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EXMO. SR. DR.

JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ

Processo: 0804778-16.2021.4.05.8100
Classe: Procedimento Comum
Requerente: Jean Monte Bastos
Requerido: União Federal (Fazenda Nacional)

A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por sua procuradora abaixo assinada,


vem, nos autos do processo em epígrafe, apresentar sua CONTESTAÇÃO, expondo
para ao final requerer.

I - DOS FATOS

Trata-se de pretensão deduzida em face da UNIÃO FEDERAL, colimando,


inclusive em caráter liminar, provimento jurisdicional que lhe assegure o benefício da
isenção fiscal de IPI e IICMS, com fulcro nas Leis Federais nº 8.989/95 e nº 8.383/91.

Alega a parte autora que requereu perante a Receita Federal do Brasil a


isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) instituída pela Lei nº 8.989/95,

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na aquisição de veículos destinados a pessoas com deficiência física, virtual, visual,
mental severa ou profunda ou autistas.

Afirma a parte autora que o Fisco Federal denegou seu pedido,


apresentando fundamento ilegal e arbitrário.

Seus pedidos são, cumulativamente, os seguintes:

Conforme se demonstrará, as razões autorais não merecem acolhimento.

ll – DO DIREITO

2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.

Conforme bem introduzido na sinopse fática da presente contestação, a


parte autora ingressa em juízo buscando decisão que lhe assegure a isenção fiscal do
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IPI, com o intuito de usufruir da possibilidade de adquirir veículos automotores com base
em tais benefícios.

Com efeito, afirma a parte autora que a Receita Federal, ao negar seu
suposto direito ao usufruto de tal isenção fiscal, baseou-se em argumento de que a nova
legislação estabelecendo novo prazo de 4 anos, entre uma aquisição de veículo com
isenção e outro.

De fato, a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos primordiais


previstos na Constituição Federal de 1988, de modo que é necessário políticas
afirmativas que gerem a inclusão social daqueles com deficiência. O Fisco Federal ou a
Fazenda Nacional jamais se posicionariam contra isso.

Para alcançar tal inclusão social, o legislador entendeu, corretamente,


necessário a positivação de diversos direitos subjetivos aos deficientes, a exemplo da
previsão de isenções fiscais.

Entretanto, para usufruir de tais benefícios, é necessário o estrito


cumprimento das disposições legais, instrumento apto a legitimar o processo
democrático de tomadas de decisões.

2.2. NEGATIVA DA RFB À ISENÇÃO PLEITEADA. DESCUMPRIMENTO DOS


REQUISITOS LEGAIS.

Passando à análise do mérito do pleito autoral, cumpre demonstrar que não


houve o cumprimento dos requisitos legais necessários à fruição das referidas isenções
fiscais.

Com efeito, ao analisarmos os despachos denegatórios proferidos pela


autoridade administrativa fiscal competente, é perceptível o não preenchimento dos
ditames legais.
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Antes de mais nada, é necessário pontuar que a isenção ora pleiteada se
encontra na Lei n 8.989/95 (IPI), onde há, em linhas gerais, os requisitos necessários ao
usufruto do referido benefício fiscal.

Com efeito, vejamos o que diz a legislação:

LEI Nº 8.989, DE 24 DE FEVEREIRO DE 1995 , com alterações da


Medida Provisória n° 1.034, de 2021.

Art. 1º Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) os


automóveis de passageiros de fabricação nacional, equipados com motor de
cilindrada não superior a 2.000 cm³ (dois mil centímetros cúbicos), de, no mínimo,
4 (quatro) portas, inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a combustível de
origem renovável, sistema reversível de combustão ou híbrido e elétricos, quando
adquiridos por: (Redação dada pela Lei nº 13755, de 2018
(...)
IV – pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental severa ou profunda,
ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal; (Redação
dada pela Lei nº 10.690, de 16.6.2003) (Vide ADIO nº 30)

§ 7º Na hipótese prevista no inciso IV do caput, até 31 de dezembro de 2021, a


aquisição com isenção somente se aplica a veículo novo cujo preço de venda ao
consumidor, incluídos os tributos incidentes, não seja superior a R$ 70.000,00
(setenta mil reais). (Incluído pela Medida Provisória nº 1.034, de 2021)

Art. 2o A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI de que trata o


art. 1o desta Lei somente poderá ser utilizada uma vez, salvo se o veículo tiver
sido adquirido há mais de 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de
2005)

Parágrafo único. Na hipótese prevista no inciso IV do caput do art. 1º, o prazo


de que trata o caput deste artigo fica ampliado para quatro anos. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 1.034, de 2021)

Art. 3º A isenção será reconhecida pela Secretaria Especial da Receita Federal


do Brasil, mediante prévia verificação de que o adquirente preenche os requisitos
previstos nesta Lei. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.034, de 2021)

Como informado pelo autor na petição inicial, ele adquiriu o último


automóvel com isenção de IPI no ano de 2018, como vemos pela passagem abaixo:

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Analisando primeiramente a isenção fiscal do IPI, é possível percebermos
que a negativa proferida pela autoridade administrativa competente se deu em razão do
não cumprimento do requisito legal do art. 2°, parágrafo único da Lei n° 8.989/95:
Art. 2o A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI de que trata o
art. 1o desta Lei somente poderá ser utilizada uma vez, salvo se o veículo tiver
sido adquirido há mais de 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de
2005)

Parágrafo único. Na hipótese prevista no inciso IV do caput do art. 1º, o prazo


de que trata o caput deste artigo fica ampliado para quatro anos. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 1.034, de 2021)

Como se observa, o supramencionado dispositivo legal condiciona a


possibilidade de obtenção de veículo com isenção de IPI à não aquisição de veículo (com
o mesmo benefício) em um período compreendido como os últimos 04 anos.

Esta norma que embasou a negativa da Receita Federal ao requerente no


presente caso, já que, conforme até mesmo admitido, este adquiriu um veículo em 2018:

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Argumenta a parte autora que tal negativa é ilegal, já que a MP nº
1.034/2014 ofenderia, supostamente, o princípio da irretroatividade das normas.

Tal argumento carece de qualquer embasamento, conforme se passa


agora a expor.

Com efeito, o requerimento apresentado pela Promovente para fins de


isenção de IPI na aquisição de veículo automotor foi realizado em 01/03/2021:

Ocorre que a referida MP nº 1.034/2021, que preconizou a necessidade de


não aquisição, nos últimos 04 anos, de veículo automotor com fulcro na referida isenção,
foi publicada, justamente, no dia 01/03/2021.

Como se observa a partir da leitura do dispositivo abaixo colacionado, no


que se refere à referida mudança na concessão de isenção de IPI, a MP entrou em vigor
no mesmo dia:
Art. 2º A Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995, passa a vigorar com as
seguintes alterações:

(...)

“Art.2º

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Parágrafo único. Na hipótese prevista no inciso IV do caput do art. 1º, o
prazo de que trata o caput deste artigo fica ampliado para quatro anos.”

Art. 5º Esta Medida Provisória entra em vigor:

I - na data de sua publicação, quanto ao art. 2º; e

Ora, se a Medida Provisória em questão já estava em vigor no


momento do requerimento de isenção de IPI apresentado pela Promovente, como
pode-se acatar a tese de autoral de que haveria irregular irretroatividade no
presente caso?

Em outras palavras: a parte autora alega que a MP 1.034/2021 não poderia


incidir no presente pois estaria retroagindo de maneira “ilegal e inconstitucional”; ocorre
que, se a MP já estava em vigor na data do requerimento de isenção, não há que se falar
em qualquer irretroatividade.

O mesmo argumento apresenta a parte autora para impugnar o §7º, do art.


1º da Lei nº 8.989/95, que limita a concessão da isenção à veículos cujo valor total não
seja superior à R$ 70.000,00:
Art. 1º Ficam isentos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) os automóveis de
passageiros de fabricação nacional, equipados com motor de cilindrada não superior a
2.000 cm³ (dois mil centímetros cúbicos), de, no mínimo, 4 (quatro) portas, inclusive a de
acesso ao bagageiro, movidos a combustível de origem renovável, sistema reversível de
combustão ou híbrido e elétricos, quando adquiridos por:

(...)

§ 7º Na hipótese prevista no inciso IV do caput, até 31 de dezembro de 2021, a aquisição


com isenção somente se aplica a veículo novo cujo preço de venda ao consumidor,
incluídos os tributos incidentes, não seja superior a R$ 70.000,00 (setenta mil reais).

Mais uma vez: tal limitação estava em vigor na mesma data em que
protocolada o requerimento de isenção, não havendo que se falar em irretroatividade.

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Por fim, outro argumento autoral consiste na suposta violação ao princípio
da anterioridade nonagesimal, já que, no seu entender, a revogação da isenção de IPI
não poderia ser exigida antes de decorridos 90 dias.

Como se sabe, o IPI é, de fato, um tributo sujeito à anterioridade


nonagesimal, o que significa dizer que ele somente pode ser instituído ou majorado após
90 dias da publicação da norma que o instituiu, conforme expressa previsão
constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

III - cobrar tributos:

(...)

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;

Uma leitura atenta do supramencionado dispositivo nos leva a seguinte


conclusão: a norma tributária não poderá incidir no caso concreto antes de decorridos
90 dias de sua publicação, desde que referente à instituição ou aumento de tributo.

Ora, no presente caso, não há uma instituição ou majoração de


alíquota; há, tão somente, uma limitação à um benefício fiscal previsto em lei.

O legislador (no caso, o Poder Executivo Federal) limitou o usufruto


de um benefício fiscal aos portadores de deficiência, impondo novas
condicionantes à isenção fiscal (prazo maior de aquisição de outro veículo e limite
de valor do veículo); não houve qualquer INSTITUIÇÃO ou AUMENTO de tributo.

Desta forma, não há que se falar em qualquer violação à anterioridade


nonagesimal, já que este princípio sequer incidirá no presente caso, haja vista a
inexistência de efetiva instituição ou majoração de tributos.

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Diante de tudo isto, resta claro que a pretensão autoral não merece
acolhimento, devendo ser julgada totalmente improcedente.

lll - INEXISTÊNCIA DE CUMPRIMENTO DOS


REQUISITOS PARA CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE.

O Código de Processo Civil estabelece, em seu art. 300, os dois


requisitos para concessão da tutela de urgência, que deverão se apresentar
cumulativamente, que são:

1 – probabilidade do direito

2 – perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

Sem que se verifique a ocorrência destes dois requisitos, verificados de


forma concomitante, não haverá o preenchimento dos requisitos para a concessão da
tutela antecedente.

3.1 – INEXISTÊNCIA DE PROBABILIDADE DO DIREITO

Verificamos, exaustivamente no Item 3 da presente contestação, a total


falta de probabilidade do direito, em favor do contribuinte. Ao contrário, verifica-se a
legalidade da atuação do Fisco, ante as restrições trazidas pela MP 1.034/2021

3.2 – INEXISTÊNCIA DE PERIGO DE DANO OU RISCO AO RESULTADO


ÚTIL DO
PROCESSO

3.2.1 – Perigo de Dano

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Além da probabilidade do direito, é necessário para concessão da Tutela
Antecipada Antecedente, que haja real e evidente perigo de dano a ser sofrido caso a
medida não seja deferida, sob pena de ocorrer grave dano ou enorme prejuízo à parte
requerente.

Vale salientar que, para a concessão da medida, o perigo de dano tem


que possuir fundamento justificado, ou seja, tem que levar em consideração o
ferimento de um direito do contribuinte. Se inexistir qualquer irregularidade perpetrada
pela parte contrária, inexiste fundamento para cabimento da medida antecipatória.

Consequência disso é que a negativa de isenção fiscal jamais daria


ensejo à concessão de medida antecipatória, posto que a fiscalização da regularidade
é poder-dever da Administração Pública.

Por isso, dano nada mais é do que um mal, prejuízo, ofensa material ou
moral ao detentor de um bem juridicamente protegido. Inexistindo esse direito a ser
protegido não há fundamento válido para requerimento da tutela antecedente.

FREDIE DIDIER JR. et. al., pontificam, in verbis:

"Importante registrar que o que justifica a tutela provisória de urgência é aquele


perigo de dano: i) concreto (certo), e, não, hipotético ou eventual,
decorrente de mero temor subjetivo da parte; ii) atual, que está na
iminência de ocorrer, ou esteja acontecendo; e, enfim, iii) grave, que seja
de grande ou média intensidade e tenha aptidão para prejudicar ou
impedir a fruição do direito.

Além de tudo, o dano deve ser irreparável ou de difícil reparação.


...omissis...
Enfim, o deferimento da tutela provisória somente se justifica quando
NÃO for possível aguardar pelo término do processo para entregar a tutela
jurisdicional, porque a demora do processo pode causar à parte um dano
irreversível ou de difícil reversibilidade." (in. Curso de Direito Processual
Civil, v. 2, 11ª ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2016, pp. 610/611) [g.n]

LUIZ ORIONE NETO já advertia, verbis:

"A urgência em obter o provimento jurisdicional, decorrente do periculum


in mora, deve ser devidamente provada. Nas palavras de Rodolfo Mancuso,
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'é ônus do requerente prova que necessita da cautela de forma urgente, ante
certa situação grave e incontornável de outra maneira, havendo o risco objetivo
e atual de que a lesão temida se converta em dano efetivo'." (in. Processo
Cautelar, São Paulo: Saraiva, 2004, in. p. 120)

No mesmo sentido, já decidiu este C. TRF-3ª Região:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INOMINADO. IPI.


CONSTITUIÇÃO DE GARANTIA. RECURSO DESPROVIDO.
....omissis...
4. Conforme se verifica, a urgência na apreciação do pedido de
antecipação de tutela foi justificada na possibilidade de ajuizamento de ações
executivas fiscais, necessidade de constituição de garantia para possibilitar a
demonstração da inexistência do débito na demanda executiva, e inclusão no
nome do contribuinte no CADIN. Tudo isso afirmando estar demonstrada a
probabilidade de sucesso da pretensão, e se tratar de medidas absolutamente
desnecessárias, confundindo, em verdade, fundamentos quanto ao periculum
in mora com o próprio mérito da demanda, quando, conforme visto,
manifestamente imprescindíveis maiores esclarecimentos pela parte contrária
a fim de se efetuar um julgamento mais qualificado quanto a questão de fundo,
mesmo que em sede provisória e acautelatória.
5. A possibilidade de ocorrência de dano irreparável, assim, essencial
para a reforma da decisão agravada, foi descrita pela agravante de forma
genérica, sem efetiva comprovação do direito grave risco de dano ao seu
patrimônio.
6. É inequívoco, pois, que a alegação genérica de periculum in mora,
apenas porque reconhecido, ou não, para gozo imediato do direito,
invocado por uma das partes, não basta para demonstrar a existência de
dano irreparável ou de difícil reparação, e nem mesmo a prova de que a
decisão agravada pode causar, ou efetivamente causa, prejuízo ou
inconveniente qualquer.
7. Pelo contrário, exige-se um prejuízo notadamente qualificado,
específico e concreto, atual ou iminente, sob a forma de dano irreparável,
capaz de comprovadamente tornar ineficaz a tutela jurisdicional somente
ao final; ou cuja reparação seja de tal modo difícil, por aspecto legal ou de
fato, que, associado ao fumus boni iuris, como forma única e necessária
para garantir a eficácia da prestação jurisdicional.
8. Agravo inominado desprovido. (TRF 3ª Região, TERCEIRA TURMA, AI
0010481-12.2014.4.03.0000, Rel. Des. Fed. CARLOS MUTA, j. em 04/09/2014,
e-DJF3 Judicial 1 DATA:09/09/2014).

Portanto, perigo de dano é a probabilidade de um prejuízo ou de um dano


a qualquer bem juridicamente protegido, bem esse que não existe no presente caso,
pois o contribuinte deu ensejo à negativa do pleito de isenção fiscal.

3.2.2 – Risco ao Resultado Útil do Processo

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Outro aspecto relevante, de modo a não configurar o cabimento da Tutela
Antecede, é o fato da parte não ter evidenciado, além do perigo de dano, nenhum risco
ao resultado útil do processo a qual estaria sujeito.

Com isso, o risco ao resultado útil do processo pode ser entendido como
sendo a possibilidade de ofensa à busca pelo bem da vida em prazo razoável, sem que
se permita postergação da prestação jurisdicional, sob pena de se tornar a medida
requerida ineficaz.

No presente caso, a legalidade dos procedimentos adotados pela Fisco


está clara, ante o não preenchimento dos requisitos previstos na legislação.

A jurisprudência pátria se manifesta nesse sentido:


AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO ORDINÁRIA - RETIRADA DO NOME
DO AGRAVANTE DOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO -
TUTELA DE URGÊNCIA - AUSÊNCIA DE ELEMENTOS QUE EVIDENCIEM A
PROBABILIDADE DO DIREITO E O PERIGO DE DANO OU O RISCO DE
RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO - ART. 300 (lei 13.105/15) - DILAÇÃO
PROBATÓRIA - NECESSIDADE.
Nos termos do art. 300, do novo CPC, (lei 13.105/15), a tutela de urgência
será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco de resultado útil do
processo. Ausente os elementos que evidenciem a probabilidade de
direito de que a parte requerente da tutela antecipada detém o direito
capaz de ensejar o deferimento da medida que, na maioria das vezes, será
demonstrado por meio do conjunto probatório, deve ser negado
provimento ao agravo de instrumento.
(TJ-MG - AI: 10388150029659001 MG, Relator: Marco Aurelio Ferenzini,
Data de Julgamento: 01/04/2016, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL,
Data de Publicação: 13/04/2016).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA DE URGÊNCIA. Ausência de


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco de resultado útil do processo. Aplicação do artigo 300, do NCPC. Nos
termos do art. 300 (Lei nº 13.105/15), a tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Necessidade de
dilação probatória. Decisão mantida. Recurso conhecido e improvido. (TJ-
SP - AI: 20763971320168260000 SP 2076397-13.2016.8.26.0000, Relator:

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Vera Angrisani, Data de Julgamento: 08/06/2016, 2ª Câmara de Direito
Público, Data de Publicação: 08/06/2016).

AGRAVO DE INSTRUMENTO – Fornecimento gratuito da substância


Fosfoetanolamina Sintética – Paciente portador de Carcinoma Metastático
– Decisão atacada que indeferiu a antecipação da tutela – Substância
ainda experimental – Existência de Portaria da USP que impede a
manipulação e distribuição da substância – Ausência de relatório médico
indicando o uso da substância como meio eficaz na cura do câncer –
Ausente a demonstração de probabilidade do direito invocado na demanda
("caput" do art. 300 do CPC de 2015)– Decisão mantida – Recurso
improvido.
(TJ-SP - AI: 20052701520168260000 SP 2005270-15.2016.8.26.0000,
Relator: Maria Laura Tavares, Data de Julgamento: 29/03/2016, 5ª Câmara
de Direito Público, Data de Publicação: 29/03/2016).

Nesse sentido, segue as jurisprudências:


EXECUÇÃO FISCAL. TUTELA ANTECIPADA. REQUISITOS. NECESSIDADE
DE
COMPROVAÇÃO DO DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. INEFICÁCIA. 1. O juiz poderá antecipar os efeitos
da tutela final, desde que haja prova inequívoca do direito do autor e
verossimilhança das alegações, além do fundado receio de dano irreparável
ou de difícil reparação, ou a caracterização do abuso de direito de defesa
ou manifesto propósito protelatório do réu. 2. A arguição genérica de dano
irreparável, sem qualquer demonstração concreta a esse respeito, não autoriza a
antecipação dos efeitos da tutela. 3. À alegação de quitação da dívida, desprovida
de comprovação, não se pode atribuir qualquer efeito. 4. Agravo regimental,
conhecido como agravo legal, não provido.
(TRF-3 - AI: 4183 SP 0004183-38.2013.4.03.0000, Relator: DESEMBARGADOR
FEDERAL TORU YAMAMOTO, Data de Julgamento: 22/10/2013, PRIMEIRA
TURMA)

TRIBUNAL - SEGUNDA REGIÃO Classe: AGTMC - AGRAVO INTERNO NA


MEDIDA CAUTELAR – 957 Processo: 200302010034775 UF: RJ Órgão
Julgador: QUINTA TURMA Data da decisão: 06/05/2003 Documento:
TRF200094741 Fonte DJU DATA:19/05/2003 PÁGINA: 315 Relator (a) JUIZA
VERA LÚCIA LIMA Decisão A Turma, por unanimidade, negou provimento ao
agravo interno, nos termos do voto do (a) Relator (a). Ementa PROCESSO
CIVIL – MEDIDA CAUTELAR – ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO A
AGRAVO RETIDO – EFEITOS PRÁTICOS IDÊNTICOS À SUSPENSÃO DA
EXECUÇÃO
DE SENTENÇA MANDAMENTAL – INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS –
EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO DE APELAÇÃO - DEFERIMENTO –
AGRAVO INTERNO – PERDA DE OBJETO DA MEDIDA CAUTELAR –
INOCORRÊNCIA – VIOLAÇÃO AOS ARTS. 2º E 128 DO CPC NÃO
VERIFICADA – INEXISTÊNCIA DE PRECLUSÃO QUANTO AOS EFEITOS
EM QUE O RECURSO DE APELAÇÃO FOI RECEBIDO – INCIDÊNCIA DO
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DISPOSTO NO ART. 170-A DO CTN – PERICULUM IN MORA GENÉRICO. -
A medida cautelar foi recebida para suspender a própria execução da sentença
mandamental, ou seja, para conceder efeito suspensivo ao recurso de apelação
interposto pela União. Neste ponto, é pertinente assinalar que este foi o
verdadeiro intuito da Fazenda Nacional, vale dizer, obstar que a sentença
mandamental passasse a produzir efeitos, daí se ter entendido pela
possibilidade de aplicação do princípio da instrumentalidade das formas. - Não
se verifica qualquer ofensa aos artigos 2º e 128 do CPC. Com efeito, não há
que se falar em julgamento extra petita, na medida em que o pedido formulado
pela Fazenda, para dar efeito suspensivo ao agravo retido, tem os mesmos
efeitos práticos que teria eventual pleito de efeito suspensivo ao recurso de
apelação. - Não há que se falar em preclusão quanto aos efeitos em que a
apelação foi recebida. A uma, pois o despacho que determina os efeitos em
que o recurso é recebido não subtrai do órgão relator a possibilidade de revê-
lo nas hipóteses previstas no art. 558, parágrafo único, c/c 520, ambos do CPC.
A duas, porque a execução da sentença mandamental não se iniciou
imediatamente, mas sim por força de decisão posterior exarada em virtude de
novas provocações da requerida. - Incide, in casu, o disposto no art. 170-A do
CTN, conforme já havia decidido esta Corte, não havendo que se retornar a
essa discussão. Afinal, a natureza da norma em exame faz com que a decisão
deste Tribunal em sede de Agravo de Instrumento, se projete por todas as
demais fases desenvolvidas na relação processual, inclusive para momentos
posteriores ao da prolação de sentença. - A mera alegação de desigualdade
competitiva em relação a empresas concorrentes constitui PERICULUM IN
MORA GENÉRICO, não satisfazendo, portanto, a necessidade de
demonstração de uma situação específica de dano iminente à qual estaria
submetida a Recorrente - Recurso improvido. Data Publicação 19/05/2003
Outras Fontes Publicado no Infojur nº48 (Edição Especial de 1º a 15 de
fevereiro/2004).

Portanto, inexiste a ofensa à busca pelo bem da vida em prazo


razoável, sem que se permita postergação da prestação jurisdicional, haja vista
que se trata de correta autuação da autoridade fiscal, sem qualquer ilegalidade.

IV - DO PEDIDO

Em face do exposto, requer a União Federal, ante as razões de fato e de


direito aduzidas, a improcedência de todos os pedidos formulados, com condenação
do promovente nas custas e honorários advocatícios, nos termos da lei.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, notadamente pela juntada de documentos e tudo o mais que se fizer
necessário para o fiel processamento do feito.

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Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Fortaleza, 23/05/2021

Marciane Zaro Dias Martins


Procuradora da Fazenda Nacional

Processo: 0804778-16.2021.4.05.8100 15
Assinado eletronicamente por:
Marciane Zaro Dias Martins - Procurador 21052411123938100000021197769
Data e hora da assinatura: 24/05/2021 11:12:49
Identificador: 4058100.21164492
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 15/15

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