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Pequeno glossário beauvoiriano


Izilda Johanson 
17 de junho de 2021

Segundo sexo, opressão, liberdade: conheça conceitos fundamentais na obra de Simone de Beauvoir (Foto: Reprodução)

Existência
 

Existir é o mesmo que viver singularmente em um mundo humano e socialmente


organizado que oferece, por sua vez, condições mais ou menos favoráveis e
particulares à vida. Implica em lançar-se nesse mundo e, nele, fazer-se presença
enquanto sujeito: por meio da ação e da possibilidade de interferir no modo como as
coisas e a vida nele se constituem, e em meio às resistências que estas oferecem.
Entende-se que não há nada que anteceda a existência humana, nem um tipo de
determinação ou destino prévios, sejam estes de caráter biológico (natureza humana)
ou metafísico (sentido inumano). Em relação ao que se é, tudo se passa
temporalmente em meio à existência e como existência de vidas singulares em
constante debate com as condições (sociais, materiais, históricas, culturais),
antepostas desde o momento em que começam (nascimento) até seu fim.

Ambiguidade
 

Para o existencialismo beauvoiriano, ambiguidade é o que surge no cerne da existência


humana. Enquanto experiência vivida, a vida humana é fundamentalmente ambígua:
vivemos para nos preparar para a morte, somos animais e racionais, uma animalidade
dotada de pensamento reflexivo que nos permite ir além das condições oferecidas pela
natureza sem, no entanto, nos libertar inteiramente dela; o mundo do qual temos
consciência é o mesmo do qual fazemos parte, mas é também aquele que pode
aniquilar nossa individualidade. Ser paradoxal é um privilégio do qual apenas o ser
humano pode usufruir e que oferece condições, para este, de construção, para si, de
um campo ético no qual o próprio sentido de humanidade pode também ser
constituído (ou destituído), conforme escolhas e ações praticadas em meios aos
demais indivíduos no mundo.

Liberdade
 

Nada há que determine previamente, ou seja, antes de existir, o que alguém será ou
deixará de ser. O mesmo se passa em relação ao mundo. Se as coisas no mundo em
que nos situamos são o que e como são, isto não significa que elas devam ser, nem
também que terão de sê-lo sempre assim. A liberdade se constitui, pois, nesse campo
de pura contingência como condição de possibilidade, inerente ao existir humano, de
agir por determinação própria e de interferir na prática social e concretamente
situada. Na medida em que é condição, a liberdade, em Beauvoir, não tem sentido
absoluto. Será sempre em situação: em meio às realidades concretas que oferecem
maiores ou menores obstáculos à ação e que podem, neste sentido, tanto intensificar
quanto, ao contrário, vir a aniquilar, de fato, essa liberdade como prática libertadora.

Transcendência
 

Lançar-se no mundo objetivo é lançar-se numa direção. Nisto está o sentido


existencialista da transcendência, na intencionalidade, puro direcionamento da
consciência de um sujeito para fora de si que o leva a estar no mundo e, assim, fazer-
se parte integrante dele. A transcendência tem seu papel na constituição, pelo
existente, de sentido para sua existência, uma vez que esse projetar-se da consciência
não se faz aleatoriamente, indiferentemente, mas na direção de coisas e feitos
passíveis de serem valorados do ponto de vista ético. É, pois, o desejo que cria o
desejável, não o inverso. Assim, ao mesmo tempo em que tomará parte na
constituição de subjetividades autênticas, a transcendência estará implicada também
na produção de valores da vida coletiva: o que o mundo é de fato e o que queremos que
ele venha a ser, ou não.

Imanência
 

 
A imanência se caracteriza pelo movimento inverso à transcendência. Se, pela
transcendência, a consciência se projeta no mundo para estar, agir e interferir nele, na
imanência é o mundo que irá se impor à consciência e, em certo sentido, moldá-la.
Em outros termos, será o mundo de fato (material, histórico, cultural) em sua
implacável objetividade, ou, nos termos existencialistas, em toda a sua facticidade, que
irá se introjetar na subjetividade do indivíduo. Sem poder colocar-se autenticamente
no mundo, será o mundo, dado à sua revelia, factual, que irá se impor ao sujeito; sem
ter condições de interferir nesse mundo, será sua facticidade que acabará impregnando
de sentido (ou de falta de algum) a existência desse indivíduo.

Projeto
 

Em relação à existência de um indivíduo, o projeto, no sentido beauvoiriano, é um


projeto ético, precisamente. Diz respeito à definição, pelo indivíduo, das condições de
vida válida a seus próprios olhos. É a existência humana que faz surgir no mundo os
valores a partir dos quais o indivíduo poderá julgar os empreendimentos nos quais se
engajará. Sendo a ação pautada por esses valores, o direcionamento destas nunca
poderá ser indiferente: diante de situações concretas, que direção parece a melhor?
Agiremos neste ou naquele sentido, em razão deste ou daquele valor? Por exemplo, no
sentido da liberdade, de uma ação libertadora, ou qual? O projeto ético não deixa de
ser, assim, o plano integrador da existência, na medida em que os valores perpassam
todas as dimensões da ação, quer se tenha consciência do engajamento nela ou não.

Situação
 

Para falar em existência precisamos mencionar os sujeitos e o mundo no qual esses


sujeitos vivem, entendendo por mundo esse meio socialmente organizado,
historicamente, materialmente, culturalmente etc. estabelecido. A situação é
precisamente o que une esses dois polos – o indivíduo singular e o mundo
socialmente organizado em que este e todos os demais habitam – e, ainda, as
condições concretas dessa vida social, as quais se encontram para além do domínio ou
do campo de escolha desses mesmos indivíduos. Em outros termos, mais do que um
simples contexto ou cenário em meio o qual as ações humanas se realizam, a situação
é justamente o ponto em que se vinculam liberdade do indivíduo e a facticidade do
mundo no qual ele existe.

Opressão
 

A situação é o campo ou o lugar em que nos confrontamos, atentando às


singularidades e experiências vividas caso a caso, com maiores ou menores potenciais
de transformação voltados às realidades da vida coletiva e ao impacto destas na vida
singular de cada indivíduo humano. As situações são múltiplas e diversas e se
constituem nos mais diversos campos da experiência concreta – social, biológico,
político, epistêmico, estético etc. Quanto mais o campo da facticidade invade o da
liberdade individual e coletiva, mais ele se caracteriza como de opressão, que podem se
dar na forma de sexismo, racismo, colonialismo, homofobia, transfobia e tantas
outras mais. A opressão nunca é natural, apenas o ser humano pode ser inimigo do ser
humano, “apenas ele pode tirar-lhe o sentido de seus atos, de sua vida”, nunca as
coisas ou a natureza.

Segundo sexo
 

Factualmente, não existe simetria entre os gêneros. No plano concreto, a relação dos
dois sexos não é como a de dois polos de eletricidade. O homem vive a um só tempo a
realidade tanto do polo positivo quanto do neutro e é isto, no mais, que permite que
“homem” designe tanto o indivíduo do gênero masculino como “ser humano”. A
mulher surge neste contexto como polo negativo apenas, como limitação ou negação
do que o homem é. Assim, se a mulher é o outro para o homem (o que ele não é), para a
própria mulher, o outro não é o homem, mas ela mesma, já que tudo o que ela é o é
em relação a ele, por diminuição ou negação. Está constituído, assim, o segundo sexo, a
partir dessa alteridade sem reciprocidade. O sexo da mulher é segundo porque é sempre
relativo – outro absoluto -, pois que constituído sempre em relação ao primeiro – eu
absoluto -, que é o do homem.

Feminismo
 

Feminismo indica objetivamente uma direção na qual indivíduos agem e interferem


no mundo, pautados por certos valores. Os valores do feminismo beauvoiriano são,
destacadamente, a liberdade e a igualdade. Ser feminista diz respeito, assim, não à
defesa ou afirmação de um gênero (o feminino) frente a outro (o masculino), mas a
um posicionamento, em termos de ação e de produção de pensamento, voltado ao
combate da opressão de gênero. Este se realiza no terreno social e coletivo como luta
contra desigualdades, as quais, no mais, não podem ser identificadas num só campo
da experiência. A opressão de gênero, para Beauvoir, nunca poderá ser pensada
destacada das demais opressões, pois não há como ser livre de modo parcial: ou a
liberdade é libertadora (de modos diferentes, mas para todas e todos) ou ela não é
liberdade.

IZILDA JOHANSON é doutora em Filosofia pela USP e professora associada do


departamento e do programa de pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal
de São Paulo.

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