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Leia mais: Saiba por que, em tempos de pandemia, viagem internacional não é para
os fracos
Eles caminhavam pela Rua Pandrossou com suas máscaras, enchendo os terraços dos
restaurantes e compartilhando pratos de purê de feijão de fava, polvo grelhado e
salada grega. As ruas zumbiam com o barulho de vozes e copos tilintando, mas
nenhuma música. A música não seria permitida por mais uma semana.
Assim estava a Grécia no começo de junho. Pouco tempo antes, no dia 14 de maio,
quando abriu oficialmente suas portas para visitantes vacinados e com teste de
Covid-19 negativo de grande parte do mundo. Na época, ao fazer isso, o país saltou à
frente de uma reabertura mais ampla da União Europeia em um momento em que os
casos de coronavírus continuavam altos e mais de três quartos da população grega
ainda não estava vacinada. Foi uma aposta que a Grécia não podia deixar de fazer,
depois de ver sua economia encolher impressionantes 8,2% em 2020. O país recebeu
apenas 7,4 milhões de visitantes no ano passado, em comparação com 34 milhões em
2019, quando viagens e turismo representaram mais de 20% do produto interno
bruto (PIB).
— Está além de querer. Precisamos que as pessoas voltem — disse Chara Lianou, uma
ateniense que estava servindo café no Kafeneion 111, em Monastiraki. — A economia
precisa disso e, voltando ao trabalho, você sente que está fazendo algo. A
comunicação com as pessoas, mesmo as ruins, fazem o meu dia — disse ela,
enquanto um novo grupo de clientes se acomodava ao nosso lado.
Cheguei a Atenas em um sábado no início do mês após um breve susto no qual quase
perdi o prazo de 24 horas para enviar eletronicamente um formulário de localização
de passageiros, ou PLF, uma das várias novas medidas exigidas para qualquer pessoa
que entra na Grécia vinda do exterior. Pelo menos seis pessoas foram impedidas de
embarcar em meu vôo de Berlim por não terem apresentado o PLF ou por terem feito
isso de maneira incorreta. Quem entra no país do exterior também deve ter
comprovante de vacinação ou teste negativo (não superior a 72 horas para PCR, ou
48 horas para antígeno). Profissionais de saúde ficam estacionados no aeroporto
para realizar os testes necessários nos laboratórios móveis. Quando visitei, havia
obrigatoriedade de máscara e distanciamento social em todos os lugares públicos,
mesmo ao ar livre.
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Depois de chegar a Atenas, Wilson e seu marido caminharam pelo Norte da Grécia
antes de seguir para as ilhas Santorini e Antiparos.
— Estamos muito felizes por termos vindo agora — disse ela. — É o momento
perfeito. Parecia totalmente seguro. Você evita as multidões. Você não tem que
esperar na fila.
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reabertura na Espanha
Pode ser que nenhum lugar do mundo tenha passado por uma transição tão drástica
do bloqueio total para a reabertura global como a Grécia. No início de maio, ainda
havia toque de recolher e os residentes só podiam deixar suas casas por um número
limitado de motivos essenciais, com permissão oficial do governo por meio de um
sistema automatizado de mensagens de texto. Mas apenas um mês depois, fui visitar
o restaurante recém-inaugurado Tzoutzouka no antigo bairro industrial de Rouf, a
sudoeste da Praça Omonia, e encontrei o terraço cheio de atenienses.
— É incrível, casa sempre cheia — disse Argyro Koutsou. — Tínhamos fé que seria
bom, mas não esperávamos que fosse tão cedo.
Embora não tenha nenhum treinamento culinário formal, a nativa de Atenas ganhou
um culto de seguidores enquanto cozinhava em restaurantes nas ilhas de Zakynthos,
Paros e Chios, onde se tornou conhecida por sua culinária aventureira que salta de
região em região, experimentando e reinterpretando receitas tradicionais gregas
usando ingredientes ultra-locais e inesperados.
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— Eu uso coisas que a maioria das pessoas não usa — disse Argyro. — Adoro o peixe
selvagem, que não é muito nobre. Se for fresco e vier de boa água e você o tratar com
respeito, é sempre um prato saboroso.
Claro, nem todo mundo está tão entusiasmado com a reabertura, especialmente
depois do ano passado, quando a Grécia abriu para turistas apenas para ver a Covid-
19 inundar hospitais e levar a fechamentos rígidos.
Nos próximos meses, o calendário da cultura grega está voltando a florescer, com
festivais ao ar livre, como o Festival de Atenas e Epidauro.
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— Nosso principal objetivo agora é criar conteúdo que não seja sobre o que
perdemos, mas sobre o que ansiamos. Arte sobre o presente — disse Afroditi
Panagiotakou, diretora da Onassis Culture, que também patrocina a sétima Bienal de
Atenas neste outono.
Muitos deles haviam retornado, seja por via aérea, por balsa ou talvez por mega-
iates, um segmento do setor de viagens da Grécia que não apenas resistiu à atual
crise econômica, mas está prosperando além de todas as expectativas. Como fui
lembrado por Fotis Geranios, gerente de fretamento da International Yacht Corp., é
importante lembrar que, para muitas das pessoas mais ricas do planeta, o último ano
e meio foi muito bom para os negócios.
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— A temporada passada foi boa, não foi incrível, mas este ano é uma loucura— disse
ele, acrescentando que os americanos respondem por grande parte do aumento. —
Eles passaram o ano passado nas Bahamas e agora querem voltar ao Mediterrâneo.
Os últimos seis meses foram mais agitados do que nunca.
Ele teve muitos fretamentos no ano passado, onde os passageiros nunca saíram do
barco, disse Geranios. Eles atracavam apenas para suprimentos.
Mas era outra história para hotéis, restaurantes e outros pequenos negócios nas ilhas,
muitos dos quais dependem fortemente de um fluxo de visitantes estrangeiros para
se manterem à tona. Para eles, a reabertura é uma tábua de salvação.
— É como uma guerra. É louco. A vida é bela e de repente tudo muda — disse Mario
Tsachpinis, presidente de 38 anos da associação de restaurantes de Naoussa, o
povoado mais pitoresco e popular de Paros, cujo restaurante, Mario, fica no elegante
porto antigo de Naoussa. — Foi uma época extremamente difícil para os restaurantes
da ilha.
Depois de meses de medo, incerteza, bloqueios e regulamentos em constante
mudança, os turistas finalmente voltaram, tilintando taças de vinho local com
especialidades de Mario, como polvo seco ao sol com geleia de limão picante e risoto
com açafrão, vegetais frescos e peixe branco.
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— Dois anos atrás, foi o melhor ano em décadas, então, não é uma boa ideia
comparar com isso, mas este ano é muito melhor do que no ano passado — disse
Nikos Frantzis, um ex-jornalista financeiro que dirige a Bungalows Marina, uma
empresa simples, mas de bom gosto, próximo a Naoussa, com sua esposa, a escritora
de culinária Niki Mitarea. — É melhor do que nossas expectativas. Isso nos deixa
mais otimistas sobre o futuro.
Praia Navagio, em Zacinto, ilha grega Foto: CC
Passei grande parte do meu último dia em Paros em Kolymbithres, a praia mais
notável da ilha, que fica dentro de uma baía vasta e rasa, onde formações rochosas
curvas gigantescas, desgastadas como mármore, se erguem da areia suave e inclinada
para formar uma rede de piscinas naturais de sal e enseadas isoladas.
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