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ANAMNESE E EXAME GINECOLÓGICO


 ANAMNESE:
1) IDENTIFICAÇÃO
Nome, Idade: cada idade fisiológica pode ter uma patologia ginecológica relacionada. Quando criança, pode ter má
formação da genitália externa, por exemplo a sinéquia vaginal que é a fusão dos pequenos labios. Quando adolescente,
pode ter menarca (data da 1º menstruação). Menacme → Período fér l da mulher (da 1º menstruação ate a ultima) –
periodo onde tem mais pacientes, onde pode-se encontrar problemas gestacionais, uso de anticoncepcionais e demais
problemas relacionados a esta fase. Pré-menopausa: depara-se com com a irregularidade menstrual, já a Menopausa
→ prolapso uterino, Procedência: geralmente quando de zona rural, na região de Barretos, pode existir uma baixa
escolaridade significativa para a condição da mulher, ou seja, a mulher muitas vezes não sabe como ocorre o parto ou
não entende que tem mioma, Estado civil: importante para saber se é solteira, sem parceiro fixo, o que sugere maior
probabilidade de DST, Profissão: profissional do sexo, da saúde..

2) QUEIXA PRINCIPAL: dor, corrimento, ou outra condição há X tempo.


3) HMA: há quanto tempo, características de cada queixa. Se tem fator de melhora ou piora, se já
tratou...
4) HISTÓRIA PREGRESSA: cirurgia, imunização, tto de saúde, alguma doença.
5) HISTÓRIA FAMILIAR: CA na família (mama, ovário), se sim, qual o grau de parentesco e qual a idade
apareceu o CA; diabetes ou HAS na família.
6) HISTÓRIA SOCIAL: faz exercício físico? fuma? bebe?

 SINAIS E SINTOMAS:
1- ALTERAÇÕES MENSTRUAIS:

MENSTRUAÇÃO: Sangramento cíclico que ocorre a cada 21 a 35 dias (média 28 dias de ciclo, volume
aproximado de 30ml/mês (deve-se questionar as menstruações anteriores para a comparação) – aceitável até 80ml e
duração do fluxo 2-8 dias. Tem que saber como foram os ciclos anteriores, se está perdendo mais sangue ou coágulo.).

Anormalidades do ciclo menstrual:

Polimenorréia: menstruação em intervalos menores que 21 dias. (=ciclo curto)


Oligomenorréia: menstruação em intervalos maiores que 35 dias. (=ciclo longo)
Amenorréia: falta de menstruação.
Hipermenorréia: menstruação dura mais que 8 dias.
Hipomenorréia: menstruação dura menos que 2 dias.
Menorragia: excessiva perda de sangue durante o fluxo menstrual.
Metrorragia: perda de sangue em excesso, porém não obedece ao período menstrual (ex: mês inteiro).

AS CAUSAS DE SANGRAMENTO VARIAM COM A FAIXA ETÁRIA

- Infância: trauma, introdução de objetos no canal vaginal, Recém-Nascido (RN) com sangramento (quando é
feto feminino, a placenta produz hormômio e quando a criança nasce, há uma supressão desse hormônio que pode
causar sangramento), violência sexual.
- Adolescência: eixo hormonal imaturo e nos primeiros anos de menstruação, pode ter maior sangramento. No
entanto, pode aparecer um distúrbio de coagulação nesta época.
- Menacme: período fértil da mulher: implicações da gravidez (aborto, mola hidatiforme, gravidez ectópica),
mioma, descolamento de placenta, aborto, ciclos anovulatórios, efeito adverso de anti concepcional.
- Pré menopausa: ciclo anovulatório, pólipo ou miomatose (mais comuns causas).
- Pós menopausa: o sangramento nesta época não é normal, tem que atentar ao sangramento pois pode ser
ADENOCARCINOMA DE ENDOMÉTRIO → INVESTIGAÇÃO (USG transvaginal e curetagem de prova ou semiótica para
realização de biopsia de endométrio).
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OBS: Menopausa é uma data que considera-se após 1 ano da data da última menstruação, o climatério é uma fase de
limites imprecisos na vida feminina; compreende a transição do período reprodutivo para o não reprodutivo.

2 - CORRIMENTO: Termo genérico para descrever todo resíduo não sanguíneo presente na vagina. Toda mulher vai ter
algum tipo de corrimento ao longo da vida, mas nem sempre é patológico.

Fisiológico (secreção das glândulas cervicais + descamação das paredes vaginais ou bactérias que saem da
vagina) = BRANCO, SEM CHEIRO, COM PH ÁCIDO e varia a quantidade de mulher para mulher. Por exemplo, as mulheres
no período fértil possuem o muco cervical no 14º dia do ciclo menstrual que caracteriza um corrimento.

Patológico (causados por germes específicos): Trichomonas vaginalis → TRICOMONÍASE; Chlamydia


trachomatis; Gonococcus; Candida albicans → CANDIDÍASE - MAIS COMUM; Gardnerella vaginalis (causa a vaginose)
MAIS COMUM.

A cândida e a gardnerella não são sexualmente transmissíveis, já os demais são DST, geralmente quando tratar
trichomonas deve-se tratar o parceiro também.

Características Semiológicas do corrimento:

 Cor? (amarelo, esverdeado, branco (candidíase causa um corrimento branco),


marrom)
 Consistência (espesso, grumoso, espumoso)
 Cheiro (“peixe podre”)
 Sintomas Associados (prurido, ardor, disúria, dor pélvica, dispareunia – dor na
relação sexual)
3 - DOR PÉLVICA:

Aguda: pode ser causada pelo período menstrual (DISMENORRÉIA = CÓLICA MENSTRUAL), ovário policístico,
doença inflamatória pélvica (DIP), gravidez ectópica/rota.
Crônica (há mais de 6 meses – diagnóstico mais “complicado”) – fazer diagnóstico diferencial como causa
muscular, causa intestinal, urinária. (PRINCIPAL CAUSA DE DOR PÉLVICA CRONICA = ENDOMETRIOSE e aderências
pélvicas).

Características Semiológicas da dor pélvica:

 Localização (DOR DO MEIO (“dor do meio do ciclo menstrual)= DOR QUANDO A


PACIENTE OVULA – PODE ALTERNAR OS LADOS, DEPENDENDO DE QUAL OVÁRIO ESTÁ OVULANDO)
 Duração
 Tipo (cólica, peso, pontada)
 Intensidade
 Irradiação
 Evolução (melhora, piora progressiva, estabilização)
 Fatores de alívio
 Relação com as fases do ciclo menstrual
 Outras Causas:
 Patologias gastrointestinais;
 Músculo-esqueléticas;
 Urinárias.
4 - DISTÚRBIOS SEXUAIS
Dispareunia: dor na relação sexual, causas: falta de lubrificação, tumor que obstrui, inflamação do colo uterino,
DIP...
- Inicial (antes da relação) ou externa (“por fora”)/ terminal (depois da relação) ou interna (“por dentro”)
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- Relativa (dificulta a relação sexual) ou absoluta (impede a relação sexual) (colpite – infecção colo útero; estenose
vaginal, má formação e atrofia vaginal durante a menopausa – queixa de dor na relação pela “secura”)
- Orgânica / somatização de problemas emocionais (vaginismo = espasmo involuntários doloroso da musculatura vaginal
– impede a relação, a coleta do Papanicolau)
Sinusorragia: sangramento durante a relação sexual (neoplasia/tumor, pólipo, ferida no colo do útero, DST.)
→ fazer exame especular.

5- ALTERAÇÕES DOS PELOS


Hirsutismo: pelos em locais comuns aos homens:
região facial, pescoço, braços, barriga. Ex; sindome do ovário
policístico (SOP);
O hirsutismo geralmente é causado por desequilíbrio
hormonal (androgênios – produzidos nas suprarrenais e
ovários).
 HISTÓRIA GINECOLÓGICA:
Menarca: primeira menstruação (11 aos 14 anos, geralmente). Se aos 14 anos não menstruou e não possui os
caracteres secundários (voz fina, cintura fina e quadril mais largo), é possível que seja uma puberdade retardada. Outra
possibilidade é uma má formação da genitália (p.ex.: hímen imperfurado que retém o sangue da menstruação =
HEMATOCOLPO).

* SEMPRE PERGUNTAR: QUANDO MENSTRUOU A PRIMEIRA VEZ?!


Ciclos Menstruais: DUM (DATA DA ÚLTIMA MENSTRUAÇÃO), FLUXO, INTENSIDADE, QUANTO TEMPO FICA
MENSTRUADA, TODO MÊS? REGULAR? CÓLICA? TPM?
Métodos Contraceptivos: MAC (MÉTODO ANTICONCEPCIONAL), MEDICAMENTOS ORAIS, INJETÁVEIS, ADESIVOS,
CAMISINHA, DIU, COITO INTERROMPIDO, LAQUEADURA, VASECTOMIA, ADAPTAÇÃO AO MÉTODO? EFEITO
COLATERAL?, HÁ QUANTO TEMPO USA MÉTODO CONTRACEPTIVO?, COMO USA?
Vida Sexual: COITARCA = 1ª relação sexual, QUANTOS PARCEIROS TEM? JÁ TEVE ALGUMA DST?

 HISTÓRIA OBSTÉTRICA:
Antecedentes Obstétricos (conhecimentos sobre as gestações anteriores)
Sigla – letras G (GESTAÇÕES) P (PARTOS) A (ABORTO, a letra “A” tb refere-se a gravidez ectópica e mola hidatiforme)
seguidas com o número subscrito correspondente
Exemplos:
 G0 – NULÍPARA ou NULIGESTA, significa que nunca concebeu.
 G1P0A0 – PRIMIGESTA, ESTÁ GRÁVIDA
 G3P2(N)A0 – ESTÁ GRÁVIDA DE 1 E JÁ TEVE 2 PARTOS NORMAIS.
 G4P3(2N1C)A1 – 4 GESTAÇÕES COM 3 PARTOS (SENDO 2 NORMAIS E 1 CESÁREA) E 1
ABORTO.
Se a paciente já teve algum filho, perguntar: Como foi o parto? N/C? E Por quê? Peso e tamanho do bebê? Houve
intercorrências? Amamentou? Foi tudo bem? Onde foi? Casa? Hospital?

*PRIMÍPARA = TEVE 1 FILHO.


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**MULTÍPARA = TEVE VÁRIOS FILHOS.

 EXAME FÍSICO:
Exame ginecológico: paciente sempre deitada, com as pernas apoiadas abertas,
de avental e com um lençol cobrindo.

Exame da genitália externa (não esquecer se tem cicatriz de EPISIOTOMIA = corte


na hora do parto.)

prolapso uterino melanoma HPV

Exame especular: permite a visão direta da cavidade vaginal e colo uterino.

o Coleta / Realização de exames / Biópsia


o Características da Parede Vaginal (lesões, corrimentos, fístulas)
o Características do Colo Uterino (epitelização, forma do orifício externo, pólipos, muco cervical)

Toque vaginal: avaliação dos genitais internos.

- Bidigital – com os 2 dedos médio e indicador. Avalia o colo uterino e o fundo de


saco. Avaliar a consistância do colo (na grávida é mais amolecido, semelhante a
consistencia de uma boca e na mulher não gestante é semelhante a consistencia
de um nariz) e se o fundo de saco está limpo, se é móvel.
- Combinado – continua com o bidigital e com a outra mão, na região do
hipogastro, palpa o útero externamente e nas fossas ilíacas, palpam-se os
ovários (quando cistos). Raramente as tubas são palpáveis.
Posição Ginecológica:
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Exame obstétrico:

ALTURA UTERINA: com uma fita métrica, fixa-se o marco zero na borda
superior da sínfise púbica, estendendo-a ao longo do maior eixo uterino e com a mão
esquerda que delimita o fundo, apreende-se a fita métrica delimitando a palpação do
útero. Pode ser realizado a partir da 16º semana de gestação, ou seja a partir do 2º
trimestre de gestação.

A altura uterina ideal para o bebe a termo é de aproximadamente 34 a 36 cm.


*20 CM DE ALTURA UTERINA → ALTURA DA CICATRIZ UMBILICAL → CORRESPONDE A 20 SEMANAS DE GESTAÇÃO. A
partir deste momento o útero extravasa a cavidade pélvica e começa adentrar a cavidade abdominal.
**ÚTERO CRESCE APROXIMADAMENTE 4 CM/MÊS.
***SE TIVER UM TAMANHO UTERINO MUITO MAIS SIGNIFICATIVO PARA A IDADE GESTACIONAL, É PRECISO
INVESTIGAR: gemelaridade, polidrâmnio, bebê macrossômico (principalmente nas pacientes diabéticas).
****ALTURA UTERINA < DO QUE O TAMANHO GESTACIONAL: restrição de crescimento relacionado ao fumo durante a
gestação, oligodrâmnio…
PALPAÇÃO UTERINA (mais após 24 semanas de gravidez, recomendada no 2º
trimestre).

 Manobras de Leopold
1. Determinar fundo uterino: determinando-se qual o polo fetal que o ocupa.
2. Visa determinar a posição fetal, determinando-se a situação (longitudinal,
transversal ou oblíqua) e Posição (dorso do bebê em um dos flancos da mãe –
para auscultar o coração do bebê). Conhecer a posição fetal auxilia na procura
do foco máximo de ausculta dos batimentos cardíacos do feto.
3. Apresentação: procura-se apreender o pólo entre o polegar e o indicador cefálico (quando a cabeça do bebê
está na bacia da mãe), pélvico (cauda do bebê na bacia, ou seja, o bebe esta sentado), transversa (bebe
atravessado o que sugere indicação absoluta de cesárea).
4. O examinador deve voltar suas costas para o paciente e colocar as mãos sobre a fossa ilíaca, caminhando-as
para o hipogastro paralelamente a arcada crural e afastadas umas das outras entre 10 cm. Grau de insinuação:
para saber se o bebê está “encaixado”.

AUSCULTA FETAL: BATIMENTO CÁRDIO-FETAL (BCF) = 120-160 bpm. Sao audiveis a partir da 10-12 semanas
com o sona-doppler e a partir de 20 semanas com o estetoscopio.

TOQUE VAGINAL: para saber se está com dor, para caracterizar o colo do útero. Para saber se está em trabalho de
parto, verificando a dilatação.

EXAME DAS MAMAS: exame que acontece em PRIMEIRO lugar na consulta ginecológica.

ANAMNESE: Antecedentes pessoais e familiares (JÁ TEVE ALGUM PROBLEMA DE MAMA? ALGUÉM NA FAMÍLIA
JÁ TEVE?), Paridade e lactação.
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Obs: LACTAÇÃO É FATOR PROTETOR PARA CA DE MAMA!!!

SINAIS E SINTOMAS:
SUPERIOR
Nódulo mamário = MAIOR PROCURA DE QUEIXA NA MAMA
(localização, crescimento, modificação, consistência – endurecido, INFERIOR
cístico, mole - mobilidade, sensibilidade).
Dor = MASTALGIA (periodicidade, relação com movimentos). EXTERNO
Secreção papilar (espontânea, uni ou bilateral, relação com o ciclo
menstrual, cor, antecedente de traumatismo).
INTERNO
INSPEÇÃO (ESTÁTICA E DINÂMICA) (Por quadrante ou pelas
horas do relógio).
PALPAÇÃO: CONSISTÊNCIA, PARÊNQUIMA, PRESENÇA OU
AUSÊNCIA DE NÓDULOS. Deve-se palpar também os linfonodos axilares.
EXPRESSÃO PAPILAR: verificar se sai secreção ou não.
PALPAÇÃO DE LINFONODOS AXILARES E
SUPRACLAVICULARES: se presente algum linfonodo, caracterizar
quanto a mobilidade, consistência, número.

CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL, por dois meios:

1) DUM (data da ultima menstruação), por exemplo:


Paciente com DUM 21/11/2015 e beta HCG +, deve levar em consideração o dia de hoje (16/02/2016) e contar
quantos dias se passaram desde a DUM. Ou seja, NOV.=12 + DEZ.= 31 + JAN.= 31 + FEV.= 16 = 87 DIAS AO TODO. Esses
dias deve-se dividir por 7 (semanas); portanto a gestante esta de 12 SEMANAS E 3 DIAS.
2) USG (18/09/2015) que datava IG= 6 semanas + 2 dias (E : eco), DUM = ? (obs: o ideal de fazer a USG é
de 6 a 8 semanas, porque durante o 1º trimestre ela se torna mais fidedigna).
A partir da data da USG deve-se contar os dias até se chegar ao dia atual da consulta (16/02/2016). Ou seja,
SET.= 12 + OUT.= 31 + NOV.= 30 + DEZ.= 31 + JAN.= 31 + FEV=16 = 151 DIAS APÓS A DATA DA USG. Portanto, divide-se
151/7 (semanas) = 21 semanas + 4 dias. Após esse resultado junta-se esses dias com os obtidos na USG, resultando no
total de IG= 27 semanas + 6 dias (E – 6 + 2 : deve-se colocar essa sigla buscando-se referir que se calculou a IG a partir
do eco realizado que constava a data inicial de 6 semanas e 2 dias).

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