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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE


ANFÍBIOS ANUROS E BIOCONTROLE DE INSETOS PRAGAS EM
SISTEMAS AGRÍCOLAS DE REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA:
SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO

IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA

Natal – RN
2016
IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE


ANFÍBIOS ANUROS E BIOCONTROLE DE INSETOS PRAGAS EM
SISTEMAS AGRÍCOLAS DE REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA:
SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em


Desenvolvimento e Meio Ambiente,
Associação Ampla em Rede, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título
de Doutor.

Orientadora: Prof.Dra. Eliza Maria Xavier Freire (UFRN)

Co-Orientador: Prof.Dr. Reinaldo Farias Paiva de Lucena (UFPB)

NATAL – RN
2016
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências - CB

Oliveira, Iaponira Sales de.


Conhecimento ecológico local sobre espécies de anfíbios anuros
e biocontrole de insetos pragas em sistemas agrícolas de região
semiárida brasileira: subsídios à etnoconservação / Iaponira Sales
de Oliveira. - Natal, 2016.
108 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Eliza Maria Xavier Freire.


Coorientador: Prof. Dr. Reinaldo Farias Paiva de Lucena.
Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Doutorado em Desenvolvimento e
Meio Ambiente.

1. Anfíbios anuros da caatinga - Tese. 2. Biocontrole de


pragas agrícolas - Tese. 3. Sustentabilidade - Tese. I. Freire,
Eliza Maria Xavier. II. Lucena, Reinaldo Farias Paiva de. III.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 597.8


IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente,


Associação Ampla em Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de Doutor.

Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA:

ORIENTADORA
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DDMA/UFRN)

Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Prof. Dr. ERALDO MEDEIROS COSTA NETO


Universidade Estadual de Feira de Santana (CCBS/UEFS)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CCSA/UFRN)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)


APRESENTAÇÃO

E s t a Tese tem como título “ Conhecimento ecológico local sobre espécies de


anfíbios anuros e biocontrole de insetos pragas em sistemas agrícolas de região semiárida
brasileira: Subsídios à Etnoconservação” e, conforme padronização do colegiado do
DDMA local, encontra-se composta por uma Introdução geral (embasamento teórico e
revisão bibliográfica do conjunto do tema abordado, incluindo a identificação do problema da
Tese), uma Caracterização geral da Área de estudo, Metodologia geral empregada para o
conjunto da obra, além de dois Capítulos que correspondem a artigos científicos. O primeiro
capítulo gerou o artigo que foi publicado na Revista Brasileira de Ciências Ambientais (B1 na
Área de Ciências Ambientais), e o segundo será submetido, após a defesa, à revista Gaia
Scientia (B2 na Área de Ciências Ambientais). Os capítulos/artigos estão no formato dos
respectivos periódicos; os endereços dos sites onde constam as normas dos periódicos estão
destacados em cada capítulo/artigo. Além dos artigos, esta Tese tem como Produto Educativo
uma Cartilha no Formato de Cordel Ilustrado, intitulado “Com caçote, Sapo e Jia, vamos
salvar Planta e Gente”; o conteúdo é produto deste Estudo, mas foi elaborado em Literatura
de Cordel pelo Dr. Marcos Medeiros, e encontra-se inserida após o segundo Capítulo.
AGRADECIMENTOS

Como tudo começou...


A ideia desse trabalho surgiu a partir de um convite recebido pela minha orientadora,
Profa. Dra. Eliza Maria Xavier Freire, para integrar o projeto de pesquisa amplo e binacional
Brasil – Alemanha (INNOVATE Project), o qual tem por objetivo geral identificar os múltiplos
usos da água do reservatório de Itaparica, ao longo do médio Rio São Francisco, Pernambuco, e
analisar as inovações referentes ao manejo dos recursos aquáticos e terrestres, e de cujo
subprojeto, SP-4 - Biodiversidade e Serviços do Ecossistema, esta tese é integrante.
Identificamos no referido Projeto a possibilidade de integrarmos os conhecimentos de
Etnobiologia com a de Biologia de Anfíbios; até então, meu conhecimento sobre anfíbios era
ínfimo, no entanto, com a expertise da Profa. Eliza e meu desejo de continuar pesquisando na
área de Etnobiologia possibilitaram a execução desta pesquisa.
Agradeço à Equipe do INNOVATE Project, por meio do qual foram custeadas as
despesas com visitas a campo e coleta dos dados junto às duas comunidades estudadas,
Petrolândia e Itacuruba/PE. Muito especialmente, agradecemos às Drs. Marianna Siegmund-
Schultze e Maria do Carmo Sobral, coordenadoras do referido projeto na Alemanha e no Brasil,
respectivamente. Agradeço à CAPES pela concessão da bolsa de estudos que proporcionou a
dedicação exclusiva durante os quatro anos de doutoramento, e ao Curso de Doutorado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente (DDMA) pelo custeio necessário para o cumprimento dos
créditos disciplinares em outras IES públicas do Nordeste, integrantes da Rede PRODEMA.
O reconhecimento ao trabalho imprescindível, desenvolvido com empenho e amor à
literatura de Cordel, pelo Dr. Marcos Medeiros, é um Capítulo à parte! Sem sua participação
efetiva na elaboração do Cordel ilustrado, o principal produto desta Tese, em prol de possível
mudança na qualidade de vida das comunidades de Petrolândia e Itacuruba, não seria possível.

Durante o doutoramento...
Agradeço à minha orientadora, Profa. Drª Eliza Maria Xavier Freire, pelo empenho e
dedicação que guiaram os passos para a conclusão desse trabalho. Seus conselhos e orientações
serviram para o sucesso da tese e, ainda mais importante, para a minha formação profissional.
Ao meu coorientador, o Prof. Dr. Reinaldo Farias Paiva de Lucena, PRODEMA/UFPB, por sua
dedicação e atenção a este trabalho. Considero um privilégio poder contar com estes excelentes
profissionais.
Aos colegas do Laboratório de Herpetologia da UFRN: Jaqueiuto Jorge, que me ajudou
a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros olhos e encontrar beleza. Sua ajuda
em campo e a presteza em partilhar informações me ajudaram muito!!
Mycarla Lucena, além de confeccionar os mapas de georreferenciamento, foi uma
grande amiga.
Agradeço ainda a Jaqueline, Matheus, Raul, Miguel, Jadna, Bruno, Mikaelle, Cris.
Compartilhamos ótimos momentos de estudos e descontrações no laboratório.

Em campo...
Agradeço aos colegas de campo, a Profa. Drª Jarcilene Cortez, por conduzir a
intermediação junto às comunidades estudadas. Às colegas do grupo de pesquisa, Gérsica
Morais (sempre alegre e destemida), Marianny Monteiro (pelas intermediações junto aos
coordenadores da pesquisa) e Fernanda Tavarez (suas habilidades na cozinha). Além de
partilharem conhecimentos sobre a Caatinga, foram ótimas companhias na coleta de dados.
Agradeço ao casal de agricultores, Ana e Izidoro, que me acolheram em sua casa na área
agrícola de Petrolândia/PE; além de me abrigarem foram excelentes guias, contribuindo para o
sucesso da coleta de dados. Este agradecimento é extensivo a todos os agricultores de
Petrolândia e Itacuruba, que se disponibilizaram a fazer parte da pesquisa, me ajudaram na
identificação dos sítios de reprodução dos anuros, além de descreverem detalhadamente as
práticas agrícolas e a relação estabelecida com o meio, sem “papas na língua”. Senti-me
acolhida por todos! Guardarei na recordação os bons momentos em que fui recebida para comer
à mesa (mesmo tendo como prato principal tatu – costume local), além das pescas de acará-açú
no Rio São Francisco aos domingos, e partidas de vôlei com as crianças no final da tarde.
Agradeço a Batata e João (guias em Itacuruba), sempre prestativos, apesar de terem
medo de sapos, mas enfim... Ganhei o apelido da menina dos sapos (valente e corajosa), e
muitos mimos, como água de coco, para aguentar o calor de 35ºC no semiárido nordestino.

E na hora de escrever...
Colocar tudo no papel não é fácil... mas tive ajudas significativas desde as análises
estatísticas (escolha do melhor método), às revisões textuais, as quais agradeço: Drs. Alexandre
Schiavetti (PRODEMA/UESC), José Mourão (UEPB), Kallyne Bonifácio, Thaise Souza,
Mycarla Lucena e Marinaldo Cunha. Contribuições importantíssimas.

E por fim, não menos importante...


Agradeço a minha família que me apoiou na escolha do doutoramento, me fornecendo
a base emocional necessária para o alcance dos meus objetivos. Aos colegas de turma do
doutorado, em especial à Klégea Maria e ao Jorge Filho, por todos os momentos
compartilhados.
RESUMO

Conhecimento ecológico local sobre espécies de anfíbios anuros e biocontrole de insetos


pragas em sistemas agrícolas de região semiárida brasileira: Subsídios à
Etnoconservação

Historicamente, a agricultura praticada na região semiárida do nordeste brasileiro é nômade,


itinerante ou migratória; os agricultores desmatam, queimam, fertilizam o solo, plantam por um
curto período e migram para outras áreas, onde repetem a mesma prática, além de utilizarem
uma quantidade significativa de agroquímicos para o combate de pragas. Esta atividade tem
provocado perda significativa de qualidade de vida e da biodiversidade local. No contexto da
biodiversidade, destacam-se os Anfíbios Anuros, que compreendem os sapos, rãs, pererecas e
jias, são relevantes nas cadeias e teias ecológicas, especialmente por serem bioindicadores de
qualidade ambiental e biocontroladores de populações de insetos, estabelecendo um controle
natural de pragas em áreas agrícolas. A p e s a r d e s u a s i m p o r t â n c i a s , nas d u a s últimas
décadas têm ocorrido declínio e desaparecimento de algumas espécies de Anuros no Brasil e
em todo o mundo, por seres sensíveis; uma vez que são sensíveis a mudanças ambientais. A
redução d e espécies pode ser decorrente de ações antrópicas relacionadas à devastação de
áreas naturais para utilização agrícola, garimpos ou pastagens. Nesse contexto, inexistem
estudos que abordem as interações e reconhecimento de comunidades agrícolas e os anfíbios
anuros, em especial em região semiárida do nordeste brasileiro, a exemplo daquelas sob
influência da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, onde comunidades vivem da
agricultura e pecuária como principais atividades econômicas, utilizando a água daquele rio
para irrigação. A região de Itaparica e respectivos sistemas agrícolas constituem parte de um
projeto de pesquisa amplo e binacional, Brasil – Alemanha (INNOVATE Project), o qual tem
por objetivo geral identificar os múltiplos usos da água do reservatório e analisar as inovações
referentes ao manejo dos recursos aquáticos e terrestres, e de cujo subprojeto, SP-4 -
Biodiversidade e Serviços do Ecossistema, esta tese é decorrente. Neste cenário e contexto, o
objetivo geral desta tese foi registrar, descrever e analisar qualitativamente o conhecimento de
comunidades locais sobre as espécies de anfíbios anuros e sua biologia, visando o
r e c o n h e c i m e n t o destes como biocontroladores de insetos pragas nos sistemas
agrícolas, em substituição aos agroquímicos, a fim de promover a conservação dos anuros e
melhorar a qualidade de vida dos agricultores locais, em prol da sustentabilidade. As
comunidades estudadas, Petrolândia e Itacuruba, estão situadas às margens do médio Rio
São Francisco, Estado de Pernambuco, onde o trabalho de campo foi efetuado durante quatro
excursões, duas a cada um dos municípios estudados, entre os meses de novembro/2012 a
abril/2013. Foram entrevistados 369 agricultores, com idades entre 18 e 65 anos, todos do sexo
masculino, sobre as práticas agrícolas e biologia das espécies de anfíbios anuros. Para a
identificação das espécies de anfíbios anuros, foram inicialmente realizados estímulos visuais,
com o auxílio de fotografias de espécies comuns em áreas de caatinga. Este método serviu para
nortear os entrevistados contextualmente, assegurando que as entrevistas fossem direcionadas
ao mesmo objeto (espécies de anfíbios anuros), a fim de coletar dados etnobiológicos precisos.
Posteriormente, as espécies de anfíbios anuros mais citadas nas entrevistas foram coletadas
através de busca ativa ao longo das áreas agrícolas e Caatinga circunvizinha (parte dos dados
secundários do Innovate Project). Para caracterizar os locais de reprodução e desenvolvimento
dos anfíbios anuros nas áreas agrícolas, f o r a m elaborados mapas orais, obtidos a partir de
turnês guiadas com os agricultores que citaram a existência de sítios reprodutivos em suas
áreas de cultivo, os quais foram georreferenciados. Os agricultores reconheceram e nomearam
oito etnoespécies, que correspondem a 13 espécies de anfíbio s anuros, b e m c o m o seus
principais locais de reprodução e desenvolvimento. A partir destas informações, foram
elaborados dois mapas georreferenciados, relacionados principalmente aos locais de
reprodução, os quais demonstram 13 sítios de reprodução em Itacuruba e seis em Petrolândia/PE.
As respostas dos agricultores também possibilitaram identificar os valores atribuídos aos
anfíbios nas áreas agrícolas, por meio do conhecimento acerca dos seus hábitos alimentares, ao
citarem que os anfíbios comem principalmente insetos (65% dos agricultores de Petrolândia,
n=238; 58% em Itacuruba, n=131), demonstrando conhecimento acerca da participação destes
animais no equilíbrio ambiental e possível controle de pragas agrícolas. Não se constataram
diferenças de concepção local, quanto à importância dos anfíbios no controle de pragas, entre
sistemas irrigados e não irrigados. Os agricultores de Petrolândia (83%, n=238) e de Itacuruba
(78%, n=131) relataram ter identificado, por observações in loco, que os anfíbios se alimentam
de pragas agrícolas locais, possibilitando inferir que são biocontroladores dessas pragas.
Também foram bastante enfáticos ao afirmarem que os anfíbios devem ser preservados (78%,
n=238 em Petrolândia; 73%, n=131 em Itacuruba), principalmente por se alimentarem de
insetos pragas, e por não constituir ameaça às comunidades agrícolas. Estas respostas
possibilitaram a elaboração de uma cartilha ilustrada, em literatura de Cordel, a qual será
distribuída e divulgada em escolas, cooperativas agrícolas e associações comunitárias dos
municípios estudados, como instrumento de popularização da Ciência sobre a importância dos
anfíbios no biocontrole de pragas agrícolas, em substituição ao uso de Agroquímicos.
Entretanto, apesar de os agricultores locais destacarem a importância dos anfíbios e de sua
preservação para controle de insetos pragas, ainda não os aceitam como aliados no controle
natural de pragas em substituição aos agroquímicos. A popularização da Ciência por meio do
Cordel Ilustrado é o primeiro passo em prol da sustentabilidade por meio de alternativas viáveis
e práticas agrícolas sustentáveis, que visem à conservação das espécies e das atividades locais.

PALAVRAS-CHAVES: Anfíbios anuros da Caatinga, Etnobiologia, Biocontrole de pragas


agrícolas, Sustentabilidade.
ABSTRACT

Local ecological knowledge about species of amphibians and insect pest biocontrol in
agricultural systems of Brazilian semiarid region: Subsidies etnoconservation

Historically, agriculture in the semiarid region of northeastern Brazil is nomadic, traveling or


migration ; farmers deforestation, burn, fertilize the soil, plant for a short period and migrate to
other areas where repeat the same practice , and use significant amounts of pesticides for
combating pests. This activity has caused significant loss of quality of life and local
biodiversity. In the context of biodiversity, Amphibian Anura stand out, which include frogs,
toads and jewelry, are relevant in chains and ecological webs, especially because they are bio-
indicators of environmental quality and biocontrol of insect populations, establishing a natural
control pests in agricultural areas. Despite their importance in the last two decades there has
been decline and disappearance of some species of Anura in Brazil and around the world; since
they are sensitive to environmental changes, reducing species may be due to human activities
related to the devastation of natural areas for use of agricultural land, mining or pasture. In this
context, there are no studies that address on the interactions and recognition of agricultural
communities and amphibians, especially in semi-arid region of northeastern Brazil, like those
under the influence of River Basin San Francisco, where communities living from agriculture
and livestock as main economic activities using the water of this river for irrigation. Itaparica
region and their agricultural systems are part of a broad research project and binational, Brazil
- Germany (INNOVATE Project), which has the objective to identify the multiple reservoir
water uses and analyze innovations for the management of resources water and land, and whose
subproject, SP-4 - Biodiversity and Ecosystem Services, this thesis is integral. In this scenario
and context, the general objective of this thesis was to record, describe and qualitatively analyze
the knowledge of local communities on the species of amphibians and their biology, aimed at
recognizing these as insect biocontrol pests in agricultural systems in place to agrochemicals,
to promote the conservation of frogs and improve the quality of life of local farmers for
sustainability. The communities studied, Petrolândia and Itacuruba, are situated to the average
margins São Francisco River, State of Pernambuco, where the fieldwork was carried out for
four trips, two to each of the cities studied, between the months from November / 2012 to April
/ 2013. A total of 369 male farmers were interviewed, whose ages ranged from 18 to 65 years
old.They were asked about agricultural practices and biology of species of amphibians. For the
identification of the species, they were initially made visual stimuli, with the help of
photographs of common species in areas of caatinga. This method served to guide respondents
contextually, ensuring that the interviews were directed to the same object (anurans) in order to
collect accurate data ethnobiological. Later, the species of amphibians most mentioned in the
interviews were collected by active search throughout the agricultural areas and Caatinga
surrounding (part of secondary data from Project Innovate). To characterize the breeding sites
and development of anurans in agricultural areas were prepared oral maps obtained from
conducted tours to farmers who cited the existence of breeding sites in their areas of cultivation,
which were georeferenced. Local farmers recognized and named eight ethnospecies, which
correspond to 13 species of amphibians, as well as major sites of reproduction and development.
From this information, we were prepared two georeferenced maps, mainly related to breeding
sites, which show 13 breeding sites in Itacuruba six in Petrolândia / PE. The responses of
farmers also possible to identify the values assigned to amphibians in the agricultural areas,
through knowledge about their eating habits, to cite that amphibians eat mostly insects (65% of
farmers Petrolândia, n = 238; 58% in Itacuruba, n = 131), demonstrating knowledge of the
participation of these animals in the environmental balance and can control agricultural pests.
Not found-site design differences, the importance of amphibians in pest control, between
irrigated and non-irrigated systems. Farmers Petrolândia (83%, n = 238) and Itacuruba (78%, n
= 131) reported having identified by observations on the spot that amphibians feed on local
agricultural pests, making it possible to infer that are biocontrol of these pests. They were also
quite emphatic in stating that amphibians should be preserved (78%, n = 238 in Petrolândia,
73%, n = 131 in Itacuruba), mainly feed on insect pests, and not pose a threat to agricultural
communities. These responses allowed for the creation of an illustrated booklet in Cordel
literature, which will be distributed and disseminated in schools, agricultural cooperatives and
community associations of municipalities studied, such as the Science popularization
instrument on the importance of amphibians in biocontrol of agricultural pests, replacing the
use of agrochemicals. However, although local farmers stress the importance of Amphibian and
its preservation to control insect pests, they do not accept them as allies in natural pest control
to replace agrochemicals. The popularization of science through the Cordel Illustrated is the
first step towards sustainability by sustainable agricultural and viable alternatives practices
aimed at the conservation of species and local activities.

KEYWORDS: Caatinga’s Anurans, Ethnobiology, Biocontrol of agricultural pests,


Sustainability.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA ...........................................................................................................................................14
1.1 Sistemas agrícolas no semiárido nordestino ................................................................. 16
1.2 Alterações ambientais e suas possíveis consequências sobre os anfíbios ....................... 19
1.3 Etnoconservação – Alternativas para a conservação da natureza .................................. 21
2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO......................................................23
FIGURA 1: Localização das comunidades agrícolas estudadas nos municípios de Itacuruba e
Petrolândia, Pernambuco, às margens do Rio São Francisco, nordeste do Brasil. ................... 28
3. METODOLOGIA GERAL ......................................................................................................28
3.1 Procedimentos metodológicos ..................................................................................... 28
3.2 Aplicação das entrevistas............................................................................................. 29
3.3 Identificação dos sítios de reprodução dos anfíbios anuros ............................................ 31
3.4.Popularização da Ciência em sistemas agrícolas .......................................................... 31
Capitulo I. Conhecimento ecológico local sobre anfíbios anuros por agricultores em sistemas
agrícolas de região Semiárida brasileira ........................................................................................33
RESUMO................................................................................................................................. 33
ABSTRACT ............................................................................................................................ 33
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 34
MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 36
Delimitação e caracterização da área de estudo.................................................................. 47
Procedimentos metodológicos ........................................................................................... 48
RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................................49
Tabela 1: Etnoespécies citadas por agricultores locais e respectivas espécies de anfíbios
identificadas (este estudo) na região de Petrolândia e Itacuruba, estado de Pernambuco, nordeste
do
Brasil............................................................................................................................................38
Figura 1. Espécies de sapo cururu (gênero Rhinella) encontradas na região agrícola de
Petrolândia e Itacuruba-PE. a) Rhinella granulosa (Spix, 1824), b) Rhinella jimi (Stevaux,
2002). ............................................................................................................................................ 51
Tabela 2: Tabela de cognição comparada: citações e relatos dos agricultores locais de
Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco, acerca do modo de vida do sapo cururu, espécies do
gênero Rhinella, e o que é encontrado na literatura cientifica sobre este tema......................... 51
Figura 2: Espécies de “Caçote” (gênero Leptodactylus) encontradas nas áreas agrícolas de
Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco. Janeiro e Abril/ 2013. A) Leptodactylus vastus Spix
1824; B) Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926; C) Leptodactylus fuscus
(Schneider, 1799); D) Leptodactylus troglodytes A. Lutz, 1926.. ............................................. 53
Tabela 3: Tabela de cognição comparada: citações e relatos dos agricultores locais de
Petrolândia e Itacuruba acerca do modo de vida dos caçotes (espécies do gênero Leptodactylus)
e o que é encontrado na literatura cientifica sobre este tema. .................................................... 53
CONCLUSÃO....................................................................................................................................55
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................44
Capítulo II Percepção ambiental de agricultores de região semiárida sobre os Anfíbios
Anuros e biocontrole de insetos praga em sistemas irrigados e não irrigados, às margens do
Rio São Francisco, Brasil
.......................................................................................................................................................47
RESUMO ............................................................................................................................................47
ABSTRACT .......................................................................................................................................47
RESUMEN .........................................................................................................................................48
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................48
2.METODOLOGIA ..........................................................................................................................51
2.1 Delimitação e caracterização da área de estudo ....................................................... 51
Figura 1: Localização das comunidades agrícolas estudadas nos municípios de Itacuruba e
Petrolândia, Pernambuco, às margens do submédio rio São Francisco, nordeste do Brasil. ... 51
2.2 Procedimentos metodológicos ................................................................................... 52
2.3 Aplicação das entrevistas .......................................................................................... 52
2.4 Analise dos formulários de entrevistas..............................................................................53
2.5 Elaboração dos mapas referentes aos principais locais de desenvolvimento dos
anfíbios anuros ................................................................................................................ 53
2.6 Análise dos dados ...................................................................................................... 53
3.Resultados e Discussões .................................................................................................................54
3.1 Análise da percepção ambiental................................................................................... 54
Figura 2: Principais pragas agrícolas citadas pelos agricultores de Petrolândia e Itacuruba/PE
existentes nas lavoras. .................................................................................................................. 54
Figura 3: Principais artrópodes citados pelos agricultores locais, como alimento para os anuros
da região agrícola de Petrolândia e Itacuruba/PE. ...................................................................... 55
Tabela 1: Principais agroquímicos utilizados pela comunidade agrícola de Petrolândia e
Itacuruba/PE. ................................................................................................................................ 56
Figura 4: Agroquímicos (inseticidas e herbicidas) e equipamentos utilizados pelos agricultores
de Petrolândia e Itacuruba/PE para o controle de pragas agrícolas. .......................................... 57
Figura 5: Percepção dos agricultores sobre a ação dos anfíbios como biocontroladores de pragas
agrícolas. ....................................................................................................................................... 58
Figura 6: Vista parcial das duas áreas agrícolas estudadas. A) Petrolândia com sistema irrigado;
B) Itacuruba sem sistema irrigado............................................................................................... 59
Figura 7: Percepção dos agricultores sobre a interferência dos anfíbios anuros no
desenvolvimento da lavoura nas áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba/PE. ..................... 60
Figura 8: Percepção dos agricultores quanto a importância da preservação dos anfíbios em
Petrolândia e Itacuruba/PE. ......................................................................................................... 60
3.2 Principais sítios de reprodução dos anfíbios anuros em Petrolândia e Itacuruba/PE ...... 61
Figura 9. Principais sítios de reprodução de Anfíbios anuros localizados, registrados e
georreferenciados segundo relatos dos agricultores locais de Itacuruba/PE, Abril, 2013. ..... 61
Figura 10. Principais sítios de reprodução de Anfíbios anuros localizados, registrados e
georreferenciados segundo relatos dos agricultores locais de Petrolândia/PE, Abril, 2013. .. 62
Figura 11: a) Vista de um dos drenos localizados na Agrovila 07 dos assentados do Icó-
Mandantes em Petrolândia/PE. b) Visão lateral do dreno e da estrada na parte superior. c) água
que escorre das lavouras para o dreno, em destaque girinos em fase de desenvolvimento. ..... 64
Figura 12: Principais pontos de reprodução das espécies de anfíbios anuros da região agrícola
de Itacuruba/PE ............................................................................................................................ 64
3.3 Preservação dos anfíbios anuros como alternativa para sustentabilidade local .............. 65
Figura 13: Principais causas do desaparecimento dos anfíbios anuros nas lavouras, de acordo
com as citações dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba/PE. .................................... 65
CONCLUSÃO....................................................................................................................................67
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................67
PRODUTO DA TESE.......................................................................................................................75
4.CONSIDERAÇÕESFINAIS....................................................................................................91
5. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................93
ANEXO I.................................................................................................................................... 106
ANEXO II .................................................................................................................................. 108
14

1. INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO


TEÓRICA

A Etnociência, segundo Mourão e Nordi (2006), é uma das propostas científicas que
aborda como as comunidades locais manejam os recursos naturais, por meio de diferentes
formas de classificar, nomear e identificar a fauna e flora do ambiente.
Por exemplo, de acordo com Araújo et al. (2005), dentre vários sinais observados pelas
comunidades locais do interior da Paraíba como indicadores de estações chuvosas, as aves
oferecem uma contribuição a partir de seus comportamentos e suas vocalizações, que
pressagiam o inverno. Além da fauna (MOURÃO & NORDI 2006; HANAZAKI et al., 2009;
ALVES et al., 2010), a flora também é utilizada como bioindicador de chuva, como citado por
Lucena et al., (2012), em um estudo utilizando o conhecimento local das comunidades rurais
sobre cactáceas na mesorregião do sertão da Paraíba, Nordeste do Brasil.
Como subdivisão da Etnociência, a Etnoherpetologia, conforme Costa-Neto (2003) e
Alves et al., (2009 e 2010), pode ser compreendida como o conhecimento da ciência
herpetológica por uma determinada sociedade, tendo como base os conhecimentos adquiridos
pela observação e manejo das espécies de anfíbios e répteis. A utilização e manejo dos recursos
naturais, segundo Franco (2005), é uma arte que acompanha o ser humano desde os
primórdios da civilização, sendo fundamentada no acúmulo de conhecimento local e
informações repassadas oralmente, fato que tem sido confirmado como relevante nos estudos
de Silva e Freire (2010) e Silva et al. (2011), em áreas de Caatinga.
No Brasil, a maioria dos estudos etnoherpetológicos (ALVES et al., 2006; ALVES et al.,
2007; ALVES & PEREIRA FILHO, 2007; ALVES & SANTANA, 2008; ALVES et al., 2009;
SANTOS-FITA et al., 2010) tratam do conhecimento e de como as comunidades manejam os
répteis. Em sua maioria, os trabalhos envolvendo o conhecimento local sobre anfíbios abordam
o uso das espécies na produção de medicamento utilizado por comunidades tradicionais que
vivem na Região Amazônica (RODRIGUES et al., 2012);
Outros estudos, como os de Costa-Neto e Resende (2004) e Barros (2005), demonstraram
que em várias sociedades, o lexema “inseto” é utilizado como uma etnocategoria classificatória
ampla, na qual são incluídos organismos não sistematicamente relacionados com a classe
Insecta, tais como os anfíbios. São escassos, portanto, os trabalhos que exploram a relação do
ser humano com os anfíbios anuros e, mais escassos ainda, são aqueles sobre a importância dos
anfíbios como biocontroladores de insetos pragas.
Os Anfíbios Anuros compreendem os sapos, rãs e pererecas. São animais relevantes nas
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15

cadeias e teias ecológicas, especialmente por serem biocontroladores de populações de insetos


e de alguns vertebrados, estabelecendo um controle natural de pragas em áreas agrícolas
(STUART et al., 2008). E nt r e t a nt o , n as d u a s últimas décadas, têm ocorrido declínio e
desaparecimento de algumas espécies no Brasil e em todo o mundo (ARAÚJO et al., 2006;
STUART et al., 2008; CASSEMIRO et al., 2012). Co mo o s anuros são sensíveis a
mudanças ambientais, a redução de espécies e de habitat, em sua maioria, decorre das ações
antrópicas relacionadas à devastação de áreas naturais, a transformação de áreas para
pastagem, garimpo, além da poluição do ar e das águas por agentes químicos e mudanças
climáticas, fatores que têm contribuído para tornar os anfíbios os animais mais ameaçados
do planeta (STEBBINS & COHEN, 1995; STUART et al., 2008; HADDAD et al., 2008;
COLLINS et al., 2009; HOFFMANN et al., 2010).
Este fato é preocupante, especialmente na região semiárida do Nordeste brasileiro,
intermitentemente atingida por sucessivas “secas”. Além da possível interferência sobre a
fauna, a estiagem promove ações diretas sobre a condição de vida da população, sobretudo
nas áreas onde predominam a agricultura e a pecuária extensiva, atividades que, quando
desenvolvidas sem planejamento, resultam em problemas ambientais irreversíveis, como a
desertificação (LEAL, 2003; SAMPAIO et al., 2008; CERIACO et al, 2010).
Nesse contexto, a compreensão das relações estabelecidas pelas comunidades locais
com os recursos naturais torna-se uma alternativa que poderá subsidiar a Etnoconservação, a
qual defende a possibilidade do manejo dos recursos naturais associado aos conhecimentos das
comunidades locais, a fim de proporcionar a conservação da natureza in situ (DIEGUES, 2000;
PEREIRA et al., 2010; DIEGUES, 2013). A discussão acerca da Etnoconservação remete ao
ano de 1952 e foi iniciada com estudos sobre o uso de plantas por populações indígenas, visando
à conservação de áreas e à compreensão sobre o manejo dos recursos naturais por populações
tradicionais (DIEGUES, 2000; 2013).
Em se tratando de áreas de Caatinga utilizadas para a agricultura e o conhecimento
das comunidades locais, encontra-se a região semiárida à s margens do reservatório de
Itaparica, ao longo do qual se encontram os sistemas agrícolas dos municípios de Petrolândia
e Itacuruba, Pernambuco, fronteira com o Estado da Bahia. Sob a influência da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco, estas comunidades vivem da agricultura e pecuária como
principais atividades econômicas, utilizando a água deste rio para irrigação. No entanto, estes
municípios diferem quanto ao sistema de irrigação utilizado, pois Petrolândia possui um
sistema irrigado que proporciona cultivo durante todo o ano, enquanto em Itacuruba os
agricultores necessitam da água da chuva, por falta de um sistema adequado de irrigação.

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16

A região de Itaparica e respectivos sistemas agrícolas constituem parte de um projeto de


pesquisa amplo e binacional, Brasil – Alemanha (INNOVATE Project), o qual tem por objetivo
geral identificar os múltiplos usos da água do reservatório e analisar as inovações referentes ao
manejo dos recursos aquáticos e terrestres, e de cujo subprojeto, SP-4 - Biodiversidade e
Serviços do Ecossistema, esta tese é integrante. Nesse contexto, o principal problema
identificado para este estudo é que duas comunidades agrícolas situadas nessa região semiárida
ao longo do Rio São Francisco fazem uso de Agroquímicos para controle de insetos pragas,
com consequências sérias sobre a biodiversidade local e qualidade de vida das comunidades,
embora os anfíbios anuros constituam excelentes biocontroladores naturais de populações de
insetos.
Diante deste cenário posto, surgem os seguintes questionamentos:
1) As comunidades locais identificam as diferentes espécies de anfíbios anuros encontradas
nas áreas agrícolas e sua importância para a melhoria da qualidade de vida?
2) Estas comunidades reconhecem a importância dos anfíbios anuros para o controle natural
de insetos pragas em substituição aos agroquímicos e, consequentemente, sustentabilidade para
essas áreas agrícolas?
3) Conhecem e descrevem aspectos da biologia dos anfíbios anuros?
4) Existem diferenças de concepção local, quanto à importância dos anfíbios no controle de
insetos pragas em sistemas irrigados e não irrigados?
5) O conhecimento ecológico local das comunidades estudadas acerca da importância dos
anfíbios é relevante ao nível das comunidades locais poderem constituir parceria no
processo de Etnoconservação dos anfíbios desta região?
Nesta perspectiva, os objetivos desta Tese são: (a) Registrar e descrever o
conhecimento das comunidades locais sobre as espécies de anfíbios anuros e aspectos da
sua biologia; ( b ) Analisar o conhecimento local sobre a importância destes animais
como biocontroladores de insetos pragas nos sistemas agrícolas estudados, em substituição
aos agroquímicos; ( c ) Promover a conservação dos anfíbios anuros nos sistemas agrícolas
estudados, por meio da popularização da Ciência aos agricultores locais em prol da
sustentabilidade desses agroecossistemas.

1.1 Sistemas agrícolas no semiárido nordestino

O Sertão é uma extensa área de clima semiárido, caracterizado pela escassez e


irregularidade de chuvas que causam secas periódicas. Compreende o Domínio das Caatingas
e florestas deciduais do Nordeste, caracterizado por extensas áreas morfoclimáticas de

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17

ecossistemas bastante semelhantes em termos de suas características ecológicas (AB'SÁBER,


2008).
O Domínio da Caatinga abriga 15% da população nacional, especialmente na zona rural,
sendo submetida a longos períodos de estiagem que afetam a produtividade (LEAL et al., 2005;
BARBOSA et al., 2007). Depois da erosão do solo, o processo mais importante de degradação
no semiárido nordestino é a perda de fertilidade, muitas vezes promovida pela prática das
queimadas da vegetação para o desenvolvimento de pastos para o gado ou preparo da terra para
as atividades agrícolas (KAUFFMANN et al., 1993, SAMPAIO et al., 2003).
Historicamente, a agricultura praticada na região semiárida é nômade, itinerante ou
migratória, onde os agricultores desmatam, queimam e plantam por um curto período (em torno
de dois ou três anos) e mudam para outras áreas repetindo a mesma prática, na expectativa de
uma recuperação da capacidade produtiva dos solos. Esta prática vem reduzindo
consideravelmente a biodiversidade; entretanto, a agricultura constitui a base alimentar e a fonte
de matéria-prima para inúmeras atividades de populações locais (KUSTER, 2008).
Nas atividades agrícolas, destacam-se dois modelos de produção: o tradicional e o
convencional. No primeiro, as práticas utilizadas pelos agricultores geralmente é sem a
utilização de insumos externos, com técnicas mais tradicionais e muitas vezes a utilização de
mão-de-obra é de base familiar (MOREIRA, 2004; MENEZES et al., 2011). O segundo modelo
se caracteriza por práticas modernas, altamente mecanizadas e com intenso uso de insumos
externos, baseado no modelo agroquímico característico da “Revolução Verde” (TAVARES,
2009). No Brasil, a “Revolução Verde” assumiu a forma de uma modernização tecnológica com
características socialmente conservadoras, onde os créditos agrícolas altamente subsidiados
foram dirigidos às elites do mundo rural (SILVA, 2001). No entanto, os impactos destas
práticas agrícolas promoveram altos índices de degradação dos recursos naturais (TAVARES,
2009; MENEZES et al., 2011). Assim, a inadequação do modelo difundido pela “Revolução
Verde”, bem como a aceitação e a difusão do conceito de sustentabilidade, têm levado a
pesquisa agropecuária a uma crescente busca pelos modelos alternativos e sustentáveis para a
agricultura (MARQUES, et al., 2003; TAVARES, 2009; MENEZES et al., 2011).
É nesse contexto que surge o conceito de agroecossistemas, o qual proporciona uma
organização estrutural dos sistemas de produção de alimentos, incluindo seus conjuntos
complexos de insumos e produção e as interconexões entre as partes que os compõem
(CAPORAL & COSTABEBER, 2004; GLIESSMAN, 2009). Para Santos (2011),
agroecossistemas são sistemas ecológicos alterados, manejados de forma a aumentar a
produtividade de um grupo seleto de produtores e de consumidores, podendo desencadear a

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18

retirada de vegetais e animais nativos, substituídos por poucas espécies, mas que transite entre
o modelo agroquímico de produção para um modelo de agricultura com princípios, métodos e
tecnologias de base ecológica.
Esse novo modelo de organização da atividade agrícola tem como meta a
sustentabilidade ambiental para estas áreas que, segundo Ferreira (2008), vai além de um
sistema de produção, porque significa manter e prosperar as condições naturais, preservar o
meio ambiente e ofertar melhores condições de vida para as comunidades agrícolas.
Nesta perspectiva, o desenvolvimento agrícola sustentável visa minimizar os efeitos
antrópicos negativos resultantes do manejo inadequado dos recursos naturais (FERREIRA,
2008; SANTOS, 2011). Para isso, o entendimento das atividades humanas torna-se
indispensável na compreensão da relação pessoas/recursos biológicos, visto que as atuais
formas de usos e aproveitamento dos recursos da Caatinga são bastante precárias e muitas vezes
não são conduzidas de forma sustentável, desrespeitando a complexidade presente neste
Domínio (SILVA et al., 2014).
Para a obtenção desse novo modelo de desenvolvimento sustentável, o principal desafio
é compreender como as comunidades interagem com os recursos, considerando que a maior
dificuldade das comunidades agrícolas na região semiárida é a escassez de água. Assim sendo,
torna-se necessário aumentar a demanda de ações que viabilizem a expansão das fronteiras
agrícolas no domínio da Caatinga e o suprimento extra de água (FERREIRA, 2008; SANTOS,
2011). No entanto, o caráter insuficiente e irregular do regime pluviométrico do Semiárido
nordestino induz à adoção de práticas alternativas de suprimento hídrico, quando a irrigação
torna-se um fator de grande interesse para os produtores de alimentos, em diversas partes do
mundo e na região semiárida do Nordeste brasileiro (MANTOVANI et al., 2007).
Os estudos sobre o impacto da irrigação em zonas semiáridas são ainda incipientes,
sendo necessárias investigações mais refinadas sobre o uso da irrigação e quais as mudanças
ambientais geradas pela inclusão da técnica de irrigação (FRANCA-ROCHA et al., 2007).
Alguns estudos têm demonstrado que a falta de habilidade dos irrigantes no manejo da irrigação,
sem levar em consideração as características edafoclimáticas da região, tem contribuído para o
processo de degradação dos solos em perímetros irrigados da Região Semiárida do Nordeste
brasileiro (FRANCA-ROCHA et al., 2007). Exemplos de fracassos na implantação de
perímetros irrigados, principalmente relacionados à falta de planejamento e desperdícios de
recursos financeiros, foram constatados nos Estados de Pernambuco, em Moxotó (SAMPAIO
et al., 2005), Ibimirim e Serra Talhada (FERNANDES, 2008), nos Perímetros Irrigados de
Engenheiro Arcoverde e São Gonçalo, em Condado (LEÃO et al., 2009), e Sergipe, em Canindé

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19

do São Francisco (AGUIAR-NETTO et al., 2007).


Em relação ao perímetro irrigado do Vale do São Francisco, este foi implantado a partir
da década de 1970 e impulsionou a geração de emprego e renda em vários municípios do
Nordeste brasileiro, por meio de empresas agrícolas e assentamentos de famílias de agricultores
que, juntos, tornaram a região um dos principais polos de produção da fruticultura irrigada do
país, destacando-se os municípios de Petrolina - PE e Juazeiro - BA (SANTOS, 2010). A
irrigação promoveu uma nova dinâmica na região semiárida, principalmente no que se refere à
inserção de famílias de baixa renda na produção de frutas e, na agroindústria para consumo
interno e exportação (GIONGO, 2011). É nesse perímetro irrigado que se encontra a área de
estudo desta Tese.
No entanto, a sustentabilidade de um perímetro irrigado está condicionada, entre outros
aspectos, à manutenção da produtividade dos solos, que dentro dos sistemas de produção sofrem
modificações nos seus atributos biológicos, físicos e químicos pela aplicação de fertilizantes e
defensivos agrícolas, tráfego de máquinas e alteração do regime hídrico nas bacias hidrográficas
(CORRÊA, 2007). Além disso, por ser uma Agricultura com maior necessidade de investimento
e conhecimento técnico, a Agricultura Irrigada sofre algumas dificuldades de inclusão de
pequenos produtores. Nessa perspectiva, a inclusão da comunidade local atrelada à
incorporação inclusiva de novas técnicas, podem ser ferramentas úteis para o alcance da
sustentabilidade nos sistemas agrícolas.

1.2 Alterações ambientais e suas possíveis consequências sobre os anfíbios

Considerando que os anfíbios anuros são excelentes bioindicadores ambientais, eles são
relevantes em estudos que visem detectar as mínimas alterações em diferentes ambientes
ecossistêmicos (STUART et al, 2008; TEJEDO et al., 2010).
Os anfíbios possuem uma importante dependência da sua atividade e sobrevivência em
relação aos fatores ambientais. Esta dependência do clima explica o padrão geográfico de
variação na riqueza específica de anfíbios, sendo esta maior nos trópicos (mais de 80% das
espécies atuais; DUELLMAN, 1999; WELLS, 2007; STUART et al., 2008), do que nas regiões
temperadas. Na parte centro-sul do continente americano concentra-se a maior diversidade de
anfíbios mundial, com 2.916 espécies reconhecidas (49% do total mundial) (IUCN, 2006;
IPCC, 2007b). No Brasil são reconhecidas 1.026 espécies de anfíbios (SBH, 2014), o que
representa 14% das 6.771 espécies de anfíbios do mundo (FROST 2011).
Apesar da importância dos anfíbios anuros, nas últimas duas décadas têm ocorrido
redução e desaparecimento de algumas espécies no Brasil e em todo o mundo (COSTA et al.,
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2012; HADDAD et al., 2008; KATZENBERGER et al., 2012), em decorrência da ação


antrópica e perda de habitats (STEBBINS & COHEN, 1995, RIBEIRO & NAVAS, 2012).
Assim sendo, a devastação de áreas naturais, o reaproveitamento em larga escala dos campos
nativos para pastagem e reflorestamento com espécies exóticas, a introdução de animais
exóticos, como peixes e rãs, o crescimento das áreas urbanas, construção de hidrelétricas,
estradas e gasodutos (HADDAD, 1998; MARSH, 2000; GARCIA & VINCIPROVA, 2003,
BRANDT, 2012), além da poluição do ar e das águas por agentes químicos está contribuindo
diretamente para o declínio desses animais (STUART et al., 2008).
Este problema tem sido potencializado especialmente na região semiárida do Nordeste,
intermitentemente atingida por sucessivas “secas” e onde a agricultura e a pecuária extensiva
podem desencadear problemas ambientais irreversíveis, como a desertificação (LEAL, 2003,
CLOSEL & KOHLSDORF, 2012).
Para tentar prever cenários futuros é necessário definir com maior exatidão as condições
atuais que determinam a distribuição das espécies e entender melhor o seu passado. É também
muito importante saber a proximidade dos organismos ao seu limite de tolerância na natureza e
determinar a capacidade de os organismos ajustarem ou aclimatizarem a sua sensibilidade
térmica (STILLMAN, 2003; GILMAN et al., 2006), seja por plasticidade fenotípica ou
adaptação evolutiva (KATZENBERGER et al., 2012). No estudo do impacto das alterações
climáticas, os anfíbios começam a ser alvo de um maior interesse e preocupação. É considerado
o grupo de vertebrados mais ameaçados, uma vez que cerca de 41% de todas as espécies que o
constituem estão em perigo de extinção (HOFFMANN et al., 2010).
No entanto, muitos dos cenários usados para se investigar efeitos de mudanças
climáticas sobre a fauna assumem relações de diversos tipos entre as condições abióticas
apropriadas para uma espécie e a sua distribuição atual (RIBEIRO & NAVAS, 2012).
Além da pressão direta exercida pelas atividades antrópicas (por exemplo, degradação
e destruição de habitat e poluição) sobre as populações de anfíbios, têm sido identificados outros
fatores indiretos associados ao aquecimento global, tais como mudanças no teor de umidade
dos ambientes terrestres (POUNDS et al., 2006) ou diminuição da duração do charco
(hidroperíodo) (MCMENAMIN et al., 2008).
Nesse contexto, a compreensão das inter-relações entre as sociedades humanas e os
recursos naturais é de fundamental importância para a execução de medidas
Etnoconservacionistas, pois ao longo dos anos esta preocupação tem sido um dos principais
desafios da ciência contemporânea.

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21

1.3 Etnoconservação – Alternativas para a conservação da natureza


A interdependência da espécie humana com os demais elementos bióticos da Natureza
pode ser explicada pela hipótese da biofilia (COULON, 1995), segundo a qual o ser humano
teve 99% de sua história evolutiva intimamente envolvida com outros seres vivos, tendo
desenvolvido um significativo sistema informacional acerca das espécies e do ambiente, que se
traduz nos saberes, crenças e práticas culturais relacionados com a fauna e flora de cada lugar.
Surgida do campo da sociolinguística e da antropologia cognitiva (particularmente da
Etnociência), a Etnobiologia é um campo de pesquisa multidisciplinar que investiga as diversas
percepções culturais das inter-relações entre pessoas/recursos biológicos, assim como a maneira
e finalidade como estas percepções são ordenadas e classificadas pelas sociedades por meio da
linguagem (POSEY, 1987; BEGOSSI, 1993; MOURÃO et al., 2006; SANTOS-FITA et al.,
2007; ANDERSON, 2011; ALVES & ALBUQUERQUE, 2012), uma vez que existe uma
necessidade intelectual inerente ao ser humano em demandar ordem no Universo (LÉVI-
STRAUSS, 1989).
Quando o conhecimento ecológico local e o conhecimento científico são usados de
modo apropriado e complementar, ambos os sistemas de conhecimento fornecem uma
ferramenta poderosa para manejar recursos naturais e resultar no alcance do desenvolvimento
sustentável (SANTOS-FITA et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2013). Este conjunto de
conhecimentos, que de fato é a expressão de um dado saber pessoal ou comunal, é também a
síntese histórica e cultural transformada em realidade na mente das pessoas (TOLEDO et al.,
2012). O papel dos seres humanos e da importância de suas ações sobre a biodiversidade só
foram reconhecidos recentemente, e os estudos nesta área demonstram que a conservação da
natureza deve levar em consideração a influência dos seres humanos como agentes de
transformação de espaços naturais, não só nos aspectos considerados negativos, mas também
nas diferentes formas de apropriação e conservação dos recursos (ALVES &
ALBUQUERQUE; 2012). Além disso, mesmo naqueles ambientes onde existe um
conhecimento razoável de sua flora e fauna, não é possível, com base no modelo atual de
desenvolvimento socioeconômico, evitar o processo de degradação contínua a que estão
submetidos (BARBOSA, 2001; JÚNIOR et al., 2006).
Estas discussões inserem novos direcionamentos para a conservação da natureza, o qual,
para Diegues (2000), é o manejo humano dos organismos e ecossistemas com a finalidade de
garantir a sustentabilidade desse uso através da proteção, manutenção, reabilitação, restauração
e melhoramento de populações (naturais) e do próprio ecossistema. A partir de um novo
enfoque, a Etnoconservação, que pode ser considerada como uma das soluções capazes de

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22

interromper, ou ao menos diminuir, a intensa destruição da natureza ocasionada pelo modelo


de desenvolvimento econômico, adotado por diversos países capitalistas (PEREIRA et al.,
2010).
A Etnoconservação se insere na Etnociência a qual, segundo Posey (1987), indica que a
partir da percepção humana se desenvolve a hierarquização dos elementos e fenômenos,
utilizando categorias cognitivas como a cosmologia (influência mítica sobre a visão da
natureza, recursos e fenômenos naturais), os conhecimentos (dinâmicas, relações e utilidades
dos recursos naturais transmitidos por meio da tradição) e as práticas (a práxis entre o
conhecimento e sua utilização como garantia da sobrevivência).
Estes conhecimentos sobre os recursos naturais são acumulados no decorrer de longas
gerações. A valorização do conhecimento ecológico local surge como uma alternativa capaz de
auxiliar na conservação de áreas naturais remanescentes. Neste contexto, faz-se necessário que
estes conhecimentos sejam compreendidos e analisados como uma probabilidade para a
conservação da natureza, o que determina uma nova especificidade para a área da Etnociência,
designada por etnoconservação (PEREIRA et al., 2010).
A Etnoconservação defende que o ser humano e os recursos biológicos não são
independentes, visto que o vínculo entre eles constitui uma relação simbiótica, na qual ambos
desempenham funções para a manutenção do meio, sendo as ações humanas desenvolvidas com
base em diversos valores e regras, próprios da cultura pela qual são difundidos (DIEGUES,
2008, PEREIRA et al., 2010).
Etnoconservação permite constituir, a partir da associação da conservação da natureza
in situ com os conhecimentos locais e o manejo dos recursos naturais, uma alternativa para a
conservação de áreas naturais, exigindo uma articulação entre o natural e o social, utilizando
como metodologia a investigação das nomenclaturas designadas pelas comunidades locais para
os elementos e fenômenos naturais, assim como os valores culturais que transportam
(PEREIRA et al., 2010).
A etnoconservação da natureza torna-se uma possibilidade em potencial para a proteção
dos recursos naturais, pois nas últimas décadas foram desenvolvidas pesquisas com abordagens
integrativas, em que a conexão sociedade e natureza é vista como fundamental para a
compreensão dos processos que envolvem a biodiversidade, os recursos naturais e sua
conservação, no Brasil (COSTA-NETO, 2000; BEGOSSI et al., 2002) e em outras parte do
mundo (TOLEDO et al. 2003; BECKER & GHIMIRE, 2003; PEREIRA & QUEIROZ, 2009;
PAILLER et al., 2009).

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23

2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

O semiárido brasileiro inclui o Domínio das Caatingas, que ocupa cerca de 12% do
território nacional e 60% da região Nordeste; inclui os E stados do Maranhão, Piauí, Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do norte de Minas
Gerais (BARBOSA, 2007). Além da severidade climática a que está submetida, esta região
abriga cerca de 18,5 milhões de pessoas, dentre as quais 8,6 milhões na zona rural (CIRILO
et al., 2007).
A ocupação populacional dessa região semiárida foi bastante tardia em decorrência
das inúmeras crises por falta de água para o abastecimento, principalmente no período
de 1845 a 1876, que resultou em 32 anos de secas intensivas (CAMPOS & STUDART,
1997). A partir dessa catástrofe, a sociedade brasileira despertou em busca de novas soluções
estruturais para esta região (CAMPOS & STUDART, 1997).
Além dos problemas relacionados à falta de água, a ocupação populacional
desordenada do semiárido pode ter contribuído para as alterações nas paisagens,
caracterizadas pelo processo de expansão agrícola, resultando na presença de espécies de
florestas xerófitas em áreas de cerrado e de espécies de florestas tropicais úmidas nas savanas
da caatinga (SÁ-NETO et al, 2013). Portanto, na região semiárida é possível observar um
mosaico de florestas xerófitas com outros Domínios, o que proporciona discussões sobre a
classificação e os limites da Caatinga. Ab'Sáber (2003), por exemplo, classificou a Caatinga
como um Domínio, que incluía não só fisionomias xerófitas (Caatinga stricto sensu), mas
também apresentando o desenvolvimento de ecótonos (Caatinga lato sensu).
O desenvolvimento de ecótonos tem contribuído para tornar a paisagem da Caatinga
bastante alterada (AB’SÁBER, 2003); uma das principais consequências é a substituição de
espécies vegetais nativas pela atividade agrícola e pecuária. Estas ações, que promovem o
desmatamento e o mau uso do solo, são responsáveis pela ocorrência de extensas áreas
degradadas e núcleos de desertificação, tornando a Caatinga um dos Domínios mais
alterados do Brasil (CASTELLETTI et al, 2005; SAMPAIO et al., 2008). Inversamente
proporcional aos valores de destruição, estão os dados relativos à proteção da Caatinga,
pois se trata do Domínio brasileiro com o menor percentual de áreas protegidas (7,12%)
entre Unidades de Conservação federais, estaduais e privadas, dentre as quais menos de
14% são de proteção integral (HAUFF, 2008; ROSA et al, 2013).
A antropização da Caatinga acontece de forma desordenada; apesar de esta região
apresentar um regime de chuvas concentrado em quatro meses (fevereiro a maio) e uma

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24

grande variabilidade interanual, a região está submetida a fortes secas que moldam o
comportamento das comunidades locais (SILVA et al., 2011).
A variabilidade interanual no Nordeste brasileiro está associada a padrões de
variação da mesma escala de tempo nos oceanos Pacífico e Atlântico, como a variabilidade
interanual associada a El Niño, Oscilação Sul, ENOS, ou a variabilidade decadal do Pacífico
(Pacific Decadal Oscillation - PDO), do Atlântico (North Atlantic Oscillation- NAO) e a
variabilidade do Atlântico Tropical e do Atlântico Sul (MARENGO, 2006).
No contexto da ocupação do semiárido, estudo sobre o Domínio das Caatingas
possibilitou constatar que os primeiros habitantes concentravam-se nas áreas mais úmidas,
por apresentarem vales de rios perenes e os brejos de altitude. Estes colonizadores
tiveram como objetivos realizar as inclusões agrícola e pecuária, aproveitando os recursos
locais. Para isso, suas atividades concentraram-se principalmente às margens dos rios, que
além de fornecer água para o pasto e a irrigação, também foram utilizados como estradas
naturais (SAMPAIO, 2003).
Tendo em vista que o semiárido nordestino é uma região pobre em volume de
escoamento de água dos rios, as comunidades humanas locais tiveram que se adaptar a este
cenário. Esta falta de escoamento pode ser explicada em função da variabilidade temporal
das precipitações e das características geológicas dominantes, com solos rasos sobre rochas
cristalinas e, consequentemente, baixas trocas de água entre o rio e o solo adjacente
(CIRILO et al., 2007). O resultado é a existência de densa rede de rios intermitentes, com
poucos rios perenes, com destaque para os Rios São Francisco e Parnaíba. O Rio São
Francisco, por exemplo, foi considerado como a avenida principal utilizada para o avanço
da colonização na região semiárida do Nordeste brasileiro. No entanto, esse processo
civilizatório deixou marcas na região, resultando em maior adensamento populacional e
exploração da terra (SAMPAIO, 2003).
Contudo, o semiárido brasileiro tem um potencial de área apta para irrigação de mais
de 2,4 milhões de hectares, por apresentar áreas que, se trabalhadas com tecnologias
adequadas, constituir-se-iam num grande potencial para o agronegócio (CIRILO et al., 2007;
MANTOVANI et al., 2007). As principais vantagens da irrigação são o aumento na
produtividade e produção de alimentos; geração de emprego e renda de forma consistente e
estável; diminuição do êxodo rural; auxilio no desenvolvimento regional, do estado e do país
(MANTOVANI et al., 2007).
Diante desses fatores, o principal desafio é alcançar um desenvolvimento de forma
sustentável, que garanta o suprimento das necessidades básicas das comunidades, sejam

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25

locais ou globais, como também a adequação de técnicas acessíveis a estas comunidades


humanas para o pleno desenvolvimento das áreas agrícolas (CERIACO et al., 2010). É
provável que nestas áreas muitas comunidades locais utilizem métodos simples para o cultivo,
os quais fazem parte das suas tradições culturais. Utilizar os conhecimentos destas
comunidades locais sobre o manejo dos recursos naturais, atrelado à inserção de novas
tecnologias, pode contribuir para o alcance da sustentabilidade nas áreas agrícolas
(ALBUQUERQUE et al., 2006; ALBURQUERQUE et al., 2012; SILVA et al., 2011).
Neste contexto se insere o presente estudo, o qual foi desenvolvido no âmbito do
INNOVATE Project (Interplay between the multiple use of water reservoirs via innovative
coupling of substance cycles in aquatic and terrestrial ecosystems), projeto binacional Brasil-
Alemanha, especificamente como parte do subprojeto SP-4 - Biodiversidade e Serviços do
Ecossistema, na região do reservatório de Itaparica, médio Rio São Francisco, entre os
Estados da Bahia e Pernambuco. Dentre estes foram escolhidos para integrar o INNOVATE
Project, municípios que desenvolvem atividade agrícola, no Estado de Pernambuco. Esta
região do Lago de Itaparica está inserida na Ecorregião Depressão Sertaneja Meridional,
que possui como formação geológica básica o embasamento cristalino, com solos rasos,
pedregosos e rochosos, com relevo variando de plano a montanhoso. O lençol freático,
quando existente, é raso, pouco volumoso e as águas superficiais e subterrâneas muito
mineralizadas (VELLOSO et al., 2002).
A vegetação da Caatinga é, em geral, de pequeno porte, rala, com espécies xerófilas e
caducifólias (VELLOSO et al., 2002). A climatologia é caracterizada por temperaturas médias
que variam de 23º a 27ºC, insolação anual de até 2.800 horas, com altas taxas de
evapotranspiração potencial e baixa precipitação, abaixo da média de 448 mm/ano,
configurando déficit hídrico na região (MATALLO JR, 2000). As precipitações apresentam
irregularidades na distribuição temporal (3 a 4 meses com chuvas) e espacial, com secas
periódicas, decorrentes dos movimentos da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e
as descargas da Frente Polar Atlântica (FPA) (OLIVEIRA et al., 2000).
Neste cenário estão inseridos os municípios e comunidades estudados, Petrolândia e
Itacuruba, ambas situadas às margens do Rio São Francisco no Estado de Pernambuco (Figura
1). O Município de Petrolândia (08º58'45" S e 38º13'10" W) situado em altitude de 282 m,
localiza-se às margens do lago e dos riachos do Limão Bravo e Mandantes (afluentes do
Rio São Francisco). Contempla o Projeto “Icó-mandantes”, que foi concebido para
reassentar as famílias que tiveram suas terras inundadas pelas águas do Rio São Francisco,
durante a construção da Barragem de Itaparica. É uma área de 2.600 hectares irrigados, e

44
26

uma reserva legal de aproximadamente 19.000 hectares com 618 famílias cadastradas
(Carvalho, 2009).
O perímetro irrigado do Município de Petrolândia, região do submédio da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco, faz parte do Sistema Itaparica de Projetos de Irrigação,
construído pelo Governo Federal através da Companhia Hidroelétrica do São Francisco
(CHESF) para compensar as famílias deslocadas pela construção da Usina Hidroelétrica
Luiz Gonzaga (Usina de Itaparica), no final da década de 1980. O consumo médio de água
pelas comunidades no perímetro irrigado é de 57.000 m³ (Carvalho, 2009).
Com a construção da usina Hidroelétrica de Itaparica, 834 km² de terras foram
inundadas, implicando no deslocamento de 5.542 pessoas somente na margem esquerda do
Rio São Francisco, no estado de Pernambuco. Em março de 1986 a CHESF iniciou um
estudo de viabilidade para o reassentamento das famílias atingidas pela inundação do lago.
Hoje estas famílias estão distribuídas em 16 agrovilas na área rural da cidade. Nestas
agrovilas as comunidades dispõem de casas de alvenaria, escola, igrejas, quadras e praças.
Inserido no perímetro irrigado do Vale do São Francisco está a região de Icó-Mandantes
em Petrolândia/PE, na qual parte deste estudo foi efetuado; a principal atividade econômica da
população local é a agricultura irrigada, que vem se desenvolvendo, de modo geral, com base
na organização familiar (Carvalho, 2009). A agricultura de sequeiro ainda é praticada, mas de
forma pouco expressiva. As culturas de maior densidade de renda são hortaliças e fruticultura,
mas as culturas de ciclo curto como feijão, melancia, milho, abóbora, amendoim, são as que
concentram a preferência dos agricultores dessa região, basicamente pelas facilidades de
apropriação e aplicação da tecnologia, e por oferecerem menor risco financeiro na sua
comercialização (D’ALPUIM et al., 2012; CARNEIRO et al., 2012). Plantios comerciais de
culturas mais rentáveis como cebola, melão, tomate e coentro semente estão crescendo entre os
agricultores, especialmente aqueles mais tecnificados. Nesta região também se encontra uma
área de vegetação nativa de Caatinga preservada, representada por áreas de mata circunvizinha
aos lotes irrigados (CORRÊA et al., 2010).
O outro município estudado, Itacuruba (08º43'38"S e 38º41'00”W), situa-se a 292
metros de altitude. Segundo o censo do IBGE de 2010, sua população era de 4.639
habitantes. Suas principais atividades são a agricultura e a pecuária. Apesar das famílias não
serem beneficiadas com programas de irrigação, poucas ainda dependem da agricultura,
tornando a atividade cada vez menos desenvolvida nesta região. As comunidades agrícolas
de Itacuruba/PE estão organizadas em três assentamentos concedidos pelo Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que possibilitou a reforma agrária

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27

nesta região de maneira justa e sistematizada, mantendo estas comunidades no cadastro


nacional de imóveis rurais, além de identificar e registrar, demarcar e titular terras
destinadas a comunidades tradicionais quilombolas ai existentes. Foram identificadas 198
famílias em Itacuruba/PE, as quais desenvolvem agricultura de subsistência; outros
agricultores desenvolvem suas atividades em propriedades de grandes fazendeiros da
região, em troca de salários e muitas vezes moradia. É notória a diferença entre esta
comunidade e a de Petrolândia por não apresentarem recursos para desenvolvimento de
agricultura em larga escala, em um sistema de irrigação como nas comunidades rurais de
Petrolândia/PE. Mesmo com as dificuldades postas, estas comunidades tentam desenvolver
suas atividades às margens do Rio São Francisco, de onde retiram água para irrigação apesar
de utilizarem poucas tecnologias.

FIGURA 1: Localização das comunidades agrícolas estudadas nos municípios de Itacuruba e


Petrolândia, Pernambuco, às margens do Rio São Francisco, nordeste do Brasil.

44
28

Fonte: Lucena, M. (2013)

3. METODOLOGIA GERAL

3.1 Procedimentos metodológicos

O trabalho de campo ocorreu durante quatro excursões, duas a cada um dos


municípios estudados, entre os meses de novembro/2012 a abril/2013. A primeira visita
junto às duas comunidades rurais ocorreu em novembro/2012 durante quinze dias, o que
possibilitou observação participante (COMBESSIE, 2004), que consiste em um momento de
exploração da realidade e estabelecimento da pesquisa. Neste primeiro contato foi possível
conhecer a realidade das comunidades a serem estudadas e apresentar a proposta do projeto,
bem como identificar as áreas de pesquisa nos sistemas agrícolas.
Em relação à escolha dos entrevistados, a amostragem foi aleatória intencional
(ALMEIDA & ALBUQUERQUE, 2002), por meio da qual os indivíduos das
comunidades foram abordados em seus locais de trabalho (lavoura) sobre a disponibilidade
de participar da pesquisa conforme sugerido por Caló; Schiavetti; Cetra (2009). Foram
entrevistados 369 agricultores entre 18 e 65 anos (todos homens, pois são maioria na atividade
desenvolvida na região), sobre as práticas agrícolas e as espécies de anfíbios anuros
encontradas na região.
44
29

O universo amostral de ambas as áreas foi definido pela amostragem probabilística,


a qual define que todos os elementos possuem a mesma probabilidade de serem escolhidos
(SAMPIERI, 2006), considerando um intervalo de confiança de 5% e erro amostral de 0,1%
utilizando a fórmula de Levin (1987).

Na qual:
n = amostra calculada
N = população
Zα/2 = variável crítica que corresponde ao grau de confiança desejado
p = proporção populacional de indivíduos que pertence à categoria
q = proporção populacional de indivíduos que não pertencem à categoria
E = erro amostral

A comunidade agrícola de Petrolândia abriga 618 famílias cadastradas em 16


agrovilas e que desenvolvem agricultura com sistema irrigado, enquanto que a comunidade
agrícola de Itacuruba possui 198 famílias que desenvolvem agricultura familiar. Diante deste
número de famílias envolvidas em atividades agrícolas, com base no cálculo da amostragem
probabilística, foram entrevistados 238 agricultores em Petrolândia e 131 agricultores em
Itacuruba.

1.2 Aplicação das entrevistas

Após a definição da amostragem, as entrevistas foram realizadas entre janeiro e abril


de 2013. Foram aplicadas entrevistas estruturadas para a obtenção de informações sobre o
perfil socioeconômico e demográfico dos agricultores. Em seguida, a aplicação de entrevistas
semiestruturadas, conforme Viertler (2002), quando foram obtidos dados sobre a existência
de espécies de anfíbios anuros nas áreas agrícolas; o conhecimento das comunidades locais
acerca do modo de vida dos anfíbios, incluindo os mais citados e observados pela
comunidade agrícola entrevistada; identificação dos diferentes tipos de cultivares agrícola
desenvolvido pelas comunidades; tipos de pragas agrícolas existentes na região; identificação
dos principais agroquímicos utilizados no controle de pragas agrícolas nestas áreas;
importância da conservação da biodiversidade de anfíbios anuros para a Caatinga.

44
30

A identificação das espécies de anfíbios anuros nas áreas agrícolas de Petrolândia


e Itacuruba foi incialmente realizada através de estímulos visuais com o auxílio de fotografias
de espécies comuns em áreas de caatinga, à semelhança do método utilizado por Garcia (2006);
Monteiro et al. (2006); Souto (2008); Maciel & Alves (2009). Este método serviu para nortear
os entrevistados contextualmente, assegurando que as entrevistas fossem direcionadas ao mesmo
objeto (espécies de anfíbios anuros), a fim de coletar dados etnobiológicos precisos (GARCIA,
2006). Posteriormente, as espécies de anfíbios citadas nas entrevistas foram coletadas através de
busca ativa ao longo das áreas agrícolas e Caatinga circunvizinha; parte destes dados resulta de
dados secundários do INNOVATE Project.
No que se refere ao conhecimento das comunidades agrícolas, as respostas das
entrevistas foram organizadas em seis categorias conforme adaptação de Kellert (1996):
Quanto à estética (Se a aparência física do animal reflete algum sentimento de repulsa ou
atração pela comunidade local); utilitária (Se os anuros são utilizados para algum fim –
Econômico ou alimentar); Ecológica/Científica (Se a comunidade local reconhece a
importância ecológico-biológica das espécies de anfíbios anuros); Simbólica (Se os anfíbios
anuros da região apresentam alguma utilização religiosa); Dominista (Se os anfíbios anuros
são espécies predominantes na região); e Negativista (Se os anfíbios anuros apresentam
alguma ameaça à comunidade local). Duas questões das entrevistas foram elaboradas para
construir esta escala: Qual o importância dos anfíbios anuros? Para que servem os anfíbios
anuros? As respostas possibilitaram inventariar as principais espécies de anuros existentes
nas áreas agrícolas (dados secundários) e caracterizar a percepção dos valores biológicos
predefinidos pelas comunidades.
Em relação às análises das respostas, foram agrupadas nas seguintes categorias
cientificamente comprovadas ou possíveis de comprovação, recebendo pontuação “1” para
comprovadas, “0,5” possível de comprovação e “0” para não comprovadas conforme a Escala
de Likert (DENCKER, 1998; CASTILHO et al., 2013). Para analisar a confiabilidade destas
respostas foi utilizado o Coeficiente Alfa de Cronbach, que avalia a magnitude com que os
itens de um grupo estão correlacionados entre si conforme sugerido por Oviedo; Campo-Arias
( 2005). Este coeficiente também pode ser avaliado como a medida pela qual algum
constructo, conceito ou fator medido está presente em cada item.
Foram efetuadas análises de correlação simples entre os indicadores de
conhecimento dos agricultores e a biologia dos anfíbios anuros, a fim de investigar a
relação entre variáveis do perfil do entrevistado (tempo associado à atividade agrícola e idade)
e os conhecimentos sobre a biologia dos anuros, bem como se há relação entre nível de

44
31

educação formal e o conhecimento adquirido pela observação direta destes animais. Para
isto será aplicado o teste de Kruskal- Wallis (H), que é um teste não paramétrico para
análises de correlação.

3.3 Identificação dos sítios de reprodução dos anfíbios anuros

Para caracterizar os locais de reprodução e desenvolvimento dos anfíbios anuros nas


áreas agrícolas, foram elaborados mapas orais (FIGUEIREDO, 2000; CALAMIA, 1999),
obtidos a partir de turnês guiadas (SPRADLEY et al., 1997) com os agricultores que citaram
a existência de sítios reprodutivos em suas áreas de cultivo, a fim de nomear e georreferenciar
os principais locais onde os anfíbios se reproduzem. Para a construção dos mapas foi usado
o software ArcGis10 e as coordenadas coletadas em campo por meio de GPS e de acordo
com as informações e orientações dos agricultores.
Os mapas obtidos foram escaneados e ilustrados com auxílio de computação
gráfica. As cenas das imagens utilizadas foram: 1442 – Itacuruba/PE e 1443 e 1520 para
Petrolândia/PE. Foram obtidas imagens ortorretificadas AVNIR-2 (na combinação RGB das
bandas 3, 2 e 1), projeção UTM fuso 24 e sistema geodésico SIRGAS2000, no formato
de arquivo geotiff com 3 bandas de 8 bits cada, disponibilizadas pelo Projeto Base Contínua
Escala 1:100.000 do Estado de Pernambuco.
Considerando que nas áreas agrícolas com sistema de irrigação o uso de agroquímicos
é bastante intenso, compararam-se os resultados obtidos sobre as espécies de anfíbios anuros de
Petrolândia (sistema irrigado) e Itacuruba (não irrigado) utilizando o teste Qui-quadrado, que é
um teste de hipóteses que se destina a encontrar um valor da dispersão para duas variáveis
nominais, avaliando a associação existente entre variáveis qualitativas (ALVES; ROSA, 2006).

3.4.Popularização da Ciência em sistemas agrícolas

Com as informações coletadas nas entrevistas sobre o uso dos agroquímicos e sua influência
negativa no desenvolvimento dos anfíbios anuros, foi elaborada uma cartilha ilustrada com
texto em literatura de cordel. Essa cartilha será distribuída e divulgada em escolas, cooperativas
agrícolas e associações nas regiões de Petrolândia e Itacuruba/PE a fim de informar sobre os
riscos da prática e alertar sobre a importância dos anfíbios no biocontrole natural das pragas
agrícolas. Dessa forma, o conhecimento local atrelado às informações da literatura poderá
constituir ferramenta viável a mudanças de práticas e manejo de agroecossistemas, em especial
do semiárido nordestino.
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Capítulo I

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ANFÍBIOS ANUROS POR


AGRICULTORES EM SISTEMAS AGRÍCOLAS DE REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA
LOCAL ECOLOGICAL KNOWLEDGE ABOUT AMPHIBIANS BY FARMERS IN THE AGRICULTURAL SYSTEMS OF
THE BRAZILIAN SEMIARID REGION

Iaponira Sales de RESUMO


Oliveira Os anfíbios anuros são considerados bioindicadores de qualidade ambiental e
Doutoranda do Curso biocontroladores de populações de insetos, inclusive de pragas agrícolas. Daí
de Doutorado em a relevância de avaliar o conhecimento de comunidades de áreas agrícolas
Desenvolvimento e acerca destes animais e a importância destes para o ambiente em que vivem, já
que estes são, culturalmente, considerados repugnantes; esta abordagem é uma
Meio Ambiente,
das vertentes da Etnociência. Nessa perspectiva, os objetivos deste trabalho
associação em Rede, foram avaliar o conhecimento local de comunidades agrícolas do semiárido ao
Universidade Federal longo do médio Rio São Francisco, estado de Pernambuco, sobre as espécies de
do Rio Grande do anfíbios anuros e a importância destas como controladoras de insetos pragas.
Norte, Natal, RN, F oram realizadas quatro excursões de 15 dias cada, duas por comunidade, entre
Brasil. novembro/2012 e abril/2013, quando se efetuaram observações diretas sobre as
iapobio@yahoo.com.b áreas, entrevistas semiestruturadas, e identificação dos sítios de reprodução dos
r anfíbios ao longo dos sistemas agrícolas. A amostragem foi não aleatória
Eliza Maria Xavier intencional, resultando em 347 participantes da pesquisa. Foram citadas pelos
agricultores oito Etnoespécies, correspondentes a 13 espécies de anfí bi os
Freire
anuros, a l é m d e identificados locais de reprodução e desenvolvimento destas
Orientadora, Docente espécies. Foi constatada importância biológica dos anuros para práticas
do Departamento de agrícolas sustentáveis.
Botânica e Zoologia - Palavras-chave: agroecossistemas, conhecimento local, entomologia,
DBEZ, e do Doutorado biocontrole de pragas.
em Desenvolvimento e ABSTRACT
Meio Ambiente, The frogs are considered bioindicators of environmental quality and biocontrol of
associação em Rede, insect Populations, including agricultural pests. Hence the importance of assessing
Universidade Federal the knowledge of agricultural zones communities about these animals and the
do Rio Grande do importance of these to the environment in which they live, as they are culturally
Norte, Natal, RN, considered repugnant; this approach is one of the aspects of Cognitive
Brasil. Anthropology. In this perspective, the objectives of this study were to evaluate the
elizajuju1000@gmail.c site knowledge of semi-arid farming communities along the middle São Francisco
River, Pernambuco State, on the species of Anurans and Their importance the pest
om
insect controllers. 15 excursions were held four days each, two for community,
between November and April 2012/2013 when effected direct observations over
the zones, semi-structured interviews, and geo-referencing of sites of
reproduction of amphibians throughout the agricultural systems. Random
sampling was not intentional, resulting in 347 participants of the search. Farmers
mentioned eight ethnospecies, corresponding to 13 species of frogs, as well as the
local breeding and development of these species identified. Biological importance
of anurans was for sustainable agricultural practices.
Keywords: agroecosystems, local knowledge, entomology, pest-biocontrol.

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INTRODUÇÃO

O semiárido brasileiro, que inclui o Domínio Morfoclimático da Caatinga (sensu AB’SABER, 1974),
tem sido utilizado para diversos fins econômicos, tais como, pecuária, agricultura e extração de
minérios, atividades que vêm causando degradações por vezes irreversíveis (ABÍLIO et al., 2010). Para
cada uma destas atividades foram necessárias adaptações específicas por parte das comunidades locais,
uma vez que a região caracteriza-se por condições edafoclimáticas especificas, as quais tornam esse
ambiente muito frágil e de alta susceptibilidade aos processos erosivos, necessitando alternativas de uso
e manejo (AGUIAR, 2006). Por se tratar de um ecossistema restrito ao território nacional, a preocupação
é ainda maior.
Nesse contexto, o semiárido brasileiro e especificamente a Caatinga abriga uma rica
biodiversidade, constituída até recentemente por 932 espécies de plantas vasculares (380 endêmicas;
SILVA et al, 2003), 187 de abelhas, 240 de peixes, 175 de répteis e anfíbios (12% endêmicas), e 510
espécies de aves (ALBUQUERQUE et al., 2012). Embora o conhecimento acerca da biodiversidade da
Caatinga seja relevante, ainda é restrito a algumas áreas que, em sua maioria, não são protegidas
(RODRIGUES, 2003; ALBUQUERQUE et al., 2012), além de constituir uma das regiões semiáridas mais
populosas do mundo, com cerca de 50 milhões de habitantes vivendo em condições muito precárias e,
consequentemente, explorando os recursos naturais de forma inadequada (FREIRE et al, 2009, p. 86;
ABÍLIO et al., 2010). Nesse cenário, é necessário ampliar o s estudos que abordem o conhecimento das
comunidades locais e suas interações com os recursos da Caatinga, de forma a contribuir para sua
conservação. Os campos de estudos que se destacam nesse sentido são a Etnobiologia e a Etnoconservação
(MARQUES, 1995; ALBUQUERQUE, 2006).
O uso popular dos recursos naturais é uma prática que acompanha o ser humano desde os
primórdios da civilização, sendo fundamentado no acúmulo de informações repassadas oralmente ou
de forma gestual a cada geração (ALVES et al. 2007; 2009; 2012; LEO NETO et al., 2011, 2012; SILVA et
al., 2010). Segundo Mourão e Nordi (2006), os estudos que se referem ao conhecimento ecológico
tradicional e/ou local, abordam , de um modo geral, a maneira como as pessoas usam e se apropriam
dos recursos naturais, seja através do manejo, das crenças, conhecimentos, percepções e
comportamentos, a l é m das várias formas de classificar, nomear e identificar as plantas e animais do
seu ambiente.
No âmbito da Etnobiologia, a Etnoherpetologia compreende grupos biológicos específicos,
buscando registrar e avaliar o conhecimento, classificação, utilização e convivência de comunidades locais
com os anfíbios e répteis. Para a Etnoherpetologia tem sido um grande desafio compreender esta
relação, já que os répteis são considerados um grupo perigoso e, consequentemente, perseguido (ALVES
et al. 2007). No caso das serpentes, mesmo as espécies não peçonhentas são frequentemente espancadas
ou mortas quando encontradas (ALVES et al. 2007; ALBUQUERQUE et al., 2012) fato que dificulta as
estratégias de manejo aplicadas para outros grupos, como as aves e mamíferos, por exemplo.
Em relação aos anfibios, são parcos os registros sobre a relação que as comunidades ocidentais
estabalecem com estes animais, embora para algumas populações orientais sirvam como “amuletos”

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em rituais religiosos (CERÍACO, 2010). Muitas civilizações antigas veneravam os sapos por associá-los à
água e seu processo de transição para a terra, fato que tornava estes animais símbolo de fertilidade e
renascimento. Para os egípcios, além do grande respeito, os sapos eram considerados futuros bebês, e a
criação do homem e dos deuses era atribuída à deusa Heket, personificada por uma mulher com cabeça
de sapo (BLAUSTEIN et al, 1995). Já os chineses e indianos acreditavam que o mundo se apoiava nas costas
de um sapo gigante e que os terremotos ocorriam devido à movimentação desse sapo. Outra crença era
de que os eclipses ocorriam porque um sapo engolia a Lua. Na China, as rãs protagonizam muitas lendas
e sempre foram tema obrigatório na pintura e nas artes cerâmicas, estilizadas em vasos, potes e peças
entalhadas (BLAUSTEIN et al, 1995; IZECHSOHN et al, 2002; CERÍACO, 2010). Na América Central, a
civilização Maia considerava o coaxar das rãs uma manifestação do deus Chac para anunciar a chuva que
fazia brotar o verde nas planícies secas. Por meio dessa associação com a água, as rãs eram relacionadas
não somente com o crescimento das plantas, mas também com a fertilidade e com o nascimento
(DUELLMAN et al, 1994; CERÍACO, 2010). Já os girinos e rãs adultas faziam parte da decoração de potes,
roupas e ornamentos. Por fim, os índios brasileiros consideravam os anfíbios como guardiões das águas
(BLAUSTEIN et al, 1995; CERÍACO, 2010).
No entanto, na Idade Média na Europa, esses animais passaram a ser associados a
manifestações do mal e bruxarias (CERÍACO, 2010). A sociedade moderna herdou tal preconceito dos
europeus medievais e, por isso, não é dada a devida atenção aos anfíbios que, segundo Vitt & Caldwell
(2009), por exemplo, constituem elementos-chave para avaliação da qualidade ambiental e como
biocontroladores de insetos vetores de doenças e/ou pragas agrícolas. Portanto, os anfíbios anuros, que
compreendem os sapos e seus parentes, constituem animais importantíssimos nas cadeias e teias
ecológicas, especialmente por serem biocontroladores de populações de insetos e outros vertebrados,
atuando como presas e predadores (STUART et al, 2008; VITT & CALDWELL, 2009, ABROL 2012;
VALÊNCIA-AGUILAR et al. 2013).
Apesar da reconhecida importância dos anfíbios anuros, nas últimas décadas têm ocorrido
redução e desaparecimento de espécies em todo o mundo (HOFFMANN et al.,2010; KATZENBERGER et
al.,2012; COSTA et al., 2012). Como estes animais são sensíveis a mudanças ambientais, sua redução
pode ser decorrente da ação antrópica e/ou das alterações climáticas atuais (STEBBINS & COHEN, 1995;
STUART et al 2008; COSTA et al., 2012).
Neste cenário, alguns questionamentos nortearam este trabalho efetuado em sistemas agrícolas
localizados no semiárido brasileiro e cujo controle de pragas agrícolas é feito atualmente por meio do uso
de agroquímicos: Qual o conhecimento ecológico dos agricultores locais sobre os anfíbios anuros? Q ual
a relevância desse conhecimento para subsidiar proposta de uso dos anfíbios anuros no biocontrole de
insetos pragas e, consequentemente, conservação das espécies, preservação da saúde humana e
sustentabilidade desses sistemas agrícolas? Na perspectiva de responder a estes e outros desafios postos,
os objetivos deste trabalho foram identificar e avaliar o conhecimento das comunidades agrícolas de região
semiárida, especificamente dos municípios de Itacuruba e Petrolândia, estado de Pernambuco, Brasil,
sobre as espécies de anfíbios anuros e respectivos modos de vida e, a partir destes, propor o uso dos
anfíbios anuros no biocontrole de insetos pragas para minimizar o uso dos agroquímicos, dos riscos
ambientais, e promover a conservação das espécies e sustentabilidade dos agro ecossistemas.

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MATERIAIS E MÉTODOS
Delimitação e caracterização da área de estudo

Esta pesquisa é parte do Projeto INNOVATE (Interplay between the multiple use of water reservoirs
via innovative coupling of substance cycles in aquatic and terrestrial ecosystems), que envolve instituições
brasileiras e alemães de ensino e pesquisa com o objetivo de estudar e propor estratégias para otimização
dos múltiplos usos dos reservatórios construídos pela intervenção humana, por meio do aumento paralelo
da produtividade, redução da emissão de gases de efeito estufa e manutenção da biodiversidade. O
projeto está estruturado em cinco módulos interligados, com o objetivo de conhecer e fornecer
informações que comporão um banco de dados que possa gerar modelos preditivos para regiões
semiáridas. Nessa perspectiva, foram estudadas duas comunidades agrícolas nos municípios de Itacuruba
(08º43'38"S e 38º41'00”W) e Petrolândia (08º58'45" S e 38º13'10" W) no Estado de Pernambuco, ambas
ao longo do submédio Rio São Francisco.
O município de Itacuruba está localizado na microrregião de Itaparica e tem como característica
marcante a falta de recursos naturais (especialmente solos) para a prática de atividades agrícolas. Está
incluído no Núcleo de Desertificação do Cabrobó da Organização das Nações Unidas (ONU), uma área
muito vulnerável à degradação (NETO et al, 2014). Segundo o censo do IBGE 2010, sua população à
época era de 4.639 habitantes e s uas principais atividades são a pecuária e agricultura, apesar das
famílias não serem beneficiadas com programas de irrigação.
As comunidades agrícolas de Itacuruba estão organizadas em três assentamentos concebidos
pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que possibilitou o reassentamento
destas comunidades para esta região de maneira justa e sistematizada, mantendo-as no cadastro
nacional de imóveis rurais, além de identificar, registrar, demarcar e titular terras destinadas a
comunidades tradicionais quilombolas aí existentes. Foram identificadas 198 famílias que desenvolvem
agricultura de subsistência em Itacuruba; outros agricultores desenvolvem suas atividades em
propriedades de grandes fazendeiros da região, em troca de salários e/ou moradia. É notória a
diferença desta comunidade por não apresentar recursos para o desenvolvimento de agricultura em
larga escala, e pela falta de um sistema de irrigação como nas comunidades rurais de Petrolândia.
O perímetro irrigado do Município de Petrolândia, ta m b é m s i t u a d o n a região do submédio
Rio São Francisco, faz parte do Sistema Itaparica de Projetos de Irrigação, construído pelo Governo
Federal por meio da Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF, para compensar as famílias
deslocadas pela construção da Usina Hidroelétrica Luiz Gonzaga (Usina de Itaparica) no final da década
de 1980. Com a construção da usina Hidroelétrica de Itaparica, 834 km² de terras foram inundadas
implicando no deslocamento de 5.542 pessoas somente na margem esquerda do rio São Francisco. Em
março de 1986 a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) iniciou um estudo de viabilidade
para o reassentamento das famílias atingidas pela inundação do lago.
A comunidade local de Petrolândia compreende 618 famílias cadastradas em 16 agrovilas na zona
rural d o município, as quais desenvolvem agricultura com sistema irrigado.

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Procedimentos metodológicos

Nas duas comunidades estudadas, durante estudo piloto, foram realizadas visitas às residências
habitadas para esclarecimentos sobre este estudo. Em seguida, foi solicitado aos que concordaram em
participar da pesquisa, que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido exigido pelo
Conselho Nacional de Saúde por meio do Comitê de Ética em Pesquisa no Brasil (Resolução 196/96). Além
disso, este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP),
da UFRN (Parecer nº 466/2012).
O trabalho de campo ocorreu durante quatro excursões, duas a cada um dos municípios estudados,
entre os meses de novembro/2012 e abril/2013. A primeira visita às duas comunidades rurais ocorreu
em novembro/2012, a qual possibilitou observação participante conforme Combessie (2004) e consistiu
em exploração da realidade local e estabelecimento da pesquisa, possibilitando conhecer as comunidades
a serem estudadas e a identificação das áreas de estudo.
Q u a n to à escolha dos entrevistados, a amostragem foi aleatória intencional (ALMEIDA &
ALBUQUERQUE, 2002), por meio da qual os indivíduos das comunidades foram abordados em seus
locais de trabalho (lavoura) sobre a disponibilidade de participar da pesquisa conforme sugerido por
Caló; Schiavetti; Cetra (2009). O universo amostral de ambas as áreas foi definido pela amostragem
probabilística, a qual define que todos os elementos possuem a mesma probabilidade de serem
escolhidos (SAMPIERI, 2006), considerando um intervalo de confiança de 5% e erro amostral de 0,1%
Levin (1987). Assim, do número de famílias envolvidas em atividades agrícolas nas comunidades
estudadas (198 em Itacuruba e 618 em Petrolândia), foram entrevistados 238 agricultores em Petrolândia,
e 131 em Itacuruba, com idade entre 18 e 65 anos, todos do sexo masculino; após a definição dessa
amostragem, as entrevistas foram realizadas.
Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas conforme Viertler (2002) para a obtenção de dados
sobre a existência de espécies de anfíbios anuros nas áreas agrícolas, conhecimento das comunidades
locais acerca dos anfíbios conhecidos e respectivos modos de vida, incluindo os mais citados e
observados pela comunidade agrícola. Para análise destes dados foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis
(H), que é um teste não paramétrico para análises de correlação simples.
A identificação das espécies de anfíbios anuros ocorrentes nas áreas agrícolas de Petrolândia e
Itacuruba foi incialmente realizada mediante estímulos visuais com o auxílio de fotografias de espécies
comuns em áreas de caatinga, à semelhança do método utilizado por Garcia (2006); Monteiro et al (2006);
Souto (2008); Maciel & Alves (2009). Esse método serviu para nortear os entrevistados contextualmente,
assegurando que as entrevistas fossem direcionadas ao mesmo objeto (espécies de anfíbios anuros), a fim
de coletar dados etnobiológicos precisos (GARCIA, 2006). As informações coletadas serviram para a
construção de tabelas de cognição comparada para correlacionar as respostas dos entrevistados com as
informações da literatura, principalmente referente à biologia dos anfíbios anuros. Posteriormente, as
espécies de anfíbios citadas nas entrevistas foram coletadas através de busca ativa ao longo das áreas
agrícolas e na caatinga circunvizinha, para identificação por especialista e por meio de bibliografia
pertinente, e se encontram depositadas na Coleção Herpetológica da UFRN e na Senckenberg Natural
History Collections Dresden, Alemanha.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas áreas estudadas foram registradas oito etnoespécies, segundo registros das entrevistas com
os agricultores, as quais correspondem a 13 espécies, conforme espécimes coletados em campo e
identificados por especialistas (Tabela 1). São conhecidas mundialmente 6.771 espécies de anfíbios
(FROST 2011), das quais 988 de anfíbios anuros são registradas para o Brasil (SEGALLA et al., 2014) e 103
(10,4%) para o Domínio das Caatingas (CAMARDELLI & NAPOLI, 2012), riqueza considerada ainda
subestimada.
A presença de anfíbios anuros nas áreas agrícolas foi citada por 79% (n=238) dos agricultores
entrevistados em Petrolândia e 65% (n=131) em Itacuruba. O número maior de citações em Petrolândia
provavelmente se deve a maior quantidade de agricultores entrevistados nesta área (n=238); no entanto,
a informação dos agricultores quanto à ocorrência de até dez etnoespécies de anfíbios anuros em ambas
as áreas estudadas confirmam que, apesar do pouco conhecimento por parte dos agricultores sobre a
biologia destes animais, os anfíbios anuros são observados e reconhecidos nas áreas agrícolas.

Tabela 1: Etnoespécies citadas por agricultores locais e respectivas espécies de anfíbios identificadas
(este estudo) na região de Petrolândia e Itacuruba, estado de Pernambuco, nordeste do Brasil.

Município Petrolândia Itacuruba


Áreas de Áreas de
intensa intensa
Etnoespécies Nome científico
atividade atividade
agrícola agrícola
Dermatonotus muelleri (Boettger,
Jia X
1885)
Rã de
Hypsiboas raniceps Cope, 1862 X X
bananeira
Leptodactylus fuscus (Schneider,
Caçote X X
1799
Leptodactylus macrosternum
Caçote X X
Miranda-Ribeiro, 1926
Leptodactylus troglodytes A. Lutz,
Caçote X
1926.
Caçote Leptodactylus vastus A. Lutz, 1930 X
Physalaemus kroyeri (Reinhardt &
Rãzinha X
Lütken, 1862 “1861”)
Pseudopaludicola pocoto
Rãzinha X X
Magalhães, Loebmann, Kokubum,

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Haddad & Garda, 2014

Physalaemus cicada Bokermann,


Rãzinha X
1966
Pleurodema diplolister (Peters,
Cumbá X
1870)
Sapo cururu
Rhinella granulosa (Spix, 1824) X X
pequeno
Sapo cururu
Rhinella jimi (Stevaux, 2002) X X
grande
Rãzinha
Scinax x-signatus (Spix, 1824) X X
puladeira

A Etnoespécie mais comumente citada foi o sapo cururu (42% em Petrolândia e 53% em
Itacuruba), que corresponde às espécies do gênero Rhinella encontradas nas áreas agrícolas e urbanas
(Figura 1 – Fotos de Jorge, J. 2013). Duas espécies correspondem ao que os agricultores locais denominam
de sapo cururu: Rhinella jimi (Stevaux, 2002) e Rhinella granulosa (Spix, 1824). A primeira, conhecida na
região do semiárido como sapo cururu ou sapo-boi, possui ampla distribuição no Nordeste do Brasil,
principalmente na Caatinga, ocupando áreas próximas a habitações humanas, lagoas, margens de riachos,
estradas e rodovias (BORGES-NOJOSA e SANTOS, 2005). Rhinella granulosa é encontrada ao longo do
Nordeste do Brasil e nos Estados de Minas Gerais e Espirito Santo, sobretudo em ambientes abertos e
secos, sendo assim conspícuo da Caatinga (NARVAES E RODRIGUES 2009). Os agricultores das
comunidades estudadas classificam estes animais, descrevem aspectos de seus modos de vida e
comportamentos, conforme conteúdo da Tabela 2, que inclui comparações com informações da
literatura.
Os relatos dos agricultores locais de Petrolândia (37%) e Itacuruba (48%) sobre o “sapo cururu”
demonstram algum conhecimento sobre os modos de vida deste animal, inclusive que ele contribui
para o controle de populações de insetos, pois afirmam que os cururus são responsáveis pela “limpeza
do ambiente agrícola”.
No entanto, é necessária atenção especial a experiências para controle de insetos por espécies
exóticas de anfíbios. Segundo Turvey (2013), uma espécie de sapo-cururu (Rhinella marina) foi introduzida
na Austrália em uma área agricola, a fim de combater o Cane Beetle (Dermolepida albohirtum) e proteger
as culturas de cana de açúcar. Como a maioria das introduções de espécies não nativas apresenta um
controle ineficaz, o sapo-cururu agora é uma grande praga na Austrália. Isso ocorreu apesar de a idéia da
introdução de Rhinella marina, ter surgido do conhecimento local sobre os sapos serem os principais
predadores de invertebrados. Apesar desse fato ter ocorrido sem as devidas precauções de controle
biológico, o papel potencialmente importante dos anfíbios como predadores de invertebrados deve ser
destacado. Na Argentina, Rhinella arenarum, Leptodactylus latinasus, Leptodactylus chaquensis e
Physalaemus albonotatus são conhecidos por forragearem artrópodes que habitualmente danificam as
culturas de soja (VALÊNCIA-AGUILAR et al. 2013), mas os possíveis beneficios do controle biológico
realizado por esses anuros, para estes sistemas agrícolas, não foram testados.

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a) b)

FIGURA 1. Espécies de sapo cururu (gênero Rhinella) encontradas na região agrícola de Petrolândia e Itacuruba-PE. a) Rhinella
granulosa (Spix, 1824), b) Rhinella jimi (Stevaux, 2002).

Tabela 2: Tabela de cognição comparada: citações e relatos dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco,
acerca do modo de vida do sapo cururu, espécies do gênero Rhinella, e o que é encontrado na literatura cientifica sobre este
tema.

Relatos de agricultores Relatos de agricultores


sobre o modo de vida do sapo sobre o modo de vida do Citações da literatura científica
cururu em Petrolândia. sapo cururu em Itacuruba
“Sai da toca a noite para “A noite ficam nas ramas São animais de hábito noturno
caçar” e onde tem luz procurando (Cassemiro et al, 2012).
Informante 6 cascudos”. Informante 5

“Tenho nojo porque é frio “Ele é cheio de rugas e São animais ectotérmicos e
e molhado” é molhado, dar nojo” também apresentam respiração
cutânea, por isto devem manter a pele
Informante 8 Informante 3 sempre úmida (Narvaes e Rodrigues,
2009).
“Se cutucar ele incha” “Incha quando tá com Como forma de defesa os anuros
raiva” do gênero Rhinella tendem a inflar os
Informante 40 pulmões de ar para amedrontar os
Informante 45 predadores (Buckley et al., 2010).
“Libera um leite que irrita “Libera um leite que é seu O gênero Rhinella apresenta as
os olhos” veneno” glândulas granulares que liberam uma
substância de aspecto leitoso, com
Informante 23 Informante 58 capacidade de provocar irritabilidade
nos predadores (Duellman & Trueb,
1994; Narvaes e Rodrigues, 2009).
“Se ele mijar nos olhos “Se mijar no olho cega” Não existe comprovação de

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pode cegar” substâncias tóxicas na urina dos


Informante 33 Informante 28 anuros que possa provocar cegueira.

“Onde ele faz cama, não “De dia vivem em tocas Os anfíbios anuros do gênero
Nasce mais coentro”. no meio das ramas, em baixo Rhinella tendem a aumentar de
dos galhos e onde tem água” tamanho rapidamente; outra
Informante 12 característica é que estes animais
Informante 9 tendem a se entocarem durante o dia
em lugares úmidos e sombreados
(Buckley et al., 2010; Narvaes e
Rodrigues, 2009).
“Seu canto atrai chuva” “Ele canta para chamar a Os anfíbios precisam de água o u
fêmea” umidade para se reproduzirem, por
Informante 7 isso o período chuvoso é o ideal para
Informante 50 atrair as fêmeas com o canto e
realizar o acasalamento (Duellman &
Trueb, 1994; Narvaes e Rodrigues,
2009, Buckley et al., 2010).

A segunda Etnoespécie mais citada pelos agricultores locais para as regiões de Petrolândia (29%)
e Itacuruba ( 16%), o “Caçote”, corresponde às espécies do gênero Leptodactylus (Figura 2 - Fotos:
Oliveira, I.S (A), Jorge J. (Fotos B, C e D), 2013). Estas espécies são encontradas em margens de riachos e
drenos de irrigação da região agrícola de Petrolândia, e em caixas d’água e margens de riachos em
Itacuruba.
Apesar da generalização na definição das espécies de Leptodactylus, os agricultores entrevistados
percebem diferenças entre elas, mas não conseguem distinguir a ponto de agrupá-las em espécies
diferentes, apenas identificam e as classificam quanto às diferenças de tamanho e cores, características
geralmente relacionadas a fases de desenvolvimento e não a espécies distintas. A exemplo disso, as
“rãzinhas” que para os agricultores tratam-se de uma mesma espécie e as diferenças citadas referem-se
a cor e ao tamanho, correspondem a diferentes espécies das Famílias Leiuperidae e Leptodactylidae, tais
como, Physalaemus cicada, P. kroyeri e Pseudopalodicola sp.
A generalização na caracterização das espécies é um fato comum constatado em outros estudos
referentes à similaridade da composição faunística em diferentes áreas do semiárido, com o mesmo tipo
de vegetação e condições climáticas. Quanto à composição de espécies, constatou-se semelhança entre
este trabalho e outros realizados na Caatinga por VIEIRA et al. (2007) e CALDAS et al. (2009),
especialmente quanto às espécies R. granulosa, H. raniceps, Scinax x-signatus, L. troglodytes, e P.
diplolister.
Os agricultores (89% de Petrolândia, n=238 e 94% de Itacuruba, n=131) relatam e descrevem
alguns aspectos relevantes da biologia dessas espécies, tais como: hábitos, comportamento, alimentação
e desenvolvimento, conforme destacado como cognição comparada na Tabela 3.

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Espécies do gênero Leptodactylus


A) B)

C) D)

D)

Figura 2: Espécies de “Caçote” (gênero Leptodactylus) encontradas nas áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba,
Pernambuco. Janeiro e Abril/ 2013. A) Leptodactylus vastus Spix 1824; B) Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926;
C) Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799); D) Leptodactylus troglodytes A. Lutz, 1926..

As informações dos agricultores locais sobre os caçotes, listadas na cognição comparada (Tabela
3), principalmente quanto à dieta e a reprodução, reforçam estes como os aspectos mais marcantes
observados pelos agricultores e evidenciados nas respostas aos formulários. Esse conhecimento de
comunidades locais sobre a natureza e importância dos recursos biológicos, principalmente sobre a
biologia das espécies, coincide com o destacado em trabalhos sobre os animais caçados por comunidades
do sertão nordestino (ALVES et al., 2010) e por pescadores em relação aos recursos pesqueiros de regiões
litorâneas (BEGOSSI et al., 1999; MOURÃO et al., 2006).

Tabela 3: Tabela de cognição comparada: citações e relatos dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba acerca do modo
de vida dos caçotes (espécies do gênero Leptodactylus) e o que é encontrado na literatura cientifica sobre este tema.

Principais relatos dos agricultores locais sobre o caçote Citações da literatura científica sobre
(espécies do gênero Leptodactylus) espécies do gênero Leptodactylus
Petrolândia/PE Itacuruba/PE
“Não possuem veneno “Pele fria e molhada”; As espécies de Leptodactylus apresentam
porque sua pele é lisa sem a pele úmida para evitar ressecamento e
verruga”; Informante 16 auxiliar na respiração (Giaretta e Kokubum,
Informante 9 2004).

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“Não tem diferença, “O caçote é marrom Estas espécies podem atingir d e 5,0 a
todos são caçotes, uns quando pequeno e escuro 1 2 cm de comprimento. Suas colorações
pequenos outros grandes”; quando tá grande”; variam do amarelo ao marrom escuro (Freitas
e Silva, 2007; Heyer, 1969; Giaretta e
Informante 15 Informante 33 Kokubum, 2004).
“vivem entre o capim “Vivem onde tem mato”; Habitam áreas preferentemente abertas
rasteiro”; e também de matas em todo o Nordeste
Informante 12 (Freitas e Silva, 2007; Heyer, 1969; Giaretta
Informante - 30 e Kokubum, 2004).
“Vivem onde tem drenos “Vivem onde tem água, Estes animais também habitam locais
e poças”; lama e caixa d’água”. com água, principalmente no período de
reprodução para oviposição e equilibra a
Informante 28 Informante 11 temperatura (Giaretta e Kokubum, 2004).
“Quando se reproduzem “Fazem escuma para Quando o casal faz amplexo, a fêmea
formam escuma”. botar os ovos”; libera uma substância albuminoide pela
cloaca e o macho bate forte essa substância
Informante 19 Informante 8 com suas patas traseiras até formar espuma
abundante. Em seguida, a fêmea libera os
óvulos, os machos os fertilizam e os ovos
ficam envoltos pelo ninho de espuma até a
“Fazem a limpeza do “Comem os insetos”; Espécies
eclosão do gênero
(Giaretta Leptodactylus
e Kokubum, 2004). têm
ambiente, pois comem por envolve
característica alimentar-se de
os ovos que aí são depositados.
insetos”; Informante 50 Informante 38 artrópodes e pequenos
(Freitas e Silva, vertebrados
2007; Giaretta como
e Kokubum,
outras
2004). rãs, serpentes e até camundongos
(Freitas e Silva, 2004).
“São brabos”. “Pulam muito e vem As espécies do gênero Leptodactylus são
Informante 139 para cima da pessoa”. predadores muito vorazes (Freitas e Silva,
Informante 36 2004).

Outra Etnoespécie bastante citada pelos agricultores foi a “rã de bananeira”, que corresponde à
espécie Hypsiboas raniceps Cope 1862, a qual ocorre em abundância significativa principalmente nas
plantações de banana em Petrolândia (77% das citações; n=238), e em árvores frutíferas, como goiabeiras
e mangueiras, na região de Itacuruba (28% dos entrevistados; n= 131). Ainda conforme relato dos
agricultores, sua ocorrência em bananeiras s e d á sob e entre os cachos de bananas, e entre as bases
das folhas, local geralmente úmido que armazena água da chuva ou da irrigação. Algumas das
características citadas pelos agricultores sobre a rã de bananeira são confirmadas pela literatura, pois sua
reprodução ocorre na estação chuvosa, quando os indivíduos formam densas agregações em corpos de
água (brejos, poças, veredas). São de reprodução prolongada, isto é, reproduzem-se por várias semanas
ou meses e são territoriais; ou seja, machos defendem suas áreas de vocalização contra intrusos da
mesma espécie (LINGNAU et al, 2004; PANSONATO et al, 2011; SUGAI, 2014). Durante o dia permanecem
imóveis e sua aparência pálida e pele úmida causam repulsa aos agricultores. No período da noite,

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segundo Ribeiro et al (2009), se tornam mais ativas e os machos emitem sons para atrair as fêmeas,
além de caçarem os insetos para alimentação.
Também foi identificada, embora pouco observada pelos agricultores locais, a “rãzinha puladeira”,
Scinax x-signatus (Spix, 1824), pertencente à família Hylidae. De acordo com relatos dos agricultores de
Itacuruba (72%, n=131) e Petrolândia (58%, n= 238), esta Etnoespécie é facilmente encontrada em
árvores frutíferas, além de em residências, costumeiramente junto aos potes de cerâmica onde são
armazenadas água para o consumo humano. Estes relatos coincidem com informações da literatura de
que Scinax x-signatus é muito comum próximo às habitações humanas, tem hábitos noturno e arborícola
(Galatti et al., 2007). Além disso, é facilmente adaptável à perturbação humana, ocorrendo em savanas
tropicais e bordas de floresta da Venezuela até o Suriname e em boa parte do Brasil (Miquel, Ulisses e
Abraham, 2010). As comunidades locais de Petrolândia (58%, n=238) e Itacuruba (72% n=131) denominam
esta espécie de rãzinha puladeira porque emitem som por meio da interação entre as patas. Esta
afirmação pode estar relacionada ao movimento das patas em direção à região dorsal, pois a
manutenção da umidade da superfície externa da pele é fundamental para a difusão dos gases
respiratórios, garantida pela secreção de muco produzido pelas glândulas mucosas (HUTCHINSON e
SAVITZKY, 2004).
A pele dos anfíbios anuros em geral desempenha uma série de funções vitais, destacando-se a
respiração, o transporte de água e solutos, a regulação da temperatura corpórea e a defesa contra o
ataque de microrganismos e predadores (LEITE et al., 2005). Scinax x-signatus habita áreas de Mata
Atlântica e Caatinga, geralmente pode alcançar um comprimento de até 3,5cm e sua coloração de
fundo é o pardo-mostarda com manchas dorsais bem definidas (Freitas e Silva, 2007). Cabe destacar
ainda outras etnoespécies de anfíbios anuros que foram menos citadas pelos agricultores locais das áreas
estudadas, mas que são relevantes no contexto deste estudo em agroecossistemas do semiárido
brasileiro.

CONCLUSÃO

Apesar das condições climáticas adversas e as alterações ocorridas na paisagem da região


semiárida estudada, ela ainda abriga uma riqueza considerável de anfíbios anuros que é reconhecida e
descrita à luz do conhecimento local dos agricultores de agroecossistemas nos municípios de Petrolândia
e Itacuruba, ao longo do médio Rio São Francisco, Pernambuco.
O conhecimento ecológico local sobre as Etnoespécies de anfíbios anuros possibilitou identificar
relações cognitivas e comportamentais dos agricultores com os recursos naturais, especialmente sobre a
importância biológica dos anfíbios anuros. A partir destes resultados foi possível iniciar processo para
construção de alternativas viáveis ao controle de pragas agrícolas nesta região, aliando o conhecimento
dos agricultores locais ao científico e viabilizando a popularização da ciência por meio da divulgação
através de cartilha escrita em literatura de cordel, típica do nordeste brasileiro. É possível que esse veículo
de popularização da ciência promova o incremento do conhecimento local sobre a importância dos
anfíbios anuros e sua utilização no biocontrole de insetos pragas em substituição paulatina do uso de
agroquímicos, e consequentes diminuição dos riscos ambientais, conservação das espécies e
sustentabilidade dos agroecossistemas.

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Capítulo II
(Artigo a ser submetido à revista Gaia Scientia -
http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/gaia)

Percepção ambiental de agricultores de região semiárida sobre os Anfíbios Anuros e biocontrole


de insetos pragas em sistemas irrigados e não irrigados, às margens do Rio São Francisco, Brasil

Iaponira Sales de Oliveira¹; Reinaldo Farias Paiva Lucena²; Eliza Maria Xavier Freire³.

¹Doutoranda no Curso de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação ampla em


Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. E-mail:
iapobio@yahoo.com.br
²Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza. Docente do
Departamento de Sistemática e Ecologia, Laboratório de Etnobiologia e Ciências Ambientais, e do
Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação ampla em Rede. João Pessoa, PB,
Brasil. E-mail: rfplnal@gmail.com
³ Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências. Docente do Departamento
de Botânica e Zoologia, Laboratório de Herpetologia, e do Doutorado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente, associação ampla em Rede. Natal, RN, Brasil. E-mail: elizajuju@ufrnet.br

RESUMO

Dentre a diversidade biológica habitante da Caatinga, os anfíbios contribuem em diversas funções


ecológicas, apesar de sua relevância ser pouco conhecida e reconhecida em comunidades locais e até
por gestores ambientais. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi identificar o conhecimento empírico
das comunidades agrícolas de Petrolândia e Itacuruba, ambas no Estado de Pernambuco, semiárido
brasileiro, sobre a importância dos anfíbios anuros para o controle natural de insetos pragas, em
substituição aos agroquímicos. Realizaram-se 369 entrevistas semiestruturadas sobre o conhecimento
das comunidades locais acerca dos anfíbios anuros, seus modos de vida, e os tipos de pragas agrícolas
existentes na região. Os resultados demonstraram que esses agricultores reconhecem os anfíbios como
importantes no controle de pragas (87%, n=238, em Petrolândia; 79%, n=131, em Itacuruba), como
também que o uso de agroquímicos na lavoura pode ter influenciado a migração dos anuros para as áreas
urbanas (Petrolândia, 75% n=238; Itacuruba, 83% n=131). A maioria dos agricultores, 79% (n=238)
Petrolândia e 87% (n=131) em Itacuruba, reconhece que muitas espécies já não existem mais nessa
região. Os conhecimentos locais sobre os modos de vida dos anuros possibilitaram a identificação de
pontos de localização em três mapas (dois em Itacuruba, um em Petrolândia), indicando a localização
dos principais sítios de reprodução dos anuros. Estas informações, atreladas ao conhecimento empírico
das comunidades estudadas, são relevantes e podem constituir subsídios à parceria no processo de
conservação dos anfíbios e diminuição do uso de agroquímicos nas lavouras.

Palavras chaves: Percepção Ambiental; Anfíbios anuros; Agroecossistemas.

ABSTRACT

Among the habitate biological diversity Caatinga amphibians contribute in various ecological functions,
despite the relevance is little known and recognized in local communities and even by environmental
managers. In this sense, the objective of this study was to identify the empirical knowledge of farming
communities and Petrolândia Itacuruba, both in the state of Pernambuco, Brazilian semiarid region,
about the importance of amphibians to the natural control of insect pests, replacing the agrochemicals.
48

There were 369 semi-structured interviews on the knowledge of local communities about the
amphibians, their ways of life, and the types of agricultural pests in the region. The results showed that
these farmers recognize amphibians to be important in the control of pests (87%, n = 238, in Petrolândia,
79%, n = 131, in Itacuruba), as well as the use of pesticides in crop can be influenced migration of frogs
to urban areas (Petrolândia, 75% n = 238; Itacuruba, 83% n = 131). Most farmers, 79% (n = 238)
Petrolândia and 87% (n = 131) in Itacuruba recognizes that many species no longer exist in this region.
Local knowledge of the ways of life of frogs allowed the identification of location points in three maps
(two in Itacuruba, one in Petrolândia), indicating the location of the main breeding sites of frogs. This
information, linked to the empirical knowledge of the communities studied are relevant and can provide
grants to the partnership in the conservation process of amphibians and decreased use of agrochemicals
in farming.

Key words: Environmental Perception; Amphibian frogs; Agroecosystems.

RESUMEN

Entre la diversidad biológica habitate anfibios Caatinga contribuyen de diversas funciones ecológicas,
a pesar de la relevancia es poco conocido y reconocido en las comunidades locales e incluso por los
gestores ambientales. En este sentido, el objetivo de este estudio fue identificar el conocimiento empírico
de las comunidades agrícolas y Petrolândia Itacuruba, tanto en el estado de Pernambuco, región
semiárida brasileña, sobre la importancia de los anfibios en el control natural de las plagas de insectos,
en sustitución de los productos agroquímicos. Había 369 entrevistas semiestructuradas en el
conocimiento de las comunidades locales sobre los anfibios, sus formas de vida, y los tipos de plagas
agrícolas en la región. Los resultados mostraron que estos agricultores reconocen anfibios a ser
importante en el control de plagas (87%, n = 238, en Petrolândia, 79%, n = 131, en Itacuruba), así como
el uso de pesticidas en el cultivo puede ser influenciada la migración de las ranas a las zonas urbanas
(75% Petrolândia, n = 238; Itacuruba, 83% n = 131). La mayoría de los agricultores, el 79% (n = 238)
Petrolândia y el 87% (n = 131) en Itacuruba reconoce que muchas especies ya no existen en esta región.
El conocimiento local de las formas de vida de las ranas permitió la identificación de puntos de
localización en tres mapas (dos en Itacuruba, una en Petrolândia), lo que indica la ubicación de los
principales lugares de reproducción de ranas. Esta información, unida al conocimiento empírico de las
comunidades estudiadas son relevantes y puede proporcionar subvenciones a la asociación en el proceso
de conservación de los anfibios y la disminución en el uso de agroquímicos en la agricultura.
Palabras clave: Percepción ambiental; Ranas anfibios; Agroecosistemas.

INTRODUÇÃO
No contexto da ocupação do semiárido, estudo sobre o Domínio da Caatinga permitiu constatar
que os primeiros habitantes concentravam-se nas áreas mais úmidas por apresentarem vales de rios
perenes e brejos de altitude (SAMPAIO & BATISTA, 2003). Esses primeiros colonizadores tiveram
como objetivo realizar as inclusões agrícola e pecuária, aproveitando os recursos locais (SAMPAIO &
BATISTA, 2003). Para isso, suas atividades concentraram-se principalmente às margens dos rios, que
além de fornecer água para o pasto e irrigação, também foram utilizados como estradas naturais
(SAMPAIO & BATISTA, 2003).
Esse processo de desenvolvimento teve como consequências diversos problemas ambientais
constatados atualmente nos diferentes biomas brasileiros. Entre as atividades mais comuns estão as
práticas agrícolas, as quais consistem na retirada da cobertura vegetal endêmica para a plantação de
cultura, e a extração de madeiras lenhosas. Ao longo dos anos, atividades como estas promoveram a
perda de 80% da vegetação natural do Cerrado, 93% da Mata Atlântica, 64% dos habitats presentes nos
Pampas e 80% da região pertencente ao Domínio Caatinga, segundo dados do Ministério do Meio
Ambiente (2008).
Nesse contexto, o ser humano parece ser um dos protagonistas de uma erosão contínua da
biodiversidade associada a outros fatores, em especial mudanças climáticas, e que se amplia
exponencialmente conforme os ecossistemas vão sendo destruídos (ARAIA, 2010). As intervenções,
49

sem preocupação com tempo de regeneração dos ecossistemas, têm provocando danos que podem ser
irreversíveis e nos conduzem ao desequilíbrio total da biosfera (MARCOMIN, 2010). Neste sentido,
concordamos com Altvater (2006) ao apontar que o meio ambiente, mesmo que necessário para o
processo produtivo, sempre esteve à margem da lógica capitalista, na qual exploração é uma questão de
dias, mas a sua recuperação uma questão de anos.
Nesse cenário, a maneira como o ser humano reconhece o meio onde está inserido, a dinâmica
de suas interações e leis que o rege, corresponde à percepção ambiental (SILVA e LEITE, 2008), a qual
está relacionada a uma série de fatores conscientes e inconscientes da existência humana (GADOTTI,
2008; MAIA et al., 2013).
A formação da percepção ambiental reflete o processo histórico do indivíduo, ocorrendo a partir
do processamento de informações geradas por meio do contato com o ambiente (Silva et al., 2012),
enquanto a percepção ambiental ganha representações cognitivas, mediante as sensações geradas, a
partir dos sentidos e as respostas a tais experiências em conjunto com as crenças, culturas, valores,
fatores sociais, econômicos e educacionais do indivíduo (MELAZO, 2005; SOUZA et al., 2012).
O estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que se possa compreender
melhor as inter-relações entre o ser humano e o ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações,
julgamentos e condutas (FAGGIONATO, 2009).
Considerando o Domínio da Caatinga no contexto da problemática ambiental e a busca pela
sustentabilidade, conforme Barbosa et al. (2011), um dos aspectos que reproduzem a percepção
incoerente da Caatinga se refere à maneira como este bioma é abordado nos livros didáticos, adotados
pelas escolas brasileiras, no qual a população caatingueira é retratada de forma marginalizada,
convivendo com um ambiente físico pobre, feio e de solo infértil, promovendo o uso dos recursos
ambientais de maneira insustentável, por parte dos atores sociais, os quais não reconhecem seus
mistérios e beleza, “pois não se defende o que não se valoriza” (BARBOSA; SILVA; FERNANDES,
2011, p. 407).
Nesse contexto, quebrar os paradigmas recorrentes na população da Caatinga, quanto às suas
características, representa hoje um dos principais desafios a ser alcançado. Faz-se necessária uma
abordagem holística e crítica, exercida de maneira interdisciplinar, que aponte que o Domínio da
Caatinga faz parte de um todo, trazendo sentido ao conhecimento explicitado e valoração dos aspectos
que o compõe (ALMEIDA & ALBUQUERQUE, 2002).
Além disso, a região semiárida do Nordeste é intermitentemente atingida por sucessivas “secas”,
onde a agricultura e a pecuária extensiva podem desencadear problemas ambientais irreversíveis (LEAL,
2003, CLOSEL & KOHLSDORF, 2012). Dentre a diversidade biológica existente na Caatinga, os
anfíbios anuros sofrem diretamente a ação dos impactos ambientais que estas atividades promovem na
região semiárida, uma vez que os anfíbios anuros são bioindicadores ambientais, e são relevantes e
capazes de detectar as mínimas alterações em diferentes ambientes ecossistêmicos (STUART et al.,
2008; TEJEDO et al., 2010).
Apesar da importância dos anfíbios, nas últimas décadas têm ocorrido redução e
desaparecimento de algumas espécies de anuros, no Brasil e em todo o mundo (COSTA et al, 2012;
HADDAD et al., 2005; KATZENBERGER et al, 2012), em decorrência da ação antrópica e perda de
habitats (STEBBINS & COHEN, 1995, RIBEIRO & NAVAS, 2012). Assim sendo, a devastação de
áreas naturais, o reaproveitamento em larga escala dos campos nativos para pastagem, reflorestamento
com espécies exóticas, a introdução de animais exóticos, como peixes e rãs, o crescimento das áreas
urbanas, construção de hidrelétricas, estradas e gasodutos (HADDAD, 2000; MARSH, 2001; GARCIA
& VINCIPROVA, 2003, BRANDT, 2012), além da poluição do ar e das águas por agentes químicos,
estão contribuindo diretamente para o declínio desses animais (STUART et al., 2008).
Diante dos desafios impostos pelos limites relacionados à escassez de recursos naturais na
contemporaneidade, compreender a dinâmica da Caatinga e em especial a relação das comunidades
locais com os anfíbios anuros, corresponde à formação de um saber para o meio ambiente, fator
importante na tomada de atitudes e adoção de estratégias sustentáveis (BARBOSA; SILVA;
FERNANDES, 2011 p. 407). No entanto, o registro das relações dos anfíbios anuros com as
comunidades locais é escasso, e alguns trabalhos destacam apenas a utilização dos anfíbios para fins
alimentícios e/ou medicinal (URBIN – CARDONA, 2008; VALENCIA-AGUILAR, et al., 2013).
A exemplo de como as comunidades locais fazem uso dos anfibios, tem-se a utilização da
gordura e a pele da Rhinella jimi e Leptodactylus vastus no tratamento de doenças como asma e
50

dermatites. Este conhecimento é muito difundido na região neotropical, onde mais de 60 espécies de
anfíbios e répteis são usadas na medicina tradicional – esta região contém o maior número de espécies
de anfíbios (49,2%) e sofreu as maiores taxas de declínio da população (63,1%) - (VALENCIA-
AGUILAR, et al., 2013). Além da pele e da gordura, as pessoas também fazem uso das secreções
extraídas de algumas espécies de anuros contra infecções microbianas (DUELLMA & TRUEB, 1994;
STEBBINS & COHEN, 1997; PETRANKA, 1998). Essas substâncias contribuem de forma potencial
como ponto de partida para novas drogas. Os peptídeos antimicrobianos extraídos de secreções têm
demonstrado um potencial significativo para inibir a infecção e transferência do vírus da
imunodeficiência humana – HIV (LORIN et al., 2005; VAN COMPERNLLE et al., 2005). Os anfíbios
não contribuem apenas com o fornecimento da pele e gordura. Analisando os hábitos alimentares destes
animais, alguns estudos relatam a preferência por artrópodes (principal item alimentar), o que pode
ajudar na redução da propagação de doenças transmitidas por mosquitos, por meio da predação de
algumas espécies, influenciando na diminuição de surtos (DURANT & HOPKINS, 2008). Devido à
predileção alimentar dos anfíbios por variedades de artrópodes, incluindo moscas, borboletas, mariposas
(principalmente larvas), e besouros (DUELLMAN & TRUEB, 1994; PETRANKA, 1998; LANNOO,
2005; ABROL, 2012), muitas espécies contribuem efetivamente para o controle de pragas. O sapo
Lysapsus limellus, por exemplo, se alimenta de moscas da família Ephydridae que transmitem doenças
humanas em regiões neotropicais (VALENCIA-AGUILAR et al., 2013; SAZIMA et al., 2009). A
predação de mosquitos por anfíbios pode contribuir para a diminuição de doenças humanas, onde esses
artrópodes são vetores de transmissão de vírus, como da febre amarela, dengue e malária (ABROL,
2012).
Além do controle de vetores transmissores de doenças às populações humanas, os anfíbios
podem interferir diretamente para a regulação do controle de pragas agrícolas, por meio da alteração na
dinâmica de polinização (GODÍNEZ-ÁLVAREZ, 2004; ABROL, 2012). Na Argentina, as espécies
Rhinella arenarum, Leptodactylus latinasus, Leptodactylus chaquensis e Physalaemus albonotatus se
alimentam de artrópodes conhecidos na região por danificarem as culturas de soja (VALÊNCIA-
AGUILAR et al., 2013), porém não há estudo sobre a extensão do controle biológico nestes sistemas
agrícolas, afim de verificar se houve algum tipo de impacto nos recursos endêmicos.
No entanto, alguns fatores podem interferir diretamente no declínio de espécies, especificamente
de anfíbio, como a utilização de agroquímicos nas lavouras (HADDAD et al., 2008; COLLINS et al.,
2009; HOFFMANN et al., 2010; CERIACO et al, 2010). Sabe-se que a utilização de produtos sulfurados
na agricultura data do século XI, entretanto somente a partir do século XX, com a introdução da molécula
sintética do herbicida DDT (diclorodifeniltricloroetano) por Muller, em 1931, ocorreu o reconhecimento
da eficiência do controle químico, sendo o marco inicial da era “química” na produção vegetal (NUNES;
RIBEIRO, 1999). Porém, em 1950, período pós-guerra, com o advento da “Revolução Verde”,
ocorreram mudanças no processo do manejo tradicional da agricultura, bem como nos impactos
causados ao ambiente e à saúde humana (MOREIRA et al., 2002). Segundo Konradsenet et al. (2003),
a introdução de agroquímicos na agricultura brasileira, por volta da década de 1960, está vinculada aos
Programas de Saúde Pública, que tinham como objetivo o combate de vetores e de parasitas. Neste
contexto, a exposição humana a estes produtos constitui grave problema de saúde pública em todo o
mundo, principalmente nos países em desenvolvimento (TAVELLA, 2012). No Brasil, a partir de 1970,
criou-se a necessidade de regulamentação dos agrotóxicos, tendo em vista o aumento do seu uso no país
(TAVELLA, 2012).
Além disso, segundo o IBGE (2011), mais de 50% dos agricultores não possuem orientações
técnicas, de nenhuma forma, muito menos quanto ao uso correto de agroquímicos, ficando expostos aos
perigos destes produtos. Assim, o baixo nível de instrução dos agricultores associado à complexidade
das informações descritas nos rótulos dos agrotóxicos criam uma grande barreira na comunicação sobre
os riscos à saúde e ao meio ambiente (FEHLBERG et al., 2003; TAVELLA, 2012). Como consequência
desta situação, muitos agricultores desconhecem a importância da utilização dos equipamentos de
proteção individual ou, se conhecem, não utilizam ou empregam de maneira inadequada (SCATENA,
2006; TAVELLA, 2011).
Uma das alternativas para a promoção de mudanças no comportamento das comunidades locais,
em se tratando do uso de agroquímicos para o controle de pragas agrícolas, está na compreensão das
inter-relações entre as sociedades humanas e os recursos naturais, especificamente o biocontrole de
pragas, por meio dos anfíbios anuros. Este fato é de fundamental importância para a execução de
51

medidas sustentáveis, pois ao longo dos anos esta preocupação tem sido um dos principais desafios da
ciência contemporânea (SANTOS-FITA et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2013).
Neste contexto de utilização de áreas para a agricultura e o conhecimento das comunidades
locais, se encontram os sistemas agrícolas dos municípios de Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco,
fronteira com o Estado da Bahia às margens do reservatório de Itaparica. Sob a influência da Bacia
Hidrográfica do Rio São Francisco, estas comunidades vivem da agricultura e pecuária como principais
atividades econômicas, utilizando a água deste rio para irrigação (CARVALHO, 2009). No entanto,
diferem entre si quanto ao sistema de irrigação utilizado: enquanto Petrolândia possui um sistema
irrigado que proporciona cultivo durante todo o ano, Itacuruba depende da água da chuva, por falta de
um sistema adequado de irrigação. Diante do cenário posto, surgem os seguintes questionamentos: As
comunidades agrícolas reconhecem e identificam as pragas existentes na região agrícola? Estas
comunidades reconhecem a importância dos anfíbios anuros para o controle natural de insetos pragas
em substituição dos agroquímicos e, consequentemente, sustentabilidade para essas áreas? Existem
diferenças de concepção local quanto à importância dos anfíbios no controle de insetos pragas em
sistemas irrigados e não irrigados?
Portanto, o principal objetivo desta pesquisa foi avaliar a percepção dos agricultores locais em
relação a existência de anfíbios anuros na região de Petrolândia e Itacuruba/PE, identificando sua
importância biológica no controle de pragas agrícolas, por meio da relação existente entre as
comunidades locais e esses anfíbios, a fim de diagnosticar o conhecimento local sobre estas espécies,
no nível de contribuição ecológica para a redução do uso intensivo de pesticidas agrícolas.

2. METODOLOGIA

2.1 Delimitação e caracterização da área de estudo


Essa pesquisa é parte do Projeto INNOVATE (Interplay between the multiple use of water
reservoirs via innovative coupling of substance cycles in aquatic and terrestrial ecosystems), que envolve
instituições de ensino e pesquisa do Brasil e da Alemanha com o objetivo de estudar e propor estratégias
para otimização dos múltiplos usos dos reservatórios construídos pela intervenção humana, por meio do
aumento paralelo da produtividade, redução da emissão de gases de efeito estufa e manutenção da
biodiversidade. Este projeto está estruturado em cinco módulos interligados, com o objetivo de conhecer
e fornecer informações que comporão um banco de dados que possa gerar modelos preditivos para
regiões semiáridas. Nessa perspectiva, foram estudadas duas comunidades agrícolas nos municípios de
Itacuruba e Petrolândia no Estado de Pernambuco, ambas ao longo do submédio Rio São Francisco
(Figura 1).

Figura 1: Localização das comunidades agrícolas estudadas nos municípios de Itacuruba e Petrolândia,
Pernambuco, às margens do submédio Rio São Francisco, nordeste do Brasil.

Fonte: Elaborado por Dra. Mycarla Lucena (2013).

O município de Itacuruba (08º43'38"S e 38º41'00”W) fica a 292 metros de altitude e está


52

localizado na microrregião de Itaparica, Pernambuco, Brasil. Tem como característica marcante a falta
de recursos naturais (especialmente em solos) para a prática de atividades agrícolas. Este município está
incluído no Núcleo de Desertificação do Cabrobó da ONU (Organização das Nações Unidas), que é
configurada como uma área muito vulnerável à degradação (COSTA-NETO et al., 2014). Segundo o
censo do IBGE d e 2010, sua população à época era de 4.639 habitantes. Suas principais atividades
são a pecuária e a agricultura, apesar das famílias não serem beneficiadas com programas de irrigação.
As comunidades agrícolas de Itacuruba estão organizadas em três assentamentos concedidos
pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que possibilitou o
reassentamento destas comunidades para esta região de maneira justa e sistematizada, mantendo-as
no cadastro nacional de imóveis rurais, além de identificar, registrar, demarcar e titular terras
destinadas a comunidades tradicionais quilombolas lá existentes. Foram identificadas 198 famílias
que desenvolvem agricultura de subsistência em Itacuruba; outros agricultores desenvolvem suas
atividades em propriedades de grandes fazendeiros da região, em troca de salários e/ou moradia.
É notória a diferença desta comunidade por não apresentar recursos para o desenvolvimento de
agricultura em larga escala, e pela falta de um sistema de irrigação semelhante às comunidades rurais
de Petrolândia.
O Município de Petrolândia (08º58'45" S e 38º13'10" W) está situado a uma altitude de 282 m,
na região d o Rio São Francisco. Faz parte do Sistema Itaparica de Projetos de Irrigação, construído
pelo Governo Federal por meio da Companhia Hidroelétrica do São Francisco ( CHESF), para
compensar as famílias deslocadas pela construção da Usina Hidroelétrica Luiz Gonzaga (Usina de
Itaparica) no final da década de 1980. Com a construção da usina Hidroelétrica de Itaparica, 834 km²
de terras foram inundadas, implicando no deslocamento de 5.542 pessoas somente na margem esquerda
do R io São Francisco. Em março de 1986 a CHESF iniciou um estudo de viabilidade para o
reassentamento das famílias atingidas pela inundação do lago (CARVALHO, 2009).

2.2 Procedimentos metodológicos

Nas comunidades estudadas, foram realizadas visitas em todas as residências habitadas (n=369).
Buscou-se explicar o objetivo do estudo, solicitando aos que concordaram participar a assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido exigido pelo Conselho Nacional de Saúde por meio do
Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução 466/12). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
parecer nº 352/2012. O trabalho de campo ocorreu durante quatro excursões, duas a cada um dos
municípios estudados, entre os meses de novembro de 2012 a abril de 2013.
A primeira visita junto às duas comunidades rurais ocorreu em novembro/2012, a qual
possibilitou observação participante (COMBESSIE, 2004) e que consistiu em um momento de
exploração da realidade e estabelecimento da pesquisa. Neste primeiro contato foi possível conhecer as
comunidades a serem estudadas e apresentar a proposta do trabalho, bem como a identificar as áreas de
estudo. Em relação à escolha dos entrevistados, a amostragem foi aleatória intencional (ALMEIDA &
ALBUQUERQUE, 2002), por meio da qual os indivíduos das comunidades foram abordados em seus
locais de trabalho (lavoura) sobre a disponibilidade de participar da pesquisa conforme sugerido por
Caló; Schiavetti; Cetra (2009).

2.3 Aplicação das entrevistas

O universo amostral de ambas as áreas foi definido pela amostragem probabilística, a qual
define que todos os elementos possuem a mesma probabilidade de serem escolhidos (SAMPIERI,
2006), considerando um intervalo de confiança de 5% e erro amostral de 0,1% (Levin, 1987). Assim,
do número de famílias envolvidas em atividades agrícolas nas comunidades estudadas (198 em
Itacuruba e 618 em Petrolândia), foram entrevistados 238 agricultores em Petrolândia, e 131 em
Itacuruba, com idades entre 18 e 65 anos, todos do sexo masculino; após a definição dessa amostragem,
as entrevistas foram realizadas.
Foram aplicados formulários por meio de entrevistas estruturadas para a obtenção de
informações sobre o perfil socioeconômico e demográfico dos agricultores. Em seguida, a aplicação de
entrevistas semiestruturadas, conforme Viertler (2002), possibilitou a obtenção dos dados sobre o
53

conhecimento das comunidades locais acerca do modo de vida dos anfíbios anuros; identificação dos
diferentes tipos de cultivares desenvolvidos pelas comunidades; tipos de pragas agrícolas existentes na
região; identificação dos principais agroquímicos utilizados no controle de pragas agrícolas nestas áreas;
caracterização dos locais de desenvolvimento dos anfíbios anuros; importância da conservação da
biodiversidade de anfíbios anuros para o semiárido nordestino.

2.4. Análise dos formulários de entrevista

Para a categorização da percepção ambiental dos informantes sobre os anfíbios e sua biologia,
utilizou-se a tipologia proposta por Sauvé (2005) e revisada por Camargo et al. (2008) e Florentino et
al. (2008), adaptada à pesquisa quanto às seguintes categorias:
1) Natureza: para ser apreciada e preservada em ralação à existência de anuros na região.
2) Recurso: diante da importância dos anfíbios, este recurso pode ser gerenciado.
3) Como problema: de acordo com a valorização ambiental dos anfíbios, este recurso pode ser
apresentado como um problema a ser resolvido.
4) Como lugar para viver: a caatinga com seus componentes históricos, sociais e tecnológicos.
5) Como biosfera: como ambiente a ser preservado e cuidado.
6) Como projeto comunitário: a caatinga como foco de análise crítica, participação política e social,
transformação comunitária.
Por tratar-se de uma pesquisa participante, o conhecimento e a ação sobre a realidade são
constituídos no curso da pesquisa, de acordo com as análises e decisões coletivas, dando à comunidade
participante uma presença ativa no processo (ROCHA, 2006). Na visão de Thiollent (2007), é um tipo
de pesquisa que estabelece relações comunicativas com pessoas, ou grupos, investigados no intuito de
serem melhores aceitos, enquanto desempenham papel atuam nas soluções de problemas encontrados
durante a pesquisa.

2.5 Elaboração dos mapas georreferenciados contendo os principais locais de desenvolvimento dos
anfíbios anuros

Para caracterizar os locais de reprodução e desenvolvimento dos anfíbios anuros nas áreas
agrícolas, foram elaborados mapas georreferenciados (CALAMIA, 1999; CROWDER & NORSE,
2008; GERHARDINGER et al., 2009). Os pontos marcados nos mapas foram obtidos durante turnês
guiadas (SPRADLEY & MCCURDY, 1972) com os agricultores, que citaram a existência de sítios
reprodutivos em suas áreas de cultivo, a fim de nomear e georreferenciar os principais locais onde os
anfíbios se reproduzem. Para a construção dos mapas foi usado o software ArcGis10 e as coordenadas
coletadas em campo por meio de GPS (Global Positioning System) e de acordo com as informações e
orientações dos agricultores.
Os mapas obtidos foram escaneados e ilustrados com auxílio de computação gráfica. As
cenas das imagens utilizadas foram: 1442 – Itacuruba/PE e 1443 e 1520 para Petrolândia/PE. Foram
obtidas imagens ortorretificadas AVNIR-2 (na combinação RGB das bandas 3, 2 e 1), projeção UTM
fuso 24 e sistema geodésico SIRGAS2000, no formato de arquivo geotiff com 3 bandas de 8 bits
cada, disponibilizadas pelo Projeto Base Contínua Escala 1:100.000 do Estado de Pernambuco.

2.6 Análise dos dados

Os dados foram apresentados em frequências e mediana, com faixa de variação e desvio


interquartil (DIQ) para variável quantitativa, que não apresenta distribuição normal (análise univariada).
Na análise bivariada, foi utilizado o teste Qui-Quadrado para tendência para comparar proporções. Um
valor de P<0,05 (teste bicaudal) foi considerado estatisticamente significante. Todas as análises foram
realizadas utilizando-se o pacote estatístico GraphPad Instat versão 3.05 (GraphPad Software, San
Diego, Califórnia, EUA).
54

Em relação à comparação entre as duas comunidades: Petrolândia, com sistema de irrigação


desenvolvido e Itacuruba, sem sistema de irrigação adequado para um melhor desenvolvimento
econômico, foi utilizado o teste Qui-quadrado (ALVES; ROSA, 2006).

3.Resultados e Discussões
3.1 Análise da percepção ambiental

A fim de compreender a dinâmica das interações ecossistêmicas nas áreas estudadas, os


agricultores foram questionados sobre as principais pragas agrícolas observadas na região. A mais citada
foi a Mosca-branca - Bemisia argentifolii (que ataca as plantas frutíferas), 48% (n=238) em Petrolândia
e 43% (n=131) em Itacuruba; em seguida, a Tripes - Thrips tabaci (Lindeman, 1888) 20% (n=131) em
Itacuruba e 27% (n=238) em Petrolândia, também conhecida como “broca”, que ataca a cebola; e a
lagarta-verde - Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1767) 73% (n=238) em Petrolândia e 32% (n=131) em
Itacuruba, que costuma se desenvolver em lavouras de feijão. A figura 2 representa as principais pragas
(fungos e insetos) que afetam a região, de acordo com o conhecimento da comunidade local.

Figura 2: Principais pragas agrícolas citadas pelos agricultores de Petrolândia e Itacuruba/PE


existentes nas lavoras.

Dentre as pragas que atacam o feijoeiro, as moscas-brancas (Bemisia spp.) causam enormes
prejuízos, principalmente pela transmissão do vírus do Mosaico-dourado-do-feijoeiro (praga mais citada
pelos agricultores entrevistados). Trata-se de uma doença de significativa importância econômica em
grandes regiões agrícolas do Brasil, Argentina e países da América Central e do Caribe (BARBOSA,
2007). É certo que as pragas atacam a cultura desde o seu desenvolvimento até o armazenamento das
sementes.
O estudo de Barbosa (2007), referente à identificação de pragas agrícolas, destaca o elasmo
(Elasmopalpus lignosellus), como uma das principais lagartas que atacam as plantações, e perfura o
caule próximo da superfície do solo, ou logo abaixo do caule da planta e faz galerias ascendentes no
xilema, causando a morte de plantas. Ocorre maior dano quando as plantas são atacadas na fase inicial
de desenvolvimento (QUINTELA, 2002; BARBOSA, 2007). O ataque desse inseto se dá principalmente
em solos arenosos e em época de seca, fenômeno comum na região semiárida nordestina (MORAES,
1981, QUINTELA, 2002; BARBOSA, 2007).
Os besouros Diabrotica speciosa, D. significata, D. bivitata e Cerotoma arcuata, conhecidos
como cascudos ou vaquinhas, também compõem a lista das pragas comuns na região dos cultivares.
Quando adultos, os besouros causam desfolha durante todo o ciclo da cultura, reduzindo a área
fotossintética da planta (BARBOSA, 2007). Algumas espécies se alimentam das flores e vagens,
podendo causar a morte da planta. As larvas se alimentam das raízes e sementes em germinação, fazendo
perfurações nestes órgãos da planta; se o dano na raiz for severo, as plantas atrofiam e ocorre o
55

amarelecimento das folhas basais, comforme estudos de Costa et al., 1986; Quintela, 2002, e Barbosa,
2007).
No contexto do controle dessas pragas agrícolas, os anfíbios anuros são uma das alternativas
viáveis para o controle natural dessas pragas, pois quando adultos são exclusivamente carnívoros
(HADDAD, 1998; MARSH, 2000; GARCIA & VINCIPROVA, 2003). As espécies menores de anuros
se alimentam de insetos e outros vertebrados, enquanto que espécies de grande porte podem ingerir
pequenos vertebrados, como cobras, lagartos, ratos, pássaros e até mesmo outros anfíbios
(DUELLMAN, 1999; WELLS, 2007; STUART et al., 2008).
Para os agricultores, nem todas as pragas citadas fazem parte da dieta dos anfíbios locais, pois
alguns acreditam que os anuros preferem artrópodes de grande porte (25%, n=238 em Petrolândia e
13%, n=131 em Itacuruba). A figura 3 representa as principais pragas existentes nas lavouras da região,
que de acordo com os agricultores locais servem de alimento para os anuros.

Figura 3: Principais artrópodes citados pelos agricultores locais, como alimento para os anuros da
região agrícola de Petrolândia e Itacuruba/PE.

Para 27% (n=238) dos agricultores de Petrolândia e 29% (n=131) de Itacuruba, os besouros
(denominado por eles de cascudo) são os principais alimentos para os anfíbios anuros. Em seguida,
citam as mariposas (espécie não identificada), Petrolândia 16% (n=238) e Itacuruba 19% (n=131), como
outra fonte de alimento. As pequenas lagartas (espécie não identificada) foram citadas por 26% (n=238)
em Petrolândia e 16% (n=131) em Itacuruba, e os mosquitos (espécies não identificadas) citados por
22% (n=238) em Petrolândia e 17% (n=131) em Itacuruba.

“Os sapos comem insetos do tipo cascudo”


J. F. – 39 (Petrolândia/PE)
“O cururu come muita lagarta que fica no feijão”
A. S. – 43 (Itacuruba/PE)

Outras comunidades estudadas no Pará atribuem valores semelhantes para os anfíbios anuros.
Para alguns sujeitos da comunidade do Assurini/PA, os anuros representam seres fundamentais para a
manutenção do equilíbrio ecológico, como no presente relato:

“Os sapos são verdadeiros amigos, sendo controladores do ecossistema, pois comem insetos
das casas, das plantações, das hortas, as baratas, lagartas, cigarretes, etc.” (Barros, 2005).

Entretanto, no mundo inteiro, relevantes e diferentes valores são atribuídos aos anfíbios anuros.
Nos ecossistemas próximos a corpos d’água, por exemplo, eles têm o papel na regulação das cadeias
alimentares, servindo de alimento para muitos vertebrados; por outro lado, são controladores de
56

populações de insetos e outros artrópodes, pois constituem a base alimentar dos anuros (DUELLMAN
& TRUEB, 199; HADDAD & PRADO, 2005). Consequentemente, esses animais que contribuem para
a manutenção das produções agrícolas, evitando assim a explosão de organismos que causam destruição
de muitas culturas (BLAUSTEIN & WAKE, 1995; COLLINS & STORFER, 2003).
Apesar da relevância dos anfíbios anuros, são relatadas ocorrências de diminuição de espécies
de anfíbios locais, e um dos principais fatores que pode contribuir para essa diminuição em áreas
agrícolas, pode estar relacionado ao uso intensivo de agroquímicos. Devido aos diferentes graus de
toxicidade que estes produtos concentram, contribuem para a diminuição de espécies e contaminação de
solos e água, já que o desenvolvimento larval em anfíbios anuros geralmente ocorre em ambiente
aquático, embora possa ocorrer em outros ambientes (DUELLMAN &TRUEB 1994). Além disso, as
mudanças ambientais crescentes contribuem para o número de relatos sobre declínios e extinções
populacionais de anfíbios em muitas regiões do mundo (BLAUSTEIN & WAKE 1995, HOULAHAN
et al.; 2000, COLLINS & STORFER, 2003).
Atualmente, o uso de agrotóxicos é um dos principais problemas ambientais brasileiros, por seu
forte impacto ambiental que é cada vez mais entendido como uma questão essencial, não apenas para
políticas governamentais na área de meio ambiente, como também na área de saúde pública (DA
SILVA-MATOS, 2013).
A Tabela 1 mostra os principais agroquímicos utilizados pelos agricultores de Petrolândia e
Itacuruba/PE (citados nas entrevistas), as pragas que combatem e os tipos de cultivares utilizadas, além
do grau de toxicidade e periculosidade destes produtos.

Tabela 1: Principais agroquímicos utilizados pela comunidade agrícola de Petrolândia e Itacuruba/PE.

AGROQUÍMICO CLASSE TOXICOLOGIA PERICULOSIDADE PRAGAS CULTIVARES


AMBIENTAL
Karate 50 EC Inseticida de contato Altamente tóxico II I - Altamente perigoso Tripes -do- fumo (Thrips Cebola e feijão
e ingestão ao ambiente tabaci); Pulga - do - fumo
(Epitrix fasciata).
Trinity 250 SC Fungicida sistemica Mediamente tóxico III - Perigoso ao meio Sigatoka nega Banana
III ambiente
Score Fungicida sistemico Extremamente I - Persistente no meio Sigatoka nega Banana
tóxico I ambiente
Lannate BR Inseticida sistêmico Extremamente II - Muito perigoso ao Pulgão - verde (Myzus Batata
tóxico I meio ambiente persicae)
Lorsban 480 BR Inseticida acaricida Altamente tóxico II III - Perigoso ao meio Broca - da - vargem (Etiella Feijão
ambiente zinckenella); mosca - branca
(Bemisia tabaci); lagarta - da
- vargem (Michaelus jebus)
Mospilan Inseticida sistêmico Mediamente tóxico II - Muito perigoso ao Mosca branca (Bemisia Batata, Melão e
III meio ambiente tabaci); pulgão da Melancia
inflorescência (Aphis
gossupin)
Orthene 750 BR Inseticida IV - pouco tóxico III - Perigoso ao meio Pulgão-do-feijoeiro (Aphis Feijão
Organosfosforado ambiente craccivora), Mosca-branca
sistêmico (Bemisia tabaci), Lagarta-
rosca (Agrotis ipsilon)
Sevin 480 SC Inseticida de contato Mediamente tóxico II - Muito perigoso ao Broca das cucurbitáceas Abobora,
e ingestão III meio ambiente (Diaphania nitidalis), Batata, feijão
Lagarta rosca (Agrotis
ipsilon), Tripes do feijoeiro
(Caliothrips phaseoli)
Talento Acaricida Altamente tóxico II II - Muito perigoso ao Ácaro-da-necrose-do- Coco e Manga
meio ambiente coqueiro (Eriophyes
guerreronis), Ácaro-da-mal-
formação-das-gemas
(Eriophyes mangiferae)
Vertimec 18 EC Acaricida/ Mediamente tóxico II - Muito perigoso ao Ácaro- branco ou Ácaro – Manga, mamão
57

Inseticida/ III meio ambiente tropical melão,


Nematicida (Polyphagotarsonemus melancia, coco
latus) Ácaro – rajado
(Tetranychus urticae), Mosca
– minadora (Lyriomyza
huidobrensis).
Fonte: Ficha técnica dos agroquímicos registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento – Brasil, 2015. Informações encontradas nas bulas das amostras coletadas nas áreas
agrícolas estudadas, e adaptadas pela autora.

Os agrotóxicos, utilizados nas áreas agrícolas de Petrolândia e Ituacuruba/PE, são os mesmos


utilizados em todo o Brasil. Estes agroquímicos são classificados de acordo com sua finalidade, sendo
definidos pelo seu mecanismo de ação no alvo biológico (plantas daninhas, doenças e pragas de espécies
agrícolas cultivadas). Os herbicidas somam 48% (Petrolândia e Itacuruba/PE) do uso em cultivares, os
inseticidas 25% (Petrolândia e Itacuruba/PE) e fungicidas 22% (Petrolândia e Itacuruba/PE); eles
movimentam 95% do consumo mundial de agrotóxicos (AGROW, 2007). Em 2008, o Brasil assumiu a
colocação de maior consumidor de agrotóxicos do mundo, segundo levantamento realizado pelo
Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola - SINDAG (ANDEF, 2009).
Outro fator preocupante é a forma de manipulação e preparo da calda de agroquímico, que
também provocam sérios riscos à saúde do agricultor, desde o rompe do lacre, a retirada da tampa, até
a pesagem do material para a dosagem correta da formulação (TÁCIO et al., 2010). Neste sentido, o
risco de intoxicação do agricultor é maior nas atividades de preparo de formulações de agroquímicos do
que na própria aplicação em campo, devido à diluição das formulações em água (GARCIA, 2005;
IBAMA, 2009). No entanto, um fator que contribui para essa exposição está relacionado às condições
de trabalho no meio rural, que compreende desde o ambiente onde o trabalhador se encontra, até os
componentes materiais utilizados para realizar a sua atividade laboral (MACHADO NETO et al., 2007;
TAVELLA, 2011).
A figura 4 exemplifica os equipamentos utilizados pelos agricultores das áreas agrícolas em
estudo, e os recipientes de agroquímicos utilizados que muitas vezes são descartados nas imediações
das áreas agrícolas.

Figura 4: Agroquímicos (inseticidas e herbicidas) e equipamentos utilizados pelos agricultores de


Petrolândia e Itacuruba/PE para o controle de pragas agrícolas.

FOTO: Iaponira S. Oliveira, 2013.

Um exemplo semelhante é encontrado na região da Chapada da Ibiapaba/CE, onde se constata


uma situação alarmante, pois a utilização de inseticidas organofosforados, carbonatos, piretróides e
58

nicotinóides e fungicidas protetores e sistêmicos vem contribuindo para a poluição do lençol freático,
contaminação de solos, existência de resíduos químicos em alimentos, contaminação de água potável,
aumento dos casos de intoxicações por substâncias químicas e poluentes orgânicos persistentes
(ALENCAR et al., 2013). Outro alerta importante, constatado nesta pesquisa pela observação in loco e
respostas dos agricultores entrevistados, é que o uso de agroquímicos ocorre sem conhecimento técnico
necessário das consequências relativas aos excessos praticados, bem como pela falta de uso de
equipamentos de proteção individual, observado na região da Chapada de Ibiapaba/CE (ALENCAR et
al., 2013), assim como nas áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba/PE. Esse contexto também foi
observado em um estudo realizado no semiárido da Paraíba com os agricultores do município de Lagoa,
onde os produtores afirmaram utilizar intensamente os agroquímicos, e ignorarem os defensivos naturais
por não serem tão eficazes como os industrializados, assim como não reconhecem a importância do
controle biológico, além da falta de apoio técnico e governamental (OLIVEIRA NETO et al 2012).
O uso exagerado de agrotóxicos nas lavouras pode ser constatado nos dados de uma pesquisa
que mostra que o consumo médio de agrotóxico no Brasil é de 1,5 kg/ha/ano, sendo a fruticultura
consumidora de 8 kg/ha/ano e a horticultura chegando a 10 kg/ha/ano, o que coloca o país como o
terceiro maior consumidor de agrotóxicos do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e Japão
(ALENCAR et al., 2013). O alto índice de utilização dos agroquímicos em áreas agrícolas pode interferir
também no desenvolvimento da fauna local, pois os rejeitos são despejados em corpos aquáticos
próximos às plantações, além de contaminarem o lençol freático (ALENCAR et al., 2013).
Uma alternativa sustentável para amenizar o uso de agroquímicos em lavouras é a utilização de
anfíbios no biocontrole de pragas agrícolas. A literatura confirma que muitos anuros são insetívoros e
considerados forrageadores oportunistas, sendo suas dietas um reflexo da disponibilidade de presas no
ambiente (ETEROVICK & SAZIMA 2004; ESBÉRARD et al., 2007; GOUVEIA et al., 2009); daí os
anfíbios serem considerados importantes elos nas cadeias alimentares dos ecossistemas, embora estudos
como os de Haddad (1991) e Well (1977) demonstrem diminuição ou o desaparecimento de algumas
populações de anfíbios em vários locais do mundo. Diante disto, os agricultores locais foram
questionados sobre a importância dos anfíbios no biocontrole de pragas, figura 5.

Figura 5: Percepção dos agricultores sobre a ação dos anfíbios como biocontroladores de pragas
agrícolas.

Os agricultores de Petrolândia (83% n=238) e Itacuruba (78% n=131) já identificaram, por


observações locais, que os anfíbios se alimentam de pragas agrícolas sendo, portanto, considerados
biocontroladores.
O resultado das entrevistas demonstra que os agricultores locais conhecem bem a biologia e
ecologia dos anfíbios anuros presentes nas áreas agrícolas, confirmado pela literatura, pois os anfíbios
59

apresentam uma grande diversidade de estratégias reprodutivas, interações ecológicas e utilização de


hábitats. Além disso, as espécies desse grupo estão presentes nos locais mais inóspitos do planeta e
apresentam inúmeras especializações (DUELLMAN & TRUEB, 1994; HADDAD & PRADO, 2001;
2005; FROST, 2009).
O que não difere das áreas cultivadas em Petrolândia, que apresentam um sistema de irrigação
com tecnologia avançada, a qual promove o desenvolvimento em larga escala de vários produtos
agrícolas, tornando esta área sempre favorável à atividade, fator que pode atrair uma diversidade de
espécies animais, incluindo de anfíbios anuros observados por 88% dos agricultores (n=238).
Diferentemente das áreas de cultivo de Itacuruba/PE (66% - n=131), que não possuem sistema irrigado,
a qual depende dos períodos chuvosos ou da água acumulada em pequenos reservatórios, tornando a
atividade agrícola escassa. A figura 6 representa as áreas de cultivares das duas regiões estudadas.

Figura 6: Vista parcial das duas áreas agrícolas estudadas. A) Petrolândia com sistema irrigado; B)
Itacuruba sem sistema irrigado.

A) B)

Portanto, a percepção ambiental dos agricultores sobre os anfíbios anuros nestas áreas agrícolas
é resultante de diversos fatores de interação com o meio, como a própria modificação do ambiente e dos
recursos observados e utilizados pelas comunidades. Nesse contexto, cada pessoa processa a percepção
de forma diferente, podendo trazer consigo reflexos da sociedade que age de forma constante, de acordo
com seus princípios e valores (SÀNCHEZ, 2008; MORIN, 2005; CAPRA, 1996); GADOTTI, 2007 e
ODUM, 2007).
Em contrapartida, nos estudos de VALLEJO e GONZÁLEZ (2013), os anfibios são
considerados objetos de horror para a maioria das pessoas, isso se deve a lentidão dos seus movimentos.
No entanto, longe de ser prejudicial, é inofensivo, se alimenta de vermes, pequenos animais, larvas,
lagartas e insetos (CHARRO, 2000). E isso, segundo VALLEJO e GONZÁLEZ (2013), não é única
vantagem da presença dos sapos anuros nas áreas agricolas; na medicina popular estes animais vêm se
destancando em tratamento de combate ao câncer, por exemplo. Sendo assim, é possivel dizer que
atitudes de repulsa para com os anfíbios são, por vezes, controversas e que muitas vezes a influência
cultural favorece o comportamento negativo junto à herpetofauna (CERÍACO, 2012). No entanto, o
conhecimento das comunidades locais contribui para o acumulo de informações a respeito do manejo
destas espécies de repteis e anfibios (ALVES e SOUTO, 2011).
Diante das descrições colocadas, pode-se perceber que há pensamentos distintos em relação aos
anuros: um, de valor relevante para o homem (parceiros no equilíbrio ambiental) quando alguém relata
sua função trófica nos ecossistemas, como apresentado e confirmado neste trabalho pelos agricultores
de Petrolândia e Itacuruba/PE; e o outro seria de natureza maligna (perigo, morte, ou algo de ruim).
Diante destas colocações, referente à existência de anfíbios anuros nas áreas agrícolas, os agricultores
foram questionados sobre a influência destes animais nas áreas de cultivo (Figura 7).
60

Figura 7: Percepção dos agricultores sobre a interferência dos anfíbios anuros no desenvolvimento da
lavoura nas áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba/PE.

De acordo com os agricultores, 89% de Petrolândia (n=238) e 77% Itacuruba (n=131), os


anfíbios existentes nas áreas agrícolas não interferem no desenvolvimento da lavoura; apenas 13% dos
entrevistados em Itacuruba alegaram que alguns anfíbios apresentam uma ameaça para os que cultivam
hortaliças, principalmente a espécie Rhinella jimi, que costuma se acomodar por cima das plantações de
coentro e seu peso acaba machucando a planta, provocando a sua morte.

“O cururu é pesado e faz cama em cima do coentro. Isso mata a planta”.


P. V. – 38 (Itacuruba/PE)

Um dos fatores que pode contribuir para a existência de anfíbios anuros nas regiões agrícolas
pode estar relacionado às estratégias de forrageamento e a utilização do hábitat por espécies simpátricas.
Fatores que podem reduzir os efeitos negativos que uma espécie teria sobre a outra, facilitando assim a
sua coexistência (CARVALHO, 2008). Também a exploração de uma grande diversidade de
microambientes, como sítios reprodutivos (oviposição e desenvolvimento larval) ou de forrageamento,
os quais podem ser utilizados de modos distintos por várias espécies (DUELLMAN & TRUEB 1994,
STEBBINS & COHEN 1997).
No entanto, os agricultores foram questionados sobre a importância ecológica destes animais.
Os agricultores de Petrolândia (78% n=238) e Itacuruba (73% n=131) foram bastante enfáticos ao
afirmarem que os anfíbios devem ser preservados, principalmente por se alimentarem de insetos pragas
e não constituírem ameaça às comunidades agrícolas, já que as espécies existentes na região não
produzem risco algum à população, por não serem venenosos nem peçonhentos (Figura 8).

Figura 8: Percepção dos agricultores quanto a importância da preservação dos anfíbios em


Petrolândia e Itacuruba/PE.
61

Os agricultores de Petrolândia (87% - n=238) e Itacuruba (89% - n= 131) reconhecem a


importância da preservação dos anfíbios anuros, e principalmente seu papel no controle de insetos
pragas, para isso são necessárias mudanças de atitudes em relação ao manejo dos ecossistemas. Diante
desta percepção é possível constatar que as atividades antrópicas estão associadas direta ou
indiretamente com alterações à diversidade biológica da Terra (CHAPIN III et al., 2000; HABERL et
al., 2006, SODHI e EHRLICH, 2010). Estudos comprovam que a atividade agrícola promove a
destruição de aproximadamente 6.530 km2 de vegetação da Caatinga por ano, de modo que restam
apenas aproximadamente 42% da vegetação original (LIMA, 2011).
Por isso os seres humanos precisam compreender que são componentes integrantes dos
ecossistemas; Da mesma forma, as funções e os produtos dos ecossistemas são fundamentais para os
sistemas sociais (CHAPIN & WHITEMAN, 1998). Muitos ecossistemas estão dominados pela
humanidade, e nenhum ecossistema na superfície da Terra está livre da influência humana generalizada
(VITOUSEK et al., 1997). Neste sentido, para garantir um futuro para as populações de animais, os
conservacionistas devem compreender não só a ecológica, mas também as interações culturais e
econômicas que apontam sistemas ecológicos e sociais em um sistema regional comum, e os feedbacks
que governam essas interações (ALVES e ALBUQUERQUE 2012a ; BOGART et al., 2009;. CHAPIN
e WHITEMAN, 1998; GEIST & LAMBIN, 2002).

3.2 Principais sítios de reprodução dos anfíbios anuros em Petrolândia e Itacuruba/PE

Com os relatos dos agricultores de ambas as localidades estudadas, e as visitas guiadas aos sítios
de reprodução e desenvolvimento dos anfíbios anuros nas áreas agrícolas, foi possível mar car em
mapas georreferenciados a localização e registro de sítios de reprodução, como pequenas lagoas e
poças de água formadas durante processo de irrigação em Itacuruba (Figura 9) e Petrolândia/PE (Figura
10).

Figura 9. Principais sítios de reprodução de Anfíbios anuros localizados, registrados e


georreferenciados segundo relatos dos agricultores locais de Itacuruba/PE, Abril, 2013.
62

Legenda: Pontos de registros e localizações de reprodução dos anuros em Itacuruba-PE.

Pontos e localizações
P1:Assentamento Coopafita S08°43249 W038°40,620’1076FT – lagoa temporária (pequeno reservatório que
acumula água para a irrigação- ovos e girinos)
P2:Fazenda Belo Horizonte. S08°44119’ W038°39427’1053FT – lagoa temporária (pequeno reservatório que
acumula água para a irrigação – ovos e girinos)
P3:Fazenda 2. S08°43655’ W038°39211’114FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)
P4:Fazenda Novo Horizonte. S08°36935’W038°34574’0FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)
P5:FazendaSanta Clara. S08°43.396’W038°39.089’1163FT – lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula
água para a irrigação – ovos e girinos)
P6: Assentamento união e simpatia. S08°44978’W038°414471085FT – lagoa temporária (pequeno reservatório
que acumula água para a irrigação – ovos e girinos)
P7:Fazenda Lealdade. S08°47780’W038°41971’1045FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)
P8:Assentamento Paulo Freire S08°42.727’W038°41168’1073FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)
P9:Fazenda Poço grande S08°49234’W038°40510’960FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)
P10: Fazenda Calundi. S08°36402’ W038°35299’FT – Lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula água
para a irrigação – ovos e girinos)
P11: Fazenda São José. S08°45.809’W038°40.101’ – Lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula água
para a irrigação – ovos e girinos)
P12: Comunidade poço dos cavalos 2.S08°46.978’W038°44.268’ – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)
P13:Comunidade Ingazeira. S08°36.152’W038°34.721’ – Lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula
água para a irrigação – ovos e girinos)

Figura 10. Principais sítios de reprodução de Anfíbios anuros localizados, registrados e


georreferenciados segundo relatos dos agricultores locais de Petrolândia/PE, Abril, 2013.
63

LEGENDA: Pontos de registro e localizações de reprodução de anuros em Petrolândia-PE.

Pontos e localizações
P1. Riacho 01 - Agrovila 05. S08°47404’W038°20608’ – Riacho próximo a roça
P2. Riacho 06 – Agrovila 05. S08°47111’W038°21030’ – Riacho próximo a roça
P3. Riacho 03 - Propriedade de Sr. Júlio. S08º47164’W038°21725 – Riacho próximo a
roça
P4. Base do chef das Agrovilas. S08°4781’W038°21986’ – Dreno de irrigação dentro do
sistema agrícola
P5. Riacho próximo ao chef. S08°4745’W038°21964’ – Riacho próximo a roça
P6. Propriedade particular. S08°47209°W038°21528’ – Dreno de irrigação dentro do
sistema agrícola

De acordo com as localizações nos mapas, as comunidades locais apontam como sítios de
reprodução e desenvolvimento de anfíbios anuros pontos específicos nas áreas agrícolas, como pequenos
reservatórios que acumulam água durante o período chuvoso, drenos de escoamento de água proveniente
do sistema agrícola e pequenos riachos formados pelos braços do Rio São Francisco, pois a atividade
agrícola nessa região se concentra às margens do rio. Estas informações são revelenates ao modo de
caracterizar as áreas e registrar a observação da comunidade, em relação a percepção dos locais de
desenvolvimento dos anfíbios anuros. Esses locais podem ser interpretados como dimensões dinâmicas
(de padrões e processos), pois estão relacionadas a eventos temporários, como a chuva e a drenagem da
água do rio, promovendo uma relação entre os elementos e os eventos naturais, além de um caráter
utilitário dos recursos naturais, sobre os fenômenos de caráter geofísico, biológico, ecológico e
geográfico (ALVES 2007; DUVALL, 2008).
Fatores que influenciam na relação entre o tipo de ambiente ocupado e o tipo de organização
dos anfíbios anuros, durante a formação de agregados para a reprodução, que provavelmente indica a
importância de estratégias comportamentais para o desenvolvimento das espécies e, de locais para
postura dos ovos (FREITAS e SILVA, 2007). Em geral, espécies de matas de encostas não apresentam
grandes agregações para a reprodução, ao passo que espécies de áreas abertas se congregam em altas
64

densidades durante a estação reprodutiva (WELLS, 1977, RIBEIRO-JÚNIOR, 2009; LOEBMANN &
HADDAD, 2010).
Os anfíbios possuem uma importante dependência da sua atividade e sobrevivência em relação
aos fatores ambientais. Esta dependência do clima e da água, por exemplo, explica o padrão geográfico
de variação na riqueza específica de anfíbios, sendo esta maior nos trópicos – mais de 80% das espécies
atuais (DUELLMAN, 1999; WELLS, 1977; STUART et al., 2008), do que nas regiões temperadas.
Entre os lotes do sistema irrigado de Petrolândia/PE existem drenos para o escoamento da água
superficial, e é provável que nestas águas existam um alto teor de agroquímico; no entanto, aí foi possível
observar o desenvolvimento de anfíbios, como mostra a Figura 11. Segundo Mendes et al. (2014),
existem três formas de contaminação humana por agroquímicos: 1) por via ocupacional, que se
caracteriza pela manipulação, formulação e aplicação; 2) por via ambiental, que se caracteriza pela
dispersão e/ou distribuição no ambiente, contaminando rios, fontes, lençóis freáticos, atmosfera; e 3) a
contaminação via alimentar, caracterizada pela ingestão dos produtos contaminados por agroquímicos.

Figura 11: a) Vista de um dos drenos localizados na Agrovila 07 dos assentados do Icó-Mandantes
em Petrolândia/PE. b) Visão lateral do dreno e da estrada na parte superior. c) água que escorre das
lavouras para o dreno, em destaque girinos em fase de desenvolvimento.

FOTO: Oliveira, Iaponira S. 2013

Entre os sistemas agrícolas de Itacuruba/PE (Figura 12), também é possível identificar alguns
sitos de desenvolvimento de anfíbios anuros, principalmente próximo a pequenas poças d’água que se
formam durante o processo de irrigação e pequenos lagos de armazenamento da água da chuva e/ou do
rio, pois esta região não possui sistema de irrigação em larga escala; no entanto é possível observar que
não há uma preocupação com a qualidade desta água, sendo utilizada sem um tratamento adequado.

Figura 12: Principais pontos de reprodução das espécies de anfíbios anuros da região agrícola de
Itacuruba/PE
65

FOTO: Oliveira, Iaponira S. 2013.

Sendo assim, os pontos de localização dos sítios de reprodução e desenvolvimento nos mapas
georreferenciados, a partir das informações e interpretação de como estas comunidades convivem com
o ambiente, e como suas práticas podem influenciar a transformação de espaços naturais, permite o
registro do conhecimento local. A combinação dessas informações com a literatura, possibilita a
caracterização de pontos de referência para localizar de maneira sistemática os sítios reprodutivos dos
anfíbios anuros desta região e sua importância para a conservação.

3.3 Preservação dos anfíbios anuros como alternativa para sustentabilidade local

Ao serem questionados sobre as causas de possíveis desaparecimentos de espécies de anfíbios


anuros na região agrícola de Petrolândia e Itacuruba/PE, os agricultores citaram os problemas
ambientais, como: aumento da temperatura 57% (n=238) em Petrolândia e 43% (n=131) em Itacuruba;
a pouca chuva na região 64% (n=238) Petrolândia e 39% (n=131) em Itacuruba; uso de fertilizantes 32%
(n=238) em Petrolândia e 26% (n=131) em Itacuruba, e o uso de agroquímicos 28% (n=238) Petrolândia
e 16% (n=131) em Itacuruba. Mesmo sabendo que algumas práticas agrícolas, no manejo do solo e da
água, podem interferir na existência das espécies animais, os agricultores pouco reconhecem que o uso
de agroquímicos provoque o desaparecimento de espécies de anuros (Figura 13).

Figura 13: Principais causas do desaparecimento dos anfíbios anuros nas lavouras, de acordo com as
citações dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba/PE.
66

A maioria dos agricultores, 79% (n=238) em Petrolândia e 87% (n=131) em Itacuruba,


reconhecem que muitas espécies de anfíbios anuros já não existem na região, por meio da observação.
Essa afirmação vem da própria observação das modificações do ambiente, pois ao longo dos últimos
dez anos, a paisagem do semiárido nordestino tem sofrido alterações significativas (SANTOS et al,
2012).
Apesar da importância dos anfíbios, nas últimas décadas ocorreu redução e até desaparecimento
de algumas espécies de anuros, no Brasil e em todo o mundo (COSTA et al., 2012; HADDAD et al.,
2008; KATZENBERGER et al., 2012), em decorrência da ação antrópica e perda de habitats
(STEBBINS & COHEN, 1995, RIBEIRO & NAVAS, 2012). Este problema tem sido potencializado
especialmente na região semiárida do Nordeste, intermitentemente atingida por sucessivas “secas” e
onde a agricultura e a pecuária extensiva podem desencadear problemas ambientais irreversíveis, como
a desertificação (LEAL, 2003, CLOSEL & KOHLSDORF, 2012).
Portanto, por meio da análise integrada da avaliação do conhecimento empírico das
comunidades agrícolas existentes ao longo dos agroecossistemas das regiões de Petrolândia e Itacuruba,
destaca-se especialmente o conhecimento local sobre a dieta dos anfíbios anuros e sua contribuição no
biocontrole, particularmente daqueles organismos que constituem pragas em agroecossistemas. Uma
das ferramentas utilizadas para propagar esta informação foi a confecção de uma cartilha em forma de
Literatura de Cordel (gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada), com a
participação do conhecimento da comunidade local registrado nas entrevistas, compondo dessa forma
uma estratégia de educação e popularização da ciência em prol da preservação dos anfíbios anuros nestas
e em outras áreas agrícolas do semiárido nordestino.
De acordo com Silva et al. (2012), a Literatura de Cordel não é uma criação/ produção
desvinculada da realidade e das práticas sociais. Pelo contrário, por intermédio de seus versos e de sua
linguagem, ela reflete sobre diversos tipos de temáticas, tais como histórias fictícias, lendas, mitos etc.
Algumas dessas histórias são provenientes de gerações anteriores abordando seu conhecimento
empírico, mas chegam aos dias atuais em função do povo e das suas memórias. O uso dessa literatura
se dá na medida em que seus versos fazem um convite para refletir acerca das problemáticas do
cotidiano, em especial o uso dos agroquímicos nas lavouras e a importância dos anfíbios anuros no
biocontrole natural de insetos pragas. Em função disso, propõe-se o uso dessa literatura como iniciativa
para discursões em escolas, cooperativas e associações agrícolas.
O cordel confeccionado com rima e ritmo cumpre relevante função social de permitir a
assimilação de diferentes conteúdos, conforme Silva et al. (2012), refletindo o caráter sócio-
interacionista de sua linguagem, sendo caracterizada como um gênero secundário e plurivocal, que
segundo Alves (2008), não proporciona a desvinculação da realidade e da verdade científica.
Acredita-se que com a distribuição destas cartilhas em forma de literatura de cordel junto às
comunidades agrícolas de Petrolândia e Itacuruba será possível promover mudanças de atitudes em
67

relação ao uso dos recursos naturais, em especial os anfíbios anuros, mediante as informações sobre sua
importância biológica no controle natural de pragas agrícolas, diminuindo assim o uso dos agroquímicos
nas lavouras e promovendo a conservação das espécies de anfíbios anuros da região semiárida do
nordeste brasileiro.

CONCLUSÃO

A avaliação da percepção dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba/PE demonstrou que


eles conhecem uma variedade de espécies nas áreas agrícolas, além de identificar aspectos da biologia
dos anfíbios anuros, em especial sobre seus hábitos e comportamento. Apesar de serem animais pouco
conhecidos por gerarem algum tipo de aversão, as comunidades locais percebem sua importância
biológica no controle de pragas agrícolas, ao relatarem que os anuros se alimentam de insetos pragas.
Por outro lado, esses agricultores ainda não reconhecem os sapos e seus parentes como aliados
no controle natural de pragas em substituição aos agroquímicos e consequente promoção da
sustentabilidade para essas áreas agrícolas.
A percepção dos agricultores sobre sítios reprodutivos e de desenvolvimento dos anuros, sua
contribuição ecológica para a redução do uso intensivo de pesticidas agrícolas, além dos males causados
pelos agroquímicos, são de grande utilidade e relevância para implementação de planos de manejo
sustentáveis, adequados à convivência em áreas agrícolas da caatinga.

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PRODUTO EDUCATIVO DA TESE

A Cartilha no formato de literatura de cordel, intitulada “Zé da Jia: Com caçote, sapo e
jia vamos salvar planta e gente”, é um produto educativo desta tese vinculada ao curso de
Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFRN, desenvolvida em parceria com o
Innovate Project e a CAPES.
O principal objetivo da cartilha em forma de literatura de cordel é promover
conhecimentos ambientais, por meio de recursos lúdicos, proporcionando aos agricultores e
comunidades locais uma reflexão acerca do uso dos agroquímicos nas lavouras e a importância
dos anfíbios anuros no biocontrole natural de insetos pragas.
Este foi o único produto brasileiro do Projeto Innovate divulgado e distribuído na Final
Conference of the Sustainable Land Management Program 7-9 March 2016, em Berlin.
Este evento envolveu pesquisadores do Innovate Project e instituições parceiras.
As comunidades locais de Petrolândia e Itacuruba/PE participaram recentemente de
uma oficina sobre os resultados dos subprojetos que estão sendo finalizados e, nessa ocasião,
foram distribuídas as Cartilhas para os representantes de organizações comunitárias, com o
intuito de que as Cartilhas contribuirão para mudanças de atitudes em relação à conservação
dos recursos naturais, em especial dos anfíbios anuros, mediante as informações sobre as
consequências do uso dos agroquímicos nas lavouras, promovendo assim a conservação das
espécies de anfíbios anuros e a sustentabilidade de agroecossistemas de região semiárida do
nordeste brasileiro.
A cartilha encontra-se exposta a partir da página seguinte.
76
77
78

Quem quiser saber que


suba
no pico dessa
paraprocura
entender que
agrotóxico
causa doença e
emtontura
quem quer tratar de
planta
só cavando a
sepultura.

Qualquer que seja a


cultura
tem controle
natural
me dizia Zé da
noJia,
tom mais
professoral,
pois anfíbio come
inseto
no roçado ou no
quintal.

Tendo muito
bananal,
me dizia o Zé
quesabido,
o sapo estando por
perto
o cascudo está
perdido,
tendo rã na
bananeira
lagarta já teve
havido.
79
80

Na hora, bem humorado,


Zé da Jia aconselhou:
mantenha o sapo e o caçote
do jeito que Deus criou,
não use veneno em planta,
nem pense que isso ajudou.

Seguindo, o Zé informou:
um grande equilíbrio existe
entre predador e presa
e a natura não desiste;
quem entender desse jeito
no biocontrole insiste.

Se não quiser ficar triste,


em ver camponês doente
atente para o que eu digo,
disse o Zé todo contente:
- “com sapo, rã e caçote
vamos salvar planta e gente.”
81

Nessa hora a minha mente


quis dar um nó de verdade,
mas o Zé me explicou,
com muita simplicidade,
que seu nome Zé da Jia
vinha da finalidade.

Em uma localidade
muito rica em produção
de manga, coco e banana,
melancia e feijão,
Zé pode acompanhar
uma grande confusão.

Tendo pulverização
de veneno, todo dia,
parte da praga escapava,
enquanto a outra morria,
mas nada de eliminar
aquela que resistia.
82

No meio da estripulia,
Zé pode então perceber
que, além de inseto praga,
viu muito bicho morrer,
inclusive o ser humano
depois de adoecer.

Disse logo, deve haver


jeito para contornar
essa coisa bagunçada
que aqui veio bagunçar,
assim teve uma ideia
que logo quis aplicar.

Com seu patrão foi falar


afim de fazer um teste,
agiu correndo, ligeiro,
feito um bom cabra da peste,
espalhando sapo e jia
norte sul, leste oeste.
83

Com este gesto inconteste


de tirar o defensivo,
o patrão ficou ciente,
sem ficar apreensivo,
e começou a notar
mais planta e mais sapo vivo.

Com isso houve motivo,


segundo me disse Zé,
de mostrar que a medida
ia, de fato, dar pé,
e, assim, ia escapar
até o fumo do rapé.

Abrigado no boné,
Zé viu que mais produzia
a plantinha acompanhada
de sapo, caçote e jia
e desse dia em diante
pode colher com franquia.
84

A vida ficou sadia,


disse a mim, em narrativa,
a escolha foi bacana
e a natureza é mais viva,
distante dos agrotóxicos
de quem muito foi cativa.

A mudança efetiva,
que ocorreu no ambiente,
mostrou sapo, rã e jia
com a força consequente
de controlar os insetos
que deixam planta doente.

Assim tive, finalmente,


a certeza que eu queria,
pois ambiente saudável
tem que ter a primazia
de sapo, jia e caçote
e o saber de Zé da Jia.
90

AP
OIO
CUL
TU
RAL
91

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi de fundamental importância o desenvolvimento desta Tese como parte do


INNOVATE Project, projeto binacional Brasil-Alemanha, especificamente integrando o
subprojeto SP-4 - Biodiversidade e Serviços do Ecossistema, na região do reservatório de
Itaparica, médio Rio São Francisco, entre os Estados da Bahia e Pernambuco, por possibilitar
parceria internacional e uso de alguns dados secundários do Projeto como um todo. Destaca-
se ainda a importância de registrar o conhecimento local das comunidades agrícolas de
Petrolândia e Itacuruba/PE, situadas em área de Caatinga, no Estado de Pernambuco,
especialmente na região do Lago de Itaparica, Bacia do Rio São Francisco. Estas comunidades
inseridas no Domínio da Caatinga desenvolvem a agricultura como a principal atividade de
subsistência.
Para esta atividade os agricultores fazem uso das águas do Rio São Francisco, porém
Petrolândia se destaca por apresentar sistema de irrigação, e consequentemente um maior e
lucrativo sistema agrícola, diferentemente de Itacuruba onde as comunidades locais não
possuem sistema de irrigação, dificultando a prática da atividade agrícola. No entanto, ambas
as comunidades, por estarem inseridas no semiárido nordestino, enfrentam sérios problemas
com a estiagem e o desmatamento das áreas de Caatinga para o avanço da agricultura, fatos
que os obrigam a utilizar fertilizantes. Além disso, o uso excessivo de agroquímicos tem
contribuído para a modificação da paisagem nessa região, tendo em vista que estes tóxicos
influenciam diretamente na extinção de espécies da flora e da fauna.
Por meio do estudo da percepção ambiental, as comunidades locais de Petrolândia e
Itacurura/PE demonstraram conhecimento acerca de diferentes espécies de anfíbios anuros
existentes nas áreas agrícolas, além de suas importâncias para a conservação da biodiversidade
local e sustentabilidade dos agroecossistemas.
Durante as entrevistas aplicadas os agricultores demonstraram conhecimento acerca da
biologia dos anuros e reconhecimento à contribuição destes no equilíbrio ambiental por serem
úteis ao controle natural de insetos pragas, já que estes animais se alimentam quase que
exclusivamente de artrópodes. Por outro lado, em muitos momentos demonstraram sentimento
de repulsa e crença de que algumas espécies liberam substâncias tóxicas. Por isso, tornar os
agricultores locais parceiros no controle de pragas, em substituição dos agroquímicos, é o
principal desafio a ser superado, para possibilitar a sustentabilidade desses agroecossistemas
em região semiárida do nordeste brasileiro.
Nessa perspectiva, uma devolutiva desta Tese foi uma cartilha ilustrada, em formato de
literadura de cordel, a qual aborda a importância dos anfíbios anuros no controle natural de
92

pragas agrícolas. Esta cartilha será distribuída nas associações, escolas e entidades
comunitárias das áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba, como instrumento de
popularização da Ciência em prol da Conservação dos Anfíbios Anuros e sustentabilidade de
sistemas agrícolas do semiárido.
93

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198- 215.
106

ANEXO I

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Dados Pessoais:

Nome:______________________________________________________
Idade: __________
Rua: ______________________________________________ n°_____
Bairro: ____________ Cidade: _______________ Tel:____________________
Estado civil: __________________ Possui filhos? Quantos ____________
Nível de escolaridade___________________
Você mora:
(___) sozinho (___) com os pais (___) com amigos (___) com avós
(___) com tios (___) com parceiro (___) com filhos (___) com irmãos
(___) outros:_______________________________________
Em relação à sua moradia, o imóvel é:
(___) Alugado (___) Financiado (___) Próprio (quitado) (___) Cedido
Faz parte de alguma associação comunitária?_________ Qual? _________________

Em relação à sua renda familiar (parentes de residem na mesma casa), preencha os dados
abaixo:

Nome Idade Parentesco Estado Grau de Profissão Renda


Civil instrução

Atividade profissional

Qual atividade exercida?____________________________


Qual horário de trabalho? ______________
Quais vegetais são cultivados?____________________________
Cria animais? ______________________________________
Quanto produz para a venda?__________________________
Exerce agricultura de subsistência? _____________________________
Média da renda familiar________________________________
Tem observado o desenvolvimento de alguma praga agrícola? _____________
Qual a principal praga?__________________________
Faz uso de agroquímicos? _______________________________
Quais agroquímicos mais utilizados?___________________________
Faz uso de EPI?___________________________________________
Possuem incentivos financeiros?___________________________________
Qual o horário de trabalho? ___________________________________________
107

Etnoherpetologia

1) Existem anfíbios da região de cultivo?


___________________________________________________________________

2) Onde os anfíbios vivem?


_____________________________________________________________________

3) Quantas espécies você já observou?

4) Quais são as espécies mais comuns na região?


_______________________________________________________________________

5) Qual período do ano os anfíbios aparecem?


__________________________________________________________________

6) Qual período do dia é possível observar os anfíbios? _______________ Por quê?


__________________________________________________________________

7) Para que servem os anfíbios?


_______________________________________________________________________

8) De que estes anfíbios se alimentam?


_______________________________________________________________________

9) Eles se alimentam de alguma praga? ____________ Qual?


_____________________________________________________________________

10) Os anfíbios atrapalham a lavoura?___________Por quê?


_____________________________________________________________________

11) Os anfíbios morrem por conta do uso dos agroquímicos? _________________


Porque?______________________________________________________________

12) A quantidade de espécies tem diminuído ao longo dos anos?_______________

13) Qual espécie você não encontra mais na região?


_____________________________________________________________________

14) O que tem provocado o desaparecimento dos anfíbios?


__________________________________________________________________________
________________________________________________________________

15) É importante preservar os anfíbios? _____________ Por quê?


_____________________________________________________________________
108

ANEXO II

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: Conhecimento local sobre espécies de anfíbios e biocontrole de insetos- praga
em sistemas agrícolas de região semiárida: Subsídios e proposta para
Etnoconservação

Pesquisador: Iaponira Sales de


Oliveira
Área Temática: Ciências
ambientais
Versão: 1
CAAE: 42951814.7.0000.5537
Instituição Proponente:Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 352/2012


Data da Relatoria: 27/03/2015

Apresentação do Projeto:
Projeto relevante, contemporâneo e que contribuirá para a compreensão, o reconhecimento e a
elaboração de medidas socioambientais preventivas. Sendo aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos (CEP), da UFRN (Parecer nº 352/2012).

Objetivo da Pesquisa:
A delimitação dos objetivos está suficientemente detalhada.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:


Segundo as pesquisadoras, não há riscos.

Página 01 de

Continuação do Parecer: 1.024.946


109

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:


Os documentos foram apresentados de forma correta.

Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não

NATAL, 15 de Abril de 2015

Assinado por:
LÉLIA MARIA GUEDES QUEIROZ
(Coordenador)

Página 02 de
110

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Conhecimento local sobre espécies
de anfíbios biocontroladoras de insetos-praga em sistemas agrícolas de região semiárida do
médio Rio São Francisco, proposta para Etnoconservação , que tem como pesquisador
responsável: Iaponira Sales de Oliveira.
Esta pesquisa pretende avaliar o conhecimento etnoherpetológico de agricultores existentes ao
logo dos sistemas agrícolas das comunidades de Petrolândia/PE e Itacuruba/PE no tocante a fauna
local de anfíbios, no processo de conservação da biodiversidade e controle de insetos-praga.
O motivo que nos leva a fazer este estudo: Nas áreas de utilização da Caatinga para a
agricultura, está a região de Itaparica-BA, onde ao longo de comunidades rurais, encontram-se
agroecossistemas. Inseridos neste região estão os municípios de Petrolândia-PE e Itacuruba-PE,
ambos fazem fronteira com o estado da Bahia, e estão sob a influencia da bacia hidrográfica do Rio
São Francisco. Estas comunidades vivem da agricultura e pecuária como principais atividades
econômicas utilizando a água do rio para irrigação. Porem os agricultores de Petrolândia-PE possuem
um sistema de irrigação que proporciona cultivo durante todo o ano, diferentemente da região de
Itacuruba-PE em que os agricultores necessitam da água da chuva, por fatal de um sistema adequado
de irrigação.
Diante desta realidade surgem os seguintes questionamentos: Existem diferenças de
concepção em relação à importância do uso de anfíbios no controle de pragas agrícolas em sistemas
irrigados e não irrigados? A comunidade local entende a importância biológica dos anfíbios no controle
biológico de pragas como alternativa para uma melhor convivência no semiárido? E o conhecimento
empírico destas comunidades é uma ferramenta importante como etnoconservação para os anfíbios
desta região? Portanto, como parte do projeto INNOVATE, especificamente do subprojeto
Biodiversidade e Serviços do Ecossistema (Diversidade de anfíbios e sua importância como
biocontroladores de insetos-praga em agroecossistemas) se insere este projeto que, aliando o
Etnoconhecimento das comunidades locais e o conhecimento cientifico, sobre os anfíbios como
biocontroladores de insetos, proporá Etnoconservação para esta área.
Caso você decida participar, você deverá: Está disponível a acompanhar uma visita de campo,
para reconhecimento das áreas agrícolas, responder a perguntas livres e entrevista semi-estruturada
contendo 33 perguntas de caráter socioeconômico e conhecimento etnohepertológico. As entrevistas
terão duração de 30 minutos. As entrevistas serão armazenadas em meio digital para serem
processadas e tabuladas quantitativamente. Não será divulgado os nomes dos participantes, nem
imagens que comprometam suas atividades em campo.
Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá direito
a assistência gratuita que será prestada pelos responsáveis do projeto INNOVATE
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Iaponira Sales
de Oliveira Número: (84) 99811-9778
111

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da
pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.
Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe
identificar.
Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local
seguro e por um período de 5 anos.
Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo
pesquisador e reembolsado para você.
Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será
indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável Iaponira Sales de Oliveira.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão
coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para
mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa
Etnoconhecimento sobre espécies de anfíbios biocontroladoras de insetos-praga em agroecossitemas
de região semiárida: Subsídios e proposta para Etnoconservação, e autorizo a divulgação das
informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado
possa me identificar.

Natal

Assinatura do participante da pesquisa

Impressão
datiloscópica do
participante

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