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A viola de mão ou vihuela (em castelhano) é um instrumento de cordas ibérico aparentado com

o alaúde renascentista, de que retoma o acordo em quarte, e não um antepassado da guitarra, com a
qual coexistia, embora partilhem um formato parecido [1]. Sua primeira menção é feita no Reino de
Aragão no século XV, tendo sido seu uso a seguir generalizado em Espanha e Portugal[1]. Seu fundo é
plano e conta com seis ou sete ordens de cordas que se acredita que afinavam em uníssono. As
cordas eram de tripa, sendo as mais graves banhadas entornadas de prata. Seu tamanho era variável,
as mais pequenas afinadas em Lá e Sol (em referência a primeira corda) e as maiores em Fá, Mi e Re.

Geralmente é aceito que a primeira corda era simples, se bem que há violistes (vihuelistas) que usam
duas primeiras. Alguns contavam com uma só roseta central e outras até cinco, de madeira talhada ou
de pergaminho e era frequente a decoração da tampa com incrustações de chapa de madeira
formando as características figuras geométricas que conferiam uma estética muito especial ao
instrumento. Os trastes eram iguais aos de todos os instrumentos de cordas da época: eram móveis,
de tripa enrolada ao redor do braço, no princípio em número de nove ou dez e mais adiante até doze.

A primeira pessoa a publicar uma coleção de música para a viola de mão foi o
compositor valenciano Luis de Milán, da Coroa de Aragão. Seu livro El maestro de 1536 é dedicado ao
rei João III de Portugal. O português Belchior Dias, violeiro lisboeta do fim do século XVI, fabricou
violas de mão de que temos actualmente um ou dois exemplares [1]. Um dos tocadores portugueses
actuais de viola de mão é o Tiago da Neta, professor da Academia de música de Alcobaça.
A viola de mão é um instrumento que alcança seu máximo esplendor na Península Ibérica durante
o século XVI, em torno de um ambiente cortesão e sobre as capelas musicais de reis e nobres. Foi
muito popular em Espanha e Portugal. Tendo em conta as contínuas viagens de Carlos V e Felipe
II por toda a Europa, seu âmbito não ficou reduzido à Península. Encontra-se também no sul da Itália,
devido ao tráfego comercial no sul do Mar Mediterrâneo, assim como na América latina a seguir à
chegada dos Portugueses e dos Espanhóis. Se repassarmos os inventários de instrumentos musicais
nas cortes espanholas, observaremos uma evidente presença de alaúdes, que na Espanha era
conhecido como vihuela de Flandres, o qual nos faz pensar em uma convivência de ambos os
instrumentos. urante os séculos anteriores os instrumentos de cordas adquiriram uma progressiva
configuração, já em meados de 1400, o Arcipreste de Hita faz diferença entre a viola de mão (vihuela
de peñola) tocada com plectro e a viola de arco (vihuela de arco). Mas as fontes mais valiosas são os
próprios tratados dos vihuelista e o tratado de Fray Juan Bermudo. Em comparação com outros
instrumentos de corda do Renascimento, o número de vihuelas conservadas é muito reduzido. Estão
catalogados somente quatro exemplares. Ao final do século XVI, a viola de mão caiu em desuso e
entrou na moda a guitarra barroca de cinco ordens, à qual foram frequentes as modificações para
adapta-la às novas exigências. Fato que possivelmente tenha influenciado para que poucas vihuelas
originais tenham se conservado.

Viola de arco (Vihuela de arco) e viola de mão, ou plectro (Vihuela de péñola) nas Cantigas de Santa
María de Alfonso X o Sabio.
Um dos instrumentos conservados se encontra no Museu Jaquemart André de Paris e é conhecido
como a Vihuela de Guadalupe, muito provavelmente fabricada em Lisboa no fim do século XVI pelo
violeiro português Belchior Dias. Este instrumento é pouco representativo, pois suas dimensões são
desproporcionais aos instrumentos da época. Não podemos esquecer, no entanto, que no século
XVI não existia uma altura normalizada de diapasão e que a altura da afinação se buscava com base
na experiência e as necessidades do intérprete. Outra vihuela se encontra na Igreja da Companhia de
Jesus de Quito (Equador). Trata-se de uma relíquia que pertenceu a Santa Mariana de Jesus e se
encontra em uma urna junto ao seu corpo. Poucos a viram devido ao seu acesso. Um terceiro
instrumento se encontra no Museu dos Instrumentos do Conservatório de Paris. Trata-se de um
soberbo exemplar cujas características mais destacadas são o fundo e a roseta (que não é talhada
mas colada sobre a tampa com um fundo de pergaminho). Um outro instrumento digno de menção é o
conservado no Museu Royal College of Music de Londres. Este instrumento pertenceu ao português
Belchior Dias (Lisboa, 1581)[1]. Os vihuelistas espanhóis contribuíram para muito para o
desenvolvimento da linguagem musical do século XVI.

Repertório
'El Maestro' de Luis de Milán (1536)

•'Los seys libros del Delphin' de Luis de Narváez (1538)


•'Tres Libros de Música' de Alonso Mudarra (1546)
•'Silva de sirenas' de Enríquez de Valderrábano (1547)
•'Libro de música de Vihuela' de Diego Pisador (1552)
•'Orphénica Lyra' de Miguel de Fuenllana (1554)
•'El Pamasso' de Estevan Daça (1576).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Viola_de_m%C3%A3o_(Vihuela)

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