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ME MORIA S

L I T T E R A T U R A
P O R T U G U E Z A.
|

*#
M E MORIAS

L I T T E R A T U R A
P O R T U G U E ZA,
P U B L I C A D A S

P E L A

ACADEMIA RE AL DA S S CIENCIAS
D E L Is B o A.

Nífi utile eft quod facimus, fulta eft gloria.

T O M O III.

NA OFFICINA DA M E S M A ACAD E MI A.
ANNo M. Dcc.xcII. ' ' '
Com licença da Real Meza da Commi/aõ Geral fobre o Exame,
e Cenfura dos Livros.
2.
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AP O NT A MENT os
Para a Hifloria Civil; e Litteraria de Portugal e feus
Dominios, collegidos dos Manu/critos a/im nacionaes,
como efirangeiros, que exifiem na Bibliotheca Real
de Madrid, na do E/curial, e nas de alguns Se
nhores, e Letrados da Côrte de Madrid.
}

P o RJ o A Q U IM J o s E F E R R E IR A G o R D o.
Sendo para ifo alli enviado com auctoridade de S. Mageftade
pela Real Academia das Sciencias de Lisboa no anno 179o.

Et qui fecere, o qui falta alioram ferip/ere multi laudantur.


Sallut. Catilin. cap. I. S. .

Razões da minha vinda á Côrte de Madrid, e Def>


cripçaõ do que tenho achado mais notavel nas cou/as
pertencentes ás Letras, e Educaçaõ,
A Hitoria de qualquer Monarquia, por mais filofo
fos que hajaõ fido os feus antigos Soberanos, tem
mais embaraços que a de outro qualquer Eftado,
para chegar á fua inteira perfeiçaõ. A todos os Prin
cipes defagrada ver cenfurados os feus defeitos, e ainda
os dos feus Maiores, muito principalmente quando o que
etá no Throno tem o mefmo modo de penfar e obrar
d'aquelle feu afcendente, ou antecefor, cujo governo
n'ella (e reprehende. Eta he huma das coufas, por que
as Hitorias de algumas Nações andáraõ chêas de tan
fos erros e vazios, os quaes para ferem em parte def
batados e enchidos, foi precifo, que n'ete Seculo, e
no paflado fe empregafem muitos Sabios, auxiliando-fe
reciprocamente com os feus talentos, e indagações; e que
a Natureza criaffe Principes dotados de liberalidade e
Tom. III. A àIROf ,
2 M E M o R I A S
amor das letras, que os animafem, fartando a cubiça
d’huns com a fua fazenda, e a ambiçaõ d'outros com
as fuas graças, as quaes nunca faõ faõ bem difpendi
das, como quando vem a recahir fobre homens fingu
lares em fuas profifsões, ou meteres,
Portugal começou mais tarde efta reforma, crean
do para efe fim huma Academia, a qual tinha por inf
tituto corrigir, adiantar e aperfeiçoar a Hitoria d'eta
Naçaõ: e bem que n’ella entráraõ homens muito fabios,
grandes inveftigadores de antiguidades, e muito verfa
dos na liçaõ d’ellas , naõ pôde confeguir por falta de
tempo hum corpo de Hitoria completo, por meio do
qual ficafem fem ufo os muitos livros, que ainda ago
ra fomos cbrigados a ler , pela razaõ fómente de ha
verem fido feus auétores os fundadores d’ella.
O unico recurfo pois, que efia Naçaõ tinha , para
levar a fua Hitoria áquelle gráo de perfeiçaõ que defe
ja , he fem dúvida o que adoptou a Academia Real das
Sciencias , mandando pelos Cartorios do Reino alguns
dos feus Individuos, para copiar , e fazer copiar todos
os documentos, que n'elles achafem dignos da intruc
çaõ do Público n’ete ramo de Litteratura: emprefa eta
taõ digna da fabedoria d'aquella Corporaçaõ , como
gloriofa para as Pefoas do Miniterio , que lhe deraõ
toda a ajuda e favor, reprefentando-a a S. Magetade ,
como merecedora da fua Real Protecçaõ.
E confiderando a mefma Academia , que nas Bi
bliothecas, e Cartorios principaes dos Reinos de Catel
la, Leaõ, e Aragaõ (a) haveríaõ algumas memorias,
- • dO

(a) Hepanha, e Hollanda faõ talvez as duas Nações, onde fempre


houveraõ os mais ricos depofitos de monumentos Hitoricos relativos
a Portugal. Naõ ha Cafa da Grande na primeira, nem Livraria de
Sabio na fegunda, em que fe naõ hajaó encontrado, e ainda hoje fe
naõ encontrem, em mais, ou menos abundancia, manufcritos perten
centes á Hifloria defle Reino. Qualquer poderá achar com muita faci
lidade as razões dºfo, fe as budicar na Hifloria Civil dos dous Efta
dos, accretentando a todas a Bibliomania, doença que lavrou muito
DE LIT TE R A T U R A Po R T U G U Ez A. 3
documentos e efcritos , de que receberia muita luz a
Hitoria Civil, e ainda Litteraria de Portugal, naõ fó
|- A ii II]C []-

tempo netes Paizes, e de que enfermáraó muitos Filologos feus Na


turaes. Eu referirei os que ao pretente me lembraó, que eflavaó em
Haya, e Anterdam nos anros de 1727 e 28.
Recueil des lettres o Relations écrites de Lisbonne, cil ºf conte
na tºut ce qui s'ef pafé depuis l’année 1687, jusqu’ á 1723. tent par
rapport à la guerre , comme Pºlitique, Hi/twire o autres faits memora
bles arrivez em Portugal. 23. vol.
Memºires de tºut ce qui s'e/ipa/é de plas fecret fous le regne da
Cardinal Roy Henry de Portugal, dans le quel on voit toutes les inten
tions, que ce Monarque a eu pendant le temps qu'il a été fur le Trô
ne, comme auf plafieurs intelligences des Seigneurs Portugais, avec le
Rey_d'E/pagne. Le tout eerir par um Secretaire du premier Minijire de
ce Prince. Eites dous manufcritos fe vendêraó em Haya no anno
de 1728.
Addicion á la Hifloria de D. Alonfa Henriques. Trata fe en él de
fu Genealogia, Defendencia y otros Henriques em E/paña.
Noticia Hiflorico Geºgraphica de los Marquefados, Condados y Baro
nias de los Reynos de Efaña y Portugal.
Deferipcion Geographica de las Cofias o Islas Au/trales y Orienta
les de la Ameriea : del E/lrecho de Magallanes: de los pa/Tiges del mar
de Brouers, de las Cofias del mar del Nºrte y del mar del Sul por D.
Franci/co de Seixas y Lebera. |-

Liñages illa/tres del Reyno de Portugal y Genealºgia de los Reyes


dél. Memoria de los Art obifados, Obi/pados y Conde/iables de Portugal,
de los Virreyes y Gºbernadores de la India. Etes quatro derradeiros
manufcritos fe vendêraó na Haya no anno de 1727. da livraria de
Jacob Krys.
Itenerario é vero deferizione di Portogallo, e Hi/toria di quel Reg
no 1571. Efte manufcrito fe vendeu na Bibliotheca do Marquez de
S. Filippe.
Memorias para a Hifloria Genealogica das Cafas illufires do Reino
de Portugal no anno de 168o. •

O mefmo livro em Lingua Franceza, porém augmentado com


muitas e particulares circumflancias. •

Eftes dous manufcritos, que fe confervaó talvez ainda hoje em


Amfterdam, na Familia de Nunes da Cota, Judeos Portuguezes,
motraó, e declaraó os defeitos das Cafas mais graves e mais illuflres
do Reino de Portugal, afim em materia de Nobreza, como de San
gue. Provaõ o principio e origem defes defeitos, e demontraó com
clareza as familias, que faó ifentas d'elles. Veja-fe e Cavalleiro Oli
veira, Memor, de Portugal, Tom. 1. pag. 379,
4 M E M o R I A s
mente do tempo , em que ete Reino foi defmembra
do do de Leaõ, pelo cafamento do Conde D. Henri
que de Borgonha com a Rainha D. Tereza , filha de
D. Afonfo VI., mas tambem do em que o dito Rei
no foi reduzido a Provincia de Hefpanha, pela força
das armas d'ElRei Filippe II., e traiçaõ d'alguns Senho
res Portuguezes, requereu a S. Magetade, que orde
nafle ao Illutre Cavalleiro Diogo de Carvalho e Sam
paio, encarregado dos Negocios da Côrte na de Ma
drid, que em feu Real Nome pediffe a S. Magetade |
Catholica a graça de mandar franquear as ditas Biblio
thecas, e Cartorios áquelle dos Socios, que a Acade
mia houveffe por bem deputar para eta indagaçaõ: gra
ça eta que d'algum modo lhe era devida, pois pou
cos annos havia, que para outra femelhante tinha man
dado franquear o Cartorio Geral das Memorias do Rei
no a D. Joaõ Baptita Muños, que já n'effe tempo fe
achava encarregado por auctoridade Real de efcrever a
Hitoria das Indias de Hefpanha. Houve por bem Sua
Magetade Catholica annuir a eta fúpplica, feita em
Nome, e por efpecial Ordem de S. Magetade Fidelifi
ma; e logo que a noticia foi participada á nofa Côr
te, me elegeu a Academia para dirigir eta honrofa com
mifsaõ, da qual me encarreguei em Julho proximo paf
fado de 1789, (a) •

Logo que cheguei a Madrid, o que fuccedeu por


meado d'Agoto, conheci que nem todas as defcripções,
que tinha vito d'eta Côrte, eraõ finceras; e que as
cenfuras feitas por D. Antonio Ponz , na Introducçaõ
|- * * * 3:

(a) O Miniterio de Hefpanha naõ he hoje, taõ mefquinho em con


ceder etas graças , pelo menos aos Nacionaes, como era antigamente:
mas as ordens que eu tive eraõ taõ amplas, e efcritas em termos taõ:
obtequiofos e defufados, que muitas vezes houve mifter manter cor
tezes difputas com o Bibliothecario Joaõ Antonio Pellicer, e feus Of
ficiaes, pois diziaõ elles, que as Ordens eraó contrarias ás Conflitui
ções fundamentaes da Bibliotheça.. • -
DE LIT TER A T U R A P o R T U GU EzA. 5
á fua viagem de Hefpanha, a muitas das que atégora
{e tem publicado, eraõ judiciofas e verdadeiras. Naõ
he da competencia das minhas letras, nem da minha
commifaõ, referir tudo quanto n’ella tem attrahido a
minha admiraçaõ, afim no Fyfico, como no Moral e
Politico; e muito menos o que me tem parecido mal,
e fujeito a cenfura em cada hum detes ramos; porque
o que naõ he digno de imitaçaõ , deve todo o ho
mem prudente arredalo da noticia dos outros; e nin
guem tem auctoridade para fe contituir Cenfor no paiz,
em que he Etrangeiro, contra vontade de feus Natu
raes. Farei pois taõ fómente huma pequena digrefaõ.
fobre o que n’ella ha pertencente ás Letras, e Educa
çaõ digno de notar-fe: (a) -

He fabido de todos , que antes da extincçaõ da


Companhia de Jefus, eraõ em toda a Hefpanha feus in
díviduos, os que doutrinavaõ a mocidade nos primeiros
etudos, recebendo por ete trabalho, grofas pensões do
Eftado. Em Madrid tinhaõ huma cafa detinada para ef
te ferviço, com o titulo de Collegio Imperial, afim
chamado pelo padroado, que n'elle teve a Imperatriz
D. Maria de Auftria. Nete Collegio mantinhaõ mui
tas cadeiras, ainda que naõ tantas, quantas fe tinhaõ
obrigado a ElRei Filippe IV., de quem haviaõ recebi
do huma fuficiente dotaçaõ. Depois que etes Regula
res fôraõ expulfos de Hefpanha, ordenou Carlos III.
entaõ reinante, que no mefmo Collegio fe eftabelecef
• fem

(a). Quem, tiver a curiofidade de faber o que ha em Madrid relati


vo a cada hum detes artigos póde ler os efcritores, que cita D. An
tonio Ponz no lugar apontado, e além defes os feguintes : Gil Gon
zales de Avila, Jeronymo de Guintana nas Defcripções de Madrid ;-
Affenfo Nunes de Catro, na obra intitulada a Selo Madrid es Corte,
# el Cortefana em Madrid: Rodrigo Mendes da Silva, no feu Catalo
gº Real de E/paña ;. Francifco Xavier de Jarma, no tom. 4, do feu
Theatro Univerfal de E/paña; Antonio Martins de Salazar, Noti
<ias, del Confejo : Francifco Antonio Elizando , Prattica Univerfal Foren
Jº, tom. i. :D. Antonio Ponz, Viage d'E/paña, tom. 5.: e Jofé An
tonio Alvares e Baena, Compendio Hi/lerico de la Grandezas de Madrid.

6. : : : : M E M o R I As
#
fem quinze cadeiras, (a) e n’ellas fofem providos os que
em acto de oppofiçaõ motrafem ter mais cabedal de dóu
trina para as reger. A elle concorre quafi toda a moci
dade de Madrid, e depois de ahí adquirirem os primeiros
elementos das Sciencias, paffaõ os que tem fazenda pa
ra feguir a carreira das Letras á antiga Univerfidade de
Alcalá de Henares, onde recebem os gráos Academicos.
A Nobreza , tem tambem hum Collegio para fua
educaçaõ, o qual mantem hum grande número de Col
legiaes, e foi creado por ElRei Filippe V., e refor
mado por Carlos III. em 1767. Para vigiar fobre a fua
economia, e governo, tem hum Director Geral, que ao
prefente he hum Marechal de Campo; e hum fegundo
Director, que ferve nos feus impedimentos e aufencia.
Além detes ha mais fete Directores, fob cuja gover
nança e tutoria , etaõ os que precífaõ fer intruidos nos
primeiros elementos da educaçaõ Civil e Chriftãa. D'a-
qui paflaõ a ouvir as lições d'outros Metres, de quem
apprendem tudoqualidade.
pefoas de fua quanto (b)
he precifo , que faibaõ as •

Além d'etas Efcolas, que faõ as principaes, e de


mais credito , etaõ derramadas pela Villa outras mui
tas, em que fe enfina Grammatica Latina: ha tambem
trinta e duas Metras de meninas, que recebem falario
d'ElRei, para lhes enfinar todo o genero de lavores,
e outras ; que mantem o Cardeal Arcebifpo de #C

(a) N'uma fe enfina Difciplina Ecclefia/lica ; n'outra Direito Natu


ral: n'outra Fil fºfia Moral ; n'outra Fyfica Experimental : n'outra
Lºgica; n'outra Rheterica : n'outra Poetica ; n'outra a Lingua Grega:
n'outra a Arabiga ; e n'outra a Hebraica.
(b) N’ete Collegio ha hum Profeffor de Direito Natural e das Na
ções; outro de Filoffia Moral: trez de Mathematica ; hum de Fyfica
Experimental; outro de Arte Militar: outro de "Logica C Metaf/fica ;
outro de Rhetorica e Poetica ; outro de Linguas Oientaes ; outro de
Lingua Grega, e Inglexa, Hifloria , e Geografia : trez de Grammatica e
Lingua Latina ; trez da Lingua Franceza, e outros tantos de primei
ras Letras.
DE LITT E R A T U R A P o R T U GUEZA, 7
ledo. Já houve em Portugal hum eftabelecimento feme
lhante, no Reinado do Senhor D. Sebatiaõ.
No número das Cafas de Educaçaõ devem fer con
tados os Theatros Nacionaes; mas os dous , que ha
em Madrid, naõ merecem certamente efte nome; porque
as peças que n'elles fe , reprefentaõ, nem pódem intruir
os que ahí vaõ, nos feus deveres, nem corrigir-lhes os
feus vicios e máos cotumes. (a) Falta-lhes toda a de
coraçaõ, e os Actores apparecem na Scena com os me{-
mos vetidos de que ufaõ na rua, e talvez em cafa,
falvo quando fe reprefenta algum Drama Mourifco, por
ue para elle tem as duas Cafas vetuario competente.
# das coufas, que mais entretem a todos os Ef
trangeiros, e que muito me entreteve todas as vezes,
que affiti a etes efpectaculos , he a reprefentaçaõ dos
Sainetes , que faõ huns pequenos Dramas, em que or
dinariamente fe imitaõ os cotumes de certas claffes de
pefloas de Hefpanha , adornados de mufica , e bailes
proprios do Paiz.
No Reinado d'ElRei Filippe V, teve origem a cé
lebre Academia de S. Fernando das Trez Nobres Ar
tes de Pintura , Efculptura e Architectura, começando
or hum ajuntamento de Profeflores e Curiofos. Seu fi
# D. Afonfo VI. lhe deu Etatutos, e a dotou com
renda fuficiente , para pagamento dos ordenados dos
Directores, e feus Subtitutos, penfionados de Madrid, e
Roma, premios, falarios do Guarda, Porteiros, e Mo
del

(a) Naõ fe cuide porém, que neta generalidade ficaó comprehen


didas algumas peças, que n'elles fe tem repretentado; porque a pen
far-fe ifo, teriaõ juta razaõ de fe queixarem contra mim alguns de
feus auctores, hum dos quaes , e com mais jutiça, feria Iriarte,
de quem acabo de ler Ituma obra reprefentada ha pouco tempo, que
naõ defdiz d'outras, que tem compoto d'outro genero, pelas quaes
adquirio a grande reputaçaó, que logra entre as pefoas, que as tem
lido fem aquelle efpirito de emulaçaõ, com que ordinariamente faó
$# as compofições dos homens diftindos em alguma Arte, ou
C1CDC13,
8 * * . M E M o R I Ais
dellos Vivos; compra de livros, e mais coufas do fer
viço d'ella, e proveito dos etudos, qua ahí fe enfinaõ,
defde o dia 13 de Junho de 1752. As fuas lições fe
daõ nas noites em huma cafa, que para ete fim com
prou ElRei Carlos III., na qual mandou lavrar hum
elegante frontifpicio, em cuja porta principal fe lê a
Infcripçaõ feguinte.
C A R O L U S III. R. EX
NA T U R A M E T A R T E M s U B U N o r E cT o
IN P U B L IC A M UT I L IT A T EM C O N S O C I A V IT

A N N o M. D. CC. LXXIV.

Cotuma fer Director e Protector dºeta Academia


algum dos Secretarios d'Etado, e hoje o he o Conde
de Florida Blanca, Minitro de diftinguido merecimen
to, e a quem a privança, que logra com ElRei, fer
ve fómente para beneficiar os que fe diftinguem no feu
Real Serviço.
He Secretario D. Antonio Ponz, (a) bem conheci
do na República das Letras pelos efcritos das fuas via
gens, feitas em Hefpanha, e fóra d'ella, nos quaes fe
notaõ taõ judiciofa, como imparcialmente todas as bel
lezas , que etimuláraõ o feu goto em cada huma das
Artes, que faz o objecto d'eta Academia. Eta he tal
vez a obra d'ete genero mais bem efcrita, porque faõ
poucos os homens, que comecem a viajar taõ intruidos
na theorica das Artes, cuja prática vaõ obtervar, co
mo ete fabio efcritor he na da Pintura , Efculptura e
Architectura. •

He verdade, que muitos pedaços fe lem


>– •
"#" C1CTI

(a) He do Confelho de S. Magetade Catholica, e feu Secretario,


Socio da Academia de Hitoria, e das Reaes Sociedades Batconga da ,
e Economicas de Madrid, e Granada ; e das dos Antiquarios de Lon
dres, e S. Lucas de Roma.
D E L Ir TER A r U R A P o Rºrty G U Ez A. 9
e{critos com fel, contra alguns efcritores da França e
Ilhas Britanicas; e tambem alguns ditos, que me pare
cêraó alhêos do feu caracter fifudo e definterefado, po
rém merece alguma defculpa, por querer defaggravar a
fua Naçaõ das mordentes centuras, que etes lhe fizeraõ.
em feus efcritos, grande parte das quaes naõ pofo ain
da faber fe eraõ jutas, tendo attençaõ ao tempo, em
que elles as efcrevêraõ.
Os maiores premios que fe daó aos que apprefentaõ
as melhores obras, fobre os afumptos dados pelos Di
rectores da Academia em cada huma das Artes, faõ me--
dalhas de trez onças de ouro ; e o número dos con
currentes em Agoto proximo paflado foi grande, pois
concorrêraõ vinte oito na Pintura, vinte e cinco na Ef
culptura, e trinta e fete na Architectura. Saõ adjudica
dos da mefma maneira , que as Corôas triunfaes nos
Theatros, tangendo huma orchetra, e alternando hum
côro de Poetas, cujas compofições fe imprimem junta
mente com as Actas da Academia. A proporçaõ que
os premiados vaõ recebendo os feus premios da maõ do
Prefidente, publíca, o Secretario os feus nomes, idades,
e patrias. ,

A Arte de Gravar faz tambem objecto dºeta II


lutre. Efcola, e os que n'ella fe diftinguem faõ premia
dos da mefma maneira , polto que naõ com igual gran
deza. He incrivel o grande número de Gravadores e
Debuxadores, que actualmente tem Madrid, (a) e ain
Tom. III. B da

(a) Carmona, Selma, Montaner , Moreno, Vazques e Fabregat faó


os mais acreditados, e de quem ha obras mais bem acabadas. Além
d'etes ha outros muitos, que trabalhaó com menos perfeiçaõ. Actual
mente fe procura dar á etampa todas as boas Pinturas, que ha em
Madrid, e Sitios Reaes, que faõ muitas. Quando efta obra (e co
meçar, virá eta Naçaõ a ter hum número ainda maior de Profeflores
neta Arte. O Duque d'Alva, e o Conde de Fernan-Nuñez tambem
cuidaó em fazer etampar os quadros dos feus Progenitores O Duque
de Almodovar algumas boas pinturas que poflue... e º Marquez de
Llano o retrato da fua Conforte, pintado pelo célebre Mengº, Piºto
IG) - - M E M o R I. A s |
da mais incrivel a caretia, que d'huns e outros ha em
Portugal. Tanto he certo que nºhum Reino encerrado
em curtos limites, naõ pódem fazer grandes progrefos,
etas Artes, a naõ haver da parte do Miniterio hum
grande foccorro de pensões, com que os profeffos nºel
las fe mantenhaõ.
Para fixar a pureza, propriedade, e elegancia da
Lingua Catelhana ha huma Academia , que á imitaçaõ.
de outra, que ha em Pariz para aperfeiçoar a France
za , tomou o titulo de Real Academia Hefpanhola.
Compõe-fe de vinte e quatro Socios. Ordinarios, e de
outros Sobrenumerarios e Honorarios; e hum Director,
que hoje he o Marquez de Santa Cruz, Titulo bem co
nhecido na Hitoria de Portugal, por haver fido feu
primeiro pofluidor, o que fujeitou á obediencia d'ElRei
Filippe II. as Ilhas dos Açores , vencendo feu Com--
petidor D. Antonio Prior do Crato.
Fazem as fuas feísões nas tardes das terças, e quin--
tas de todas as femanas na Real, Cafa chamada dos
The/ouro , para onde as mudáraõ por ordem dºElRei
Carlos III., quando efte foi habitar pela primeira vez
o feu novo Palacio no anno de 1764, onde até entaõ
as tinhaõ tido por auctoridade d'ElRei Fernando VI.
Ao vigefimo quinto anno da fua creaçaõ , que foi
no de 1714, publicou eta. Academia o tomo fexto e
derradeiro do Diccionario da Lingua, em que fe ha
via occupado todo ete tempo. Efta obra tem alguns de--
feitos, naõ fendo o menor delles a falta de palavras,
ainda dos principaes efcritores do Seculo dezefeis, que
he a época, em que, fegundo a opiniaõ geralmente re
cebida, chegou a Lingua Catelhana ao maior gráo de
perfeiçaõ; mas da maneira por que nºelle fe acha deter--
minado o valor das dições, fe conclue com evidencia,
que

que foi da Camara de S. Magetade Catholica, e de quem correm


imprefos alguns efcritos, que demontraó fer a fua penna taó delica
da , como o feu pincel,
D E LITT ERATURA P o RT U GU Ez A. II
ue na fua compofiçaõ entráraõ fabios de diferentes pro
fifsões, pois he certo, que para bem definir as idéas
reprefentadas pelas palavras, he precifo que o definidor
as tenha mirado huma e muitas vezes por todas as fa
ces, e ito naõ o póde fazer fenaõ o Profeflor da Arte,
ou Sciencia, a que ellas pertencem.
No anno de 178o reduzio a mefina Academia o
feu grande Diccionario a hum fó volume, ajuntando-lhe
as emendas, e addições, que julgáraó precifas: e teve
tanta extracçaõ e te refumo, que antes de ferem pafla
dos trez annos houve milter cuidar na reimprefaõ.
Naõ obtante porém , todas as correcções e addianta
mentos, que ete livro foi recebendo em todas as edi
ções, fempre ficou com algumas faltas, que alguns dos
Academicos conhecem , e eu fui achando quando me
era miter confultalo, para apprender a fignificaçaõ de
algumas vozes, que encontrava nos livros que lia.
Julgando a mefma Academia, que tambem era da
fua competencia e obrigaçaõ dar preceitos fobre o mo
do de efcrever a Lingua Catelhana, publicou no anno
de 1742 huma Orthografia a mais fimples e a mais fi
lofofica, que nenhuma das outras , que antes d'ella ti
nhaõ faido em Hefpanha. Deterrou da efcritura todas
as letras fuperfiuas, admittindo fómente as que devem
ter lugar nas palavras, por n’ellas terem ferviço, re
prefentando o fom, para que fôraõ detinadas pelo ufo
da Naçaõ. A Etymologia, que tanto refpeito mereceu
atégora á maior parte dos Orthografos Hefpanhoes, foi
defattendida por etes Academicos, pois, diraõ elles, que
o feu pretimo veio a acabar com a compofiçaõ de bons
Diccionarios. - •

Tambem publicou huma Grammatica da Lingua


Catelhana em 171 1 : a qual naõ honra tanto eta Illuf
tre Corporaçaõ, como as outras fuas compofições. Seu
auétor motrou fer intruido nete idioma, porém deu ao
mefmo tempo a conhecer, que ou era muito pouco ver
fado na liçaõ dos que tratáraõ eta arte filofoficamente,
- .. B ii Ol]
12 , : M E M o R I A s : : :
ou que naõ fabía applicar á da fua Lingua os bons
principios , que por elles fe achaõ já defenvolvi
dos.
Além dºeta Academia ha tambem a da Hitoria,
eftabelecida, ou antes approvada, no anno de 1738. As
fuas aflembléas fe fazem nas tardes de todas as fextas
feiras , em huma cafa, de que lhe fez mercê ElRei
Carlos III, na Praça Maior, onde tambem tem depofi
tados os feus livros, monumentos, medalhas &c. Prefi
de a eta Corporaçaõ ha muitos annos o Conde de Cam
pomanes, a cujos efcritos, e zelo patriotico deve Hef
panha a reforma de muitos abufos, que vogavaõ em
alguns ramos da adminitraçaõ pública.
Os trabalhos dºeta Academia ainda naõ apparecê
raõ, afim como tem apparecido os das outras Socieda
das aqui etabelecidas; mas he certo, que ella tem fei
to huma grande acquifiçaõ de monumentos, parte dos
quaes fe achaõ já ordenados, efperando que algum dos
com Individuos
feus proveito e os
credito Naçaõ. a corpo de Hitoria
queiradareduzir •

Ha outra Academia chamada do Direito Hefpanho!


e Público, que tomou por efpecial Protectora a Santa
Barbara. Foi erigida por ElRei Carlos III. em 1763,
e tem as fuas afembléas públicas nas tardes das terças,
e fabbados ás quatro horas. Nunca affiti ás fuas fet
sões, por ifo naõ pofo dizer com clareza o que nºel
las fe pafla. •

Os que fe detinaõ ao ferviço das letras, trazem


ordinariamente das Univerfidades, o que he neceffario
que faibaõ, para adquirirem por fi o muito que lhes
reta de apprender em qualquer das Faculdades, em que
hajaõ recebido os gráos Academicos ; mas os que, de
pois d'elles recebidos em Direito, fe propoem fervir o
Eftado em julgar, ou advogar, precífaõ ganhar primei
ro huma previa intrucçaõ fobre a prática dºelle , que
he o que n'ellas fe naõ enfina. Por eta razaõ, e para
que huns e outros fe acotumem a efcrever com ordem,
• cla
DE LIT r E A Aru R A Po R T U GUEZA, 13
clareza, e exaótidaó, fe eftabeleceo em 1773 a Acade
mia de Jurifprudencia Prática , de que ha muitos an
nos he tambem Director o Conde de Campomanes.
Saõ as fuas fefsões nas tardes das fegundas, e quintas.
A Academia dos Sagrados Canones , Liturgia ,
Hitoria, e Difciplina Ecclefiatica, foi creada no anno
de 1773, por Confulta feita a ElRei pelo Supremo Con
felho de Catella. Saõ as fuas feísões públicas nas tar
des das fegundas, e quintas.
A Academia Medica Matritenfe foi creada no anno
de 1734. A prefidencia dºeta Corporaçaõ anda amnexa
ao primeiro Medico da Camara de S. Magetade , o
ual de ordinario tambem o he do Protomedicato, e do
# Confelho. Compõe-fe naõ fómente de Profefores de
Medicina, mas tambem dos que faõ peritos em alguma
das Sciencias preliminares d'ella ; pois hum dos feus
membros he o Abbade Cavanilles, taõ conhecido na Eu
ropa pelas obras# tem dado á luz fobre Botanica,
como pela que publicou em Pariz no anno de 1784,
em refpota do que Mr. Maffon havia efcrito contra a
Monarquia de Hefpanha , no artigo E/pagne da nova
Encyclopedia. • -

. Ha outra Academia, que tem por intituto aperfei


çoar o etudo da Lingua Latina, a qual tem por titu
lo: Real Academia Latina Matritenfe, e foi tambem
ereada por ElRei Carlos III. em 1775. Celebra as fuas
fefsões em Cafa do Prefidente, que cotuma fer hum dos
Profeflores d'eta Lingua. - - -

A Real Sociedade Economica Matritenfe dos Ami


gos do Paiz, etabelecida, para promover a Agricultura,
Hndutria, Artes, e Oficios, pela reprefentaçaõ, que fi
zeraõ ao Confelho em Maio de 1775 alguns # de
Madrid. Os feus etatutos foraõ approvados por ElRei
Carlos III., em Novembro dete mefmo anno. He tam
bem Director d'eta Sociedade o Conde de Florida Blan
ca , e as obras d'alguns dos feus individuos correm
imprefas em tomos de quarto.
** * * Per
r6 , - M E M o R f A s
los manufcritos , cujo número fazem fubir a dez mil."
Nem todos os que eu vi merecem grande etimaçaõ;
porque alguns d'elles correm já impre fos, e outros faõ
copias taõ adulteradas e infieis , que parece impofivel,
que algum dia pertencefem a Homens de Letras. Ha
dous mil intitulados de coufas várias, que eu naõ pu
de tocar por falta de tempo, afim como outros muitos,
que pela mefma razaõ ficáraõ intactos.
He de advertir, que nºeta Colleçaõ entra tambem
outra mui numerofa, que fez D. Jeronymo Mafcarenhas,
Bifpo de Segovia, fobre a Hitoria de Portugal, a qual
comprehende muitas Memorias manufcritas, e imprefas,
que hoje feráõ raras , deduzidas Chronologicamente.
Mas de tantas obras quantas attribúe a ets fabio Por
tuguez o Abbade Barbofa, achei aqui fómente a Hito
ria de Ceuta em borraõ: as demais, ou etarião em ou
tra Etante, que eu naõ vife, ou ficaríaõ efpalhadas pelas
mãos dos Curiofos , de quem as naõ pôde haver El
Rei, ou a Adminitraçaõ da Bibliotheca , pois ignoro
o tempo, em que pafáraõ a ella, e o titulo por que
eta as houve. -

Huma das coufas que muito etranhei , foi naõ


achar ainda feito hum Indice Geral dos Manufcritos,
que poupafe aos que ahí vaõ o trabalho de os correr
hum por hum, para acharem o que haõ mifter: e mui
to mais etranhei quando foube , que ito me{mo fe or
denava nas citadas Contituições d'eta Bibliotheca, cap.
8. S. 5. dadas, como fica dito, por ElRei Carlos III.
Se eta obra etiveffe acabada, como por ellas etá man
dado ha perto de trinta annos, além do proveito que
d'ifo tiraria o Público, fe evitaríaõ muitas contetações,
que ordinariamente movem o Bibliothecario , e Ofi
ciaes, fob cuja guarda etaõ, aos que fe vem contran
gidos por auctoridade fuperior, ou curiofidade fua , a
confultar os manufcritos d'eta Bibliotheca. (a) O

-(a) N’ete anno fe começou hum Indice Geral dos Manufcritos, e


brevemente (e começará outro das Medalhas. He de efperar, que amº
DE LITT E R A T U R A P o R T U GU Ez A. 17
O Bibliothecario Mór, que he hoje D. Francifco
Peres Bayer, (a) confulta a ElRei todos os empregos da
Bibliotheca quando vagaõ : reprefenta por efcrito, ou em
audiencia particular , todas as necefidades extraordina
rias d’ella: determina aos Bibliotecarios Menores, Ofi
ciaes, e mais Individuos a parte, em que devem enten
der ; e finalmente tem o governo fupremo da dita Biblio
theca. Tem de ordenado trinta e feis mil reaes de Vellon
(I,44od) réis com pouca diferença) e para fua habitaçaõ
o andar fuperior de todo, ou de grande parte do edificio.
Tom. III. C Os

bos continuem com preteza : o primeiro, porque ha pouco baixou


huma Ordem para ifo : o fegundo, porque he dirigido por pefoas
de muita intelligencia, conflancia no trabalhe, e affeiçaõ ao etudo,
em que etaó empregados.
(a) Foi Matre dos Sereniffimos Senhores Infantes de Hefpanha,
e Penfionado d'ElRei Fernando VI. e hoje , além do emprego de Bi
bliothecario Mór, tem outros mais, afim Civís como Ecclefiafticos,
pois he Cavalleiro Penfionado da Ordem Hefpanhola de Carlos III.
Miniftro Honorario do Confelho, e Camara de Catella, Arcediago
da Santa Igreja Metropolitana de Valença. As fuas obras imprefas
em feu nome, e no de outros, faõ muitas, e de muita erudiçaõ :
porém julgo fer ainda maior o número das que tem manufcritas. Por
ordem d'ElRei Carlos III. foi vifitar a Real Livraria do Efcurial, on
de muito tempo eteve reconhecendo todos os manufcritos, que ahí
ha Gregos, Latinos, Helpanhoes , e mais Linguas vivas. Depois de
reconhecidos fez d'elles hum Catalogo de trez volumes de folio ma
ximo com o feguinte titulo º Regiae Bibliothecae Efeurialen/ês Manuf
critorum Codicum Graecorum, Latinorum, et Hi/panorum quot quot in ea
hoc annº 1762, inventi fuere Catalogus, Operum Auttorumque in iifdem
contentorum accuratam feriem exhibens , indicata uniuscujus que Codicis
aetate, et fubjecto in ejus confirmaticnem caracteris, quo vetuffiores at
que infigniores Codices confiant, ficcimine. D“ete Catalogo me fervi
por feu generofo offerecimento, para tirar hum extracto dos manuf
critos compofios por Portuguezes, ou fobre a Hittoria de Portugal.
Naõ fe cuide porém fer efte grande obfequio o unico, que devi
á attençaó, cortezia e graciofo acolhimento , com que efte Sabio re
cebe a todos os Etrangeiros, ainda quando o bufcaó fem recommem
“daçaõ de algum dos amigos e afeiçoados, que tem adquirido nas fuas
viagens. D“outros muitos ainda maiores lhe fou devedor , os quaes
referiria n'ete lugar, fe a fua grande modetia me tiveffe dado al
guma
nho davezminha
e{peranças de fer por elle bem acceito ete fincero teftemu
gratidaó, •
18 M E M o R I "A S
Os quatro Bibliothecarios Menores tem os feus oficios
repartidos, dous dºelles cuidaó nas cafas dos Livros im-.
refos, outro na dos Manuftritos, e o quarto na das
Medalhas. Vence cada hum de ordenado quinze mil
reaes de Vellon (6ood) réis com pouca diferença).
O Thefoureiro Adminitrador he o que recebe, e
difpende todos os efeitos applicados para mantença da
Bibliotheca. Vence tambem de ordenado quinze mil reaes
de Vellon, e no fim do anno dá contas ao Bibliothe
cario Mór , do qual paflaõ aos quatro Bibliothecarios
Menores em Junta,
de S. Magetade parae detes por via d'aquelle ás mãos
as approvar. •

Os Oficiaes Efcripturarios, além dºoutras obriga


ções, tem a de dar , receber, e tornar ao feu lugar os
livros pertencentes á parte da Bibliotheca, de que cui
dar o Bibliothecario, a que etiverem afociados. Os or
denados naõ faõ iguaes para todos , começando defde
fete mil e quinhentos reaes de Vellon, até quatro mil,
que he o mais baixo. Tanto etes, como os outros Of
ficiaes da Bibliotheca, faõ pagos por mezadas; e gozaõ
de todas as liberdades, privilegios, ifenções, e franque
zas, que competem aos criados de S. Magetade, pois
como taes fe confidéraõ. (a)
A

(a) S. Magetade Catholica difpende


com efla Bibliotheca, quando todos os
lugares etaõ chêos . . . . . . . 28e35156. R.s de Vellon,
Que reduzidos a moeda. Portugueza
equivalem a . . . . . . 11, 2o63524o réis.
A faber Bibliothecario Mór . . . . 3 6350co 1, 44od)ooo
Bibliothecarios Menores . . . . . 6o?)ooo 2, 4ood)ooo
Thefoureiro Adminitrador . . . 15 dºooo 6ood)ooo
Ffcreventes 2. . . • . . . 15 dºooo 6co?)ooo
Efcreventes 2. . . . . . . . 1332oo 528 (}) ooo
Efcreventes 2. . • • . . 1 1} ooo 44oçyooo
Efcreventes 2. . . • @ . 1odjooo 4ood)ooo
Efcreventes 2, . • • • - 9ç5ooo 36oçyooo.
Efcreventes 2. . . . . . 8ç}ooo 32O3ooo
Guardas 2, º . 7Q5ooo 28odpooo.
Porteiros 2. . . . . . - 636oo 264 booo.
DE LIT r = R A ru R A Por rva vez A. 19
A Bibliotheca dos Reaes Etudos de S. Ifidro he
menos copiofa, pois naõ excederá muito o número de
feffenta mil volumes. Seu Bibliothecario primeiro, que
he D. Miguel de Manuel e Rodrigues, (a) tem obri
gaçaõ de enfinar Hitoria Litteraria na dita Bibliothe
ca, e eu o vi prefidir a humas Conclusões, qne fe de
fendêraõ nos dias 23, 24, e 25 de Setembro pafado.
Ha muito tempo etou perfuadido , que a difputa de
palavra he hum meio infuficiente, para achar a vsrda
de em qualquer materia que feja ; e que etes chama
dos exercicios Litterarios fó podem fer tolerados nas Uni
verfidades, onde fe trata de apurar o merecimento dos
Etudantes, para lhes conferir os gráos Academicos. Fó
ra d’ellas he hum acto de oftentaçaõ , e que fómente
ferve para entreter a ociofidade d'alguns efpectadores,
e divertir a melancolia d'outros: o que fuccedeo tam
bem nete, pois naõ obtante ferem a elle prefentes as
Perfonagens mais illutres daquella Côrte , naõ pôde o
refpeito conter muitas rifadas , com que fe applaudiaõ
as inftancias, e getos d'alguns arguentes, e refpotas,
e modos de refponder dos defendentes.
O Duque de Medina Celi tambem tem pública huma
Livraria mui numerofa, e huma Cafa de Manufcritos : e
o Duque de Ofuna á "… trata de fazer públi
11 C3.

Para compra de livros impref


fos, e manufcritos . . . . 2o}}ooo R.s de Vellon 3oo3ooo reis
Para Medalhas, e Antiguidades lobooo . . . . 4oo25ooo
Para imprefsões . . . . 2oo9ooo . . . . 8oodbooo
Depezas annuaes . . . . 39}356 . . . . 1,5143524o
(a) Foi o primeiro, que em Hefpanha reduzio a fua Legislaçaõ a
principios, e methodo, compondo juntamente com o Doutor Dom
Ignacio Jordaó de Affo e del Rio humas Infituições de Direito de Ca/-
rella , a que precede huma erudita Introducçaõ fabre alguns artigos da
Hi/toria delle. Dizem que tem para publicar huma Collecçaõ completa
de Capitulos de todas as Côrtes, que fe tem celebrado n'e/le Reino, illuf.
trada de notas. He de efperar dos grandes etudos, e diligencia dºef.
tes dous fabios , que a dita Collecçaõ faia a público fem muitos
d'aquelles erros, que ordinariamente acompanhaô femelhantes obras.
2O * * * * M E M o R I A S - -

ca a que poffue, o qual he muito provavel, que feja


feguido de outros
grande, poder Grandes , pois entre elles tem hum
a emulaçaõ. •

Além d'etas livrarias ha fete mais tambem públi


cas, pertencentes a várias Cafas de Religiofos, em al
gumas das quaes ha Manufcritos ineditos, afim antigos,
como d'alguns fabios d’ete Seculo, entre os quaes me
recem efpecial memoria Fr. Martinho Sarmento, falle
cido em 1772, e Fr. Henrique Flores, auétor da Hef
panha Sagrada, e de outras muitas obras, o qual mor
reo no anno proximo feguinte.
Para quem etá acoítumado a ler pelo grande Li
vro da Natureza ha hum Mufeu, e hum Jardim Bota
nico , para cujo etabelecimento concorrêraõ tambem a
liberalidade e grandeza d'ElRei Carlos III. No alto da
porta principal por onde fe entra para efte Jardim fe
lê a Infcripçaõ feguinte:
C A R Q LU S III.
P. P. BOT A N 1 C E S IN S T A U R A T o R
C IV I U M SALUT I, ET O B L E CT A M E N T O.
A N N O M. DCC. LXXXI.

A Arte de Imprimir he fem dúvida a que em


Hefpanha etá em mais perfeiçaõ. Quando o reto da
Europa confiderava eta Naçaõ totalmente ignorante da
prática d’ella, appareceo imprefa pelo célebre Ibarra a
traducçaõ de Sallutio, que corre em nome do Infante
D. Gabriel de faudofa memoria. Os Inglezes, e Fran
cezes fôraõ entaõ obrigados a confeffar, que os habita
dores d'eta penínfula naõ careciaõ da energia neceffa
ria para o trabalho das artes; e que eta obra fe podia
pôr de nivel com as mais perfeitas , que tem falhido
das fuas Oficinas. (a)
Além
(a) D. Joaquim Ibarra foi certamente o Retaurador d'eta Arte
ºu Helpanha, e por ifo póde fer contado entre os homens illutres
D e L 1T r ER AT U R A Pon T U GUEz A. 21
Além d'eta Oficina , que hoje naõ he taõ boa ,
por haver falecido quem a dirigia , ha tambem a Im
prefaõ Regia etabelecida por Carlos III. , e outras mui
tas mui chêas de prélos, e em que fe trabalha com baf
tante perfeiçaõ, e com tanta actividade, com quanta
naõ vi trabalhar em Portugal; de forte, que fem o pe
rigo de faltar á verdade pofo afirmar , que de qual
quer prélo de Hefpanha fahe no dia hum terço mais de
trabalho , do que ordinamente faz o mais diligente do
nofo Reino. (a)
Tambem fe encontra na Côrte hum grande nú
mero de Encadernadores, que trabalhaõ com perfeiçaõ.
Hum dºelles falecido ha pouco tempo , teve a feliz
lembrança de mandar dous filhos a Inglaterra, e Fran
ça, para etudarem eta Arte. Ito naõ faria talvez ou
tro qualquer chegando a fer taõ rico como ele era ,
pois preferiria o vélos com diferente occupaçaõ ain
da que foffe menos util, ou o que he ainda mais or
dinario , ficaríaõ fem occupaçaõ alguma, fervindo de pe
zo ao Eftado, e de máo exemplo aos que etiveflem em
iguaes circumflancias. (b) A
S

dete Seculo. Naõ he fémente a imprefaó da traducçaõ de Sallutio,


o que honra o nome, e Oficina d'ete habil artifice, outras muitas
fahíraó della quafi com igual perfeiçaõ.
(a) Quem quizer taber a verdade de tudo quanto digo a refpeito
dos rapidos progrefos, que elta Arte tem feito em Hefpanha, pro
cure ver, além da Traducçaõ de Sallutio, a de Vitruvio, as duas
edições de D. Quixote, feitas por direcçaõ da Academia Hefpanhola
na Oficina de Ibarra; as duas edições da Hitoria de Hefpanha, eferi
ta por Marianna, huma feita pela Adminiftraçaõ da Bibliotheca Real,
e eutra pela direcçaõ de D. Manuel Monfort , filho do retaurador
d'eta Arte em Valença D. Bento Monfort; o Poema da Mºutica de
Iriarte : as duas obras de Bayer fobre as Medalhas Samaritanas: a nova
ediçaõ da Bibliotheca de Nicoláo Antonio : a nova ediçaõ da Hitoria do
Mexico, eferita por Solis ; e a Vida de Cicero, traduzida do Inglez
per Azara, Miniftro daquella Côrte na de Roma, a qual fe imprimio
ha pouco tempo na Imprenfa Real adornada com excellentes efiam
pas abertas em Madrid, e n'aquella Cidade.
(b) Antonio de Sancha era o nome d'ete Encadernador, que me
22 M E M o R I A s
As lojas de livros neta Côrte faõ poucas, e mal
fortidas, e por ifo julgo que algumas boas livrarias
de particulares, que tenho vito, tem fido feitas com
dobrado culto, porque
livros debaixo de feus lhes feria precifo mandar vir os
nomes. •

A Companhia de Livreiros he rica, e tem feito


reimprefsões de algumas obras necefarias, mas ela inaõ
fatisfaz certamente ao fim da fua creaçaõ, porque tem
deixado de imprimir as mais cutofas, e de mais difi
cil confummo, e fómente tem lançado maõ das d’hum
ufo univeríal, e por ifo de mais facil extracçaõ, e
maior ganho. Huma coufa tenho eu notado, e he que
ainda atégora fe naõ fez por conta d'eta Companhia
huma ediçaõ, que boa feja.
A Cenfura dos Livros fe faz em Hefpanha pouco
mais ou menos, como era feita em Portugal , antes do
Reinado do Senhor D. Jofé I. Em Setembro proximo
paffado publicou a Inquifiçaõ hum Epitome de todos os
Indices Expurgatorios, e Edictos , que ete Tribunal
tem publicado defde a fua creaçaõ atégora: e como a
fua publicaçaõ foi feita durante a minha refidencia em
Madrid , terá o Leitor razaõ de efperar de mim hu
ma relaçaõ individual dos livros de Portuguezes, que
n'elle fe achaõ comprehendidos, e tambem dos Etran
geiros efcritos fobre coufas de Portugal. (a) Ref:
|- (2/-

naõ era defconhecido antes de vir a Hefpanha, porque o Conde de


Campomanes faz delle memoria em hum lugar das fuas Obras Eco
nomicas, de que agora naõ pofo recordar-me. Era homem empren
dedor, e de muito acolhimento para todos os Sabios, de forte, que
todos os Domingos dava hum jantar a varios, e de differentes gradua
ções. Por ete modo confeguia algumas noticias proveitofas para o
feu commercio de livros, e os tinha fempre promptos, para o aju
darem com as fuas luzes na publicaçaõ de obras ineditas, e reimpref
{aõ de outras raras, que fôraõ muitas tanto d'hum como d'outro ge
mero. Os filhos em reconhecimento de feu Pai lhes haver bufcado taõ
bons educadores, mandáraõ debuxar o feu retrato, que eu vi, para
depois fer gravado, e galardoarem com elle os que o amáraõ em vida.
(a)O primeiro Indice de livros prohibidos, de que tenho noticia
que fahiffe pela Inquifiçaõ de Hefpanha, foi o que fe publicou em
D E L I T r E R Ar U R A Po RT U G U E Z A. 23
Refiauraçaõ de Portugal Reportorio dos tempos,
prodigio/a , por D. Gre # André d'Avelar. Lis
gorio de Almeida. Lisboa oa 1590. 1594. , 16O2.
1643. Vem prohibido a pag. Vem prohibido a pag. 18"
7. col. 2. col. 2.
Au

1559. com o feguinte titulo: Catalogus librorum, qui prohibentur man


dato Illufirijimi, et Reverendi/fini D. D. Ferdinandi de Valdes, Hip
palen/ês Archiepifcºpi , Inquifitoris Generalis Hi/paniae, nec non et Su
premi Sanctae, ac Generalis Inquifitionis Senatus. He hoje muito raro,
e d'elle tenho vito atégora dous exemplares , hum na livraria de
Bayer com algumas faltas, e outro na Bibliotheca Real. Nºete In
dice fe achaõ prohibidas as feguintes obras Portuguezas :
O Auto de D. Duardos, que Coplas de la burra.
naõ tiver centura. Auto feito novamente por Gil
O Auto do jubileo d'amores. Vicente fobre os mui altos, e
Auto da adherencia do Paço. ternos amores de Amadis de Gau
Auto da Vida do Paço. la com a Princeza Oriana filha
Auto dos Fyficos. d'ElRei Lifuarte,
Gamaliel. As Obras de Jorge de Monte
A Revelaçaõ de S. Paulo. mor, que tocarem a devoçaõ, e
As Novellas de Joaõ Boccaccio. coufas de Religiaõ.
O Teftamento de Chrifto em
línguajem.

Depois fe publicou outro em 1583. com o feguinte titulo : In


dex: et Catalogus librorum prohibitorum mandato Illu/tri/imi , ac Reve
rendi/Fini D. D. Gafparis a Quiroga Cardinalis, Archiepi/copi Teletani,.
ac in Regnis Hi/paniarum Generalis Injai/itoris, denuo cditus. Cum Con
filio Supremi Scnatus Santtae Generalis Inqui/etionis. N*ete Indice fe
achaõ tambem prohibidos todos os do fuperior, e além defes os feguintes:
Hifloria dos Santos. Padres do Thefouro dos Autos He/panhoes.
Te/iamento Velho , feita por Fr. Tratado dºs E/lados Ecclefafiu
Domingos Baltanas. cos, e Seculares, de Diogo de Sá,
Rhopica Pneuma, de Joaõ de Uly/#po, Comedia.
Barros.

Depois d'ete fe publicou outro no anno de 1584, com o feguin


te titulo : Index librorum expurgatorum, Illufirfimi, et Reverendi/imi
D. D. Ga/paris a Quirºga Cardinalis, et Archiepi/copi Teletani Hi/pan. Ge
neralis Inqui/etoris juju editus. De Conflio Supremi Senatus S. Genera
lis Inqui/etionis. •
24 M E M o R I A S
Auto de Braz Quadrado, prohibido a pag. 2o. col.

por Vicente Alvares. Lif
boa. Vem2. prohibido a pag. Auto do dia de juizo,
2o. col. •

Lisboa 1609. Vem prohibi


Auto de D. André. Vem do ibid.
Au

N“efte fe achaõ tambem prohibidos todos os dos dous Indices fupe


riores, e além dº efies fe mandaó expurgar as obras feguintes. Ufarei
das mefinas palavras, que vem no dito indice :
Ex: Anati Lufêtani, Curationum Birkmanum in 8, ibi ; Fides conti
Medicinalium , Centuria 4. Curatio net omnem religionem atque pieta
ne 36. pag. 233. in excu/is Lug tem ; omnes enim virtutes ex fide
duni apud Joannem Francifeum , aptae nexaeque funt, et cum illo
anno 1536; fanátifimo vinculo colligatae, et
Deleatur caput continens curatio implicitae funt. Delcantur haec ver
nem 36. quod incipit : Monacha ex ba : vel legantur fides viva, et fi
his, ufque ad illa verba : Alios lo de viva.
cos fuae doctrinae taceam. Cod. libr, fol. 2o. ibi : Obedien
Deleatur etiam ejufdem capitis ti tia igitur, et opera in Divinae Le
tulus , cujus initium e/ ; De mola gis (tudio praeclara pofita, actio
matricis, ufqae ad praegnantibus nesque cum pietate fufceptae, funt
faólis quae dant verae fidei fignificatio
Centuria 5. Curatione 51. de quar nem. Legatur; Verae prefectae fi
tana curata, pag. 157. deleantur dei fignificationem. • .

illa verba . Quam ut inter mona Cod, lib. fol. 27. circa finem de
chos agat dignus. leatar ab illis verbis : Ut tamen
In fine Centuriae 6. et 7. delea fatemur, o c. ufque adfinem libri.
tur jugurandum ejufdem Amati Lu Lib. 2. fol. 47. pag. 2. delea
fitani ab illus verbis : Juro Deum tur ab illis verbis: Cum igitur
Immortalem , afque ad me nihil mens, aflu: ad fludium immorta
prius alit antiquius. Et parum infra, litatis rapere. }

deleatar ab illis verbis : Eodemque Cod, lib. fol. 48. pag. 1. delean
loco femper apud me, ufque ad fe tur haec verba : Ergo cum fides to
étatores effent. tum animum regat, et in Verbi
Ex Hieronymi ab Olea/tro prae Divini tudium rapiat, confequens
factione in Pentateuchum, ab illis : neceffario eft , ut non cernatur fo
Neque mihi objicias o c. ufque ad lum in credendo, fed etiam in obe
illa: ommitto im vulgata editione, diendo.
deleatur. Ibid, pag. 2. circa fim. libr. de
Ex Hieronymi Oforii , Epi/copi leatur : Tunc igitur vere fideles fu
Silven/?s, libro de Jufiitia : mus, cum Dei Verbo audientes fu
IITUIS e
Lib. . 1. fol. 5. pag. 2. ex: im - • •

pre/ione Colºniae apud Arnoldum Lib. 4, fol. 1o5, pag. 2. deleas


DE LIT rER AT U R A PoRT U C U e zA. 25


Auto dos dous Compa Efirangeiros, e outra Vi
dres. Lisboa 1605. Evora lhalpandos fe permittem
1613. Vem prohibido a pag. com a emenda do Indice
2o. col. 2. Expurgatorio de 1747.
Auto da Farça Penada, A Comedia do Doutor
impr. por Antonio Alva Antonio Ferreira intitulada:
res. Vem prohibido a pag. O Ciafo fe permitte com a
2o. col. 2. emenda , que lhe fez o di
Auto dos Captivos, cha to Expurgatorio.
mado de D. Luiz , e dos Defenfio Tridentinae Fi
Turcos. Vem prohibido a dei de Diogo de Paiva, lib.
pag. 2o. col. 2. 3. fol. 3o5. Se mandou bor
Reportorio dos tempos, rar : Nom dari peccatum
por Joaõ da Barreira. Coim originale cuique proprium,
bra 1579, e 1582. Vem pro neque efe proprie fcelur.
hibido a pag. 22. col. 2. A Comedia de Jorge Fer
Cancioneiro Geral. Lif reira de Vafconcellos in
boa 1517. Vem prohibido titulada: Ulyfipo fe permit
a pag. 42. col. 2. te, fendo imprefa no anno
Thefouro dos Prudentes, de 1618, e fe prohibe fen
por Gafpar Cardofo. Coim do de outra qualquer edi
bra 1612. Vem prohibido a çaõ antecedente a eta. A .
pag. 43. col. 2. fua Eufro/ima tambem fe ,
Chronographia, ou Re prohibe, fendo da imprefaõ
portoria dos tempos , por feita antes do anno 1616.
Jeronymo de Chaves. Lif pag. Io3. col. I.
boa 1576, e Sevilha 1588. Antonio de Soufa de Ma
Vem prohibido a pag. 52. cedo, Eva y Ave, ou Ma
col. I. ria Triumphante. Madrid
As duas Comedias de 1731. Na fegunda parte,
Francifco de Sá e Miran capitulo 25. cujo titulo he:
da , huma intitulada : Os Hi/toricam , e trata da Im
Tom. III. D II131

tur ab illis verbis : Eam vero af fitemur inhaerere omnibus ufque


cenfionem charitas repente &c. ad filium.
u/que ad non amore incendi. Cod. lib, fol. 172, pag. 2. de
Lib. 7. fol. 162. pag. 2. delea leantur haec verba : Qui id per
tar ab illis verbis: Ut enim con aetatem fufpicari quidem potuere.
M E M o R I A s . " … e
26
maculada Conceiçaõ , fe D. Agotinho Manuel de
manda borrar defde o num. Vafconcellos: Succe/ion de
2. que começa : Entre el el Rey D. Phelipe II. á la
gran Theforo, até o fim do Corona de Portugal. Ma
num 4., que finaliza: Con drid 1639, fol. 69. Se man
cepcion Immaculada, pag. da borrar defde , Com Don
253. col. 2. Antonio, até hallo, excluf.
# Oforio, lib.I. Abregé Chronologique de
De Regis inflitutione, no PHifloire d'E/pagne & de
fim, depois de: Ad augen Portugal, divi/é em huit
dam Rempublicam pertine periodes : avec des Remar
ret, fe manda borrar até: quer //"# à la fim
Quamquam multi Reger. de chaque Periode fur le
Depois de Pernicio/am fo genie & c. 2. tom. A Pa
re videt, fe manda borrar rís 1765. Vem prohibida a
até: Quemadmodum igitur. pag. I. col. 2.
pag. 2O2. col. I. Abregé Chronologique de
Retrato dos jefuitas fei ##### &º de Portugal,
to ao natural fe prohibe &c. París 1765. 2, tom.
a pag. 229. col. 2. Obra diverfa da anteceden
Antonio Vieira, fèu li te , e vem prohibida no
vro de Sermões do Ro/ario. mefino lugar.
Madrid 1688, e 1698. fe Abregé elementaire de la
mandou emendar , como Geographie Univerfelle de
ordena o Indice Expurga /E/pagne &º de Portugal,
torio de 1747. par Mr. Maffon de Mor
Do me{mo, quatro tomos villers. I. tom. París 1776.
em folio de Sermões. Bar Vem I.prohibida
col. a pag. 2.

celona 1734. Se mandaõ


emendar , como ordena o Annales d'E/pagne & de
Edicto de 13 de Maio de Portugal, avec la de/crip
1789. tion de ces deux Royaumes,
Do me{mo , ou de Joaõ par Jean Alvares de Col
Pinto Ribeiro: Arte de fur menar, a Amfterdam 1741.
tar, E/pelho de engano, &c. Vem prohibidos a pag. 8.
fe prohibe, e fe achava já col. I.
rohibida pelo Edicto de Hi/toria del Regno di
Por
}^* de 1755.
D E L I T r ER A r U R A Po RT U GUEZA. 27
Portogallo por D. Giovani merarium Navale in Lufi
Bapttita Birago. Lione 1646. tanorum Indiam , Haga:
Vem prohibida a pag. 3o. Comit. 1599. Se permitte
col. I. com a emenda pag. 138.
Joannes Hugo, ejus Ite- col. 2.
Além dos que ficaõ referidos , incorrêraõ na mef
ma prohibiçaõ todos os que apontei na nota antece
dente s que haviaõ fido defendidos , ou expurgados,
Pelos Indices primeiros, que fez ete Tribunal.
Os Homens de Letras naõ fazem n’eta Côrte hu
ma figura taõ trite , como os vemos fazer em outras
partes. Naõ ha emprego de governo , jutiça, ou fa
zenda, a que naõ tenha direito, e efperança de che
gar, o que tem ete nome. Hum homem de merecimen
to conhecido, poto que naõ tenha huma afcendencia il
lutre, póde efperar fer. Embaixador, Graõ Cruz, Se
cretario de Eftado, Prefidente de Tribunal , e até en
trar na Ordem mais diftincta da Monarquia , que he
a do Tofaõ: de tudo ha exemplos, e naõ poucos, no
tempo prefente , dignos por certo de ferem imitados
em todos os paizes, em que a Juftiça reinar a par da
Filofofia.
Fóra etes empregos, os quaes em razaó do feu
pequeno número naõ podem contentar a muita gente,
tem o Etado outros premios , com que galardoar os
ferviços dos Homens de Letras, pois cotuma dar-lhes
pensões, com que fe mantenha6; e aos que tem al
guns mais relevantes, honrallos com o habito, e titulo
de Cavalleiro Penfionado da Ordem Hefpanhola de Car
los III., cuja penfaõ, ou tença, equivale a feis cen
tos e quarenta mil réis do dinheiro Portuguez; ou tam
bem condecorallos com as honras do feu Defembargo.
Os Grandes naõ faõ aqui contemplados, fenaõ pe
lo lado do merecimento pefloal; e como a fua ambi
çaõ, ou feja por educaçaõ Nacional, ou por ferem pofº
fuidores de grandes riquezas, fe limita fómente ao fer
• - • • D ii vi
28 M E M o R I A S
viço do Paço, e potos militares, vem a ficar para o ter
ceiro Eftado da Monarquia, e por confeguinte para os
Homens de Letras, o maior número de empregos. Na
Milicia tambem naõ empecem o adiantamento dos ou
tros , poto que cheguem em pouco tempo ás primei
ras Dignidades do Exercito , porque além de fe ver
accontecer o me{mo aos que naõ faõ Grandes, tem ef
tes a feu favor as graduações, por meio das quaes fi
caõ igualados na patente, e foldo , ainda que fucceda
naõ ficarem com o exercicio do feu poto, mas fim com
o de outro ás vezes muito inferior.
Ha pouco mais de dous mezes, fe prohibíraõ to
dos os papeis periodicos, com excepçaõ da Gazeta, e
Diario. Antes d'eta prohibiçaõ haviaõ varios, em que
fe dava conta das obras, que fahiaõ, e alguns em que
fe publicávaõ efcritos ineditos. O Efpirito dos Jornaes
era talvez o melhor que aqui havia, e bem que o feu
fundo principal era tirado do que fe publíca em Fran
ça com ete titulo, todavia algumas coufas vinhaõ n’el
le de proveito para os Letrados da Naçaõ , que eraõ
filhas da capacidade de feu auctor.
Quem ler com attençaõ eta pequena defcripçaõ,
que acabo de fazer do etado das letras neta Corte,
conhecerá que a reforma dellas começou no Reinado
de Filippe V.; e que quem as levou áquelle gráo de
bondade, em que ora fe achaõ, foi feu filho Carlos III.
Ete Principe, a quem a fua Côrte, e toda a Hefpanha
deve mais beneficios, do que fóra d'eila fe penfa, te
ria huma nomeada ainda mais illutre, fe quizeffe con
tentar-fe com o titulo, por muitos modos merecido, de
Reformador da fua Naçaõ; mas elle quiz unir tambem
a ete alguns outros , e por eta caufa fe vio amortecer
n'elle por algum tempo o efpirito de reforma, com que
havia empunhado o Sceptro d'eta Monarquia; e ficá
raõ por executar muitos dos grandes projectos, que ha
via concebido a favor das letras. Hum d’elles era o ef
tabelecimento d'huma Academia de Sciencias , e pen
sões
DE LIT r E R A T U R A PoRT U G U E z A. 29
sões para os feus Individuos, cuja traça o actual Mo
narca tem tratado de pôr em execuçaõ , logo que eti
ver em termos o magnifico, e foberbo edificio, que fe
eftá fabricando para fua habitaçaõ , junto dos antigos
Paços Reaes. - •

D I V I S A O I.
Das Memorias , Documentos , e Efcritos em
Portuguez.
F* Agotinho de Azevedo , da Ordem de Santo
Agotinho, Apontamentos fobre as cou/as do E/la
do da India, e Reino de Monomotapa. Foraõ efcritos
para intrucçaõ d'ElRei Filippe de Catella, que jul
go fer o Terceiro, por fe acharem encadernados jun
to de outro papel, efcrito n°efe mefmo tempo. Tem
6. paginas. Bibl. Real Et.J. n. 14. folhas 149, folio.
Alvaro Ferreira de Vera , Progenitores dos Condes de
Cafiel-Novo por arvores de cofiados de oito avós. Foi
efcrita em Madrid no anno de 1644, e he dirigida
a D. Jeronymo Mafcarenhas , Dom Prior Titular de
Guimarães, e Deputado da Meza das Ordens. Julgo
fer o Original, pela perfeiçaõ com que etá efcrito,
e tem 34 paginas. B. R. Et. K. num. 58. fol. I. fol.
Do melmo , Genealogia dos Ma/carenhas. Foi
efcrita em M drid a 3o de Outubro de 1644. Tem
18. paginas. Ibid. fol. 82. fol. •

Do mefmo, Genealogia dos Lobos Silveiras do


primeiro Baraõ de Alvito. Foi efcrita em Madrid no
anno de 1643. Tem 15. paginas. B. R. Et. K. num.
58. fol. 92.fol. •

Do mefmo, Genealogia dos Figueiredos, Olivei


ras, Guedes, Lemos, Silveiras, Pe/lanas, e Miran
4ar. Ibid. fol. 48., 54., 58 , Ioo., Io4., e 113, fol.
Do
3o M É M o R I A S
Do mefmo, Genealogia dos Cofias Corterreaes,
que procedem do Reino do Algarve, fua origem, e
armas conforme as Chronicas, e mobiliarios das fa
milias de Portugal. Foi efcrita em Madrid no anno
de 1647, e tem 8. paginas. Ibid. num. 59. fol. 235.
l
0/.

André Coelho, Capitaõ Mór das Cotas de Ceilaó, Ad


vertencias a Fernaõ de Albuquerque, Governador da
India. Foraõ efcritas em Goa a 24 de Julho de 162O.
Parece-me Original; e tem I. pagina.
Do mefmo, Avifos a Ga/par de Mello e Sam
paio. Foraõ efcritos em 24 de Fevereiro de 1621.
Tambem me parece Original; e tem 3 paginas. Em
hum e outro manufcrito fe trata dos damnos , que
na India faziaõ os Etrangeiros, e dos remedios com
que fe podiaõ prevenir. B. R. Et. H. num. 54. fol.
417, e 42O. fol. •

André Pereira, Capitaõ, Relaçaõ do que ha no gran


de rio das Amazonas novamente defcoberto. He pro
vavel fer ete o mefmo, de que faz mençaõ o Ab
bade Barbofa, com o appellido dos Reis, que efcre
veo em 1656: Livro de difcurfos de varias terras.
Tem 6. paginas. Ibid. Et. J. num. 14. fol. 135. fol.
Antonio Bocarro, Succefor de Diogo de Couto no car
go de Chronita da India, Tomo fegundo da primei
ra Decada dos feitos dos Portuguezes nos mares, e
terras do Oriente. He dedicada a ElRei de Catella
Filippe IV., e começa no capitulo 85., que tem o
feguinte titulo: De huma petiçaõ, que fez o Capi
taõ de Dabul fobre lhe deixarem pa/ar de Ormus
á Perfia as fazendas do Idalcaõ, que lá e/lavaõ; e
do que fobre il/o lhe re/pondeo o Rei, e fe fez fobre
huma Carta de S. Mage/iade contra o Bi/po da Chi

na. OTrata-fe
capitulonete capitulo tem
derradeiro de fuccefos do anno
a infcripçaõ 1613.
feguinte,
- Da vinda do Conde de Redondo Vice-Rei da India ,

fua chegada, e fim do governo de D. Jeronymo
• Azede
D E L 1 TT ERA T U R A Po RT U G U E Z A. 31
Azevedo até fua morte. Tem 356 paginas. B. R.
Eft. J. num. 21. fol. (a)
Do mefmo, Livro em que fe relata o fitio de
todas as Fortalezas, Cidades, e Povoações do Efia
do da India Oriental. Começa por huma Epitola
Dedicatoria , efcrita em Goa a 17 de Fevereiro de
Ié35 a ElRei Filippe IV., da qual conta, que el
le fizera eta obra por efpecial ordem, que para ifo
tivera do Conde de Linhares Vice-Rei da India , a
quem o dito Rei a encommendára. No fim tem huma
relaçaõ efpecial de todos os Conventos de Frades,
que etaõ derramados por aquelle Eftado. Ha outro
volume pertencente a eta mefima obra , em que fe
comprehendem cincoenta e duas plantas de fortalezas,
primorofamente illuminadas.
Barbofa faz memoria deta obra na Bibliotheca
Lufitana, trasladando o titulo, e dedicatoria do exem
plar, que o auétor mandou por outra via ao dito
Rei, o qual, quando elle efcreveo, fe confervava na
livraria do Excellentifimo Duque de Cadaval: e ao
dito Barbofa póde confultar, o que quizer ter huma
idéa mais clara da obra , lendo a dita dedicatoria.
B. R. Et. J. num. II. e 12.
Fr.

(a) Na Livraria da Cafa de Vimieiro haviaõ os dous tomos defa


obra, pois alli os encontrou o Conde da Ericeira, quando por efpe
cial Ordem da Academia Real da Hitoria a vifitou. Veja (e a Col
lecçaõ das Memorias da dita Academia do anno de 1724, num. 22..
pag. 3. , e num. 26. pag. 8. •

Quem ler o Summario da Bibliotheca Lufitana, ordenado pelo


Senhor Farinha, julgará, que na Livraria do Real Moteiro do Ef
curial, deve tambem haver outro exemplar defla obra; porém ifto.
naõ he affim : e fem duvida efte dito nafceu do Senhor Farinha
prefumir , que S. Magetade Catholica naõ tinha outra Livraria de
Manufcritos, fenaõ a do Efcurial, e d'eta, e naõ da de Madrid, en
tender que fallava o Abbade Barbofa em todos os lugares, em que
cita os Manufcritos de Portuguezes, que vio neta Livraria o Addi
cionador da Bibliotheca Oriental de D. Antonio de Leaó Pinelo, que
a vifitou por confentimento de Braz Antonio Nazarre e Ferriz, hum
grande invetigador de antiguidades, e terceiro Bibliothecario Mór..
32 . * * * M e M o R I A S
Fr. Antonio da Conceiçaõ , , da Ordem da Santifima
Trindade, Relaçaõ da vida e morte de fete moços,
que Muley Hamiet, Rey de Marrocos, matou porque
eraõ Chri/iãos a 4 de julho de 85. He dirigida ao
Principe Cardeal Alberto , Archiduque de Auftria ,
Sobrinho de Filippe II. , e por elle Governador de
Portugal. Tem no fim huma Carta Topografica da
Côrte de Marrocos. Efcurial, Eft. D. num. 27.4.º (a)
Antonio Fialho Ferreira, Razões á pergunta , que fe
me fez fobre a navegaçaõ, que fe tem aberto da Chi
na á India pelos boqueirões de Balle ; efe fèrá acer
tado fazer-fe viagem da China em direitura a Life
boa ; e que caminho faráõ as embarcações. Efte dif
curfo me parece Original, e foi efcrito no dia 7 de
Setembro de 164o. Tem 4 paginas. B. R. Et. H.
num. 73. fol. 588. fol. (b)
Antonio Gonçalves. Pafcoa, Defcripçaõ da Cidade, e
barra da Paraiba. Deta mefma obra conta , que
elle era Piloto, natural de Peniche , e que refidíra
vinte annos na dita Cidade. He huma copia tirada do
Original feita judicialmente por Ordem do Governo
no anno de 163o. Tem 5. paginas. B. R. Et. J.
num. I4, fol. 131, fol.
Antonio de Gouvêa, Monarchia da China dividida por
fèis idades. Começa por hum Prologo datado em 2o
de Janeiro de 1654, do qual conta, que elle a ef
crevêra no interior da China fobre memorias, que
eftu

(a) Julgo fer eta a obra, que o Abbade Barbofa attribue a efte
efcritor com o titulo feguinte: Triunfo dos fete meninos martyrizados
em Marrocos no anno de 1585, aos quaes elle reduzia á Fê, de que ti
nhaó apo/latado, e confortou para animofamente pedecerem a morte.
(b) Ha huma copia dete mefmo Difcurfo a fol. 592, o qual ferá
talvez o que ao Addicionador da Bibliotheca Oriental de Pinelo, a
quem fegue o Abbade Barbofa, pareceo fer traducçaõ Catelhana. O
Senhor Farinha tambem fe equivocou nete lugar, entendendo, que
a Livraria de que fallava Barbofa era a do Efcurial, devendo enten
der
vio oa dito
que Addicionador,
S. Magetade Catholica tem em Madrid, que foi a que
como já dife. • .
D E LITT ERA ru RA P o R ºu GUEz A. 33
etudára nas fuas mefinas Chronicas, e obtervações ad
quiridas pelo efpaço de vinte annos, em feis das fuas
Provincias. He dividida em Io partes, e cada huma
dellas em capitulos, e no fim tem hum Indice Ge
ral, e a Hitoria da Tartaria, tudo em 39o paginas.
B. R. ER. J. num. 16. fol. (a) . } -

Antonio Pinto Pereira, Hi/toria da India no tempo em


que a governou o Vice-Rei D. Luiz de Ataide.
Ete Codice comprehende o livro primeiro fómen
te dos dous em que a obra he dividida , mas fem
dúvida foi copiado do Original, que fe publicou em
I 617, ou d'algum exemplar muito correcto, e mui
to pouco tempo depois de fer compota. Pertence a
hum Portuguez, que refide em Madrid, penfionado
por eta Côrte, chamado Gerardo Jofé de Soufa Be
tencourt , que além dete tem outros manufcritos,
alguns dos quaes faõ preciofos pela Íua raridade.
Balthafar Marinho, Relaçaõ do que fe executou na ex
pediçaõ de Mombaça, para onde partio em 8 de fa
neiro de 1633. Foi efcrita em 4 de Fevereiro de 1634,
e me parece Original. Tem 6 paginas. B. R. Et.
. H. num. 66. fol. 421. fol. -

Bartholomeu Cacela, Palla que fez a Filippe III, na


entrada da Cidade de Elvas. Ibid. num. 52. fol.
282. fol. (b) - -

Tom. III. E D.

(a) O citado Addicionador da Bibliotheca Oriental de D. Anto


nio de Leaó Pinelo, no Tom. 1. Titº 7. Col. 1 13., donde tirou
Barbofa tudo quanto efcreveo dete manufcrito, dá a entender, que
na Livraria de S. Magetade Catholica havia outro com o titulo : Hi/-
toria da China, o qual naó lhe pareceo diverfo do que eu vi, e aqui
cito com o titulo de Monarchia da China. O certo he que o exem
plar por mim vito naõ he Original, e por confeguinte fendo o ou
tro tambem copia e identico, poderá fer de algum proveito, para do
concerto de ambos fe formar hum terceiro exacto. O Senhor Farinha,
fallando dete efcrito, e efcritor teve a mefina equivocacaó , que dei
xei acima apontada. - -

(b) Foi imprefa na viagem de Filippe III, a Portugal, efcrita por


Joaõ Baptita Lavanha, a fol. 3. o ; "+ - * * , !
*
34 - " M E M o R I A S * * * *
+

D. Fr. Chriftovaõ de Lisboa Arcebifpo de Goa , º Re


laçaõ verdadeira do infigne milagre do apparecimen
to, e vifaõ de Chrifio No/o Senhor Crucificado na
Cruz, que efiava no Monte da Boa Vi/la defia Ci
dade de Goa. Acha-fe datada em 17 de Fevereiro de
1629: he dividida em feis capitulos, e me pareceo
Original quando o tive na maõ; porém hoje duvido
que o feja, pois naõ he de prefumir, que fe enga
nafiem os que afinaõ a fua morte em 1622. B. R.
Et. H. num. 63. fol. 555. fol. (4) -

Conde de Catel-Melhor, Carta de Foro de 19 de Ago/-


to de 1643, pa/ada em Salvaterra a Lourenço Pi
res de Naçaõ Gallego, // e/le vir de fua e/ponta
nea vontade
Eft. H. num.fervir
77. fol. 47. Rei D. Joaõ IV. B. R.
o Senhor •

Do mefmo: Carta de 2o de Fevereiro de 1666


fobre os preliminares
75. fol. 605. fol. da paz com Cafiella. Ibid. num.
• -

Conde de Soure D. Joaõ da Cota , Carta e/crita de


Baiona a 26 de Novembro de 1659 ao Cardeal Or/i-
no na occafiaõ, em que fe efeituáraõ as pazes en
tre as duas Corôas Catholica , e Chri/tiani/ima
Ibid. num. 89. fol. 34: fol. . . . . …_
Conde da Vidigueira D. Francifco da Gama, Relaçaõ
do que lhe acconteceo na viagem da linha até Moçam
bique. Faz mençaõ deta obra como exitente na Bi
bliotheca Real - de Madrid o Addicionador da de Pi
nelo. Tom. I. Tit. 2. Col. 39., e ahi diz fer Ori
ginal. (b) D

(a) Eu julguei ter o autor delta Relaçaõ o mefmo Arcebifpo, a


que Barbofa a attribue , e por ifo lhe dá o appellido de Lisboa,
que naõ tinha no manufcrito, pois nelle vem afiignado, como he
ufo e cotume entre os Prelados delta Jerarchia, da feguinte manei
ra: D. Fr. Chri/lovaé Arcebi/po Primaz.
(b) Barbofa na Bibliotheca Lufitana diffe China, devendo dizer li
nha, como fe lê na de Pinelo, donde lhe veio a noticia dete ma
nufcrito. O mefmo erro perfilhou o Senhor Farinha, acrefcentando º
que elle exitia no Elcurial, o que naõ diffe, Barbofa.
D E LITT ERA ru RA P o Rºr U GU E z A. 35

D. Contantino de Sá e Noronha, Defcriptaõ dos Rios,


Plantas, Pórtos de mar, e fórma da fortificaçaõ da
Ilha de Ceilaõ. Foi enviada deta Ilha no anno de
I624, com as fortalezas mui bem delineadas 4.°
Faz mençaõ deta obra, como exitente na Biblio
theca Real de Madrid, o Addicionador da de Pinelo.
Tom. I. Tit. 14. Col. 479. (a) . . -

Damiaõ de Goes, Genealogia dos Reis de Portugal.


Ete manufcrito, além de naõ fer completo, me pa
rece etar muito adulterado. Tem 14 paninas. B. R.
Et. K. num. 59, fol. 18o. fol. - -

Diogo de Couto, Chronita da India, Oitava Decada


dos feitos dos Portuguezes nas terras e mares do
Oriente. Etá bem confervada. B. R. Et. J. num.
2o. fol. (b) • |- 4.

Do mefmo, Decada Decima dos feitos dos Par


tuguezes nas terras, e mares do Oriente. Ibid, num.
23. fol. vº .

Do mefmo, Epilogo das Decadas oitava e nona


dos feitos, que os Portuguezes fizeraõ no defcobri
mento, e conqui/ia dos mares e terras do Oriente,
em quanto governára 5 a India D. Antaõ de Noro
nha , D. Luiz de Ataide, D. Antonio de Noronha,
Antonio Moniz Barreto, D. Diogo de Menezes , e
outra vez D. Luiz de Ataide, Conde de Atouguia.
He dirigido a ElRei Filippe II., e falta-lhe o gover
no de D. Diogo de Menezes, e o fegundo do Con
de de Atouguia, B. R. Et. J. num. 22, fol.
Diogo da Cunha de Catellobranco, Informaçaõ para
ElRei do efiado da conquifia das minas da prata de
Cuamá. Foi efcrita em Goa por mandado do Vice
Rei a 7 de Fevereiro de 1619, e tem 12 paginas.
Ibid. num. 14. fol. 159. fol.
- . E ii D.

(a) O Senhor Farinha diz , que etava no Efcurial, entendendo co"


mo em outros lugares, que Barbofa fallava do Efcurial, quando fal
lava da Bibliotheca de S. Magetade Catholica.
(b) Efta, e a feguinte fe achaó imprefas. ..
36 . . . . JM É M o R. 1 A s"… : - . -

Duarte Galvaõ, Chronita Mór, Chronicar dos Reis de


Portugal
Efc. defdenum.
Eft. N. D. 17.
Afonfo
(a) Henriques até D. Pedro.
• -

D. Fernando Coutinho, Marechal, Lembranças que deu


- por eferito a feu filho D. Alvaro, partindo e/le e
fez irmaõ D. Francifco para fe embarear na arma
da, que no anno de 1624 foi foccorrer a Bahia de
Todos os Santor. Achaõ-fe datadas em 26 de Setem
bro do dito
H. num. 57. anno, e tem
fol. 437. fol. 31. paragrafos. •
B. R. Et.
-

Fernando Peres Pereira , Fragmento do Sermaõ , que


pregou em Lisboa no anno de 1640, quando elegéraõ
Rei 166.
fol. o Senhor D. Joaã IV, Ibid. Et. M. num. 161.
• •

Filippe III. Rei de Catella , Carta de 3o de Oitubro


de 1607, eferita a Rui Pires da Veiga, para efie
àr ao Convento de Thomar da Ordem de Chrifto , e
ahí devaçar dos Religiofos, que tiveraõ parte nas
defordens aecontecidas { occafiaõ da eleiçaõ do Dom
Prior,
H. num. e 49.
mais
fol. Prelados.
359. fol. He Original. B. R. Et.
- • •

> Do mefmo , Outra do me/mo dia, mez e anno,


- em que manda proceder a nova eleiçaõ, excluindo
º logo della a Fr. Filippe de Almeida. He tambem
Original. Ibid. fol. 36o. fol.
Do mefmo, Outra de 18 de Março de 16o8,
em que approva, e louva tudo quanto ne/la diligen
cia fizera o ditor Minifiro, e lho recebe em ferviço.
* He tambem Original. Ibid. fol. 361, fol. -
* Do mefmo, Outra de 17 de junho de 162o, em
que faz avifo ao Bi/po de Coimbra de o haver no
meada Governador de Portugal, na aufencia do que2;
- -
Mar •

*-

(a) Duarte Galvaó efcreveo a Chronica fómente do Senhor Rei


D. Affonfo Henriques, e as demais que andaó em feu nome junta
mente com efia tem outro auctor. Veja-fe Damiaõ de Goes, Chro
nica d'ElRei D. Manoel Part. IV, cap. 38,
DE LIT TE R A T U R A Po R T U GU Ez A. 37

|-
quez
ol. de Alenquer.… ºB. R. Et. H. num. 53. fol. 531 •

f Do mefmo, Outra de 19 de junho do 162o, em


que defobriga o Marquez de Alenquer do governo
de Portugal; e lhe ordena que tome o juramento do
co/iume ao Bi/po de Coimbra , eleito feu fucce/br.
Ibid. fol. 526, fol. •

Do mefmo, Alvará do me/mo dia, mez e anno,


pelo qual fe encarrega o governo de Portugal, ao Bif>
po de Coimbra D. Martim Afonfo Mexia, pela au
/encia do Marquez de Alenquer. Ibid. fol. 527. fal.
Do mefmo, Carta de 19 de Dezembro de 162o,
para o Inquifidor Geral compôr a diferença que ha
via entre o Arcebi/po de Lisboa, e Colleitor. B. R.
Et num. 53. fol. 529. fol.
Do me{mo, Carta do dito dia , mez e anno,
efcrita ao Marquez de Alenquer, em que fe lhe faz
avifo, e dá vi/la da Carta para o Inqui/idor Geral,
que fica apontada. Ibid. fol. 5 3o. fol.
Filippe IV. Rei de Catella, Carta de 3 de Abril de
1621, efcrita aos Prelados de Portugal, em que lhes
faz
57I. avifo
fol. da morte de feu Pai. Ibid. num. 54. fol.

Do mefmo , Outra do dito dia , mez e anno,


e/crita pelo mefino mºtivo a todar as Cidades e Vil
/ar , que tem voto em Córter. Ibid. fol. 572. fol.
Do mefmo , Outra de 12 de julho de 1621,
e/crita ao Bi/po de Coimbra, em que lhe faz avi
fo de o haver nomeado hum dos Governadores de Por
tugal. B. R. Et. H. num. 54 fol. 568, fol.
Do mefmo, Outra de 23 de julho do dito anno,
em que faz avifo, ao Marquez de Alenquer de haver
- nomeado Governadores para o governo de Portugal;
e que efies eraõ D. Martim Afonfo Mexia, Bufpo de
Coimbra, D. Diogo de Ca/iro Prefidente do Defem
bargo do Paço, e D. Nuno Alvares de Portugal, que
º fôra da Camara de Lisboa. Ibid. fol. 455. fol.
Do
38 M E M o R. r. A S
Do me{mo , Outra do dito dia, mez e anno,
e/crita ao Marquez de Alenquer, em que lhe orde
ma, que toma/e juramento aos trez Governadores ,
ue havia nomeado para o governo de Portugal. Ibid.
fol. 454, fol.
Do mefmo, Carta Patente do dito dia, mez e
anno, pa/ada aos trez Governadores de Portugal.
B. R. Et. H. num. 54, fol. 456, fol.
Do mefmo, Outra do dito dia, mez e anno,
em que dá parte á Camara de Lisboa da mudança
do Governo, e dos nomes e empregos dos Governa
dores. Ibid. fol. 458. fol.
Do mefmo Outra de 14 de Setembro de 162 r ,
e/crita aos Governadores de Portugal, em que lhes
ordena, que fize/em bufcar na Torre do Tombo, e
Secretarias os juramentos, que o Senhor Rei D. Se
bafliaõ tomou aos Governadores , que por / deixou
na jornada de Africa; e o Archiduque Alberto aos
que feu avô pozera em Portugal; e bem a/im os
dos dous Vice-Reis: e que d'huns e outros fe tira/>
fêm cópias, e fe lhe envia/em. B. R. Et. H. num.
54. fol. 567, fol.
Do mefmo, Carta de 6 de Setembro de 1623,
em que dá parte ao Conde de Portalegre D. Diogo
da Silva, de o haver nomeado para occupar o cargo
de Governador de Portugal, que ficára vago por fal
lecimento de D. Nuno Alvares de Portugal. Ibid.
num. 56. fol. 222. fol.
Do mefmo, Outra do dito dia, mez e anno, na
qual fe faz avifo a D. Diogo de Cafiro da nomea
çaõ do dito Conde para o referido cargo. Ibid. fol.
221. fol.
Do mefmo, Outra do fobredito dia, mez e an
no , pela qual o dito Conde foi encarregado do men
cionado Governo. Ibid. fol. 22o. fol. •

Do mefino , Outra de 25 de Oitubro do dito


anno, em que faz avifo á Camara de Lisboa de ha
-- 4
"Uey"
DE LIrr E R A ru R A Po RT U GU Ez A. 39
ver nomeado o me/mo Conde para o referido cargo.
B. R. Et. H. num. 56, fol. 223. fol.
Do mefmo, Outra de 17 de julho de 1626 pa
ra o Arcebi/po de Braga D. Afonfo Furtado de
Mendonça , em que lhe dá parte de o haver nomea
da hum dos Governadores do Reino de Portugal.
Ibid. num. 6o. fol. 278. fol. \
Do mefmo, Carta Patente pa/ada ao dito Ar
cebi/po de hum dos cargos de Governador de Portu
gal. Ibid. fol. 277, fol.
Do mefmo , Carta de 26 de Maio de 1631,
efcrita aos juizes de Fóra, quando elegeo para Go
vernador de Portugal ao Infante D. Carlos feu Ir
maõ. B. R. Et. H. num. 65. fol. 125. fol.
Do mefmo, Outra do dito dia , mez e anno,
efcrita # me/mo motivo aos Titulos , Prelados,
e Confelheiros de Efiado. Ibid. fol. 126. fol. .
Do mefmo, Outra de 8 de julho do dito anno,
pela qual fe concede ao Governador de Portugal li
rença para recolher-fe a fua ca/a. Ibid. fol. 128.
fol.
Do mefmo, Outra do dito dia , mez e anno,
em que dá parte á Camara de Lisboa, de haver no
meado o Infante D. Carlos para Governador de Por
tugal. Ibid. fol. 129. fol.
Do mefmo, Outra de Io de julho do dito an
no , em que mandava entregar quatro; huma para
o Baraõ d'Alvito D. Francifco Luiz de Lencafire ;
outra para o Marechal D. Luiz de Noronha; a ter
ceira para o Bi/po do Algarve; e a quarta para o
Conde de Unbaú , os quaes naõ tinhaõ fido contem
plador, quando fe deu parte ás outras pe/oas da fua
qualidade, da eleiçaõ do Infante D. Carlos para Go
vernador de Portugal. B. R. Et. H. num. 65. fol.
I3o. fol.
Do mefmo, Carta Patente de 22 de julho do
dito anno , pa/fada a D. Antonio de Ataide , Go
"U64°--
4O M E M o R I As
vernador interino de Portugal, atéque ahí chega/>
fè o Infante D. Carlos. Ibid. fol. 131. fol.
Do mefmo, Carta do dito dia, mez e anno, na
qual dá parte ao fobredito Governador de haver no #
meado para o governo de # os Condes de Ca/>
tro, e de Val de Reis. B. R. Et. H. num. 65. fol.
I32. fol.
Do mefmo, Outra de 29 de junho de 1632 ,
em que dá parte a Filippe de Me/quita de haver
elegido a D. Diogo de Ca/iro , Conde de Bafo , por
Governador de Portugal, com o titulo de Vice-Rei.
Ibid. num. 66, fol. 435. fol.
Do mefmo, Outra fem data, em que dá parte
ao Conde de Bafio de haver nomeado por Confelheiros
ao Duque de Villa-Hermo/a, ao Regedor Manoel de
J'a/concellos, a D. Franci/co Ma/carenhas, e por Con
felheiro Letrado ao Doutor Cid de Almeida. Ibid.
fol. 436, fol.
Do mefmo, Carta de 5 de Março de 1633, ef>
crita ao dito Conde, em que lhe dá parte de haver
nomeado por Vice-Rei de Portugal ao Bi/po de Coim
bra D. Joaõ Manoel, eleito Arcebi/po de Lisboa.
B. R. Et. H. num. 66. fol. 437. fol.
Do mefmo, Outra de 13 de Abril do dito an
no , e/crita ao dito Conde, em que lhe dá por levam
tado o juramento, por entrar a governar o Bi/po de
Coimbra. Ibid. fol. 438. fol.
Do mefmo, Outra de 14 de Abril do dito an
mo, efèrita ao mefino Conde, em que lhe ordena vie/>
fe e/perar na Villa de Campo Maior ao referido Bif>
po. Ibid. fol. 439. fol.
Do mefmo, Outra de 27 de junho do dito an
no , efèrita ao fobredito Conde , em que re/ponde a
alguns artigos relativos á admini/?raçaõ de Portu
gal
Et. enviados
H. num. por
66, e/le
fol. ao
434.Duque
fol. de S. Lucar. B. R.
• •

Do me{mo, Outra de 29 de junho do dito anno,


• eferi
DE LITTERAT U R A PoRT U GU Ez A, 41
efèrita ao fobredito Conde fobre as razões , que o
movêraõ a naõ ir entaõ a Portugal; e naõ confen
tir no governo d'elle mais que huma pe/oa. Ibid.
fol. 44O. fol.
Do mefmo, Outra do dito mez e anno, efcrita
4 Camara de Lisboa, em que lhe faz avifo de ha
ver nomeado para Governador de Portugal a D. Dio
go de Ca/iro, Conde de Ba/lo. Ibid., fol. 433. fol.
Do mefmo, Outra e/crita em julho do me/mo
anno ao dito Conde, em que approva com louvores
o feu governo. B. R. Et. H. mum. 66, fol. 443. fol.
Do mefmo, Outra de 12 de Novembro de 1634,
efcrita ao fobredito Conde, em que lhe dá parte de
haver nomeado para fucceder-lhe no governo a Prin
ceza Margarida. Ibid. num. 67. fol. 8o. fol.
Do mefmo, Outra do dito dia, mez e anno,
e/crita á Camara de Lisboa, em que fe lhe dá avi
fo de ir governar Portugal a dita Princeza, Ibid.
fol. 79. fol.
Do mefmo, Outra de 3o de Novembro do dito
anno, efcrita ao Conde de Bafio, fobre a ida da di
ta Princeza para Portugal. Ibid. fol. 74. fol.
Do mefmo, Outra do dito dia , mez e anno,
eferita ao referido Conde, em que lhe dá por levan
tado o juramento do Governo, B. R. Et. H. num.
67. fol. 75, fol.
Do mefmo, Outra e/crita ao dito Conde , em
{', Je declara a maneira, por que a dita Princeza
avia de fer recebida pelas Camaras, e fu/tiças das
gºol.
, e Villas, por onde pa/a/e. Ibid. fol. 76.
Do mefmo , Outra de 15 de Dezembro do di
to anno, efcrita á dita Princeza, em que lhe orde
na algumas coufas para o bom exito da Superinten
dencia Geral dos Navios, de que hia encarregado o
Marquez de la Puebla. Ibid. fol. 71. fol.
Do mefmo, Outra de 24 de janeiro de 1635,
Tom. III. F • e/cri
4* * * * * * * *:M E M o R-1 A s r : " : "
ºffita 4 febredita Princeza, em que lhe dá os pa
****** de haver chegado com faudê a Lisboa; e ap
Prºva o haver lido no Confelho de Efiado as Infirúe
{*
num. , 67.
, e fol.
Regimento
7o, fol. do Jeu Cargo. B. R. Et. H.
• • •

Do me{mo, Carta de perdaõ geral pa/ada em


Pezembro de 1637, a todas as Cidades, Villas, e
Lugares dos Reinos de Portugal, e Algarve, que
*raó parte nas alterações, a que dera origem o
lançamento dos tributos para a reflauraçaõ de Per
"ambuco. Ibid., num. 7o fol. 191, fol. (a) . .
+ Do mefmo, Plenipotencia de 29 de Fevereiro de
1658, dada ao Conde Duque de Olivares, para em
/** nome conceder graças aos Portuguezes, que vie/>
{ //* obediencia. B. R. Et. H. num. 88. fol.
. 65. fo/. • •

Cartas dos Reis de Cafiella Filippe III., e IV, e Infº


*rucções dirigidas aos Governadores dos Senhorios de
Portugal na Afia, Africa, e America, defde o anno
1699 até o de 1641. Achaõ-fe todas encadernadas em
}0/,
volume de 686 paginas. Ibid. Elt. J. num. 19.
"…

Francifco
- Eft. M. Ataide ,
num. 8.e Sotomaior Varias Poefias. Ibid. •

Francifco de Hollanda, Dois livros da Pintura Anti


ga. O primeiro he dividido em quarenta e quatro ca
- } , dos quaes o derradeiro tem o titulo feguinte:
De todos os generos, e modos de pintar: ao qual fe
fegue logo huma taboada de alguns preceitos da Pin
tura. Começa por hum Prologo dirigido ao Senhor
Rei D. Joaõ III., de quem havia recebido muitos fa
# , e tudo quanto defpendêra na fua viajem de
italla. . • . ** *

O livro fegundo começa tambem por hum Prolo


º go dirigido ao dito Senhor Rei, e he efcrito á ma
- - InCI

(a) Ha huma cepia deta carta º fol. 18; dete mefine Codice.
DE LIr rER A ru R A Por ru Gu e zA. 43
neira de Dialogo, o qual he dividido em quatro par
tes, tratando n’ellas: 1.º da nobreza , e excellencia
da profifaõ de Pintor: 2.° do valor e serviço da Pin
tura, afim na paz como na guerra : 3.° da etima
# em que tinhaõ eta arte, e fuas obras as outras
ações. Segue-fe a ito huma relaçaõ dos Pintores, a
que elle chama modernos; depois outra, em que re
fere os famofos Illuminadores ; apôs eta outra, em
que trata dos Efculptores de marmore ; depois outra,
em que refere os Architectos; a eta fe fegue outra,
em que dá conta dos Entalhadores de laminas de co
bre; e por derradeiro outra, em que refere os de
Corniolas. Dá fim a ete fegundo livro com os pro
verbios, que ha na Pintura. - - -

Parece que o primeiro livro foi efcrito, fendo elle


em Lisboa, no anno de 1548, e o fegundo em San
tarém no anno de 1549; porque no fim d'aquelle fe
lê a memoria feguinte: Acabeyo defereuer hoje dia
de S. Lucas Euangelifia è Lixboa Era 1548; e no
fim dete a feguinte: Acabeyo de/creuer se emendar
à Santarê hoje Quinta feira tres dias do mes de
Janeiro na era de no/o Senhor fefa Chri/lo de 1549.
Do mefmo, Dialogo fobre o tirar polo natural,
tido no Porto entre elle e Braz Pereira, que foi f*
/ho de Fernaõ Brandaô , Guarda-Roupa do Infante
D. Fernando. (a) F ii No

(a) No anno de 1753 fôraõ traduzidas em Catelhano etas duas


ºbras por Manoel Diniz, a qual traducçaõ cita o Conde de Campo
manes no feu Difcurfo (obre a Educaçaõ Popular, pag. 1oo. not. V.,
e julgo que nunca fe imprimio.
Na Viagem de Hefpanha efcrita por D. Antonio Ponz, tom. II.
Cart. 5. num. 9. fe faz mençaõ d'hum livro de debuxos feitos por
ete mefino efcritor, que ainda hoje fe conferva com outros da mef.
ma natureza em "hum armario, que etá no fundo da Livraria do
Real Moteiro do Efeurial. Tem o dito livro o título feguinte , Rei
nandº em Portugal ElRei D. Joaõ III. Francifeo de Hollanda pafºu a
Italia livro.
defie - * * que
, e das antigualhas . * retratou
. * vio . . fua
. .com . * * ºs defenhos
* *todos
maõ •
44 - M E M o R I. A sr … " ••

"…
No mefmo volume, em que etas duas obras ef.
taõ encadernadas fe achaõ entremettidos varios debu
Xºs, em que fe vem applicados os preceitos que ahí
dá, os quaes he muito provavel que fejaõ da fuá maõ.
• mais que poderia dizer acerca d’ete manuf
crito refervo para huma Memoria efpecial, que ef>
creverei fobre a vida de feu autor , contentando-me
Por ora com dizer, que elle pela fua doutrina, pu
fí.1Caº
e propriedade de locuçaõ merece ver a luz pú
Francifco Martins, Profefor de Lingua Latina na Uni
vertidade de Salamanca, Panegyrico á c……g. z!-

Começa por hum retrato do Summo Pontifice Paulo III., e ou


tro de Miguel Angelo illuminados. Depois fe vem tambem nºelle
Perfeitamente debuxados os melhores pedaços das antiguidades de Ro
mº, cºmo faõ o amfitheatro de Veípafiano, as columnas Trajana e
Antoniana; os troféos de Mario ; o templo de Jano, e de Baccho •
º de Antonino, e Fauftina, e o da Paz ; os baixos relevos de Mar
cº Aurelio; o Septizonio de Septimio Severo, e outros muitos mo
numentos, e partes de ruinas, como faõ cornijas, frifos, capiteis,
que ainda agora fubfiftem, bem que naõ taõ inteiras, como quando
etes debuxos fe fizeraõ.
Além d'etes ha de mais no dito livro vitas de Veneza, e de
Napoles debuxadas com igual perfeiçaõ, e tambem alguns fepulcros
da Via Appia, o amfitheatro de Narbona, e muitos debuxos de mo
faycos , de etatuas antigas , e outras coufas. A tudo quanto fica
dito pelo Senhor Ponz, em louver deta preciofa obra julguei dever
accrefcentar , que o mefmo Francifco de Hollanda no liv. H. da outra
que intitulou : Da Pintura antiga º fe jaéra de haver feito efte livro.
Tranfcreverei o lugar, onde ito fe diz pelas fuas mefimas palavras:
Dizia eu que fortalezas, ou cidades firangeiras naõ tenho eu inda nº
meu liuro ? Que edificios perpetuos, e que fatuas pefadas tá inda efia
Cidade (Roma) que lhe eu ja naõ tenha roubado? E leve sé carretas nã
nattio" é leues folhas ? Quc pintura de Stuque ou Trutefco fe defebré por
</tas grutas e antigoalhas, afi de Roma como de Puzol, e de Bºjas,
que fe naõ ache º maes raro dellas pollos meus cadernos rifados ?
• He de advertir que na Livraria de S. Magetade Fidelifima exif
te hum manufcrito dete mefimo auctor intitulado : Fabrica que fale
ce a Cidade de Lisboa, pafiado a eta da do Conde de Redondo, en
de a via o Beneficiado Joaõ Baptita de Catro, que a cita no Re
feiro Terrefire de Portugal, pag. 4. ed. 1767.
DE LIT TER A T U R A Po Rºr U G U Ez A. 45
farea Real Magefiade del Rey Dom Filippe No/o
Senhor fegundo das He/panhas e primeiro de Por
tugal. Efe. Eft. E. num. II. 4.°
Gafpar Gomes de Abreu , Vartas cartas e/critas de
Tui a D. Jeronymo Ma/carenhas no anno de 1657,
em que trata da marcha, e apercebimentos do Exer
cito Portuguez na campanha dºe/è anno. B. R. Et.
H. num. 87. fol. 27. fol.
Gonçalo Annes Bandarra, Gapateiro de Trancofo, Pro
fecias no anno de 1546. Ibid. Eft. M. num, 2o1. (a)
D. Jeronymo Fernando , Bifpo do Funchal, Relaçaõ
breve de dous bons fucce/os, que D. feronymo Fer
mando Bi/po do Funchal da Ilha da Madeira teve o
mez de janeiro d'efia era de 631, nos cargos que
ora ferve de Governador, e Capitaõ General, tiran
do a hum pirata huma prefa importante, e fazendo
tamar em guerra a outro pirata. He Original, e
tem 3 paginas. B. R. Et. H. num. 65. fol. I23. fol.
Do mefmo parece fer, Huma carta e/crita em
3o de Setembro de 1624 a ElRei Filippe IV., em
que lhe reprefenta os males , que no temporal pa
decia aquelle Bi/pado. He Original, e tem 4 pagi
nas. Ibid. num. 57. fol. 485. fol. -

Do mefino, Carta do dito dia , mez e anno,


e/crita tambem a ElRei Filippe IV, em que lhe dá
noticias de alguns fucce/os do Bra/il, recebidos no
porto da Ilha da Madeira, e de algumas cou/as re
Iativas ao governo temporal d’ella. He Original, e
tem 4. paginas. B. R. Et. H. num. 58. fol. 416.
fol. (b)
Ignacio Ferreira, Prática que fez a ElRei Filippe III.
na entrada da Cidade de Lisboa. Ibid. num. 52.
fol. 284, fol. (c) -

D.

Cº) D. Vafce Luiz da Gama as fez imprimir em Nantes.


(b) Imprefa em Lisboa no anno 1619.
(e) Ha outra do mefmo teôr por outro e(crita, e por elle affigna
da a fol. 413. dete mefmo Codice.
46 M E M o R I A S ** *

D. Joaõ IV. Rei de Portugal , Editio de 9 de fu


lho de 1641, em que promette accolhimento, e pro
tecçaõ aos naturães dos Reinos de Cafiella , e
Leaõ, que quize/em ir efiabelecer-fé nos feus E/>
tador. # 4 paginas. B. R. Et. H. num. 75. fol.
517. fol. •

D. Joaõ Ribeiro Gaio, Bifpo de Malaca, Roteiro que


fez para ElRei com Diogo Gil, e outros das Cof
tas de Achem. Efta obra he dividida em #"
capitulos, e tem 47. Foi efcrita pelo dito Bifpo em
Malaca aos 23 de Dezembro de 1584, e por elle
fe acha affignada. Tem 26 paginas. Ibid. Et. J.
num. 14. fol. 182. fol. (a)
Do mefimo, Relaçaõ de Luchen, eferita a El
Rei. Conta de 16 capitulos 4.
Exite na Livraria do Marquez de Vilhena, Ef
tribeiro Mór de S. Magetade Catholica.
D. Jorge Mafcarenhas, Governador , e Capitaõ Gene
ral de Mazagaõ, Carta de 4 de Fevereiro de 1619,
efcrita a ElRei Filippe III, fobre cou/as d'ElRei
Muley/idań; e foccorro que lhe pedira, e fe lhe de
ra. Tem 8 paginas. B. R. Et. H. num. 52. fol.
254. fol. •

Do mefmo, Papeis authentitos de como perdeo


a batalha Muley/idaô, e fe retirou a Zafim, onde
e/teve cercado; e o meio que houve para virem a
liberdade os cativos de Mazagaõ. Tem 24 paginas.
Ibid. fol. 88. fol. ",

Jorge da Silva, Difcurfo fobre as cou/as da India e


Mina. He dirigido ao Senhor Rei D. Sebatiaõ.
Faz mençaõ deta obra como exitente na Biblio
the

-(a) O Abbade Barbofa, fundado no tetemunho do "Addicionador


da Bibliotheca Oriental de Pinelo, tinha dito, que efte manufcrito
exitia na Livraria de S. Magetade Catholica, e entendeado o Senhor
Farinha, que elle fallava do Efcurial, diffe que exitia na Livraria
dete Moteiro, no que teve equivocaçaó. + • • •
D E LIT TER A T U R A P o R T U G U E z A. 47,
"theca Real de Madrid o Addicionador da de Pinelo.
Tom. I. Tit. 3. Col. 78. (a) •

Manoel Gonçalves, Piloto, Roteiro da jornada de Per


nambuco ao Maranhaõ. Por ete, e naõ pelo Capi
taõ Mór Alexandre de Moura, parece haver fido ef
crita; pois que acaba da feguinte maneira: Efia he
a viagem que fizemos de Pernambuco a efia terra
do Maranhaõ = Manoel Gonçalves. E no titulo diz
afim : jornada que fizemos da Capitanía de Pernam
buco, com a armada em que veio por Capitaõ Ale
xandre de Moura á conquifa do Maranhaõ, e trou
xe por Piloto na capitaina a Manoel Gonçalves o
Regefeiro de Leça. Tem 11 paginas. B. R. Et. J.
num. 14. fol. 176, fol. • •

Manoel Monteiro, Demarcaçaõ da Ilha de Mombaça,


- e da barra d'ella. Foi efcrita no 1.° de Abril de
_ 1597, e tem 5 paginas. Ibid. fol. 147, fol.,
Nuno Alvares Botelho, Carta de 16 de Maio de 1625,
e/crita a ElRei Filippe IV, na qual lhe dá conta
do que lhe accontecera nºs mares da India com os
baixeis que governava, e dos foccorros que fe ha
vtaõ mifier para a defeza de Ormuz. Tem 8 pa
ginas. B. R. Et. H. num. 59. fol. 193. fol.
D. Paulo de Lima Pereira, Relaçaõ do /itio e conqui/>
fa da Cidade , e fortaleza de for. Foi efcrita no
anno de 1587. Ibid. em hum livro, que tem por ti
tulo: Papeis tocantes a Filippe II. Part. II. fol. 233.
fol. (b) •

+ - Pau

(a) Tambem nete lugar fe enganou o Senhor Farinha, dizendo


que efte manufcrito exitia no Efcurial, o que Barbofa nem o Addi
cionador diferaõ.
(b) O Abbade Barbofa dá noticia d'ete manufcrito, e d'outro do
mefine autor , que vai apontado na Divifaó II, defes Apontamentos,
dizendo na fua Bibliotheca Lufitana, que ambos exitiaõ na Livraria
de S. Magetade Catholica, fegundo a informaçaõ do Addicionador
da Bibliotheca Oriental de Pinelo. O Senhor Farinha no Summario,
que d'ella fez, diz o me{mo : mas fe me perguntarem a razaõ por
que n'ete lugar, e quando falla do manufcrito de Manoel Monteire.
48 M E M o R I A s
Paulo Rodrigues da Cota , Relaçaõ da jornada; e def>
cobrimento da Ilha de S. Lourenço , que o Vice-Rei
da India D. Jeronymo de Azevedo mandou fazer.
Partíraó os defcobridores em 27 de Janeiro de 1613
No fim d'ete manufcrito fe acha hum capitulo da
Carta, que Fr. Athanafio, Religiofo de Santo Agof
tinho , éfcreveo do Sul ao Arcebifpo Primaz D. Fr.
Aleixo de Menezes. Pertenceo n'outro tempo ao Con
de de Miranda , e tem 76 paginas. B. R. Et. J.
num. 12, fol. (a)
Pedro d'Almeida Cabral , Informaçaõ dos Reinos de
Monomotapa, e Rios de Cuamá. Foi efcrita por Or
dem Regia, em Carta de 15 de Novembro de 1639,
}}" 6 paginas. Ibid. Et. H. num. 64 fol. 289.
'ol. (b
Pedro "……… de Gandavo, Hifloria da Provin
cia Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Bra
fil. Efc. Et. B. num. 28. (c)
Fr. Rodrigo Alvares Pacheco, O Serafim Humano, Poe
ma fobre a Vida de S. Francifco. Foi efcrito no an
no de 164o. B. R. Et. M. num. 134 (d)
Salvador Dias, Relaçaõ da fortaleza, poder e trato com
os Chinas, que os Hollandezes tem na Ilha Formo
fa. D'eta obra conta, que elle era natural de Ma
/ CaO ;

acima referido, copiou fielmente a Bibliotheca de Barbofa, dizendo


como elle diffe, que os feus efcritos etavaõ na Bibliotheca, que Sua
Magetade Catholica tem em Madrid, e nos outros lugares fempre
entendeo, que elle fallava da do Efcurial, naõ a faberei dar.
(a) No tempo em que o Abbade Barbofa compoz a Bibliotheca
Lufitana, havia hum exemplar deta Relaçaõ na Livraria da Cafa de
Abrantes. Veja-fe a dita Bibliotheca, tom. 3. pag.533. col. 1.
(b) Tambem nete lugar fe equivocou o Senhor Farinha, dizendo,
que efte manufcrito exitia no Efcurial.
(*) Foi imprefo em Lisboa no anno de 1576. 4, º
(d) Eta Memoria a tirei do principio d'hum Indice, em que actual
mente trabalhaõ alguns Oficiaes da Bibliotheca Real, por ifo naõ
dou noticias mais circumtanciadas d'ete manufcrito, que conjectural
mente julguei fer efcrito em Portuguez.
DE LITT ERA TUR A Po R T U GU Ez A. 49
cáo; que na dita Ilha etivera captivo, e que dºahí
fugíra em huma foma no mez de Abril do anno de
1626. Tem 16 paginas. B. R. Et. J. num. 14. fol.
55. fol.
D. Sebatiaõ, Rei de Portugal, Cartas efèritas no anno
de 1573 a D. Antonio de Noronha, Wice-Rei da In
1 (2.

Faz mençaõ dºetas Cartas como exitentes na Bi


bliotheca Real de Madrid o Addicionador de Pine
lo. Tom. I. Tit. 3. Col. 71.
Do mefmo, Carta por que faz Fidalgos de So
lar conhecido a Diogo, e Luiz de Cra/lo , e de/-
cendentes de bum e outro, fem embargo do defeito
de nafcimento, B. R. Et. K. num. 58, fol. 41. fol.
Simaõ Davoada Silveira, Intentos da jornada do Pará.
Eta obra foi eferita em 21 de Setembro de 1618.
}}"
ol. 8 Paginas. B. R. Et. H. num. 5 I. fol. 174. •

Vafco Mouzinho de Quevedo, Afonfo Africano. Poe


ma da tomada de Arzila, e Tanger. Ibid. Et. M.
num. II6. (a)
Primeira Parte da Hifloria Geral d'ElRei D. Afon
fo X. de Cafiella. Naõ fe declara no Codice o au
étor delta traducçaõ , a qual comprehende os trinta
e hum primeiros capitulos do Genefis, com varias no
ticias tiradas da Mythologia, e Hitoria Profana. He
e(crita em pergaminho, e fe crê fer feita por meado
do decimo quarto feculo. Efc. Et. O num. I.
Chronica do Infante D. Henrique , Duque de Vi/èu ,
Senhor da Covilhã, Regedor, e Governador da Or
dem de Chrifio ; em que fe trata da Conqui/ia de
Guiné, e algumas cou/as da India. Foi efcrita por
efpecial ordem do Senhor Rei D. Affonfo V. no an
no I 453. •

Faz mençaõ dºeta Chronica, como exitente na


Tom. III. G Bi-.

(*) Foi imprefo em 1611. 12.°


5o M E M o R I A s
Bibliotheca Real de Madrid o Addicionador da de
Pinelo. Tom. 1. Tit. 3. Col. 18. (a)
A Vida , e os feitos de fulio Cefar. Eta obra foi
compota do que efcrevêraó Suetonio, o mefmo Ju
lio Cefar nos feus Commentarios de Bello Gallico, }

e Sallutio. Conta tambem do Prologo, que o feu au #

étor quizera continuar a dita obra , efcrevendo de //

todos os Emperadores Romanos, que fe feguíraõ até


Domiciano. • -
}}

Bayer confefa no lugar , dºonde foi tirada eta


memoria, que procurára com muita diligencia achar
o nome de auétor, mas que nunca o encontrára. He
certo porém, e ito fe confirma pela fua linguagem,
e letra , que elle vivêra no principio do decimo
quinto, ou fins do decimo quarto feculo. He efcrito
em pergaminho. Efc, Et. Q. num. 17. fol.
Livro das Cidades, e fortalezar, que a Corôa de Por
tugal tem nas partes da India ; e das capitanías,
e mais cargos que nellas ha , e da importancia del
les. Começa por hum Prologo dirigido a ElRei, e !
he dividido em 17 capitulos, efcritos todos n’hum ca
racter muito elegante.
O auctor fe occultou ; mas de alguns lugares da
obra conta , que ella fôra efcrita no anno de 1582.
He o primeiro o que fe acha no cap. 1. fol. 1o. on
de tratando do Tanador Mór de Goa diz o feguin
te: E de/le cargo por efiar vago fez S. Magelade
d'el Rei No/o. Senhor mercê no de/pacho da India
proximo pa/ado de/ie anno de oitenta e dous a Rey
maõ Falcaõ, Fidalgo de fua Ca/a, filho do Chança
rel Mór Simaõ Gonçalves Preto.
He o fegundo o que fe acha no mefmo capitulo 2
• (a) He muito provavel, que eta Chronica fofe compota por Go

mes Eanes de Zurara, o que feria facil averiguar, fe podefe ver o


eftylo com que foi efcrita ; mas eu naõ a pude encontrar, e certa:
inente, ficou envolvida entre os muitos manufcritos, que naõ me foi
polivel examinar por falta de tempo.
D E L r r r E R A r U R A Po R T U G U EzA. 51
a fol. 14. verí., quando fallando do Provedor Mór
dos Contos da dita Cidade diz: O qual cargo fe pro
ae nefte Reino com informaçaõ do Vi/o-Rei, e o Con
de de Atougia proueo delle á hum Simaõ do Rego
Fialho, contador antigo, de que lhe pa/ou fua pa
tente, a qual o dito Simaõ do Rego mandou confir
mar ao Reyno, e S. Mage/iade del Rei no/o Senhor
Alho confirmou o anno pa/ado de oitenta e dous no
de/pacho da India.
He o terceiro o que fe acha no cap. 2. fol. 17.,
onde fallando do Capitaõ da fortaleza , e terras de
Bardez, diz: E o anno pa/ado de oitenta e hum,
fez S. Magefiade del Rei no/a Senhor mercê della
a Diogo Lobo de Soufa.
He o quarto o que fe acha no mefmo capitulo
a fol. 17. verf., em que tratando do Capitaõ da for
taleza de Rachol, diz : Tem de ordenado o Capitaõ
defia fortaleza oitenta mil rês cadanno per regi
mento, e o anno pa/ado de oitenta e hum fez Sua
Magefiade mercê de/ia Capitania a Manuel de Mi
7"ZZ/2/2/2e

He o quinto o que fe acha no cap. 3, fol. 22.,


onde fallando do cargo de Corretor Mór das fazen
das de Chaul, diz: E ora o anno pa/ado de oitenta
e hum no de/pacho da India, que fe fez em Eluas,
fez S. Mage/tade mercê defle cargo de Corretor Mór
das fazendas de Chaul a Amador Mender de Orta
em dias de fua vida Óºc.
Outros mais podéra produzir , mas julgo, que
com os que ficaõ referidos, deixo affaz provada a ida
de dete manufcrito. Tem 274 paginas. B. R. Et.
J. num, IO7. 4.°
Roteiro Geral com largas informações de toda a cofia,
que pertence ao Efiado do Bra/il; e a de/cripçaõ de
muitos lugares d'elle , e/pecialmenee da Bahia de To
dos os Santos. Segue-fe ao titulo huma Epitola De
dicatoria, efcrita a D. Chriftovaõ de Moura no pri
G ii • mei
52 M E M o R I A S
meiro de Março de 1587. N’ella confefa feu auctor,
que refidíra nó Brafil pelo largo efpaço de 17 an
nos; e que fendo depois em Madrid tirára a limpo
todas as noticias ahí adquiridas, em quanto a dila
çaõ de feus requerimentos lhe dava a ifo lugar.
Eta obra he dividida em duas partes , da qual
a primeira tem 74 capitulos , e a fegunda 196. O
primeiro capitulo dºeta tem o titulo feguinte :. Mê
"
"norial , e declaraçaõ das grandezas da Bahia de 4
Todos os Santos ; da fua fertilidade, e das notaueis
partes que tem. E o derradeiro o que fe fegue: Ca
pitulo em que fe declara a muita cantidade de ou
ro e prata , que ha no commercio da Bahia.
Pertenceo nºoutro tempo ao Conde Duque de Oli
vares, Minitro d'ElRei Filippe IV. Tem 456 pa
ginas. (a) B. R. Et, J. num. 83, fol. -

Collecçaõ de varias poefias, eferitar a maior parte em


Portuguez, e as outras em Cafielhano por varios
aučiores, cujos nomes fe occultaõ, falvo o de Diogo
Bernarder. He do anno de 1598. Efc. Eft. C. num.
22. Aº
Carta de 3 de Dezembro de 1605, efcrita pelo Con
celho dº huma das Cidades da Afia a ElRei Filippe
III. , em que lhe pede foccorros. Tem 12 paginas.
B. R. Eft. J. num. 14. fol. 25o. fol.
Deferipçaõ Genealogica da Illufiri/ima, e Antiqui/i-
na familia dos Mellos.
Efta defcripçaõ parece original , e foi mandada
por hum Bifpo de Lamego deta mefima familia, fe
gundo conta dºhuma carta de 22 de Outubro de
1610 , affignada de fua maõ. Tem 46 paginas. B.
R. Et. K. num. 59. fol. 364 fol.
Infirucções, que fe deraõ a Francifco Pereira Preto,
quando foi enviado na anno de 161o, á Côrte de Ro
2014

(…) Ha outro exemplar naõ completo debaixo do num. 82, o qual


Pôde fer de algum proveito para com elle fe concertar o antecedes
te , que tambem he copia,
DE L 1 r r ER A T U R A Po R ru GUE z A. 53
ma por Agente da Corôa de Portugal. Tem 7 pa
ginas. Ibid. Et. H. num. 49. fol. 405. fol.
Relaçaõ das Tenças, que ha nos Almoxarifados, Al
fandegas , Cafas de Lisboa , e Chancellarias. Foi
tirada no anno de 1617. Ibid., num. 58, fol. 127. fol.
Livro de todos os Capitães Móres , Governadores, e
Pice-Reys , que tem tdo á India, de/de o principio
do feu defcobrimento , até o anno de 1619, com o
número das náos, e nauios, que cada hum leuou a
feu cargo, e as que de lá tornáraõ a falvamento,
e ficáraõ n'ella. Tem 25o paginas. B. R. Et. J.
num. 15. fol. max.
Relaçaõ breve da Ilha de Ternate, Tydore , e mais
Ilhas Molucas, aonde temos fortaleza, e prefidios;
e das forças, náos, e fortalezas, que o Inimigo Hol
landez tem por aquellas parter. No fim fe diz fer
feita em Malaca. a 28 de Novembro de 1619. Tem
16 paginas. Ibid. num. 14. fol. 41. fol.
Relaçaõ do roubo, que fizeraõ os Francezes dºhuma
náo, que vinha do Bra/il no anno de 1622, com o
titulo de N. Senhora da Caridade ; e da reflitui
çaõ, que fe pedio em França, e por a naõ querer
alar, fè mandáraõ embargar os bens dos Francezes
até a quantia do roubo. Tem 2. paginas. Ibid. Et.
H. num. 55. fol. 186.
Acordaõ, que fe tomou na Camara de Celorico, fobre
os negocios da guerra de 1623 , remettido por ella
ao Confelho de Portugal na Córte de Madrid. Traz
por extenfo os votos das pefoas, de que fe compu
nha a Vereaçaõ dº aquelle anno, e todos nºhuma lo
cuçaõ tal, qual podiaõ ter homens de fuas profifsões.
O Juiz era chamado Braz Joaõ Gallego ; o Vereador
mais velho Joaõ Cabelludo , de oficio Pedreiro; o
fegundo Vicente Gomes ; e o Procurador Gregorio
Vaz, Hortelaõ. B. R. Et. H. num. 56. fol. 247, fol.
Carta e/crita em janeiro de 1624, pelo Cabido de Bra
ga ao Arcebi/po D. Aleixo de Menezes, com o mo
- f1
54. M E M o R I A s. …"
tivo de correr voz, que o haviaõ elegido Vice-Rei
# India.
04.
Tem 4 paginas. Ibid. num. 57. fol. 433.

Traslado de alguns capitulos de outra carta e/crita


para o dito
_Filippe. TemArcebi/po,
2 paginas.fegundo
Ibid. parece, por ElRei •

Duas Cartas de 2o dº Agafio de 1627, efcritas por El


Rei de Melinde, e de Mombaça, huma ao Papa, e
outra ao Provincial, e Definidores da Ordem de San
to Ago/linho da Provincia de Portugal, fendo refli
tuido a feus Efiador. B. R. Et. H., num. 61. fol.
17. fol.
Relaçaõ do Ca/amento do Duque de Bragança D. Joaõ
Segundo defie nome, com a Senhora D. Luiza Fran
- cifra de Gufmaõ , filha do Duque de Medina Sido
nia; e de tudo o que pa/oz na occafiaõ de feu reci
bimento. Tem 12 paginas. Ibid. num. 66, fol. 46o. (4)
Demarcaçaõ da Cofia de Guiné. He dirigida, fegundo
parece, a ElRei, pois acaba afim: Tenho muitos al
uitres que dar a V. Magefiade, quando for tempo,
e V. Mage/lade me apremiar dos muitos ferviços,
que tenho feito a V. Magefiade ne/ias partes de Gui
né. Em Lisboa anno 1635. Tem 7 paginas. B. R.
Et. J. num. I4, fol. 198. fol.
Reprefentaçaõ, que a Ordem de Chrifio fez a ElRei
Filippe IV., por haver mandado embarcar os feus
Cavalleiros para re/iaurar o Bra/il no anno de 1636.
. Faz mençaõ d'ella como exitente na Bibliotheca
Real de Madrid o Addicionador da de Pinelo. Tom.
II. Tit. I2. Col. 682.
Relaçaõ das grandes batalhas , que os Galeões da In
dia tiveraõ com os Inimigos Européar, que chegáraõ R
á bahia de Goa no anno de 1637. fol. -
Faz mençaõ della como exitente na *#
Re

(a) Veja-fe a Divifaõ II. onde fe apontaráó as Capitulações Matri


moniaes , imprefas em hum dos Tomos das Provas da Hitoria Ge
nealogica da Cafa Real Portugueza.
DE LITT ERA TUR A P o R ru Gu e z A, 55
Real de 67.
3. Col. Madrid o dito Addicionador. Tom. I. Tit.
• •

Relaçaõ vinda da Bahia de Todos os Santos , eferita


em 3 de junho de 1638, pelo Medico do Governa
dor, que entaõ era, o Conde da Torre. Dá-fe, nella
conta do aperto , em que tinhaõ pota eta Cidade
os Hollandezes. Tem 6 paginas. B. R. Et. H. num.
71. fol. 3o8. fol.
Sentença, que fe deu na Cidade de Evora em 16 de
Março de 1638, contra os principaes cabeças da fe
diçaõ, que ahí houve. Julgo que foi dada por algu
ma Alçada. Ibid. fol. 325. fol. (a)
Allegaçaõ de Direito fobre a precedência, que deviaõ
guardar nos a/entos, e votos os Marquezes, quan
do concorre/em nos Confelhos com os Arcebi/pos, e
Bi/pos.
385. fol.Tem 28 paginas. B. R. Et. H. num. 72, fol.
• -

Carta de 13 de fuzho de 1644, na qual fe daõ noti


cias do # de Portugal. Parece-me Original. Ibid.
num 78. fol. 227. fol. •

Navegaçaõ da India de Portugal. Ete titulo nem he


do auctor, nem correfponde bem ao que na obra fe
trata. Tambem me parece continuaçaõ de outra, pois
no principio diz: Primeiramente pa/ando o Cabo da
Boa E/perança , indo caminho da India até o Cabo
de S. Seba/ifaõ faõ humas terras muito formofas de
montanhas. Trata depois do Reino de Gofala, de
pois do de Banamatapa, e defereve fummariamente
cada hum detes Reinos. De forte que efte efcrito he
quafi huma Defcripçaõ do Oriente, naõ fó pertencen
te a Portugal, mas tambem do que o naõ he; porque
tem hum capitulo, que diz afim : O muito grande,
e for
(*) Na Livraria da Cafa dos Condes de Vimieiro achou o Conde
dº Ericeira todos os papeis pertencentes a eta ediçaõ, com os af
fentos, e cartas del Rei Filippe IV., e de feu Miniftro o Conde.
Duque de Real
Academ. Olivares. Veja-fedea 1724,
da Hifloria Collecçaõ
num.dos14 Docum.,
pag.4. e Memor da •
56 - M E M o R I A S
e formofo Reino da China: apôs ete outro com o tí
tulo feguinte: Conta de huma grande terra, que cha
maõ Laqueos ; depois outro: Das perolas, e aljafar
meudo: do que ual dentro em Calecut, e terra do
Malauar: a efte fe fegue outro: Declaraçaõ dos Ru
bis, e as córes , que haõ de ter, e onde nafcem, e
quanto valem em Calecut. Segue-fe outro : Do que
valem os diamantes da Mina Velha dentro em Cale
cut : apôs ete outro : Da declaraçaõ das torquefas,
onde nafcem, e do preço delas: depois outro: Das
efineraldas , da cor, e conhecença que tem. E efte
he o derradeiro. Tem 2 Io paginas. B. R. Et. J.
num. 13. fol. • -

Relaçaõ de todos os Oficios de Fazenda, e fu/tiça, que


ha nefie Efiado do Brafil, e quaes pertencem ao pro
vimento de V. Mage/iade, e ao dos Donatarios em
vida, ou por tempo limitado. Tem 33 paginas. B.
R. Et. J. num. 14. fol. 15. fol.
Eftado da India, e onde tem o feu principio. Parece-me
fragmento de obra maior , e tem 8 paginas. Ibid.
fol. 33. fol.
Defcripçaõ breve da fortaleza de Malaca, e feus mu
ros, e artelharia, mandada fazer pelo Bi/po d'ella
D. Gonçalo, ou D. Jeronymo da Silva. Tem 5 pagi
nas, Ibid. fol. 49. fol. (a)
Deferipçaõ da fortaleza do Rio Grande. Tem 4 pagi
nas. B. R. Et. J. num. I4 fol. 58. fol.
Do principio do Reino de Ormuz, e Reis que até bo
je teve, como temos alcançado de fuas e/crituras, e
Mouros antigos e fabios, com que abá por e/paçº de
onze annos communicámos. Nºeta obra fe trataõ mui
tas coufas além das que declara o titulo. Tem 54
paginas. Ibid. fol. 71. fol. Ri

(a) O Addicionador da Bibliotheca Oriental de Pinelo, no tom.


1. tit. 3. col. 5o. dá a efte Prelado o nome de Jeronymo i e como
eu naõ pude ver outra vez ete manufcrito, depois que li as citadas
addições, naõ podendo por ifo faber de qual de nós etava o enga
no , lhe dei aqui hum, e outro nome.
DE LITT e R A r U R A Po R ru GUEz A. 57
Riquezas que produz o Efiado da India. Efta obra he
mui larga. No S. I. trata da pimenta , do anil, e
algodaó. No 2.° da feda da China , marfim da
Ethiopia, cavallos, e feda da Perfia. No 3.° refere as
demais coufas da Perfia. De forte, que ella fe póde
intitular: Tratado das producções do Oriente afim
da Natureza, como da Indu/tria, e Commercio. Tem
63 paginas. B. R. Et. J. num. 14. fol. 98. fol.
eclaraçaõ do que contém o mappa dos portos do Rio das
Amazonas até a Ilha de Santa Margarida, onde fe
pefań as perolas. Tem 5 paginas. Ibid. fol. 139 fol.
Breve informaçaõ fobre algumas cou/as das Ilhas da
China. Tem 7 paginas. Ibid. fol. 165. fol.
Governo da India Oriental. Efta obra he dividida em
capitulos naõ numerados, do qual o primeiro come
ça da feguinte maneira: Separaçaõ que ElRei fez de
todo o E/tado da India, diuidindo-o em tres Gouer
nos, a faber D. Antonio de Noronha foy eleito des
o Cabo de Guardafum até Ceilaõ por Vi/o-Rey; e
Francifeo Barretto por Gouernador des o Cabo das
Correnter té o de Guardafum ; e Antonio Moniz
Barretto por Gouernador de/de Pegu té a China. De
pois d'eta infcripçaõ fegue afim : ElRey como ti
nha ordenado, que a gouernança da India fa/e trien
naria , e D. Luis de Ataide que la efiaua cumpria
o feu triennio, ordenou Óºc.
Parece-me fer fragmento de obra maior, e tal
vez que efte exemplar feja diftincto do que cita o
Addicionador da Bibliotheca de Pinelo no Tom. I.
Tit. 3. Col. 76., dando-lhe por titulo o que ella tem
no num.
J. primeiro capitulo. Tem 254 paginas. B. R. Et.
18. fol. •

Do modo com que faõ pofios os nomes aos Oficiaes da


Armaria. He fragmento de obra maior, e começa
no S. 19. Tem 28 paginas. Ibid. Et. K. num. 59.
fol. 14. fol. • ",

Quéfaõ da fórma do a/ento,He Senhorio, que os Mou


Tom. III. • 7"/2."
58 M E M e R I A s
ras tiveraõ na Villa de Moura. Tem 9 paginas.
B. R. Et. K. num. 45. fol.
Efiado da Conqui/ia das Minas da Prata de Cuama.
fol.
Faz mençaõ d'eta obra, como exitente na Bi
bliotheca Real de Madrid, o Addicionador da de Pi
nelo. Tom. I. Tit. 3. Col. 76.
Relaçaõ dos cafamentos da Rainha D. Leonor, e fue
ce/aõ que teve. Tem 4 paginas. B. R. Et, H. num.
54. fol. 415. fol.
Relaçaõ das pe/oas a que fe e/creveo, dando-fé parte
da eleiçaõ do Infante D. Carlos para Governador de
Portugal. Tem 2 paginas. Ibid., num. 65. fol. 127.
fol.
Memorial do Duque de Bragança, em que pede a El
Rei Filippe III, a confirmação das Juas prerogati
vas, e rendas, em attençaõ aos merecimentos de fua
Ca/a. Tem 4 paginas. B. R. Et H. num. 49. fol.
26I. fol.
Advertencias para a reforma de abufos, e governo do
Reino de Portugal. He borraõ, e tem 32 paginas.
Ibid, num. 5o. fol. 67. fol. (a)
Di/curfo fobre o levantamento de Portugal. Tem 8 pa
ginas. Ibid. num. 75, fol. 599. fol.
Informaçaõ da Chri/landade de S. Thomé, com outras
cou/as tocantes ao ferviço de V. Mage/iade. Tem
12 paginas. Ibid, num. I4 fol. 208, fol. (b)
Recopilada narraçaõ dos principios da Rebelliaõ de
Portugal: Breves advertencias, e zelo/os difcurfos
/obre ella, efèritos em Lisboa por hum Portuguez,
/*al va/alo da Mage/lade Catholica d’el Rei D. Filip
pe no/o Senhor, e remettidos a outro re/idente na
Córte de Madrid. Dedicados á fidelidade, e obedien
C1/2

(a) Julgo que efte efcrito feria compoto entre os annos de 1611,
eSuce/is
17 ; porque
del añoo 1611
Codiceafiaqueel ode comprehende
1617. tem o titulo feguinte :
• |-

(b) Foi efcrito pelo mefimo. tempo»


D E L 1T r ER A T U R A Po R ru GUEz A. 59
cia com dezejo da reducçaõ dos fediciofos, da uti
lidade da Republica, e da honra, e proveito da Pa
tria. Tem. 184 paragrafos, e 154 paginas. B. R.
Et. H. num: 75. fol. 271. fol.
Cancioneiro. He compoto de varias Poefias. Ibid. Et.
M. num. 28. (a)

(a) Depois de recolhido a Portugal, mandei vir de Hefpanha hu


ma analyfe dete Cancioneiro, porque o naõ pude ver em quanto
ahí e tive, por querer fazer acquificaó de Memorias Hitoricas, que
era o principal objecto da minha Commifaó. Foi efcrita por D. Jofé
Thomaz, hum dos mais benemeritos Oficiaes da Bibliotheca Real
de Madrid. O Codice 28 da Eft. M. ( dizia elle) he hum Cancio
neiro de ebras burlefcas e{critas na Lingua Portugueza, recopilado,
fegundo parece, no feculo decimo quinto. Comprehende 96 folhas
de folio, e ainda he maior o número dos auctores das poefias nelle
conteudas, as quaes todas faó coplas reaes, compotas de duas re
dondilhas de cinco verfos cada huma ; outras de quatro : algumas mix
tas: poucos vilhancicos, e redondilhas de quatro verfos com alguns
tercetos. A maior parte dos verfos faõ dos que chamaõ de redondi
lha maior, ou de oito fyllabas, muito poucos de redondilha menor,
ou de feis fyllabas, e fe encontra frequentemente o verfo quebrado.
Os aflumptos faó todos jocolos, e os nomes dos autores os feguintes.
Do Coudel Moor. Pedro Mem.
Fernaõ da Sylveira. Bras de Acofta.
Joaõ Fogaça. Duarte da Gama.
Do Commendador Moor Gregorio Afonfo, criado
Pedro de Madrid. do Bifpo de Evora.
Joaõ Rodrigues de Saa. Henrique de Almeida.
Diogo Brandaõ. D. Alvaro de Atayde.
Nuno Pereyra. Joaõ Corrêa.
Henrique Defa. D. Rodrigo de Catro.
Duarte de Lemos. D. Pedro da Sylva.
Luis Henriques. D. Joaõ Manuel.
Joaõ Rodrigues de Catel Manuel Godinho.
branco. Jorge Moniz.
Pedro de Almeida. Fernaõ Godinho.
Luis da Sylveyra. Tritaõ da Cunha.
Joaõ Afonfo de Aveiro. O Contador Luis Fernandes.
H ii Joaõ
6o M=M9 R I A s
T

Joaõ de Montemoor. O Senhor D. Afonfo.


Rodrigo Alvares, , Afonfo Furtado.
Bartholomeu da Cota. Henrique Corrêa.
Ruy Lopes. D. Martinho da Sylveira.
O Craveyro. Sancho de Pedrofa.
Affonfo Rodrigues. Henrique Henriques.
Duarte de Almeida. Francifco de Sampayo.
Rodrigo de Magalhaaés. Simaõ de Miranda.
Fernaõ de Crafto. Nuno Fernandes de Atayde.
Gonçalo Gomes da Sylva. Jorge Barretto.
Leonel Rodrigues. D. Gonçalo Coutinho.
Affonfo Valente. Joaõ Falcaõ.
O Conde de Tarouca. D. Joaõ de Moura.
Pedro Moniz. •

Jorge Daguiar.
O Conde de Villa Nova. Ruy de Soufa o Cide.
D. Manuel de Menezes. D. Lopo de Almeida.
D. Rodrigo de Menezes. D. Garcia de Catro.
Joaõ Rodrigues Pereira. Antaõ de Faria.
Affonfo de Carvalho. O Marquez.
Dogo Monis. Lopo de Soufa.
D. Ferrando. •

Do Conde de Portalegre.
Francifco da Sylveira. Pedro Farzam Bufcante.
D. Goterre. Antaõ Dias Monteyro.
D. Rodrigo de Catro. D. Antonio de Velafco.
D. Rodrigo de Monfanto. D. Afonfo Pimentel.
Joaõ Gomes. Iñigo Lopes.

D. Pedro de Atayde. D. Rodrigo de Mofcofo.


O Camareyro Móor. Pedro Fernandes de Cordo
Vale
Jorge
ManueldedeVafco Goncelos.
Goyos. •

D. Joaõ de Menezes.
Jorge Furtado. Gonçalo Mendes Gacote.
Antonio de Mendoça. D. Rodrigo Sande.
Do Barram. D. Duarte de Menezes.
Ruy de Soufa. Manuel de Noronha.
Jorge Sylveira. Do Coudel Moor Francif>
Valco de Foes, co da Sylveira. Joaõ

DE LITT E R A r U R A P o R ru GUEz A. 6}

Joaõ Gomes de Abreu. D. Affonfo de Noronha.


Diogo Zeimoto. Henrique de Figueiredo.
Do D. Metre Rodrigo. Beatris de Atayde.
Joaõ de Arrayolos Mourif Joaõ da Sylveira.
CO. Alvaro Fernandes de Al
Gomes Soares. * * meida.
Diogo de Miranda. ***
Luis Dantas.
Alvaro Nogueira. Diogo de Sepulveda.
Diogo Pereira. Garcia de Rezende.-
D. Ioaõ de Saldanha. * Diogo Fernandes.
D. Maria de Soufa. Ayres
FernaõTeles.
de Pina. • ".

Leonor Moniz.
D. Maria da Cunha. D. Joaõ Lobo.
Maria de Soufa. Vafco Martins Chichorro.
Joanna Ferreira. -
Pedro Mafcarenhas.
D. Joanna Henriques. Joaõ de Abreu.
D. Ifabel da Sylva. D. Luis de Menezes.
Diogo da Sylveira. Alexemaõ. •

D. Mecia Henriques. Antonio da Sylva. •

Do Baraõ Leonel de Mel Do Conde de Vimiofo.


lo. - Simaõ da Sylveira.
Do Macho Ruço de Luis O Meirinho da Corte.
Freire. De Mofferio.
D. Caterina Henriques. Joaõ Gonçalves.
D. Garcia de Albuquerque. D. Jeronymo.
D. Bernardim de Almeida. Martim Affonfo de Mello.
Joaõ Paes. !). Alvaro de Noronha.
D. Afonfo de Albuquerque. Simaõ de Soufa.
Pedro Fernandes Tinoco. Nuno da Cunha.
Do Conde de Borba. Vafco de Foes.
Fernaõ Brandaó. Diogo Mello de Catelbran
Pedro de Soufa. CO. -

O Conde de Marialva. D. Joaõ de Sarcã.


Henrique de Soufa. Diogo de Mello da Sylva.
Gonçalo da Sylva. D. Francifco de Viueiro.
O Marechal. |-

Os Refens de Gafy.
Pe
62 M e M o R 1 A s

D I V I S A Ô II.
Das Memorias, Documentos, e E/critos em
Cafielhano.

D Affonfo de Madrid, Arcediago de Alcor, Defeo


. brimento da Ilha de Deus feito pelos Portugue
zer. Trata ito na Hitoria de Palencia, de que exif
te hum Epitome na Livraria de S. Magetade Catho
lica, tirado por Nicoláo Antonio.
Faz memoria d'huma e outra coufa o Addicio
nador da Bibliotheca Oriental de D. Antonio de Leaõ
Pinelo. Tom. I. Tit. 3. Col. 68.
D. Affonfo de Sanabria, Bipo de Oribata, Carta e/>
crita a D. Jeronymo Bi/po de Cadir, que eflava em
Roma, na qual lhe dá parte da fabidi do Duque de
Medina Sidonia de Sevilha, para receber a Infanta
D. Maria, feu ca/amento com Filippe II, em Sala
712/2/2-

Pedro de Mendoça. Antonio de Mendoça.


Francifco Mem. Jorge Furtado.
D. Pedro de Almeida. A Sancho de Pedrofa.
Joaõ Gonçalves Capitaõ. Tritaõ da Sylva.
D. Joaõ Lopes. Joaõ Afonfo de Béja.
Joaõ Rodrigues Mafcare- Ruy de Figueiredo.
nhas. Lopo Furtado.
Jorge de Oliveira. Henrique da Motta.
Os Porques que fôraó achados no Paço em Setubal em tempo
d'el Rey D. Joaõ, e fem faberem quem os fez.
Ha algumas outras Poefias anonymas de pouca confideraçaõ, e
fe adverte que muitos dos auctores acima nomeados tem compofições
fuas em varias partes dete Cancioneiro.
DE LITT e R A T U R A P o RT U GU E z A. 63
manca no anno de 1543, fendo ainda Principe. Efc.
Et. V. num. 4. - |

Agotinho Manoel de Vafconcellos, Vida e feitos d’el


Rei D. Joaõ o Segundo , decimo terceiro Rei de
Portugal. B. R. Et. G. num. 155, fol. 17o. fol. (a)
Agotinho Navarro Burena, Carta efcrita de Milaõ a
26 de Agoflo de 1642 ao Conde Duque de Olivares,
Mini/tro d'el Rei Filippe IV., em que lhe dá con
ta da pri/aõ de D. Duarte de Partugal, irmaõ do Se
nhor Rei D. foaõ IV. Tem 25 paginas. B. R. Et.
H, num. 74 fol. 553. fol. -

Do me{mo, Relaçaõ, que fez ao Conde D. Fran


cifco de Mello, do que fe pa/ou com a prifaõ de
D. Duarte de Portugal, irmaõ do Senhor Rei D.
Joaõ IV. Tem 2o paginas. Ibid. fol. 822. fol.
Alvaro Ferreira de Vera, Memorial de D. Luiz de Me
nezes, Marquez de Penalva, Conde de Tarouca ,
em que pede a ElRei Filippe IV, a grandeza para
fua Cafa. Foi efcrito no anno de 1644. Ibid. Et.
K. num. 59. fol. 167, fol. (b)
Alexandre Valigniano, Vifitador da Companhia de Jefus
na India, e Japaõ, Rasões por que naõ devem ir ao
japaõ outros Religio/or falvo os da Companhia. Fô
raõ por elle enviadas no anno, de 1583. Tem 3 pa
ginas. B. R. Et J. num.. 14. fol. 206, fol.
Fr. Ambrofio dos Anjos, da Ordem de Santo Agofti
nho, Carta em que dá conta da Mi/aõ dos Padres
Ago/-

(a) Foi imprefa em Madrid no anno de 1639 4.º O Senhor Fa


rinha fazendo memoría no Summario da Bibliotheca Lufitana de ou
tras obras d'ete efcritor, fe efqueceo de fazer mençaõ deta naõ ob
flante e vir já citada na dita Bibliotheca.
Na Livraria da Cafa. de Vimieiro houve o borrador d'eta obra,
fenaõ fe enganou o Conde da Ericeira, quando a vifitou por ordem
da Academia Real da Hitoria. Veja-fe a Collecçaõ dos Documentos,.
e Memorias do anno 1724, num. 14. pag. 7.
(b) Na Divifaõ I. deixo referidas outras obras d'ete efcritor, que:
"hife podem ver..
64 M E M o R I A S
Ago/?inhos no anno de 1626 em Torgi/taõ. Ibid. Et.
H. num. 6o. fol. 26. fol. (a) •

André de Prada, Secretario, Carta de 19 de julho de


16o5, efcrita ao Conde de Ficalho, que acompanha
va a relaçaõ do titulo feguinte ». Relaçaõ dada por
Hale Cornieles Guillermo, metre do navio Santº-Iago,
que vem de Hollanda, do porto de Amfterdam, dos
navios que fahíraõ nete anno para as Indias de Por
tugal, e Catella, com declaraçaõ dos feus portes, e
guarnições.» Parecem-me Originaes, e tem 3 paginas.
B. R. Et. H. num. 49. fol. 264, fol.
Fr. Antonio Brandaó, da Ordem de Cifter, Direóiorio
para o Principe das He/panhas D. Balthafar Car
Ios, tirado das Vidas, e feitos dos Reis de Portu
gal. Eta obra foi efcrita no anno de 1634, por ef.
pecial ordem que para ifo tivera d'ElRei Filippe IV.
Começa por huma Dedicatoria a efte Rei, e depois
refere fummariamente os feitos mais principaes de to
dos os que lhe precedêraõ. He efcrita em pergaminho,
e com tanta perfeiçaõ, que me parece fer ete o pro
prio exemplar, que remetteo o feu auctor. Tem 146
paginas. B. R. Et. I. num. 162. 4.°
Bartholomeu Ferreira Lagarto, Doutor, Apontamentos
a hum papel de advertencias ao foccorro do Efiado
do Bra/il.
Foraõ efcritos em Madrid a 27 d'Agoto de 1639,
e delles conta, que feu auétor fôra Adminitrador da
Fazenda Real n'aquelle Eftado. Tem 8 paginas, e me
parece Original. Ibid. Et. J. num. 14. fol. 9. fol. (b)
Fr. Belchior dos Anjos, da Ordem de Santo Agº}}
Rela
3

(a) O Addicionador da Bibliotheca Oriental de Pinelo tom. 1. tit.


4. col: 82, diz 16, devendo dizer 26, erro que feguio o Abbade
Barbofa. O Senhor Farinha teve o mefimo engano no Summario da
Bibliotheca Lufitana, accrecentando , que eta Carta exitia no Efeu
ria), o que nem hum nem outro haviaõ dito.
(b) O Senhor Farinha teve a mefina equivocaçaõ falando d'ete ma
nufcrito, que deixei apontada em outros lugares.
DE LIr r = R A T U R A Po Rºr U o u Ez A. 65
Relaçaõ da jornada que fez D. Garcia da Silva;
nomeado Embaixador á Perfia.
Foi efcrita a 30 de Dezembro de 1619, e tem
4 paginas. B. R. Et. H. num. 5o. fol. 519. (a)
Belchior da Fonfecca e Almeida, Sonho Politico. Ibid.
Et. M. num. 154 (b)
D. Chriftovaõ de Moura, Carta efcrita em 24 de De
zembro de 1613 a ElRei Filippe III., em que fe
trataõ algumas cou/as relativas a Portugal. Tem
4 paginas. Ibid. Et. H. num. 5o. fol. 85. fol.
Conde de Barcellos, filho d’el Rei D. Diniz, Livro das
Linhagens de He/panha.
Efte exemplar foi efcrito por meado do feculo 16,
e exite no Efc. Eft. H. num. 21. fol. max. (c)
Conde de Linhares, D. Fernando de Noronha, Eferi
to em que contradiz as treguas de Portugal. Tem
6 paginas. B. R. Et. H. num. 75. fol. 1. fol.
Do mefmo, Viagem de Lisboa á India no anno
de 163o.
Faz mençaõ d’ella como exitente na Bibliotheca
Real de Madrid o Addicionador da de Pinelo. Tom.
I. Tit. 2. Col. 27.
Conde de Portalegre, D. Joaõ da Silva, Carta e/crita
em Setembro de 1579, ao Secretario Gabriel de Çayas
fobre as grandes difficuldades, que fe oferecidõ pa
ra ter efeito a pertençaõ, que ElRei Filippe II.
Tom. III. I ti

(a) O Senhor Farinha fallando d'ete manufcrito , teve a mefma


*quivocaçaõ, que fica referida. O Cavalleiro Oliveira, nas Memorias
de Portugal tom. 1. pag. 379. diz : , que pofuía hum manufcrito
com o titulo feguinte: Commentarios de D. Garcia da Silva de la Em
lexada, que de parte del Rey de E/paña Phelipe III, hijo al Rey de
Perfia. 1618. fol. • • •

(b) O Senhor Farinha o intitulou : Suenno Politico, devendo dizer:


Sueño Politico. Talvez que o Impreñor, ignorando o valor, que o til
ºbre º n tem na Lingua Catelhana, julgafe, que repretentava outro
º como efcritura Portugueza. - - - - - - - - -

(*) Na Bibliotheca Real de Madrid julgo haver outro exemplar.


66 M E M o R I A s
tinha
J. num.de52.
fucceder no fol.
fol. 406, Reino de Portugal. B. R. Et.

Do mefmo, Carta a ElRei Filippe III, refintin


do-fe da informaçaõ fecreta, que mandou tirar, de
como havia procedido nas cou/as de feu cargo, quan
do a Armada Ingleza veio fobre a Curunha, e Life
boa no anno de 1589. B. R. Et. J. num. 52. fol.
388, fol.
Do mefmo, Carta eferita ao Confelho de Por
tugal, em repofia d'hum avifo, que da fua parte lhe
havia dado o Secretario Pedro Alvares, para que
naõ leva/e a Lisboa a joaõ de Gufmaõ. He de Ja
neiro de 1593. Ibid. fol. 4o3. fol.
Do me{mo, Carta e/crita em Fevereiro do dito
anno a ElRei Filippe II., fazendo-lhe lembrança da
nece/idade, que pa/ava a Tropa de Portugal, quan
do partia a fervir feu cargo de Capitaõ General.
Ibid. fol. 402. fol.
Do mefmo , Carta em Abril do dito anno , a
D. Joaõ de Idiaquez fobre o me/mo. Ibid. fol. 398.
fol.
Do mefmo, Carta efèrita em Dezembro do di
to anno a D. Chriftovaõ de Moura , fobre o haver
mandado ElRei, que fe naõ guarda/em as Familia
Zuras, que pa/ára como Capitaõ General. B. R. Et.
J. num. 52. fol. 391, fol.
Do me{mo, Carta no dito mez e anno ao Car
deal Archiduque, quando ElRei mandou, que fe naõ
guarda/em as ditar Familiaturas. Ibid. fol. 395.fol.
Do mefmo, Carta e/crita no dito mez e annº
a ElRei , quando e/ie revogou por huma Lei as fo
breditas Familiaturas. Ibid., fol. 396, fol.
Do mefmo, Carta efcrita em junho de 15944
D. Chri/lovaõ de Moura, em que lhe dá conta de
cou/as familiares, fuas, e de outras pe/oas. Ibid.
fol. 397. fol.
Do mefmo, Carta efcrita no dito mez e "#"
D E L I r r E R A r U R A P o R T U G U Ez A. 67
ElRei, fobre a competencia de #### , que havia
entre elle, e alguns Tribunaes de Lisboa. B. R. Et.
J. num. 52. fol. 4Io.
Diogo Fernandes Ferreira, Arte da Caça de Altaneria
traduzida por Joaõ Bapti/ia de Morales.
Foi feita eta traducçaõ no anno de 1625, e he
dedicada a D. Affonfo Fernandes de Cordova e Fi
gueiroa , Marquez de Montalvaõ: tem etampas rela
tivas ao afumpto mui bem illuminadas. Ibid. Et. L.
num. I75, 4.°
Diogo Luiz de Oliveira, Relaçaõ dos ferviços, que fez
no Bra/il pelo e/paço de nove annos e meio, que go
vernou aquelle E/lado. Tem 8 paginas. B. R. Et.
J. num. 62. fol.
Diogo Queipo de Sotomaior, Deferipçaõ do que fucce
deo no Reino de Portugal, defde à jornada que_E/-
Rei D. Seba/liaõ fez a Africa, até que o Inviéti/>
mo Rei Catholico D. Filippe II, defie nome N. S.,
ficou Univer/al e pacifico herdeiro delles, com a Cou
quifia da Terceira , e as demais Ilhas. He dirigida
a D. Francifco Qapata, Conde de Barajas, entaõ Pre
fidente do Supremo Confelho de Catella.
O auctor deta obra achava-fe em Portugal, an
tes que ElRei D. Sebatiaõ emprendefe a jornada de
Africa : achou-fe tambem em Lisboa em todo o tem
po, que governou o Cardeal D. Henrique até o feu
falecimento, de forte que foi prefente a quafi todos
os acontecimentos, de que faz memoria a fua obra.
Divide pois a fua Hitoria em cinco partes. Na
primeira trata dos motivos da guerra de Africa em
prendida pelo Senhor Rei D. Sebatiaõ até á fua mor
te. Na fegunda expende fummariamente os direitos,
que affitiaõ aos pertenfores da Succefaõ , , e o mais
que fe pafou até á morte do Cardeal Rei D. Hen
rique. Na terceira trata da poffe, que ElRei Filippe
II, tomou dos Reinos de Portugal, e Algarve; e co
mo conquitou algumas das fuas povoações, que naõ
I ii — qui
68 M E M o R I A S
quizeraõ etar por elle. Na quarta fe defcreve a fo
lemnidade, com que o dito Rei foi jurado, e rece
bido por legitimo Soberano dos ditos Reinos, e feus
Dominios nas Côrtes de Thomar de 1581. Na quin
ta, e ultima parte trata da conquita da Terceira, e
demais Ilhas, que o naõ quizeraõ reconhecer, por fe
guirem o Prior do Crato feu Competidor na contenda
da fuccefaõ. B. R. Et. J. num. 161, fol.
Dionyfio de Gufmaõ, Capitaõ General do Exercito da
Etremadura Efpanhola , Carta efcrita ao Conde de
Orope/a, Capitaõ General de Navarra, em que lhe
dá conta da batalha , que deu aos Portuguezes nor
campos do Montijo a 26 de Maio de 1644. Tem 4
paginas. B. R. Et. H. num. 78. fol. 246, fol.
Do mefmo, Carta de Io de Dezembro de 1644,
efèrita ao dito Conde, em que trata dos fucce/os,
e marcha do Exercito He/panhol. Tem 3 paginas.
Ibid. fol. 253. fol.
Duque de Etrada, D. Joaõ, Carta Politica , e Ma
nifefio á Antiga, e Efelarecida Nobreza de Portu
gal. Tem 19 paginas. Ibid. num. 75, fol. 136, fol.
Filippe II. Rei de Catella, Infrucções de 2 de Dezem
bro de 1578 dadas a D. Pedro Giron, Duque de
O/una, indo por Embaixador Extraordinario á Cór
te de Portugal.
Saõ as Originaes; porque fe achaõ felladas com
o Sello Real, e affignadas por ElRei, e por Gabriel
de Gayas, feu Secretario de Eftado. Pertencem a hum
Portuguez chamado Gerardo Jofé de Soufa Betencourt,
que refide em Madrid, e de que já fiz memoria na
Divifaõ I.
Filippe IV. Rei de Catella , Carta de 7 de Abril de
1631, pela qual dá parte a feus va/allos de haver
elegido os Infantes feus Irmãos, humi para Governa -
dor de Portugal, e outro para a/ifiir ao governo de
Flandes. B. R. Et. H. num. 65. fol. 35. fol.
Do me{mo, Carta de 3 de Dezembro de 1634,
— e/cri
DE LIT r ER A T U R A P o R T U e U Ez A. 69
eftrita ao Conde de Bafio, Vice-Rei de Portugal,
fobre a maneira por que haviaõ de fer alojados nos
Paços Reaes de Lisbºa o Marquez de la Puebla; o
Socretario Ga/par Rodrigues de Efearay; Miguel de
Ka/concellos e Britto, e outras pe/oas da immedia
ta a/l/lencia, e ferviço da Princeza Margarida,
Pice-Rainha de Portugal. B. R. Et. H. num. 67.
fol. 72. fol.
Do mefmo, Decreto de 1659, dirigido ao Con
felho de Portugal, em que lhe faz avifo do aju/le
de pazes entre França, e He/panha. Ibid. num. 89.
fol. 72. fol.
Do mefmo, Carta eférita em 1635 á Princeza
Margarida, na qual lhe ordena poze/e em termos
de ju/liça o que havia fuccedido entre o Védor Ge
ral da Armada com foaõ de Arce, D. Diogo de To
ledo , e outros. He Original. Ibid. num. 68. fol.
475. fol.
Filippe de Britto Nicote, Relaçaõ do cerco , que os
Reis de Arraçao , e Tangu pozeraõ á fortaleza de
Seriaõ em 1607, fol.
Faz mençaõ dºella como exitente na Bibliotheca
Real de Madrid o Addicionador da de Pinelo. Tom.
I. Tit. 3: Col. 75. (a)
Francifco #### de Valcarcel, Carta do 1. de No
vembro de 1641 , eferita de Badajós ao Conde de
Lemos, em que lhe dá parte do fucce/o, que os Por
tuguezes tiveraõ em Valverde. Tem 4 paginas. B.
R. ER. H. num. 74. fol. 82o. fol.
Francifco Rodrigues Lobo , jornada d’el Rei Filippe
III. a Portugal no anno de 1619. Pertenceo n'outro
tempo ao Conde Duque de Olivares, Miniftro de Fi
lippe IV. Ibid. Eft. M. 4º (b)
• • • - - -- Gar

(*) O Senhor Farinha tambem fe equivocou, quando diffe que efte


manufcrito efava no Efcurial, o que naõ tinhaô dito Barbofa, nem o
Addicionador da Bibliotheca de Pinelo.
(*) Foi imprefa em Lisboa 1623, 4.°
7o - , M e M o R I A s
Garcia de Rezende, Chronica do Senhor Rei D. joaõ
II. traduzida por hum Anonymo. Tem no fim hum
capitulo com o titulo feguinte : Alguns ditos, e fei
tor d’el Rei D. Joaõ II, de Portugal. Efe. Et. V.
I].tl IIl, I 2. •

Gregorio Cid, Licenciado : Carta de 2o de Abril de


1644, efcrita de Badajós, onde fe trata da mar
cha das Tropas He/panholas, e Portuguezas. Pare
ce-me Original, e tem 6 paginas. B. R. Et. H. num.
78. fol. 231. fol.
Do mefmo, Carta de 9 de junho de 1644, e/>
crita do me/mo lugar, em que tambem fe referem
algumas cou/as relativas á guerra de Portugal com
He/panha. Parece-me Original , e tem 2 paginas.
Ibid. fol. 236, fol. •

Fr. Heitor Pinto, da Ordem de S. Jeronymo, Imagem


da Vida Chri/lã em feis Dialogos, traduzida por
hum Anonymo. Tem no fim hum Opufculo fobre as
Armas de Coimbra. Efc. Et. B. num, 2o. 4.°
Jeronymo Catanho, Memorial a ElRei /obre o foccor
ro de Angola, e Conquifia de Benguela. Foi efcrito
em Madrid a 5 de Setembro de 1599, e he Origi
nal. Tem 18 paginas. B. R. Et. J. num. 14. fol.
I69, e 2O2, fol. (a)
Jeronymo Côrte-Real, Vičioria de D. Joaõ de Aufiria
no Golfo de Lepanto contra o Turco no anno de 1562.
Poema. Ibid. Et. M. 4º (b)
D. Jeronymo Mafcarenhas, Bifpo de Segovia, Hi/toria
de Ceuta. Tem 76 capitulos, do qual o primeiro tem
o titulo feguinte: Noticias geraes de }
, e par
ticulares da Mauritania Tingitana, e Reino de Fez.
O ultimo naõ tem titulo, e do 68.° em diante naõ nU

tem

(*) O Abbade Barbofa diffe Bengala, devendo dizer, Benguela.


Ete mefmo erro adoptou o Senhor Farinha, acrecentando, que ex
iftia no Efcurial, o que nem elle nem o Addicionador da Biblio
theca de Pinelo haviaõ dito.
(*) Imprefa, no anno de 1578, 4.°
DE LITT E R A T U R A P o RT U GU Ez A. 71
numeraçaõ , o que prova fer ete o mefmo autogra
fo; e tambem os muitos rifcados, e entrelinhas, que
nfelle fe encontraõ até o cap. 67, que parece fer o
lugar, onde teve fim a fua revifaõ. Tem 536 pagi
nas. B. R. Et. J. num. 2. fol.
Jeronymo Rodrigues Cavalleiro, Licenciado, Memoria,
e Relaçaõ da conqui/ia da fortaleza de Caliba na
India Oriental, por D. Antonio de Noronha Vice
Rei. Foi efcrita no anno de 1555.
Eteve na Livraria do Conde de Villa Umbrofa,
como fe diz na Bibliotheca de Pinelo. Tom. I. Tit.
3. Col. 6o. |- -

D. Joaõ de Auftria, Varias Cartas do anno de 1661,


e/critas a ElRei Filippe IV., e a outros, em que
Ihes dá noticias das di/pofições do Exercito da E/>
tremadura, e de alguns fucce/os contra Portugal.
B. R. Et. H. num. 9o. fol. 1., 7., e 61.
D. Joaõ. Carlos Bazan , Exame furidico, e Di/curfo:
Hiflorico fobre os fundamentos das Sentenças , que
fe deraõ nas raias dos Reinos de Cafiella, e Portu
gal, pelos juizes Commi/arios d'huma, e outra Co
rôa, em demon/traçaõ dos direitos claros, folidos, e
legitimos da po/e, e propriedade, que pertencem a Sua
Mage/?ade Catholica no Rio da Prata, e fuas co/lar
com as mais terras adjacentes até os confins da Ca
pitanía de S. Vicente na America Meridional, con
forme a fua jufla demarcaçaõ.
O auétor dºete Difcurfo foi hum dos Commifa
rios nomeados para affitir com os de Portugal ás
conferencias, que fizeraõ em virtude do Tratado Pro
vifional de 7 de Maio de 1681, feito em confequen
cia da fundaçaõ da Nova Colonia, na margem Sep
tentrional do Rio da Prata, que mandou fazer Dom
Manoel Lobo Governador do Rio de Janeiro no co

ol. do anno 168o. B. R. Et. J.. num. 61.fol. 43.
• • •

D. Joaõ Chumacero, Embaixador de S. Mas………• {{l(Q--


72 M E M o R I A S
tholica junto da Santa Sé, Reprefentaçaõ a S. San
tidade fobre a rebelliaõ de Portugal. Ibid. Et. H.
num. 75. fol. 519. fol.
Do mefmo, Outra Reprefentaçaõ a S. Santida
de a re/peito do me/mo a/umpto. Tem 6 paginas.
Ibid., fol. 539, fol.
Do mefmo, Outra Reprefentaçaõ a S. Santida
de fobre o dito levantamento. Tem 26 paginas. Ibid.
fol. 549. fol.
Do mefmo, parece fer outra Reprefentaçaõ feita
a Sua Santidade fobre o levantamento de Portugal.
Tem Io paginas. Ibid. fol. 593. fol.
Fr. Joaõ de Cifneros da Ordem de S. Bento, Re/pa/>
ta ao P. Fr. Antonio da Purificaçaõ da Ordem de
Santº Ago/linho fobre a patria de Paulo Orofio.
}}"
0/.
14 paginas. B. R. Et. H. num. 79. fol. 237.
D. Joaõ Ifidro Fajardo, Titulos de todas as Comedias,
que em E/panhol, e Portuguez fe tem compofio, e
impre/o até o anno de 1716. Ibid. Eft. M. num. 53.
Joaõ Lopes Montefer, Advertencias para a Magefiade
d'el Rei D. Filippe II. No/o Senhor em razaõ da
guerra, que e/perava ter com o Reino de Portugal,
Jobre a fucce/aõ da Corôa d'elle. Ibid. Et. J. num.
52. fol. Io5. fol.
Joaõ de Valença e Gufmaõ , Compendio Hifiorico da
jornada do Bra/il, e fucce/os d’ella. Eta obra tem
vinte e hum capitulos, e nella fe dá conta de como
os Hollandezes ganháraõ a Bahia de Todos os Santos,
e da fua retauraçaõ no anno de 1625, fendo Gene
ral D. Fradique de Toledo Oforio, Capitaõ General
do Mar Oceano, e da gente de guerra do Reino de
Portugal. Seu auctor confefa ter fido tetemunha ocu
lar de quafi tudo quanto efcreve. Tem 3oo paginas.
B. R. Et. H. num. 58, fol. 289. fol.
Joaõ Vicente de S. Feliche, Difcurfo fobre a empre/a
da Bahia de Todos os Santor. F
32,
D E L I T T E R A T U R A P o R T U G U E Z A. 73
Faz mençaõ d'elle como exitente na Bibliotheca
Real de Madrid o Addicionador da de Pinelo. Tom.
II. Tit. 12. Col. 68o.
Jorge de Montemor, Alguns Sonetos, e varias Poefias
ligeiras. B. R. Et. M. 4º
Leonardo Turriaño, Ingenheiro Mór de Portugal, Pa
recer fobre a navegaçaõ do Rio Guadalete a Guadal
quivir, e a Sevilha. Foi efetito em Madrid a 17
de Julho de 1624, e tem 4 paginas. B. R. Et. H.
num. 57. fol. 443.
D. Leonor Rainha de Portugal, e terceira mulher do
Senhor Rei D. Manuel, E/critura do dote outorga
da a favor de feu Irmaõ o Emperador ao tempo de
ca/ar-fé com Francifco I. He do anno 153o, e Ori
ginal. Ibid. Et. G. num. 53. fol. 469, fol.
Lourenço de S. Pedro, Licenciado em Direito, Dialo
go Filippino , em que fe referem os direitos, que
S. Mage/lade ElRei D. Filippe tem ao Reino de
Portugal. He dirigido a ete Rei, e tem no fim
trez arvores de fuccefaõ. Efc. Eft. Et num. I2. 4.°
Fr. Luiz Neto, da Ordem dos Prégadores, Relaçaõ das
$#*# de Barbaria , e do fucce/o, e morte d'el
ei D. Seba/liaô. Começa por huma Dedicatoria á
ElRei Filippe II., á qual fe fe fegue hum pequeno
Prologo. He dividida em 14 capitulos, e me parece
Original. B. R. Et. I. num. IóI. 4.°
D. Manoel Rei de Portugal , Infirucções dadas em
Abrantes a 2 de Março de 1506 para o Cardeal
Ximenes, nas quaes lhe apontava o que da Jua par
te havia de informar a ElRei D. Fernando de Cafiel
la, ácerca da jornada, que fe meditava á Africa,
e Terra Santa. E{c. Eft. Et num. 7.
D. Manoel Soares Dragon Villegas, que no manufcrito
fe diz Cavalleiro Portuguez, Manife/io_Jobre a Con
quifia_de_Portugal, e feus Efiados. Tem 4o pagi
nas. B. R. Et. H. num. 75. fol. 165. fol.
Marquez de Alemquer, DiogoK da Silva e Mendoça,
Tom, III. … Va

74 • M E M o R I A S

Farios Sonetos. Ibid. Eft. M. num. 132. fol. 268 (a)


Do mefmo, Papel e/crito ao Duque de Lerma
no anno de 1612, antes que fo/e o Bi/po de Cana
rias D. Fr. Francifco de Soufa com a embaixada de
Portugal no começo de 1613. Tem 2o paginas. B.
R. Et. H. num. 5o. fol. 87, (b)
Marquez de Santa Cruz D. Alvaro Bazan, Carta que
e/creveo a D. Rodrigo de Ca/iro, Cardeal Arcebi/po
de Sevilha, quando no anno de 1583 conqui/tou a Ilha
Terceira. Ibid. Et. J. num. 51, fol. 194, fol.
Maquez de Torrecufa, Carta de 23 de Novembro de
1644, em que dá parte a ElRei Filippe IV do ef>
tado das armas em Badajós. Tem 4 paginas.\ B. R.
Et. H. num. 79 fol. 233...fol. -

Marquez de Villa Real, D. Pedro de Menezes, Carta


a Martim Afonfo de Soufa Governador da India.
Faz mençaõ dºeta obra como exitente na Biblio
theca Real de Madrid o Addicionador da de Pinelo.
Tom I. Tit. 3. Col. 67. fol. (c)
Nicoláo Efpinola , Di/curfo fobre cou/as da India.
Nºeta mefma obra confefla haver ahí etado trinta an
nos occupado em prégar aos Gentios. Tem 8 pagi
nas B. R. Eft. J. num. 14. fol. 37. fol.
D. Paulo de Lima Pereira , Relaçaõ da P7&ioria, {
/2 -

(a) Fta Memoria a tirei do principio d'hum Indice, em que actual


mente trabalhaõ os Oficiaes da Bibliotheca Real : n'elle vem citato
pelo feu titulo , e naõ pelo nome da fua pefoa, que eu tirei de
Barbofa. Como elle era natural de Madrid, e a Lingua Catelhana
era para os Portuguezes huma das eruditas, e de Côrte, por ifo jul
guei, que as fuas poefias feriaõ efcritas n'ella, e o colloquei nºeta
1egunda Divifaó conforme a traça, que me propuz feguir.
(b) No Codice em que vem referido efte Papel, fe acha o feu
auctor citado com o titulo de Conde de Salinas. Eu julguei fer efte
o mefino, que depois foi criado Marquez de Alemquer por Filippe
111., e por ifo lhe attribui tambem ete manufcrito.
(c) He muito provavel, que efia carta foffe efcrita em Portuguez;
porém o Addicionador da Bibliotheca de Pinelo naõ o declara, e por
ifo a colloquei n°efta Divifaõ. -
DE LIT r E R A T U R A P o R T U GUEZ A. 75

alcançou hindo foccorrer Malaca por mandado do Vi


ce-Rei D. Duarte de Menezes. Foi efcrita na India
a 21 de Janeiro de 1588. B. R. Et. G. num. 5 I.
fol. 181. fol. (a)
Pedro Alvares Pereira, Re/pofia a huma Confulta que
Je lhe fez em 16 de junho de 1621 , para que de
clara/e as pe/oas, que lhe parece/em acertadas pá
ra Governadores de É### Tem 6 paginas. Ibid.
Et. H. num. 54. fol. 5 II. fol. •

D. Pedro Garcia, Bifpo de Coria, Carta de 13 d'Abril


de 158o , efcrita aos Governadores de Portugal.
Ibid. Et. G. num. 52. fol. 93. fol.
Reflituiçaõ que D. Manuel, Rei de Portugal fez dos
E/tados do Duque de Bragança por fua Real Provi
faõ
Ibid. pa/ada
num. 12.emfol.Lisboa a 12 de Abril de 1505. •

Relaçaõ do que fe pa/ou na raia de Portugal , com


a entrega da Infanta D. Maria , terça feira 23 de
Outubro de 1543. Efe. Eft. V. num. 4: fol. .
Difcurfo fobre fe ElRei D. Henrique de Portugal era
verdadeiro fuiz a re/peito dos pertendentes da fuc
ce/aõ. B. R. Et. G. num. 52. fol. 47. fol.
Artigos que S. Magefiade manda refolver ácerca da
Jucce/aõ dos Reinos de Portugal. Julgo que fôraõ
refolvidos na Univerfidade de Alcalá. Ibid. fol. 55.
Parecer da Univer/idade de Alcalá fobre a fucce/aõ
do Reino de Portugal, º Ibid. fol. 65. (b)
Refoluçaõ que deu a Faculdade de Theologia da Uni
ver/idade de Alcalá, fobre o prefeguimento do direi
to, que S. Magefiade ElRei D. Filippe II. No/o
Senhor tem aos Reinos da Corôa de Portugal. Ibid.
Advertencias, e jufias caufas, que movem a S. Ma
K ii * # ge/>

(a) He provavel, que eta feja traducçaõ d'outra em Portuguez,


que naõ encontrei. Veja-fe o que fica dito a refpeito d'outra rela
laçaõ d’efe auétor na Divif I.
(b) A fol. 81. dete ºmefino Codice ha eutro exemplar, que na
fubtancia he o mefmo. •• • • • •
76 - : M E M o R I A s… : ----

gefiade Catholica, a tomar po/è dos Reinos de Por


tugal por fua propria auéioridade fem e/perar mais
tempo. B. R. Et. H. num. 52. fol. 1o1.
Minuta do E/crito que o Excellenti/imo Duque de O/u-
na ha de dar a ElRei de Portugal, de/pois que lhe
haja mo/trado a Carta de S. Magefiade. Ibid. fol.
199. fol.
Carta efèrita aos Governadares de Portugal. Ibid. fol.
I9I. fol. •

Livro # da Embaixada fobre a fucce/aã do Reino de


Portugal, de/de o primeiro de Fevereiro de 1580,
até que S. Mage/iade entrou nºe/ie Reino.
Comprehende efte Livro em mil e quarenta pa
ginas, parte da grande negociaçaõ de Filippe II.,
para reduzir Portugal com todos os feus Eftados e
Conquitas á fua obediencia, e contém 1.° Cartas d'el
te Rei para D. Chriftovaõ de Moura, Embaixador
Ordinario em Portugal: 2.° Cartas do Duque de Ofu
na , Rodrigo Vafques, e Luiz de Molina , que el
tavaõ tambem naquelle Reino com o caracter de Em
baixadores Extraordinarios , para folicitarem, e de
fenderem as pertenções d’el Rei Filippe á Corôa
delle: 3.º Cartas, e Intrucções de D. Antonio Pi
nheiro, Bifpo de Leiria, que na contenda da fuccelº
faõ foi hum que por feus oficios, pareceres e au
ctoridade concorreo mais que nenhum outro, para fo
geitar ao Rei Catholico aº Monarchia Portugueza :
4.° Algumas outras cartas, e bilhetes de varios para
fol. (a) e dete para varios. B. R. Et. E. num. 60.
ElRei, •

Carta de 16 de Fevereiro de 158o, eferita pelo Padre


Rivera da Companhia de fe/us, (obre a guerra de
. Portugal. B. R. Et.G. num. 52. fol. 89, fol.
Declaraçaõ, que o Conde de Vimiofo fez quando e/ia
- - 7)4
–=

(a) Fiz diligencia por achar n’eta mefma Etante os tres primei
ros livros d'eta Negociaçaõ, mas naõ os encontrei.
D E L I T T E R A T U R A P o R T U G U E Z A. 77

va para morrer. He do anno 1582. Ibid. num. 76.


fol. 84. fol.
Relaçaõ do fucce/h das armadas fobre as Terceiras.
Ibid. fol. 98. fol.
Relaçaõ do que aconteceo a D. Alvaro Bazan, Mar
quez de Santa Cruz, General da Armada, que Dom
Filippe II. mandou ás Ilhas dos Açores contra a de
D. Antonio Prior do Crato.
Exite na Livraria do actual Marquez do mef
mo titulo.
Tres Relações da batalha naval, que o mefino Mar
quez deu ao dito D. Antonio nos mares das ditas
Ilhas. Na mefma Livraria.
Relaçaõ da armada, que fe de/pachou de Lisboa para
as ditas Ilhas, fendo General o me/mo Marquez.
Na mefma Livraria.
Duas Relações da jornada, e conquifia da Ilha Ter
ceira , e das náos, e gente que fôraõ a ella. Na
mefma Livraria.
Succe/os da jornada , e conqui/la da Terceira , e de
mais Ilhas dos Açores , que fez D. Alvaro Bazan,
Marquez de Santa Cruz , Capitaõ General de Sua
Magefiade; e dos Inimigos que havia na dita Ilha,
fortes , artelharia, e armada Franceza , e Portugue
za; e do fitio da Cidade de Angra no anno de 1583.
B. R. Et. G. num. 51. fol. 183. fol.
Relaçaõ da chegada de D. Antonio Prior do Crato com
a armada da Rainha de Inglaterra em 18 de Maio
de 1589. B. R. Et. G. num. 52.
Relaçaõ do fuccedido em Portugal com a armada In
gleza, que veio foccorrer o Prior do Crato. Ibid.
Et. G. num. 51. fol. 433. fol. (a)
Pa

(*) O Cavalheiro Oliveira nas Memorias de Portugal, tom. 1, pag.


378 diz, que pofuía hum manufcrito, que talvez feja irmaõ dete.
Tem o feguinte titulo : Relacion de lo Jucedido en la venida de la ar
mºda de Inglaterra a Portugal, año 1589. 4, º
78 M E M o R I As
Pazes que o Capitaõ Mór do Malahar D. Antonio de
Azevedo fez com ElRei da Serra em 15 d'Agafio
de 1593. Ibid. num. 52. (a)
Carta do anno de 1594, fobre as condições com que
o Conde de Linhares iria por Vice-Rei á India.
Faz mençaõ d'eta carta como exitente na Biblio
theca Real de Madrid o Addicionador da de Pinelo.
Tom. I. Tit. 14. Col. 479.
Carta do anno 1599, em que fe propõe Vice-Rei pa
ra a India.
Faz mençaõ d’ella como exitente na Bibliotheca
Real de Madrid o Addicionador fobredito. Tom. I.
Tit. I4. Col. 479.
Hum papel com o titulo feguinte: De como Saavedra />
fez Cardial, e metteo o Santo Oficio em Portugal,
e os trabalhos que padeceo. He do anno 16oo. Efc.
Eft. B. num. 2.4.º (b)
Memoria que tem o titulo feguinte: D. Chri/lovaõ de
Moura, Marquez de Cafiel Rodrigo, he eleito Vi
ce-Rei de Portugal : principios do Jeu governo. Tem
2 paginas. B. R. Et. H. num. 48. fol. 296, fol.
Outra Memoria da mefma maõ com o titulo feguinte:
Chega D. Diogo Brochero a Lisboa. Tem 1 pagina.
Ibid. fol. 298. fol.
Outra Memoria da mefma maõ com o titulo feguinte :
Soccorro de Irlanda aprefiado em Lisboa. Tem I
pagina. Ibid. fol. 1. fol. O
Ul

(a) O Addicionador da Bibliotheca de Pinelo tom. 1. tit. 14. col.


479 , faz mençaõ d'ete manufcrito com eta data, que eu confer
vei, naõ obtante ter achado nas minhas Memorias a de 15 de Fe
Ver e It O.

(b)Na Bibliotheca Real de Madrid. Eft. J. num. 167, fol. 1. achei


huma copia d'eta Relaçaõ, e ahí fe declara o modo por que Filippe
II. teve noticia d'ella pela apprefentaçaõ do Eminentifimo D. Gaf
par de Quiroga, Cardial Arcebifpo de Toledo, e a mandou depois
para a Livraria do Ffcurial. Sendo pois eta epoca a do manufcrito,
naõ póde fer efte o que mandou ElRei Filippe II. para a dita Li
V T3 T13, • • • •
D E LIT T E R A T U R A - P o R T U G U E Z A. 79
Outra Memoria da mefma maõ, que contém: Queixas
de D. Chri/lovaõ de Moura contra feus emulos ; e
chegada dos Arcebi/pºr de Braga, Lisboa, Evora,
e outros Prelados a Valhadolid. Tem 1 pagina. Ibid.
num. 49. fol. 3. fol.
Outra Memoria da mefma maõ com o titulo feguinte:
Sabe a armada de Lisboa a e/perar as frotas de am
bas as Corôas : D. Chriftovaõ de Moura acaba o
feu Vice-Reinado , e fuccede-lhe D. Afonfo de Ca/>
tellobranco, Bi/po de Coimbra. Tem 3 paginas. Ibid.
fol. 5. fol.
Outra Memoria com o titulo feguinte: Partida de Dom
Chrifiovaõ de Moura de Lisboa para Madrid. Tem
3. paginas. Ibid. fol. 335. fol. •

Outra Memoria da mefma maõ com o titulo feguinte:


Faz ElRei diferentes mercês a D. Chrifiovaõ de
Moura, e o nomea fegunda vez, Vice-Rei de Porta
gal. Tem 2 paginas. B. R. Et. H. num. 49. fol.
365. fol.
Outra Memoria da mefma maõ com o titulo feguinte:
Perde a batalha Muley/idaô com o Ca/ levantado :
foge para Zafim, onde he fitiado : foccorre-o D. Jor
ge Ma/carenhas, Capitaõ General de Mazagaõ. Tem
5 paginas. . B. R. Et. H. mum. 52, fol. 11. fol.
Outra Memoria da mefma maõ com o titulo feguinte: O
Marquez de Alemquer Vice-Rei de Portugal da fim
ao feu governo: elege ElRei tres Governadores para
aquelle Reino. Tem I pagina. Ibid, num. 54. fol. 17.
Noticias das Guerras, que houveraõ na India Oriental
com o Rei da Perfia, e Inglezes contra Portugue
zes : Commercio da feda em Ormuz, e fitio defia for
taleza. He do anno 1621, e tem 34 paginas. Ibid.
fol. 483. fol.
Linhagens de Portugal, Memoria dos feus Condefia
veis, e Vice-Reis da India com algumas notas, e
addições do que lhes acontecco até o anno de 1621.
Faz mençaõ dºete manufcrito como *# I12

1Vra
-- M E M o R I A S
…:-*# l#. ER. M. num. 132, fol. 268 (a)
Ie refiro, Papel eferitº ao Duque de Lerma
= … & 1612, ante; 4㺠fo/e o Bifpo de Cana
* D. Fr. Francifra de Soufa com a embaixada de
----gi as tareçº de 1613. Tem 20 paginas B.
R. E. H. rum. Sc. fol. 87. (*)
Marcez de Sinta Cruz D. Àlvarº Bazan, Carta que
e..…… º D. Rºdrigº de Cairº, Cardeal Arcebipo
# &#2, gºstº rº annº de 1583 conquifau a Ilha
…..…. 18.5. ER. J. num. 51.fol. 193: fºl.
Maz-zz & Torrecuña, Carta de 23 de Nºvembrº de
1ê-4. em gae dá parte, º ElRei Filippe IV do ef>
: #; armas em Badajós. Tem 4 paginas B. R.
# H. Em 79 fol. 235 fº:
Mi-se-1 de Villa Real, D. Pedro de Menezes, Carta
-

* #riz A*=fº de Sºlº Governador da India,


Faz mençõesia cbra como exitente na Biblio
:es: Real de Madridº Addicionador da de Pinelo.
Tc= 1. Tit. 3. Col. 6… fol. (*)
• N <-o Erinºs. carº febre coafas da India,
Nºta: retra ctº criei haver ahí elado trinta anº
ºs ceterado er F-5* * Gentios. Tem 8 pagi
… f. R. ER. J. Tem 4: fol. 37. fol.
- D. Hecto de Limº Pereira, Relitº? da I7{ioria, que
J al

–-"T
Mierrerº = ::--: ºs riºsº d'hum Indice, em que adual
--…# F2:
ti… * * O+.…es dº Lisictheca Real n'elle vem citato
-- ritº, º ** retº rene dº º peños, que º tirei de
****
# Caro e…e cº natural de Nadiº, e º Lingua Catelhana
• •

• Aº *

***
era rar* * Periguezes tº as eruditis: º de Côrte, por ifo }
…, cue = #* #: #só escritas nºtº! E º coloquei nºeta
>#
#… pai-á conferir-* traça, cus nº propus leguir: la º fe
…) Nº C……e em sue *** referido :#e Papel, e ºc "# #
•* Itudo com º titulo de Conde de Salinas Eu julguei efeite
** * *
ino, que depºis foi cria
do Marçuez de Alemquer por Filippe
• •

#". '.", provavel


} gº…
|-
lhe attribui
+
msen ele manukitº
efta carta foie efcrita em Portuguº:
…… +> Addicionadºr da Bibliothecº de Pinelo naõ o declarº, º Pº
.…", ….…quei nºfiº Diriliá.
D E LIT TE R A T U R A P o R T U GU E Z A. 75
alcançou hindo foccorrer Malaca por mandado do Wi
ce-Rei D. Duarte de Menezes. Foi efcrita na India
a 21 de Janeiro de 1588. B. R. Et. G. num. 5 I.
fol. 181. fol. (a)
Pedro Alvares Pereira, Re/pofia a huma Confulta que
fè lhe fez em 16 de junho de 1621, para que de
clara/e as pe/oas, que lhe parece/em acertadas pá
ra Governadores de É### Tem 6 paginas, Ibid.
Et. H. num. 54 fol. 5 II. fol.
D. Pedro Garcia, Bifpo de Coria, Carta de 13 d'Abril
de 158o , e/crita aos Governadores de Portugal.
Ibid. Eft. G. num. 52. fol. 93. fol.
– Reflituiçaõ que D. Manuel, Rei de Portugal fez dos
Eftados do Duque de Bragança por fua Real Provi
faõ pa/Wada em Lisboa a 12 de Abril de . I505.
Ibid. num. 12. fol.
Relaçaõ do que fe pa/ou na raia de Portugal, com
a entrega da Infanta D. Maria , terça feira 23 de
Outubro de 1543. Efe. Et. V. num. 4: fol. ,
Difcurfo fobre fe ElRei D. Henrique de Portugal era
a verdadeiro fuiz a re/peito dos pertendentes da fuc
ce/aõ. B. R. Et. G. num. 52. fol. 47. fol.
Artigos que S. Mage/iade manda refolver ácerca da
fucce/aõ dos Reinos de Portugal. Julgo que fôraõ
refolvidos na Univerfidade de Alcalá. Ibid. fol. 55.
> Parecer da Univer/idade de Alcalá fobre a fucce/aõ
do Reino de Portugal, º Ibid. fol. 65. (b)
Refôluçaõ que deu a Faculdade de Theologia da Uni
ver/idade de Alcalá, fobre o prefeguimento do direi
to, que S. Magefiade ElRei D. Filippe II. No/o
Senhor tem aos Reinos da Corôa de Portugal. Ibid.
Advertencias, e jufias caufas, que movem a S. Ma
K ii * * ge/>

(a) He provavel, que eta feja traducçaó doutra em Portuguez,


que naõ encontrei. Veja-fe o que fica dito a refpeito d'outra rela
laçaõ d’efe auctor na Divif I.
(b) A fol. 81. dete mefino Codice ha eutro exemplar, que na
ºbtancia he o mefmo. •• • • - ** *
8O • M E M o R I A s

Livraria do Conde de Villa Umbrofa o Addicionador


da Bibliotheca de Pinelo. Tom. I. Tit. 3. Col. 61.
Confulta do Confelho de Efiado fobre outra do de Por
tugal; em que fe tratou de enviar foccorro á India
no anno de 1621.
Faz mençaõ della como exitente na Bibliotheca
Real o Addicionador da de Pinelo. Tom. I. Tit. I4.
Col. 458. fol. •

Memoria que tem o titulo feguinte: Sitio e perda da


Cidade de Ormuz no anno de 1622. B. R. Et. H.
num. 55. fol. I.
Relaçaõ do /itio, e conqui/la da fortaleza de Queixome
pelos Perfas, e Inglezes contra os Portuguezes no
anno de 1622.
• Faz mençaõ dete manufcrito como exitente na
Bibliotheca Real de Madrid o Addicionador da de
Pinelo. Tom. I. Tit. 3. Col. 75.
Mini/terio Real de Portugal dos annos 1623, 25, 26,
dividido em quatro tomos de 4.°
N“etes Livros fe lançavaõ em apontamento as
confultas feitas pelo Confelho de Portugal, e as Re
foluções dadas por ElRei. Todos me parecem Origi
naes. B. R. Et. I. num. 163. I64. 165. e 166.
Con/ulta do Confelho d'Efiado fobre outra do de Por
fugal, em que fe tratou do foccorro, que fe devia
"mandar á India. He de 16 de Agoto de 1624. Ibid.
Et. H. num. 57. fol. 384. fol.
Memoria com o titulo feguinte : Antes que fe trate
da entrada dos Hollandezes no Bra/il, que foi no
anno de 1624, em que tomáraõ a Bahia de Todos
os Santos, cumpre dar a de/cripçaõ, e principio d’a-
quelle Efiado. Tem 12 paginas. Ibid. fol. 51. fol.
Breve Relaçaõ dºhum fucce/o militar acontecido no Bra
//
fal. no414.
anno
fol.de 1625. Tem 3 paginas. - Ibid. num. 58.

Relaçaõ dos fucce/os do Bra/il contra os Hollandezes


no anno de 1624.
Faz
E E L 1T r ER A T U R A P o R T U c U E zA. 81 |
Faz mençaõ della como exitente na Bibliotheca -
Real o Addicionador da de Pinelo. Tom. 2. Tit.
12. Col. 676, fol.
Mi/aõ que os Religiofos Portuguezes da Ordem de
Santo Ago/linho fizeraõ ºfie anno de 1626 em Gor
gifiaõ. B. R. ER. H. num. 6o. fol. 26, fol.
Defcripçaõ da Provincia do Bra/il, dirigida a D. Car
los de Aragaõ e Borja , Duque de }'illa-Hermofa,
Conde de Ficalho.
Foi efcrita em Madrid a 3o de Setembro de 1629,
e tem 14 paginas. Ibid. Eft. J., num. 14. fol. 1. fol.
Advertencia para a confervaçaõ do Commercio de Per
nambuco, e defruiçaõ dos Hollandezes; com re/pof>
tas a ellas.
Fôraõ efcritas em Madrid a 12 d'Oitubro de
163o , e tem Io paginas. Parecem-me Originaes.
B. R. Et. H. num. 64. fol. 261. fol.
Avifos para a fortificaçaõ das principaes praças do
Brafil, dirigidos a ElRei Filippe IV.
Julgo qne fôraõ efcritos em 163o, porque o Co
dice que os contém comprehende Memorias dºete
anno fómente. Tem 8 paginas. Ibid. fol. 269.
Relaçaõ de como os Hollandezes tomáraõ a Pernambu
como anno de 163o. Tem 5 paginas. Ibid. fol. 87, fol.
Relaçaõ outra de como os Hollandezes tomáraõ Pernam
buco no dito anno. Tem 6 paginas. B. R. Et. H.
num. 64. fol. 91, fo/.
Relaçaõ das prevenções, que fe tomaraõ em Portugal
para a reftauraçaõ de Pernambuco. Tem 6 paginas,
e julgo feria efcrita no mefimo anno 163o. Ibid. fol.
5. fol. •

R## do diluvio, que houve na Ilha de S, Miguel


em 2 de Setembro de 163o. Tem 3 paginas. Ibid.
fol. 327, fol.
Relaçaõ da Viajem, que fez o Conde de Linhares ,
Pice-Rei da India no anno 163o, defde Lisboa áquel
le Efiado. Tem 5 paginas. Ibid. fol. 83, fol.
Tom. III. L • •

Re
82 • M E M o R I As º

Relaçaõ de como o Conde de Linhares intentou refiavõ.


rar Mombaça, e naõ o confeguio, tirada de outr
manu/crita , que efèreveo da fua vida o Capitaa
Domingos de Toral e Valdes. Tem 1o paginas. B
R. Et. H. num. 65. fol. 41. fol. -

Japitulações Matrimoniaes entre a Senhora D. Luiza


. Franci/ca de Gufmaõ, filha do Duque de Medina Si
donia , e D. Joaõ Duque de Bragança, feitas no
anno de 1631. Tem 1o paginas. Ibid. fol. 115, fol. (a)
Memorias, e Documentos com que fe ju/lificaõ os fer
viços, que na Secretaria da Fazenda de Portugal
fez Diogo Soares, e fe defwanecem as calumnias de
/eur emulos. Parece-me o borraõ do auétor, e con *

tém muitas coufas, donde póde tirar luz a Hitoria


de Portugal, no tempo de Flippe IV. Tem 75 pa
ginas. B. R. Et. H. num. 65, fol. 18o. fol.
Elogio de Ruy Freire de Andrade, General Portugues
na India, que morreo em Ma/cate no anno de 1633,
tirado da relaçaõ manu/crita, que e/creveo da_/ua
vida o Capitaõ Domingos de Toral e Valdes. Tem
3 paginas. Ibid. num. 66, fol. 339, fol.
Relaçaõ de varios fucce/os dos Hollandezes no Bra/#2
pelºs annos de 1632, e 1633 ; e como ganháraõ o
Porto da Najareth. Tem 4 paginas. Ibid. num. 66.
fol. 363. fol.
Relaçaõ āe como os Hollandezes ganháraõ no Bra/il a
Paraiba, e o Forte da Nafareth no anno de 1634.
Tem 8. paginas. B. R. Et. H. num. 67. fol. 9.
Relaçaõ do Jucce/o da guerra dos Hollandezes no Bra
/il no anno 1635, fendo General das Armas D. Luiz
de Roxas. Tem 8 paginas. B. R. Et. H. num. 68.
fol. 41.
Confliº de 25 d'Agºno de 1635, feita a ElRei Hi
/p-

(a) Vem imprefas em hum, de: Tomos das Provas da Hitoria Ge


nealogica da Cafa Real Portugueza. Na Divif. I., vem apontada a
Relaçaõ dete Cafamento, que exite tambem manufcrita na Biblie
theca Real de Madrid.
DE LIT r e R A rua A Po º ru Gu e zA. 83
lippe IK, por huma junta (que naõ fei qual fof.
fe), prefidida pelo Conde de Ca/iro fobre hum ae
gocio, em que fôraõ partes em Lisboa D. Antonio
de Arteaga, D. Joaõ de Arce , e D. Diogo de
Toledo.
48o. fol. He Original
-
, e tem 5 paginas,
• •
Ibid., fol. •

Relaçaõ do fucce/o, que teve o fitio, que á Bahia de


Todos os Santos pozéraõ os Hollandezes no anno de
1636. Tem 4 paginas. , Ibid, num. 69. fol. Io5. fol.
Memoria em que fe contém os fucce/os das Armas de
He/panha no Bra/il, fendo d'elle Governador, o Con
de da Torre. Tem 4 paginas. Ibid. fol. 5. fol. -
Relaçaõ do que fe pa/ou no Bra/il no anno de 1639
com os Hollandezes, fendo Governador d'e/e E/?ado
o265.
ditofol.Conde. Tem 14 paginas. Ibid. num. I2. fol.

Expul/aõ do Colleitor de Portugal em 1639. Tem 8


paginas. Ibid. Et. J. num. 167. fol. 55.4.°
Relaçaõ do que fuccedeo no levantamento do Reino de
Portugal do I. de Dezembro de 164o. Tem 2o pa
ginas. Ibid. fol. 59. 4.°
Relaçaõ da Vittoria, que alcançáraõ as Armas Catho
licar na Bahia de Todos os Santos contra os Hol
landezes, que fôraõ fitiar e/la praça em 14 de fu
nho de 1638, fendo Governador do Efiado do Bra/il
Pedro da Silva. Tem 12 paginas. B. R. Et. H.
num. 71. fol. 3o2. fol. +

Relaçaõ do que fe pa/ou em Lisboa no dia da revolu


faõ dada em faen por hum homem, que fe achou
n'ella. Tem 4 paginas. Ibid. fol. 354, fol. -

Relaçaõ do que aconteceo com o levantamento de Por


tugal. Tem 16 paginas. _Ibid. f. 362. fol.
Ordens que S. Alteza (a Princeza Margarida ) man
dou ao Cafiello de Lisboa no dia da revoluçaõ. Tem
4 paginas. Ibid. fol.
Memoria do que Fernando Corrêa Travaços foube em
Portugal, quando ".foi por ordem do M…
L 11 I 07"-
84 | M E M o R I A S
Torralto. Tem 6 paginas. Ibid., fol. 372. fol.
Prática que fez o Conde Duque d'Olivares, em 12
de Dezembro de 164o aos Portuguezes, que efiavaõ
em Madrid. Tem 8 paginas. B. R. Et. H. num.
. 75, fol. 356, fol.
Artigos que o Padre Antonio Vieira , e toda a Com
panhia de fefus deraõ ao Duque de Bragança, pa
ra haver de confervar-fe Rei de Portugal. Tem 26 pa
ginas. Ibid. fol. 394, fol. |-

Allegaçaõ fobre o direito dos Reis Catholicos ao Reino


de Portugal. Naõ he completa, e tem ICO paginas.
Ibid. fol. 4o7. fol.
Difcurfo contra hum livro compofio por Fr. Antonio
Seyner com o titulo : Hitoria do Levantamento de
Portugal. Tem 12 paginas. Ibid. fol. 457. fol.
Allegaçã5 fobre o direito dos Reis Catholicos á Corôa
de Portugal. Tem 1o3 paginas. B. R. Et. H. num.
75. fol. 463, fol. - - -

Difcurfo a favor do Efiado Eccle/la/?ico do Reino de


Portugal. Tem 16 paginas. Ibid. fol. 585, fol.
Allgação a favor de D. Pedro da Mota Sarmento ,
Mordomo da Princeza Margarida, accufado de ter
parte no levantamento de Portugal. Tem 12 pagi
nas, Ibid. fol. 637. foi
Re/pafias ás defculpas de D. Pedro da Mota Sarmen
éo. Tem 25 paginas. Ibid. fol. 713. fol. (a)
Papel que de ordem de S. Magefiade (Catholica) fe
- enviou ao Senhor D. Pedro de Aragaõ, no qual fè
º refere a conferencia , que tiveraõ os Senhores fafé
Gonçales, e D. Francifco Ramos com o Senhor Car
dial Boneli, Nuncio de S. Santidade nefier Reinos,
fobre a Provifaõ dos #*#
de Portugal. Tem
43 paginas. B. R. Et. H. num. 75. fol. 5. fol.
ginas. fobre
Di/curyo Ibid. fol. 61. fol. com Portugal. Tem 13 pa
as tréguas • -

º " " . - , Decla


(2) A fol. 727 te acha outro papel, que me pareceo continuaçaó
d, e{tes -
*E LIr r = " A r o R A Por ru e vez A, ºs
Declaraçaõ que fizeraõ alguns Cavaleiros Portuguezes,
que pa/araó á obediencia d'ElRei Catholicó, logo
que fe revoltou o Reino de Portugal. Tem Io4 pá
ginas. Ibid. fol. 193. fol.
Allegaçaõ fobre a fucce/aõ do Reino de Portugal. Tem
12 paginas. B. R. Et. H. num. 75. fol. 247, fol.
Cartas de 30 de junho de 1642, e/critas por ElRei,
e a Rainha ao Conde de Afumar, em que lhe agra
decem os feus ferviços fazendo-o Grande de He/pa
nha. Ibid. num. 76. fol. 619. fol.
Noticias, e fucce/os da guerra de He/panha com Por
tugal em 1642, . Tem 8 paginas. Ibid. fol. 623. fol.
Artigos da paz ajuflada entre os Reis de Inglaterra,
e Portugal, firmados em Londres a 29 de faneiro
de 1642. Tem 4 paginas. Ibid. fol. 72o. fol.
Relaçaõ do efiado de Portugal até 6 de Maio de 1642,
dada por Joaõ de Arze Contador da Armada , e
prifoneiro em Lisboa na occafiaõ da revoluçaõ dº
aquelle Reino. Foi feita a 4 de Julho de 1642 , e
me parece Original. Tem 32 paginas. B. R. Et.
J. núm. 167. fol. 123, 4.°
Varias cartas efèritas das fronteiras de Portugal, em
que fe dá noticia do que ab/fe pa/ava em 1643.
Ibid. Eft. H. num. 77. defde fol. 121. até 136. •

Manifefio do Exercito Portuguez da Efiremadura no


anne de 1643 , e fua Re/pa/2a. Parecem-me Origi
naes. Ibid. Et num. I67. fol. 2o. 4.°
Relaçaõ do efiado Militar de Portugal, tirada do avi
fo d’hum Confidente, efèrito em 15 de Maio de 1644.
Tem 1 pagina. Ibid. Et. H. num. 78. fol. 229. fol.
Relaçaõ d’hum bom fucce/o que tiveraõ as Armas de
He/panha em Portugal no anno de 1644. Tem 4 pa
ginas. B. R. Et, H. num. 78. fol. 234, fol.
Declaraçaõ que faz Francifco Manojo Cafielhano, que
fabio de Lisboa a 2 de Maio d'e/le anno 1644, e
chegou a Cadis a 15 do dito mez. Tem 4 páginas.
Ibid. fol. 24o. fol. … . . . R.
86 M E M o R I As
Relaçaõ Diaria da Viétoria , que as Armas de Ma
gefiade Catholica tiveraõ na batalha de Montijo.
Tem 2 paginas. Ibid. fol. 248, fol.
Noticias dos fucce/os da campanha contra Portugal,
no anno de 1654. Saõ quatro, e mui breves. Ibid.
num. 86. fol. I2 r. 125.25. e 129.
Succe/os da Guerra de He/panha contra Portugal pela
Efiremadura no anno de 1657. B. R. Et. H. num.
87. fol. I.
Parecer fobre fé era conveniente abandonar a praça de
Monçaõ. Ibid. num. 89. fol. 35. fol. -

Relaçaõ do fucce/o de Elvas em 14 de janeiro de


I659. Ibid. fol. 38. fol.
Relaçaõ da famo/a Vičioria, que tiveraõ as Armas |
Catholicas, governadas por D. Diogo Pimentel, Mar
quez de Vianna , Governador, e Capitaõ General do
Reino
fol. 5. de
fol.Galliza, contra Portugal. Ibid. num. 88.•

Memorial dos ferviços de D. Balthafar Pantoja, on


de ultimamente fe refere a campanha de Galliza do
anno 1658, em que fe conquifiáraõ aos Portuguezes
as praças de Monçaõ, e Salvatera. B. R. Et. H.
num. 88. fol. 126. fol.
Queixas de Ca/lella contra os Reis Catholicos, pelas
calamidades occa/tonadas com a guerra de Portugal,
e Granada. B. R. Et. M. num. 145.
Relaçaõ do eflado em que ficavaõ as cou/as da India,
facada das Cartas que e/creveo o Vice-Rei D. fe
ronymo de Azevedo nas Náos, que agora chegáraõ.
Tem 6 paginas. Ibid., Et, J., num. I4 fol. 143. fol.
###### feita a ElRei Filippe III, fobre as In
dias de Portugal... Tem 9 paginas. Ibid. fol. 153, fol.
Con/ulta feita a ElRei Filippe IV, fobre o dote, que
o Duque de Bragança pretendia dar a fua filha ,
para a ca/ar com ElRei de Inglaterra. Foi defpa
chada em 25 de Junho de 1661. B. R. Et. H. num.
90, fol. 18. fol. •

Con
DE LITT E R A T U R A Po R ru Gu Ez A. 87
Conquifia de Arronches em 17 de junho de 1661. Foi
#
58. fol. n’ete lugar a 19. do dito mez.
|-
Ibid. fol.

*# , por que fe naõ deve imprimir a Hifloria das


guerras de Pernambuco, compo/la por Duarte d'Al
buquerque Coelho. He Original.
Faz mençaõ d'ete manufcrito, como exitente na
Bibliotheca Real de Madrid, o Addicionador da de
Pinelo Tom. II. T. 42. Col. 676, fol. |-

Roteiro, e Defcripçaõ do Efiado do Bra/il, e Bahia


de Todos or Santor. •

Ete manufcrito diz o dito Addicionador, que a


vira na Livraria do Conde de Villa Umbrofa, Tom.
II. Tit. I2. Col. 676.
Diferipçaõ de Ormuz, tirada d’huma relaçaõ que ef>
creveo o Capitaõ Domingos de Toral, e V2/des.
Faz mençaõ d’ella como exitente na Bibliotheca.
o55.Addicionador
fol. de de Pinelo Tom, I. Tit. 3. Col. •

rāk; das Armas de S. Mage/iade Catholica na re


cuperaçaõ do Bra/il. --

Ete manufcrito diz o dito Addicionador, que o


vira na Livraria do Conde de Villa Umbro fa Tom. H.
T. 12. Col. 679. - •

Divina retribuiçaõ fobre a cabida de He/panha no.


Reinado do nobre Rei D. Joaõ I., que foi re/lau
rada pelas mãos dos mui Excellentes Reis D. Fer
nando, e D. Ifabel feus Bifnetos.
Trata-fe n’ete manufcrito da célebre batalha de
Aljubarrota, em que foi vencido ElRei D. Joaõ I.
de Catella, e da que, antes de fer pafado hum fe
culo, perdeo ElRei D. Affonfo V. de Portugal, go
vernando a Hefpanha os Reis Catholicos Fernando,
e Ifabel, chamada vulgarmente a batalha de Toro.
He efcrito em pergaminho quafi nos fins do feculo
decimo quinto. Efc. Et.J. num. I.
Da origem, linhagem, e Chronicas dos Reis de Por
fº//--
83 M E M o R I A S
zugal, defde D. Afonfo Henriques feu primeiro Rei,
até D. Joaõ III., que começou a reinar no anno de
1521. Ibid. Et. X, num. 5. fol.

D I V I S A Ô III.

Das Memorias, Documentos, e E/critos em outras


Linguas.
Ffonfo de Carthagena, Bifpo de Burgos: Allega
ções feitas no Concilio de Bafiléa a favor d'El
Rei de Cafiella , e Leaõ contra os Portuguezes, fo
bre a conqui/ia das Canarias no anno de 1435. Em
Latim. Efc. Et. A. num. I4, 4.° (a)
André de Avellar, Profeflor de Mathematica na Uni
verfidade de Coimbra : Expo/içaõ da Theoria dos fe
ze Planetas, e oitava Esfera. Em Latim. Efc. Et.
Et num. 9.4.
Diogo Rodrigues de Almela, Conego na Cathedral de
Murcia: Origem dos Reis, e Reino de Portugal; e
«direito que tem de fucceder na Corôa delle os Reis
Catholicos de He/panha Fernando, e I/abel por /uas
pro
(a) Efte fabio Bifpo, fendo talvez Embaixador em º#
, foi
>rogado pelo Senhor Rei D. Duarte, que traduziffe em Catelhano
os livros, que Cicero efcrevêra tobre a Rhetorica. Foi facil em dei
xar-fe vencer das fupplicas dete Principe, porém traduzio o primei
aro livro fómente, talvez por fer chamado para outras ceufas do fer
viço d'ElRei feu Amo. Elle fe conferva na Livraria do Real Mof
teiro do Efcurial com efte titulo : Libro de Marco Tullio Ciceron
4ue fe llama de la Retorica trasladado em Romance por el muy Reve
rendo Don Alfonfo de Cartagena Bifyo de Burgos á inflancia del muy ef
«larecido Principe Dºn Duarte Rei de Portugal.
Ete mefino Bifpo efcreveo tambem para intrucçaõ do dito Rei,
fendo ainda Principe, huma pequena obra dividida em dous livros
com o titulo : Memoriale Virtutum. Sirvaó etas duas memorias para
confirmaçaõas daletras,
mereceraó docilidade dete Principe , e da etimaçaó que lhe
• •• • --
DE LIT r e R A ru R A Po R ru e vez A. 39
- proprias pe/oas, ou como dizem os jurif-Con/ultos,
in Capita. Em Latim. Efc. Eft. H. num. 15. 4.°
Domingos Gonçalves Prego, Profeffor de Direito na Uni
verfidade de Coimbra, Collecçaõ de Tratados Acade
micos, dióiados por varios Profe/ores de Direito Ca
nonico, e Civil na Univerfidade de Coimbra, defde
o anno 1564.
Começa por huma Prefaçaõ do Collector, á qual
fe feguem as Prelecções de Joaõ Mogrobeio, Luiz
de Catro, Ruy de Soufa, Lourenço Mouraõ, James
de Moraes, Rodrigo Ayres, Manoel Soares, Jacob
Gomes, Jorge do Amaral, Antonio Salema, Anto
.nio Valafco, Pedro Barbofa, e Henrique Simões. Em
Latim. Efc. Et. K. num. 18. 4.°
Do mefmo, Collecçaõ de Tratados Academicos ,
feitos por varios Lentes de Direito Canonico na me/>
ma Univer/idade, de/de o anno 1566.
Começa eta Collecçaõ por hum Proemio do Col
lector, ao qual fe feguem varias Prelecções, diétadas
fobre varios Capitulos das Decretaes pelos Doutores
Luiz Corrêa, Luiz de Catro, Ayres Gomes, Ma
noel Soares, James de Moraes, Francifco da Cota,
e Lourenço Mouraõ. No fim da Collecçaõ vem hu
mas Thefes, que o Collector defendeo em Coimbra,
eI. Lisboa,
4.° no anno de 1573. Em Latim.

Ibid. num.

Do mefmo, Collecçaõ de Tratados Academicos


diêiados por varios Profe/ores de Direito Canonico
da Univer/idade de Coimbra, defde o anno 1568. até
o de 1571. ,º • -

Comprehende varias Prelecções dos Doutores Ja


mes de Moraes, Luiz Corrêa, Manoel Borges, Luiz
Fernandes, Luiz de Catro, Ayres Gomes, Manoel
Soares, Henrique Simões, Pedro Barbofa, Gabriel da
Cota, Ruy 2.Lopes,
Ibid. num. 4.° e Antonio Valafco. Em Latim.
# • •• •

Enoch Etel Genio, Breve , e fiel Relaçaõ da ex


Tom. III. • • M. pe
9o M E M o R I A s . * . *
pediçaõ, que alguns Negociantes fizeraõ ao Bra
fil, no anno de 1623, dando-lhes favor, e aučiorida
de para 1/h or Efiados Geraes das Provincias Uni
dar. Tem 7 paginas. Em Latim. B. R. ER. H. num
56. fol. 2o8. }} -

Gabriel da Cota , Lente da Univerfidade de Coim


bra, Commentario ás Lamentações de Jeremias Pro
feta. Tem no principio trez Difcurfos: no primeiro
trata da ### dete Livro: no fegundo do eftylo,
de que n'elle ufou Jeremias : no terceiro do artifi
cio alfabetico, com que faõ tecidos os feus verfos.
Foi ete Commentario efcrito no anno de 1699., e
julgo que por algum de feus difcipulos ao mefmo tem
po que era dictado, pois etá cheio de muitas abbre
viaturas. Em Latim. Efe. Eft. B. num. 24. 4.°
Do mefmo, Varios Tratados. 1.° da Sepultura de
Jacob : 2.° do cuidado que deve haver nos fepulchros:
3° do lugar da fepultura: 4.° do cuidado que deve
ufār-fe com os cadaveres: 5.º das exequias, e carpi
mentos: 6.° Commentario á Segunda Epitola Cano
nica de S. Joaõ Apotolo , dictado da Cadeira no
anno de 16o2: 7.° Commentario á Terceira Epiftola
Canonica de S. Joaõ : 8.° Commentario ao Livio
de Ruth. Efc. Eft. G. num. 6. 4.°
D. Joaõ III: Rei de Portugal, Carta aos Padres da
Concilio de Trento, na qual lhes declara, que entre
tanto que naõ mandava Embaixadores, que no dito.
Concilio fize/em as fuas vezes, enviava trez Theo
logos, a /aber Fr. Jeronymo de Azambuja, ou Ole
atro, Fr. Jorge de Sant-Iago, e Fr. Ga/par dos
Reis. Em Latim. Ibid. Et. Et num. 7. (a)
Joaõ.

(a) Na Bibliotheca de Bayer, d’onde, como fica dito, fôraó tira


das todas as noticias, que aqui dou dos manufcritos exitentes na do
?
E{curial, e naõ declarava a data d'eta carta; porém ela foi defpa
chada em Evora a 21 de Junho de 1545., como fe lê na Collecçaõ
de le Plat Tom. 3 pag. 282., ou a 29 de Julho do mefmo anno §
th
cºm º te lé na de Labbé Col. 291. Veja-fe a obra que tem por ti *#
DE LIT r ER A ru R A Por T U C U Ez A. 91
Joaõ Baptita Gefio, Mathematico, Difcurfo fobre a
fucce/aõ do Reino de Portugal do anno 1578. Além
dete Difcurfo, que he dirigido a ElRei Filippe II.,
comprehende ete Codice muitas Cartas fobre o mef
mo aflumpto, e coufas de Portugal, todas Originaes,
afim como o he tambem o dito Difcurfo. Em Ita
liano. E{c. Eft. P. num. 2o. fol.
Joaõ Baptita Lerana , da Ordem do Carmo, Confulta
feita ao Summo Pontifice Alexandre VII. , a fa
vor dº Direito de S. Mage/tade Catholica, no pro
vimento dos Bi/pados do ### de Portugal. He divi
diva em 42_paragrafos, e 57 paginas. Em Latim.
B. R. Et. H. num. 75, fol. 29. }}
* •

Joaõ de Deos, Conego na Sé de Lisboa, Hum Tra


tado fóbre o Sacramento da Penitencia, difiribuido em
trez livros. Parte dos efcritos, de que fe compõe ef
te Tratado, fe acha efcrito em pergaminho, e parte
em papel; e a letra tambem naõ he toda do me{mo
feculo. Efc. Eft. C. num. 2o. 4.° •

Luiz Corrêa, Profeffor de Direito Canonico na Univer


fidade de Coimbra, Commentario ao Titulo : de ofi
cio et potetate Judicis delegati. No fim tem em
# a feguinte nota : Faltaõ aqui duas lições,
que di/e o Doutor Luiz Corrêa que deixa/em. O
Commentario he do anno de 1587. Ibid. Et. M.
num. I4 fol. (a)
Manoel Alvares , da extincta Sociedade de Jefus, Inf>
tituições
28, 8.° (b)de Grammatica Latina. Efe. Eft. G. num.
• • •

D. Pedro Figueiró, dos Conegos Regrantes de Santo


Agotinho, Commentario ás Lamentações de fere
, , M. ii miar ;

tulo: Portuguezes nos Cºncilios Geraer, efcrita pelo Senhor Antonio


Pereira de Figueiredo, a pag. 65.
(a) Efta obra julgo fer mui larga pela defcripçaó que d’ella faz o
Senhor Bayer.
(b) Foraó imprefas muitas vezes,
92 • M É M o R I A s

mias; outro a Ofeas, e outro aos fete primeiros ca


Pedro Della
pitulos de Valle
Ifaias.il Pellegrino,
Ibid. Eft. K.Difcur/o/obre guer-
num 16. 4.º a(a) •

ra de Hormuz, efcrito ás infiancias do Senhor Vice


Rei da India Oriental D. Francifco da Gama, Con
de da Vidigueira, e Almirante em Goa no anno de
1623. 62,
num. Tem4.° 52 paginas. Em Italiano. B. R. Et J.
• •

Ruy Lopes da Veiga Tratado Academico a todo o ti


tulo de Actionibus das Inflituições de fufiiniano.
Foi efcrito no anno 1588. Efc, Et. L. num. 26.
Carta de de/afio efèripta por D. Fernando Rei de He/-
panha a D. Afonfo V de Portugal, e Re/pofia dº
e/le. Efe. Eft. F. num. 19.
Emblemas, Epigrammas, e outras Poezias, que fere
citáraõ no templo do Collegio dos fe/uitas de Coim
bra no anno de 1605, ao nafcimento d'ElRei Filippe
IV... B. R. Et. M. num. II2.
Carta e/crita em Abril de 161o. pela Cidade de Lu
bec a D. Chrifiovaõ de Moura, fendo Vice-Rei de
- Portugal, fobre as reprefalias que fe haviaõ feito
e varios mercadores, e marinheiros d’aquella Cida
dade. He original, e tem 4 paginas. Em Latim. Ibid.
Et. H. num. 49. fol. 473, fol. -

Sitio de Malaca no anno de 1628. Foi efcrito por hum


Italiano, que fe achou n’elle, e tem 19o paginas.
. B. R. Et. J. num. Io8. 4.°
Re/po/la ás razões oferecidas pelo Efiado Eccle/ia/icº
de Portugal fobre o provimento dos Bi/pados d’elle
Reino, ${ 2o paginas. Em Italiano. Ibid. Et. H.
num. 57, fol. 593. fol.
Lugares Communs Oratorios , Hifioricos, e Moraes.
- Efcritos parte em Portuguez, e parte em Latim:
Efc. Eft, G. num. 6.
• ME

(…) No Codice vinha efte eferitor citado pelo feu nome fómentº:
eu julgando fer o mefino que vem na Bibliotheca Lufitana com º
appelido de Figueiró, lho dei aqui tambem.
DE LITT ERATURA Po RT U G U Ez A. 93

M E M O R I A

Sobre antiguidades das Caldas de Vizela.


PoR Jos e D I o G o M A s c A R E N H As Nero.
Averá 8o annos, fegundo a tradiçaõ dos póvos,
que alguns moradores da Freguezia de S. Miguel
das Caldas, huma legoa ao Sul de Guimarães,
principiáraõ a defcobrir as paredes de hum tanque, e
ruinas de edificios fubterrados na planicie chamada La
meira, aonde paffa hum pequeno ribeiro , que fe vai
metter correndo para o Sul no rio Vizela, na ditancia
de 5oo pafos.
§ II.

O me{mo tanque fe confervou por muitos annos


entupido, porque a Camara de Guimarães prohibio aos
póvos o continuarem a excavaçaõ, e nas fuas vizinhan
ças dentro daquella planicie exitiaõ finco nafcentes de
agua, com diverfos gráos de calor. Já antes deta def
coberta fe fazia ufo das mefmas aguas para banhos,
conduzindo-fe em pipas para o Porto, para Guimarães,
º para outras povoações; pois que no fitio do feu naf
cimento naõ havia commodidade alguma : ellas etavaõ
em charcos defcobertos, aonde apenas alguns pobres he
# tomavaõ banhos, obtervando-fe com tudo maravi
hofos efeitos. Os efcritores do principio dete feculo
o afirmaõ: Corografia Portug, fallando de S. Miguel
das Caldas. +

§ III.

Ito deu caufa a que no anno de 1785, fe fizeffe no


#tio da Lameira huma barraca coberta de colmo no ef
paº
94 M E M o R I A s

paço, em que, exitiaé dous charcos de agua quente;


nos quaes tomáraõ banhos com feliz fuccefo algumas
pefoas. . No anno de 1787. fez o actual pofuidor do
terreno huma barraca mais commoda, e nella contruio
hum banho, e defcobrindo outro, que fe achava fub
terrado, fe principiáraõ a ver indicios de huma magni
fica contrucçaõ. Ifto me obrigou a animar o referido
homem, para fazer naquelle fitio huma excavaçaõ maior,
por meio da qual fe defcobríraõ no anno de 1788. de
zefeis nafcentes de agoa, e 8 banhos contruidos de ar
gamafas diverfas, e fragmentos de tijolo, guarnecida
toda a fua fuperficie com xadrez de varias cores, forma
dos de pequenos quadrados de compofiçaõ calcarea. Igual
mente fe tem achado retos de paffeios , que fe diri
giaõ de huns banhos para outros, e eraõ formados co
mo os mefmos banhos. Huma , e outra coufa inculca a
grandeza deta obra, e a fua rica, e importante contruc
çaõ.
§. IV.

Pareceo-me hum femelhante objecto digno de traba


lho, e de curiofidade, que fe augmentou á proporçaõ,
que obtervei nas vizinhanças da Lameira, e pôr quafi
todo o diftricto, que comprehende a freguezia de S.
Miguel das Caldas, a de S. Joaõ das Caldas, e parte da
de Santo Adriaõ, muita qualidade de pedra fina empre
gada nas paredes de curraes de gados, nas que tapaõ
as fazendas, e nas cafas dos Lavradores: conhecendo
fe evidentemente que a referida pedra tinha fervido em
edificios importantes, naõ fó pelo feitio, e talho della,
mas tambem pela fua qualidade; pois que conferida com
a dos montes vizinhos , fó podia fer tranfportada de
duas, e mais legoas de ditancia; ou fe extinguio nos
mefmos montes por efeito da muita contrucçaõ de edi
ficios, o que naõ he provavel, por naõ exitirem ref
tos, que lhe fejaõ analogos. Igualmente entrei a ob
fervar, que nos campos daquelle ditricto fe encontraõ.
mui
p E L 1T TERATURA Po R T U G UE z A. 95
muitos fragmentos de tijolo excellente, e de telha; e
que os Lavradores quando lavraõ as terras defcobriaõ ref
fos de paredes formadas de pedra fina, argamafa, e ti
jolos; e os mefmos Lavradores fe aproveitaõ da pedra,
que defenterraõ nas fuas fazendas, e fazem com ella
calas, e tapagem de campos.
$ V.

Informei-me com a exacçaõ pofivel de tudo o que


as peloas daquelle ditrióto confervavaõ neta materia,
dete modo foube, que fazendo-fe a torre da Igreja de
S. Miguel das Caldas no anno de 1777., ao abrir o ali
cerce apparecêraõ humas paredes na altura de 2o. pal
mos, e entre ellas varias fepulturas com os lados, e
tampa de pedra fina, e o fundo de hum tijolo do mef
m0 tamanho da fepultura, e exitiaõ nellas os offos dos
corpos em huma quafi prefeita organizaçaõ, mas com
Pouca confiftencia. Com a pedra fina lavrada, que fe
tirou no efpaço que fe abria para o alicerce, fe fez to
da a cornija , e os cunhaes da torre. Ito, mefmo ob
ervei eu, porque mandando excavar em mais de Ioo paí
los ditantes da torre, e fegundo a direcçaõ, que me
informavaõ tinhaõ as paredes, vim a achar naquella dif
tancia continuaçaõ das mefmas paredes, e fepulturas da
| contrucçaõ, que me tinhaã informado. Na ditancia de
40 paflos, para o lado das paredes fubterradas, fe ar
ancou ha 12 annos huma nogueira muito velha, e por
baixo della fe achou hum forno de tijolo, fobre o qual
exitia a altura de terra, em que aquella arvore fe nutrio.
º § VI.
He de notar, que a fituaçaõ, em que fe achaõ as fe
Pulturas, e paredes fubterradas na altura referida, e a
melma em que fe encontrou o forno, exitem no alto
de hum oiteiro, para o qual fómente por huma etrei
t2.
96 M E M o R I A s
ta lingua podiaõ as terras de hum monte vizinho mais
alto fer impellidas por virtude dos meteoros, e fó por
eta caufa, e com as terras formadas dos vegetaes, e
agricultura, naõ podia fubir a fuperficie a femelhante al
tura fem hum fuccefo extraordinario , ou huma gran
de, e longa fuccefaõ de feculos. •

§ VII.

Vendo que nas margens do Vizela, atraveffando em


direcçaõ recta do fitio da Lameira na ditancia de 54o
pafos, exitia hum olho de agua quente, mandei fazer
huma excavaçaõ, e junto a elle ao longo de varios pe
nedos, e rochas encontrei huma efpecie de banqueta,
de que fe conhecem vetigios fuccefivos na ditancia de
2OO pafos ; a fua contrucçaõ he de argamafa, e de
tanta variedade de tijolos da mais folida confiftencia,
que me obrigou a fazer huma idéa refpeitavel da gran
deza, e luzes dos antigos edificadores daquelle indicado
edificio. Junto á mefina banqueta na face fronteira, ao
Vizela, que lhe dita 2o pafos, exitem retos de banhos
arruinados, e da mefma contrucçaõ dos outros, que fe
defcobríraõ na Lameira. A mencionada banqueta fe acha
ligada aos penedos, e com huma confiftencia, e uniaõ
tal, que parece tudo huma fó peça de igual dureza : e
junto á banqueta defcobri 4 nafcentes de agua com di
verfos gráos de calor, conduzida por differentes cannos.
§ VIII.

Porque a entrada do Inverno naõ era propria pa


ra continuar aquella util, e curiofa excavaçaõ, e por ou
tra parte os povos arruinavaõ, e quebravaõ por efei
to da fua rufticidade algumas das coufas, que fe hiaõ
"defcobrindo, mandei outra vez fubterrar os indicios dos
banhos, e da banqueta, efperando fatisfazer na Prima
vera proxima a expectaçaõ, em que me tem aquelle
** §
#
IX.
DE LIr T E R A ru RA Po R ru GUEZA, 97 |

§ IX.

Neta excavaçaõ appareceo huma cunha de pedra pre


ta, cuja applicaçaõ naõ polo, defcobrir ; pois que o
maior polimento, que tem de huma parte inculca fric
çaõ, que com ella fe fazia, e ito obta para que fe
pofa attribuir ao fuperticiofo cotume do funeral dos
Carthaginezes. Da mefina fórma tem apparecido a 12, e
15 palmos de altura alguns dentes de animal, que pela
grandeza, que delles fe deduz, nos he hoje defconheci
do, e tambem fe acháraó alguns da mefma efpecie na
excavaçaõ dos banhos da Lameira.
§ X.

Duzentos e cincoenta pafos ditantes detas novas


agoas, fe encontraõ no rio Vizela em hum fitio chamado
Porto Cavaleiro algumas pedras lavradas, que indicaõ
ter fervido em arco de ponte; e aquelle lugar he, fegun
do a pofiçaõ das montanhas, o mais apto para a com
municaçaõ de huns banhos para outros, e da povoaçaõ,
que de huma, e outra parte inculcaó os indicios pon
derados.
§ XI.
No leito do rio Vizela 6o pafos ditantes do Po
º Quente, que afim fe chama o fitio, de que tracta
º § 7º, exitem dous olhos de agoa taõ quente, que
com 6, e 7 palmos de agua, e a veloz corrente que
º rio tem naquelle lugar nenhum homem póde parar os
pés fobre elles, e a do rio fe conferva quente até a
luperficie, o que fuccede tambem no Inverno; pois que
nas occafiões dos maiores frios fe obterva huma gran
de quantidade de peixes na circumferencia dos olhos de
*gua quente. Alguns homens me tem informado, que
*Pois de grandes enchentes, porque o rio leva nefas
Tom. III, N QC
93 º M e M o R I As * - :

occafiões os depofitos, fe defcobre tijolo, e argamafa no


lugar em que fahem os olhos de agua quente. Eu tenho
indagado eta materia, e uniformemente adquiri a me{-
ma noticia por todas as pefloas mais experimentadas do
rio com o exercicio da pefca ; mas elpero ter nito
idéas exactas, quando o rio no Veraõ proximo der lu
gar ao trabalho, e obtervaçaõ, poto que naquelle fi
tio em nenhum tempo leva menos de 5 palmos de agua.
* - § XII.
Na idéa de exitirem retos de banho artificial no
leito do rio, o que me parece certo á vita das mui
tas informações, que tenho indagado dos práticos, he
neceffario confiderar huma grande tranfmutaçaõ naquelle
fitio; principalmente porque nas vizinhanças delle em
algumas partes corre a rio entre montes efcarpados, e
edregofos, que por ifo naõ fó fazem mais difficultofa
à mudança do feu leito, mas tambem comprimindo-fe as
agoas augmentaõ a fua potencia na razaõ directa da ve
locidade deduzida do feu pezo, e da inclinaçaõ do pla
ho, aonde corre, impedindo que a fuperficie do leito
fe pofa levantar com os depofitos das aguas , que em
tal cafo faõ levadas pelas correntes. Plinio, e alguns an
tigos, que falláraõ da Lufitania, naõ fazem mençaõ do
rio Vizela, tractando ao me{mo tempo de outros, que
hoje fe naõ confideraõ taõ importantes. Huma, e outra
coufa me perfuade, que ou por alguma revoluçaõ do ter
reno, que parece tanto mais pofivel, quando o fitio
inculca abundância de mineraes inflaminatorios, ou por
efeito do longo tempo, que tambem altera a nature
za, e fuperficie da terra, o rio Vizela fe formou em
tempo poterior á edificaçaõ, e exitencia dos banhos,
que fe achaõ arruinados no feu leito.
DE LITTER A T U R A PoR ru Gu Ez A. 99.

§ XIII.
A contrucçaõ dos banhos, e os efeitos, que elles
produzem a favor da faude dos póvos, daó huma idéa
certa de que aquellas aguas tiveraõ grande reputaçaõ,
e por outra parte he evidente, que alli exitio povoa
çaõ muito importante, fufceptivel de tanta arte, e ma
gnificencia. A muita variedade de tijolos da mais foli
da confiftencia , de que fe encontraõ fragmentos nos
banhos, e nas mais ruinas, e dos quaes apprefento al
gumas amotras, inculca muitas oficinas, que fó fe pó
dem confiderar em huma fumptuofa, e grande edifica
çaõ. Sendo de notar, que naquelle detricto, e ainda
mefmo a duas, e trez legoas de ditancia, ha huma gran
de falta de argillas proprias para femelhante contruc
çaõ.
§ XIV.

Todas etas circumftancias me fizeraõ entrar no tra


balho de indagar qual fofie o auctor daquelles ba
nhos, e qual fole a povoaçaõ antiga, a que perten
cem as ruinas fubterradas,

§ XV.
Dos Póvos, que domináraõ a antiga Luftania, fó
os Romanos eraõ capazes de huma femelhante obra ,
propria dos feus conhecimentos, e dos feus cotumes;
pois que o ufo dos banhos foi para elles naõ fó hum
objecto de faude, mas tambem de luxo.
§ XVI.

Os nofos Hitoriadores , ou naõ poderaõ, ou fe


naõ canfáraó em examinar efte afumpto. O Author da
Monarchia Lufitana apenas diz, que em S. Miguel das
• N ii Cal
185 * M e M o R I As ": {

Caldas ha fontes de agua quente, e refere a inferip


çaõ de huma pedra, que dalli foi trafportada para a
uinta de Aldaó, vizinha deta Villa, e que exite da
órma feguinte:

DEDICAVIT. T. FLAVIVS, ARCHELAvs. CLAVDIANvs.

LEG, AVG.

12 palmos.

Eta infcripçaõ pelo feu, contexto, e pelo mefmo


feitio da pedra , que reprefenta ter fervido em cima
lha de portico, inculca edificio, que fe dedicou por Ti
to Flavio a alguma Divindade, ou Heroe, que fe deve
confiderar efcrito na fegunda pedra de cimalha , pois
que fe conhece, que aquellas palavras faõ retos de inf>
cripçaõ maior, que alli findou. Afim inculca naõ fó.
o contexto das letras, mas o mefmo feitio da pedra,
e fórma, por que ellas etaõ efcritas.

§ XVII.
... He tradiçaõ contante das pefoas velhas daquelle
ditricto, que a referida pedra fôra defenterrada no fi
rio da Lameira na occafiaõ da primeira defcoberta, de
que falei no principio detas Memorias, e que fôra en
taõ trafportada para a quinta de Aldaó, afim como
fuccedeo com outra, que exite na quinta do Cirne,
na freguezia de S. Joaõ das Caldas, e cuja infcripçaõ
fe motra na copia letra X.
§ XVIII.

Aquella primeira infcripçaõ exite bem confervada,


"... -> • e cla
DE LIT r E R A ru R A Por r o a U e zA. IOI

|

e clara, e como ella etava no fitio da Lameira, e fe
*
achou na defcoberta do tanque de que fallei no § 1.°
# parece-me , que fe póde deduzir, que aquelles banhos
fôraõ contruidos por Tito Flavio por efeito da fua au
thoridade publica, fendo Legado de Auguto na Lufita
nia. Naõ fuccede afim com a outra infcripçaõ, porque
conta que hum pedreiro por ordem do dono da
quinta lhe renovara as letras, e com ito he provavel
que fe transfigurafem muitas, e o feu fentido total fi
cou transfigurado, e imperceptivel, como fe obterva na
me{ma infcripçaõ, reprefentada na copia letra X, que
poto fe lêa em parte, naõ fe póde com tudo conhecer
º feu objecto, e hitoria.
§ XIX.
Depois deta conjecturada contrucçaõ dos banhos,
a primeira memoria, que tenho achado, de que fe pó
de deduzir a fua exitência he a vinda de Affonfo V.
Rei de Leaõ no anno de to 14., que etando em S.
Miguel das Caldas, mandou vir perante fi os Religio
fos Benedictinos, que entaõ pofuiaõ, e habitavaõ o
Convento, que neta Villa tinha intituido a Condefa
Momadona aonde hoje exite a Collegiada: conta de
hum documento, que fe conferva no Cartorio da mef>
ma Collegiada; eu o examinei, e delle faz mençaõ Gaf
Par Etaço nas Antiguidades de Portugal.
• i= "

§ XX. … …
Afonfo V. vinha com fua Mãi a Rainha Geloira,
*Póde-fe deduzir que naquelle fitio haviaõ banhos, é
edificio capaz de accommodar lium Rei ; mas naõ he
Provavel que ainda entaõ exitife alguma parte da po.
Vºaçaõ magnifica, que inculcaó as fuas ruinas; pois
lº nenhum dos Efcritores, que depois efcrevêraõ faz
mençaõ della. • • • • , !

". … §. XXI,
IÕ2 | * - -- M E M o R I A s - , ,

$ XXI.

Os Póvos diverfos huns barbaros, e outros pura


mente guerreiros, que por tantos feculos domináraõ a
Lufitania, ctragáraõ as fuas importantes Cidades, e tu
do quanto era gloriofo aos feus antigos habitadores, e
ao tempo dos Romanos. O fytema cruel, e afolador,
com que entaõ fe fazia a guerra, extinguio as memo
rias, que podiaõ retar das coufas maravilhofas.
§ XXII.

Ignorancia, e falta de Efcritores , em que etive


mos por muitos feculos, que por ferem mais chegados
á ruina dete Paiz podiaõ aprefentar provas da fua ver
dadeira Hitoria, he huma caufa indubitavel da incer
teza que temos de muitas coufas da Lufitania, em que
os E{critores Romanos falláraõ fuccintamente, e em ne
nhum delles tenho encontrado etas Caldas, ou a po
voaçaõ, que alli exitia; mas ito naõ he batante pa
ra fe julgar, que fôraõ para elles hum objecto infignifi
cante, quando as fuas ruinas nos daõ tantas provas da
fua magnificencia,
• §". XXIII.
.. .

Jofé Ribeiro do Adro, morador na freguezia de S.


Miguel das Caldas, achou nas vizinhanças do feu cafal
huma pedra enterrada, e contém a infcripçaaõ que re
prefenta a copia letra Z.
* . " s XXIV.
No lugar do Sobrado da mefina Freguezia , e no
ual fe conhecem muitos vetigios de edificios arruina
os, fui achar na parede das cafas do Lavrador Ma
noel Francifco huma pedra, que motrava na face CO
• •
def>
DE LITT e º Aru "A Po º ru e v = z A. ros
coberta conter alguma infcripçaõ, e fazendo-a tirar vi,
que a mefima pedra era o reito de hum padraó com qua
tro faces regulares, cada huma de dous palmos, e meio
de largura , e por todas ellas exite parte da infcrip
çaõ, que vinha começada da pedra que falta, pois fe
acha quebrada
infcripçaõ pela parteletrada V.baze fuperior : a mefma
vai copiada, •

§ XXV.

Tenho trabalhado, para entender os retos das inf>


cripções dete padraõ, e as outras de que falei no fim
do § 17°, e no § 23.°, ainda me{mo confultando homens
muito fabios neta materia, mas como até agora me naõ
foile pofivel achar a fua total, e verdadeira intelligen
cia, as ofereço á Real Academia do mefmo modo,
por que fe pódem ler; e tive o cuidado de notar aquel
las letras, que por apagadas fe equivocaó com outras,
e fó lhe proponho como huma conjectura, que póde fi
gurar as reflexões adiante expotas, que fería eta tal
vez a fituaçaõ da celebre Cinnania, de que falla Valerio
Maximo ; pois, que os breves da terceira infcripçaõ
CINNS. GL. Póde bem fer Cinnaniae gloria, vito con
templar ete padraõ as Divindades de Jove, Marte, Mi
nerva, e Efculapio. - * * *

§ XXVI.

Mais bem fundada he eta conjectura do que a


opiniaõ de alguns Eferitores nofos, # afirmaõ que o
monte Citania, junto ao rio Ave, e ditante de Guima
tens legoa e meia, he o lugar da Cinnania antiga; Fr.
Bernardo de Brito na Monarchia Luftana liv. 5. cap.
5, e Faria, e Soufa no Epitome da hi/#. a fol. 83., e.
fol. 9o. afim o efcrevem. - ",

§ XXVII.
/**
Io4 | M = M o R 1 A s ^" ' '
*

§ XXVII.

Etes Efcritores, e outros naõ tiveraõ mais prova


do que a femelhança da palavra, naõ examináraó que
o monte Citania pela fua configuraçaõ naõ he fufcep
tivel de ter nelle exitido huma Cidade, capaz de re
fiftir ao exercito de Bruto, nem conhecêraõ que no me{-
mo monte naõ exitem, ou fe defcobrem por meio de
excavaçaõ veftigios alguns de huma povoaçaõ importante.
Huns retos de paredes mal contruidas, que eu vi no
monte Citania, inculcaõ habitaçaõ de alguns pobres La
vradores, que alli moravaó, em tempo muito chegado
aos nofos feculos.

§ XXVIII.
O mefmo Faria , e Soufa a fol. 83. fallando das
fuppotas, ou verdadeiras guerras dos Portuenfes com os
de Braga, fitúa a Cinnania entre o Porto, e Braga, e
netes termos fe contradiz quando afirma, que o monte
Citania he o lugar deta &#', pois que elle fica ao
Oriente de Braga, e o Porto ao Sul: objecçaõ, que fe
naõ encontra, fendo a Cinnania , e S. # das Cal
das,
§ XXIX.
Pedro Henriques de Abreu no difcurfo, que fez fo
bre a Cinnania, fitúa eta Cidade em Cidadelhe nas fral
das do Maraõ: bata lêlo para conhecer a pouca impor
tancia das fuas provas. -

§ XXX.

A demarcaçaõ da Lufitania notada em Plinio, e


outros Efcritores Romanos, que a limitaõ no rio Dou
ro, naõ obta á conjectura ponderada, por quanto aquel |
• les
DE LI r r E R A T U R A Po RT e au Ez A. re5
ks limites da Lufitania fôraõ determinados por Octa
Y10, em tempo poterior ao acontecimento da Cinnania
com º exercito de Bruto, que refere Val. Max., e an
tes delta divifaõ fempre fè acha a Província do Mi
ºhº incluida na Lufitania entre os Efcritores antigos.
§ XXXI.
O me{mo Plinio refere o Minho entre os rios
da Lufitania, e por confequencia fe comprehendia no
feu territorio a Provincia do Minho, e ito he confor
me ao que efcreve Strabaõ na fua Geografia.
§ XXXII.

André de Rezende nas Antiguidades de Portugal,


conta o Maraõ, e o Gerez entre os montes da Lufitania;
e da mefma forma efcreve a refpeito dos rios Ave ,
e Lima, referindo trez demarcações diferentes da Lu
fitania, que fe encontraõ nos Efcritores Romanos.
§ XXXIII.

Netes termos naõ he necefario fuppor hum erro


geografico , como quer Etaço, para afirmar que fôra
na Provincia do Minho a Cinnania, de que falla Val.
Max, o que prova muito bem Antonio de Serqueira Pin
to no Proemio addicionando o Catalogo dos Biípos do
Porto; e a conjectura da inferipçaõ junta aos indicios
de huma grande povoaçaõ, conhecidos das fuas ruinas
fubterradas, motra que a Cinnania fôra em S. Miguel
das Caldas com mais probabilidade, do que fe encontra
nos nofos Efcritores, que a fituaõ diverfamente.
§ XXXIV.
. Da mefma fórma aprefento á Real Academia al
Tom. III. O gu
Io6 M E M o R I A S
gumas medalhas, que tem apparecido na freguezia da
S. Miguel das Caldas, ainda que a maior parte dellas
me parecem dinheiros communs. Igualmente aprefen
to a amotra da argamafa, e da fuperficie dos banhos ,
a cunha de pedra, e deus dos dentes, que refere o S
# e algumas variedades dos tijolos, que fe achaõ nos
anhos, e nas ruinas dos edificios.

§ XXXV.
Eu defejava poder dar huma idéa exacta dos con
tentos, e natureza das aguas detes banhos, cujo pretti
mo naõ fó fe collige da fua rica, e engenhofa conf
trucçaõ, mas tambem dos efeitos, que fe achaõ pro
duzindo em diverfas moletias ; porém femelhante ana
lyfe, e as operações , que lhe faõ relativas, exigem
muito trabalho com intelligencia particular da theoria ,
e prática da Chimica, e os meios que lhe faó concer
Ilê IltCS..
§ XXXVI,
As mencionadas aguas faõ muito crytallinas, e del
gadas, tem algum cheiro, e fabor ao enxofre, mas naõ,
cultaõ muito a beber, e para efte fim fó-fe principiáraõ
a ufar… mais frequentemente de 1787., pois que a im
mundicie, em que fe: achavaõ antes º impedia huma fe
melhante applicaçaõ.
§ XXXVII.

Os depofitos das mefmas aguas, de que aprefento


amotras, e fôraõ tirados do fundo dos banhos, de
pois de lhes mandar extrahir a agua, motraõ claramen
te a difoluçaõ do ferro ; ellas contém abundancia de
acido vitriolico , que com a diffoluçaõ do ferro pro
duz a caparofa, de que abundaõ: mas eu fundado nos
efeitos das mefinas aguas, e nos refultados dê algumas
ope
pE LIT r ER AT U R A PoRT U GU Ez A. " Io7
operações, que nellas fe tem feito, tenho toda a ef>
perança de que fe venha a demontrar, que faõ predo
minadas do ferro, e talvez pofamos ter nellas produ
étos, que os Etrangeiros nos fornecem, e faõ neceffa
rios para a faude.
§ XXXVIII.

Sería muito para defejar, e confequente das luzes


do prefente feculo , o aproveitamento daquelles ba
nhos, edificando-fe no fitio delles hum Hofpital util,
e neceffario á faude dos povos, e para cuja contruc
çaõ, e folido etabelecimento abunda de meios a Provin
cia do Minho.
§ XXXIX.
O me{mo fitio da Lameira he hum paralelogrammo
batantemente efpaçofo, muito agradavel, e accommo
dado para o referido edificio , ainda que o lugar do
Poço Quente, aonde fiz a ultima excavaçaõ referida no
§ 7º, he digno de todo o aproveitamento pela fitua
çaõ em que etá, e pela grandeza que inculcaõ as
ruinas , que nelle fe achaõ fubterradas.
§ XL.

A producçaõ daquelle ditricto deduzida das ven


tagens , que à natureza lhe deu para a fertilidade ,
e da tua muita populaçaõ, favorece huma femelhante
idéa... He de notar, que as vizinhanças do rio Vizela
no fitio dos banhos confideradas da ponte de Negrélos
até á ponte de Pombeiro, que dita huma da outra duas
legoas, limitando huma de largura, rende mais de mi
lhaõ e meio em cada anno nos productos d’Agricultura,
gados, e maõ de obra das fazendas de linho, feito o cal
culo pelos dizimos , e exportaçaõ das referidas fazen
das.
O ii § XLI.
Io8 M E M o R I A S -

§ XLI.

Além da etimaçaõ , que fe tem formado daquel


las aguas de dous annos a eta parte por virtude dos
feus efeitos, que tem attrahido grande affiuencia dos
enfermos das Provincia do Minho, a fituaçaõ dellas he
a mais commoda , e acceflivel para as terras princi
paes da me{ma Provincia por exitir no centro della, e
ifto he huma vantagem ponderavel para o eftabelecimen
to, que acabo de ponderar, principalmente quando as ou
tras Caldas, de que as noflas. Provincias do Norte fe
fervem, além de naõ ferem taõ proveitofas, humas ex
item em Galliza, outras no Gerez em hum fitio efca
brofo no fim da Provincia do Minho , falto de com
modidades , e viveres neceffarios; e todas as mais por
inferiores, e tambem por incommodas faõ incompará
veis ás Caldas de Vizela, de que tenho fallado.
§ XLII..
_ Se a excavaçaõ, que efpero fazer na Primavera pro
xima , fornecer alguns productos, de que tenho batan
tes efperanças , eu terei a honra de os aprefentar á
Real
illuminada,
Academia,
e utilcom
confideraçaõ,
o defejo de que mereçaõ a fua

DE LIT r r AA ru R A Po RT U G e Ez A. 1oy
". “X. #
I GPOMES IUS - - - - Efte padraõ tem 8 palmos
2 CNCAEV RO de comprido com 4 faces
3 NIS. FAIEI iguaes de 2 palmos de lar
4 VGENVS VX - gura em cada huma ; em
5 S._AMENSIS , huma face tem eta inferip
6 REO, RORMA çaõ, e na face immediata
7 NIGO. V. S. P. O. tem algumas letras que fe
8 QVIS QVIS HO naõ conhecem.
9 NOREMAGI •

IO TASITATETVA
II GLORIA SERVET
P. R. AEGIPIAS
PVERONE

: LINAT HVNC
LAPIDEM

Nº 1º o G póde fer C, o O póde fer C com ponto


adiante, o ES mal fe percebe. - - -

Nº 2.° o primeiro, e fegundo C equivocaó-fe com G,


o E póde fer F
Nº 3.° o AEIE etaõ muito confufos
Nº 5.º o IS, póde fer V ou dois II
Nº 6º o R póde fer B |-

| Nº 7.° o O etá confufo, o NIG tambem etaõ confu


fos, o P póde fer B ou R
Nº 12º o G tambem póde fer C.
2 N.º I.º • … "

VLB. S. M. - - - - - - - Eta pedra tem 3 palmos de


| GENIOL comprido, 4 faces, e huma
| AQVINI dellas contém a infcripçaõ n.°
ESIFLAV I.", e a ºppota contém as
|| FLAVINI
FWLO. •
letras n.° 2.°

Nº 2º
GE, LA :
(Y)
IIC M E M Ó R I A #
Y Nº I.?
REGINA
MINER
VA ESOLI
LUNAE DI - - - - - - - o D póde tambem fer E, e de
ES OMI VIRI pois dete parece haver ponto.
FORTVN
MERCAS - - - - - - - - o S naõ fe conhece bem.
GENIO IO
VIS. GENIO
MARTIS,
Nº 2.º
: LRD - - - - - o L tambem parece E
ENVICT
ORIAE. SE - - - - - - o S tambem parece G
NIO MEO
DIIS SED
IS. PERV - - - - - - - adiante do V parece, que eteve
A ETMOC letra que naõ fe conhece.
• Nº 3.°
: AI : 3- . .
C. C. C.
R. COS.
CINNS.
GL
Nº 4.°
ESCVLA
PIO. LVCI.
AMNO , ,
ENFB.
VPIOINII - - - - - - o F póde fer E, e o B póde fer R.

AELO HL - - - - - o I póde fer L


\+ \>0

Aonde vaó dois pontos fignifica Iugar em que as letras


fe naõ percebem.
ES
DE LITT ERA TURA P o R T U GUEZ A. IIf

===E==============

ESPIRITO DA LINGUA PORTUGUEZA,


Extrahido das Décadas do infigne Eferitor
foaõ de Barros.
PoR A N T o N I o PR R E IR A D E FIGUE IR E D o.

A.

Rimeiro que entremos a enfiar pela ordem alfabe


tica os nomes, e verbos, que começam por eta le
tra; ferá bem defembaraçar-mo-nos de certas For
mulas, ou modos de fallar, a que dá principio a
prepofiçam
as FormulasA,de e outras
o mefmo praticaremos adiante com
letras. •

A béfia, a tiro de béta. III. VIII. 5.» Os outros fo


» ram mortos á bé/?a.
A bom recado. III, VIII. 1o.» Efcreveo a Lionel de Lim
» ma, que fe foffe com Martim Correa, leixando o na
» vio a bom recado. III, IX. 2. » O qual o Viforey
» mandou entregar a dom Simaõ, que oo tiveffe a bom
» recado prefo.
A Deos #dia. Fraze tirada do que cotumam os
mareantes, que he na occafiam da tormenta chamar
por Deos que lhes acuda: e com ella cotuma expli
car Barros o perigo e detroço das náos.
I. V. 9. » Conveo-lhe cortar as amarras, e fazer
» fe á vella via dete reyno a Deos mi/ericordia.
II. I. 7. » Partiram-fe a Deos mifericordia fem
» piloto. • -

III. I. 5. » Tomou o porto de Calayate já em dez


» de Setembro a Deos mifericordia.
III. IV. 5.» E avendo dous dias que andavam na lic
º guardas ondas a Deos mifericordia, chegaram a terra.
A ef>
fI 2 ... : M E M o R I A S , ,

A efcala vi/la ; ito he, abertamente, ás claras.


II. VII.5. » Como fe a viétoria os chamara, todos
» fe poferam em furia de a cometer á efcala vi/ia. II.
VII. 8.» Foy ficar com toda a gente, em hum corpo,
» pera combaterem a Cidade á efcala vi/ia.
III, IV. 7. » Votavam que lhes nam parecia ferviço
» de Deos nem delrey cometerem aquella Cidade 4
» efcala vi/la.
A gram pre/a a toda a prefa. II. XI. 7. » A gram
» pre/a mandou Dom Lourenço que cada Capitam fe
» recolhefe á fua náo.
II. V. 3. » Tanto que Jorge Fogaça vio o bargan
» tim, a gram pre/a remou rijo. III. I. 2. •

Efpedio ete navio a gram pre/a. He fraze or


dinaria de Barros netes cazos. Porque o adjectivo
Gram em lugar de Grande ainda em tempo , e na
boca de Vieira, fe juntava tanto a fubtantivos femi
ninos, como a mafculinos. Com tudo algumas vezes
diz tambem Barros, a grande pre/a, como na Dé
cada Terceira , Livro VI. Cap. X., onde o leio
mais de huma vez. E no Livro VII. Cap. V. » Ao qual
» Dom Luiz de Menezes a grande pre/a mandou em
» hum galeam. Nete mefmo fentido diz Barros ou
tras vezes a todo correr.
Aº lerta. III. I. 1o. » Os mouros depois que pafou o
» feito da tomada de Zeila, etavam tanto á lerta.
III. VIII. 4. » Fez que aquella noite etiveffem mais
» á lerta.
A maõ tenente, muito a feu falvo. He como fempre
efcreve Barros , o que hoje dizemos , á maõ tente
»II.maõ
I. 6.tenente.
» Ainda quiferam pelejar com os nofos á•

II, III. 6. » Quafi todos os feridos, e mortos da


...» nofla parte nam o foram á maõ tenente, mas de ti
» ros daremefo. . · · · --

II. III. Io. A maõ tenente , fem refiftencia lhe


» machocavam as cabeças com grandes feixos. I
III.
DE LIrr E R A T U R A Por ru Gu e z A. 113
III. I. 8.» Gente de pé, e alguns de cavallo, que
. » os mouros quafi á maõ tenente mataram.
III. V. 9.» A maõ tenente o mataram os mouros.
A meio rio, II. II. 7.» Junto dellas os navios pequenos,
» e mais ao mar a fua náo, e a meio rio a de Pe
, ro Berreto.
A menos tempo, III. VIII. 4., Nam podiam efperar foc
» corro a menos tempo que a feis mezes.
A olhos vi/los, ito he claramente. II. II. 8., A olhos
» vi/los a náo fe ya ao fundo.,, No mefmo fentido
diz Barros outras vezes, a olho. II. IX. 7., A olho
, começou Malaca de fe nobrecer.
Ao lume dagoa, III.VI.7.,, Houve tiro tam grofo ao
» lume dagoa, &c. -

A par, III. II. 7.,, Ficando entrelles, e ella efpaço tam


, largo, que poderam ir a par feys homés de Cavallo.
A pé quedo, fem fe mover, fem fe arredar. II. III. 6.
» Foy dar com hum golpe de Rumes, que eram tam
, valentes homés, que a pé quedo morreram todos, -
» fem fe quererem entregar.
A ré, II, VIII. 5., Com a cerraçam do tempo, cuidando
,, o piloto que dobrava o Cabo de Jaquete, fe achou
» a ré delle. II. IV. 2. », Alvaro Barreto que era a
, ré delle quando defapareceo. …"

A remo furdo, III, III. 2.,, Duarte de Mello por fer


, menos fentido a remo furdo foy de vagar. **

As cegas, III. III. 5., Sómente cada hum lançava mam


, as cegar do que achava ante fy.
Aºs e/curas, III. I. 2., Andando efte conflicto ás e/ou
» ras da fumaça dartelharia.
As rebatinhas, III, VIII. 19., Naõ podendo ver a car
» neçaria que os mouros faziam em defcabeçar, e an
» dar ás rebatinhas, a quem levaria húa cabeça delles.
A feu falvo, III. VIII. 6., A primeira que efte mou
,, ro cometeo a feu falvo.
As vefas, II. III. 6., Voltas de touca na cabeça, ou o
»braço no peito, ou a efpada ás ve/as. » Hoje dizem
Tom. III. P mui
II4 M E M o R I As - …

muitos: A's ave/ar, que fe pode defender com Ave/o.


Aº toa, ito he a reboque. II, VIII. 8, Tomaram leve
, mente duas galeras por acharem a gente dormindo,
2, e as trouxeram á toa. II. VII. 9., A's toas per bateis
2, mandou tirar todolas naos do Porto. III. III. 5.,, Que
, Duarte de Mello iria adiante levada a caravella por
2, bateis á toa, ,, Daqui feverá que o andar á toa, ou
ir á toa, que vulgarmente dizemos, he fraze tirada dos
mareantes, e val. o mefmo que andar ou ir por on
de outro nos leva , fem mais tino, que o do com
ductor. E daqui tambem forma Barros o verbo a
toar, de que em feu lugar daremos os exemplos:
A todo correr, III. I. 6...». A todo correr dam Sanétia
, go no lugar. •

A toda roupa, III, III. 9.,, Affentou em feu peito de fe


», tornar, e irfe pera Italia, e andar naquelle arcepele
, , , go, a toda roupa.» Creio que he a todo panno, ou
a tudo o que encontrafe. , -, º

Abalar, mover-fe, partir-fe, retirar-fe. Verbo proprio.


dos exercitos, e gente militar II. II. 8.,, Tanto que a
,, maré, os ajudou pera ir fobrelles, abalou dom Lou
, renço com todos., E mais abaixo: ,, As futas de
Melique Az tanto que viram abalar dom Lourenço. III:
IV. V., Vendo que elrey abalava pera ir ao arrayal
» do Hydalcam. - - -

Abarbar, dar com a barba, ou pór a barba fobre: o


que por metafora hé, o mefimo que chegar. III. V. 4.
, Affentou Jorge Dalboquerque mudar o propofito que
, trazia, que era ir com os navios acima até abarbar
»», a ponte. • •

Ahaftado, abundante, rico, opulento. II, IV. é..,, Co


, mo era homem abafiado , e deligente. II, IV. 3
, Grande copia de aves, e pexes com que a terra he
, muy abafada de mantimentos. , . Vem do verbo
Aba/tar, e do nome Abafiança , de que frequente
Brito mais moder
no queufa.
mente Barros,
elle, cincoenta annos.depois
e ainda •

Aba
E E LITTERATUR A Po R T U G U Ez A. 115
Abater, em fentido metaforico por embaraçar III. II. 2.
» As agoas que corriam ao longo da Cota lhe abate
» ram o caminho. III. I. 6., Ambas etas coufas aba
» teram, e efpaldearam tanto a armada, que perdiam
, o caminho.
Abobodado, coberto de aboboda , ou a modo della, I. I.
3. 2, Nam avia outro lugar defcuberto que huma gran
» de lapa ao modo de camara abobodada., Tendo-fe
notado ha vinte annos na minha Collecçam das Pala
vras Familiares elte adjectivo, ou participio; defendi-o
eu entam com o Diccionario de Jeronymo Cardofo,
e com a Profodia de Bento Pereira. Agora acceden
do Barros , fica de todo decidido o feu ufo. "
Abocar, tomar a boca, entrar, embocar, Hé verbo pro
priifimo, e mui frequente em Barros, de quem o
apprendeo Vieira, I, X. 5., O qual caminho faziam
2, per fora da ilha de Ceilam , e per as ilhas de
» Maldiva , atraveffando aquelle golfam até abocar
», os dous etreitos que difemos. II. I. 7., Quando
, veo ao outro dia pela menhãa começavam de abo
, car o rio onde etavam as etancias. II, II. 7, , De
, pois que as náos começavam de abocar o rio. II.
, H 8., As náos de Cochim huma hora antemenhãa
, abocavam já a barra. II. VI. 4., Afonço Dalbo
», querque abocando o rio II, III. 2. ,, Abocando o
, etreito per fora ao longo da terra, tomou hum na
, vio. II. V. 8., Ouve tanta prefa, e defacordo,
», que começando de abocar o portal deramlhe com
, as portas no roto II, VI. 5.,, Abocando ele huma
» rua larga. II. VII. 9., Tanto que aboca/e as portas.
II. VIII. I., Querendo abocar com a frota as bo
, cas delle. III, III, 1o.» E fendo cafo que encon
, trafe alguma náo de mouros, que ya abocando pa
»ra entrar o etreito.,,
Outras vezes parece tomar Barros o verbo abo
car na fignificaçaõ de defembocar, como nos feguin
tes lugares: II, VI. 4., E tambem porque vinham
• P ii 2S
II6 · · - M e M o R I A s : :

, as principaes ruas abocar naquella ponte. II, III. 2.


*; Mandou tapar todalas ruas que vinham abocar na
ribeira., Defabocado achafe na terceira Decada Livro
V. Cap. 9., Defabocado dos etreitos a fora.
Abonançar, pôr-fe em bonança, II, III. 2.,, Abonançan
, , do o tempo foy em bufca delle ao longo da cota.»
Tambem he de Albuquerque, e de Soufa.
Abrigada, H. II. 3., Leixaram aquelle modo de pe
2, Ieja,
X. Io.,e foram
Bufcar bufcar abrigada das náos grofas, III.
boas abrigadas. •

Abrigo, II, II. I., Fazendo fundamento que teria hum


» certo abrigo, e feguro pera invernar. , , Parece fer
tómado do Francez Abri.
Abonar, III. VHI. 5., Os Chins como já traz contámos
, naõ quizeraõ mais pera abonar fuas razões que efte
e, defatre., Daqui forma Barros. o_verbal Abonaçam.
II. II. 9. ,,, A qual abonaçam Mir-Hôcem tambem an
3, te o Soldam quifera ter.
Abufam, por crença fuperticiofa. II, III. 1o., Mas como
,, eu creo em Deos mais que em abusões, nam leixa
, rei de feguir meu caminho. , Tambem. he de Brito.
Aca, III. III. 4., Té ete tempo que Antonio Correa
, chegou aquy, e depois per alguns annosfe demarcava
,, ete reyno como difemos: em que averia de compri
, mento pouco mais de noventa legoas, e no mais lar
,, go outro tanto. Porem de poucos annos aca com a
» comunicaçam nota , e alguma ajuda que teve dos
, , nofos que lá etavam , fez elrey guerra aos povos
, , Brammás, e tomoulhes alguns reynos. •

Acabamenta , III. V. 4., Como o acabamonto da for


, taleza avia mifter muyto tempo.
catamento, humas vezes fignifica o parecer exterior
- do roto, que por outro nome fe diz catadura, como
nos feguintes exemplos. I. I. I.5., Tinha os cabel
,, los algum tanto alevantados, e o acatamento á pri
, meira vita (por a gravidade de fua pefoa) hum
, pouco temerofo. , , (Falla do Infante D. Henrique)
} •

/
DE LITT E R A T U R A P o R ru Gu Ez A. 117
II. X.8., Ao tempo qué fe indinava tinha hum acata
mento trite., (Falla de Afonço d'Albuquerque.)
Outras vezes fignifica o refpeito que fe guarda,
ou deve guardar ás grandes pefoas, e coufas Sagra
das, como nos que fe feguem: I III. 9.» Fazendo feus
, criados á porta da Igreja hum arroido, os mandou
,, matar por o pouco acatamento que lhe tiveram. I.
X. 1., Por acatamento feu diante delle ninguem ef
carra. II. II. 5., Affonço Dalboquerque já indinado do
pouco acatamento que lhe tinhain. , E fegunda vez
no mefmo lugar: , De palavra em palavra pos nelle
, as mãos com menos acatamento do que merecia hum
, Capitam delrey.,, O contrario he De/acatamento,
de que com igual frequencia ufa o nofo Efcritor. E
daqui vem o verbo Defacatar, e o outro fubtantivo
Defacato, os quaes eu todavia me mam recordo ter
encontrado nelle.
Tambem nete mefmo fentido diz Barros Acata
dura. III. V. 5., De corpo robuto , e fortes mem
bros, carregados em fua acatadura.
Acerca, humas vezes fignifica fobre, outras entre. Exem
plos da primeira accepçaõ. III, II. 6.,, Teve mais hum
, vivo, e natural efpirito acerca de inquirir todolos
» reynos, e provincias daquelle Oriente III, II. 2.
» Tem aquella jurdiçam, que acerca da Clerefia entre
, nós tem os Bifpos., Exemplos da fegunda. H. X. 2.
» E tambem porque acerca dos homés lhe ficaffe no
» me de primeiro Conquitador. II, IV. I., Como
, acerca delles naõ he vergonha fogir. II. IX. 7.
» Servia feu oficio nam com nome de Bendaramas
, de Macohume , que acerca delles he como entre
, nós Vitorey. II, IV. 1o. , Geralmente os homés a
» quem Deos dá tantas calidades, fe tem efta con
, fiança, fam muy mal aceptos acerca de muitos. III.
, I. 4., Com hum cafo que fe cometeo junto della
, ficou celebrada em nome acerca de nós. III. II, 5.
» Senhores que tem nome de Oyas , que * @
118 - M E M o R I As
,, he o que acerca de nós denotam , Duques.
Acertur, por acontecer I. I. 7., Recolhidos os Capitães
,, a feus navios, acertou que entre os captivos vinha
,, hum da cota dos alarves. I. IV. 3., Acertando de
,, ferir hum baleato. II. IV. 4., E acertando dous Em
,, baixadores de outro rey feu vezinho de irem ver eta
, obra. III. I. 3., Ante que noffo Senhor o leuaíle,
, acertou de vir á India Garcia de Sá. III. I. 5., Cor
, , rendo o tracto do comercio entre os nofos e elle com
, toda a paz, e concordia, acertou de ir áquelle feu
, porto hum Diogo Vaz. III, II. 6.,, Diffe que acertam
2, do de dormir, quando acordaram viram etar o batel
2, em feco. , No mefmo fentido, diz Barros por acer
to, em lugar de por acafo, ou Ca/ualmente.
Achaque, por pretexto , falta , ou defeito. I. X. 4.
, Deulhe conta como algumas náos das que andavam
, per aquella cota , com achaque de ferem amigos
2, dos Portuguezes, eram roubadas darmada do Camo
», rim. II. III. 5., Que nam tomafem por achaque,
cuidarem que elle poderia receber efcandalo.
Achega, ajuda, concurfo, cooperaçam. I. IX. 1., Lem
, brandome que na penna, e etilo dete doctifimo
» Paulo Jovio, as minhas achegas ficavam potas em
2, edificio de perpetua memoria., Prologo da fegunda
Decada., Ao tempo que eu bufcava as achegas pera
elle. III. III. 7., Nam podia fazer a cafa forte de pe
º dra e cal, por nam achar etas achegas pretes.
4einte. I, IV.3., Quando o viram fobre a praya decer
, com paflos de meio chouto, acinte deteveramfe em
, o recolher., Ete termo cincoenta annos depois de
Barros naõ agradava já a Duarte Nunes de Liam,
que já entam o dava por obfoleto, ou antiquado,
mas eu nenhüa duvida terei ainda hoje de ufar delle.
Accolheita, amparo, abrigada, aocolhimento. I. I. 10.
» Ilhas de Arguim, onde o pefcado tinha alguma aco
» lheita, e lambugem da povoaçam dos mouros. I.
. . VIII. 9., Sabia fer aquelle porto acolheita do Coffai
• »» TO
D e L1 r r E R A T U R A Po R ru a UEz A. 119
, ro Timoja. II.V.8., Lugar de muitas voltas, e aco
, lheitas. II, VIII. I. , A qual ribeira por fer muy pe
»jada, e guja com ilhetas, e retingas, nam tem tan
»tas acolheitar, e portos. III, II, 2. 2, Quis Lopo
» Soares tirar-lhe eta acolheita.
Accolhimento, fendo taõ frequente em Barros efte no
me , admiro-me que há pouco tempo caufafle el
le etranheza a certo Profeffor de letras Humanas. I.
IX. 5, º E porque naquele reyno de Cochim achavá
» acolhimento, fé, e verdade. II. II. I. » Affonço Dal
» boquerque quando achou melhor acolhimento , do
», que elle efperava. III. I. 1.» A facilidade ainda que
º» feja
nhouprodiga
o animonodeacolhimento
muytos. das partes fempre ga

Acrefcentamento, III. V. 8.» Teve logo alguns requeri


º mentos com elrey Dom Manuel, entre os quaes di
º zem que foi accrefcentamento de fua moradia.» E
mais abaixo: , Meio cruzado dacre/centamento ca
» da mez em fua moradia.
Acubertado, II. VIII. 5.» E com efas repotas lhe man
» dou algumas peças ricas pera elrey, e pera elle, e
º hum cavallo acubertado de laminas de aço, que era
» de fua pefoa. II. V. 3.» Aprefentaram-lhe hum ca
* vallo acubertado á fua ufança.
# 4"car. I, II. 3., Açucares.
4curvar. II. II.4.» Quando chegou á porta achou Afon
ºço Dalboquerque, e muyta, pedrada que lhe tiravam,
º de que ele ouve huma com hum canto, que o fez
}^4Ct177714?". -

Alarga., por Adaga. I. IV. 8.» Homés que ferviam de


» efpada, e adarga. II. I. 4. » Traziam húas adar
»gar de vaca crua, III. II. 5. » Hum abano de papel
º grande da figura de húa adarga. , Sempre afim.
efcreve. • •

Adedentro. III. V. 5.» Todo o feu maritimo hè de muy


ºtos recifes de pedra, em que as náos que aly etam
º com qualquer vento travelam correm muyto #
»» 1C:
º
I.2O M E M o R I A s : :

» fe nam etam adedentro dalgumas Calhetas com que


» o már quebra no recife, e nam no cotado dellas.
- III, III. 5.» Cometer a força que os mouros tinham
» feito adedentro della., Parece tirado do Francez
Au dedans.
Adjutorio, I. I. 1.» Como homem defefperado do ad
» jutorio delles, quis paffar, aos Gregos. II. II. 6. » O
» Soldam o mandou em adjutorio dos mouros.
Afeito, cotumado. II. I. 4.» Como já vinham afei
» tos ao combate das Cidades, nam fizeram muyta con
» ta della. • •

Afogar, tirar o folego, e confequentemente a vida. II.


IX. 6. » Dizem que afogou o filho com huma tou
,, fe
ca.» E hum
dizia, comopouco mais feu
afogara abaixo:,
filho. Sabendo o que•

Afóra, III. I. 2. » Naqual frota levaria mil e duzentos


» homés Portuguezes, afora a gente do már. III. I. . .
3.» E afóra eta obra que frey André fez per fy. III.
II. 7. » Afora o mais que a ella vai continuado.»
Ainda Vieira afim falla.
Afortunado, ito he, anciado, vindo de Fortuna, que
tambem fe acha em Barros fignificando ancia, trabalho,
afliçaõ. III, III, 6, º E alguns delles tinham cometido
» crimes , e infultos contra nós que até entam nam
» ouveram catigo por etar Malaca tam afortunada .
» da perfeguiçam dete tirano, que nam podia acudir
» a ifo. I. I. 2.,, O qual nome elles lhe poferam,
, porque os livrou do perigo que nos dias da fortu
,, na paffaram., Nas Provincias ainda hoje tem bom
ufo hum, e outro nome: como tambem dizer: leva
do da Fortuna , ito he, infeliz, atrabalhado.
Afracar, I. X. 4, º Foram-fe todas meter em huma en
»IVieira.
feada, por afracar a viraçam.» De Barros o tirou
• • -

Afronta, em fentido proprio he o canfaço, ou fadiga,


que nos provém da calma. Porém Barros o ufa fre
quentemente em fentido metaforico, por qualquer*
3
DE LIT TER A T U R A Po R T U GUEZ A. I2 I

balho, ou aperto, principalmente da guerra, ou pe


leja. II. I. 4. » As molheres tambem pelejam em qual
} # afronta, como os mefmos maridos. III, III. 5.
» E algumas tinham elles avido nas afrontas que nos
» deram em Malaca., E logo mais abaixo. , Te
» meo que nas cotas lhe podiam dar alguma afronta
º as lancharas darmada delrey.
Afumado, cheio, ou cuberto de fumo. I. I. 3., Por
» razam da grande humidade que em fy continha com
» a efpe{{ura do arvoredo, fempre a viam afumada
» daquelles vapores., Na Decada III. Livro V. Cap.
I, diz Barros, Fumofo na mefma accepçaõ.
Agalardoar, premiar, remunerar, formado de Galar
daõ, que fignifica premio, ou remuneraçaõ. I. I. 4.
» Agalardoou fua pefoa, e affy os da fua compa
.» nhia com honra, e mercê. I. III. I2. , , Aos quaes
, ele agalardoava de feus trabalhos, poto que nam
, confeguifem o fim principal. III, VI. 6., Cujo oficio
,, he faber como feus Oficiaes vivem pera agalardoar
» os bons, e os que nam fam taes averem feu cati
, go., Tambem ufa Barros do fimples galardoar,
como fe colhe do participio galardoado, que lemos
na Decada II. Livr. III, cap. ultimo.
Ageolhar, pôr-fe, ou cahir de joelhos, ou como Bar
ros fempre efcreve, de giolhos. II. III. 2.,,, Deulhe per
» fima do capacete hum golpe tam pezado, que fi
, cou ageolhado em terra. , E mais abaixo: >. No pe
, rigo em que etava quando ageolhou foi focorrido
» com ajuda doutra gente nofa. -

Agricultar, III. II. I. , Mas com ete temor nam que


, rem agricultar coufa alguma. III, III. 4.,,) As quaes
» agoas doces a fazem muy fertil de todo o generos
, de mantimentos affy dos agricultados, como dos que
, a terra brota de Íy. III. V. 5., Modo de agricul
º tar o mantimento de que vivem.» Em fentido me
taforico he elegantifimo o ufo que Barros faz dete
verbo, applicando-o ao commercio, quando diz: I.
Tom. III. Q_ III.

I 2.2 M. E M o R I A S
- III. 12., Se o fouber-mos agricultar, e grangear.»
Falla do commercio de Guiné. . " .. .
Agro, fignificando o campo, e tirado do Latino Ager.
II, III. 4., A caufa da eterilidade foy huma praga de
», gafanhotos que fobreveo aos agros., E mais abai
xo: ,, Ordenaram huma prociflam ao modo de quan
» do cá per Ladainhas, vam fobre os agros.,. A mef
ma palavra acharás no Prologo da Terceira Decada »
e muitas vezes tambem em Brito.
Agrura, afpereza, ingremidez. I. HII, 8.» Podem paffar
, a pé enxuto ao longo delta agrura de penedia. III.
IV. 9...». Como que os nofos eram aves, que aviam
» de fubir pela agrura da penedia fobre que o muro
», etava feito.
Aguardar; efperar. IH. V.2., Senhor que fazemos aqui ?
» Quereis que nos matem a todos ? Que aguardamos
», mais efcadas, nam temos nós mãos? III. III, 8.» Sem
,, aguardar outro recado, o fez logo vir. •

Al, abbreviatura, fegundo parece do Latino aliud, que


quer dizer outra cou/a, e de que ainda hoje fe ufa
nas attetações dos depoimentos das tetemunhas. I.
VII. 9., Que em final detas mercês, pois em al o
2, nam podia fervir, elle queria logo mandar orde
- ,, nar a carga da efpecearia. : #
Alagadiço, em modo de fubtantivo. II, VI. I., Agoa #
, , doce que vinha dos alagadiços, e brejos do Sertam
Alaranjada, de côr de Laranja, II. VIII. I., Cubertas de
, huma lanugem alaranjada.
Alardo, III. V. 1o.,, Feito alardo da gente que tinham ,
» acharam-fe per todos cento, e oitenta pefoas.
Alarve, I. VIII. 4., Etes fãõ aquelles a que os mouros
2, chamam Baduiis, nome commum, como cá entre
» nós chamamos alarves a gente campetre.
Alcanço, por Alcance. H. V. 7, ,, A tempo que ainda
, ouve vita dos mouros, em alcanço dos quaes foy
, tanto, té dar com elles em feco, III. I. 3.» Adian
, taram-fe nete alcanço duas dellas.» Sempre afim ef
CTCVC. Alei
E E L Irr e RAT U R A P o R T U G U E z A. 123
Aleive, Prologo da Quarta Decada., Nam fomos acufa
do do aleive que era poto a Apelles., Tambem he
de Brito. •

Alerta, III. I. 1o., Os mouros depois que pafou o


» feito da tomada de Zeila, etavam tanto álerta.
Alevantar a Deos, levantar a Hotia confagrada. Fraze
do nofo povo, que agora comº a authoridade de Bar
ros fica na Clafe das outras indifputavelmente Por
tuguezas. II. VIII. 6., Huma campainha que fora da
» Capella de nofa Senhora, a qual tangia ao levantar
» a Deos á mifa cotidiana. , ! .…
Alicece, III. II. 2., Mandou a gram prefa abrir os ali
» cecer. - III. II. 7.,, Todo efte muro he alomborado
» per fora, affentado fobre a face da terra, fem outro
> alicece. , Sempre afim efcreve, e com elle Vieira.
Alijar, lançar no mar, I. I. 7., E depois que fe re
» fez dos mantimentos, e coufas que alijou , feito
» bom tempo tornou á fua viagem. III. III. 9., Por
» recolher as prefas depejou o feu navio do neceffa
» rio, e depois com tormenta alijou tudo.» He ver
bo propriiffimo, e como tal imitadôtambem de Vieira.
Alimaria, beta, féra. Sempre afim efereve Barros, naõ
obtante a origem Latina, que he animal, e eu com
tal autoridade naõ duvidarei falar afim. I. I. 4.
, Ha Deos por bem fer aquella terra_patada de ali
» marias, e nam habitada per nós. I, IV, 7… Ha
, bitaçam de muytas, e diverfas alimarias. II, VII. 2.
…», Sam alimarias muy efquivas. III, III. 1., Focinho
» meio agudo na ponta, e preto, e duro á maneira
» de corno das alimarias, a que os Gregos chamam
» Rhinoceros, e nós Ganda. III. III. 4., Criaçam
» dos gados, e alimarias. III, III. 7. ,, Pedra Be
» zoar que fe cria no bucho de huma alimaria, a
» que os Parfeos chamam Pazon.» Tambem he de Lu
Cº/1/2, <' …- … # -

» nada, III.
Alionado, e por 7.,, Tem
III.dentro, por cima aquella cor alio
he alvo. •

Q_ii Al
124 · · · - M E M o R 1A.s e , , | 3 a
-Alma por pefoa, I. I. 15., Tomou Gomes Pires emen
, da delles, per oitenta almas que captivou." I. III.
3. 2, Fez alguns faltos na terra nos quaes tomou
2, algumas almas pera lingoas do que defcobrifle. - II.
I. 2. Entrado
» nhentas o lugar foram tomadas mais de qui
almas. |- - - - •

-Almagrado, tinto com almagre. I. V. 3., E tomando


» Joam de Sá pela mam, o levou onde tinha o pa
» dram almagradas as armas de frefco.» A eta imi
taçaõ diz Vieira, portas almagradas. - -
|

Almazem, II. I. 6., Almazem dos mantimentos. II.


VIII.5., Nenhia outra coufa lhe motrava, fenam
», os feus almazens cheos darmas., Sempre afim ef
creve, e com elle Vieira.
Alamborado, em fentido metaforico. III. II. 7.,, Todo
2,
queetefazmuro he alomborado per fora.» Ito he, muro
lombos. • ",

Alto dia. II. I. I. , Quando chegou, poto que partio


», ante manhãa, era já tam alto dia.
Alvi/èra, II. V. 8., Veo ter com elle hum grumete
», pedindolhe avi/era que a Cidade era entrada.
Aluir, abanar com força para huma, e outra parte.
II. IX. I., Acertou de achar ally, os páos nam muy
, firmes, e tanto efteve aluindo nelles, que fez entra
» da. III. V. 2., Aluindo dous , e trez homens a
, hum páo.
Alumiar, pelo que hoje fe diz metaforicamente illuf
trar. I. II. 2.,, Fez ainda outra obra no Tombo def
,, te reyno, que alumiou muyto as coufas delle.
Ambre, por Ambar. III. I. 1., Fez refgate de muyta
,, quantidade de ambre."
Amedrontar , atemorizar. H. V. 2., Trabalhaffe por
, aver á mam alguma pefoa das que viram , fem os
, amedrontar com algum tiro. » E mais abaixo:
,, Por nam amedrontar aquella gente nova. .
Ameadar, repetir. III. III. 8., Os quaes fofrendo

, aquelle primeiro impeto, como todos eram»»frechei
. - TOS »

DE LITT E R A Tu R A PoRru Gu Ez A. 125
, , , ros, afy ameudaram fuas fréchas, que nunca mais
., os nofos poderam cevar fuas efpingardas. .
Ameude, repetidas vezes. II. II. 2. ,,, Aos quaes elles
…, muy ameude dam huma creta de lhes tomar quanto
… » tem. II. III. 3.» Eram antre o Gamorim, e etes
, dous Capitães os recados tam ameude, que nam
2, dava o Viforey pafo que elles nam foubeffem. , ,
- Frey Luiz de Soufa tambem fempre diz ameude, e
nam ameudo, como alguns hoje #
Anafar, bater, ou mover algum liquido de baixo aci
ma, como agua, leite, gemas d'ovos, II, VIII. I.
» Entenderam que to eram balfas daquelle latro de
» coral arrincadas com a força do impeto do mar,
» quando os nortes lhe anaçam as agoas debaixo aci
» ma. , , E outra vez: ,, Faz huma maneira de agua
, gens, que faem debaixo do mar anaçadas em grande
, altura do movimento do mar, III. V. 5-,, Por efpaço
, de huma noite etilla tanta quantidade do feu licor»
, que fica o vafo cheo, cuja cor he de leite anafado.
Anagaça, I. I. 13.,, Futa de que ainda acharam caf
, co, que os mouros nam quizeram desfazer com pro
, pofito que feria anagaça aos nofos quando aly tor
,, nafem., He o que vulgarmente fe diz negafa.
Andar damores, II. I. I., Dona Maria da Cunha com
, a qual elle Nuno da Cunha andava damores , e
» cafou. -

Andadura, II, IV., 6.,, Nunca dormia, nem afocegava


, de dia, e de noite, e queria que todos tomaílem a
?, fua aprefada andadura.,, ## de Affonço d'Al
buquerque, que como era ardego, e fragueiro (co
mo fe explica Barros) canfava muyto os homens.
:Anexim, dito engraçado. II. X.8. » Trazia grandes
, anexins, e dictos pera comprazer á gente.
Aninhadº, III. VIII. 1o.,, Martim Correa em modo
, de graça diffe . Pois eu hei de ver etes minhotos
» como etam aninhador. . . .. … - …
Anajar, caufar; nojo, ito he enfado, I, III, I2. »» fº
• fun
126 M E M e R I A s . . ! : -1

,, fundamento de acharem em elrey outra tal ajuda,


, ou com temor de anojarem. II. I.5. » Anajado dom
, Lourenço dos feus modos. • * * * * * *

Ante, diante, perante. III. I. 6.,, Namoufou de tornar


,, naquelle petado ante a prefença do Soldam. III. I.
… 1o. , . Como ºfe fofem livres detas, coufas, e nam
, podefemfer citados por mayores ante o juizo de
, Deos, e dos homés. II. III. 4.,, Pota toda a fro
,, ta ante a Cidade., E logo mais abaixo: ,, Ain
…, da as náos nam eram bem furtas ante, a Cidade. II.
. . II. 9 ,, Aprefentado ante elrey. •

Antemenhãa, II. IV. 1., Com determinaçam de fairem


,, ao outro dia antemenhãa. III. I. 5., Mandoulhe
, tomar os pafos por onde podia fair, e dar fobrel
, les húa antemenhãa. \ •

Ao, particula de tempo, cujo efpecial, ufo fe conhecerá


a pelos feguintes exemplos: II. I. I., Affentou de fair
, ao outro dia.» E mais adiante: II. I. 7.,, Quando
», veo ao outro dia. II, III. 4., Por fer já tarde
,, nam quis entrar aquelle dia, e quando veo ao ou
22, tro com a viraçam, e maré mandou a Pero Barre
*>to.» Neftes, cafos parece que o nominativo que
rege o veo , he o tempo que fe fobentende : e que
ao outro he no outro. III. III. 7., Principalmente
», ao tempo que elle etá na arvore. , "A eta me{ma
claffe pertence ao prefente, por no prefente tempo,
que he em Barros de igual frequencia. E depende tan
to a propriedade de cada, Lingua da obfervancia def
tas miudezas, que fe alguem nos cafos a cima apon
tados em lugar de quando veio ao outro dia, difer,
quando veio no outro dia : e em lugar de ao prefente
te, difer, no prefente; fallará talvez como Gramma
tico, mas naõ como Portuguez. Aliud eft Gramma
(.*ãº, aliud Latine loqui, efcreveo Quintiliano.
4patado , de paul, ou á maneira dele. II. VI. I.
» O fitio da qual (e nam fora apaulado, e doentio.
* * III. III. 5. » Corre muy longe pela terra fempre *
» lu"
DE LIr rE R A r U R A P o RT U G U Ez A. 127
, ,,»ra
lugares baixos, Tambem
apaulada.,, e apaulados.,
he deESou/a.
outra vez:, Ter•

Apercebimento , preparo , apparato , apreto. II. IV.


I...» E poto que no trafego de dar carga ás náos el
,, le quifera encobrir, e embeber o apercebimento das
» coufas pera dar em Calecut. , E outra vez :
» O qual perfeu mandado tinha feito grandes aperce
» bimentos, pera aquella ida., Vem do verbo aper
ceber de que tambem ufa Barros com frequencia.
Apinhoado, unido em pinha. Metafora tam elegante,
como frequente em Barros. H. V. 2.,, Poferam-fe em
» hum tefo foberbo todos apinhoador, a ver o que
» os nofos faziam, I. VIII. 8. , Tanto fe ateou em
, pouco efpaço, por as cafãs ferem muy apinhoadas.
º II, III. 4. » Ainda as náos nam eram bem furtas,
3) # os bateis eram cheos de gente apinhoada
. » dalvoroço. III. III. 7.,, O maior, numero dellas he
»etar tam conjunctas, e apinhoadas, que parecem
» hum pomar meio alagado dagoa.» A mefima ele
gancia tem o feguinte verbo, donde fe formou ete
participio:
Apinhoar-fe, I. I. 6., Sairamfe do caminho, e aly fe
, apinhoaram todos., E mais abaixo: ,, Entende
» ram que o apinhoar dos nofos, e detença que fize
, ram, fôra confulta. III. V. 9., Andando a furia da
, guerra em ctado que os mouros fe hiam apinhoam
» da , e recolhendo. •

Aportilhado, com pórta. II. VII. 5..» E porque aquel


»la fortaleza etava já aportilhada na parte debaixo
, junto do mar, feu, confelho era cometer-lhe tre
» goa., Tambem he de Sau/a.
Apos, L. VIII. 6., Apos ele reinou Alle Daut. E apos elle
, Dacem feu irmam. II X. 7.,, Todos os que vinham
» apos ella encalhavam. III. VH. I.» E apos, elle
» partio Batiam de Soufa.» He de todos os nofos
Claficos. . ,º |-

4ppellaçam º nome. II, II. 7.» Eram quatro »náos,


• • feis
128 | M E M o R I A si º , : -
, ,, feis galés, e outra mais pequena fem appellafam.
Appellidar, chamar a rebate. Nunca netes cazos ufa
Barros de outro verbo: final de que he propriiffino na
nofa lingua. I, VII. 4., Elrey como a ete tempo
…, tinha já appellidado a terra, quiz na praya dar hu
, ma motra de até quatro mil homés.» E fegunda
vez : ;, Vendo que toda aquella terra era appellida
-" da I. X.3., Como vio morto elrey, ante que o
, lugar fe mais appellida/2 fe tornou a recolher ao bar
, gantim. II, IV. I.» Davam huma Cuquiada, que
, , entrelles he appellidar a terra. III, II. 6., Se nos
-", poefermos a pelejar com os negros por ventura ap
, pellidaram a gente da terra, que nos dê algum tra
, balho. , De Barros o tomou Vieira. -

Aprazer, verbo dos que chamam defectivos por nam


fe ufar em certos tempos, e pefoas. No Prologo da
* Terceira Decada Apraz., II. X.3.,, . Apraza, III.
… I. 3., Aprouve. I. I. 2., Aprouvera. III. I. 4
, Aprouver., Em outro lugar me lembra ter lido na
terceira do plural, aprazem. E no Prologo da fegunda
. Decada : ,, Aprouvermos., De fimples ufa Barros etes
tempos: I. I. 2., Prazendo. III. I. 7., Prazia.
III, IX. 3., Prazeria., E ainda hoje dizem os
nofos Reys = Me Praz. = Vem do Latim Placet. E
pelo contrario diz tambem Barros alguma vez no pre
terito de/aprouve a que correfponde o infinito defa
prazer, que tambem acho no já citado Prologo da
fegunda Decada. Y • -

Aprazimento, I. X. 5. ,, Por cujo aprazimento meteo


2, hum padram de pedra em hum penedo.,, Tambem
he de Brito, . . . -

Apre/ar, perfeguir , ir em alcanço. II. I. 3., Mas


,, os nofos os apre/avam de maneira, que nam fi
…, zeram os mouros mais detença na Cidade, que em
-, quanto atravefaram toda.…… " : " "
Apre/ado , perfeguido , poto em fugida. II. III. 2.
, Traziam os mouros muyto apre/ados a etes 2
• • • •

DE LIT r E R A r U R A Po R T U GU E z A. 129
» Capitães. III. I. 8.,, Chegando ao pafo onde dom
» Fernando cuidava que tinha algum refugio, por vir
» já "} apre/ado de muytos mouros.,, . O contra
rio he de/apre/ado. I. I. 13., Etevam Afonço co
»mo fe vio de/apre/ado com o favor dos compa
, nheiros., Hum, e outro porém fe deriva de Pré/-
fa, quando fignifica perfeguiçaõ : donde vem a fra
ze, Dar preja a alguem, II. I. 5. ito he, perfe
guillo: Porque dos que fe vem em perigo ou aper
to, he proprio fugir, e aprefiar-fe. Tambem alguma
vez fe toma Apre/ado por impaciente de demoras;
como quando Barros efcreve de Afonço d’Albuquer
que: II. X. 8.,, Canfava muyto os homens por ter
» hum efpirito apre/ado.
Aprumado, poto a prumo, II. II. 8.» Os quaes páos
» em terra á força de maço metiam em huns olhos
» de pedras de mós, e entam eram aprumados onde
» os queriam meter todos em ordem, com que fica
»vam muy feguros.
Apupada, I. VIII. 6., Mandou que as náos refpon
» defem ás apupadas delles com hum varejo de ar
» telharia. II. IV. 1., Refponder com grita, e apu
» padas aos alaridos dos nouros.
A que. Tenho obfervado, que Barros contantemente ufa
dete accufativo a que em lugar do nofo Que. I. V.
2. , Traziam entre fy huma maneira de fe chamar
» a que elles chamam cuquiada. II. II. 6. ,, , Huma
» Comarca a que os Parfeos chamam Corditam. L. III.
2., Hum dos religiofos da fua Secta a que elles cha
, mam Ymamo.» E mais abaixo: , , Cabildas de alar
….ves da Linhagem a que elles chamam Bengebra; III.
III. I., Alimarias a que os Gregos chamam Rhino
» ceros. III. III. 7. ,, Mafa efpefa á maneira de
» nata, a que eles chamam lanha. III. V. 5., Co
» nem de hum mantimento a que chamam Ságum.
Arrazoamento. Quafi fempre afim efcreve, e raras ve
zes razoamento. I, III, IX., Aos quaes ante que o
Tom. III. », bap
I3o , M E M o R I A s … , º
,, baptizafem fez hum arrazoamento. I, IX. 5., No
» fim do qual arrazoamento. II, III. 3.» Potos em or
, dem que o podiam bem ouvir, começou de lhes fa
, , zer ete arrazoamento. , E mais abaixo. , Todos
, celebraram feu arrazoamento. III. V. 7.2, Mandou
, vir ante fy a raynha, filhos menores, e os batar
2, dos, e fez-lhes hum arrazoamento. ,, Daqui creio
eu que tirou Vieira o feu arrazoar , em lugar do
que hoje fe diz arrezoar. E note-fe, que no Ori
ginal de Barros, ito he, na primeira imprefaõ de que
ufo, naõ fe efcreve arrazoamento com dous rr, mas
arazoamento com hum fó r. E efe mefmo he o feu
cotume em cazos femelhantes naõ dobrar o r. v. g.
em arredar, arrunhar. De forte que o irem elles
aqui com r dobrado, he por me acc