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10 – NORMA REGULAMENTADORA NR 10
Um sistema elétrico, na sua concepção mais geral, é constituído pelos equipamentos e materiais
necessários para transportar a energia elétrica desde a usina geradora (fonte) até os pontos onde ela será
utilizada ou consumida (carga).
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10.5.2 O estado de instalação desenergizadas deve ser mantido até a autorização para reenergização,
devendo ser reenergizada respeitando a seqüência de procedimentos abaixo:
a) retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos;
b) retirada da zona controlada dos trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização;
c) remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais;
d) remoção da sinalização de impedimento de reenergização;
e) destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.
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10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica,
competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais.
10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em condições de exercer a
supervisão e condução dos trabalhos.
10.13 – Responsabilidades
10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias aos contratantes e
contratados envolvidos.
10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manter os trabalhadores informados sobre os riscos a
que estão expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra os riscos
elétricos a serem adotados.
10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em
eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas.
10.13.4 Cabe aos trabalhadores:
a) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou
omissões no trabalho;
b) responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares,
inclusive quanto aos procedimentos internos de segurança e saúde; e
c) comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço as situações que considerar de
risco para sua segurança e saúde e a de outras pessoas.
GLOSSÁRIO
Ao final do seu texto, a NR 10 apresenta um glossário com a definição de 31 termos técnicos,
dentre os quais se encontram os mostrados abaixo.
28. Trabalho em Proximidade: trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada,
ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais,
ferramentas ou equipamentos que manipule.
30. Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive
acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é
permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho.
31. Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões
estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais
autorizados.
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11 – ANEXOS DA NR 10
11.1 – Zona de Risco e Zona Controlada (ANEXO I)
Tabela 11-1 – Raios de delimitação das zonas de risco, controlada e livre.
Faixa de tensão nominal da Rr - Raio de delimitação entre zona Rc - Raio de delimitação entre zona
instalação elétrica em kV de risco e controlada em metros controlada e livre em metros
<1 0,20 0,70
≥1 e <3 0,22 1,22
≥3 e <6 0,25 1,25
≥ 6 e < 10 0,35 1,35
≥ 10 e < 15 0,38 1,38
≥ 15 e < 20 0,40 1,40
≥ 20 e < 30 0,56 1,56
≥ 30 e < 36 0,58 1,58
≥ 36 e < 45 0,63 1,63
≥ 45 e < 60 0,83 1,83
≥ 60 e < 70 0,90 1,90
≥ 70 e < 110 1,00 2,00
≥ 110 e < 132 1,10 3,10
≥ 132 e < 150 1,20 3,20
≥ 150 e < 220 1,60 3,60
≥ 220 e < 275 1,80 3,80
≥ 275 e < 380 2,50 4,50
≥ 380 e < 480 3,20 5,20
≥ 480 e < 700 5,20 7,20
ZL
ZL
Rc
ZC
Rc ZL
ZC
ZR
ZR
PE
Rr
PE
Rr
SI
ZL = Zonal livre.
ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados.
ZR = Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de técnicas, instrumentos e
equipamentos apropriados ao trabalho.
PE = Ponto da instalação energizado.
SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos dispositivos de segurança.
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Resistivos Pn Pn
Circuitos In = In =
(Lâmpadas incandescentes VF VL
Monofásicos e resistências)
F + N; F + F;
2F + N Indutivos In =
Pn
In =
Pn
V F ⋅ cos ϕ ⋅ η V L ⋅ cos ϕ ⋅ η
(Reatores e motores)
Pn
Equilibrados (3F) In =
Circuitos 3 ⋅ VL ⋅ cos ϕ ⋅ η
Trifásicos Pn
Desequilibrados (3F + N) In =
3 ⋅ VF ⋅ cos ϕ ⋅ η
In – Corrente nominal do equipamento ou circuito em A.
Pn – Potência elétrica nominal do equipamento ou circuito em W.
VF – Tensão de fase ou diferença de potencial entre fase e neutro (220 V).
VL – Tensão de linha ou diferença de potencial entre fases (380 V).
η – Rendimento do equipamento em %.
cosϕ – Fator de potência do equipamento ou do circuito.
Tabela 12-1 – Valores típicos para o fator de potência e o rendimento, a ser utilizados na falta de dados
específicos do fabricante. Para os equipamentos de uso mais comum em instalações elétricas residenciais.
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Observação Importante:
Nos circuitos terminais devem ser considerados os valores apresentados abaixo:
f1 = f2 = f3 = f4 = 1,0. Logo, para os circuitos terminais Ip = In.
13 – OS CONDUTORES ELÉTRICOS
Fig. 13-1 – Fio: é um condutor sólido, maciço, em geral de seção circular, com ou sem isolamento.
Fig. 13-2 – Cabo: é um conjunto de fios encordoados, não isolados entre si.
Os cabos podem ser isolados ou não (cabo nu), conforme o uso a que se destina. São mais
flexíveis que um fio de mesma capacidade de carga.
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Isolação - É aplicada sobre o condutor com a finalidade de isolá-lo eletricamente do ambiente que o
circunda ou de outros condutores próximos (instalados no mesmo eletroduto).
Ex: Cloreto de Polivinila (PVC), Polietileno (PE).
Cobertura - É um invólucro externo não metálico e contínuo, sem função de isolação, destinado a
proteger o fio ou cabo contra influências externas.
Trataremos especificamente dos condutores para baixa tensão (0,6 kV – 0,75 kV – 1 kV).
Em geral, os fios e cabos são designados em termos de seu comportamento quando submetidos à
ação do fogo, isto é, em função do material de sua isolação e cobertura. Assim os cabos elétricos podem
ser classificados em quatro grandes categorias:
(1) Propagadores de chama – São aqueles que entram em combustão sob a ação direta da chama e a
mantém mesmo após a retirada da chama. Tais cabos podem contribuir para o desenvolvimento e a
propagação dos incêndios.
Ex - Etilenopropileno (EPR) e o Polietileno reticulado (XLPE).
(2) Não propagadores de chama – Removida a chama ativadora, a combustão do material cessa. A chama
se auto-extingue após cessar a causa ativadora da mesma.
Ex - Cloreto de polivinila (PVC) e o neoprene.
(3) Resistentes à chama – Mesmo em caso de exposição prolongada, a chama não se propaga ao longo do
material isolante do cabo.
Ex - Sintenax Antiflam, da Pirelli e o Noflam BWF 750 V, da Ficap.
(4) Resistentes ao fogo – São materiais especiais incombustíveis, que permitem o funcionamento do
circuito elétrico mesmo em presença de um incêndio (exposição à chama direta, 750 ºC, por 3 horas). Tais
cabos são particularmente utilizados para circuitos de segurança e sinalizações de emergência.
c) os cabos com isolação de PVC, à ABNT NBR 7288 ou à ABNT NBR 8661.
Os condutores isolados com isolação de PVC de acordo com a ABNT NBR NM 247-3 devem ser
não-propagantes de chama.
OBS: Os cabos não-propagantes de chama, livres de halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases
tóxicos podem ser condutores isolados, cabos unipolares e cabos multipolares.
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O condutor não pode ser submetido a um aquecimento exagerado provocado pela passagem da
corrente elétrica, pois a isolação e a cobertura do mesmo poderiam vir a ser danificadas. Entre os fatores
que devem ser considerados na escolha da seção de um fio ou cabo, supostamente operando em condições
de aquecimento normais, destacam-se:
1. O tipo de isolação e de cobertura do condutor, em geral é de PVC;
2. O número de condutores carregados, isto é, de condutores vivos, efetivamente percorridos
pela corrente (ver Tabela 14-2);
3. A maneira de instalar os cabos (ver Tabela 14-3);
4. A proximidade de outros condutores, agrupamento com outros circuitos (ver Tabela 14-4);
5. A temperatura ambiente ou do solo no caso de linhas subterrâneas (ver Tabela 14-5);
Referência Descrição
Condutores isolados, cabos unipolares ou multipolares em eletroduto embutido em parede
1 termicamente isolante.
A 2 Cabos unipolares ou cabos multipolares embutidos diretamente em parede isolante.
Condutores isolados, cabos unipolares ou cabos multipolares em eletroduto contido em canaleta
3 fechada.
1 Condutores isolados ou cabos unipolares em eletroduto aparente.
2 Condutores isolados ou cabos unipolares em calha.
3 Condutores isolados ou cabos unipolares em moldura.
Condutores isolados, cabos unipolares ou cabos multipolares em eletroduto contido em canaleta
B 4 aberta ou ventilada.
Condutores isolados, cabos unipolares ou cabos multipolares em eletroduto embutido em
5 alvenaria.
6 Cabos unipolares ou cabos multipolares contidos em blocos alveolados.
1 Cabos unipolares ou cabos multipolares diretamente fixado em parede ou teto.
2 Cabos unipolares ou cabos multipolares embutidos diretamente em alvenaria.
C 3 Cabos unipolares ou cabos multipolares em canaleta aberta ou ventilada.
4 Cabo multipolar em eletroduto aparente.
5 Cabo multipolar em calha.
1 Cabos unipolares ou cabos multipolares em eletroduto enterrado no solo.
D 2 Cabos unipolares ou cabos multipolares enterrados – diretamente – no solo.
3 Cabos unipolares ou cabos multipolares em canaleta fechada.
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Tabela 14-4 – Fatores de correção para agrupamento de mais de um circuito ou mais de um cabo
multipolar instalado em eletroduto ou calha, ou agrupados sobre uma superfície — k1.
Para a correção da corrente de projeto calculada (Ip) para cada circuito, se faz necessário consultar
a planta com a representação gráfica da fiação e seguir o percurso dos condutores de cada circuito,
observando neste trajeto qual a situação em que temos o maior número de circuitos agrupados no
eletroduto.
EXEMPLO: Em um trecho de uma instalação elétrica o Circuito 1 (Iluminação) tem o seu maior
agrupamento com mais quatro circuitos. A corrente de projeto calculada para o Circuito 1 foi de 4,8 A.
Qual o valor da corrente de projeto corrigida?
Maior número de circuitos agrupados dentro dos eletrodutos = Circuito 1 + 4 Circuitos = 5 Circuitos.
Valor do fator de correção k1, (ver Tabela 14-4) = 0,60.
Ip 4,8
I p '= = = 8 A.
k1 0,60
Tabela 14-5 – Fator de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30ºC para cabos não
enterrados e de 20ºC (temperatura do solo) para cabos enterrados — k2.
Ambiente Do Solo
Fator Térmico (k2) Fator Térmico (k2)
Temperatura Temperatura
Isolação Isolação
(°C) (°C)
PVC EPR ou XLPE PVC EPR ou XLPE
10 1,22 1,15 10 1,10 1,07
15 1,17 1,12 15 1,05 1,04
20 1,12 1,08 25 0,95 0,96
25 1,06 1,04 30 0,89 0,93
35 0,94 0,96 35 0,84 0,89
40 0,87 0,91 40 0,77 0,85
45 0,79 0,87 45 0,71 0,80
50 0,71 0,82 50 0,63 0,76
55 0,61 0,76 55 0,55 0,71
60 0,50 0,71 60 0,45 0,65
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Observação Importante:
Para qualquer dos dois casos, a queda de tensão, a partir do quadro terminal até o dispositivo ou
equipamento consumidor de energia, deverá ser, no máximo, de 4% (ver Figura 14-1).
4%
1%
7%
1%
1%
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Conhecendo-se:
• O material do eletroduto (se é magnético ou não-magnético).
• A corrente de projeto, Ip (em ampères).
• O fator de potência, cos θ.
• A queda de tensão admissível para o caso, em porcentagem (∆V%). Se 4% usar 0,04.
• O comprimento do circuito, l (em km).
• A tensão nominal do circuito, Vn (em volts).
Calcula-se:
V ∆V V ∆V
= ou = n
A × km I p × l A × km I × l
∑ i i
i =1
• A seção nominal do condutor, entrando na Tabela 14-8 com o valor calculado acima.
Tabela 14-8 – Quedas de tensão unitárias. Condutores isolados com PVC em eletroduto ou calha fechada.
Eletroduto ou calha de
Eletroduto ou calha de material não-magnético
material magnético
Seção
Circuito monofásico ou
Nominal Circuito monofásico Circuito trifásico
trifásico
(mm2)
cos θ = 0,80 cos θ = 0,95 cos θ = 0,80 cos θ = 1,0 cos θ = 0,80 cos θ = 0,95
V/(A×km) V/(A×km) V/(A×km) V/(A×km) V/(A×km) V/(A×km)
1,5 23,03 27,6 20,2 24,0 23,0 27,4
2,5 14,03 16,9 12,4 14,7 14,0 16,8
4 8,9 10,6 7,8 9,2 9,0 10,5
6 6,0 7,1 5,2 6,1 5,9 7,0
10 3,6 4,2 3,2 3,7 3,5 4,2
16 2,3 2,7 2,0 2,3 2,3 2,7
25 1,5 1,7 1,3 1,5 1,5 1,7
35 1,1 1,2 0,98 1,1 1,1 1,2
50 0,85 0,94 0,76 0,82 0,86 0,95
70 0,62 0,67 0,55 0,59 0,64 0,67
95 0,48 0,50 0,50 0,43 0,50 0,51
120 0,40 0,41 0,36 0,36 0,42 0,42
150 0,35 0,34 0,31 0,30 0,37 0,35
185 0,30 0,29 0,27 0,25 0,32 0,30
240 0,26 0,24 0,23 0,21 0,29 0,25
Atenção:
Para o cálculo da queda de tensão num circuito deve ser utilizada a corrente de projeto do circuito Ip e
não a corrente de projeto corrigida Ip’.
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
200 × ρ × ∑ (lc × I c )
S= (mm2)
∆V% × V fn
Onde:
S ⇒ Seção do condutor (mm2);
ρ ⇒ Resistividade do material condutor (cobre: 1/56 Ω.mm2/m);
lc ⇒ Comprimento do circuito (m);
Ic ⇒ Corrente da carga (A);
∆V% ⇒ Queda de tensão máxima admissível (3% = 3);
Vfn ⇒ Tensão de fase (V).
100 × 3 × ρ × ∑ (l c × I c )
S= (mm2)
∆V% × V ff
Onde:
Vff ⇒ Tensão de linha (V).
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Tabela 14-10 – Seção mínima dos condutores de proteção em relação à seção dos condutores fases.
Seção dos condutores fases (S) Seção mínima dos condutores de proteção (S’)
(mm2) (mm2)
S ≤ 16 S’ = S
16 < S ≤ 35 S’ = 16
S > 35 S’ ≥ S/2
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Os condutores e equipamentos que fazem parte de um circuito elétrico devem ser protegidos
automaticamente contra curtos-circuitos e contra sobrecargas (intensidade de corrente acima do valor
compatível com o aquecimento do condutor e que poderiam danificar a isolação do mesmo ou deteriorar
o equipamento). Os dispositivos classificam-se conforme o objetivo ao qual se destinam:
1. Dispositivos que assegurem apenas proteção contra curto-circuito (Disjuntores com Proteção
Eletromagnética apenas e Fusíveis).
2. Dispositivos que protejam eficazmente apenas contra sobrecargas (Disjuntores com Proteção
Térmica apenas e Relés Térmicos).
3. Dispositivos que proporcionem segura proteção contra sobrecargas e curtos-circuitos
(Disjuntores com Proteção Térmica e Eletromagnética).
O fusível pode ser considerado como uma resistência devidamente protegida que deve fundir com
a passagem da corrente de sobrecarga ou curto-circuito. Os tipos mais comuns são:
a) Fusível Tipo Rolha: é um fusível de baixa tensão em que um dos contatos é uma peça
roscada, que se fixa no contato roscado correspondente da base (ver Figura 15-1).
b) Fusível Tipo Cartucho: é um fusível de baixa tensão cujo elemento fusível é encerrado em
um tubo protetor de material isolante, com contatos nas extremidades. Pode se apresentar de
duas formas tipo virola e tipo faca ou baioneta (ver Figura 15-2 e 15-3).
c) Fusível tipo D (ou Diazed, que é a marca registrada da Siemens): é um fusível limitador de
corrente, de baixa tensão, cujo tempo de interrupção é tão curto que o valor de crista da
corrente de curto-circuito presumida não é atingido. Estes fusíveis são usados na proteção de
condutores de rede de energia elétrica e circuitos de comando (na proteção de motores
empregam-se fusíveis do tipo retardado, que não fundem com a corrente de partida do
motor). São empregados para correntes de 2 a 100 A (ver Figura 15-4).
d) Fusível NH: é um fusível limitador de corrente de alta capacidade de interrupção, para
correntes nominais de 6 a 1.000 A em aplicações industriais. Protegem os circuitos contra
curtos-circuitos e também contra sobrecargas de curta duração, como acontece na partida de
motores de indução com rotor em gaiola (ver Figura 15-5).
Fig. 15-1 – Fusível tipo rolha. Fig. 15-2 – Fusível cartucho tipo virola.
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Tampa Base
Capa de Proteção
Fusível
Parafuso de Ajuste
Base Unipolar
DIA - diâmetro
DIAZED: Z - 2 partes (bipartido) NH: N - baixa tensão
ED - rosca tipo Edson H - alta capacidade de interrupção
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
ATENÇÃO: Qualquer corrente que exceda um valor nominal pré-fixado (por exemplo, a corrente
nominal de um equipamento In ou a capacidade de condução de corrente de um condutor Iz) é chamada de
Sobrecorrente. Se tivermos um valor nominal de 50 A, uma corrente de 51 A, será uma sobrecorrente e
uma de 5.000 A também será uma sobrecorrente. Nas instalações elétricas, as sobrecorrentes podem ser
de dois tipos: as correntes de sobrecarga (subdimensionamento de circuitos, substituição de equipamentos
por outros de potência maior ou inclusão de equipamentos não previstos) e as correntes de falta (falha na
isolação dos condutores, corrente de fuga ou corrente de curto-circuito).
• Sobrecarga: corrente elétrica de intensidade moderada e longa duração, não produzida por falta.
• Curto-Circuito: corrente elétrica de altíssima intensidade e curta duração, produzida por uma
falta direta entre condutores vivos (fases e neutro).
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
A norma brasileira de instalações elétricas de baixa tensão (NBR 5410) utiliza a expressão
“dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual” ou, abreviadamente, “dispositivos DR”, para se
referir, genericamente, à proteção diferencial-residual — qualquer que seja a forma que ela venha a
assumir. De fato, o “dispositivo” de que fala a norma pode ter várias “caras” (ver Figura 15-9).
Fig. 15-9 – As normas referem-se a “dispositivos DR” de forma genérica. Isso significa que o
“dispositivo” pode ser um interruptor DR [bipolar, (1a), ou tetrapolar, (1b)], um disjuntor DR (2), uma
tomada com proteção DR (3) ou, ainda, um relé DR e respectivo TC toroidal (4) — associados, neste
último caso, ao disparador de um disjuntor ou contator.
A situação é análoga se alguma pessoa vier a tocar uma parte viva do circuito protegido, pois a
porção de corrente que irá circular pelo corpo da pessoa provocará, igualmente, um desequilíbrio na soma
vetorial das correntes — diferença então detectada pelo dispositivo DR, tal como se fosse uma corrente de
falta à terra. A corrente diferencial-residual também é conhecida como corrente de fuga (IFalta, ICC ou Ich).
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Fig. 15-10 – Ocorrendo uma corrente de falta à terra Id, a corrente “de retorno” I2 não será mais igual à
corrente “de ida” I1 e essa diferença provoca a circulação de uma corrente I3 no enrolamento de detecção.
Cria-se, no circuito magnético do relé, um campo que vence o campo permanente gerado pelo pequeno
ímã, liberando a alavanca. A liberação da alavanca detona o mecanismo de abertuta dos contatos.
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
1º) Posição Fechada 2º) Início do Disparo 3º) Posição Aberta após o Disparo
Fig. 15-13 – Seqüência de funcionamento mecânico do disjuntor DR, fabricante Bticino.
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
O dispositivo DR tem por finalidade a proteção de vidas humanas contra acidentes provocados
por choques, no contato acidental com redes ou equipamentos elétricos energizados. Oferece, também,
proteção contra incêndios que podem ser provocados por falhas no isolamento dos condutores e
equipamentos. A experiência mostra que não se pode, na prática, evitar que ocorra uma certa corrente de
fuga natural para a terra, apesar do isolamento da instalação. Quando a corrente de fuga atinge valores
que possam comprometer a desejada segurança para os seres humanos (30 mA) ou apresentar riscos de
incêndio em instalações industriais (500 mA), o dispositivo DR atua, desligando o circuito.
Quando a corrente diferencial-residual, IDR ou corrente de fuga for igual ou superior a I∆N
(corrente diferencial-residual nominal de atuação do dispositivo), o fluxo criado no núcleo toroidal do
disparador, pela corrente proveniente da bobina secundária do transformador, provoca a desmagnetização
do núcleo, abrindo o contato da parte móvel e, conseqüentemente, os contatos principais do dispositivo.
Os contatos principais têm por função permitir a abertura e o fechamento do circuito e são dimensionados
de acordo com IN (corrente nominal do dispositivo).
Quanto a sensibilidade os dispositivos DR podem ser divididos em dois grupos, que são:
1º) Dispositivos DR de Baixa Sensibilidade: são destinados à proteção contra contatos indiretos e
contra incêndios, I∆N > 30 mA (a NBR 5410 recomenda usar DR com I∆N = 300 mA).
As instalações elétricas sempre apresentam correntes de fuga. O valor de tais correntes, que fluem
para a terra, dependerá de diversos fatores, dentre os quais podemos destacar: a qualidade dos
componentes e dos equipamentos de utilização empregados, a qualidade da mão de obra de execução da
instalação, a idade da instalação e o tipo de prédio. Via de regra, as correntes de fuga variam desde uns
poucos miliampères até alguns centésimos de ampère.
Nessas condições, antes de instalar um dispositivo DR, sobretudo em instalações mais antigas, é
necessário efetuar uma medição preventiva destinada a verificar a existência, pelo menos, de correntes de
fuga superiores a um certo limite. Se o resultado dessa medição for favorável, isto é, se não existirem
correntes significativas fluindo para a terra, poder-se-á instalar um dispositivo DR como proteção geral
contra contatos indiretos; caso contrário, só poderão ser instalados dispositivos DR nas derivações da
instalação (geralmente em circuitos terminais).
Definitivamente, o DR tem muito má vontade com a instalação incorreta (mas mais barata!) de
interruptores paralelos, de campainhas e outros vícios de construção.
Dizem, também, que ele não simpatiza com cachorros, ratos e outros animais que apreciam o
PVC de eletrodutos e condutores, por compulsão inata ou necessidade alimentar.
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Fig. 15-14 – Utilização dos dispositivos DR como proteção geral e como proteção de circuitos terminais.
Para que seja estabelecida a coordenação entre a seção dos condutores de um circuito e o
respectivo dispositivo de proteção contra correntes de sobrecarga, devem ser satisfeitas as condições
impostas pela NBR 5410 (para proteção com disjuntores), que são:
1) Ip ≤ IN ≤ Iz
2) I2 ≤ 1,45 × Iz P
P
I2 = α × IN α = 1,35 × IN (Disjuntores)
I2 = α × IN α = 1,6 × IN (Fusíveis gG)
Onde:
Ip ⇒ Corrente de projeto do circuito.
IN ⇒ Corrente nominal da proteção.
Iz ⇒ Capacidade de condução de corrente (corrigida).
I2 ⇒ Corrente convencional de atuação para disjuntores.
Disjuntores Termomagnéticos (IN): 5, 6, 10, 15, 16, 20, 25, 32, 35, 40, 50, 60, 63, 70, 90 e 100 A.
Disjuntores DR (IN): 16, 25, 40, 63, 80 e 100 A.
Disjuntores DR (I∆N): 10, 30, 100, 300 e 500 mA.
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Fig. 15-15 – Seletividade entre fusíveis em série. Fig. 15-16 – Seletividade entre disjuntor e fusível.
Fig. 15-17 – Proteção com disjuntores no alimentador (geral) e nos ramais (circuitos terminais).
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
16 – CONDUTOS ELÉTRICOS
Chamamos de conduto elétrico a uma canalização destinada a conter condutores elétricos. Nas
instalações elétricas são utilizados vários tipos de condutos: eletrodutos, calhas, molduras, blocos
alveolados, canaletas, bandejas, escadas para cabos, poços e galerias.
(1) Eletroduto – É um elemento de linha elétrica fechada, de seção circular ou não, destinado a conter
condutores elétricos, permitindo tanto a enfiação quanto a retirada dos condutores por puxamento. São
usados em linhas elétricas embutidas ou aparentes. Os eletrodutos podem ser metálicos (aço ou alumínio)
ou de material isolante (PVC, polietileno, fibro-cimento etc.).
(2) Calha – É um conduto fechado utilizado em linhas aparentes, com tampas desmontáveis em toda sua
extensão, para permitir a instalação e a remoção dos condutores. As calhas podem ser metálicas (aço ou
alumínio) ou isolantes (plástico); as paredes podem ser maciças ou perfuradas e a tampa simplesmente
encaixada ou fixada com auxílio de ferramenta.
(3) Moldura – É um conduto utilizado em linhas aparentes, fixado ao longo de paredes, compreendendo
uma base com ranhuras para colocação de condutores e uma tampa desmontável em toda sua extensão.
Recebe o nome de alizar, quando fixada em torno de um vão de porta ou janela, e rodapé, quando fixada
junto ao ângulo parede-piso. As molduras podem ser de madeira ou plástico (Sistema X – Pial Legrand).
(4) Bloco Aoveolado – É um bloco de construção, com um ou mais furos que, por justaposição com
outros blocos, forma um ou mais condutos fechados.
Fig. 16-3 – Moldura com duas ranhuras. Fig. 16-4 – Bloco aoveolado com dois condutos.
(5) Canaleta – É um conduto com tampas ao nível do solo, removíveis e instaladas em toda sua extensão.
As tampas podem ser maciças e/ou ventiladas e os cabos podem ser instalados diretamente ou em
eletrodutos.
(6) Bandeja – É um suporte de cabos constituído por uma base contínua com rebordos e sem cobertura,
podendo ser ou não perfurada; é considerada perfurada se a superfície retirada da base for superior a 30%.
As bandejas são geralmente metálicas (aço ou alumínio).
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Fig. 16-5 – Canaleta com tampas maciças e ventiladas. Fig. 16-6 – Bandeja não perfurada.
(7) Escada para Cabos – É um suporte constituído por uma base descontínua, formada por travessas
ligadas a duas longarinas longitudinais, sem cobertura. As travessas devem ocupar menos de 10% da área
total da base. Assim como as bandejas, as escadas são geralmente metálicas.
(8) Poço – É um conduto vertical formado na estrutura do prédio. Nos poços, via de regra, os condutores
são fixados diretamente às paredes ou a bandejas ou escadas verticais ou são instalados em eletrodutos.
(9) Galeria Elétrica – É um conduto fechado que pode ser visitado em toda sua extensão. Geralmente nas
galerias os condutores são instalados em bandejas, escadas, eletrodutos ou em outros suportes (como
prateleiras, ganchos etc.).
Fig. 16-7 – Escada para cabos. Fig. 16-8 – Prateleira e gancho para cabos.
Observação Importante:
Os termos “Leito para cabos”, “Perfilado” e “Eletrocalha”, não normalizados, são muitas vezes
usados para designar “Escadas para cabos”, “Calhas” ou “Bandejas”.
Fig. 16-9 – Termos mais utilizados pelos profissionais da área (Catálogos dos Fabricantes).
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Fig. 16-10 – Proteção contra choque mecânico. Fig. 16-11 – Proteção externa ou revestimento.
Muito embora a definição atual de eletroduto não faça qualquer referência à forma da seção, os
de seção circular são os de uso mais freqüente e se constituem no tipo mais comum de conduto elétrico.
Os eletrodutos, que, em função do material usado podem ser metálicos ou isolantes ou ainda
magnéticos ou não magnéticos, classificam-se em rígidos, curváveis, flexíveis e transversalmente
elásticos.
a) Eletrodutos Metálicos Rígidos: são geralmente de aço-carbono, com proteção interna e externa
feita com materiais resistentes à corrosão, podendo, em certos casos, ser fabricados em aço
especial ou em alumínio. Os eletrodutos metálicos rígidos são fabricados em “varas” de 3 metros.
b) Eletrodutos de PVC Rígidos: são fabricados com derivados de petróleo; são isolantes elétricos,
não sofrem corrosão nem são atacados pelos ácidos. Podem possuir roscas para serem emendados
com luvas, ou podem ser do tipo soldável com ponta e bolsa (extremo com diâmetro expandido).
c) Eletrodutos Metálicos Flexíveis: podem ser constituídos, em geral, por uma fita de aço enrolada
em hélice, por vezes com uma cobertura impermeável de plástico (ou material isolante), de
polietileno ou de PVC. Sua aplicação típica é na ligação de equipamentos que apresentem
vibrações ou pequenos movimentos durante seu funcionamento.
d) Eletrodutos de PVC Flexíveis: são fabricados em PVC auto-extingüente, devido a sua
praticidade com elevada resistência diametral, são também resistentes contra amassamento. Sua
principal vantagem sobre os eletrodutos rígidos é a facilidade de instalação e o fato de
dispensarem o uso das tradicionais curvas. São os eletrodutos flexíveis plásticos.
Fig. 16-12 – Eletroduto metálico flexível. Fig. 16-13 – Acessórios da linha de eletrodutos.
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Observações Importantes:
• Os eletrodutos são caracterizados por seu tamanho nominal. Tamanho nominal do eletroduto é um
simples número sem dimensão, padronizado por norma.
• A NBR 5410 proíbe o uso, como eletroduto, de produtos que não sejam expressamente apresentados
e comercializados como tal, por exemplo, produtos caracterizados por seus fabricantes como
“mangueiras”. Só são aceitos produtos que atendam às normas de fabricação e ensaio de eletrodutos.
• A norma determina que, em todos os tipos de instalações, sejam utilizados apenas eletrodutos não
propagantes da chama, como é o caso dos metálicos e dos de PVC auto-extinguíveis.
• Os trechos contínuos de tubulação, sem interposição de caixas ou equipamentos, não devem exceder
15 m de comprimento para linhas internas às edificações e 30 m para as linhas em áreas externas
às edificações, se os trechos forem retilíneos. Se os trechos incluírem curvas, o limite de 15 m e o de
30 m devem ser reduzidos em 3 m para cada curva de 90°. Assim, por exemplo, um trecho de
tubulação contendo 3 curvas não poderá ter um comprimento superior a 6 metros [15 - (3 × 3) = 6]
para linhas internas e 21 metros [30 - (3 × 3) = 21] para linhas externas.
• Em um mesmo eletroduto só podem ser instalados condutores de circuitos diferentes quando eles
pertencerem à mesma instalação e as seções dos respectivos condutores fase estiverem
compreendidas num intervalo de 3 valores normalizados (por exemplo, 2,5 mm2, 4 mm2 e 6 mm2).
• A soma das áreas totais dos condutores contidos num eletroduto não pode ser superior a:
53% da área útil do eletroduto, para o caso de um condutor;
31% da área útil do eletroduto, para o caso de dois condutores; e
40% da área útil do eletroduto, para o caso de três ou mais condutores (ver Figura 16-14).
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Instalações Elétricas de Baixa Tensão
Tabela 16-1 – Ocupação máxima dos eletrodutos de PVC por condutores de mesma seção.
EXEMPLO 1:
• Condutores no trecho do eletroduto de PVC = 3 x 2,5 mm2.
• Número de condutores = 3 e Maior seção dos condutores = 2,5 mm2.
RESPOSTA: Deverá ser utilizado um eletroduto com tamanho nominal 16.
EXEMPLO 2:
• Condutores no trecho do eletroduto de PVC = 4 x 1,5 mm2 e 3 x 2,5 mm2.
• Número de condutores = 7 e Maior seção dos condutores = 2,5 mm2.
RESPOSTA: Deverá ser utilizado um eletroduto com tamanho nominal 20.
EXEMPLO 3:
• Condutores no trecho do eletroduto de PVC = 4 x 1,5 mm2, 3 x 2,5 mm2 e 3 x 4 mm2.
• Número de condutores = 10 e Maior seção dos condutores = 4 mm2.
RESPOSTA: Deverá ser utilizado um eletroduto com tamanho nominal 25.
EXEMPLO 4:
• Condutores no trecho do eletroduto de PVC = 3 x 2,5 mm2, 3 x 4 mm2 e 3 x 6 mm2.
• Número de condutores = 9 e Maior seção dos condutores = 6 mm2.
RESPOSTA: Deverá ser utilizado um eletroduto com tamanho nominal 32.
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