdo legitimag&o somente o cénjuge ou companheiro sobrevivente e os parentes em linha reta. Comentarios A alternativa A estd incorreta, na forma do art. 20, pardgrafo unico: “Em se tratando de morto ou de ausente, sdo partes legitimas para requerer essa protecdo o cénjuge, os ascendentes ou os descendentes”. A alternativa B esta incorreta, por aplicacio do pardgrafo Unico e do préprio caput do art. 12, parcialmente citado pelo enunciado: “Pode-se exigir que cesse a ameaca, ou a lesdo, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuizo de outras sancdes previstas em lei”. A alternativa C esté incorreta, j4 que o MP no tem, salvo alguma especificidade, interesse no feito. A alternativa D esta correta, pela literalidade do supracitado art. 20, parégrafo Unico: “Em se tratando de morto ou de ausente, séo partes legitimas para requerer essa protecio 0 cénjuge, os ascendentes ou os descendentes’. A alternativa E esta incorreta, novamente, por aplicagdo do mencionado dispositivo. A liberdade de informacio deve estar atenta ao dever de veracidade, pois a falsidade dos dados divulgados manipula em vez de formar a opiniao publica. Além disso, deve ela atentar para o interesse publico, pois nem toda informaciio verdadeira é relevante para o convivio em sociedade. Assim, néo se viola a personalidade Mdece 1 quando se divulgam informagées verdad jecore fidedignas a seu respeito e que, além di interesse ptiblico. No caso de direito a imagem, 0 dano é a prépria utilizagdo indevida da imagem com fins lucrativos, ndo sendo necessaria a demonstracéo do prejuizo material ou moral. Ou seja, desnecessario fazer prova de dano que nao. a utilizagdo inadequada da imagem, sem autorizac3o da pessoa. Veja que a imagem tem uma dupla atribuicéo, a imagem-retrato e a imagem-atributo ou qualificagao. Ambas fazem parte do direito de imagem. A primeira, a imagem-retrato, trata da representacdo da pessoa, seja de maneira estatica (fotografia) ou dindmica (filmagem, voz), ou seja, trata de uma perspectiva mais artistico-plastica, fisica. Pode-se violar a imagem de alguém a retratando na publicidade de um conhecido produto de grande venda, sem sua autorizacao. A segunda, a imagem-atributo, é a forma como a pessoa é vista pelos demais, sua “fama”, numa perspectiva mais histérico-social, psiquica. Viola-se a imagem da pessoa ao se trazer uma perspectiva diversa, mesmo que licita, da perspectiva social que ela goza, como, por exemplo, 0 advogado de prestigio Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 98

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