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subjetividades, assim como operando por seleção de crever experiências, para colaborar na síntese do es-
dados significativos e rejeição de dados não signifi- tudo feito sobre uma temática, abrir um tema, ou quan-
cativos, do se processa de forma dialogada com o grupo, com
perguntas que provoquem reflexões, com diálogos,
[...] separa (distingue ou disjunta); une (associa, identifi- debates, com a participação de todos –, mas ela sozi-
ca); hierarquiza (o principal, o secundário) e centraliza (em nha não dá conta do atendimento das diversas neces-
função de um núcleo de noções-chave). Estas operações, sidades e dos desejos de todos os alunos. Moraes
que se utilizam da lógica, são de fato comandadas por prin- (2004a) afirma que no cotidiano da sala de aula, a
cípios “supralógicos” de organização do pensamento ou maioria dos educadores está habituada a perceber e a
paradigmas, princípios ocultos que governam nossa visão interpretar o mundo e o processo de construção de
das coisas e do mundo sem que tenhamos consciência dis- conhecimento a partir da visão da física clássica. Esta
so. (Morin, 2005, p. 10) compreende a realidade visível como sendo estrutu-
rada, estável, e a maioria dos acontecimentos como
Os cursos on-line, oferecidos via Internet, po- sendo previsível, predeterminada e a racionalidade
dem reproduzir o mesmo modelo de educação que como o estado da mente mais utilizável para a cons-
vem sendo criticado pelas diversas correntes pedagó- trução do conhecimento técnico-científico. Esse de-
gicas, apenas se travestindo de inovadores. Esses cur- terminismo manifesta-se nas práticas educativas, ao
sos vêm arquitetando ambientes que privilegiam os deixar prevalecer o valor da homogeneidade sobre a
aspectos informativos e instrutivos, em detrimento de singularidade, da objetividade sobre a intersubjetivi-
aspectos construtivos, criativos, reflexivos e coope- dade, bem como da uniformização sobre a diferen-
rativos relacionados aos processos de aprendizagem ciação.
e de desenvolvimento humano. Em geral, apresen- As concepções vigentes de educação sinalizam
tam modelos tutoriais de ensino que direcionam as cada vez mais a urgência de buscar não apenas novas
interações entre alunos e professores a partir de estra- bases teórico-metodológicas para além das visões da
tégias preestabelecidas, de processos rígidos que trans- ciência clássica que subsidiem uma transformação nas
mitem conteúdos mediante uma metodologia condu- práticas pedagógicas, mas a construção de um pensa-
tivista, que favorecem a memorização de informações mento educacional mais sintonizado com as exigên-
isoladas. Esses trabalhos vêm sendo planejados a partir cias dos novos tempos. O momento atual propicia ao
de enfoque centralizado, sem considerar o contexto, docente a revisão de seus procedimentos, da sua ma-
sem envolvimento por parte dos alunos, voltado para neira de ensinar e aprender.
o atendimento de uma massa amorfa, homogeneizada, Para a perspectiva deste trabalho, considero bá-
desconsiderando as diferenças. A atuação dos alunos sico o texto de Moraes (2004a) Pensamento eco-sis-
restringe-se apenas a virar páginas eletrônicas e a res- têmico: educação, aprendizagem e cidadania no sé-
ponder exercícios mecânicos, sem maior compreen- culo XXI. A autora, assim como Morin (1998, 2003,
são do que está sendo estudado. 2005), Maturana e Varela (2001), entre muitos ou-
De modo geral, esses trabalhos sustentam-se em tros, mostra que existem, subjacentes às raízes dos
aulas expositivas.1 Sabemos que essa metodologia é pensamentos quântico e biológico, sementes episte-
importante e essencial – quando é utilizada para des- mológicas estruturantes do paradigma educacional
emergente (complexo ou sistêmico) capazes de fun-
damentar os processos interativos, reflexivos e
colaborativos que emergem nos ambientes de apren-
1
Disponibilizam o conteúdo em forma de slides produzidos dizagem, presenciais ou virtuais, pela óptica da cons-
em editores eletrônicos de apresentações. trução do conhecimento.
seja, de uma dinâmica complexa, implicando um pen- gundo a autora, é essa recursividade que acaba com a
samento aberto ao inesperado, ao desconhecido, ao idéia de causa e efeito, haja vista que tudo que é pro-
acaso, pressupondo que não existe nem início nem duzido retorna sobre aquilo que o produziu, de ma-
fim, que cada final é sempre um novo começo e cada neira cíclica, em função do processo de auto-organi-
início emerge de um final anterior e “o movimento zação, em que ele é auto-organizador e autoprodutor.
cresce em espiral” (Moraes, 2004b, p. 30). O terceiro princípio mencionado por Morin é o
Em relação à educação, a dinâmica não linear hologramático. A idéia do holograma vai além do re-
vem de encontro as práticas pedagógicas tão criticadas ducionismo que só vê as partes e do holismo que só
da escola instrucionista e autoritária, reprodutora do vê o todo. Em um holograma, a parte está no todo,
conhecimento processado de maneira linear, próprias mas o todo está na parte. Esse processo ocorre nos
da “educação bancária” (Freire, 1987). Esse pensa- mundos físico, biológico e sociológico. Para o autor,
mento linear não combina com a aprendizagem cola- sabe-se que “o adquirido no conhecimento das partes
borativa, interativa, com cooperações mútuas, descon- volta-se para o todo. O que se aprende sobre as quali-
sidera as subjetividades, aspectos fundantes da dades emergentes do todo, tudo que não existe sem
abordagem complexa. organização, volta-se sobre as partes” (2005, p. 75).
Para ajudar a pensar a complexidade, Morin Dessa forma, o conhecimento pode ser enriquecido
(2005) reconhece três princípios. O primeiro é o de- das partes pelo todo e do todo pelas partes, num úni-
nominado dialógico, que nos permite manter a duali- co movimento produtor de conhecimentos. Portanto,
dade no seio da dualidade. Ele associa dois termos ao a própria idéia hologramática está associada à idéia
mesmo tempo complementares e antagônicos. É a recursiva, que, em parte, está ligada à idéia dialógica.
capacidade que uma ação tem de associar-se a outra Esse princípio hologramático é um dos aspectos
de maneira complementar, concorrente ou antagôni- fundamentais do pensamento complexo e exige nos-
ca. O segundo princípio é o da recursão organizacio- sa maior atenção, como educadores, em função de
nal. Um processo recursivo é um processo em que os possíveis desdobramentos na área educacional. Por-
produtos e os efeitos são ao mesmo tempo causas e tanto, julgamos necessário perceber que a capacida-
produtores do que os produz. Para Morin, a idéia re- de de auto-organização dos sistemas faz com que de-
cursiva é “uma ruptura com a idéia linear de causa/ terminada totalidade surja com propriedades e
efeito, de produto/produtor, de estrutura/superestru- qualidades diferentes, nem sempre semelhantes ao
tura, já que tudo que é produzido volta-se sobre o que sistema que lhe deu origem, razão pela qual, em sua
o produz, num ciclo ele mesmo autoconstitutivo, auto- descrição, podemos dizer que o todo não pode ser sim-
organizador e autoprodutor” (2005, p. 74). plesmente reduzido à soma de suas partes ou de seus
Como exemplo, podemos citar as influências de componentes (Morin, 2005).
um indivíduo sobre a sociedade ou da educação so- Essa capacidade de auto-organizar-se, de auto-
bre o aprendiz. Sabemos que a sociedade produz o produzir-se, indica que um sistema não é apenas uma
indivíduo, que também produz a sociedade, sendo que unidade global, mas uma unidade complexa, múlti-
esta retroage sobre os indivíduos por meio de lingua- pla, uma totalidade em que cada uma das partes não
gens, cultura, hábitos e crenças. Para Moraes (2004a, se encontra perdida nem fundida no todo, mas possui
p. 122), o mesmo ocorre com o sistema educacional, identidade e funcionalidade próprias, o que, por sua
que produz determinado tipo de aprendiz, que, por vez, é diferente da identidade ou da funcionalidade
sua vez, como sujeito aprendente também influencia, do todo.
pelas interações recorrentes, a evolução e o desen- Nesse mesmo sentido, para a compreensão desse
volvimento da própria educação em função de suas novo paradigma, caracterizado pelo pensamento com-
relações retroativas sobre o sistema educacional. Se- plexo, é de fundamental importância conhecer a feno-
menologia da auto-organização, que tomou grande sociais quanto teóricas. Para Santos, trata-se de lidar
impulso com a teoria das estruturas dissipativas, ex- hoje com uma
plicada no livro de Ilya Prigogine em parceria com
Isabelle Stengers, A nova aliança: metamorfose da [...] nova concepção da matéria e da natureza que propõe,
ciência (1997). Nesse texto, os autores afirmam que uma concepção dificilmente compaginável com a que herda-
não há mais situações progressivamente mais ordena- mos da física clássica. Em vez de eternidade, a história; em
das a partir de um momento em que ocorre a “bifurca- vez do determinismo, a imprevisibilidade; em vez do meca-
ção”, e assim todo sistema se organiza em um outro nicismo, a interpenetração, a espontaneidade e a auto-organi-
nível. Segundo eles, uma organização viva vai da es- zação; em vez da reversibilidade, a irreversibilidade e a evo-
tabilidade para a instabilidade, da ordem para desor- lução; em vez da ordem, a desordem, em vez da necessidade,
dem, do ser para o vir-a-ser, traduzindo a presença da a criatividade e o acidente. (Santos, B. S., 2003, p. 48)
quietude no movimento como duas condições com-
plementares presentes na organização viva. Assim, as Ainda segundo o autor, essa substituição, essa
perturbações em um sistema são a chave para o cres- desconstrução e superposição não são um fenômeno
cimento da ordem, pois todo sistema aberto funciona isolado, ocorrendo nas diversas áreas do conhecimen-
às margens da estabilidade e sua evolução depende de to, num movimento transdisciplinar e tem não só em
flutuações de energia que, em determinados momen- Prigogine, mas em Maturana e Varela, entre outros,
tos, desencadeiam reações espontâneas. Essa estabili- exemplos dessa nova óptica sobre espaço, tempo, na-
dade, para ser recuperada, necessita da energia que é tureza, sociedade, homem.
retirada do meio pelos processos de auto-organização A fenomenologia biológica (Maturana & Varela,
que provocam mudanças em sua estrutura. Isso seria 2001) também contribuiu para rever o paradigma tra-
uma forma de explicar, por exemplo, o surgimento da dicional de ciência, descobrindo que nada de fora
vida nos planetas, em que “as configurações da natu- determina o que acontece na estrutura do sistema vivo
reza interagem com o ambiente local, consumindo e que o ambiente não determina o comportamento do
energia dele proveniente e fazendo retornar a ele os indivíduo, apenas pode catalisar processos, mas o que
subprodutos dessa utilização de energia” (Fróis, 2004). ocorre depende da estrutura do sujeito em sua relação
Em O fim das certezas, Prigogine mostra que o com o objeto. Eles explicam que isso ocorre em fun-
enigma contemporâneo reside no fato de que a nature- ção do acoplamento estrutural, que pode ser entendi-
za quase sempre opera fora do âmbito da previsibili- do como um conjunto de mudanças que o meio pro-
dade, uma vez que é um sistema dinâmico; assim, as voca na estrutura de um determinado organismo e
leis da natureza adquirem, então, um significado novo: vice-versa, numa relação circular. Ou seja, um orga-
não tratam mais das certezas, mas sim de probabilida- nismo é sempre fonte de resposta para o meio onde se
des (Prigogine, 1996, p. 159). A teoria de Prigogine encontra. Quando influenciado, muda; mudado, res-
traz a noção de tempo irreversível, contestando a abor- ponde, provocando também mudanças no meio que o
dagem da física clássica newtoniana, em que os fenô- influenciou. Em contrapartida, eles revelam também
menos eram tratados como reversíveis. Prigogine vin- que os sistemas vivos, em função de sua autopoiese,2
cula “a irreversibilidade a uma nova formulação,
probabilista, das leis da natureza” (idem, p. 193). As-
sim, passado e futuro passam a ser relativos. 2
Autopoiese é a teoria que explica que, para existir, todo ser
O sociólogo português Boaventura de Souza San- vivo depende de contínuas mudanças estruturais, pelas quais ele
tos alerta que estamos passando por uma crise: a cri- conserva sua organização mediante processos que envolvem a
se do modelo da racionalidade científica, resultado capacidade de auto-regeneração, de autoprodução, de automanu-
de uma pluralidade de condições, segundo ele, tanto tenção da vida (Maturana & Varela, 2001, p. 52-61).
ação, que produz o conhecimento, resulta não só da mento se relacionam, um supõe o outro, mas um não
história de vida do indivíduo, mas também do coleti- se reduz ao outro, a informação só adquire significa-
vo. Então, pode-se dizer que todo o conhecimento é do num contexto humano, pois o sentido está no in-
reconstrução do conhecimento. Essa concepção re- térprete e não na informação em si. A esse processo de
mete a uma metodologia na qual os alunos terão de atribuição de significado às informações denomina-se
dialogar com os conhecimentos, requerendo dos do- conhecimento. Ainda para a autora, esse processo não
centes a otimização de condições nas suas práticas acontece individualmente, produz-se na relação do
pedagógicas que enfatizem esse modo de aprender. sujeito com o mundo; portanto, nas interações entre
Nessa perspectiva, assumindo o conceito de aprendi- sujeitos.
zagem como reconstrução, inspiro-me em Marques: Os cursos a distância que se utilizam de ambien-
tes on-line tendem a seguir, no processo ensino-apren-
[...] aprendizagem é processo vital, autoformativo do gê- dizagem, a lógica “bancária” e linear de transmissão
nero e do sujeito individuado pela cultura e singularizado de conteúdos. Assim sendo, encontram-se páginas na
pela auto-expressividade, que assim se configuram histo- web com conteúdos seqüenciais que, em alguns ca-
ricamente em reciprocidades, na autonomia do pensar e sos, oferecem um hipertexto fechado no qual o aluno
nas co-responsabilidades da ação. [...] Ao se entrelaçarem não tem a possibilidade de participar e intervir nem
os processos da socialização, da individuação e da singu- se perder na Internet. Silva (2001, p. 195) alerta que
larização do sujeito, os homens aprendem uns dos outros, deve ser incluído um mecanismo que ajude o usuá-
constituem-se em sujeitos sociais concretos da aprendiza- rio/aprendiz a não se perder, mas que ao mesmo tem-
gem e adquirem, como pessoas, as competências que os po não o impeça de perder-se. Assim, nesse jogo de
tornam capazes de linguagem e ação para tomarem parte perder-se e não se perder chama a atenção para o cui-
nos processos do entendimento compartilhado e neles afir- dado com uma sinalética que facilita os dados e enre-
marem sua própria identidade. Constitui-se, em suma, na dos disponibilizados pelo professor. Ao mesmo tem-
aprendizagem a humanidade e se constituem os homens e po, chama a atenção para o cuidado com a informação
seus grupos, pela ação comunicativa e na hermenêutica satisfatória ao entendimento de cada aluno sobre o
reconstrutiva das tradições, de face aos desafios dos sem- que o professor propõe, não o impedindo de, ao aden-
pre novos tempos e no imperativo da emancipação huma- trar os caminhos propostos, experimentar o labirinto,
na. (Marques, 1995, p. 15-16) o pensamento complexo que trabalha no acaso e na
incerteza, e aí aprender e não ser suprimido. A web
Dessa forma, o conhecimento não pode ser con- pressupõe uma estrutura hipertextual e usa a idéia de
siderado algo que se transmite, que basta a percepção rede, definida por Lévy como
pela exposição do professor. Galeffi (2003) alerta que
não é por meio de conteúdos e repetições autorizadas [...] um hipertexto, um conjunto de nós ligados por cone-
que se poderá alcançar uma educação humana trans- xões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens gráfi-
disciplinar, que tem como princípio diretor a arte de cos ou partes de gráficos, seqüências sonoras, documen-
aprender a ser-sendo, pois “vivemos no conhecimen- tos complexos que podem ser eles mesmos hipertextos.
to e conhecemos no viver” (Maturana & Varela, 2001). Os itens de informação não são ligados linearmente, como
Essa proposição deve ser realçada especialmente a em uma corda de nós, mas cada um deles, ou a maioria,
partir do advento da Internet, que traz à tona o equí- estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Na-
voco dos conceitos da educação moderna tão cristali- vegar em hipertexto significa poder desenhar um percur-
zados, em que se acredita que, ao repassar informa- so em uma rede que pode ser tão complicada quanto pos-
ções, se está educando. Nesse mesmo sentido, Bonilla sível, pois cada nó pode ter, por sua vez, uma rede inteira.
(2005, p. 18-19) sinaliza que informação e conheci- (Lévy, 1996, p. 33)
Pensar em práticas pedagógicas baseadas no sen- cursivos, em que o presente está permeado pelo pas-
tido de redes significa superar a tradicional visão de sado e pelo futuro. O passado condiciona tanto o que
educação centrada na hierarquia e na verticalidade, o homem faz no presente quanto suas projeções para
na perspectiva do programa preestabelecido, da frag- o futuro. A dinâmica mental percorre simultaneamente
mentação, da centralidade e da linearidade. No dizer os três tempos. Portanto, a aprendizagem dá-se em
de Serpa (2003), assim como em um labirinto, cada um anel recursivo e ascendente. Não há apenas uma
acontecimento está fundado em uma decisão que gera forma de aprender.
uma nova situação inusitada, a qual, por sua vez, pro- Machado (1999, apud Santos, A., 2003, p. 28) ofe-
voca a necessidade de novas decisões independentes rece uma sistematização para compreender e lidar com
da anterior, sem que haja necessariamente engessa- a complexidade do processo cognitivo: compreender é
mento do caminho já percorrido. apreender o significado; apreender o significado de um
objeto ou de um acontecimento é vê-lo em suas rela-
Implicações pedagógicas ções com outros objetos ou acontecimentos; os signifi-
cados constituem, pois, feixes de relações; as relações
As tecnologias digitais oferecem cada vez mais entretecem-se, articulam-se em teias, em redes, são
uma infinidade de informações, mas estas somente construídas social e individualmente e estão em per-
são úteis às pessoas que conseguem dar-lhes sentido, manente estado de atualização; em ambos os níveis –
selecionando aquilo que lhes interessa. Informação individual e social –, a idéia de conhecer assemelha-se
não é sinônimo de conhecimento e, em demasia, leva à de enredar.
à dispersão. As informações só tomam sentido quan- Nesse sentido, Bonilla e Picanço (2005) trazem
do se transformam em um instrumento de interlocu- uma concepção de currículo em rede para o desen-
ção, de diálogo (interior) multifacético e multidimen- volvimento de cursos, com uma perspectiva não-
sional, “ao passar por uma teia de relações” (Capra, linear de educação, a partir do seu imbricamento com
1996). Somente após esse processo podemos dizer que as tecnologias em uso. Nesses cursos, baseados em
o sujeito compreendeu. Além disso, as tecnologias mapas que vão sendo cartografados no decorrer da
digitais oferecem várias possibilidades de comunica- experiência, há constante reorientação de processos
ção e de diferentes linguagens (visual, auditiva etc.) metodológicos. Assim, os sujeitos envolvidos no pro-
para que um professor possa usar, a fim de atender cesso têm liberdade de escolha de seus próprios per-
aos mais variados estilos de aprendizagem. cursos de aprendizagem, de acordo com seus interes-
Para Palloff e Pratt (2004), a utilização de uma ses, em constante interação com seus pares, com as
variedade de atividades é, então, a melhor maneira de máquinas e com os diversos objetos de aprendizagem.
garantir a permanência dos alunos, pois cada um é Dessa forma, precisamos romper a tão comum
um ser indiviso, com diferentes formas de resolver hierarquização de disciplinas e conceitos e a falsa idéia
problemas, algo fundamental a ser pensado na elabo- de a aprendizagem ser considerada um processo úni-
ração de propostas para cursos on-line, pois na maio- co, quando na realidade, em cada um, podem ser iden-
ria dos casos o aluno lê um texto, faz exercícios e tificados muitos processos, que segundo Galeffi
envia-os para o professor que confirma (ou não) suas (2003) é a polilógica, um educar pelas diferenças. Ele
respostas, assinalando os erros como deficiência do ainda sinaliza que só se aprende o que se mostra ne-
processo ensino-aprendizagem. Akiko Santos (2003, cessário em seu evento.
p. 28) observa, com Morin, que a construção do co- É mais uma vez Moraes (2004a) que nos alerta
nhecimento não se faz somente pelos canais lin- que o conhecimento/construção é conseqüência de
güísticos e por ordenamento lógico-matemático em conhecimentos anteriores que o aprendiz possui. Isso
progressão. Há também movimentos retroativos e re- tudo é trabalhado em função das informações e dos
dados que a realidade oferece e que, ao serem proces- que se auto-organizam pela complexidade dos pro-
sados pelo indivíduo, se transformam em estratégias cessos instituídos e instituintes, das relações socio-
de ação que dão origem a novos fatos, e que, por sua técnicas estabelecidas pelos sujeitos no processo de
vez, são incorporados à realidade, modificando-a. aprendizagem – professores, estudantes, técnicos e
Tudo se vai complementando, se vai auto-organizando comunidade externa – com os artefatos materiais e
e se expressando pela conduta que se manifesta como informacionais. Espaços onde seres humanos e obje-
resultado do conhecimento construído pelo sujeito tos técnicos se implicam, se transformam e se afe-
aprendiz em rede de significados, incluindo aqui sua tam, produzindo assim modos de ser, de pensar e de
história de vida e da cultura em que vive. viver que vêm desafiando os processos de ensino-
De certa forma, podemos aqui acrescentar que aprendizagem legitimados pela lógica cartesiana e
esse ato de criação do conhecimento é a autopoiese racionalista de conhecer.
(autofazer-se), ou seja, o momento criativo do pro- Auto-organização, por sua vez, implica autono-
cesso de auto-organização que, para Maturana e Varela mia, que é também uma característica importante dos
(2001), significa a capacidade que todo ser vivo pos- sistemas vivos, gerada por tudo aquilo que a organi-
sui de autotransformar-se continuamente. É quando o zação internaliza ou armazena em sua estrutura a par-
sistema é capaz de se autoproduzir. Para tanto, interage tir de processos autopoiéticos. Energia, matéria e in-
com o meio exterior, de onde extrai energia, matéria formação armazenadas são movimentos que permitem
e informação, elementos constituintes de sua dinâmi- ao sistema o desenvolvimento de sua autonomia de
ca organizacional. Essa teoria revela que cada orga- ser e de existir. Mas, para sermos autônomos, preci-
nismo tem a capacidade intrínseca de auto-organizar- samos interagir com o meio exterior do qual somos
se, e essa potencialidade está presente em todo o dependentes, o que indica, de acordo com o pensa-
universo e em todo ser vivente. mento de Morin (1998), que a autonomia é sempre
Nesse mesmo sentido, concordando com Morin relativa e complexa, pois é a capacidade de relacio-
(2005), que destaca que os sistemas não são consti- narmos com o que está ao redor, é a capacidade de
tuídos apenas de partes ou de elementos constituin- auto-organização em relação ao entorno.
tes, mas também de ações e interações entre unidades A autonomia, repensada a partir de um pensa-
complexas, acreditamos que é o conjunto de intera- mento ecológico e das teorias da auto-organização e
ções, de relações estabelecidas que caracteriza a or- da complexidade, apresenta, assim, caráter dinâmico
ganização de uma comunidade de aprendizagem. e processual, implicando sua indissociabilidade da
Conhecer e aprender, no entendimento de idéia de dependência ecológica em relação ao meio.
Maturana e Varela, implica procedimentos de inter- Um pensamento ecológico seria, para Moraes (2004b,
pretação, criação e auto-organização por parte do p. 39), “um pensamento relacional, dialógico, indi-
aprendiz. Situações de desequilíbrios, de desafios fa- cando que tudo que existe co-existe e que nada existe
cilitam o desenvolvimento da aprendizagem, pois re- fora de suas conexões e relações”. Isso se refere não
querem estados de auto-organização recorrentes. As- apenas à ecologia natural, mas também à sociedade e
sim, o conhecimento e a aprendizagem são processos aos indivíduos, e implica a interdependência existen-
de construção recursivos e interpretativos desenvol- te entre diferentes domínios da natureza, incluindo as
vidos por sujeitos ativos em sua interação com o mun- relações que ocorrem entre educadores e educandos,
do e com a realidade que os cerca. indivíduos e contextos diversos.
Com base em Edméa Santos (2003) e Moraes Trazendo essas idéias para a aprendizagem em
(2004a) e apoiada em Maturana e Varela (2001), re- ambientes on-line, é preciso pensar em estratégias
conhecemos as comunidades de aprendizagem que se pedagógicas que potencializem autonomia, interação,
formam no espaço virtual como organizações vivas, colaboração e comunicação, pois é mediada pelo com-
putador ou pela Internet, não tendo a presença física pode ser manipulada por qualquer um e ainda assim
do professor e dos colegas. Embora a modalidade a estar imediatamente presente para todos. Essa orga-
distância permita a organização autônoma dos estu- nização e forma de produzir conhecimento não seria
dantes, que é sempre relativa, não se deve esquecer possível, a não ser em ambiente informatizado, ba-
de que nela há planejamento e sistematização de suas seado em redes hipertextuais.
ações: selecionam-se os conteúdos, orienta-se o pros- Nesse sentido, precisamos propor uma educação
seguimento dos estudos e propõem-se atividades para on-line em que a aprendizagem não seja concebida
que os estudantes resolvam problemas. Assim, autono- na lógica apenas da transmissão, pelo estudo de obje-
mia não deve ser confundida com autodidatismo, pois tos dados, mas como objetos dando-se, vivos, a partir
um autodidata é o estudante que seleciona os conteú- das interações no ambiente virtual. Para tal, Silva
dos e não conta com uma proposta pedagógica para o (2001) sugere fundamentos básicos para a produção
estudo nem com a colaboração de outros sujeitos. e gestão de práticas pedagógicas interativas: a) parti-
A relação entre educador e educando e entre edu- cipação-intervenção: participar não é apenas respon-
candos deve ser, então, de trocas e interações, tendo der “sim” ou “não”, significa modificar a mensagem;
como meta o crescimento em conjunto. Concordando b) bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é a
com Galeffi (2003), precisa-se anunciar na aprendi- produção conjunta da emissão e da recepção, é co-
zagem autônoma uma tensão educativa que se funda criação; os dois pólos codificam e decodificam;
na ação aprendente e, com essa ação, ser desenvolvi- c) permutabilidade-potencialidade: a comunicação su-
da uma atitude aprendente radical. O professor, nessa põe múltiplas redes articulatórias de conexões e li-
relação, não se contenta mais em ser um transmissor berdade de trocas, associações e significações.
de informações, um conselheiro, mas sim um profes- Ao propor esses fundamentos, o autor refere-se
sor que atua disponibilizando possibilidades de múl- à possibilidade de modificação da tradição da sala de
tiplas experiências, de múltiplas expressões, um “ne- aula presencial baseada no baixo nível de participa-
gociador das diferenças” (Pretto, 2003a, p. 18) e dos ção oral dos alunos, na ênfase em atividades solitá-
processos de aprendizagens, mesmo porque não é rias, na aprendizagem mecânica de conhecimento
possível ensinar tudo a todos. O ponto-chave não re- factual como principal objetivo do ensino, enfim, na
side em saber se a aprendizagem deve conceber prio- distribuição do conhecimento. Refere-se também à
ridade aos conteúdos, mas sim assegurar que seja sig- sala de aula a distância, seja ela com uso de mídias de
nificativa. massa (televisão, rádio) ou de mídias digitais (Inter-
Para Moraes (2005, p. 200), nos ambientes vir- net), que mantêm barreiras intransponíveis entre a
tuais de aprendizagem a aprendizagem, embora seja produção e a recepção da comunicação e do conheci-
individual, é também influenciada pelos processos de mento.
natureza coletiva, pautados nas conversações entre
indivíduos que compartilham o mesmo espaço vir- Desafios emergentes
tual. Nessa nova ambiência, aparece a definição de
sujeito coletivo da aprendizagem (Lévy, 1996), fun- Silva (2001, p. 158) enfoca a interatividade como
damento para que se compreenda a aprendizagem perspectiva de modificação da comunicação em sala
colaborativa. Esse sujeito acontece quando todos os de aula, da ação pedagógica do professor, a partir do
membros da comunidade participam da criação e da movimento contemporâneo das tecnologias hipertex-
manutenção da comunicação. Assim, o debate dirige- tuais, esclarecendo que isso não significa meramente
se para a construção progressiva de uma rede de ar- uma nova tecnificação da sala de aula, mas o atendi-
gumentação e documentação sempre presente simul- mento das exigências da formação do sujeito do nos-
taneamente e atualizada para toda a comunidade, que so tempo. E acredita que é dessa forma que se poderá
enfrentar o descompasso evidente entre o modelo de line. Adotar a mesma abordagem para todos os alu-
comunicação emergente e o modelo hegemônico que nos não funciona.
subjaz à instituição escolar, que é a transmissão. As- Schoeder (1993, apud Palloff & Pratt, 2004, p. 53)
sim como ele, não tenho a ingenuidade de achar que aponta para o fato de que entender como os alunos
apenas modificando a comunicação em sala de aula a aprendem e o lugar que ocupam no processo pode
crise da educação que assombra diversos países será ajudar os professores a elaborar ambientes de apren-
solucionada, pois tal crise não se resume às mazelas dizagem que atendam melhor às necessidades dos alu-
do modelo comunicacional arborescente que ainda nos. Ensinar tendo como base o modelo expositivo
prevalece nela. Entretanto, o autor crê que, ao modi- não dá conta de todas as preferências de aprendiza-
ficar esse modelo da árvore, promoverá as bases da gem.
comunicação livre e plural – a participação, a É mais uma vez Silva (2001) que alerta que, ao
bidirecionalidade e a multiplicidade de conexões. Isso propor o diálogo, a confrontação coletiva do conhe-
significa dar abertura para a expressão e a ação dos cimento, o professor deve levar em conta o mapea-
atores diretamente envolvidos com a sala de aula – mento das diferenças. Dessa forma, ele não elimina
professores e alunos –, e talvez aí encontremos for- as diferenças em favor de uma unidade, não dilui as
mas de reação e de reinvenção da educação e da pró- diversidades numa única identidade. Ele atenta para
pria sociedade. o “novo modo de interação” das culturas e respeita a
O professor, ao romper a prevalência da trans- “pluralidade de vozes” que compõe a sala de aula e
missão e “converter-se em formulador de problemas, as motiva à participação, à co-criação. Ou seja, o
provocador de interrogações, coordenador de equi- professor, mesmo estando adiante dos seus alunos
pes de trabalho, sistematizador de experiências e me- no que concerne a conhecimentos específicos, não os
mória viva de uma educação que, em lugar de afer- transmite, não os oferece a distância; ele os propõe,
rar-se ao passado, valoriza e possibilita o diálogo entre modelando-os como espaços conceituais onde os alu-
culturas e gerações” (Barbero, 1998, apud Silva, 2001, nos podem construir seus próprios mapas e conduzir
p. 158), abre possibilidades para uma prática docente suas explorações, considerando os conteúdos como
em que se possa partilhar entre aquele que ensina e ponto de partida e não como ponto de chegada no
aquele que aprende, num processo de produção de processo de construção de conhecimento.
sentido que torna o aprendiz capaz de construir seu Essa concepção de interação na sala de aula su-
próprio percurso de aprendizagem. põe estados potenciais do conhecimento arquitetados
O autor chama a atenção de que o professor pode pelo professor, estruturados também como caminhos
oferecer as disposições e proposições específicas para e espaços a percorrer, como dados flexíveis, que exi-
um determinado aluno e/ou um determinado grupo. gem a participação do aluno na construção do conhe-
A sala de aula, tal como a sociedade, não é um aglo- cimento, não só individualmente, mas também de for-
merado amorfo de pessoas. Nela, o interesse do alu- ma coletiva, não mais na postura de ser passivo, que
no é personalizado e manifesta-se individualmente e apenas olha, ouve, copia e presta conta. O aluno ago-
em grupo. O design de um documento será lido por ra cria, modifica, constrói, aumenta, recorta, cola, e,
muitos; por isso, precisa ser dotado de um perfil que assim, torna-se co-autor.
contemple os diferentes interesses da comunidade de A imersão e a navegação realizadas pelo aluno
usuários. Assim, independentemente da abordagem que já traz consigo seus conhecimentos prévios sobre
ou do modelo de ensino que o professor adote, o fun- o assunto podem resultar em conexões não previstas
damental é reconhecer as diferenças de estilos de pelo professor ou que este não achou importante con-
aprendizagem que existem e que devem ser levadas templar naquele espaço. No dizer de Silva, se tais
em consideração na sala de aula, presencial ou on- conexões implicam redesenhar ou aumentar a dispo-
sição arquitetada, e o professor, a partir do diálogo Diante do exposto, ao sintonizar-se com os fun-
aberto, decide modificá-la, está configurada a co- damentos da interatividade e a lógica comunicacional
autoria no ensino e na aprendizagem. hipertextual e multimidiática acelerada pela presença
Em ambientes on-line fundamentados na pers- das TIC, o professor percebe que o conhecimento não
pectiva da interatividade, os conteúdos (design e co- está mais centrado no seu discurso e, propondo-o, aten-
municação dialógica) do curso são construídos num ta para certos cuidados na interlocução, redimensio-
processo de parceria de autoria e co-autoria de senti- nando sua autoria, na perspectiva da participação ati-
dos, em que os autores criam e socializam seus sabe- va dos aprendizes, numa união de emissão-recepção,
res de várias formas: softwares, interfaces, hipertextos, potencializando a dialogicidade, a colaboração e a
mídias diversas. Esses ambientes precisam ser obras autonomia.
abertas, e, pelo potencial disponibilizado pelas inter- Reconhecemos, a partir de discussões trazidas por
faces das tecnologias da informação e comunicação Moraes (2004), Morin (1998, 2003, 2005), Maturana
(TIC), devem permitir liberdade de imersão, navega- e Varela (2001), Silva (2001) e outros teóricos aqui
ção, exploração e conversação, em que todos os par- discutidos, que, subjacentes às raízes do pensamento
ticipantes possam “contribuir no seu design e na sua complexo, emergem sementes teórico-metodológicas
dinâmica curricular” (Santos, E., 2003, p. 225). capazes de fundamentar o processo de construção do
A autora ainda alerta que apenas criar um site e conhecimento e o desenvolvimento da aprendizagem,
disponibilizá-lo no ciberespaço, por mais que ele seja combatendo intensamente o modelo causal tradicio-
hipertextual, não é suficiente, é necessário que ele seja nal que alimenta as práticas instrucionistas.
interativo. Para que a interatividade com o conteúdo Pretto (2003b) alerta que o uso das TIC na edu-
e com seus autores possa ser efetiva, pode-se criar cação, seja ela presencial ou a distância, é objeto de
interfaces síncronas e assíncronas. Como exemplo das estudos e experimentos em praticamente todo o mun-
primeiras tem-se os chats ou salas de bate-papo, que do, sendo visível certo descaso quanto à sua verda-
possibilitam aos participantes a comunicação em tem- deira eficácia. Já é quase consensual a idéia de que a
po real com aqueles que estiverem conectados num incorporação dos computadores na educação não pode
ambiente on-line de aprendizagem, permitindo a tro- ser mera repetição dos cursos tradicionais ou aulas,
ca de saberes, sentidos, desejos, dúvidas a qualquer se ela estiver ainda centrada na superada e tradicio-
tempo/espaço naquele momento. Em relação às in- nal concepção das tecnologias educacionais associa-
terfaces assíncronas, pode-se contar com os fóruns, das às práticas de instruções programadas de algu-
que permitem a comunicação, a construção coletiva mas décadas atrás, tão conhecidas dos educadores.
dos conhecimentos, neles há imbricamento entre re-
cepção e emissão, e a mensagem pode circular e ser Considerações finais
comentada por todos os sujeitos envolvidos no pro-
cesso de aprendizagem; as listas de discussão, que O pensamento complexo, originado das teorias
possuem as mesmas características do fórum, em que quânticas e biológicas, pressupõe a necessidade de
todos podem comunicar-se com todos, diferindo da- conceber o sistema educacional como redes autopoié-
quele porque as mensagens são socializadas pelo cor- ticas, como estruturas dissipadoras de energia, auto-
reio eletrônico, não requerendo um ambiente especí- organizadoras, que aceitam o desconhecido, que aco-
fico no ciberespaço para enviá-las e recebê-las; os lhem o inesperado, o imprevisível e se auto-organizam
blogs, que, além de permitir comunicação síncrona e a partir de suas interações. Essa mudança de enfoque
assíncrona, agregam em seu formato hipertextual uma requer o desenvolvimento de práticas pedagógicas,
infinidade de linguagens e formas de expressão (idem, de posturas e atitudes coerentes com essa linha de
p. 226). pensamento.
Com as considerações sobre os aspectos funda- LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensa-
mentais dessas teorias desenvolvidas pelos autores mento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 1996.
referendados no decorrer deste texto, queremos sa- MARQUES, Mário Osório. A aprendizagem na mediação social
lientar que esses novos referenciais teóricos nos ofe- do aprendido e da docência. Ijuí: UNIJUÍ, 1995.
recem pistas significativas para o entendimento do MATURANA, Humberto R.; VARELA, Francisco J. A árvore do
processo de construção do conhecimento. É um pen- conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São
samento que dá maior ênfase ao contexto, propõe Paulo: Palas Athena, 2001.
maior abertura, estando sempre em processo de cons- MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente:
trução e reconstrução. implicações na formação do professor e nas práticas pedagógicas.
Tentamos destacar aqui alguns pontos significa- Em Aberto, Brasília, ano 16, n. 70, p. 57-69, abr./jun. 1996.
tivos para o desenvolvimento de ambientes para a edu- . Tecendo a rede, mas com que paradigma? In:
cação on-line, compreendidos como sistemas autopoi- MORAES, Maria Cândida (Org.). Educação a distância: funda-
éticos, como organizações vivas, a partir das relações mentos e práticas. Campinas: UNICAMP/NIED, 2002.
de cooperação e colaboração que se firmam entre seus . Pensamento eco-sistêmico: educação, aprendizagem
componentes. Propomos um ambiente que seja mais e cidadania no século XXI. Petrópolis: Vozes, 2004a.
comunicacional (Silva, 2001), com maior autonomia . Pressupostos teóricos do sentirpensar. In: MORAES,
dos estudantes, práticas que contemplem os diferen- Maria Cândida; TORRE, Saturnino de la. SentirPensar: funda-
tes estilos de aprendizagem e outras que estimulem a mentos e estratégias para reencantar a educação. Petrópolis: Vo-
Nossa prática pedagógica, assim como os ensinamen- . Educação a distância e a ressignificação dos para-
tos advindos de nossas pesquisas, comprova que não digmas educacionais: fundamentos teóricos e epistemológicos.
será possível fazer uma educação on-line com base na Revista da FAEEBA/Universidade Estadual da Bahia, Departamen-
to de Educação I, Salvador: UNEB, v. 1, n. 1, jan/jun. 2005.
mesma perspectiva da aula convencional, uma vez que
MORAN, José Manuel. Contribuições para uma pedagogia da
as TIC potencializam outra ambiência.
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