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ESCOLA DE CURSOS ONLINE


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São Lourenço - MG - CEP: 37470-000
MATERIAL DO CURSO
MÉTODO TEACCH

APOSTILA
ATIVIDADES PROGRAMA TEACCH
ATIVIDADES PROGRAMA TEACCH

PROGRAMA TEACCH

(Treatment and Education of Autistic and related Communication-


handicapped Children)

Em português significa Tratamento e Educação para Autistas e Crianças


com Déficits relacionados com a Comunicação. É um programa educacional e
clínico com uma prática predominantemente psicopedagógico criado a partir de
um projeto de pesquisa que buscou observar profundamente os
comportamentos das crianças autistas em diversas situações frente a
diferentes estímulos.

O método Teacch fundamenta-se em pressupostos da teoria comportamental e


da psicolinguística:

 Na área da psicolinguística, fundamenta-se nessa teoria a partir da


afirmação de que a imagem visual é geradora de comunicação.
 Na terapia comportamental é imprescindível que o professor manipule o
ambiente do autista de maneira que comportamentos indesejáveis
desapareçam ou, pelo menos, sejam amenizados, e condutas
adequadas recebam reforço positivo.
 Na terapia psicopedagógica, trabalha-se concomitantemente a
linguagem receptiva e a expressiva. São utilizados estímulos visuais
(fotos, figuras, cartões), estímulos corporais (apontar, gestos,
movimentos corporais) e estímulos audiocinestesicovisuais (som,
palavra, movimentos associados às fotos) para buscar a linguagem oral
ou uma comunicação alternativa. Por meio de cartões com fotos,
desenhos, símbolos, palavra escrita ou objetos concretos em sequência
(potes, legos etc.), indicam-se visualmente as atividades que serão
desenvolvidas naquele dia na escola. Os sistemas de trabalho são
programados individualmente e ensinados um a um pelo professor. As
crianças autistas são mais responsivas às situações dirigidas que às
livres e também respondem mais consistentemente aos estímulos
visuais que aos estímulos auditivos.

Quando a criança apresenta plena desenvoltura na realização de uma


atividade (conduta adquirida), esta passa a fazer parte da rotina de forma
sistemática.

Mas o trabalho não se limita apenas aos aspectos cognitivos, ensinando-lhes


também noções básicas de (AVD –atividades de vida diária e AVP- Atividades
de vida prática) possibilitando-lhes maior independência possível.
Na maioria das vezes a utilização deste método traz tranquilidade à criança
já que possibilita melhor compreensão e comunicação. A classe é, geralmente,
composta no máximo por seis alunos; há um professor e um assistente.

Usando da pesquisa de potencialidades, dificuldades e preferências do


indivíduo para criar um plano que promova o máximo possível sua
independência, tem atingido os objetivos propostos.

O TEACCH tem ajudado o autista a adequar-se dentro de suas


possibilidades à sociedade, promovendo sua independência em função de
suas dificuldades.

As técnicas comportamentais e a educação especial têm mostrado a forma


mais eficiente para o atendimento dos indivíduos portadores do espectro
autístico.

O TEACCH é um programa especial de educação talhado para as


necessidades individuais de aprendizado da criança autista baseado no
desenvolvimento do cotidiano.

Teve início nos anos 60 quando 3 médicos estavam trabalhando com


crianças autistas e viram a necessidade de construir meios para o controle do
ambiente de aprendizado e que encorajasse a independência das crianças. O
que faz a diferença na abordagem TEACCH ser única é o foco no design do
ambiente físico, social e na comunicação. O ambiente é estruturado para
acomodar as dificuldades que a criança autista tem ao mesmo tempo que
treina a sua performance para a aquisição de hábitos aceitáveis e apropriados.

Baseado no fato de crianças autistas serem frequentemente aprendizes


visuais, o TEACCH trás uma clareza visual ao processo de aprendizado
buscando a receptividade, a compreensão, a organização e a independência. A
criança trabalha num ambiente altamente estruturado que deve incluir
organização física dos móveis, áreas de atividades claramente identificadas,
murais de rotina e trabalhos baseados em figuras e instruções claras de
encaminhamento. A criança é guiada por uma sequência de atividades muito
clara e isso ajuda que ela fique mais organizada.

OBJETIVOS DO TEACCH

Os objetivos do TEACCH são basicamente dez, a saber:

1. Ensinar a relação entre causa e efeito

2. Incentivar a comunicação
3. Ensinar habilidades para a vida adulta

4. Promover o máximo de independência reduzindo a ajuda do adulto

5. Promover clareza e sinalização do ambiente e tarefas

6. Apresentar visualmente instruções

7. Organizar a noção de fim

8. Manter a Rotina com flexibilidade

9. Respeitar a individualidade

10. Ensinar habilidades em situações as mais próximas das naturais

PRINCÍPIOS DO PROGRAMA TEACCH

Guiando-se pelos princípios abaixo, o TEACCH oferece as ideias básicas de


sua fundamentação, sem as quais o educador não conseguirá organizar-se na
estrutura do programa.

São eles:

1. Para se ensinar novas habilidades é necessário adequar o ambiente ás


dificuldades do indivíduo.
2. A colaboração entre família e escola é condição indispensável para o
tratamento
Para que a intervenção seja eficaz é necessário colocar ênfase na
HABILIDADE e nas facilidades
4. A corrente teórica que fundamenta a prática educativa é a cognitivo-
comportamental
5. A avaliação deve nos guiar pelas áreas de desenvolvimento
6. Os suportes visuais auxiliam na estruturação da forma de ensinar. São os
chamados “prompts"
7. A Previsibilidade organiza a mente caótica da pessoa com autismo

FUNDAMENTAÇÃO BÁSICA:

1. Preocupar-se com os interesses e facilidades do aluno

2. Realizar avaliação processual


3. Auxiliar o aluno na compreensão dos significados

4. Potencializar a comunicação com a família

5. Estruturar a forma de ensinar e apresentar as tarefas

6. Planejar estratégias de mudança comportamental mediante a análise


funcional do comportamento

CARACTERÍSTICAS DO TEACCH

• Individualidade na programação do currículo

• Instrução visual

• Rotina com flexibilidade

• Ambiente livre de hiperestimulação

• Ordenação universal (da esquerda para a direita/ de cima para baixo)

• Clareza nas ordens

• Automonitoramento provocando independência

• Análise de tarefas como recurso de ensino e avaliação

• Atividades e tarefas organizadas em sistemas de trabalho

CONTRIBUIÇÕES DO TEACCH:

1. Favorecer a Generalização

2. Favorecer o Controle do comportamento

3. Estimular e desenvolver Atenção

4. Administrar a Sequencialização

O TEACCH não visa eliminar o padrão autístico, mas aproveitar o que o


autismo provoca na pessoa.
Ao mesmo tempo em que o TEACCH estrutura atividades em sistemas de
trabalho que organizam o pensamento e evidenciam o conceito que está sendo
ensinado, o oferecimento das tarefas em vários contextos (ambientes, pessoas,
situações, material) favorece a generalização do conteúdo, gerando a
aprendizagem.

O que infelizmente ainda se vê em instituições e escolas que supostamente


usam o TEACCH é o aluno executando as mesmas atividades por tempo
indeterminado, sentado em uma mesa de trabalho o tempo todo, sem variar de
conteúdo, sem mudar a ordem de apresentação, sem introduzir o conceito
ensinado em outras tarefas, etc. Esta prática ajudou a proliferar a falsa ideia de
que o TEACCH "mecaniza" ou "robotiza" os alunos. (ver "mitos e verdades
sobre o TEACCH" no link TEACCH - o que é).

Isso não é verdade quando usamos as formas adequadas e o uso correto


dos procedimentos de ensino. Além disso, colocando ênfase em um conceito,
guiando o aluno para o foco a ser trabalhado, eliminando estímulos
desnecessários e concorrentes, garantimos a atenção e, por conseguinte,
sucesso no trabalho. Tal engajamento, sendo mais produtivo faz com que o
aluno obtenha sucesso e passe a emitir condutas mais adequadas. Sabendo o
que tem que ser feito, por quanto tempo terá que trabalhar, visualizando a
instrução e reconhecendo o que se espera dele, o aluno com autismo sai de
um estado ansioso e passa a contribuir funcionalmente para a sua
aprendizagem. Talvez seja esta a maior contribuição do TEACCH para estas
pessoas.

O Programa TEACCH beneficia alunos que apresentam:

1. Dificuldade na aprendizagem de conceitos

2. Foco excessivo em detalhes

3. Distrabilidade

4. Pensamento concreto

5. Dificuldade na associação de ideias

6. Dificuldade na generalização

7. Impulsividade e ansiedade

8. Anormalidades sensório-perceptuais
Ambiente Otimizado para a Aprendizagem

Compreender a maneira como o cérebro da sua criança funciona é crucial


para poder oferecer a ela uma ambiente otimizado para a aprendizagem.
Abaixo apresentamos um breve resumo de alguns dos estudos sobre o cérebro
de crianças com autismo.

O autismo é referido como uma desordem de espectro devido à grande


variedade de sintomas presentes em pessoas com o diagnóstico.
Pesquisadores, utilizando tecnologias que possibilitam o estudo da estrutura
cerebral, também afirmam que os cérebros de pessoas com o diagnóstico de
autismo variam vastamente de um para o outro. Por consequência, alguns
cientistas têm sugerido que devemos estudar não apenas a estrutura do
cérebro, mas também o mecanismo em que neurônios (células cerebrais)
individuais se conectam e comunicam para que encontremos o problema de
conexão neural que afete todas as pessoas com autismo. Pesquisadores têm
encontrado evidências de que a maneira com que alguns neurônios são
conectados no cérebro de pessoas com autismo pode levar a uma correlação
baixa entre sinal e ruído.

Isto significa que muitos dos sinais que as células cerebrais estão enviando
umas para as outras talvez venham acompanhados de “barulho” ou “ruído”,
como a estática em um sinal de rádio. Esta é uma das explicações do porquê
crianças com autismo tornariam-se hiper-estimuladas por informações
sensoriais e teriam então dificuldade para escolher entre duas fontes diferentes
de informação. Por exemplo, é geralmente mais difícil para uma criança com
autismo conseguir ouvir o que o professor fala quando outras crianças estão
fazendo barulho. Estudos analisando a eletricidade no cérebro de pessoas com
autismo mostram que mesmo quando elas estão tentando ignorar certos
aspectos de seu ambiente (como o barulho em uma sala de aula), seus
cérebros respondem a estas informações do mesmo jeito que respondem à
informação que a criança está tentando prestar atenção (como a voz do
professor). O problema para muitas crianças com autismo parece ser o de
“filtragem”, isto é, elas são menos capazes do que as crianças típicas de filtrar
e descartar a informação sensorial que é irrelevante para o que elas estão
tentando prestar atenção. Consequentemente, os cérebros daqueles com
autismo dão igual valor para todos os estímulos recebidos, causando um
bombardeio de informação sensorial com o qual a criança tem de lidar. Os
cérebros de crianças típicas aprendem a filtrar e descartar os estímulos
irrelevantes durante os primeiros anos de vida, o que possibilita que, ao
começarem a frequentar a escola, consigam focar sua atenção na atividade
pedida pelo professor. É muito difícil para um grande número de crianças com
autismo conseguir aprender em um ambiente onde existem muitas informações
sensoriais concomitantes (incluindo-se barulhos, toques, cheiros, estímulos
visuais, etc.), como acontece em uma sala de aula.

Crianças com autismo estão absorvendo uma quantidade enorme de


informação a todo o momento; isto significa que em algum ponto elas terão que
escolher entre reter ou descartar essas informações. Estudos demonstram que,
em comparação com pessoas neurotípicas, as pessoas com autismo tendem a
retardar este processo de “escolha”. Uma analogia para este processo seria
como andar pelos corredores de um supermercado e colocar em seu carrinho
uma unidade de cada item a venda para apenas depois, na chegada ao caixa,
descartar o que você não quer comprar. Isto causa uma demora no
processamento de estímulos. Estudos com tecnologias que permitem ver quais
partes do cérebro estão sendo utilizadas durante uma tarefa confirmam que
este é o fenômeno acontecendo dentro do cérebro de pessoas com autismo.
Há mais atividade nas regiões do cérebro designadas para o processamento
de baixa ordem (como o andar pelos corredores do supermercado) do que em
regiões cerebrais especializadas para o processamento de alta ordem (passar
pelo caixa e levar para casa os itens que constavam na sua lista de compras).

Talvez isto explique por que as crianças com autismo frequentemente


apresentam dificuldades em áreas de processamento de alta ordem (ex:
atenção, organização, linguagem, etc.). Elas passariam tanto tempo tentando
lidar com a recepção de informação sensorial (baixa ordem) que acabariam
não tendo tempo para praticar o processamento de alta ordem que outras
crianças da mesma idade praticam. Desta forma, o cérebro da criança com
autismo começaria a se desenvolver de forma diferenciada em relação ao
cérebro de seu irmão com desenvolvimento típico. Há sinais de que este estilo
de processamento da informação já se encontre presente na época do
nascimento da criança, mesmo que os comportamentos autísticos não sejam
identificados até os cerca de 18 a 24 meses de idade.

Especialistas dão a este estilo de processamento (que limita-se em parte


ao processamento de baixa ordem) o nome de “ fraca coerência central”. A
coerência central refere-se à habilidade de processar contextualmente a
informação recebida, associando informações para se chegar a um significado
do todo, geralmente às custas da memória de detalhes. Assim sendo, na fraca
coerência central haveria a tendência entre aqueles com autismo de prender-se
ao processamento de detalhes ao invés da visão do todo em uma situação. Por
exemplo, após olhar para figuras idênticas e receberem a requisição para se
lembrarem do que estava na figura, uma pessoa típica provavelmente
descreveria a cena como sendo “um pôr-do-sol na floresta”, enquanto que uma
pessoa com autismo poderia descrevê-la como “folhas brilhantes, luz laranja e
um galho com uma balança pendurada”. Este estilo de processamento é a
razão pela qual algumas pessoas com autismo, em comparação com pessoas
típicas, apresentam performances superiores em certas tarefas. Uma destas
tarefas é o teste da figura inserida. Como um exemplo desta tarefa, a figura de
um carro seria apresentada para as pessoas. Todas conseguiriam identificar
facilmente o carro. Porém, quando fosse pedido que apontassem os três
triângulos na figura, as pessoas sem autismo seriam muito mais lentas do que
aquelas com autismo. Isto se deve ao fato de pessoas típicas focarem
rapidamente no todo da figura, não prestando tanta atenção aos detalhes. As
pessoas com autismo identificariam rapidamente os triângulos por estarem
acostumadas a ver o mundo através dos detalhes.

Pesquisas envolvendo pessoas com autismo, desde estudos sobre como as


células cerebrais conectam-se até estudos sobre como as pessoas atuam em
testes psicológicos, nos oferecem a imagem de um mundo fragmentado,
sobrecarregado e tomado por “barulho” para aqueles com autismo. Esta noção
é confirmada por relatos autobiográficos de pessoas com autismo. A
compreensão do mundo fragmentado e sobrecarregado de uma criança com
autismo nos leva a ver a importância que tem o ambiente ao seu redor na
elaboração dos programas educacionais e nos tratamentos que a ela são
oferecidos. Também explica a razão das crianças com autismo procurarem
ordem e previsibilidade em seus ambientes físicos.

Ambientes físicos com grandes quantidades de estimulação sensorial


(ex: painéis com cores fortes, barulho de fundo, etc.) aumentam o “barulho”
num sistema sensorial já sobrecarregado, tornando extremamente difícil
qualquer nova aprendizagem – como tentar aprender japonês dentro de um
barulhento shopping center. Devido à presença de outras crianças e do
tamanho do espaço físico necessário para abrigá-las, a sala de aula
convencional é altamente limitada em termos de poder atender às
necessidades das crianças com autismo. Até a iluminação por meio de
lâmpadas fluorescentes, tão comum em salas de aula, tem sido apontada em
estudos científicos como sendo um fator que afeta o comportamento de
crianças com autismo. Infelizmente, estas considerações relativas ao ambiente
da criança são geralmente desprezadas e têm sua importância desvalorizada
quando programas educacionais são oferecidos para crianças com autismo, ou
ficam além dos limites físicos e materiais das escolas convencionais.

ABORDAGEM INTERACIONISTA, RESPONSIVA E MOTIVACIONAL. A


APRENDIZAGEM SOCIAL ATRAVÉS DA INTERAÇÃO PRAZEROSA

Crianças e adultos com autismo apresentam dificuldades na aprendizagem


da habilidade de orientação social, no desenvolvimento de habilidades como a
atenção compartilhada (prestar atenção à mesma atividade ou ao tópico que
outra pessoa está prestando) e o compartilhar experiências emocionais com os
outros. Estes são passos cruciais durante os primeiros anos do
desenvolvimento da criança e formam a fundação para todo o aprendizado
social. Sem a habilidade de atenção compartilhada, a criança não é capaz de
sustentar uma conversa ou até envolver-se em uma simples brincadeira de
cócegas por muito tempo. De maneira similar, esta criança não consegue
colocar-se “no lugar de outra pessoa” e imaginar o que a outra pessoa possa
estar pensando ou sentindo, o que é vital para a participação em trocas sociais
dinâmicas e espontâneas. O desenvolvimento da atenção compartilhada, da
flexibilidade social, do contato visual, da comunicação receptiva e expressiva
são fundamentais para que a criança com autismo não fique perdida na arena
social.

Ao considerar o desenvolvimento da habilidade de atenção compartilhada


uma fundação para os outros aprendizados, utilizamos uma abordagem
interacionista que valoriza o relacionamento com a pessoa que apresenta
características do espectro do autismo. Investimos em interações divertidas
com a criança que incentivem o desejo por mais participações espontâneas em
interações. Queremos que a criança aprenda a ser ativa na interação social e
que se interesse cada vez mais pelo que o outro faz ou fala. Para tanto, é
essencial que sejamos pessoas interessantes para ela, pessoas com quem ela
goste de estar! Procuramos então ser divertidos, lúdicos, compreensivos,
prestativos, amorosos, demonstrando nosso respeito e admiração pela criança
em nossas interações diárias com ela.

Muitas das pessoas com autismo apresentam grandes dificuldades de


comunicação. O estilo responsivo de interação tem como princípio responder
aos sinais e comunicações da criança para atender aos seus interesses e
necessidades. Respondendo de forma imediata, positiva e intensa à maior
parte das tentativas de comunicação da criança, demonstramos a função e o
poder de sua comunicação, e a estimulamos a querer se comunicar conosco
com maior frequência e qualidade.

Quanto mais motivada a criança estiver para interagir conosco


espontaneamente, maior será o seu envolvimento, participação e aprendizado.
Queremos então inspirar a criança a se sentir motivada para interagir, superar
suas dificuldades e aprender. A avaliação das habilidades atuais da criança
identifica os próximos passos a serem trabalhados e estimulados (as metas
educacionais), e as informações relativas aos atuais interesses, estilo de
aprendizagem e preferências sensoriais da criança auxiliam as elaborações
personalizadas de atividades interativas motivacionais, interessantes e
divertidas, que proporcionem a oportunidade da criança desenvolver suas
habilidades brincando.

O mesmo aplica-se para o trabalho com um adulto. As atividades são


adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de
desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade. Uma
vez que a pessoa com autismo esteja motivada para interagir com um adulto,
este adulto facilitador poderá então criar interações que a ajudarão a aprender
as habilidades do desenvolvimento que são aprendidas através de interações
dinâmicas com outras pessoas (por exemplo, o contato visual “olho no olho”, as
habilidades de linguagem e de conversação, o brincar, a imaginação, a
criatividade, as sutilezas do relacionamento humano), e habilidades
emocionais, sensório-motoras, de vida diária e de cognição.

Propomos a implementação de um programa de desenvolvimento contando


com a participação fundamental dos pais, o acompanhamento de uma equipe
profissional multidisciplinar, a parceria da escola e a possível colaboração de
voluntários. Para muitas famílias, recomendamos um programa de
desenvolvimento que inclua sessões responsivas e lúdicas na residência da
criança ou adulto com autismo. As sessões geralmente individuais (um-para-
um) são realizadas em um quarto especialmente preparado com poucas
distrações visuais e auditivas, contendo brinquedos e materiais motivadores
que sirvam como instrumento de facilitação para a interação e subsequente
aprendizagem.

COLOCANDO EM PRÁTICA O ESTILO RESPONSIVO DE INTERAÇÃO

A criança com características do espectro do autismo apresenta dificuldades


para interagir e se comunicar. Na residência da criança, em uma clínica, ou até
na escola quando possível reserve um tempo para ser especialmente
responsivo à sua criança (Ver página sobre o Estilo Responsivo na Escola). Ao
ser responsivo aos desejos e às iniciativas sociais da criança, sendo prestativo
e respondendo positivamente ao que ela quer você estará facilitando e
encorajando mais interações com ela. A atitude responsiva não poderá ser
utilizada o tempo todo, pois precisaremos também impor limites e lidar com os
direitos e desejos das outras pessoas, mas podemos aumentar a porcentagem
do tempo em que somos responsivos com a criança, principalmente em
ambientes especialmente preparados para ela e e nos quais ela tenha nossa
total atenção.

Se sua criança demonstrar para você com gestos, sons, palavras ou


olhares que deseja algo (e que seja possível para você dar), seja prestativo e
responda imediatamente oferecendo a ela o que ela deseja. Mostre claramente
que as iniciativas sociais da criança são eficazes para conseguir sua ajuda.
Quanto mais a criança interagir com você, mais ela aprenderá com você. Com
o tempo, em interações prazerosas e de confiança, você poderá ajudar sua
criança a comunicar-se de formas cada vez mais complexas e eficazes.

A atenção compartilhada ou conjunta (prestar atenção ao mesmo que a


outra pessoa) é a base para o aprendizado social da criança. Queremos que a
criança tenha experiências prazerosas ao interagir conosco para motivá-la a
querer interagir mais vezes. Nada melhor então do que brincar! Observe o que
a sua criança está gostando de fazer e brinque com ela, divirta-se, e ofereça
ideias para expandir a brincadeira. Conhecendo os interesses da criança, você
também pode criar e sugerir atividades interativas que sejam interessantes
para ela e que possibilitem mais interações e oportunidades para que as metas
educacionais (aquilo que você gostaria de ajudá-la a aprender naquele
momento) sejam trabalhadas. As metas educacionais podem ser trabalhadas
de forma divertida no decorrer da interação prazerosa.

BRINCADEIRA IMITATIVA

No momento em que a criança não apresenta disponibilidade para


interagir, ao invés de forçá-la a brincar conosco, podemos utilizar uma
estratégia responsiva que crianças de desenvolvimento típico utilizam nos
primeiros anos de vida: brincar em paralelo com as outras crianças. Quando
brincamos em paralelo, observamos as ações da outra pessoa e espelhamos
ou imitamos essas ações demonstrando nosso interesse no que a pessoa faz.
É uma forma não invasiva de aproximação. Aos poucos, a criança que está
sendo espelhada pode passar a espontaneamente prestar atenção em nós
interessada em nossa ação, o que leva ao desenvolvimento da habilidade de
atenção compartilhada! Ao sermos observados pela criança, podemos tentar
expandir nossas ações oferecendo variações da ação imitada, ações
motivadoras que estimulem a criança a permanecer interativa, e quem sabe
conseguir até que a criança passe a nos imitar e a responder positivamente a
desafios divertidos.

Pesquisas empíricas como as citadas abaixo demonstraram que a imitação


das atividades da criança pode estimular o desenvolvimento de habilidades
sociais, como o aumento do contato visual, maior atenção compartilhada e
interesse no adulto, maior habilidade para imitar o adulto, maior disponibilidade
para aproximar-se fisicamente e brincar junto.

IDEIAS PARA AJUDAR NA COMUNICAÇÃO

FIGURAS E FOTOGRAFIAS

Para ensinar crianças a se comunicarem, temos que ajudá-las a entender que


palavras, figuras e símbolos têm significado. O processo inicial é ensinar a
associação entre figuras e objetos, que pode ser feito com jogos nos quais se
nomeiam objetos. Depois, pode expandir-se para atividades, inicialmente
usando-se ações reais (por exemplo, beber no copo) e, então, o abstrato (por
exemplo, fingir que bebe no copo). Assim, pode-se usar a figura de um copo
para expressar a necessidade de beber. Depois que se aprende essa etapa,
pode-se acrescentar mais figuras.
Há dois modos de se usar figuras mais sistematicamente: o sistema de
comunicação por troca de figuras para melhorar a comunicação e o horário
visual, o qual emprega uma série de figuras para explicar uma sequência de
eventos futuros. Constata-se que ambos são de grande utilidade para muitas
crianças. Algumas talvez não atinjam esse estágio, mas ainda assim recebem
ajuda com o uso de cartões isolados para indicar que o farão a seguir.

OBJETOS

No início, algumas crianças acham dificílimo entender a ligação entre figuras e


atividade. Nesse caso, é melhor começar usando-se um objeto real, talvez
mostrando sapatos para indicar que a criança logo sairá. Ela pode comunicar a
necessidade de beber alguma coisa colocando o copo sobre a mesa.
Os pais talvez queiram ajudar o filho a encontrar o caminho mais adequado
para buscar ajuda. Por exemplo, podem usar uma técnica denominada
“modelagem”.

USAR LINGUAGEM SIMPLES

Em geral, nossa linguagem é muito complicada para crianças com autismo.


Muitos pais ficam perplexos ao descobrir o volume de complexidade da
linguagem que usar ao assistirem a si próprios em vídeo, quando estão em
casa com o filho. É mais útil manter frases curtas e o vocabulário simples. Usar
primeiro o nome da criança e ater-se a verbos e substantivos simples pode
fazer maravilhas em alguns casos: “George, dê o livro à mamãe” é mais eficaz
do que: “Por favor, poderia me passar o livro?”

CONTATO FRENTE A FRENTE

Crianças reagem melhor se nos aproximamos delas e as olhamos no olho. É


assim com todas as crianças, mas é muito importante para aquelas com
autismo. Como ela praticamente não lançam mão do contato visual, é tentador
achar que não é importante. Contudo, talvez nunca o aprendam se não
vivenciarem regularmente.

DAR TEMPO PARA AS RESPOSTAS

Crianças com autismo costumam ter problemas de processamento da


linguagem. Demoram mais para entender o que os outros dizem. Portanto, é
importante dar-lhes mais tempo do que o normal para ouvirem, entenderem e
descobrirem como responder. Deve-se falar mais devagar e esperar mais
tempo pela resposta. Alguns pais ficam perplexos ao perceberem a diferença
que essa atitude causa.
Computadores

Às vezes crianças com autismo reagem bem às informações em uma tela de


computador. Há muitos jogos e programas didáticos no mercado. Chegou-se a
se pensar que o uso de computadores levaria as crianças a desenvolverem
automaticamente obsessões com essas máquinas e, assim, reduziria seu
contato social. Na verdade, o uso de computadores costuma ajudar a incentivar
a comunicação porque motiva muitas crianças, que se dispõem a pedir ajuda e
compartilhar seu entusiasmo. Contudo, é importante proporcionar várias
atividades alternativas e ter cautela quanto ao tempo que a criança passa
exclusivamente brincando com o computador, pois o desenvolvimento de
obsessões é uma realidade.

USAR INTERESSE E APTIDÕES DA CRIANÇA.

Use os interesses e as aptidões de seu filho para ajudar seu desenvolvimento.


Se ele é interessado em marcas de carro, por exemplo, tente criar jogos com
elas para que seu filho denomine-as ou as relacione com palavras ou símbolos.
Produção, Edição, Elaboração e Revisão de Texto:
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