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INSTUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLASSICAS E VERNÁCULAS
LITERATURA PORTUGUESA I
PROFESSOR: LUIS MAFFEI
NITERÓI
2021
Vitor Calebe Alves e Souza
NITERÓI
2021
Introdução
Os Lusíadas é considerado como sendo uma das obras mais importantes da literatura
portuguesa, se não a obra mais importante, foi escrita pelo poeta português Luís Vaz de Camões
e trata-se de um poema épico de gênero narrativo publicado em 1572. Camões teve como grande
inspiração as obras clássicas “Odisseia”, de Homero, e a “Eneida”, de Virgílio, ambas epopeias
que narram as conquistas do povo greco-romano. No caso d’Os Lusíadas são narradas as
conquistas do povo português na época das grandes navegações.
Em Os Lusíadas, o autor traduz em seus versos toda a história do povo português e suas
conquistas, tomando como motivo central a descoberta do caminho marítimo para as Índias por
Vasco da Gama. Dentro dessa leitura, durante o percurso dos versos, por inúmeras vezes somos
apresentados ao termo “mouros” sendo utilizado para descrever mais de um povo sempre em
papel antagonista, ou seja, papel que vai contra a jornada narrada do povo lusitano
(portugueses).
O termo vem dos romanos que nomearam de Mauritânia uma de suas províncias na
África. Com a invasão dos árabes muçulmanos neste continente, os habitantes dessa região
adotaram o Islã também como sua religião. Desta forma, "mouro", aos olhos dos cristãos passou
a ser sinônimo de uma pessoa muçulmana e de pele escura. Os mouros, no entanto, não
constituem um povo, nem uma etnia e sim uma generalização que os cristãos europeus fizeram
dos muçulmanos, tanto africanos como árabes.
E de tudo o que viu, com olho atento, Tem no rosto perpétua, e foi nascido
Um ódio certo na alma lhe ficou, De duas mães, que urdia a falsidade
Mas, com risonho e ledo fingimento, Com rosto humano e hábito fingido,
Até que mostrar possa o que imagina.” Um altar suntuoso que adorava.”
(Canto I, V. 69) (Canto II, V. 10)
Como segundo tema se encontra então uma problemática de questão racial (já citada
antes na intitulação de mouro como sendo uma denominação étnica dada aos povos
muçulmanos e africanos pelos cristãos). O fato da segregação e hostilidade racial se encontra
na obra, exemplo dado quando é apresentada a cor dos mouros como sendo uma característica
apta a englobá-los:
(Canto I, V. 46)
Conclusão
A representação do “outro” mouro (ou do “tu” na dualidade Portugal x mouros) é
carregada na maior parte do poema de negativismo, essas figuras são elevadas à categoria de
inimigos da pátria lusitana e da expansão da fé do império portucalense. Além de ser exaltado
em suas glórias, o povo lusitano é mostrado como o mais honrado e digno da proteção dos
deuses, restando aos mouros "infiéis" a subjugação como inferiores e falsos. Tal linguagem
antagonizadora usada para se referir a esses povos era de fato comum durante o século XVI,
tendo Camões apenas as reproduzindo em sua obra.