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ALUNA: PAMMELAN MARIE PROCOPIO FONTES RUFINO

EXERCÍCIOS UNESC

COISAS

1. Marcos invadiu um sítio de Amadeu e lá passou a residir com sua família e


a cultivar milho. Marcos utilizou uma espingarda para expulsar Amadeu
num dia de domingo, quando este lá apareceu para amigavelmente tentar
resolver a situação. Amadeu disse que isso não ficaria assim e que iria
tomar as providências cabíveis. Um ano e meio após esse incidente, Marcos
viajou com a família e Amadeu aproveitou para se apoderar do sítio.
Derrubou cercas, arrombou portas, ateou fogo na plantação de milho,
matou dois porcos da pocilga para fazer um churrasco de comemoração, e
tirou todos os pertences de Marcos de dentro de casa e jogou em um rio.
Marcos retorna e fica impossibilitado de entrar no terreno porque Amadeu
colocou dois seguranças na porteira do sítio. Formule um parecer
abordando: as posses de Marcos e Amadeu; se Marcos tem algum direito
ante os atos praticados por Amadeu; e quais as providências jurídicas que
deverão ser tomadas por Marcos para a garantia de seus direitos, se
houver.

Primeiramente, a posse de Marcos era de má-fé, direta, injusta, clandestina e violenta,


eis que invadiu o imóvel e expulsou Amadeu do local com uma espingarda. Já a posse
de Amadeu, embora de boa-fé por decorrer de sua propriedade, classifica-se como
injusta em razão de sua retomada violenta. Nesse caso, Marcos teria direito de requerer
a Amadeu somente a restituição das benfeitorias necessárias somente, por força do
Art.1120 do CC, não possuindo o direito de levantar as voluptuárias, devendo intentar
ação própria para ressarcimento.

02. Maurício arrendou para Luciano a parte alagada de um terreno seu, para que
o arrendatário cultivasse arroz. Maurício permaneceria em outra parte para criar
gado leiteiro. Em razão de uma seca, Maurício precisa que seus animais entrem na
parte alagada da fazenda para terem acesso à água. Luciano se opõe porque os
animais poderão destruir a plantação de arroz. Maurício disse que não precisa
pedir autorização de Luciano para usar o terreno que é dele. Eis que Maurício
colocou seus animais na parte alagada, os quais acabaram comendo uma parte da
plantação de arroz e derrubaram algumas barracas feitas por Luciano. Maurício
tem colocado os animais no espaço arrendado por Luciano duas vezes por dia, nos
últimos 15 dias. Formule um parecer abordando: as posses de Maurício e Luciano;
se Luciano tem algum direito ante os atos praticados por Maurício; e quais as
providências jurídicas que deverão ser tomadas por Luciano para a garantia de
seus direitos, se houver.

Maurício e Luciano possuem a chamada composse pro diviso, descrita no Art.1199 do


CC como o exercício da posse por duas pessoas sobre coisa, havendo divisão da área de
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exercício da posse. Maurício possui a posse indireta da área alagada e Luciano a posse
direta. Ocorreu que em razão da seca, Maurício passou a esbulhar a posse de Luciano,
tendo, contra a sua vontade, colocado seu gado na área alagada, o qual acabou por
causar danos ao arrendatário. Nesse caso, Luciano possui direito de exercer sua
composse plena, eis que havia divisão no exercício dela, podendo, inclusive, se valer
dos interditos proibitórios, para fazer cessar o esbulho de Maurício, assim como
requerer dele as perdas e danos por ter perdido parte de sua plantação. (Art.1199 CC e
ss)

03. Em 1974 a Prefeitura de Campinas – SP fundou a Emdec, criada para


gerenciar a implantação do distrito industrial da cidade e responsável pelo
loteamento de terreno pertencente à Prefeitura às empresas que desejassem se
instalar no local. Faliu pouco depois e atualmente é responsável pelo
gerenciamento e planejamento do transporte público de Campinas. Antes de sua
falência, porém, a Emdec transferiu a posse às empresas enquanto não
regularizava a transmissão da propriedade dos lotes. Contudo, o registro da
propriedade nunca ocorreu. O entrave para a regularização fundiária foi a enorme
dívida fiscal da Emdec, que impossibilita a obtenção da certidão negativa de
débito, documento necessário para a alienação de bens imóveis. Uma das empresas
instaladas no distrito industrial foi a Copersteel. Segundo o presidente da empresa,
o problema com a regularização fundiária “travou o Distrito Industrial de
Campinas. Foram 30 anos perdidos”. Ele diz que a ausência de um título definitivo
de propriedade tem gerado dificuldades para sua empresa. “Se a empresa precisar
de um empréstimo no BNDES e tiver que fornecer o terreno como garantia, está
impedida”, diz. Desde 1975 a Copersteel ocupa 26 lotes — de um total de 86 —
adquiridos no Distrito Industrial. A empresa ocupa uma área de 45 mil metros
quadrados. O departamento jurídico da Emdec confirma que existem outras 50
empresas da região em situação semelhante à da Copersteel, como Sifco (aço) e a
Mabe (de eletrodomésticos, proprietária das marcas GE e Dako). Como advogado
procurado pela Copersteel, o que você faria para regularizar a situação fundiária
da empresa?

No caso em tela, intentaria Ação de Usucapião Extraordinário, sob o fundamento de que


o bem público, por se classificar como bem dominial desafetado – que não serve mais
ao uso comum (praças, ruas) ou especial (escola, hospitais, outros), poderia ser objeto
de ação de usucapião por uma empresa. Tese a qual daria condições a Copersteel de
obter para si o título do terreno que ocupa. Com efeito, a análise a ser feita é a de que a
interpretação constitucional de que bens públicos não são suscetíveis a usucapião deve
ocorrer de acordo com a destinação do bem e não de forma genérica e indiscriminada,
de modo que o bem que não possuir destinação pública, deve ser considerado
desafetado e suscetível a ser usucapido, a fim de que a função social do bem possa ser
exercida, ainda que pela empresa.

04. Mauro invadiu um terreno de 190m2 na cidade, contíguo à casa onde mora, em
julho de 2007, tendo ali construído uma área de lazer com piscina, churrasqueira e
área de jogos. O dono do terreno foi morar na Espanha em 2005 e desde então não
retornou ao Brasil. Em 2014, Mauro procura você, advogado, para consultá-lo se
poderia se tornar dono do terreno invadido e o que poderia fazer para efetivar sua
pretensão. Que parecer você daria ao cliente?
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No caso em tela, emitiria parecer a Mauro de que possui direito a Usucapião Especial
Urbano, eis que possuiu como seu, terreno de 190m2, ou seja, área urbana de até 250m2
por sete anos – 2007 a 2014, sem oposição, utilizando-a para sua moradia e de sua
família, como área contígua de seu imóvel, podendo intentar a ação para obtenção da
propriedade da referida área.

05. Analise o Acórdão do Supremo Tribunal Federal na Reclamação nº. 3437


abaixo:

“DA POSSE, FUNÇÃO SOCIAL DA POSSE-TRABALHO,


INTRODUÇÃO, NOVA MODALIDADE, DESAPROPRIAÇÃO
JUDICIAL, POSSE-TRABALHO [...], CIVIL, ELEVAÇÃO,
PROTEÇÃO, POSSE, BOA-FÉ, CONSIDERAÇÃO, PRINCÍPIO
DA SOCIABILIDADE, FUNÇÃO SOCIAL”.

O julgado expõe a importância da chamada posse-trabalho para fins de aquisição


da propriedade. Disserte sobre o que consiste a posse-trabalho e como ela interfere
na aquisição da propriedade imóvel.

A posse-trabalho é descrita no Art.1228, §§4º e 5º do Código Civil como sendo a


hipótese em que o proprietário pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado
consistir em extensa área sob posse ininterrupta e de boa-fé por mais de cinco anos de
um número considerável de pessoas que tenham nela realizado obras e serviços de
interesse social e econômico relevante. Ou seja, se houver num imóvel, um número
considerável de pessoas realizando a função social dele, através de obras e serviços por
mais de cinco anos, é possível a desapropriação judicial dele. Nesse caso, a aquisição da
propriedade imóvel ocorre por meio de desapropriação e fica a cargo do Magistrado
fixar justa indenização ao proprietário, valendo a sentença como título para o RGI em
nome dos possuidores. O referido meio de aquisição de propriedade imóvel impacta
diretamente nos bens imóveis que não cumprem com sua função social, implicando em
verdadeira relativização do direito de propriedade, que, há muito, já não é mais tido
como absoluto.

06. Analise o Acórdão do Tribunal de Justiça de Rondônia na Apelação Cível nº.


10000520060020020 abaixo:

“CIVIL. PROPRIEDADE. AQUISIÇÃO. ALTERAÇÃO DO


CURSO DE IGARAPÉ. OBRA HUMANA. ALUVIÃO. NÃO-
OCORRÊNCIA. NÃO HÁ SE FALAR EM AQUISIÇÃO DA
PROPRIEDADE POR ALUVIÃO SE A ÁREA OBJETO DO
LITÍGIO É ORIUNDA DE OBRA REALIZADA PELO ENTE
MUNICIPAL, QUE DESVIOU E CANALIZOU O CURSO DO
IGARAPÉ”.

Por que os desembargadores do TJRO tomaram essa decisão?

Os desembargadores do TJRO tomaram essa decisão, pois o Art.1250 do CC determina


que os acréscimos formados sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros
naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem
aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. Ou seja, o desvio de águas ocorrido
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de forma natural e sem intervenção humana, é fato gerador de aluvião, o que não
correu no caso em apreço. No caso em tela, houve a intervenção humana, eis que o ente
municipal desviou e canalizou o curso do Rio Igarapé, sendo que o acréscimo de terra
não se deu por fenômeno natural, o que impediu a aplicabilidade do Aluvião positivado
no Art.1250 do CC.

07. Em 2005, Tadeu compra uma casa de Rubens para alugar para Glória, sem
que conste na escritura de compra e venda que o vendedor era casado, omitindo
assim a outorga da esposa de Rubens. A escritura é registrada no Cartório
competente. Em 2012, Rubens se divorcia de sua esposa e essa pretende a anulação
do negócio feito entre seu ex-marido e Tadeu. Nesse caso, Tadeu poderá alegar
usucapião para evitar a perda da propriedade? Se sim, em que ano se daria a
usucapião?

Nesse caso, se o imóvel adquirido por Tadeu possuir até 250m², poderia ser enquadrado
na Ação de Usucapião Especial Urbano, através da posse ininterrupta e sem oposição
por 05(cinco) anos, de modo que teria usucapido o imóvel em 2010. Outrossim, a
questão relativa à outorga uxória, relativa ao Art.1647 do CC não encontra
aplicabilidade no caso em tela, na medida em que o legislador constituinte permitiu que
para o caso da usucapião constitucional urbano, a titularidade do bem fosse alcançada,
independentemente do regime de bens de casamento, criando uma espécie de bem
reservado, cuja alienação, no futuro, também independeria de outorga uxória.

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