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A VERDADE PRAGMÁTICA

Hálisson Rodrigo Lopes


Assessor de Juiz; Professor da Fundação Educacional Nordeste Mineiro – FENORD;
Mestre em Direito; Pós-Graduado em Direito Público; Pós-Graduando em Gestão
Pública; Pós-Graduado em Direito Administrativo; Pós-Graduado em Direito Civil e
Processual Civil; Pós-Graduado em Direito Penal e Processo Penal; Pós-Graduado
em Filosofia.

Gustavo Alves de Castro Pires


Especialista em Direito Civil e Processual Civil pelo Centro Universitário Newton
Paiva. Mestrando em Gestão Integrada do Território pela Universidade Vale do Rio
Doce - UNIVALE. Coordenador Geral do IESI/FENORD da Fundação Educacional
Nordeste Mineiro.

Carolina Lins de Castro Pires


Professora Universitária do Curso de Direito do Instituto de Ensino Superior
Integrado - IESI, mantido pela Fundação Educacional Nordeste Mineiro - FENORD.
Mestranda em Gestão Integrada do Território pela Universidade Vale do Rio Doce -
UNIVALE.

Resumo: Segundo a lição do próprio William James, o pragmatismo é um novo


nome para antigas formas de pensamento. Entre as influências doutrinárias
podemos destacar o utilitarismo de John Stuart Mill e o ceticismo característico do
iluminismo escocês. No que tange às influências indiretas, é inegável que o
pragmatismo também apresenta similaridades com outros sistemas de pensamentos
desenvolvidos ao longo do século XIX, como o marxismo, o positivismo e o
darwinismo. Para Peirce, o pragmatismo era uma teoria do significado, afim às
práticas dos cientistas de laboratório. Na ótica de Dewey, o ponto de partida é a
experiência e nisto a sua doutrina liga-se ao empirismo clássico da tradição inglesa.
Para ele, a experiência não se reduz, como o empirismo acreditava, a uma
consciência clara e distinta. E também não se reduz a conhecimento. O ser e o ter
precedem a consciência e condicionam-na. Assim, a verdade pragmática é o objeto
do presente estudo, visando melhor elucidar o tema.

Palavras-chave: Verdade. Pragmática. Análise.

Abstract: According to the lesson's own William James, pragmatism is a new name
for old ways of thinking. Among the doctrinal influences can highlight utilitarianism of
John Stuart Mill and skepticism characteristic of the Scottish Enlightenment.
Regarding the indirect influences, it is undeniable that pragmatism also has
similarities with other systems of thought developed throughout the nineteenth
century, such as Marxism, positivism and Darwinism. For Peirce, pragmatism was a
theory of meaning, akin to the practices of laboratory scientists. The perspective of
Dewey, the starting point is the experience of it and its doctrine binds to classical
empiricism of the English tradition. For him, the experience cannot be reduced, as
empiricism believed, a conscience clear and distinct. And it is not merely knowledge.
Being and having prior awareness and condition it. Thus, the pragmatic truth is the
object of the current study to further elucidate the subject.
Keywords: Truth. Pragmatics. Analysis.

Sumário: Introdução. 1. A Verdade Pragmática de William James. 2. A Análise da


Verdade em Dewey. 3. O Pragmatismo de Charles Sanders Peirce. 4. A Teoria
Pragmática da Verdade. Conclusão. Referências.

Introdução

Corrente filosófica desenvolvida em meados da última década do século XIX e


primeira década do século XX, o pragmatismo foi idealizado, inicialmente, por
Charles Sanders Peirce, apresentando em seus escritos uma interpretação da
Crítica da Razão Pura (Kant), num enfoque direcionado à antropologia pragmática.
Ampliando e desenvolvendo as ideias de Peirce, Willian James buscou a
sedimentação do pensamento pragmático. Apresentando uma ótica genuína sobre o
tema, James levou seus estudos adiante, com uma originalidade conceitual especial,
menos restrito que Peirce, passando a designar de pragmaticismo.
Analisando minuciosamente os elementos coincidentes do pragmatismo de Peirce,
James e Dewey, nota-se que a corrente filosófica em análise está baseada na
subordinação do valor teórico ao critério de eficácia, tendo em vista a sua aplicação
prática. Assim, o objetivo último seria o alcance do conhecimento e a ampliação do
poder dos homens, levando em consideração a sua utilidade.
Valiosa é a contribuição de Rosemari Fagá Viégas (2006, p. 155), senão vejamos:
“A missão do Pragmatismo seria a de encerrar as disputas filosóficas. Para essa
doutrina os adversários insistem em um erro primordial, atribuindo sentidos diversos
ás palavras ou utilizando-as sem qualquer sentido definido, gerando o conflito. O
Pragmatismo quer implementar um método capaz de determinar os verdadeiros
sentido de qualquer conceito, doutrina, proposição, palavra ou outro tipo de signo.
Para os autores adeptos das ideias pragmáticas, o objeto do signo é a coisa ou
ocasião, mesmo indefinida, na qual o signo deve estar aplicado, ou seja, o sentido é
a ideia que se liga ao objeto.”
Analisando isoladamente a homilia do pai do pragmatismo, Peirce, tal corrente
filosófica parece simplificar apenas a uma teoria da significação absorvida em um
método, não desprezando uma máxima que o coloca em operação. O filósofo em
mote foi o precursor do pragmatismo, dando nome ao movimento, trazendo à tona
as características essenciais, porém sem preocupar com o desenvolvimento de sua
formulação inicial.
Conforme observação do próprio William James, o pragmatismo é um novo nome
para antigas formas de pensamento. Entre as influências doutrinárias podemos
destacar o utilitarismo de John Stuart Mill e o ceticismo característico do iluminismo
escocês. No que tange às influências indiretas, é inegável que o pragmatismo
também apresenta similaridades com outros sistemas de pensamentos
desenvolvidos ao longo do século XIX, como o marxismo, o positivismo e o
darwinismo.
A principal preocupação de Peirce foi a apresentação de uma prova consistente de
sua nova teoria, sem maior atenção à continuidade e ao desenvolvimento do seu
conceito inicial, nem mesmo a sua aplicação mais concreta.
Diante da premissa acima aduzida, foi Willian James quem, diante dos
ensinamentos de Peirce, buscou desenvolver a teoria pragmática visando sua
divulgação. Praticamente junto com John Dewey, também responsável pelo
desenvolvimento dos inúmeros desdobramentos do pragmatismo, o pragmatismo foi
ampliado também em sua finalidade, começando a assumir também a forma de uma
teoria da verdade.
As divergências trabalhadas pelos filósofos acima, não descaracterizaram o núcleo
comum do pragmatismo, que se encontra presente na obra de cada um deles, ou
seja, o afastamento da metafísica, a rejeição do nominalismo e a proximidade com o
realismo.

1. A Verdade Pragmática de William James

O método pragmático foi enxertado no tronco da filosofia tradicional e utilizado para


uma defesa do espiritualismo por William James. O referido filósofo denominou a
sua filosofia de empirismo radical; mas o seu empirismo é, como o de Peirce, mais
uma perspectiva do futuro do que um balanço do passado. A persecução dos fins
futuros e a escolha dos meios necessários para alcançá-los são o aspecto
característico e o critério da presença da mentalidade num fenômeno
(ABBAGNANO, 1984, p. 13).
A verdade e o proveito vieram a tornar-se completamente interligados na teoria de
James. Assim, embora a visão de James da verdade tenha-se desenvolvido a partir
da abordagem científica que satisfez completamente aos realistas de seu tempo,
com a introdução do “desejo de acreditar” preparou o caminho para as necessidades
dos idealistas (JAMES, 2006, p. 20).
Não pode haver nenhuma diferença em alguma parte que não faça uma diferença
em outra parte – nenhum diferença em matéria de verdade abstrata que não se
expresse em uma diferença em fato concreto e em conduta consequente derivada
desse fato e imposta sobre alguém, alguma coisa, em alguma parte e em algum
tempo. Toda a função da filosofia deve ser a de achar que diferença definitiva fará
para mim e pra você, em instantes definidos de nossa vida, se essa fórmula do
mundo ou aquela outra seja verdadeira (JAMES, 2006, p. 46).
Ora, o pragmatista agarra-se aos fatos e coisas concretas, observa como a verdade
opera em casos particulares, e generaliza. A verdade, para ele, torna-se uma
classificação para todos os tipos de valores definitivos de trabalho em experiência.
Para o racionalista, não passa de uma pura abstração, de cujo simples nome
devemos diferir. Quando o pragmatista empreende a tarefa de mostrar em detalhes
porque exatamente devemos discordar, o racionalista mostra-se incapaz de
reconhecer os dados concretos dos quais a sua própria abstração deriva.
O pragmatismo faz a sua pergunta habitual. “Supondo-se que uma ideia ou crença
seja verdadeira”, diz, “que diferença concreta, em sendo verdadeira, fará na vida real
na vida de alguém? Como será compreendida a verdade? Que experiências serão
diferentes daquelas que prevaleceriam se a crença fosse falsa? Qual, em suma, é o
valor em caixa da verdade, em termos experimentais?” No momento em que o
pragmatista faz esta pergunta, já tem a resposta: as ideias verdadeiras são aquelas
que podemos assimilar, validar, corroborar e verificar. As ideias falsas são aquelas
com as quais não podemos agir assim. Essa é a diferença prática que nos faz ter
ideias verdadeiras; esse, portanto, é o significado da verdade, pois é tudo como
pode ser conhecida a verdade. Essa é a tese defendida por William James. A
verdade de uma ideia não é propriedade estagnada nesta ideia. Acontece ser a
verdade uma ideia. Esta se torna verdadeira, é feita verdadeira pelos
acontecimentos. Sua verdade é, de fato, um evento, um processo: o processo, a
saber, de verificar-se, sua verificação. Sua validade é o processo de sua validação
(JAMES, 2006, p. 112-113).
2. A Análise da Verdade em Dewey

O ponto de partida de Dewey é a experiência e nisto a sua doutrina liga-se ao


empirismo clássico da tradição inglesa. Para ele, a experiência não se reduz, como
o empirismo acreditava, a uma consciência clara e distinta. E também não se reduz
a conhecimento. O ser e o ter precedem a consciência e condicionam-na. Existem
duas dimensões das coisas experimentadas, afirma Dewey: uma é tê-la, e a outra é
conhecê-las, a fim de tê-las de forma mais significativa e segura. Não existe um
problema do conhecimento no sentido em que ele foi concebido pela gnosiologia
tradicional; existe apenas o problema de encontrar, através dos processos
cognoscitivos, aquilo que é necessário encontrar nas coisas que temos ou naquilo
que somos, para garantir, retificar ou evitar sê-lo ou tê-lo (ABBAGNANO, 1984, p.
45).
Na teoria do inquérito de Dewey, o mesmo se interessa, principalmente, pelo
estabelecimento de um ponto de partida e de um ponto de chegada da indagação. O
inquérito é, em geral, definido como a transformação controlada ou dirigida de uma
situação indeterminada numa situação determinada nas suas distinções e relações
constitutivas, de modo a converter os elementos da situação primitiva num todo
unificado.
A situação da qual parte todo o inquérito racional é uma situação real que implica
incerteza, perturbação e dúvida. Por isso, a dúvida não é um estado subjetivo; é o
caráter de uma situação em si mesma indeterminada, confusa e incerta. Esta
situação torna-se problemática, logo que se torna objeto de uma investigação. A
determinação de um problema é sempre o encaminhamento para a sua solução e,
por isso, é o começo de uma investigação progressiva. Logo que é colocado um
problema sobre fatos que constituem a situação primitiva, apresenta-se a
possibilidade de sua solução, que se chama ideia e que consiste numa antecipação
ou previsão do que pode suceder. A necessidade de desenvolver o significado
implícito da ideia dá lugar ao raciocínio, o qual se serve de símbolos, isto é, de
palavras, mediante os quais o significado da ideia é referido ao sistema das outras
ideias e é assim explicado nos seus diversos aspectos. A solução do problema,
antecipada na ideia e no raciocínio que tornou explícito o seu sentido, promove e
dirige a experiência capaz de nos esclarecer sobre se devemos ou não aceitar como
válida essa solução, ou se, e em que sentido, ela deverá ser modificada a fim de ser
aplicada na interpretação e organização dos fatos em questão (ABBAGNANO, 1984,
p. 51).

3. O Pragmatismo de Charles Sanders Peirce

O fundador do pragmatismo foi Charles Sanders Peirce (1839-1914), um estudioso


da lógica simbólica e de semiótica e um genial divulgador de doutrinas científicas. A
tese filosófica fundamental de Peirce é que o único fim de toda a indagação ou
forma de proceder racional é o estabelecimento de uma crença, entendendo-se por
crença um hábito ou uma regra de ação que, mesmo que não conduza
imediatamente a um ato, torna possível um dado comportamento quando a ocasião
se apresenta (ABBAGNANO, 1984, p. 8-9).
Assim, a regra para obter a clareza de uma ideia consiste apenas em considerar os
efeitos práticos que possa ter o objeto de tal ideia. Segundo Peirce, isto não
autoriza, no entanto, a reduzir a verdade à utilidade. Peirce mantém a definição
tradicional da verdade como correspondência, no sentido da conformidade entre um
signo e o seu objeto. Contudo, esta conformidade não é estática, mas dinâmica:
encontra-se no limite de um processo de indagação que controla ou corrige
indefinidamente os seus resultados (ABBAGNANO, 1984, p. 11).
Para Peirce, o pragmatismo era uma teoria do significado, afim às práticas dos
cientistas de laboratório. O significado de qualquer acerto, para Peirce, é
determinado pelo somatório de suas consequências verificáveis. Outra maneira de
dizer isso é que há uma série de proposições deduzíveis de qualquer asserção;
algumas dessas proposições podem ser examinadas em testes de laboratórios ou
equivalentes, ao passo que outras não podem ser submetidas a tais condições. O
sentido da afirmativa original pode ser dado por uma lista exaustiva das proposições
examináveis que dela decorrem. A verdade do acerto é, de fato, alguma coisa de
novo; para Peirce é a correspondência do acerto na afirmativa com a unanimidade
que seria alcançada por uma coleção infinita de investigadores qualificados e
objetivos, se suas investigações fossem estendidas o suficiente. As definições de
Peirce, tanto de verdade quanto de significado dependiam dos processos públicos.
As definições de James para as mesmas categorias eram bem mais subjetivas e
pessoais (JAMES, 2006, p. 18).

4. A Teoria Pragmática da Verdade

Para o pragmatismo, a experiência permite uma previsibilidade do futuro a partir de


sua análise estabelecida. Assim, uma verdade não será reconhecida pelo fato de
poder ser confrontada com dados extraídos de uma experiência pretérita, mas sim
por ser susceptível de qualquer uso na experiência futura. Por isso, a previsão deste
possível uso, juntamente com o reconhecimento dos seus limites, condições e
efeitos, constitui o significado dessa verdade.
Diante deste contexto filosófico, o pragmatismo revela como verdade uma regra de
ação, isto é, uma norma para a conduta futura, entendendo-se por ação e por
conduta futura toda a espécie ou forma de atividade, quer seja cognoscitiva quer
emotiva. A experiência é instrumento essencial para o alcance da verdade e,
consequentemente, o desenvolvimento do pragmatismo clássico (GHIRALDELLI
JR., 2007, p. 21).
Vale frisar que a verdade que se pretende com o pragmatismo não se reporta à sua
natureza, mas o modo pelo qual ela se retrata na prática da vida e na prática social.
Para James o pragmatismo era um “método para a verdade”. Tal método terá como
principal finalidade superar o antagonismo apresentado pelos racionalistas e
empiristas.
James considerava o pragmatismo como uma forma de empirismo, ou melhor, uma
espécie de empirismo radical, pois significava fazer da experiência uma pedra de
toque melhor para obter resultados sobre decisões que se necessitava tomar,
quando do julgamento a respeito de se um enunciado é ou não verdadeiro
(GHIRALDELLI JR., 2007, p. 21).
Guiraldelli Júnior (2007, p. 22) faz uma correspondência do empirismo com as
demais teorias da verdade, senão vejamos: “Não se tratava de ir contra a concepção
correspondentista da verdade ou contra a concepção coerentista, quanto ao que
elas queriam, que, enfim, era a obtenção de uma definição de verdade. O
pragmatismo deveria ser um coadjuvante em um trabalho específico: qualquer
pessoa poderia optar melhor por um enunciado – o verdadeiro – e descartar o outro
– o falso -, levando em consideração a questão da coerência e da correspondência,
mas de uma forma a não dar as rédeas do processo a uma definição prévia. Pois
dar as rédeas do processo a tais teorias seria, novamente, voltar ao dilema filosófico
de definir a verdade. Ou seja, o pragmatismo deveria ser instrumental, capaz de
colocar com procedimentos de decisão diante de enunciados, e é claro, de ações.
Como isso seria feito? Observando a experiência de um ponto de vista pragmático,
isto é, considerando as alterações no âmbito da vida cotidiana, prática, das relações
que eram, enfim, as experiências.”
James é enfático em afirmar que a verdade de uma ideia não é uma propriedade
estagnada nessa ideia. Acontece ser a verdade uma ideia. Esta se torna verdadeira,
é feita verdadeira pelos acontecimentos. Sua verdade é, de fato, um evento, um
processo: o processo, a saber, de verificar-se, sua verificação. Sua validade é o
processo de sua validação (JAMES, 2006, p. 113).
O conhecimento extraído de pensamentos verdadeiros permite, de uma forma direta
ou indiretamente, criar alternativas para valiosas ações de importância significativa
para a vida humana. Por isso, é o nosso dever inteirarmos da verdade,
principalmente pelas implicações práticas. A posse da verdade é um meio preliminar
em direção a outras satisfações vitais, não sendo um fim em si mesmo, segundo a
ótica pragmática.
A análise da verdade absoluta não ficou esquecida por William James. Para o
filósofo, o absolutamente verdadeiro, significando o que nenhuma experiência
posterior jamais alterará, é aquele ponto difuso ideal para o qual imaginamos que
todas as nossas verdades temporárias algum dia convergirão. No entanto, temos de
viver hoje com a verdade que podemos ter hoje, e estarmos prontos amanhã para
tachá-la de falsidade (JAMES, 2006, p. 123).
O próprio Descartes, por mais ligado que fosse às “ideias inatas" e as evidências
puras, reconhecia que se encontra “muito mais verdade nos raciocínios que cada um
faz com relação aos negócios que lhe importam e cuja solução deve castigá-lo logo
depois, se julgar mal, do que naqueles que faz um homem de letras em seu
gabinete, relativos a especulações que não produzem efeito algum” (HUISMAN;
VERGEZ, 1967, p. 296).
Não se constata no pragmatismo um interesse exacerbado em definir a verdade, isto
é, propor uma fórmula, uma frase, ou até mesmo, um resumo do que seria a
natureza da verdade. Privilegiavam a investigação de procedimentos para julgar
discursos, e não com a ideia de ver se enunciado correspondem ou não ao mundo,
ou se representam exatamente o mundo ou não (GHIRALDELLI JR., 2007, p. 21).

Conclusão

O significado do pragmatismo só poderia ser conhecido através de suas


conseqüências, ou seja, por meio da prospectiva de um futuro ainda em formação.
As características apresentadas como constituintes da definição do pragmatismo,
apontam as diferenças práticas que o pragmatismo acarretou para a filosofia.
Ora, Peirce afirmou certa vez que razão de ser do pragmatismo é mostrar como
quase todas as proposições da metafísica ontológica são sem sentido ou
manifestamente absurdas. Esta mesma assertiva se desenvolve também
plenamente em James e Dewey. De acordo com o pragmatismo, o nominalismo era
uma filosofia em auxílio do egoísmo. Isto se deve ao fato de que o nominalismo
nega o social, uma vez que reconhece apenas a realidade dos indivíduos. Por fim,
embora os três pragmatistas concordassem que a realidade e a percepção dos
objetos prescindem de mediações, a única ressalva possível aqui é sobre qual
realismo está em jogo (POGREBINSCHI, 2005, p. 25).
Em suma, o pragmatismo sustenta, ainda, que o único critério da verdade é o
sucesso. O pensamento encontra-se a serviço da ação. As ideias não passam de
ferramentas de que nos utilizamos para agir: a ideia verdadeira é aquela que pega
melhor, que tem mais rendimento, que é mais eficaz.

Referências

ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Vol. XIII, Lisboa: Editorial Presença,


1984.
GHIRALDELLI JR., Paulo. O que é pragmatismo. 1ª ed., São Paulo: Brasiliense,
2007.
HUISMAN, Denise; VERGEZ, André. Curso Moderno de Filosofia. Introdução à
Filosofia das Ciências. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1967.
JAMES, William. Pragmatismo. São Paulo: Martin Claret, 2006.
POGREBINSCHI, Thamy. Pragmatismo – Teoria Social e Política. Rio de Janeiro:
Relume Dumará, 2005.
VIÉGAS, Rosemari Fagá. Pragmatismo da (na) comunicação. In.: VIDAL, Vera;
CASTRO, Susana de (Orgs.). A questão da verdade: da metafísica moderna ao
pragmatismo. Rio de Janeiro: 7Letras, 2006.

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