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Universidade Federal Fluminense

Escola de Engenharia
Curso de Graduação em Engenharia de
Telecomunicações

Aluno: Guilherme Coelho Guimarães de Lima


Professor: Edson Cataldo

Trabalho de estudo orientado

Niterói – RJ
1 Série de Fourier
1.1 Motivação

Ao se estudar o problema de condução de calor em uma barra de tamanho L , isolada


lateralmente , com distribuição inicial de temperatura por toda barra fornecida e a tempe-
ratura nas extremidades conhecidas para todo t , modelamos o problema com a equação
de calor da seguinte maneira:

∂U ∂ 2U
=k 2 D: 0≤x≤L e t≥0 (1)
∂t ∂x

Onde f (x, 0) é a distribuição inicial de temperatura e as extremidades serão consideradas


com temperaturas igual a zero para todo t , ou seja , U (0, t) = U (L, t) = 0.

Para iniciar a busca de U (x, t) , vamos primeiramente , verificar se existe uma solução
com variáveis separáveis , ou seja:

U (x, t) = X(x)T (t) (2)

Desenvolvendo as derivadas teremos:


∂U ∂ 2U
= X(x)T 0 (t) e = X 00 (x)T (t)
∂t ∂x2
Logo (1) , ficará:

X T
XT 0 = kX 00 T ou 00
=k 0
X T
Repare que o lado esquerdo só depende de x e o lado direito só depende de t , assim ,
f (x) = kg(t). Aqui vem uma grande consequência de uma função que só depende de x ser
igual a uma função que só depende de t , elas devem ser constante , matematicamente:

f (x) = kg(t) = constante

Rearranjando os termos teremos:

T0 X 00
=λ e =λ, onde λ é constante
kT X
Assim vamos achar as soluções para T (t) e X(x)

T0
(I) =λ
kT
A solução é da forma T (t) = AekλT , onde A é uma constante

(II) X 00 = λX
Aqui , a solução depende dos valores de λ , vamos a eles:

1
(a) λ = 0
X 00 (x) = 0 =⇒ X(x) = B(x) + C =⇒ U (x, t) = AekλT (B(x) + C)
Usando U (0, t) = U (L, t) = 0 temos que B = C = 0 , o que produz uma
solução trivial ou identicamente nula , sem serventia alguma. Logo descarta-
mos essa hipótese.

(b) λ = α2 , α ∈ R

X 00 = λX =⇒ X(x) = Beαx + Ce−αx

Usando U (0, t) = U (L, t) = 0 temos que B = C = 0 , produzindo novamente


uma solução identicamente nula. Também descartamos essa hipótese.

(c) λ = −α2 , α ∈ R

X 00 = λX =⇒ X(x) = Bcos(αx) + Csen(αx)

U (x, t) = Aekλt (Bcos(αx) + Csen(αx)

U (0, t) = 0 =⇒ B = 0 e U (L, t) = 0 =⇒ ACekλt = 0

Para que AC seja 6= 0 e assim soluções diferentes das nulas , sen(αL) = 0



então , αL = nπ ou α = , onde n ∈ N.
L
Fazendo AC = D a solução geral do problema fica:
nπ 2
U (x, t) = De−( L ) kt
sen( nπx
L
)

Usando U (x, 0) = f (x)


nπx

f (x) = Dsen L

Aqui tem-se o grande passo de Fourier , perceba que se f (x) puder ser escrita
como uma soma de senoides , usa-se o princı́pio de superposição e chega-se
a conclusão que o problema tem solução para funções que podem ser escritas
como soma de senóides. Mas quais tipos de funções tem esta caracterı́stica?
Para responder esta pergunta , escrevamos a cara geral da função:


X  nπx 
Dn sen
N =0
L

Esta é a motivação fı́sica de como surge a série de Fourier. Em sua forma geral
a série de Fourier é escrita como:
∞ ∞
a0 X  nπx  X  nπx 
S(x) = + an cos + bn sen (3)
2 N =0
L N =0
L

2
Perceba que quando a função é representada pela série de Fourier , será re-
presentada por funções pares (cosx) e funções ı́mpares (senx) , logo , se uma
função for par terá apenas os termos an e se for ı́mpar terá apenas os termos
bn .
Com esta formulação geral somos capazes de responder a pergunta feita ante-
riormente. Se lembrarmos que a soma de funções periódicas é também uma
função periódica com perı́odo igual ao M.M.C dos perı́odos , ao representar
uma função por uma série de Fourier em um determinado intervalo [a, b] ,
a série será igual a função em (a, b) podendo haver alguns detalhes de con-
vergência como veremos mais a frente. Fora desse intervalo a série fará uma
extensão periódica do que ocorre em (a, b) , ou seja , para que uma série de
Fourier represente a função em todo o eixo real , a função deverá ser periódica
e contı́nua , como também veremos mais a frente.

1.2 Espaço vetorial de funções

Como foi visto , o surgimento da série de Fourier vem como solução do tipo de equação
X 00 + αi2 X = 0 onde λ = −αi2 com αi ∈ R. Vamos verificar certas propriedades
das soluções desta equação.

A famı́lia de soluções é:

X = { X(x) = ai cos(αi x) + bi sen(αi x) } / ai e bi ∈ R

Sendo X1 (x) , X2 (x) e X3 (x) ∈ X soluções particulares , temos:

(I) Associatividade da soma:

[ X1 (x) + X2 (x) ] + X3 (x) = X1 (x) + [ X2 (x) + X3 (x) ] = [ X1 (x) + X3 (x) ] + X2 (x)

(II) Comutatividade da soma:

X1 (x) + X2 (x) = X2 (x) + X1 (x)

(III) elemento neutro:

3
a0 = b 0 X0 = 0 · cos(αx) + 0 · sen(αx) = 0

logo 0 + Xi (x) = Xi (x) ∀ Xi (x) ∈ X(x)

(IV) elemento simétrico:

se X1 (x) = a1 cos(αx) + b1 sen(αx) e −X1 (x) = −a1 cos(αx) − b1 sen(αx)

então X1 (x) + [ X1 (x) ] = 0

(V) associatividade do produto:

se α , β ∈ R tem-se (αβ)X1 (x) = α[βX1 (x)] = β[αX1 (x)]

(VI) elemento neutro do produto:

1 × X1 (x) = X1 (x)

(VII) Distributividade do produto 1:

Se α , β ∈ R tem-se α[ X1 (x) + X2 (x) ] = αX1 (x) + αX2 (x)

(VIII) Distributividade do produto 2:

Se α , β ∈ R tem-se ( α + β )X1 (x) = αX1 (x) + βX1 (x)

Pelo fato do conjunto X(x) das soluções satisfazerem a estas 8 propriedades , o cre-
dencia a ser uma espaço vetorial.
Sendo um espaço vetorial , definimos um tipo de produto de escalar entre funções em
um certo intervalo. O produto escalar de funções em um intervalo (a, b) é definido por:

Z b
h f (x) · g(x) i = f (x)g ∗ (x)dx (4)
a

f (x) e g(x) podem ser funções complexas , por isso o produto escalar utiliza o conju-
gado no segundo termo , respeitando as regras do produto escalar do corpo dos complexos.

Se h f (x) · g(x) i = 0 dizemos que f (x) é ortogonal a g(x).

4
Vamos ver como podemos interpretar as soluções da série de Fourier para diferentes
n0s no sentido de formarem um espaço vetorial em um certo intervalo [a, b] ∈ R.

Para isso vamos considerar o produto interno em um intervalo [ −π, π ] , L = π (esse


intervalo é escolhido para facilitar as contas , mas pode ser qualquer um).Perceba que L
é o semi perı́odo de integração.
Z π 
π, n = m
(I) cos(nx)cos(mx)dx =
−π 0 , n 6= m

Z π 
π, n=m
(II) sen(nx)sen(mx)dx =
−π 0, n 6= m

Z π
(III) cos(nx)sen(mx)dx = 0 ∀ n, m
−π

As integrais sao resolvidas utilizando as seguintes relações:

• sen2 (a) + cos2 (a) = 1

• sen(a + b) = sen(a) cos(b) + sen(b) cos(a)

• cos(a + b) = cos(a) cos(b) − sen(a) sen(b)

• sen(a − b) = sen(a) cos(b) − sen(b) cos(a)

• cos(a − b) = cos(a) cos(b) + sen(a) sen(b)

Os resultados destas integrais sao chamados de relações de ortgonalidade. Então pode-


se pensar que a função f (x) , ao ser representada em um certo intervalo (a, b) é formada
por infinitas bases de cos(nx) e sen(nx) , ou seja , sua representação por série de Fourier
em um intervalo (a, b).

O próximo passo é como descobrir os valores de ans e bns da série de Fourier.

1.3 Cálculo de A’ns e B’ns

Novamente vamos considerar o intervalo [−π, π] , L = π usar as relações de ortogonali-


dade e generalizar o resultado para um intervalo L qualquer.

∞ ∞
a0 X X
S(x) = + an cos(nx) + bn sen(nx) (5)
2 N =0 N =0

• Cálculo de a0 :

5
para isto vamos utilizar o artifı́cio de que integrais em um ciclo de sen(nx) e cos(nx)
são nulas , em outras palavras , vamos integrar os lados esquerdo e direito da igual-
dade no intervalo de [−π, π].


!
π π := 0 := 0
Z Z Z π Z π
a0 X  
f (x)dx = dx + a n
 cos(nx)dx
 + bn sen(nx)dx

2   
−π −π N =0
−π −π

Z π Z π
a0 π 1
f (x)dx = x =⇒ a0 = f (x)dx
−π 2 −π π −π

• Cálculo de an :

A estratégia aqui , será usar a relação de ortogonalidade a nosso favor , para isso
vamos multiplicar todos os termos de (5) por cos(mx) e integrar de −π a π.

π π := 0
Z Z
a0  
cos(mx)f (x)dx = 2 cos(mx)dx +
−π −π

:= 0
 
∞ Z π Z π 
X 
 an cos(mx)cos(nx)dx + bn
cos(mx)sen(nx)dx

 
N =0 −π −π
 

Das relações de ortogonalidade , o primeiro termo do somatório terá valor igual a π


quando m = n e 0 para n 6= m , assim:

Z π Z π
1
cos(nx)f (x)dx = πan =⇒ an = cos(nx)f (x)dx
−π π −π

• Cálculo de bn :
Usando a mesma estratégia de cálculo de an , multiplicamos os termos por sen(mx)
e integramos de −π a π para obter bn , logo temos:

Z π
1
bn = sen(nx)f (x)dx
π −π

Generalizando o intervalo para qualquer L ficamos com:

6
∞ ∞
a0 X  nπx  X  nπx 
S(x) = + an cos + bn sen
2 N =0
L N =0
L

Z L
1
a0 = f (x)dx (6)
L −L

Z L
1  nπx 
an = cos f (x)dx (7)
L −L L

Z L
1  nπx 
bn = cos f (x)dx (8)
L −L L

1.4 Convergência Pontual da Série de Fourier

Seja f : [−L, L] → R , C 1 por partes , ou seja , ∃ − L = x0 < x1 · · · < xn = L , números


finitos de pontos tais que f (x) e f 0 (x) são contı́nuas e limitadas em todos os (xi−1 , xi )
(pontos de descontinuidades ou não) , os limites laterais são finitos. Então a série de f (x)
satisfaz S(x) = f (x) em (xi−1 , xi ) e S(xi )(pontos de descontinuidade)será igual a média
aritimética dos limites laterais , ou seja :

limx→x+i f (x) + limx→x−i f (x)


S(x) =
2
e S(x) é periódica de perı́odo T = 2L.
Em outras palavras , série de Fourier representa uma função f (x) apenas em um inervalo
de (−L, L) , fora desse intervalo , a série será uma extensão periódica , replicando a função
de (−L, L) (em −L e L fará a média aritimética dos limites laterais como vimos) a cada
2L .Caso f (x) tenha descontinuidades finitas e limitadas nesse intervalo , s série terá o
valor da média aritimética dos limites laterias desses pontos. Podemos dizer , apesar de
estranho e nao fazer muito sentido fazer isso ponto a ponto , que a série de Fourier sempre
converge para a soma dos limites laterais.

A seguir veremos o exemplo de uma função f (x) qualquer que queremos representar
por série de Fourier em um intervalo simétrico e uma função bastante usada em eletrônica
e telecomunicações , a onda quadrada. A sua caracterı́stica fica evidente quando aumenta-
mos o número de n na série e, se fizermos n → ∞ chega-se a definição de onda quadrada
, logo a construção desse sinal pode ser feito a partir de osciladores eletrônicos através de
realimentação negativa ou positiva através do critério de Barkhausen que geram diferentes
senoides.

(a) f (x) = x em [ −π, π ]

1 π
Z
• a0 = xdx = 0
π −π
( função ı́mpar integrada em um intervalo simétrico )

7
1 π
Z
• an = xcos(nx)dx = 0
π −π
( função par × ı́mpar = função ı̀mpar , integrada em um intervalo simétrico )

1 π
Z
• bn = xsen(nx)dx
π −π
( integral por partes x = v , sen(nx) = du )
 π Z π 
1 −cos(nx) x cos(nx)
π n − −
n
dx =
−π −π

 π 
1 −πcos(nπ) πcos(nπ) sen(nx)
− + =
π n n n2 −π


−2cos(nπ) −2/n , n par 2
= = (−1)n+1
n 2/n , n ı́mpar n

X 2
Logo , S(x) = (−1)n+1 sen(nx) , para x ∈ [−π, π].
n=1
n

Os exemplos gráficos nos revelam que quanto maior for N , mais a série se aproxima
de f (x) no intervalo ( −π, π ).Perceba também que em π e −π a série irá convergir
para o valor da média aritimética de sua extensão periódica , ou seja , fora ( −π, π )
a série e a função ja nao têm nenhuma relação.

8

−1 se −π 6 x < 0
(b) f (x) =
1 se 0 6 x < π

• a0 e an
Pelo fato da função ser ı́mpar a0 e an serão nulos , como já discutido anterior-
mente.

Z 0 Z π 
1
• bn = −1 · sen(nx)dx + 1 · sen(nx)dx =
π −π 0

" 0 π #
1 cos(nx) cos(nx)
− =
π n −π n 0

  
1 1 cos(nπ) cos(nπ) 1 0 se n for par
− − + =
π n n n n 4/nπ se n for ı́mpar

Logo , Série fica escrita como :


X 4
S(x) = sen(2n − 1)x
n=1
π(2n − 1)

Com este exemplo , conseguimos ver claramente que a função também converge em
(−π, π) e que nos pontos de descontinuidade a série vale a média aritimética dos

9
limites laterais(ficará mais evidente na expansão periódica).Esta descontinuidade
é dada para n → ∞ , pois perde-se a suavidade da modulação da série sobre a
função em −π e π. Quanto maior N menos suave será a modulação até se tornar
descontı́nua no caso limite.
Se fizermos o intervalo em todo o eixo real , ou seja , a expansão periódica da série
, forma-se a conhecida ”função de onda quadrada”ou função Gate.

Com este exemplo fica claro , nos pontos multiplos de π , onde há a descontinuidade
finita , a série convergindo para a média aritimética dos limites laterais.

1.5 Convergência uniforme e absoluta da Série de Fourier

seja f (x) uma função contı́nua em (−∞, ∞) , com perı́odo 2L e que f (x) tenha primeira
derivada contı́nua por partes , então a Série de Fourier de f (x) converge uniformemente
e absolutamente para f (x) em todo seu domı́nio.
Se f (x) for descontı́nua em um ponto x0 e esta descontinuidade for limitada , voltamos
a situação que ocorre na convergência pontual.
Um exemplo de função com convergência uniforme e absoluta , como veremos a seguir,
é a função de onda triangular:

−x se −π 6 x < 0
f (x) = f (x ± 2π) = f (x)
x se 0 6 x < π

" #
π 0 π 2 0 2 0
Z 
−x
Z Z
1 1 1 x
• a0 = f (x)dx = −xdx + xdx = + =π
π −π π −π 0 π 2 −π
2 −π

10
Z π Z 0 Z π 
1 1
• an = f (x)cos(nx)dx = −xcos(nx)dx + xcos(nx)dx
π −π π −π 0

Fazendo integral por partes onde x = u e cos(nx) = dv


 2
1
an = ( cos(nπ) − 1 ) n = 1, 2, 3 . . .
n

−2/n2 se n ı̀mpar
an =
0 se n par

• bn = 0 pois f (x) é uma função par.

Assim podemos escrever a Série de Fourier sendo:


π X 1
S(x) = −2 2
cos(2n − 1)x
2 n=1
(2n − 1)

Neste exemplo vemos que a série converge para f (x) em todo domı́nio e que com o
aumento de n a função vai se tornando mais “bicuda”nos múltiplos de π , local onde não
há derivada , caracterı́stica da onda triangular. Assim pode-se concluir que uma função
só tem representação em série de Fourier em todo seu domı́nio se e somente se a função
for periódica e contı́nua , mesmo tendo pontos finitos sem derivada.

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1.6 Identidade de Parseval

Faremos uma prova com pouco rigor matemático , porém bastante intuitiva desta identi-
dade. Para a facilitação dos cálculos , novamente , L = π para depois generalizar.
Imagine que f (x) possa ser escrita por sua Série de Fourier no intervalo de ( −π, π ) ,
entao:

a 
0
f (x) = + a1 cos(nx) + b1 sen(x) + a2 cos(2x) + b2 sen(2x) + · · · + an cos(nx) + bn sen(nx) + · · ·
2

O produto f (x) · f (x) = f (x)2 produzirá termos da seguinte forma:

∞ ∞ X ∞
a0 X a0 X
f (x)2 = + (an cos(nx) + bn sen(nx)) + an am cos(nx)cos(mx)
4 n=1
2 n=1 m=1
∞ X
X ∞ ∞ X
X ∞
+ bn bm sen(nx)sen(mx) + an bm cos(nx)sen(mx)
n=1 m=1 n=1 m=1

Agora vamos aproveitar as condições de ortogonalidade integrando o lado esquerdo e


direito de (−π, π ) e dividindo tudo pelo semi-perı́odo π , assim o lado esquerdo ficará:

Z π
1
f (x)2 dx
π −π

Os termos do lado direito ficarão:

a0 2 a0 2
• O primeiro termo resultará em .
4 2
• O segundo termo serão integrais de senecos em multı́plos de seus perı́odos , logo
serão nulos

• O terceiro termo , o como já vimos , an × am para n = m , ou an 2 (propriedade


de ortogonalidade de sen e cos .

• Da mesma forma que o terceiro termo , o quarto termo produzirá bn 2 .

• O quinto termo serão todos nulos devido a propriedade de ortogonalidade.

Assim ficamos com:

π ∞
a0 2
Z
1 2
X
an 2 + b n 2

f (x) dx = +
π −π 2 n=1

De forma geral , a identidade de Parseval é escrita como:

12
L ∞
a0 2
Z
1 2
X
an 2 + b n 2

f (x) dx = + (9)
L −L 2 n=1

1.7 Aproximação pela Integral

Seja f : [ −L, L ] → R e Sk a “série finita”de Fourier:

k h
a0 X  nπx   nπx i
Sk (x) = + an cos + bn sen an e bn são os coeficientes de Fourier
2 n=1
L L

e Pk uma série qualquer de senos e cossenos:

k h
X  nπx   nπx i
Pk (x) = c0 + cn cos + dn sen cn e dn são coeficientes quaisquer
n=1
L L

Se recorrermos a álgebra linear , imaginamos f (x) sendo uma espécie de “vetor”que


é representado por uma combinação linear de suas bases , neste caso, senos e cossenos.
Uma função , normalmente , para ser perfeitamente representada em um intervalo, por
senos e cossenos , necessita de infinitos termos , mas podemos representar de maneira
aproximada por finitos termos , truncando a série , ou seja , fazer a projeção ortogonal
desse vetor no espaço gerado por essas bases de senos e cossenos.
assim podemos definir o erro de aproximação integrando toda a área entre a função e
essa série aproximada , em outras palavras esse erro de aproximação é dado por:

Z L
|f (x) − Pk (x)dx|2 (10)
−L

Esta integral nos diz o quão ajustada a série truncada está em relação a função. Mas
quais são os melhores coeficientes de ajuste?
Resposta , os coeficientes de Fourier são os que minimizam o erro dado por essa
integral. Poderı́amos ter começado a definir uma série de Fourier neste ponto , colocando
condições para minimizar a integral de erro , ao invés de ter começado pela motivação
fı́sica e histórica da mesma. Assim podemos afimar que a série truncada de Fourier é a
que melhor aproxima a função , ou seja:

Z L Z L
2
|f (x) − Sk (x)dx| 6 |f (x) − Pk (x)dx|2 (11)
−L −L

1.8 Forma exponencial da Série de Fourier

Começamos pela identidade de Euler e uma propriedade de números complexos

13
• eix = cos(x) + isen(x)

• e−ix = cos(x) + isen(x)


1
• i2 = −1 = i · i =⇒ = −i
i

Assim teremos:

eix + e−ix eix − e−ix


cos(x) = sen(x) =
2 2i

Substituindo em (3) obtêm-se:


 nπx ! nπx ! nπx ! nπx ! 
a0 i −i i −i
 an e L an bn bn
X
S(x) = + + e L − e L + e L 
2 n=1
2 2 2 2


nπx ! ∞
nπx !
a0 X 1 i X 1 −i
S(x) = + (an − ibn ) e L + (an + ibn ) e L
2 n=1
2 n=1
2

1 1
Definindo cn = (an − ibn ) e c∗n = (an + ibn ) ficamos com:
2 2


nπx ! ∞
nπx !
a0 X 1 i X 1 ∗ −i
S(x) = + cn e L + cn e L
2 n=1
2 n=1
2

−∞
nπx ! ∞
nπx !
X i X i
Usando a propriedade : cn e L = c∗n e L
n=−1 n=1

Podemos juntar todos os termos em um único somatório e assim chegar na forma


exponencial da Série de Fourier


nπx !
X i
S(x) = cn e L (12)
−∞

1
Como definimos cn = (an − ibn ) substituiremos (7) e (8) nesta equação :
2
 Z L
i L  nπx  
Z
1 1  nπx 
cn = f (x)cos dx − f (x)sen dx
L 2 −L L 2 −L L

14
Z L 
1  h  nπx   nπx i
= f (x) cos − sen dx
2L −L L L

nπx !
Z L i
1
cn = f (x)e L dx (13)
2L −L

vale ressaltar que 2L é o intervalo da função que estaremos representando pela Série
de Fourier.

1.9 Observações finais Série de Fourier

Para uma Série de Fourier representar uma função em todo o seu domı́nio é necessário que
esta seja periódica e contı́nua. Fisicamente falando , representamos essa função por uma
combinação de senos e cossenos de diferentes frequências , sempre multı́plos da frequência
natural ou do termo n = 1 que é o inverso do perı́odo da função. O termo a0 , pensando
em termos de sinais elétricos , nos mostra se há algum nı́vel D.C naquele sinal.
Agora fica a questão , como vamos representar em todo o domı́nio , funções que nao
são periódicas?
Para isso desenvolve-se a Teoria da Transformada de Fourier.

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