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PROPRIEDADE

Para Orlando Gomes, a propriedade é um direito complexo, podendo ser


conceituada a partir de três critérios: o sintético, o analítico e o descritivo.
Sinteticamente, para o jurista baiano, a propriedade é a submissão de uma coisa,
em todas as suas relações jurídicas, a uma pessoa. No sentido analítico, ensina o
doutrinador que a propriedade está relacionada com os direitos de usar, fruir, dispor
e alienar a coisa. Por fim, descritivamente, a propriedade é um direito complexo,
absoluto, perpétuo e exclusivo, pelo qual uma coisa está submetida à vontade de
uma pessoa, sob os limites da lei.

Para Tartuce, a propriedade é o direito que alguém possui em relação a um bem


determinado. Trata-se de um direito fundamental, protegido no art. 5.º, inc. XXII, da
Constituição Federal, mas que deve sempre atender a uma função social, em prol de
toda a coletividade. A propriedade é preenchida a partir dos atributos que constam
do Código Civil de 2002 (art. 1.228), sem perder de vista outros direitos, sobretudo
aqueles com substrato constitucional.

No que concerne especificamente às faculdades relativas à propriedade, a primeira


delas é a de gozar ou fruir a coisa, consubstanciada na possibilidade de retirar os
frutos da coisa, que podem ser naturais, industriais ou civis (os frutos civis são os
rendimentos). A título de ilustração, o proprietário de um imóvel urbano poderá locá-
lo a quem bem entender, o que representa exercício direto da propriedade.

A segunda faculdade é a de usar a coisa, de acordo com as normas que regem o


ordenamento jurídico. Obviamente, essa possibilidade de uso encontra limites em
lei, caso da Constituição Federal, do Código Civil (regras quanto à vizinhança, por
exemplo) e em leis específicas, servindo para ilustrar o Estatuto da Cidade (Lei
10.257/2001). Merecem destaque as limitações de Direito Administrativo, caso da
desapropriação, nos casos previstos em lei.

Como terceira faculdade, há a viabilidade de disposição da coisa, seja por atos inter
vivos ou mortis causa. Entre os primeiros, podem ser citados os contratos de compra
e venda e doação; entre os últimos, o testamento. Conforme restou evidenciado,
essa disposição pode ser onerosa (mediante uma contraprestação) ou gratuita
(negócio jurídico benéfico).

Por fim, o art. 1.228, caput, do CC/2002 faz referência ao direito de reivindicar a
coisa contra quem injustamente a possua ou detenha. Esse direito será exercido por
meio de ação petitória, fundada na propriedade, sendo a mais comum a ação
reivindicatória, principal ação real fundada no domínio. Pode-se afirmar que proteção
da propriedade é obtida por meio dessa demanda, aquela em que se discute a
propriedade visando à retomada da coisa, quando terceira pessoa, de forma
injustificada, a tenha, dizendo-se dono.

Nessa ação o autor deve provar o seu domínio, oferecendo prova da


propriedade, com o respectivo registro e descrevendo o imóvel com suas
confrontações. O autor da ação reivindicatória deve ainda demonstrar que a
coisa reivindicada esteja na posse injusta do réu. A ação petitória não se
confunde com as ações possessórias, sendo certo que nestas últimas não se
discute a propriedade do bem, mas a sua posse.

Segundo o STJ, o prazo para as ações reivindicatórias é imprescritível.

As ações são possíveis em face do possuidor ou do detentor que


injustamente tenham a coisa. (art. 1228, CC).

O quatro atributos que estão aderidos à propriedade são os direitos de: GOZAR,
REAVER, USAR E REIVINDICAR. Se o indivíduo tiver todos os atributos, possui
uma propriedade plena. De outro modo, a propriedade é limitada ou restrita.

Nua-propriedade – corresponde à titularidade do domínio, ao fato de ser proprietário


e de ter o bem em seu nome. Costuma-se dizer que a nua propriedade é aquela
despida dos atributos do uso e da fruição (atributos diretos ou imediatos). A pessoa
que a detém recebe o nome de nu-proprietário, senhorio direto ou proprietário direto.

Domínio útil – corresponde aos atributos de usar, gozar e dispor da coisa.


Dependendo dos atributos que possui, a pessoa que o detém recebe uma
denominação diferente: superficiário, usufrutuário, usuário, habitante, promitente
comprador etc.

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