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Fichamento Expresso do Texto: Economia, Estado e Democracia.

BELLUZZO, L,
G, M. 1993.
Igor Renan de Camargo Vieira Gomes. Nº USP 11253128
Introdução
O texto comenta os debates e embates econômicos especialmente no século XX,
entre os liberais conservadores - início do século, pré 30 e fim do século- e os chamados
keynesianos - pós-30 até meados de 70 e 80- sobre a figura do Estado/política nos
rumos da economia e como isso afetaria, positiva ou negativamente os rumos dos gastos
públicos
1ª parte: Políticos Versus Economistas, narrativas em disputa.(§§ 1 -3).
Nesse trecho introdutório, o autor embarca na narração de um conflito na relação
entre políticos e economistas no que diz respeito ao protagonismo (seja no sucesso ou
no fracasso) dos planos econômicos a nível de governo.

2ª parte: Keynes e a “traição” à Economia.(§§ 4-5).


Na segunda parte, o autor foca em um outro tipo de conflito - interno no campo
da economia. Um conflito sobre a participação do Estado (público) na Economia,
protagonizado por Keynes, na chamada “era keynesiana” e seus críticos.

3ª parte: Buchanan e a economia sob constrangimentos (§§ 6-9).


A partir daqui, o autor ilustra a crítica de Buchanan ao modelo "keynesiano", se
referindo a uma tendência dos governos no atendimento às demandas do eleitorado (se
inclinando ao déficit) para o desaparecimento de dois constrangimentos comuns no
período pré Grande Depressão dos anos 30. 1- padrão-ouro que eliminava o recurso
fácil à emissão monetária para financiar déficits. 2- constrangimento de ordem moral: a
resistência vitoriana de deixar dívida pública crescente para próximas gerações. Por fim,
fica evidente que a crítica gira em torno de uma dicotomia; boa gestão e equilíbrio
orçamentário contra a política keynesiana de intervenção (que teve hegemonia na maior
parte do século XX).
4ª parte: A superação de modelos anteriores (§§ 10-12).
O autor revela que Skidelsky, biógrafo de Keynes, ironiza o temor de Hayek de
que a democracia pudesse ser afetada pelo “excesso” de Estado na economia. Além
disso, evidencia que Skidelsky idealiza um modelo superior ao keynesiano, sublinhando
o conflito entre racionalidade econômica e práticas democráticas (ponto importante do
texto).

5ª parte: Estado e Economia: um debate conceitual (§§ 13-14).


Aqui, o autor parte para um debate sobre conceito e o que chama de “vício
metodológico” dos pensadores que enxergam a relação Estado-economia como relação
de “exterioridade”. Aqui, também vemos a diferenciação entre: Mercado econômico
caracterizado por busca individual, interesse individual, restrição orçamentária. Não
podem gastar mais do que ganham ou tomam emprestado. Mercado político
caracterizado pela presença de grandes grupos sociais em busca do próprio interesse,
restrições orçamentárias ignoradas. Grupos exigem fatias sem levar em consideração
outros grupos e outras fatias. Resultado: pressão sobre o gasto público.

6ª parte: Schumpeter e a visão do capitalismo (§§ 15-22).


Nesse trecho, aborda-se o pensamento de Schumpeter sobre o capitalismo, e a
relação entre sua admiração por um sistema mais individualista, ao mesmo tempo em
que sentia receios em relação ao desenvolvimento do sistema. Inclusive, reacendendo o
debate sobre a relação problemática entre capitalismo e democracia. Além disso,
apresenta-se no final dessa parte, 3 condições para o “bom funcionamento do
capitalismo”, sendo elas:
“1) o material humano da política deve ser de qualidade
"suficientemente elevada";
2) o domínio da decisão política deve ser restringido;
3) a existência de uma burocracia pública de boa reputação e sólida
tradição, "dotada de um forte sentido de dever e de um espírito de
corpo não menos forte".”. (BELLUZZO, 1993, p. 205).
Fica claro nessa parte do texto o ceticismo de Schumpeter na relação entre a
economia e a coisa pública, apresentando crença na burocracia como opção (não a ideal,
mas a realista). O autor, então, firma a posição de Schumpeter no debate, não superando
a oposição entre democracia e racionalidade econômica.

7ª Parte: Caminhos para uma reforma (§§ 23-27).


Nesse trecho o autor discute sobre alguns caminhos que superariam tanto as
soluções liberais clássicas, quanto o modelo keynesiano. Propostas de “reforma” do
sistema capitalista debatendo sobre as “funções sociais” e “funções econômicas do
Estado”.

8ª parte: Origens e caminhos da crise (§§ 28-33).


Aqui, o texto segue para suas conclusões abordando a questão da alternância de
poder como um equilíbrio entre as duas divergentes visões apresentadas anteriormente.
O autor salienta a existência de exemplos históricos que mostram que episódios de
economia tecnocrata gerida por governos autoritários não conseguiram melhor
equilíbrio do que gestões democratas.
A crise fiscal atinge diferentes tipos de governo: democráticos e autoritários. A
crise estaria, então, no Estado, mas é necessário entender mais profundamente as
origens do déficit. Seguindo nesse debate, Belluzzo reforça a ideia de uma insatisfação
generalizada tanto com os modelos liberais clássicos, quanto com o modelo keynesiano,
criando a demanda de novas alternativas, sob um espectro de “desregulação” da
economia mundial. Por fim, conclui-se que na realidade, o que se assiste está mais
próximo de um domínio da política na economia, do que um retorno às políticas
clássicas desejadas pelos liberais.

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