Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cementação
O processo clássico de endurecimento superficial é a cementação, o qual corresponde ao
enriquecimento superficial de carbono de certos aços (geralmente aços de baixo C), aquecidos
convenientemente em contato com substâncias.
Este tratamento é muito antigo, os romanos já o praticavam e consiste na introdução de
carbono na superfície do aço, modo que este, depois de convenientemente temperado,
apresente uma superfície mais dura.
É necessário que o aço seja aquecido a uma temperatura em que a solução de carbono
no ferro seja fácil. Para isso, a temperatura deve ser superior à da zona crítica (900 a 950ºC).
Cleumar Antohaki 94
A profundidade de penetração do carbono depende da temperatura e do tempo.
Cleumar Antohaki 95
Cementação sólida
Nesse tipo de cementação, a peça é colocada em uma caixa de aço contendo substâncias
ricas em carbono. As misturas mais usadas apresentam carvão de madeira, aglomerado com
cerca de 5% a 20% de uma substância ativadora, por meio de óleo comum ou óleo de linhaça.
Em seguida, a peça é levada ao forno, a uma temperatura em torno de 930°C, durante o
tempo necessário para obtenção da camada desejada. Depois, submete-se a peça à têmpera para
que ela adquira dureza.
Vantagens
Pode utilizar uma grande variedade de fornos e não precisa de atmosfera controlada;
É econômica para pequenos lotes de peças, ou peças muito grandes;
Não exigem muita experiência do operador.
Desvantagens
Não é indicada para camadas finas que devem ser controladas dentro de uma
tolerância estreita;
Difícil controle de carbono na superfície e, portanto, no interior da peça;
As taxas de aquecimento e resfriamento são mais lentas devido à inércia térmica da
caixa e do material de cementação;
Profundidade da camada cementada
Varia de 0,6 a 6,0mm dependendo das condições de tempo e temperatura
empregadas (Essa profundidade, na prática, é medida através da dureza).
Considera-se Camada Cementada Efetiva a região com dureza maior que 50HRC,
Existe ainda a Camada Cementada Total, que é definida como a região onde houve
aumento do teor de carbono.
Cleumar Antohaki 96
Cementação gasosa
Consiste em se colocar a peça a ser cementada em um forno com atmosfera de potencial
de carbono controlado. Os gases normalmente utilizados são: gás natural (normalmente
utilizado), propano, butano, e metano.
Vantagens:
O gás é protetor, devido à impossibilidade de oxidação;
Apresenta maior velocidade de penetração do carbono;
A camada cementada apresenta uma espessura e teor de carbono mais uniforme;
As deformações no material sob cementação são reduzidas, eliminando-se a operação
de retificação;
Possibilita a têmpera direta, sem reaquecimento após a cementação, evitando o
aumento excessivo do grão.
Desvantagens:
A instalação é muito onerosa, exigindo também aparelhagem complexa de controle e
de segurança, o que ocasiona a necessidade de pessoal mais habilitado;
O controle não é somente das temperaturas, como é praticamente o caso da
cementação sólida, mas igualmente da constância da mistura carburizante gasosa.
Cementação líquida
Nesse processo são utilizados sais fundidos, ricos em carbono, principalmente os sais à
base de cianeto e de carbonato. A temperatura deve ser de 930°C a 950°C. Nessa
temperatura, os sais se tornam líquidos, pois se fundem por volta de 650°C.
Em seguida, as peças preaquecidas a 400ºC são mergulhadas em banho fundido. A função
do preaquecimento é a de eliminar água e evitar choque térmico. A peça deve ser resfriada em
salmoura com 10 a 15% de cloreto de sódio, ou em óleo de têmpera.
C o m p o s i ç ã o d e b a n h o s d e S a l p a r a
C e m e n t a ç ã o L í q u i d a
Composição do banho %
Camada de pequena Camada de grande
Constituintes
espessura Baixa espessura Alta temperatura
temperatura (840 a 900 ºC) (900 a 955 ºC)
Cianeto de sódio 10 a 23 6 a 16
Cloreto de bário 0 a 40 30 a 55
Outros sais alcalinos 0 a 10 0 a 10
Cloreto de potássio 0 a 25 0 a 20
Cloreto de sódio 20 a 40 0 a 20
Carbonato de sódio 30 máx. 30 máx.
Cianato de sódio 1,0 máx. 0,5 máx.
Cleumar Antohaki 97
Nitretação
É um tratamento termoquímico em que se promove enriquecimento superficial
com nitrogênio, usando-se de um ambiente nitrogenoso à determinada temperatura, buscando
o aumento da dureza do aço até certa profundidade. O objetivo é difundir o nitrogênio, para
isso, um cúbico de corpo centrado é melhor para a difusão, portanto, temperaturas abaixo de
720°C são ideais. A nitretação tem menos empenamento em relação à cementação, porem, a
camada é mais fina, chega a 0,3µm. Não há necessidade de qualquer tratamento térmico
posterior a nitretação, o que também contribui para reduzir ao mínimo as probabilidades de
empenamento ou distorção das peças.
A nitretação é realizada com os seguintes objetivos:
Obtenção de elevada dureza superficial;
Aumento da resistência do desgaste e da resistência à escoriação;
Aumento da resistência à fadiga;
Melhora da resistência à corrosão;
Melhora da resistência superficial ao calor, até temperaturas correspondentes às de
nitretação.
Nitretação a gás
Este processo consiste em submeter às peças a serem nitretadas à ação de um meio
gasoso contendo nitrogênio, geralmente amônia. A temperatura conveniente para o trabalho é
de 500ºC a 530ºC, e sua duração varia de quarenta a noventa horas.
Cleumar Antohaki 98
A nitretação a gás é, entretanto, um processo lento. O gráfico da dá um exemplo típico de
profundidade da camada versus tempo. Tempos usuais na prática variam de 48 a 72 h.
Valores típicos de dureza estão na faixa de 55 a 70 HRC em camadas de 0,15 a 0,5 mm.
Nitretação liquida (Nitretação em Banho de Sal)
Trata-se de um processo de nitretação que permite, em tempo muito mais curto que a
nitretação gasosa, obter superfícies muito resistentes ao desgaste, sem tendência ao
engripamento, de alto limite de fadiga e elevada resistência à corrosão atmosférica.
Ao contrário da nitretação a gás que exige aços especiais para a obtenção de melhores
resultados, a nitretação líquida pode ser realizada em aços comuns, de baixo carbono, como
por exemplo, SAE 1015.
A faixa de temperatura é aproximadamente a mesma que é utilizada na nitretação a gás,
ou seja, entre 500 a 560ºC. A nitretação líquida ó também conhecida com o nome de
"nitretação tenaz".
Um banho comercial típico para nitretação líquida é constituído de uma mistura de sais de
sódio e potássio, os primeiros de 60% a 70% em peso da mistura total e os segundos de 30 a
40%.
Em resumo, a "Nitretação em Banho de Sal" caracteriza-se pelos seguintes pontos básicos:
Utilização de um banho de sal constituído essencialmente de cianeto e cianato de
potássio ou sódio;
A temperatura de tratamento varia de 500oC a 560oC;
O tempo normal de operação é de duas horas;
Os aços que podem ser submetidos à "nitretação em banho de sal" são tanto aços
carbono comuns, de baixo carbono como aços-liga especiais;
Depois do tratamento, resfria-se ao ar, ou mais rapidamente em salmoura, com o
objetivo de manter o nitrogênio em solução, garantindo-se assim o alto limite de fadiga. É
preciso cuidado, entretanto, para evitar empenamento das peças;
Além de aços comuns ou especiais, entre os quais os inoxidáveis, os Ferros Fundidos
também podem ser submetidos à "nitretação em banho de sal".
Cleumar Antohaki 99
Nitretação por Plasma
O tratamento superficial de nitretação é realizado pela indústria principalmente pelos
processos convencionais de Nitretação Gasosa e Nitretação Líquida em Banho de Sais. A
Nitretação sob Plasma é um processo mais recente, introduzido no Brasil nos últimos 10 anos,
que devido sua versatilidade no controle microestrutural da superfície nitretada, baixo custo de
operação e adequação a legislação ambiental, vem fazendo que este processo assuma uma
posição de destaque dentre os tratamentos superficiais atuais.
A maior vantagem da nitretação por plasma é a possibilidade de controlar a metalurgia da
camada nitretada. Para um mesmo aço, este processo permite variar o tipo de nitreto formado
na camada de compostos e até mesmo impedir a formação desta camada. Para isto, deve se
controlar precisamente: a composição da mistura gasosa, a temperatura e o tempo de
nitretação. O controle da profundidade de nitretação é realizado pelo controle da temperatura e
do tempo de processo.
Além das vantagens metalúrgicas e de processo oferecidas pela Nitretação por Plasma, é
importante salientar que esta tecnologia encontra-se plenamente adequada às novas
exigências ambientais requisitadas pela norma ISO 14.000.
Cianetação
Também chamada de carbonitretação líquida consiste no aquecimento do aço a uma
temperatura acima da crítica, em um banho adequado de sal cianeto fundido, ocorrendo
absorção simultânea na superfície do aço de carbono e nitrogênio. O resfriamento posterior em
óleo água ou salmoura produz uma camada superficial dura, de alta resistência ao desgaste. A
camada cianetada contém menos carbono e mais nitrogênio do que as camadas cementadas
por via líquida. Devido à sua maior eficiência e custo mais baixo, usa-se cianeto de sódio, de
preferência ao de potássio.
A faixa de temperaturas de operação dos banhos de cianetação varia de 760 a 870ºC. As
temperaturas mais baixas diminuem as probabilidades de empenamento durante a têmpera
subsequente; as temperaturas mais elevadas contribuem para maior velocidade de penetração,
além de produzir um núcleo completamente endurecido após a têmpera. O tempo de imersão
no banho varia de 30 minutos à uma hora, com espessura da camada cianetada variando
geralmente de 0,10 a 0,30 mm.
A cianetação é aplicada mais comumente nos aços-carbono com baixo teor de carbono;
quando se deseja rapidamente uma camada com dureza e resistência ao desgaste
satisfatórias. A camada cianetada compõe-se de duas zonas distintas: uma, mais externa,
martensítica; outra, mais interna, bainítica, apresentando teores mais baixos de carbono.